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Índice

1. Ecossistema Empreendedor de Lisboa p.3

2. Perfil dos empreendedores p.3

3. Perfil das Startups p.4

4. Financiamento de projectos p.5

5. Porquê Lisboa? p.5

Destaques

 O ecossistema empreendedor de Lisboa melhorou consideravelmente nos últimos anos, graças em


parte ao desenvolvimento de vários espaços de incubação e coworking, os quais deram apoio aos
empreendedores a custos relativamente reduzidos. Vários destes espaços estão agora associados a
uma rede dinamizada pelo Município e pelas próprias incubadoras denominada “Rede de Incubado-
ras de Lisboa” (www.incubadoraslisboa.pt)

 Este relatório analisa os resultados do primeiro inquérito feito em Lisboa sobre empreendedorismo
dirigido às empresas pertencentes à Rede de Incubadoras

 De acordo com o inquérito, o empreendedor típico tem entre 25 e 44 anos, é mais qualificado do
que a média da mão-de-obra em Portugal e mais de 40% tem experiências anteriores de em-
preendedorismo

 Na sua maioria, as empresas presentes nestes espaços pertencem ao sector das tecnologias da in-
formação e da comunicação (TIC). Actualmente, metade está orientada para o mercado interno. O
volume de vendas da grande maioria das empresas situa-se abaixo dos EUR 100 mil, que é um re-
flexo da natureza destes espaços.

 Lisboa é considerada uma cidade atractiva para estes empreendedores graças à proximidade dos
clientes e dos fornecedores de bens/serviços e da qualificação da sua mão-de-obra. Tem como prin-
cipal desvantagem o nível dos custos fixos

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1. Ecossistema Empreendedor de Lisboa
Lisboa é uma cidade atractiva para a criação de startups tendo em conta o acesso estratégico aos
mercados internacionais, a força de trabalho competitiva, qualificada e flexível, a qualidade de vida e a
disponibilidade de espaço de incubação e de escritórios.

Lisboa está muito empenhada em posicionar-se como uma Startup City a uma escala internacional,
havendo um número crescente de empreendedores internacionais que escolhem Lisboa para lançarem as
suas ideias, produtos e serviços. A cidade foi recentemente classificada entre as principais dez “Startup
Cities” no Mundo (Fonte: Entrepreneur Magazine).

Esta estratégia teve como ponto de partida o Orçamento Participativo de Lisboa (2010) em que um dos
projectos vencedores foi a criação de uma Incubadora. Este projecto culminou na criação da Startup
Lisboa, actualmente uma incubadora de startups de referência em Portugal e no estrangeiro.

Com a ajuda de outros dois parceiros fundadores, o banco Montepio Geral e o IAPMEI (a agência nacional
de apoio às PME), a incubadora Startup Lisboa Tech foi inaugurada em Fevereiro de 2012. Posteriormente
nesse ano, foi aberto outro espaço, a Startup Lisboa Commerce, estando prevista uma nova abertura para
2014. Desde a sua fundação, estas duas incubadoras receberam mais de 600 candidaturas, apoiaram a
criação de mais de 100 empresas (22 já saíram das
incubadoras e 15 têm escritórios internacionais), apoiaram Percentagem com experiência anterior
mais de 250 empregos, ajudaram a angariar mais de 5 de empreendedorismo
milhões de euros, permitiram o acesso a uma rede de 40
mentores e a mais de 50 parceiros comerciais.

Na sequência do sucesso da Startup Lisboa, o município criou


uma rede para incubadoras a qual integra ainda outros
intervenientes relevantes do ecossistema empreendedor
(públicos e privados), denominada Rede de Incubadoras de
Lisboa. Actualmente, fazem parte desta rede 11 incubadoras
que representam mais de 200 startups e 800 postos de
trabalho. A rede inclui ainda vários programas de aceleração
de startups (alguns de âmbito internacional e com
capacidade para atrair empreendedores estrangeiros),
quatro FabLabs (um deles de iniciativa Municipal— Fab Lab
Lisboa —localizado no Mercado do Forno de Tijolo), mais de
15 espaços de cowork e uma comunidade crescente de
business angels e investidores de capital de risco.

Lisboa também teve a capacidade de atrair conferências e


eventos internacionais de empreendedorismo ao longo dos
últimos três anos, algo que permiktiu aumentar a sua
visibilidade como cidade de startups à escala global.
Finalmente, existe em Lisboa um crescente número de clubes
de empreendedorismo (associados a universidades e à
comunidade empresarial) e uma multiplicidade de encontros
entre startups que acontecem em Lisboa quase diariamente.

