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26 Desde 2018
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema "A função do Poder Público na assistência à população em situação
de rua no Brasil”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
TEXTO I
Os obstáculos no acesso à alimentação, higiene e direitos são apenas algumas dificuldades que a
população em situação de rua enfrenta diariamente e a torna ainda mais vulnerável. Esse grupo,
invisibilizado há tantos anos e tão heterogêneo, aumentou durante a pandemia. A afirmação foi
feita por especialistas e representantes de movimentos sociais durante audiência pública da
Câmara dos Deputados realizada na última segunda-feira, 7 de junho.
De acordo com a representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Tatiana Dias, a
estimativa entre fevereiro e março do ano passado, momento de eclosão da pandemia, era de 221
mil pessoas em situação de rua. Tudo indica que o número aumentou, como reforça Veridiana
Machado, representante do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política
Nacional para a População em Situação de Rua (Ciamp-Rua). “Não sabemos quantas pessoas estão
em situação de rua, mas com a pandemia, é algo que nos salta os olhos. O número é expressivo,
inclusive de crianças nos sinais pedindo dinheiro. Basta ir à rua e ver”, destacou.
Os dados apresentados pelo psicólogo sanitarista Marcelo Pedra confirmam. De acordo com a
pesquisa realizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, 31% das pessoas estão na rua há menos de
um ano, sendo 64% por perda de trabalho, moradia ou renda. Destes, 42,8% afirmaram que se
tivesse um emprego sairia das ruas. Ele apresentou ainda dados de cadastro de serviços do SUS
que mostram que houve um aumento de 35% das mulheres em situação de rua.
Como formas de lidar com a situação, o pesquisador destaca a ampliação das ofertas de
acolhimento institucional e abrigo na perspectiva de baixa exigência, ampliação da estratégia de
trabalho e renda, e a construção de estratégias de habitação e moradia, como o aluguel social.
A falta de dados dos impactos da pandemia nessa população, como o número de infectados e de
óbitos foi um aspecto levantado pelos participantes como um empecilho para pensar em políticas
públicas de saúde e de proteção social.
“Já vivíamos a falta de políticas públicas para a população em situação de rua, mas a pandemia só
escancarou tudo isso. Como ficar em casa se não temos moradia? Como usar máscara se não temos
onde lavar? Já vivemos socialmente isolados. Passamos fome, frio e ainda enfrentamos a Covid-
19. A pandemia desnudou as mazelas sociais existentes”, afirmou Vanilson, que também
demonstrou preocupação com a assistência a crianças e adolescentes em situação de rua e o futuro
delas.
Para Kelseny Medeiros, representante da Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama, a dificuldade
de transparência e acesso a dados fez com que o governo e a sociedade civil não estivessem
preparados para receber essa população e interpretar como a pandemia os atingiu. Ela realizou uma
pesquisa em São Paulo e afirmou que os gargalos são comuns a outros estados: as maiores
dificuldades encontradas foram na realização de testes de Covid-19 para identificar os infectados,
falta de transparência e de acesso a dados.
“A maioria dos casos não é quantificado, há uma invisibilidade histórica. A pandemia agravou
problemáticas anteriores e revelou a insuficiência dos modelos de abrigos até então
implementados”, completou o presidente da Comissão de Legislação Participativa da Câmara,
deputado Waldenor Pereira.
Para obtenção dos dados, Marcelo Pedra defendeu a inclusão dessa população no próximo censo
nacional; a integração dos sistemas da assistência social – CadÚnico e do e-SUS, com dados da
atenção primária, incluindo das equipes de Consultório na Rua; e a construção de uma diretriz
nacional para que o atendimento seja feito de forma igualitária em grandes cidades e municípios.
TEXTO II
Brasil registra mais de 17 mil casos de violência contra moradores de rua em 3 anos
São Paulo lidera notificações com 788 casos entre 2015 e 2017, segundo dados do Ministério da
Saúde. Mulher negra de 15 a 24 anos é a principal vítima.
O Brasil registrou ao menos 17.386 casos de violência contra moradores de rua de 2015 a 2017,
segundo o Ministério da Saúde. O número leva em conta os casos em que a motivação principal do
ato violento era o fato de a pessoa estar em situação de rua.
Os jovens moradores de rua com idade entre 15 a 24 anos são o principal alvo da violência: 38%
dos casos. A maioria das vítimas se declara negra (pretos ou pardos), grupo que concentra mais de
54% das notificações. Apesar de serem minoria nas ruas, as mulheres são as principais vítimas:
50,8% dos casos e 49,2% são homens.
O Ministério da Saúde lançou a análise das notificações de violência contra a população de rua no
Brasil entre 2015 e 2017 no último dia 13. Os números foram calculados com base nos registros do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ferramenta usada pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) para notificar a condição de pacientes vítimas de violência de diversos tipos.
A maioria das vítimas se declarou heterossexual (65%), seguida pelos homossexuais (2,9% dos
casos) e bissexuais (0,4%). No entanto, em 21% dos registros a orientação sexual não foi
informada.
Em 90,5% das notificações a identidade de gênero da vítima não foi detalhada. Apesar disso, 4,7%
das vítimas se declararam mulheres transexuais, 3,1% homens transexuais e 1,7% travestis.
TEXTO III