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Há um plano de Deus para a História, logo existe uma Teologia da História. Povos e indivíduos, são
chamados a desempenhar um papel e este chamado é a vocação, por isso a História, de maneira especial
os grandes acontecimentos, dependem da correspondência do homem à Graça de Deus, pois ela não é
feita por metodologias, mas pela ação humana, da qual é impossível desvencilhar a espiritualidade. Se o
senso católico nos revela que a História é o rumo para Deus, Criador e Fim último de todas as coisas, a
pergunta que devemos nos fazer é: de que maneira atuou a Providência e qual foi o bem que se recolheu
do mal explícito nos acontecimentos? Como disse o papa Pio XII a estudantes na praça de São Pedro
“não vos esqueçais de que ela (a história) não é simples lista de factos... porque é fácil ver nela uma
arquitetura, que deve ser estudada e aprofundada à luz da Providência Divina universal e da incontestável
liberdade da ação humana.” Essa Providência age na história de Portugal, que começa em meio à Guerra
da Reconquista (uma luta pela Fé) e é marcada por uma profecia no campo de batalha de Ourique1. A
profecia era uma missão para aquele Reino: a expansão da Fé pelo mundo. A Providência age também na
história do Brasil, terra alcançada pela expansão da fé que promoveram os portugueses.
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Batalha que marca o surgimento de Portugal enquanto reino independente.
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Dizem que ela sonhava com seu pai condenado no inferno, provavelmente pelos poderes que ele tinha dado ao
Marques de Pombal – responsável pela expulsão dos jesuítas em Portugal.
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A Áustria Católica foi ao longo do século XIX a referência nos combates contra o liberalismo.
• Dom Pedro I – desembarcou no Brasil com apenas 10 anos; com um caráter forte, não tinha frescuras
e se misturava entre os súditos; era uma mistura entre tradição e liberalismo. Sua vida moral era péssima,
mas no geral era amado pelos brasileiros (parece que mudou bastante após o 2º casamento). “era ao mesmo
tempo a personificação do Rei-Cavaleiro, heroico em combate, fazendo questão de estar na primeira linha
do campo de batalha, onde deveriam estar os bons reis... mas ao mesmo tempo era extremamente liberal...”.
tinha apenas 24 anos à época da independência.
• José Bonifácio – estudou e viveu na Europa dos 26 aos 56 anos tendo regressado ao Brasil em 1819.
Ficou próximo a Dom Pedro durante a independência e fazia parte da linha menos ruim da maçonaria (a
monárquica). Foi um dos ministros de Dom Pedro I, responsável por articulações durante a Independência e
por conquistar o apoio de algumas capitanias. Se envolveu em discórdias, perseguiu opositores e pediu
exoneração por 2 vezes. Acabou preso e exilado na Europa. Voltando ao Brasil, fez as pazes com Dom Pedro
I e se tornou o tutor do futuro imperador Dom Pedro II.
CONTEXTO HISTÓRICO
A independência do Brasil acontece numa época em que o mundo foi invadido pelo iluminismo. Uma
ideologia que colocava a razão no centro e buscava uma nova forma de Estado e direito, sem DEUS. A
ciência era considerada o único meio para o conhecimento. Para conseguir as mudanças na sociedade, os
iluministas precisariam remover os principais obstáculos: Igreja e Monarquia. O iluminismo visava
transformar as instituições que se desenvolveram organicamente ao longo dos séculos em novas instituições
artificiais, fruto de especulações “iluminadas”. Curiosamente, o pensamento penetrou nas cortes, assim, reis
e nobres ajudaram a fomentar um movimento que logo os destruiria.
A maçonaria foi a instituição que difundiu o pensamento iluminista e liberal. A encíclica de Leão
XIII fala da infiltração maçônica na administração estatal. A maçonaria não se contentava em divulgar
ideias e agir "por fora" das instituições.
Para uma mudança eficaz era preciso começar na raiz: a educação. Esta, há séculos estava nas
mãos da igreja e, de maneira especial, dos jesuítas no século XVIII, que eram vistos por alguns monarcas
como uma ameaça, por causa do grande prestígio que tinham. Assim, na metade do século XVIII, através
de articulações maçônicas, os jesuítas foram expulsos de França, Portugal e Espanha. Por fim, a
maçonaria conseguiu do papa Clemente XIV, em 1773, a dissolução da ordem. Com o fim dos jesuítas cai
uma barreira importante às ideias liberais e iluministas, facilitando a circulação das ideias que
promoveram as várias revoluções dessa época.