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Dado o ritmo cada vez mais acelerado de mudança nas Perfil dos empreendedores, % do total
dinâmicas de mercado, nas tendências de consumo e na
evolução e convergência da tecnologia, é fundamental que
todos os intervenientes (públicos e privados) tenham acesso
aos dados e às informações sobre esta realidade dinâmica.

Entre Julho e Setembro de 2013, a Macrometria, em


parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, realizou um
inquérito junto das empresas pertencentes à Rede de
Incubadoras de Lisboa sobre o seu perfil para obter uma
imagem mais clara das tendências do empreendedorismo
em Lisboa. Este é o primeiro inquérito desta natureza
realizado em Lisboa e realizar-se-á anualmente para formar
uma imagem das tendências de crescimento. O presente
relatório resume os principais resultados do inquérito.

2. Perfil dos empreendedores

Empreendedores em série: O nosso inquérito indica que


mais de 40% dos empreendedores já tiveram experiência
anterior de empreendedorismo. Esta percentagem é
semelhante à observada noutras cidades europeias, como
Londres, Paris e Berlim, mas muito abaixo dos perto de 55%
verificados na maioria das cidades norte-americanas (Silicon
Valley, Nova Iorque), segundo o inquérito Startup Genome
2012 da Telefonica. Esta discrepância pode ser explicada por
duas razões:

 Os empreendedores são mais avessos ao risco na Europa e só se envolvem num projecto quando as
probabilidades de êxito são relativamente elevadas

 O ambiente para iniciar um novo projecto quando o anterior falhou é menos favorável na Europa
(acesso dificultado ao financiamento, estigma associado)

Um grupo muito jovem: Praticamente metade das pessoas que trabalha nas empresas da Rede de
Incubadoras de Lisboa tem entre 25 e 34 anos. É uma parcela muito superior à verificada noutros tipos de
empresa em Portugal e reflecte a capacidade de atracção que as startups exercem sobre os indivíduos
mais jovens e mais propensos ao risco. A segunda maior parcela é constituída por pessoas até aos 45
anos.

Ambiente pouco diversificado: Em termos de nacionalidades, Lisboa consegue um resultado inferior ao


das suas congéneres internacionais. Mais de 80% das pessoas que trabalham nas empresas da Rede de
Incubadoras tem nacionalidade portuguesa, o que vem demonstrar que Lisboa ainda precisa de envidar
esforços significativos para atrair estrangeiros. Por exemplo, segundo a Venture Village, mais de 40% dos
empreendedores em Berlim não são alemães, ou seja, um indicador da forte capacidade de atracção
internacional da cidade. De salientar que, em Lisboa, existe uma tendência para as incubadoras

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especializadas em startups tecnológicas ou em bens e serviços com capacidade de escala (vd. Startup
Lisboa Tech)terem uma quota de estrangeiros superior às que estão orientadas para o mercado interno.

Esta falta de diversidade pode ser explicada por factores como a percepção da barreira linguística, a
localização periférica de Lisboa em relação ao centro da Europa e a publicidade negativa resultante da
actual crise. Se, por um lado, é provável que este último factor evolua nos próximos anos, os primeiros
dois poderão ser mais difíceis de superar.

Educação: O nível de qualificações dos trabalhadores das startups é superior ao nível médio da força de
trabalho. Na Rede de Incubadoras, a percentagem de pessoas que concluíram o ensino superior
(Bacharelato, Mestrado e Doutoramento) é superior a 80%, quando é apenas de 20% no conjunto da mão-
de-obra em Portugal, o que sugere que o ambiente de start-up atrai pessoas altamente qualificadas.
Vários factores podem concorrer para explicar a discrepância de qualificação:

 As pessoas altamente qualificadas poderão sentir-se


Fase de desenvolvimento, % do número to-
mais competentes para criar uma nova empresa do
que as menos qualificadas

 As pessoas altamente qualificadas poderão ter mais


recursos financeiros para criar uma nova empresa,
proveniente de empregos anteriores ou através de
uma rede de familiares e amigos

 As pessoas altamente qualificadas poderão não ter


encontrado no mercado empresas que lhes
proporcionem os desafios intelectuais e os proveitos
que esperam conseguir obter de um empreendimento
“solitário”. Isto é particularmente verdadeiro para as
pessoas com qualificações científicas/técnicas e que
têm capacidade concorrencial no mercado
internacional.

3. Perfil das Startups Empresas por tipo de negócio, % do total

Empresas ou indivíduos? Mais de 90% dos projectos


existentes na Rede de Incubadoras são desenvolvidos por
empresas, enquanto apenas 3% o são por trabalhadores
independentes. Isto poderá reflectir o facto de os
promotores decidirem juntar-se a uma incubadora já numa
fase relativamente avançada de desenvolvimento do
projecto. Os resultados do inquérito mostram que metade
dos projectos passou a fase de desenvolvimento do
protótipo ou experimental e é neste momento desenvolvida
por empresas. Mais importante ainda, mais de 40% destes
projectos são desenvolvidos por empresas com clientes
estrangeiros.

