Você está na página 1de 34

Simone Fiebrantz Pinto

2018
Microbiota Intestinal
Estabelecimento da microbiota

Ao nascimento Lactente 6 meses 2,5 anos Adulto Idoso


(Introdução de alimentos (Microbiota (Grande variação
sólidos e colonização similar ao adulto) entre indivíduos)
completa)

Idade gestacional materna Dieta Idade

Condições de higiene Dieta


Leite materno Fórmula
Exposição à antibióticos Estado de saúde

Tipo de parto Localização geográfica


>Actinobacteria >Actinobacteria
e e Exposição a antibióticos, probióticos e prebióticos
Parto vaginal Cesárea Proteobacteria Firmicutes
Estresse

Microbiota Microbiota
Firmicutes e
similar a
vagina
similar a
pele
Bacteroides
materna

> Diversidade e > Estabilidade < Diversidade

Villanueva-Millán M.J. et al, 2015.


Microbiota Intestinal
Ações

MICROBIOTA INTESTINAL

BENEFÍCIOS
PROTEÇÃO IMUNOMODULAÇÃO
NUTRICIONAIS
 Resistência à  “Estado de alerta”  Vitaminas
colonização (Bifido e  “Inflamação fisiológica”  Substratos energéticos
Lacto)  Resiliência bacteriana
 Resposta imune
equilibrada
 Tolerância – cél. T reg
(IL-10, TGF-β)

Clin Gastroenterol Hepatol 2007;5:274-84; Nat Rev Immunol 2010;10:735-44


Curr Opin Gastroenterol 2012; 28: 63-69; Nat Rev Gastroenterol Hepatol 2012; 9: 599-608
Características da Microbiota intestinal do idoso
Esta relacionada diferenciada com o envelhecimento Saudável (senescência)

Patológico (senilidade),

A microbiota fecal é altamente dinâmica,

caracterizada por variabilidade e diversidade de espécies,

pesquisadores visam compreender o ecossistema intestinal a fim de contribuir para a


manutenção e a melhoria do estado de saúde das pessoas idosas.

TORRES, O. J. et al. MICROBIOTA INTESTINAL E ASSOCIAÇÕES COM DESORDENS CLÍNICAS EM FUNÇÃO DA FA I X A E


TÁRIA DE IDOSOS: UM ESTUDO ANALÍTICO TRANSVERSAL . Estud. interdiscipl. envelhec., PortoAlegre, Alegre, 2016
Microbiota Intestinal no Cólon

MICROBIOTA MICROBIOTA MICROBIOTA


DOMINANTE SUBDOMINANTE RESIDUAL
109 – 1012* 107 – 108 < 107

• Bifidobacterium • Lactobacillus • Clostridium


• Bacteroides • E.coli • Pseudomonas
• Eubacterium • Enterococcus • Klebsiella
• Fusobacterium • Veillonella
• Peptostreptococcus • Enterobacter

*células viáveis/g de fezes Simbiontes Comensais Patobiontes

Damião AOMC et al. Probióticos. In: Nutrição Oral, Enteral e Parenteral


na Prática Clínica. Waitzberg DL (ed). Editora Atheneu, SP, 4ª ed., 2009. p. 2115-38
Iannitti T & Palmieri B. Clin Nutr 2010; 29: 701-25
Cerf-Bensussan N & Gaboriau-Routhiau V. Nat Rev Immunol 2010;10: 735-44
Inflammaging

Inflamação sistêmica associada ao envelhecimento:

• Estudos comprovam que o envelhecimento é


acompanhado por alterações da composição da
MI, assim como das interações com o sistema
imunológico, imunosenescência e respostas
inflamatórias.
(BIAGI et al., 2013).
Simbiose versus Disbiose
Situações associadas: SII, DDC, DII, halitose, atopia,
doenças autoimunes, obesidade, câncer de cólon

Simbiose Disbiose • Alt. Inflamatórias


(Equilíbrio) (Desequilíbrio) • Alt. Imunológicas

• Diarreia
 Fatores genéticos • Dor
 Estilo de vida (dieta, estresse) abdominal
 Infecções • Flatulência
 Higiene/Alergia • Meteorismo
 Antibióticos

