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Donário Lopes
Lisiane Buchain
Respiração celular
A respiração celular é um fenômeno que consiste basicamente no processo de extração
de energia química acumulada nas moléculas de substâncias orgânicas diversas, tais
como carboidratos e lipídios. Nesse processo, verifica-se a oxidação ou "queima" de
compostos orgânicos de alto teor energético, como gás carbônico e água, além da
liberação de energia, que é utilizada para que possam ocorrer as diversas formas de
trabalho celular.
Tipos de respiração
Já vimos que nos seres vivos a energia química dos alimentos pode ou não ser extraída
com a utilização do gás oxigênio. No primeiro caso, a respiração é chamada aeróbica.
No segundo, anaeróbica.
Fermentação
Nos processos fermentativos, a glicose não é totalmente " desmontada ". Na verdade, a
maior parte da energia química armazenada na glicose permanece nos compostos
orgânicos que constituem os produtos finais da fermentação.
Há 2 tipos principais de fermentação: a alcoólica e a láctica. Ambas produzem 2 ATP
no final do processo. Portanto, o processo fermentativo apresenta um rendimento
energético bem inferior ao da respiração aeróbica, que produz 38 ATP.
A fermentação alcoólica
A fermentação láctica
Quimiossíntese
- Primeira etapa
- Segunda etapa
O nitrito, liberado no solo e absorvido pela nitrobacter, também passa por oxidação,
gerando energia química destinada à produção de substâncias orgânicas a esse gênero e
nitrato (NO3-), aproveitado pelas plantas na elaboração dos aminoácidos.
Assim, podemos perceber que o mecanismo de quimiossíntese, extremamente importante para a sobrevivência das
bactérias nitrificantes, também é bastante relevante ao homem. Conforme já mencionado, o nitrito absorvido pelas
plantas, convertidos em aminoácidos, servem como base de aminoácidos essenciais à nutrição do homem (um ser
onívoro: carnívoro e herbívoro).
Dessa forma, fica evidente a interdependência existente entre os fatores bióticos (a diversidade dos organismos) e os
fatores abióticos (aspectos físicos e químicos do meio ambiente).
A Fotossíntese e a sua Importância
A fotossíntese significa etimologicamente síntese pela luz. Excetuando as formas de energia nuclear, todas as outras
formas de energia utilizadas pelo homem moderno provêem do sol. A fotossíntese pode ser considerada como um dos
processos biológicos mais importantes na Terra. Por liberar oxigênio e consumir dióxido de carbono, a fotossíntese
transformou o mundo no ambiente habitável que conhecemos hoje. De uma forma direta ou indireta, a fotossíntese
supre todas as nossas necessidades alimentares e nos fornece um sem-número de fibras e materiais de construção. A
energia armazenada no petróleo, gás natural, carvão e lenha, que são utilizados como combustíveis em várias partes
do mundo, vieram a partir do sol via fotossíntese. Assim sendo, a pesquisa científica da fotossíntese possui uma
importância vital. Se pudermos entender e controlar o processo fotossintético, nós saberemos como aumentar a
produtividade de alimentos, fibras, madeira e combustível, além de aproveitar melhor as áreas cultiváveis. Os segredos
da coleta de energia pelas plantas podem ser adaptados aos sistemas humanos para fornecer modos eficientes de
aproveitamento da energia solar. Essas mesmas tecnologias podem auxiliar-nos a desenvolver novos computadores
mais rápidos e compactos, ou ainda, a desenvolver novos medicamentos. Uma vez que a fotossíntese afeta a
composição atmosférica, o seu entendimento é essencial para compreendermos como o ciclo do CO2 e outros gases,
que causam o efeito estufa, afetam o clima global do planeta. Veremos logo abaixo como a pesquisa científica em
fotossíntese é importante para a manutenção e elevação da nossa qualidade de vida.
Fotossíntese e o Alimento
Todas as nossas necessidades energéticas nos são fornecidas pelos vegetais, seja diretamente, ou através dos
animais herbívoros. Os vegetais por sua vez, obtém a energia para sintetizar os alimentos via fotossíntese. Embora as
plantas retiram do solo e do ar a matéria-prima necessária para a fotossíntese, a energia necessária para a realização
do processo é fornecida pela luz solar. Entretanto, a luz solar per si não é uma energia muito útil, visto que ela não
gera trabalho, isto é, não podemos mover motores utilizando a luz como tal (pelo menos com a atual tecnologia e aqui
na Terra); além disso, ela não pode ser armazenada. Para ser plenamente utilizada, a energia solar deve ser
convertida em outras formas de energia. E é exatamente isso que ocorre na fotossíntese, as plantas convertem a
energia solar em formas de energia que podem ser armazenadas e utilizadas posteriormente.