A pior dessas revoluções foi a Revolução Francesa que teve grande influência no mundo, não só
difundindo as ideias iluministas, mas gerando distúrbios na Península Ibérica que iriam refletir nas
Américas portuguesa e espanhola. Uma das consequências da Revolução Francesa foi a ascensão de
Napoleão Bonaparte, que conquistou grande parte da Europa. Perdeu apenas para o inverno russo, a armada
inglesa e para a esperteza dos portugueses4. Napoleão exigia que ninguém negociasse com a Inglaterra.
Depois que a Espanha fez uma aliança com Napoleão, Portugal ficou isolado e numa difícil situação:
atender aos pedidos de Bonaparte e romper a aliança secular com a Inglaterra (com grande risco de perder
suas colônias, já que a Inglaterra dominava os mares), ou manter a aliança inglesa e mudar a corte para o
Brasil, deixando Napoleão invadir Portugal. D. João VI opta pela 2ª opção e tarda o máximo a dar uma
resposta a Napoleão, fazendo a transferência da corte na última hora. Pouco após chegar ao Brasil, corre a
notícia que Napoleão mandara prender o rei espanhol, colocando o próprio irmão no trono.
Quando a família real aqui chegou, houve grande transformação: investimentos financeiros,
cultura, infraestrutura, industrialização, educação, muita coisa melhorava. Em 1815 o Brasil foi elevado ao
status de Reino Unido, e a capital do império português passou a ser o Rio de Janeiro - foi algo único na
história das colônias. Era a resistência da tradição numa América onde as repúblicas se multiplicavam.
Dom João VI foi coroado no Brasil em 1818, o único rei a ser coroado em uma colônia.5 Se o reino
de Portugal tinha forte característica apostólica, é muito significativo ele ser o único reino a ter um rei coroado
em uma terra de missão. D. João sabia da maçonaria e logo após a coroação proibiu qualquer sociedade
secreta no império português, mas já era tarde demais. Muitos já faziam parte das sociedades e os que
não eram membros, já haviam aderido às ideias, até mesmo muitos membros do clero.
Revolução do Porto
4
Napoleão disse, ao fim da vida, sobre Dom João VI: “foi o único que me enganou”
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A tradição Portuguesa de coroação é belíssima: 1º os reis eram levantados (hoje dizemos aclamados) e depois
coroados (o normal era o contrário), por uma tradição histórica. Depois ficou ainda mais bonito, quando dom João IV
recuperou o trono português, ele, em sua coroação colocou a coroa ao lado de uma imagem histórica da Imaculada
Conceição, para dizer que ela seria a verdadeira rainha de Portugal. Dom João VI manteve essa tradição no Brasil.
de Napoleão, a família real permaneceu no Brasil, mas não simplesmente por gostarem da terra, havia uma
séria preocupação com o clima de revolta na América espanhola.
Em 1820 eclode a Revolução do Porto, orquestrada por maçons. Lisboa, Madeira e Açores aderem à
revolução pouco tempo depois. Os revolucionários convocaram as Cortes (Reunião de representantes dos 3
estados - clero, nobreza e povo). Seus principais objetivos eram: exigir a volta de D. João para a
restauração da dignidade de Portugal; a restauração do Brasil para a mesma situação de antes de 1808
e a elaboração de uma constituição. A reunião se deu em janeiro de 1821.
O clima no Brasil era de revolta. D. João decidiu-se pela partida do príncipe D. Pedro e a convocação
de Cortes também no Rio de Janeiro, o que aumentou ainda mais o clima desfavorável. A situação fica
insustentável e D. João decide voltar ele mesmo a Portugal e deixar o filho Pedro. Em 24 de abril, D. João
confidencia a D. Pedro, já prevendo os futuros acontecimentos: “Pedro, se o Brasil se separar, antes
seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”. Dois dias depois,
embarcou para Portugal.
Alguns deputados brasileiros acompanharam D. João para representar o Brasil nas Cortes portuguesas.
Inicialmente foram recebidos com festa e saudados como “portugueses do além-mar” (como eram
conhecidos até então). As discussões, porém, deixavam clara a diferença entre os interesses de portugueses
e brasileiros e a animação inicial dos brasileiros pela Revolução do Porto, rapidamente se transformou
em desapontamento, pois as discussões iam cada vez mais contra o Brasil.