Iannitti & Palmieri. Clin Nutr 2010; 29: 701-25


Cerf-Bensussan & Gaboriau-Routhiau. Nat Rev Immunol 2010;10: 735-44
Young VB. Curr Opin Gastroenterol 2012; 28: 63-69
Inflammaging e alterações intestinais

• Com esse desequilíbrio, a permeabilidade é alterada


permitindo a passagem de bactéria ou fragmentos para
a circulação sistêmica.

– Casos graves (septicemia) ou leves e crônicos (inflammaging)

• Fragmentos ligam-se a receptores no tecido adiposo, no


tecido muscular e outros tecidos estimulando secreção
de citocinas inflamatórias.

– Resultando aumento de processos catabólicos.


Inflamação sistêmica (inflammaging) e
algumas consequências metabólicas
Fatores predisponentes da inflamação sistêmica
(imunossenescência, adiposidade, alterações intestinais e outros)

Citocinas pró-inflamatórias e fragmentos bacterianos na


circulação; recrutamento de macrófagos pelos tecidos

Ligação a receptores nos tecidos


(fígado, musculo, tecido adiposo, cérebro)

Inflamação > estresse oxidativo > Resistência insulínica

Manutenção/aumento Redução do metabolismo Obesidade Comprometimento


da inflamação crônica muscular sarcopênica cognitivo
• Percebe-se um desvio da microbiota intestinal
saudável, com redução importante de
enterobactérias de ação benéfica em idosos
frágeis, hospitalizados, tratados com
antibióticos e acometidos por doenças
intestinais e obesidade.

(ZWIELEHNER et al., 2009; TIIHONEN et al., 2008; CANI et al., 2009; MASLOWSKI; MACKAY, 2011)
A proliferação de certas espécies bacterianas:
Escheria coli,
Helicobacter pylori e
Bacteroides fragilis,

Geram produção excessiva de:


 endotoxinas,
 estimulação da resposta inflamatória
 aumento da probabilidade de desenvolvimento do câncer
colorretal metastático.
(SCHIFFRIN et al., 2010)
com o avançar da idade temos diminuição de
grupos bacterianos:
Faecalibacterium prausnitzii,
Eubacterium hallii,
Eubacterium rectale,

contribuindo para o desenvolvimento de doenças


degenerativas e anorexia.

(GUIGOZ; DORÉ; SCHIFFRIN, 2008; DONINI; SAVINA; CANNELLA, 2010).


Os idosos apresentam um aumento de bactérias
anaeróbias facultativas do género Streptococcus,
Staphylococcus e Enterococcus e algumas
espécies da família Enterobacteriaceae, as quais,
numa flora saudável seriam apenas um
componente minoritário, dado que são
patobiontes.
A microbiota e a produção de
neurotransmissores

Desequilíbrios nesta
comunicação podem contribuir
para o risco de
desenvolvimento
de diversas doenças:
• Depressão no idoso
• Impacto da Depressão no estado nutricional
• Depressão e Demências
• Demências e o impacto nutricional
• Parkinson
O cérebro pode modificar a microbiota intestinal de
forma:

pela alteração da motilidade e secreções gastrintestinais, fluxo


Indireta sanguíneo, sensações viscerais

por moléculas de sinalização liberadas no lúmen intestinal pelas


Direta células da lâmina própria.

Diferentes estudos revelam que as bactérias probióticas


estão aptas a produzir substâncias neuroativas –
neurotransmissores !

AVETISYAN et al., 2015; RIDARUA; BELKAID, 2015


O que podemos chamar atenção com isso?