Um dos processos mais importantes da fotossíntese é a utilização da energia solar para converter o dióxido de carbono
atmosférico em carboidratos, cujo subproduto é o oxigênio. Posteriormente, se a planta assim o necessitar, ela pode
utilizar a energia armazenada nos carboidratos para sintetizar outras moléculas. Nós fazemos o mesmo, todas as
vezes que comemos, parte do alimento é oxidado a gás carbônico e água para aproveitar a energia armazenada nos
alimentos. Isso ocorre durante a respiração. Assim, se não há fotossíntese, não há alimento para a grande maioria das
formas de vida heterotróficas.
Entretanto, a pesquisa científica em fotossíntese, mostrou-nos que o processo fotossintético é relativamente ineficiente.
Por exemplo, a eficiência de ganho de carbono em um campo de milho durante a época de crescimento é apenas de 1
a 2 % da energia solar incidente. Nos campos não cultivados, a eficiência é de apenas 0,2 %. A cana-de-açúcar possui
uma eficiência de 8 %. A maior fonte de perda da energia solar pelos vegetais é a fotorrespiração. Se pudermos
entender a fotossíntese, poderemos alterá-la através das modernas técnicas de biologia molecular, tornando as plantas
mais eficientes, aumentando assim a sua produtividade. Poderemos ainda desenvolver hebicidas específicos para as
chamadas "ervas daninhas", mas que sejam inócuos para a vida animal e para o vegetal que desejamos cultivar.
A Fotossíntese e a Energia
A celulose é um dos produtos da fotossíntese que constitui a maior parte da madeira seca. Quando a lenha é
queimada, a celulose é convertida em CO2 e água com o desprendimento da energia armazenada em sua estrutura.
Assim como na respiração, a queima de combustíveis libera a energia armazenada para ser convertida em formas de
energia útil; por exemplo, quando queimamos álcool nos nossos automóveis, estamos convertendo a energia química
em energia cinética. Além do álcool que é amplamente utilizado no Brasil como combustível, no norte do país o bagaço
de cana é largamente empregado para gerar energia nas usinas de beneficiamento da cana de açúcar. O petróleo, o
carvão e o gás natural são exemplos de combustíveis utilizados no mundo moderno, que tiveram a sua origem na
fotossíntese. Portanto, muitas das nossas necessidades energéticas provém da fotossíntese e a sua compreensão
pode levar a uma maior produtividade dessas formas de energia.
O conhecimento obtido a partir da pesquisa científica da fotossíntese, também pode ser utilizado para aumentar a
produção energética de uma maneira mais direta. Embora o processo global da fotossíntese seja ineficiente, as etapas
iniciais de conversão de energia radiante (luz solar) em energia química são muito eficientes. Se entendermos os
processos físicos e químicos da fotossíntese, poderemos construir tecnologias de alta eficiência na conversão da
energia. Hoje nos laboratórios, os cientistas já podem sintetizar centro de reações tão eficientes ou mais que os
naturais, em termos de quantidade de energia radiante convertida e armazenada na forma de energia elétrica ou
química.
A Fotossíntese e o Ambiente
Atualmente há uma discussão em torno do efeito estufa que seria causado pelo CO2 entre vários outros gases. Como
fora dito anteriormente, durante a fotossíntese, CO2 é convertido em carboidratos e outros compostos, com a produção
de O2. Da mesma forma, quando respiramos ou quando queimamos combustíveis, nós convertemos estes compostos
novamente em CO2 e água com o concomitante consumo de O2. Na nossa sociedade atual, toneladas de
combustíveis fósseis são queimados todos os dias, de forma que todo o CO2 que fora fixado pelo processo de
fotossíntese durante milhões de anos, está sendo recolocado na atmosfera. Este aumento na concentração de CO2 irá
afetar a nossa atmosfera. Entretanto algumas perguntas são colocadas e que permanecem sem respostas. Qual será a
extensão desta mudança? Essa mudança será prejudicial ou benéfica? As respostas para essas perguntas dependerá
grandemente da fotossíntese que ocorre nas plantas terrestres e aquáticas. Sabemos que a fotossíntese consome o
CO2 e produz O2, todavia as plantas respondem à quantidade de CO2 disponível.