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Sectores: A maioria das empresas na Rede de Incubadoras desenvolve a sua actividade no sector das
Tecnologias de Informação e Comunicação (cerca de 30% das empresas). Os segundos maiores sectores,
com um peso de cerca de 15% cada, são a Consultoria e a Saúde (incluindo a biotecnologia). O Comércio
(retalhista e grossista) e as Indústrias Criativas aparecem em terceiro lugar, cada uma com cerca de 12%
do total. A Arquitectura e Engenharia, a Agricultura, as Indústrias Alimentares, a Organização de Eventos e
a Construção são outros dos sectores representados.

A distribuição das empresas por sector é diversificada, o que aponta para a capacidade das incubadoras e
dos espaços de co-work de atraírem diferentes tipos de empresas. No entanto, o elevado peso do sector
das TIC (que no conjunto da economia é relativamente reduzido) sugere que as pessoas que trabalham
nesse sector poderão sentir-se mais confortáveis do que outras a arriscar por conta própria. Poderão ser
muitas as razões, incluindo a falta de oportunidades no mercado português para pessoas com estas
qualificações ou uma tendência para serem mais propensas ao risco.

O tamanho é importante: O volume de vendas permanece bastante reduzido para a maioria destas
startups. Mais de 60% apresentam volumes de vendas abaixo dos EUR 100 mil e apenas uma empresa
apresenta vendas superiores a um milhão de euros. Isto poderá ser um reflexo de vários factores:

 A natureza do sector das startups e a natureza Financiamento, % do total dos fundos


específica da Rede de Incubadoras. A maioria das
incubadoras pertencentes a esta rede tem como
requisito para as empresas/projectos terem menos de
3 anos.

 Dimensão do mercado interno: metade destas


empresas estão orientadas para o mercado interno,
que é relativamente pequeno e tem sofrido uma
contracção nos últimos anos causada pela recessão.

 Dificuldade de acesso ao financiamento, que limita o


investimento.

 Dos três factores acima mencionados, o terceiro é


aquele que coloca o maior desafio, não apenas para
as startups, mas para o conjunto da economia.

4. Financiamento de projectos
O financiamento da fase de arranque é feito sobretudo junto da família e amigos (32%), uma percentagem
superior à verificada noutros locais. Um inquérito efectuado junto de startups dos países nórdicos
(Arcticstartup) mostra que o financiamento junto da família e amigos representa apenas 25% do
financiamento total. Em Silicon Valley, este valor baixa para pouco mais de 22%.

O capital de risco e os business angels aparecem em terceiro lugar com cerca de 20%, enquanto em Silicon
Valley representam mais de 50%. Apesar desta discrepância, este resultado não deixa de ser uma surpresa
positiva tendo em conta a pequena dimensão relativa dos business angels e dos investidores de capital de
risco em Portugal.
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O microcrédito e o crédito tradicional representam apenas Vantagens e desvantagens de iniciar um
4% do financiamento total, o que reflecte a abordagem ao novo projecto em Lisboa
crédito tradicionalmente conservadora por parte dos bancos
e que a crise financeira veio acentuar.

5. Porquê Lisboa?
A maioria dos empresários apresenta motivos profissionais
na escolha de Lisboa para iniciar os seus projectos, por
oposição a motivos pessoais. Segundo o inquérito, Lisboa
tem como principais vantagens para iniciar um novo
projecto a proximidade com os clientes, que é um reflexo da
maioria destas empresas ter sobretudo clientes nacionais, e
uma mão-de-obra altamente qualificada. Além destes
factores mencionados no inquérito, os participantes
referiram algumas vantagens, como a relação com a
América Latina e as características favoráveis do mercado
para testar novos produtos/serviços.

As principais desvantagens apontadas à cidade são os


elevados custos, principalmente os custos fixos. Isto poderá
ser o resultado da falta de competitividade das indústrias de
rede em Portugal, como é o caso das telecomunicações e da
electricidade. Segundo os participantes, a secção "Outros"
inclui a distância em relação aos investidores, a distância aos centros nevrálgicos de empreendedorismo e
inovação internacionais, como Silicon Valley, e o excesso de burocracia. Em relação aos salários, mais de
23% dos participantes considera este item uma desvantagem. No entanto, é de salientar que em 80%
destas startups as vendas para os mercados internacionais representarem menos de 10%, o que poderá
significar que consideram que os salários são elevados em Lisboa em relação a outras regiões
portuguesas, por oposição a elevados em relação a outros países.

