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Acesso à Escola de Educação Básica no

Contexto da Pandemia
El Pais Brasil
“Não estudo nada há um ano. Fico em casa
limpando e cozinhando”
Covid-19 arrasou a vida e os sonhos das meninas e jovens
de lares pobres. Muitas tiveram que deixar os estudos de
lado para se dedicar aos afazeres domésticos. A paulistana
Stephany Rejani é uma delas

Stephany Rejani, 20 anos, moradora da periferia de São Paulo, conciliava estudos


com o trabalho, mas deixou de ir à escola por causa da pandemia de covid-19TONI PIRES

São Paulo - 13 ABR 2021 - 12:10 BRT

A rotina atual de Stephany Rejani é bem diferente do que era há um ano. Antes
da pandemia de covid-19, esta paulistana, de 20 anos e semblante adolescente,
conciliava as aulas do ensino médio com os afazeres domésticos. Mas desde que o
Governo paulista fechou as escolas públicas ela largou totalmente os estudos para se
dedicar exclusivamente ao lar. “Não estudo nada há um ano. Fico em casa o dia todo
limpando e cozinhando. Enquanto minha mãe trabalha, cuido do meu irmão, de 12 anos,
e do meu filho, de 3”, conta Rejani, moradora do Jardim Lapena, um bairro periférico
da Zona Leste de São Paulo. A crise sanitária a empurrou a cumprir um papel que
historicamente coube às mulheres: o de dona de casa.

Rejani não está sozinha. Como ela, milhares de meninas e adolescentes pobres das
periferias do Brasil foram obrigadas a deixar seus estudos, e seus sonhos, para se
dedicarem ao trabalho doméstico durante a pandemia. A ONG Plan
International Brasil, que tem programas voltados para os direitos da infância, fez uma
pesquisa com 98 garotas que participam de algum de seus projetos. “98% delas estão
fazendo algum trabalho doméstico em casa. Antes da pandemia, eram 57%”, diz Nicole
Campos, gerente de Estratégia de Programas da entidade.

A Uneafro, um movimento social centrado na educação de jovens negros e das


periferias, oferece aulas um cursinho pré-vestibular gratuito, que serve para
complementar a formação muitas vezes precária do ensino médio nas escolas públicas.
“As mulheres adolescentes são as que mais se interessam e se comprometem com as
atividades. Sempre estiveram mais presentes que os homens”, diz Arlene Ramos,
coordenadora do Núcleo Digital do grupo.

Esse núcleo nasceu durante a pandemia pela necessidade de manter as aulas à


distância. Ramos define a iniciativa como “montar um avião com ele voando”. Mas o
grupo não se limitou a dar aulas online de matemática ou química. Ao longo de 2020,
observou-se a necessidade de manter sessões de debate por videoconferência como
forma de aproximação com os alunos. Durante essas reuniões, foram abordados temas
como feminismo e saúde mental. “E o trabalho doméstico se intensificou demais e é
um dos principais obstáculos para o acompanhamento das classes e o desempenho
acadêmico, sobretudo no caso das meninas. Elas ficam confinadas em casa, e as
demandas do lar ficam mais visíveis”, explica Ramos.

Essa realidade ocorre muitas vezes de forma natural, levando-se em conta que as
atividades domésticas historicamente nem são consideradas um trabalho. “Quando
perguntamos aos nossos alunos quem trabalha e por quantas horas, as pessoas com
tarefas no lar respondem que não trabalham. Estão cozinhando, cumprindo as
obrigações dos adultos, cuidando dos seus irmãos, mas não entendem isso como um
trabalho.”

Se para os alunos das escolas privadas o ensino à distância já é uma realidade, nos
centros públicos —frequentados pela imensa maioria destes jovens— sua implantação
é muito desigual. “A exclusão digital é uma realidade nos lares mais vulneráveis.
Nesses ambientes, os garotos costumam ter mais acesso à Internet que as garotas. Sua
socialização e educação dentro das famílias são menos prioritárias”, afirma Campos, da
Plan International Brasil. A Unicef (agência da ONU para a infância) calcula, a partir de
dados públicos, que 5,5 milhões de meninos e meninas tiveram seu direito à educação
negado durante a pandemia no Brasil. Stephany Rejani está entre elas. Antes da covid-
19, já enfrentava problemas estruturais, como a falta de professores. “Quando a
pandemia começou, a escola não formou grupos de estudo online nem ofereceu uma
plataforma com aulas. E ninguém mais queria estudar”, conta. “Na minha casa não
temos computador, só dois celulares. É muito difícil fazer as tarefas dessa maneira.”