Algumas plantas crescem mais rapidamente em um ambiente rico em CO2 (as plantas de metabolismo C3), outras não
necessitam de uma concentração elevada de CO2 para o seu crescimento (plantas de metabolismo C4) . A
compreensão dos efeitos dos gases que causam o efeito estufa requer um conhecimento maior da interação do reino
vegetal com o CO2. Felizmente, com a compreensão da fotossíntese poderemos construir equipamentos que poderão
nos fornecer energia, cujo único subproduto será o calor. A implementação de tal tecnologia nos ajudará a prevenir a
poluição na sua origem.
A Fotossíntese e a Eletrônica
À primeira vista, a fotossíntese tem pouca ou nenhuma associação com a eletrônica, entretanto há potencialmente uma
forte conexão entre esses dois campos do conhecimento. Hoje, procuram-se desenvolver tecnologias de transmissão
de informação que sejam mais rápidas e compactas possíveis, chegando-se até à dimensão molecular
(nanotecnologia). Procuram-se substituir os elétrons pela luz nos processos de transmissão de informação, como hoje
já é feito nos cabos de fibra óptica na telefonia. É neste ponto em que se faz a interface entre os dois campos de
conhecimento, a fotossíntese e a eletrônica. Ao compreendermos como as plantas absorvem luz e como controlam o
movimento desta energia absorvida, da antena para os centros de reação e como converter a luz em energia elétrica e
finalmente em energia química, nós poderemos construir computadores em escala molecular. De fato, vários
elementos lógicos baseados nos centros de reação artificial, tem sido apontados na literatura científica.
A Fotossíntese e a Medicina
A luz pode ser altamente maléfica se não for devidamente controlada, temos como exemplos os inúmeros casos de
câncer de pele. As plantas tem que absorver luz com o mínimo de dano para ela mesma. A compreensão das causas
dos danos causados pela luz e os mecanismos naturais de proteção, pode beneficiar-nos em áreas alheias à
fotossíntese como a medicina. Por exemplo, algumas substâncias como a clorofila tendem a localizar-se em tecidos
tumorosos. A iluminação destes tumores causaria um dano fotoquímico, que poderia matar o tumor sem conseqüência
para o tecido são. Outra aplicação médica é a utilização de substâncias semelhantes à clorofila para delinear a área
cancerígena do tecido são. Danos fotoquímicos ao tecido são não ocorrem pois, os princípios da fotossíntese foram
utilizados para converter a energia absorvida em calor.
A Descoberta da Fotossíntese
Na primeira metade do século 17, o médico van Helmont cresceu uma planta em um jarro com terra e regou a planta
somente com água da chuva. Ele observou que após 5 anos, a planta tinha crescido bastante, mas a quantidade de
terra no jarro quase não decresceu. Van Helmont concluiu que o material utilizado pela planta para o seu crescimento
veio da água utilizada para regá-la. Em 1727 o botânico inglês Stephan Hales observou que as plantas usavam
principalmente o ar como fonte de nutrientes para o seu crescimento. Entre 1771 e 1777, o químico Joseph Priestly
descobriu que quando ele colocava uma vela no interior de um jarro emborcado, a chama extinguia-se rapidamente
sem que a cera fosse completamente consumida. Posteriormente ele observou que se um camundongo fosse colocado
nas mesmas condições ele morreria. Ele mostrou então que o ar que fora "viciado" pela vela e pelo camundongo,
poderia ser restaurado por uma planta. Em 1778, Jan Ingenhousz repetiu os experimentos de Priestly e observou que
era a luz a responsável pela restauração do ar. Ele observou também que somente as partes verdes da planta tinha
essa propriedade. Em 1796, Jean Senebier mostrou que o CO2 era quem "viciava" o ar e que o mesmo era fixado
pelas plantas durante a fotossíntese. Logo em seguida, Theodore de Saussure mostrou que o aumento da massa das
plantas durante o seu crescimento não poderia ser devido somente à fixação de CO2, mas também devido a
incorporação da água.