Saúde Estresse/Doença
Alterações no
comportamento,
Função SNC saudável
Além desta comunicação direta entre o intestino e o cognição, emoção,
nocicepção
cérebro, existe uma também comunicação bidirecional
entre a microbiota intestinal e os componentes do eixo
cérebro-intestino
Fisiologia intestinal Fisiologia intestinal
normal anormal

Ou seja,
Hipóteses sugerem que uma
microbiota não saudável pode
contribuir com alterações cerebrais e • Níveis fisiológicos de
• Aumento de células e
vice-versa células e mediadores
mediadores
inflamatórios
inflamatórios
• Microbiota intestinal
• Disbiose intestinal
normal

Front. Physiol., 07 December 2011


Bactérias e a produção de
neurotransmissores
Gênero Neurotransmissor

Lactobacillus, Bifidobacterium GABA

Lactobacillus Acetilcolina

Candida, Streptococcus, Escherichia, Serotonina


Enterococcus

Bacillus, Serratia Dopamina


• Pacientes com Parkinson tem redução de 77,6 % na familia
da Prevotellaceae comparados com pacientes sem
parkinson.

• Família Enterobacteriaceae era maior a concentração em


pacientes que apresentavam maior problema de
instablidade e dificuldades intestinais comparado com
aqueles que apresentam sintomas de tremor
predominantemente.

• Os que não tinham o fenótipo de tremor o prognóstico era


pior e apresentavam evolução mais rápida da doença.
• Gut microbiota are related to Parkinson disease and clinical phenotype. Movement disrorders
• A redução da biodiversidade da microbiota
intestinal está relacionada ainda com
aumento do risco para desenvolvimento de
diarreia associada ao Clostridium difficili,
sendo esta uma das principais complicações
que afetam idosos em hospitais e instituições
de longa permanência.

(REA et al., 2012; RUPNIK; WILCOX; GERDING, 2009).


• Estudo demonstrou que a microbiota de pessoas
idosas que vivem em instituições de longa
permanência é diferente daquela de idosos não
institucionalizados, em uma mesma região
geográfica.

• Observou-se que a dieta menos variada dos


idosos institucionalizados esteve ligada à
microbiota fecal menos diversa.
(CLAESSON et al., 2011)
Apesar da microbiota intestinal sofrer variações
com o avançar da idade, verifica-se que as
modificações mais expressivas tanto qualitativas
como quantitativas ocorrem após os 75-80 anos de
idade, justamente quando se acentuam e aceleram
as manifestações de fragilidades e
comprometimento geral dos indivíduos e que
podem estar relacionadas com estas alterações na
microbiota intestinal.
(BIAGI et al., 2010)
Modulação da microbiota intestinal
Aumentam IgA e a defesa imunológica,
Probióticos
Efeito anti-inflamatório, reduzindo a síntese de citocinas inflamatórias.

Fibras
(FOS e AGCC Butirato
inulina) Inibe a interação entre macrófagos
Ácido e adipócitos, atenuando a inflamação.
Estimulam a microflora
propiônico
intestinal Inibe algumas vias de inflamação,
Interfere na produção de
Sementes/raízes: chicória, Atenuando produção de citocinas
adipocinas
cebola, alho, alcachofra, inflamatórias
aspargo, cevada, centeio,
grão de bico.
• Utilização de suplementos alimentares como probióticos e
prebióticos tem sido estudada sob perspectivas e ações
preventivas e terapêuticas, com a intenção de verificar os
benefícios advindos do seu uso para a permanência de uma
microbiota saudável em idosos.
(TIIHONEN et al., 2010)

• Verifica-se que a ingestão regular de tais suplementos está


relacionada com uma maior produção de enterobactérias
protetoras como os lactobacilos e as bifidobactérias.
(DUNCAN; FLINT, 2013)
Probióticos
Bifidobacterium estimulam o sistema imunológico , produzem vitamina B, inibem a

multiplicação de patógenos, diminuíem a concentração de amônia e a colesterolemia e

ajudam a restabelecer a microbiota normal após tratamento com antimicrobianos.

linhagem dos L. casei Shirota, consumo regular proporciona evidências diretas ou

indiretas relacionadas à diminuição do risco de neoplasia de bexiga e supressão de

neoplasia cólon-retal.

