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Os 

embargos de declaração constituem uma forma pela qual se pode solicitar


ao juiz que reveja uma decisão, tornando-a mais compreensível, ou corrigindo-
a. Assim, sempre que for proferida decisão que contenha erro material, seja
contraditória, obscura ou omissa, é cabível esse recurso. Não é necessário
recolhimento de custas.
O professor José Carlos Barbosa Moreira, dizia uma frase que se encaixa
perfeitamente nesse contexto: “a falta de clareza é defeito capital em qualquer
decisão”. 

Por isso, neste artigo vamos esclarecer as principais dúvidas sobre os


embargos de declaração e as mudanças trazidas pelo novo CPC, além
de apresentar um modelo de embargo de declaração! 

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Para facilitar sua leitura, você pode navegar pelos tópicos que mais te
interessam. Para isso, é só clicar nos tópicos do menu abaixo:

1. O que são embargos de declaração?


2. Quando é cabível os embargos de declaração?
3. Qual a função dos embargos de declaração?
4. Mudanças dos embargos de declaração no Novo CPC
5. Prazos para embargos de declaração
6. Efeitos dos embargos de declaração
6.1. Efeito interruptivo
6.2. Efeito suspensivo
6.3. Efeitos modificativos ou infringentes
7. Como fazer embargos de declaração
7.1. Dicas de redação para embargos de declaração
8. Conclusão
9. Materiais complementares para você aprofundar conhecimentos
9.1. Artigos recomendados
9.2. Guia de peças jurídicas
9.3. Modelo de embargos de declaração
O que são embargos de declaração?

Os embargos de declaração são considerados como um recurso, tanto na


prática da advocacia, quanto no Livro III do Código de Processo Civil.Além
disso, são definidos por uma parcela da doutrina como um instrumento
processual para correção de vícios formais da decisão.
Embargos de declaração – descrição

Quando é cabível os embargos de declaração?

Para entender melhor quando é cabível um recurso de embargos de


declaração, confira abaixo as hipóteses apresentadas no artigo 1.022
do Código de Processo Civil: 
I – Esclarecimento sobre dúvida, obscuridade ou contradição na decisão.
II – Omissão. Quando a decisão deixa de apreciar determinada prova, ou deixa
de observar precedente de casos repetitivos.
III – Correção de erro material. Quando há na decisão algum equívoco que
possa ter influência.”
– CPC, art. 1.022 – Lei 13.105/2015. 

Qual a função dos embargos de declaração?

Além de servir como recurso, os embargos de declaração também têm como


função o prequestionamento da matéria da lei federal ou matéria
constitucional para fins de interposição de recurso especial e recurso
extraordinário.
Nesse sentido, o novo Código de Processo Civil modificou um pouco as
normas. Além disso, incluiu questões sobre a utilização desse recurso com fins
de prequestionamento.

Mudanças dos embargos de declaração no Novo CPC

Os Embargos de Declaração são, na prática, um recurso que possibilita ao


jurisdicionado obter respostas claras, precisas e efetivas, e que podem ser
opostos contra qualquer decisão judicial.

A principal mudança no Código de Processo Civil é que, diferente do CPC de


1973, sua apresentação não está mais restrita apenas a situações em que
houver na decisão embargada os vícios de obscuridade, contradição e
omissão. 

Nesse contexto, o erro material passou a constar expressamente como


possibilidade de interposição de embargos de declaração no novo CPC.
Além disso, outra alteração importante pode ser notada no parágrafo único do
artigo 1.022 do novo CPC. Ele apresenta, de modo não exaustivo, algumas
novas hipóteses em que fica configurada a omissão da decisão.
Dessa forma, pela nova regra, considera-se omissa a decisão que deixe de se
manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos, ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento.

Além disso, na ausência de quaisquer dos elementos essenciais previstos no


artigo 489, § 1º do CPC para fundamentação das decisões, também serão
cabíveis embargos de declaração por omissão. 