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Andrade
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Dia do fico
No Brasil, as notícias que chegavam das discussões nas Cortes portuguesas despertavam a animosidade
contra Portugal. Em dezembro de 1821 chegam, no Rio de Janeiro, as ordens das Cortes: tribunais e
vários órgãos criados por D. João VI deveriam ser fechados; cada capitania se tornaria uma província
portuguesa e seria administrada separadamente; Dom Pedro I deveria voltar a Portugal imediatamente. Essas
ordens provocaram intensa agitação e membros da maçonaria foram sondar D. Pedro para saber se
ele aceitaria ficar no Brasil. Apesar de hesitante, disse que sim, se o pedissem. Vários grupos escreveram
a Dom Pedro pedindo sua permanência. Dona Leopoldina era também a favor da permanência no Brasil,
se preocupava por saber que o marido não estava ainda tão decidido e assumira a tarefa de convencê-
lo. Dom Pedro aproximou-se de Frei Sampaio, que era ativo no cenário da independência, escrevendo
periódicos e alinhado ao grupo de Bonifácio. Dona Leopoldina também se aproximou do frei para se articular
politicamente.
Frei Sampaio foi o redator do que ficou conhecido como o Manifesto do Fico, que seria responsável
por angariar assinaturas pedindo a permanência do príncipe. Foram enviados emissários para verificar
o apoio de São Paulo e Minas Gerais à permanência de D. Pedro, onde tiveram resposta positiva. Ao receber
o abaixo assinado do Rio, em 9 de janeiro de 1822, com 8000 assinaturas, o príncipe, ainda hesitante,
decide ficar. Era o “Dia do Fico”. A decisão foi recebida pelo povo com júbilo. Uma frase ficou imortalizada
nos documentos: "Como é para bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que
fico!"
Escrevendo ao pai, na mesma data, apresentou o Príncipe as razões para justificar sua atitude.
“É impossível físico e moral o Brasil ser governado por Portugal, não sou rebelde, as circunstâncias
obrigam.”
No Rio, após a desobediência de D. Pedro, uma tropa portuguesa permaneceu leal a Portugal e
tentou forçá-lo a obedecer. Ao ver que a população apoiava D. Pedro, a tropa portuguesa decidiu esperar
reforços de uma esquadra que chegaria em março. Para impedir isso, D. Pedro ordenou sua expulsão em 15
de fevereiro. Quando a nova esquadra chegou em março foi impedida de desembarcar no Rio. Apenas os
portugueses favoráveis ao Brasil poderiam ficar (um terço ficou).
Como em São Paulo havia iniciado uma agitação, D. Pedro se dirige para lá a fim de acalmar os
ânimos, passando pelas cidades de: Lorena, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté, Jacareí, Mogi e
Penha. Teve grande apoio nessas cidades. A 22 de agosto passou em Aparecida onde fez uma promessa
a Nossa Senhora para que tudo se resolvesse da melhor forma no Brasil. Chegou em São Paulo e de lá
partiu para Santos para verificar as guarnições militares. Quando voltava de Santos, às margens do
Riacho do Ipiranga, recebeu um mensageiro do Rio com notícias de Portugal (enviadas por deputados
brasileiros que lá estavam) e cartas de José Bonifácio e D. Leopoldina, era 7 de setembro de 1822.
As notícias de Portugal eram péssimas. A carta dos deputados informava sobre o racha entre brasileiros
e portugueses, também avisava antecipadamente sobre as decisões das Cortes contra o Brasil (exigiam que
as províncias respondessem diretamente a Portugal, invalidando qualquer decisão de D. Pedro). As
cartas de dona Leopoldina e José Bonifácio o instavam a agir e retornar ao Rio, pelo perigo da chegada
de tropas portuguesas. D. Pedro pede conselho ao padre Belchior que o acompanhava e este lhe diz que se
ele não se fizesse rei do Brasil, acabaria sendo preso pelas Cortes e deserdado. O Príncipe, então, teria dado
um primeiro “grito” de “independência ou morte”, mais reservado (era um lema maçom, usado nas lutas
de libertação). Depois teria chamado sua guarda e dado o segundo grito, mais firme, dizendo:
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ANDRADDE, p.17
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D. Pedro usava uma farda azul mais simples que a do famoso quadro, o que não tira o mérito da obra. Montava
também uma mula, melhor maneira de atravessar a serra.