A maternidade na adolescência é uma realidade nas favelas e periferias brasileiras.


Rejani deu à luz aos 17 anos. O pai do seu filho está ausente e lhe paga uma pensão de
apenas 250 reais por mês. O pai dela própria também está ausente, e sua mãe trabalha
como faxineira numa creche. O que ganha —cerca de 1.100 reais— é insuficiente para
pagar a luz, a Internet, a comida e manter a família. Assim, além das atividades
domésticas que já devia cumprir e dos seus estudos, ela também se viu obrigada a fazer
alguns bicos para complementar a renda mensal. Os estudos então deixaram de ser
prioridade.
Soma-se a isso que, na pandemia, o fechamento das escolas representou um golpe para
muitas famílias vulneráveis que precisavam deixar seus filhos menores nos centros
educacionais para poder trabalhar. Em muitos casos coube às filhas mais velhas cuidar
dos seus irmãos. “Limpo a casa e cozinho o básico, como arroz e feijão”, conta Rejani.
O resultado de tudo isso é que, aos 20 anos, a jovem não terminou o ensino médio.
“Precisamos aprender e desenvolver nossas capacidades, mas fica muito difícil com um
ensino médio precário”, argumenta. Tem o desejo de, um dia, entrar na universidade e
estudar Pedagogia. “Eu gosto de crianças”, justifica.

Manter a motivação dessas jovens é um dos principais desafios na pandemia. “O


desinteresse ou a renúncia às aulas acontece porque é difícil manter uma rotina de
estudos dentro de casa. Além do trabalho doméstico, há a falta de apoio familiar. Os
pais e mães delas são trabalhadores com um passado educativo muito duro. Muitos
vislumbram para seus filhos que trabalhem e tenham suas próprias famílias”, afirma
Ramos, da Uneafro. Em 2020, o movimento assinou um acordo com uma universidade
privada para que os alunos de psicologia formassem grupos de escuta e amparo a esses
jovens que se preparavam para o ENEM e o vestibular. “As garotas se sentem muito
ansiosas por terem que manter essa rotina de estudos com toda a carga de trabalho
doméstico. Têm que cumprir vários papéis em casa sem que, em muitos casos, seus pais
lhes deem amparo familiar”, diz Ramos.

A ONG Plan Internacional, que antes da pandemia mantinha contato com quase 10.000
famílias através de seus projetos presenciais, também mantém seus programas de forma
online. “Tratamos de violência infantil, de empoderamento das garotas, falamos de
direitos sexuais e reprodutivos”, conta Campos. É uma forma de manter essas jovens
motivadas e amparadas. “É preciso lembrar também que a violência sexual e doméstica
acontecem dentro de casa. Com a quarentena, aumentaram as denúncias, mas também a
depressão e a ansiedade. Ouvimos inclusive relatos de automutilação”, relata.

Stephany Rejani ainda não voltou à escola em 2021. E está certa de que, depois da
pandemia, não voltará a fazer atividades “de jovens” na sua comunidade. Num passado
recente, teve aulas de futebol, xadrez, percussão e circo, oferecidas por organizações
sociais que atuam no Jardim Lapena. “Não acredito que eu tenha a chance de voltar a
essas atividades”, diz. “É hora de fazer coisas de adulto, como estudar informática e
inglês.”

