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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ


CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
Laboratório de Máquinas I – 2011.1

FREIO E INVERSÃO DE VELOCIDADE DE UM MOTOR CC COM EXCITAÇÃO EM


SEPARADO

Quando o circuito de armadura de um motor CC em operação é repentinamente desconectado da


fonte, certo tempo decorre para que a velocidade de rotação se anule. O tempo gasto para fazer com
que o motor chegue ao repouso depende da energia cinética armazenada no rotor do motor e do
atrito nos mancais. As técnicas de frenagem são utilizadas para fazer com que um motor pare
rapidamente.
Uma das técnicas de frenagem utilizada no motor CC é o Freio Dinâmico. Nesse tipo de
frenagem, o circuito de armadura do motor, após ter sido desconectado da fonte, é imediatamente
conectado a um resistor. A força contra-eletromotriz produz então uma corrente cuja direção é
oposta à direção da corrente quando a máquina estava operando como um motor. Assim, o motor
CC se comporta momentaneamente como um gerador e sua energia cinética é dissipada no resistor.
O resistor é colocado de modo a limitar a corrente de freio em até cerca de 150 % da corrente
nominal do motor. Como a velocidade do motor decresce, a corrente e a força contra-eletromotriz
também diminuem. Isso faz com que o motor pare bem mais rápido do que, simplesmente,
desligando-o da fonte. A corrente de armadura e o torque de freio são calculados através de (1) e
(2), respectivamente:
−E − Kaφω
Ia = = m, (1)
R+R ' R+R '
a a
2 2
− Ka φ ωm
T = Ka φIa = (2)
R+R 'a
onde ωm representa a velocidade do motor e R a' o resistor de freio.
Pode-se observar que o sinal negativo significa que o torque de freio tem sentido contrário ao
torque motor. Também pode-se concluir que, quando a máquina atinge velocidade nula, o torque
deixa de existir e a máquina permanece parada.
Outra técnica de frenagem do motor é a Inversão da Tensão de Armadura. Nesse tipo de
frenagem, o sentido da polaridade da tensão aplicada à armadura do motor CC é invertido.
Antes da inversão, a força contra-eletromotriz tem polaridade oposta a da tensão de armadura.
Como a resistência de armadura geralmente é muito pequena, o módulo da força contra-eletromotriz
é quase igual ao da tensão aplicada aos terminais do motor. Logo após a inversão da polaridade da
tensão de armadura, a força contra-eletromotriz do motor e a tensão aplicada passam a ter
polaridade aditiva. Isto significa que a tensão total aplicada ao circuito de armadura é quase duas
vezes o valor da tensão terminal Va.
Para proteger o motor desse salto repentino da corrente de armadura, uma resistência externa
deve ser adicionada ao circuito de armadura. A corrente de armadura reduz a zero e inverte sua
direção. O mesmo acontece com o torque eletromagnético e a velocidade. A corrente de armadura e
o torque de freio são, respectivamente, calculados através das equações (3) e (4):
− Va −E − Va − Kaφω
Ia = + = + m, (3)
R+R ' R+R ' R+R ' R+R '
a a a a
− Va K a φ 2 2
− K a φ ωm
T = K a φIa = + , (4)
R + Ra ' R + Ra '