Stürmer ,Elisandra Salete; Casasola, Samuel ; Gall, Maristela Comoretto; Gall, Magda Comoretto . A importância
dos probióticos na microbiota intestinal humana .
Bras Nutr Clin 2012; 27 (4): 264-72
Probióticos

Os Lactobacillus acidophilus estão presentes no intestino, na parede da vagina, no

cérvix e na uretra, oferecendo proteção contra o acesso e a proliferação de

microrganismos patogênicos.

L. acidophilus produzem a enzima lactase, que cliva as moléculas de lactose presentes

no leite em carboidratos mais simples para serem facilmente digeridos. Pessoas com

intolerência à lactose podem se beneficiar do L. acidophilus

Stürmer ,Elisandra Salete; Casasola, Samuel ; Gall, Maristela Comoretto; Gall, Magda Comoretto . A importância
dos probióticos na microbiota intestinal humana .
Bras Nutr Clin 2012; 27 (4): 264-72
• o incremento de enterobactérias gram
negativas, fermentadoras de lactose, como
Escherichia spp, Klebsiella spp e Enterobacter
spp, no TGI de pessoas idosas, determina
aumento dos riscos patológicos, infecções e
desordens gastrointestinais.

(MARIAT et al., 2009; ZWIELEHNER et al., 2009; LIKOTRAFITI et al., 2013)


Objetivo: O objetivo do estudo foi identificar a resposta fisiológica de idosos
politraumatizados com obstipação crônica ao uso de composto simbiótico.

Metodos: Caracterizou-se como um estudo experimental não controlado, que incluiu 12


pacientes idosos, portadores de politraumatismo e obstipação crônica como patologia
secundária, internados em um hospital público de referência em trauma de Belém,
Pará, Brasil.

Resultados: Na avaliação inicial, obteve-se média de 5,5 dias de período de ausência de


evacuação. No final da intervenção com o simbiótico, realizada durante oito dias,
100% dos pacientes apresentavam episódios de evacuação, com destaque para o
tipo de fezes 4 (fezes moldadas, lisas e macias – tipo ideal), de acordo com a escala de
Bristol, presente em 75% da amostra. A média de dias para a primeira evacuação após o uso
do simbiótico foi de 2,58 ± 1,72.

Conclusão:
O uso do simbiótico mostrou ser capaz de causar uma resposta fisiológica positiva em
idosos politraumatizados, com a melhora do quadro de obstipação.

Silvia Haruka Tsutsumi, Rita de Cassia Bahia Viana2, Viviane dos Santos Viana2,
Rejane Maria Sales Cavalcante .Uso de simbiotico em idosos politraumatizados com
obstipacao cronica. Geriatria & Gerontologia. 2011;5(1):8-13
Fibras solúveis e prebióticas auxiliam na (o):

Regularização Integridade
da atividade intestinal da mucosa intestinal

Controle
+ do colesterol e
diabetes
Fortalecimento
do sistema imune
Prebióticos – Inulina e Oligofrutose
Propriedades (5 –15g/dia)
1. Não são digeridas e
absorvidas no TGI superior
2. No cólon, são Butirato
FERMENTADAS: Acetato
Propionato
Lactato + AGCC +
Mudança na Flora
+ CO2/H2 +
Ação Redução do pH
bacteriana Aumento de
Bifidobacteria e
Lactobacilli
Prebióticos – Efeitos
↓ Lesões Fermentação colônica:
pré-cancerosas cólon Aumento da
AGCC, lactato, CO2, H2
mucina
Regulador intestinal
Proteção contra
as cáries
↑ Bifidobacteria
↑ Lactobacilli
Prebio
Estimulam apoptose

↑ Absorção Ca, Mg, Fe

TG e colesterol
Alteração no
metabolismo de Imunomodulação
sais biliares Ação anti-inflamatória
Impacto das fibras na microbiota
Curto e Longo Prazo
A influência contínua da microbiota intestinal na saúde e na doença desde o nascimento à velhice
Obrigada!!!!!

simone.parana@yahoo.com.br

Você também pode gostar