Disponível em

“Não estudo nada há um ano. Fico em casa limpando e cozinhando” | Atualidade | EL PAÍS
Brasil (elpais.com) Acesso na internet em 15 de abril de 2021

GAZETA DO POVO
Desigualdade educacional: alunos pobres têm
mais prejuízos com escolas fechadas
Por Gabriel Sestrem 04/02/2021 16:11

O ensino a distância e as circunstâncias da pandemia aumentaram ainda mais as


desigualdades entre estudantes ricos e pobres. É o que mostra um estudo realizado por
pesquisadores do Insper e que foi apresentado ao Conselho Nacional de Educação, em
26 de janeiro.
A pesquisa “Desigualdade educacional durante a pandemia”, publicada em dezembro de
2020 por Naercio Menezes Filho, Bruno Kawaoka Komatsu e Vitor Cavalcante,
investigou a relação entre o fechamento das escolas e os diferentes impactos
educacionais entre os estudantes brasileiros.
Dentre as principais conclusões, o estudo constatou que alunos de instituições privadas
estão mais preparados para acessar materiais educativos durante o período de
distanciamento social, já que as escolas particulares se adaptaram melhor ao ensino à
distância em comparação com as gestões públicas, conseguindo oferecer atividades
escolares para a maioria dos alunos dessas instituições. Além disso, o acesso à internet
para esses estudantes é significativamente maior do que alunos mais pobres. De acordo
com os pesquisadores, a desigualdade educacional entre alunos irá aumentar para todos
os níveis de ensino (fundamental, médio e superior) em decorrência da crise de saúde.
A pesquisa também concluiu que a mobilidade social intergeracional (melhoria de
condições socioeconômicas entre uma geração e outra) pode ser dificultada com o
fechamento das escolas; que a desigualdade educacional entre as diferentes regiões do
país devem aumentar, já que alguns estados tiveram limitações muito mais acentuadas
na oferta do ensino remoto; e que as próprias deficiências dos sistemas de ensino
públicos podem impulsionar a evasão escolar dos estudantes.

Dificuldades no acesso à internet e problemas na


entrega de atividades escolares
Para identificar quais grupos de alunos estão mais expostos aos efeitos negativos da
pandemia, os pesquisadores utilizaram dados socioeconômicos da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua, do IBGE, e da PNAD Covid-19 –
pesquisa também do IBGE, lançada em 2020, que monitora mensalmente os potenciais
impactos da crise de saúde na economia brasileira. Os principais fatores levados em
conta para mensurar os desafios do ensino remoto foram o acesso à internet e o
recebimento de atividades escolares por parte dos estudantes.
Para identificar se grupos de alunos com condições menos favoráveis para o ensino
remoto coincidem com os grupos que possuem as menores notas em avaliações de
desempenho acadêmico, o estudo utilizou as notas de 1,2 milhão estudantes do ensino
fundamental na edição de 2017 da Prova Brasil (instrumento de avaliação educacional
desenvolvida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio
Teixeira - Inep) em associação aos dados socioeconômicos levantados previamente

Estrutura x desempenho (por tipo de instituição)


Relação entre escolas públicas e particulares quanto à probabilidade
de terem acesso à internet e às atividades escolares e quanto ao
desempenho na Prova Brasil
O gráfico acima mostra a diferença no acesso à internet e no recebimento de atividades
escolares durante a pandemia entre alunos de escolas públicas e privadas, além do
profundo contraste entre as notas de estudantes dos dois grupos na Prova Brasil de
2017.  Os dados revelam que, de uma forma geral, estudantes com menor acesso à
estrutura mínima necessária para o ensino remoto já possuíam menor desempenho
acadêmico, o que indica o aprofundamento da desigualdade educacional a partir da crise
de saúde.
Para chegar aos números, foram utilizadas as respostas (PNAD contínua) à pergunta
“Algum morador tem acesso à internet no domicílio por meio de microcomputador,
tablet, telefone móvel celular, televisão, ou outro equipamento?”. Foram registradas
respostas de cerca de 80 mil famílias de estudantes a esse questionamento.
Para a coleta das informações sobre a entrega das atividades escolares por parte das
instituições de ensino, foi utilizada a base de dados PNAD Covid-19 de agosto de 2020.
“A combinação das bases de dados nos permitiu coletar dados referentes a cerca de 50
mil estudantes, com idades que variam de 6 a 29 anos, de todas as unidades federativas
do país, de instituições públicas e privadas”, citam os pesquisadores.