Por fim, o novo CPC/2015 também apresenta novidade no art. 1.024, §5º, que
declara desnecessária a ratificação de recurso interposto antes da publicação
da decisão dos embargos. Dessa forma, o regramento simplifica um pouco
a dinâmica dos recursos especiais e extraordinários no tribunal de
origem.
Em síntese, essas são as mudanças trazidas pelo novo CPC/2015, que
manteve o prazo para oposição dos embargos de declaração. Veremos esse
assunto a seguir!

Prazos para embargos de declaração

O prazo para interpor os embargos de declaração no novo CPC é de 5


dias. Nesse contexto, é importante lembrar que a contagem do prazo
atualmente é feita em dias úteis e começa após a intimação, publicação ou
leitura de sentença.
Conforme o parágrafo 2º do artigo 1.023 do CPC, o mesmo prazo de 5 dias
será concedido à parte embargada para manifestação sobre os embargos de
declaração opostos.

Além disso, o artigo 1.024 do CPC determina que quanto ao tempo de


julgamento, o juiz deverá julgar os embargos em 5 dias.
Este mesmo artigo recebe destaque também por prever, dentre outras
medidas, a possibilidade de os embargos de declaração serem conhecidos
como agravo interno.
Isso se o órgão julgador entender que o recurso é cabível, desde que
determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco)
dias, complementar as razões recursais. A inclusão de tal possibilidade no
texto legal observa o princípio da fungibilidade recursal.

Efeitos dos embargos de declaração

Confira abaixo quais são os 3 efeitos dos embargos de declaração.

1. Efeito interruptivo

Uma questão notável diz respeito ao efeito interruptivo da interposição dos


embargos de declaração. Conforme consagrado no artigo 1.026, essa ação
interrompe o prazo para a interposição de outros recursos para todas as partes
do processo.

Após intimação da decisão dos embargos, o prazo recursal é devolvido.

2. Efeito suspensivo

Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o


prazo para a interposição de recurso. É exatamente essa a redação do artigo
1026 do CPC.
Antes, na vigência do CPC de 1973, parte da doutrina afirmava que continham
efeito suspensivo. Ou seja, a parte poderia obter a  sustação dos efeitos da
decisão recorrida. Atualmente, não possuem tal eficácia.

3. Efeitos modificativos ou infringentes

Quando os embargos de declaração tiverem efeitos modificativos ou


infringentes, a sentença de mérito pode ser alterada. Pode ocorrer,
excepcionalmente, a reformatio in pejus, ressalvando, no entanto, a
necessidade de intimação da parte adversa, que poderá apresentar
contrarrazões, sob pena de nulidade.
O efeito do provimento dos embargos de declaração que modifica a decisão
recorrida é atípico, já que o saneamento do vício não apenas esclarece
omissão, contradição ou obscuridade, mas também altera o conteúdo da
decisão.

Como fazer embargos de declaração

Se você achou este artigo buscando dicas sobre como fazer embargos de
declaração, veio ao lugar certo! 

Em primeiro lugar, você precisa ter em mente é que eles não servem para
pleitear a reforma da decisão. Se a decisão foi contrária à sua tese e não
houver vícios previstos no CPC, descarte-os e utilize o recurso próprio para
atacar a decisão.

Também, deve ser levado em consideração que há muito tempo que os


Tribunais Superiores fixaram entendimento de que não é necessário ao
julgador refutar expressamente cada uma das razões apresentadas pelas
partes. 

Nesse sentido, há milhares de acórdãos que servem de escudo para que


magistrados rejeitem embargos de declaração, recusando-se a rever a decisão.

Outro ponto de destaque é que  muitos magistrados não apreciam com o


cuidado merecido os embargos de declaração, que muitas vezes são
desprezados sem a necessária correção dos vícios. Então, utilize-os com
moderação e saiba apontar com clareza os vícios da decisão que merecem
reparo.

