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IV Simpósio Sobre os Paradigmas do Ensino do Instrumento Musical no Séc.

XXI
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O ensino do instrumento musical entre a tradição e a contemporaneidade: políticas,
práticas e criatividades

António Ângelo Vasconcelos


Instituto Politécnico de Setúbal
CIPEM/INETmd

Aos músicos do século XXI, como refere Dawn Benett, exige-se um conjunto
diversificado de competências e conhecimentos que contribuam para a sustentação de
uma carreira artística que se exerce no quadro de uma actividade profissional
policentrada, situada em mais do que um campo de especialidade. Esta concepção de
músico como um profissional multi-situado e multi-competente tem implicações
significativas no contexto da elaboração das políticas, na educação, na formação e no
desenvolvimento da profissão artística

Por outro lado, a aprendizagem de um instrumento, e no contexto da designada


música erudita ocidental, constitui-se como uma actividade complexa que envolve um
conjunto de dimensões de natureza técnica, estética, artística, social e cultural numa
interacção diferenciada de processos cognitivos e sensoriomotores a par de
interdependências várias com a emoção, a memória, a imaginação, a criatividade, a co-
performance colaborativa e a compreensão da música nos contextos da sua criação e
produção. Isto significa que este tipo de aprendizagem requer a apropriação e a
interligação de informações, conhecimentos, técnicas e estéticas multimodais e
multirefenciadas. Dimensões que não são apenas desenvolvidas no estudo individual,
formal e académico mas numa rede alargada de experiências e experenciações do
quotidiano, das relações com determinados contextos estéticos e artísticos que aliam
a tradição e a contemporaneidade em que se mobilizam criatividades diferenciadas.

Partindo de um conjunto diversificado de entrevistas a professores de instrumento,


que simultaneamente exercem a profissão de músico, esta comunicação procura
responder à questão: de que modos é que no ensino do instrumento musical se
desenvolve uma relação de interdependência entre a tradição e a contemporaneidade
e se perspectiva o futuro que potencie a criatividade no contexto de uma cultura
musical multi-referenciada e de uma actividade profissional multicentrada?

Defende-se a ideia de que a aprendizagem de um instrumento se situa numa zona de


fronteira entre procedimentos, técnicas e estéticas oriundas da tradição e a
contemporaneidade artística em que a experimentação, as criatividades e a co-
performance se afiguram elementos estruturantes na apropriação de códigos e
convenções e no desenvolvimento de uma personalidade artística multifacetada.

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