Baixa educação dos pais é obstáculo para desempenho


de estudantes no ensino remoto
O estudo relata que a dificuldade em obter bom desempenho no ensino remoto é aprofundada
quando a família dos estudantes possui baixos níveis de educação formal. Para ilustrar essa
realidade, os pesquisadores citam o exemplo da Bélgica e da Holanda – países em que o acesso
às tecnologias de ensino, como a internet, é bastante difundido e que tiveram um período de
isolamento obrigatório mais reduzido. Segundo os pesquisadores, as perdas educacionais
constatadas nesses países foram maiores para estudantes cujos pais possuíam menores níveis
educacionais.

No Brasil a lógica é a mesma, porém com um cenário socioeconômico menos favorável:

Horas semanais de estudo


Na semana passada, quantas horas por dia gastou fazendo as
atividades?
Quanto mais baixa é a escolaridade da mãe (fator utilizado na pesquisa), menor é o
tempo que os alunos se dedicaram aos estudos durante a pandemia dentro do período
analisado. O número de alunos cujas mães não têm instrução formal que estudaram
menos de uma hora por dia é quatro vezes maior do que estudantes cujas mães possuem
pós-graduação. Por outro lado, o número de alunos filhos de mães que possuem ensino
superior que estudaram mais de cinco horas por dia é duas vezes maior do que
estudantes cujas mães não possuem instrução – quando as mães possuem pós-
graduação, esse número passa a ser quase três vezes maior.
A pesquisa aponta, ainda, que estudantes cuja mãe não possui instrução afirmaram não
terem feito as atividades recebidas das escolas em volume quatro vezes maior do que
alunos cuja mãe possui pós-graduação.
Escolaridade dos pais por classe social
Proporção de alunos cujos pais possuem ensino médio
completo ou maior formação

Aproximadamente dois terços dos pais de alunos pobres do ensino fundamental e médio
do ensino público não possuem o ensino médio completo, o que representa uma
dificuldade maior para os estudantes quanto a ter apoio para sanar dúvidas durante os
estudos, por exemplo.

Estrutura x desempenho (por escolaridade da mãe)


Relação entre os diferentes níveis de escolaridade da mãe
quanto à probabilidade de terem acesso à internet e às
atividades escolares e quanto ao desempenho na Prova Brasil
O gráfico acima ilustra como a distância educacional entre filhos de pais com maiores
níveis educacionais comparados com filhos de pais com menor instrução deve aumentar
a partir do fechamento das escolas. Vale destacar que os grupos que, além de terem pais
com menor instrução, também apresentam maiores limitações quanto ao acesso à
internet e ao recebimento de atividades escolares já possuíam notas menores na
avaliação acadêmica em Língua Portuguesa e Matemática. De acordo com os
pesquisadores, esse resultado sugere que a mobilidade social intergeracional também
pode ser prejudicada com o fechamento das escolas.
Desigualdade educacional regional deve
aumentar, apontam pesquisadores
A desigualdade educacional entre estudantes de diferentes estados também deve
aumentar com o fechamento das escolas, de acordo com os autores da pesquisa, em
decorrência das diferenças no acesso à internet e no recebimento de atividades escolares
entre os estados brasileiros. Além disso, alunos de estados que já possuem melhores
notas nos testes de desempenho acadêmico apresentaram maior acesso aos materiais
educacionais e à internet em comparação com alunos de estados já tinham piores
desempenhos na Prova Brasil.

“(...) estudantes do ensino fundamental residentes no estado


do Maranhão possuem uma das menores probabilidades
previstas de receber atividades escolares e a menor
probabilidade prevista de acesso à internet. Ao mesmo tempo,
alunos deste estado são os que possuem o pior desempenho
nos testes padronizados. Outros exemplos de estados que
devem ter uma pior a adaptação ao ensino a distância e que
possuem alunos com notas relativamente baixas na Prova
Brasil são: Amapá, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pará”.

