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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE LETRAS

DISCIPLINA: LINGÜÍSTICA V

PROFESSORA: CONCEIÇÃO RAMOS

ALUNOS: ALINE HELEN, CLAUDEMIR SOUSA, LAÍS SERPA, VANESSA


FRANÇA, THAYANE SOARES.

1 - INTRODUÇÃO

Já foi dito por inúmeros autores que a língua possui íntima relação com a
sociedade. O presente trabalho, além de servir de apoio para apresentação de seminário,
visa sistematizar as idéias principais da obra “Pesquisa Sociolingüística”, de Fernando
Tarallo, a qual irá nortear nossas futuras pesquisas, e apóia-se nas contribuições de
Marcos Bagno acerca desse assunto.

Compõe-se este material de uma parte introdutória, com pressupostos teóricos


para a pesquisa sociolingüística, e uma parte voltada para a análise de fenômenos de
variação lingüística, bem como algumas questões para reflexão acerca do valor de
ciência da sociolingüística.

2 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O pesquisador que objetiva empreender uma pesquisa sociolingüística, irá se


deparar com campo de batalha em que múltiplas formas de falar a mesma coisa se
enfrentam. O objetivo central da sociolingüística é, segundo Marcos Bagno, relacionar a
heterogeneidade da língua com a heterogeneidade social. Bagno afirma ser o conceito
de variação lingüística “a espinha dorsal da sociolingüística” (BAGNO, pg. 39)
Bagno ainda chama a atenção para o fato de que muita coisa na língua não
apresenta variação. Segundo ele, as regras que não sofrem variação são chamadas de
regras categóricas.

Interessa ao pesquisador lingüista a língua falada em suas múltiplas variações, a


língua heterogênea, sendo um de seus objetivos principais a sistematização desse falar
diversificado, utilizando-se para esse fim da teoria da variação lingüística. Esse modelo
foi proposto por William Labov, tendo inspiração em outros lingüistas, e apresenta um
contraponto ao modelo Gerativista que concebe a língua como homogênea.

3 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA A PESQUISA SOCIOLINGÜÍSTICA

A pesquisa sociolingüística opera com conceitos que deve ser distinguidos:


entende-se por variação as formas lingüísticas presentes em uma comunidade de fala.
Ao conjunto dessas formas em variação, dá-se o nome de variantes, que são as diversas
maneiras de se falar a mesma coisa em um mesmo contexto. O conjunto dessas
variantes chama-se variável lingüística.

A sistematização da variação consiste, segundo Tarallo, em:

→ Levantamento de dados da língua;

→ Descrição da variável acompanhada da do perfil das variantes;

→ Análise dos fatores condicionadores ao uso de uma variante sobre outra;

→ Encaixamento da variável no sistema lingüístico da comunidade;

→ Projeção histórica da variável.

Segundo Tarallo:

“As variantes de uma comunidade de falantes encontram-se


sempre em relação de concorrência: padrão vs. não-padrão;
conservadoras vs. inovadoras; de prestígio vs. estigmatizadas.
Em geral a variante considerada padrão é ao mesmo tempo,
conservadora e aquela que goza de prestígio sociolingüístico na
comunidade.”

Essa coincidência, como nos alerta o próprio Tarallo, nem sempre ocorre, mas é
uma forma de se identificar por meio da língua a estrutura social de uma comunidade.
Refletindo sobre o fato lingüístico, Tarallo diz que deve ser analisada a
metodologia de coleta de dados. Além disso, prepõe uma reflexão sobre a relação entre
teoria, método e objeto de estudo: toda ciência tem uma teoria própria, um objeto de
estudo e um método. Ainda segundo Tarallo, a teoria e o método devem ser elaborados
antes que o objeto seja descrito.

Constitui objeto da lingüística o “fato lingüístico”. Outro conceito a ser levado


em conta é o de “vernáculo”: língua falada, enunciação e expressão de fatos,
proposição, idéias sem a preocupação de como enunciá-los. Bagno define vernáculo
como “a fala mais espontânea, menos monitorada” (BAGNO, pg. 51).

Durante a pesquisa, o entrevistador deve tomar o Maximo de cuidado para que


sua presença não quebre a naturalidade do evento. É necessário que o pesquisador se
porte como observador, agindo como se o objetivo fosse outro.

A pesquisa vai ocorrer sempre em função de variáveis e com base nos objetivos
centrais do estudo em questão. Os falantes também vão variar segundo faixa etária,
etnia, classe social e sexo.

4 - AS VARIÁVEIS LINGUÍSTICAS: O PONTO DE VISTA DO PESQUISADOR


O “caos lingüístico, esse “campo de batalha”, do qual nos fala Tarallo
(2007), precisa ser sistematizado e, para isso, existe o pesquisador-sociolinguísta. Este
terá a função de mediar o combate definindo e caracterizando as combatentes,
analisando detalhadamente as armas e os contextos que podem influir na derrota ou
vitória de cada uma das variantes.
Tal descrição consiste na construção do “envelope de variação”, é “(...)
elencamento das adversárias de um campo de um campo de batalha” (p.34). Para este
trabalho, a comparação dos resultados das análises, em estudos de diferentes línguas,
pode ser muito útil na previsão do futuro das variantes.
Sabe-se que existem, para cada variante dessas, “fatores condicionadores”
(p.36) (internos ou externos ao sistema linguístico), ou seja, contextos que favorecem as
“(...) armas usadas pelas variantes durante a batalha” (p.36). Assim, o “mediador”,
através dos dados obtidos nas gravações, poderá levantar suas hipóteses sobre os fatores
que podem condicionar as realizações das variantes.
A motivação dessas hipóteses deve ser o encaixamento linguístico. E onde
se encaixam as variantes no contexto extralingüístico?
Existem vários parâmetros externos que podem estar relacionados aos usos
das variantes, por exemplo: “A formalidade vs. a informalidade do discurso, o nível
socioeconômico do falante, sua escolaridade, faixa etária e sexo poderão ser
considerados como possíveis grupos de fatores condicionadores.” (p.46)
Novamente, o conhecimento e a intuição do pesquisador, sobre a
comunidade, serão valiosíssimos para que possa “(...) sentir e apreciar a área de atuação
das variantes no meio social e organizar os grupos de fatores extralingüísticos.” (p.47)

QUESTÕES:

É possível sistematizar a língua, sendo ela heterogênea?

Existe uma ciência da língua que não é social?

A perspectiva sincrônica basta para descrever os fatos lingüísticos?

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