Estes resultados fornecem algumas pistas sobre o que poderá ser necessário para colocar Lisboa como a
melhor opção para atrair startups. A nível local, a melhoria do sistema de transportes poderá continuar a
contribuir para a capacidade de atracção da cidade. A nível nacional, a melhoria da competitividade das
indústrias de rede através de uma maior abertura destes mercados deverá ajudar a reduzir os custos fixos.
Ao mesmo tempo, Lisboa tem o potencial de tornar-se uma importante plataforma para fazer negócios
com os países da América Latina e de África, pelo que o desenvolvimento de políticas de apoio aos laços
com estes países deverá contribuir para aumentar ainda mais o investimento na cidade.

Aviso: Este documento é elaborado pela Macrometria Lda e utiliza informação económica e financeira disponível ao público e
considerada fidedigna. No entanto, a sua precisão não pode ser totalmente garantida. As opiniões expressas reflectem o ponto de
vista dos autores na data da publicação, sujeitas a correcções caso se verifiquem alterações das circunstâncias. A reprodução de
parte ou totalidade desta publicação é permitida, desde que a fonte seja mencionada.

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Anexo: Metodologia do inquérito Distribuição da amostra por diferentes Incubadoras
Startup Lisboa Tech
O universo do inquérito é constituído por empresas 6 Startup Lisboa Commerce
12
recém-criadas (startups) localizadas na Rede de In- 4 Lispolis

cubadoras* em Lisboa. Em todo o caso, o universo 3


Teclabs
0 Inovisa
completo de startups na região é mais vasto** e 1
1 4
Cowork Lisboa LX Factory
uma observação mais pormenorizada da Rede de 2
Cowork Lisboa Central Station
Incubadoras poderá revelar algumas pistas sobre a Palácio Quintela
11
população das startups localizada em Lisboa em ter- 14
Labs Lisboa

mos mais gerais. EDP starter

Outro

À data da realização do inquérito, o número total de


empresas na Rede de Incubadoras perfazia 178, dis-
tribuídas por 10 locais diferentes na cidade, geridos por
diferentes entidades e algumas recorrendo a fundos
públicos. Das 178 empresas abordadas, 62 concluíram o
inquérito com êxito. Uma amostra desta dimensão
(35%) parece uma boa base para o nosso objectivo e é
suficientemente ampla para permitir o cálculo de inter-
valos de confiança, sempre que for adequado. Seis em-
presas, apesar de terem sido contactadas pelas incu-
badoras, comunicaram como local de trabalho "outro",
o que provavelmente corresponde a empresas que já
estiveram sediadas numa incubadora, mas que mudaram recentemente para um novo local.

A percentagem média de respostas a cada pergunta corresponde a 82% da amostra, com um desvio pa-
drão de 14%, pelo que consideramos que todas as perguntas estão suficientemente habilitadas a susten-
tar as conclusões por nós tiradas. Devemos ter em conta que a maioria das estatísticas apresentadas é
uma boa estimadora da correspondente população de empresas baseadas na Rede de Incubadoras. A ex-
trapolação para todo o universo de startups em Lisboa apresenta um nível de confiança inferior e, em al-
guns casos, poderá ser inadequada. É igualmente importante sublinhar que as referências feitas neste
relatório entre os nossos dados e os ecossistemas de startups e empreendedorismo noutros países são
apenas parcialmente comparáveis.

Decidimos fazer o balanço dos nossos resultados sobretudo em estatísticas descritivas, apesar de estarem
disponíveis outras medidas para as perguntas correspondentes, como os níveis de confiança.

* A rede de incubadoras inclui um conjunto de espaços de incubação onde várias empresas, na fase inicial do seu ciclo, normalmente até 3 anos
de actividade, podem operar com baixos custos fixos através da partilha de serviços básicos. Ao mesmo tempo, trabalhar no mesmo espaço
providencia-lhes possíveis sinergias, contactos, aprendizagens, fornecedores e financiamento que pode potenciar o seu negócio até que estas
ganhem a sua independência.
** De acordo com a consultora D&B, existiam 9740 empresas criadas em Lisboa nos últimos doze meses até Setembro de 2013. Destes núme-
ros, não sabemos quantas destas firmas actualmente correspondem ao conceito tradicional de start-up, já que algumas destas podem ser ape-
nas um tipo de subsidiária ou constituições auxiliares, não representando a ideia de um verdadeiro novo negócio começado do zero. No entanto,
esta informação confirma que o universo das startups em Lisboa é extensivo.
Lisboa, 2013.

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