Retornando a São Paulo, D. Pedro tocou pela primeira vez o hino da independência (que foi nosso
hino nacional até 1889), com a melodia de sua própria autoria. É ovacionado e chamado de rei. Volta ao Rio
de Janeiro numa viagem de 5 dias a cavalo (o correio naquela época levava 9 dias na mesma viagem),
chegando em 14 de setembro. Lá os maçons decidiram aclamá-lo com o título de Imperador. O que
acontecerá a 12 de outubro de 1822.
Primeiras medidas
Em 1º de dezembro foi sagrado e coroado na Capela Imperial, a antiga Sé do Rio (hoje Igreja de
Nossa Senhora do Carmo), em cerimônias tradicionais, cuja beleza e poder dos símbolos chegava à alma
dos súditos. As cerimônias tradicionais demonstravam como o caso brasileiro era sem igual em
comparação ao das independências em outras colônias. Aqui a Independência refletiu ruptura e persistência,
era guiada por liberais, mas repleta dos valores e símbolos tradicionais (assim como o Imperador era um
homem dividido, marcado pela tradição, mas encantado pelo liberalismo). Os liberais queriam que o
imperador fizesse o juramento à Constituição durante as cerimônias, D. Pedro I não o fez.
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O brasão ou escudo de armas, um símbolo com o objetivo de identificar um soberano, uma família, região...
A data escolhida para a coroação aponta para a história portuguesa e suas tradições, pois fazia
referência à sagração de Dom João IV e à Restauração de Portugal, em 1640 (quando iniciou-se a Dinastia
de Bragança, à qual pertencia o príncipe).
Guerras de independência
Após a declaração da independência e cerimônias de aclamação, sagração e coroação, grande parte das
províncias do nordeste e norte permaneceram fiéis a Portugal. A relação dessas províncias com o reino
português era mais profunda, devido a maior facilidade de comunicação com Portugal que com o sul do
Brasil. Era mais fácil ir do Maranhão para Lisboa que do Maranhão para o Rio, por causa de ventos e marés.
Na Bahia (que desde fevereiro de 1822 se pôs contra D. Pedro), a luta se estendeu de setembro de
1822 a 23 de julho de 1823. Foi a maior batalha da Guerra de Independência, com a participação de
aproximadamente 10 mil homens. Não se sabe o número de mortos, mas até mesmo civis morreram.
No Piauí as lutas se estenderam de outubro de 1822 até março de 1823. Morreram mais de 200
combatentes do partido do Brasil.
No Maranhão as lutas se estenderam até 30 de julho. Aqui “ajudou” o lorde Cochrane, entre aspas
porque após conquistar São Luís, ele saqueou a cidade.
No Grão-Pará, os opositores se renderam frente as ameaças da esquadra enviada por Cochrane, que
foi responsável por um massacre contra os civis e a morte de 255 opositores por asfixia em um porão.
Na Cisplatina também ocorreram combates. Mesmo após o fim das lutas na Cisplatina, algumas
revoltas ainda foram registradas no Maranhão e Grão-Pará, até Portugal reconhecer a independência do Brasil
em 1825. Em 1827 o Papa Leão XII reconheceu D. Pedro I como soberano.
Observações:
É importante ter em mente que a independência do Brasil se insere num todo, na história de Portugal,
à qual o Brasil esteve unido até sua Independência.
A adesão de D. Pedro I foi lenta (o que pode ser considerado natural, afinal ele corria o risco de ser
preso no Brasil e perder o trono português, caso não tivesse apoio aqui). O clima de revolta era grande, D.
João era praticamente prisioneiro da Cortes e há menos de 30 anos os monarcas franceses haviam sido
decapitados em Paris.
Não se tratava de uma libertação da exploração de Portugal, mas das exigências absurdas das “Cortes”.
As revoltas antes do surgimento e difusão do iluminismo e liberalismo eram diferentes, “passaram de críticas
relacionadas a determinados aspectos de medidas feitas pela Metrópole, para uma contestação do próprio
Estado em si mesmo, colocando em xeque a Monarquia. Estes movimentos de contestação eram afinados
com a maçonaria que os fomentava”10
Bibliografia
Linha do tempo
Dezembro de 1821 – Cortes exigem que Dom Pedro volte para Portugal
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ANDRADE, p.57