Como exemplo de estados que apresentam melhor preparação para o ensino à distância
em termos de estrutura para os alunos, os autores citam Santa Catarina, Rio Grande do
Sul, Paraná e Minas Gerais.
Destaca-se, entretanto, o fator “gestão das redes escolares”, sobretudo no ensino
público, entre os estados. O Pará foi o estado que apresentou menor nível de entrega de
atividades escolares, mas possui índices socioeconômicos (PIB e IDH, por exemplo) e
de acesso à internet mais favoráveis do que outros estados, como Maranhão, Piauí e
Alagoas, que apresentarem indicadores muito mais efetivos de entrega das atividades.

“A gestão escolar realmente deixa a desejar em grande parte dos municípios. Em vários
deles, mesmo os alunos tendo internet eles não tiveram acesso às atividades. Faltou
organização. É preciso ter pessoas responsáveis por tarefas específicas, acesso à base de
dados, saber organizar os dados dos alunos e das famílias, desenhar políticas para
chegar nas famílias mais pobres, ter metas para cada pessoa das secretarias de educação
e ter cobrança para que as atividades sejam realizadas”, afirma Naercio Menezes Filho,
professor titular de Economia do Insper, um dos autores do estudo. “A organização das
redes acaba se refletindo também nas notas dos alunos e na parcela dos alunos que
realizam as atividades escolares”, aponta.
Evasão escolar pode ser impulsionada por
deficiências nas redes de ensino
O abandono dos estudos por parte dos alunos – sobretudo daqueles que se encontram no
ensino médio – é uma realidade mais acentuada desde o fechamento das escolas, como
já mostrado pela Gazeta do Povo. Os pesquisadores constataram que a partir dos 15
anos há uma queda no recebimento de atividades escolares durante a pandemia e que
quanto mais velho for o aluno, menor é o fluxo de envio das atividades. O não envio
dessas atividades pode aumentar a desmotivação e impulsionar a evasão. Além disso,
para muitos desses alunos há a necessidade de trabalhar para contribuir com a renda da
família diante dos desafios socioeconômicos decorrentes da pandemia, o que pode
contribuir ainda mais para que esses estudantes optem pela evasão escolar.

“(...) os resultados sugerem que quanto mais velho é o


estudante, menor é a probabilidade de ele ter reportado o
recebimento de atividades escolares. A consequência desse
resultado aponta para um possível aumento de evasão escolar
de estudantes mais velhos cursando o ensino fundamental.
Além de já estarem 'atrasados' no ensino, são os que mais
podem ser atraídos pelo mercado de trabalho. Com o
fechamento das escolas e a ausência de atividades escolares
para serem realizadas no domicílio a motivação desses
estudantes pode exaurir à medida que o custo de
oportunidade de continuar estudando ao invés de trabalhar
aumenta”.

Retorno às aulas presenciais


De acordo com o Naercio Menezes Filho, o ensino remoto cumpriu parte do papel na
educação brasileira alcançando grande parte dos alunos. O pesquisador diz, no entanto,
que para os próximos meses será preciso combinar o ensino a distância com atividades
presenciais, especialmente para alunos que não têm internet em casa e que não têm
recebido regularmente as atividades escolares.
“Nas regiões com grande número de casos de Covid e em que grande parte dos alunos
têm acesso à internet e receberam atividades é possível manter o ensino a distância por
um pouco mais de tempo até que os casos de Covid diminuam. Mas nas cidades em que
os casos não estão crescendo muito e que grande parte dos alunos está sem atividades
tem que priorizar a volta às aulas presenciais”, declara o professor, ressaltando a
importância de os professores terem prioridade na vacinação para poderem voltar a dar
aulas.
“Tem que fazer de tudo para voltar às aulas presenciais porque muitas crianças estão
sofrendo não só pela falta de aprendizado, mas também por problemas de saúde mental,
como depressão e ansiedade. É claro que nos municípios em que o número de casos está
crescendo aceleradamente talvez ainda tenha que esperar um pouco mais”, afirma o
pesquisador.

Disponível em

Desigualdade educacional: impactos do ensino remoto a alunos pobres (gazetadopovo.com.br)

Acesso na internet em 16 de abril de 2019

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