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Ainda é importante notar que, para ωm = 0, há um torque negativo, o que indica que o motor
passa então a girar em sentido contrário.
Freio Regenerativo
O freio regenerativo consiste em aproveitar a energia cinética da máquina e transferi-la de
volta para a fonte. Este tipo de freio é aplicado em trens, elevadores, teleféricos e em aplicações
industriais.
Considere o exemplo de um motor para acionamento de trem. Em condições normais de
operação, a força contra-eletromotriz é um pouco menor do que a tensão aplicada nos terminais do
motor. Mantendo constante o fluxo magnético no núcleo de ferro do motor, a força contra-
eletromotriz é diretamente proporcional à velocidade do motor. Quando o trem começa a descer, sua
velocidade começa a aumentar, e, por conseqüência a força contra-eletromotriz também aumenta.
Se a força contra-eletromotriz se tornar maior que a tensão aplicada nos terminais do motor, a
corrente de armadura inverte sua direção e o motor passa a operar como um gerador enviando a
energia de volta para a fonte. Como a direção da corrente de armadura se inverteu, o torque
eletromagnético desenvolvido também inverteu.
Deve-se ressaltar que, para a realização do freio regenerativo, o circuito entre o motor e a
fonte deve ser capaz de conduzir em ambas as direções e a fonte capaz de absorver energia. A força
contra-eletromotriz pode ser feita maior que a tensão da fonte, seja por um aumento de Ea ou por
uma redução de Va.

Referências Bibliográficas
[1] Guru, B.S and Hiziroglu, H.R. ‘Electric Machinery and Transformers’. Harcourt Brace
Jovanovich Publishers. 1988
[2] Dubey, G.K. ‘Power Semiconductor Controlled Drives’. Prentice-Hall International Edition
1989.

OBJETIVOS
- Parar o motor cc usando o freio dinâmico.
- Inverter o sentido de rotação da máquina invertendo-se a tensão de armadura.

PROCEDIMENTOS

Fig.1 - Circuito para montagem em laboratório: freio dinâmico.

1) Teste o retificador da bancada: verifique todos os diodos.


2) Monte o circuito mostrado na figura 1.
3) Verifique se as ligações estão corretas. Coloque o reostato de partida na posição de resistência
máxima (aprox. 8,3 Ω) e matenha a chave S aberta.
4) Alimente o circuito do retificador ligando a chave principal da bancada. Em seguida, acione o
motor através da chave S.

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5) Desligue a tensão de armadura através da chave S (desfaça a conexão da posição 1) e verifique
quanto tempo o motor leva para parar. Tempo de parada = s.
6) Acione novamente o motor através da chave S.
7) Quando o motor estiver com velocidade de regime mude rapidamente a chave S da posição 1
para a posição 2 e anote o tempo que o motor leva para parar. Tempo de parada = s.
8) Compare o tempo medido no item 4 com o medido no item 6, e explique o porquê da diferença.
9) Substitua o resistor de 12 Ω (resistor de freio, Rd) por um banco de lâmpadas e freie
dinamicamente o motor para as situações abaixo e comente suas observações
8.1 Uma lâmpada ligada. Tempo de parada = s
8.2 Duas lâmpadas ligadas. Tempo de parada = s
8.3 Cinco lâmpadas ligadas. Tempo de parada = s
10) Desligue a bancada (ambas as chaves da bancada).
11) DESMONTE TUDO (Desfaça todas as conexões).
12) Monte o circuito da figura 2 para inversão da tensão de alimentação do motor.

Fig.2 Circuito para verificação da inversão de tensão de armadura do motor cc


13) Verifique se as ligações estão corretas.Coloque o reostato de partida na posição de resistência
máxima (aprox. 8,3 Ω).
14) Alimente o circuito do retificador ligando a chave principal da bancada.
15) Dê partida no motor através da chave S. ATENÇÃO: OBSERVE QUE A PARTIDA DEVE
SER FEITA EM 1-1´.
16) Quando o motor estiver com velocidade de regime permanente, mude rapidamente a chave S
da posição 1 para a posição 2. Observe o que acontece com a velocidade do motor e com a
corrente de armadura após a mudança de posição da chave. Explique o que acontece.
ATENÇÃO: NÃO FAÇA OUTRA INVERSÃO APÓS A PRIMEIRA INVERSÃO.
17) Desligue o motor utilizando a chave S. Retorne a chave S para o estado aberto.
18) Usando um osciloscópio digital, obtenha o formato de onda da corrente de armadura durante a
reversão de tensão do motor (repetição do item 15). Capture a forma de onda da corrente e
inclua no relatório. Comente suas observações sobre a forma de onda obtida.

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