No entanto, se você foi intimado de uma decisão que apresenta algum erro a
ser corrigido, ou precisa esclarecer determinada omissão, você pode e deve se
valer do recurso dos vícios.

Dicas de redação para embargos de declaração

Para redigir bons documentos de embargos de declaração, dê atenção para:

 A linguagem utilizada. Tendo em vista que nenhuma pessoa – menos


ainda os magistrados – gosta de ter seus erros apontados, tenha um amplo
cuidado com as palavras ao redigir os embargos de declaração. Procure
demonstrar com sutileza o vício que requer saneamento;

 Modelos. Para ganhar agilidade e qualidade, indico que você desenvolva


seus modelos de documentos. Por isso, ao final deste artigo, nós
disponibilizamos para você se inspirar um modelo simples de
embargos de declaração, clique aqui para ir direto para lá.

Principais dúvidas sobre embargos de declaração

O que são embargos de declaração?

Os embargos de declaração constituem uma forma pela qual se pode solicitar


ao juiz que reveja uma decisão, tornando-a mais compreensível ou corrigindo-
a. São considerados como um recurso tanto na prática da advocacia, quanto
no Livro III do Código de Processo Civil.

Quando é cabível os embargos de declaração?

Os embargos de declaração são cabíveis para esclarecimento sobre dúvida,


obscuridade ou contradição na decisão, conforme o 1.022 do Código de
Processo Civil. Saiba mais sobre o tema neste artigo!

Qual o efeito dos embargos de declaração?

Os embargos de declaração podem causar 3 efeitos: interruptivo, suspensivo e


modificativos ou infringentes.

Conclusão

Sempre que a questão permitir, faça uma petição curta e objetiva. Não é


incomum ver embargos de declaração de apenas uma página. 
Isso porque, mesmo tendo natureza recursal, eles não devem servir para
reexame de toda a matéria fática e você tem maiores chances de que o juiz os
acolha se não tiverem muito mais do que uma meia dúzia de páginas.
Por fim, utilize bem este recurso e garanta a busca por uma prestação
jurisdicional mais compreensível, justa e bem fundamentada. Afinal, lembrando
o mestre Barbosa Moreira, a clareza é essencial para a segurança jurídica.

Materiais complementares para você aprofundar conhecimentos

Abaixo você confere materiais, modelos e mais artigos para aprofundar seus
conhecimentos e facilitar sua rotina.

Modelo de embargos de declaração

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito


EMBARGANTE, nos autos da ação que move em face de EMBARGADO,
tendo tomado ciência da respeitável decisão de fls. XX, vem, com fundamento
no artigo 1022 do Código de Processo Civil, pedir vênia para opor EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO, o que faz nos seguintes termos:
Tempestividade: Não é obrigatório, mas você pode começar destacando a
tempestividade dos embargos de declaração informando e provando que os
mesmos foram opostos dentro do prazo de cinco dias após a intimação.
A respeitável decisão embargada: Neste capítulo, faça um breve relato da
decisão proferida e, caso julgue necessário, transcreva trechos importantes.
“A decisão embargada julgou procedente em parte os pedidos, condenando o
réu a X.”
O vício: Em seguida, aponte o vício, mas não seja agressivo. Exemplo:
“Ocorre que, a despeito do notório saber jurídico do ilustre magistrado, a
respeitável decisão. Em casos de embargos de declaração por:
 Omissão: “deixou de observar que…”

 Contradição:  “apresenta contradição ao declarar que…”

 Obscuridade: “não deixou claro se/que…”

 Erro material: “equivocou-se ao considerar/declarar/afirmar…”


Seja objetivo e evite reproduzir argumentos de peças anteriores. Indique ao juiz
exatamente onde está o vício.
Conclusão: ao final, peça a revisão da decisão embargada em razão dos
vícios que você  apontou. Se for o caso de embargos de declaração com
objetivo de prequestionamento, peça ao juiz que aplique ao caso o dispositivo
legal que entende ser cabível.

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