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Destaques
Este relatório analisa os resultados do primeiro inquérito feito em Lisboa sobre empreendedorismo
dirigido às empresas pertencentes à Rede de Incubadoras
De acordo com o inquérito, o empreendedor típico tem entre 25 e 44 anos, é mais qualificado do
que a média da mão-de-obra em Portugal e mais de 40% tem experiências anteriores de em-
preendedorismo
Na sua maioria, as empresas presentes nestes espaços pertencem ao sector das tecnologias da in-
formação e da comunicação (TIC). Actualmente, metade está orientada para o mercado interno. O
volume de vendas da grande maioria das empresas situa-se abaixo dos EUR 100 mil, que é um re-
flexo da natureza destes espaços.
Lisboa é considerada uma cidade atractiva para estes empreendedores graças à proximidade dos
clientes e dos fornecedores de bens/serviços e da qualificação da sua mão-de-obra. Tem como prin-
cipal desvantagem o nível dos custos fixos
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1. Ecossistema Empreendedor de Lisboa
Lisboa é uma cidade atractiva para a criação de startups tendo em conta o acesso estratégico aos
mercados internacionais, a força de trabalho competitiva, qualificada e flexível, a qualidade de vida e a
disponibilidade de espaço de incubação e de escritórios.
Lisboa está muito empenhada em posicionar-se como uma Startup City a uma escala internacional,
havendo um número crescente de empreendedores internacionais que escolhem Lisboa para lançarem as
suas ideias, produtos e serviços. A cidade foi recentemente classificada entre as principais dez “Startup
Cities” no Mundo (Fonte: Entrepreneur Magazine).
Esta estratégia teve como ponto de partida o Orçamento Participativo de Lisboa (2010) em que um dos
projectos vencedores foi a criação de uma Incubadora. Este projecto culminou na criação da Startup
Lisboa, actualmente uma incubadora de startups de referência em Portugal e no estrangeiro.
Com a ajuda de outros dois parceiros fundadores, o banco Montepio Geral e o IAPMEI (a agência nacional
de apoio às PME), a incubadora Startup Lisboa Tech foi inaugurada em Fevereiro de 2012. Posteriormente
nesse ano, foi aberto outro espaço, a Startup Lisboa Commerce, estando prevista uma nova abertura para
2014. Desde a sua fundação, estas duas incubadoras receberam mais de 600 candidaturas, apoiaram a
criação de mais de 100 empresas (22 já saíram das
incubadoras e 15 têm escritórios internacionais), apoiaram Percentagem com experiência anterior
mais de 250 empregos, ajudaram a angariar mais de 5 de empreendedorismo
milhões de euros, permitiram o acesso a uma rede de 40
mentores e a mais de 50 parceiros comerciais.
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Dado o ritmo cada vez mais acelerado de mudança nas Perfil dos empreendedores, % do total
dinâmicas de mercado, nas tendências de consumo e na
evolução e convergência da tecnologia, é fundamental que
todos os intervenientes (públicos e privados) tenham acesso
aos dados e às informações sobre esta realidade dinâmica.
Os empreendedores são mais avessos ao risco na Europa e só se envolvem num projecto quando as
probabilidades de êxito são relativamente elevadas
O ambiente para iniciar um novo projecto quando o anterior falhou é menos favorável na Europa
(acesso dificultado ao financiamento, estigma associado)
Um grupo muito jovem: Praticamente metade das pessoas que trabalha nas empresas da Rede de
Incubadoras de Lisboa tem entre 25 e 34 anos. É uma parcela muito superior à verificada noutros tipos de
empresa em Portugal e reflecte a capacidade de atracção que as startups exercem sobre os indivíduos
mais jovens e mais propensos ao risco. A segunda maior parcela é constituída por pessoas até aos 45
anos.
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especializadas em startups tecnológicas ou em bens e serviços com capacidade de escala (vd. Startup
Lisboa Tech)terem uma quota de estrangeiros superior às que estão orientadas para o mercado interno.
Esta falta de diversidade pode ser explicada por factores como a percepção da barreira linguística, a
localização periférica de Lisboa em relação ao centro da Europa e a publicidade negativa resultante da
actual crise. Se, por um lado, é provável que este último factor evolua nos próximos anos, os primeiros
dois poderão ser mais difíceis de superar.
Educação: O nível de qualificações dos trabalhadores das startups é superior ao nível médio da força de
trabalho. Na Rede de Incubadoras, a percentagem de pessoas que concluíram o ensino superior
(Bacharelato, Mestrado e Doutoramento) é superior a 80%, quando é apenas de 20% no conjunto da mão-
de-obra em Portugal, o que sugere que o ambiente de start-up atrai pessoas altamente qualificadas.
Vários factores podem concorrer para explicar a discrepância de qualificação:
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Sectores: A maioria das empresas na Rede de Incubadoras desenvolve a sua actividade no sector das
Tecnologias de Informação e Comunicação (cerca de 30% das empresas). Os segundos maiores sectores,
com um peso de cerca de 15% cada, são a Consultoria e a Saúde (incluindo a biotecnologia). O Comércio
(retalhista e grossista) e as Indústrias Criativas aparecem em terceiro lugar, cada uma com cerca de 12%
do total. A Arquitectura e Engenharia, a Agricultura, as Indústrias Alimentares, a Organização de Eventos e
a Construção são outros dos sectores representados.
A distribuição das empresas por sector é diversificada, o que aponta para a capacidade das incubadoras e
dos espaços de co-work de atraírem diferentes tipos de empresas. No entanto, o elevado peso do sector
das TIC (que no conjunto da economia é relativamente reduzido) sugere que as pessoas que trabalham
nesse sector poderão sentir-se mais confortáveis do que outras a arriscar por conta própria. Poderão ser
muitas as razões, incluindo a falta de oportunidades no mercado português para pessoas com estas
qualificações ou uma tendência para serem mais propensas ao risco.
O tamanho é importante: O volume de vendas permanece bastante reduzido para a maioria destas
startups. Mais de 60% apresentam volumes de vendas abaixo dos EUR 100 mil e apenas uma empresa
apresenta vendas superiores a um milhão de euros. Isto poderá ser um reflexo de vários factores:
4. Financiamento de projectos
O financiamento da fase de arranque é feito sobretudo junto da família e amigos (32%), uma percentagem
superior à verificada noutros locais. Um inquérito efectuado junto de startups dos países nórdicos
(Arcticstartup) mostra que o financiamento junto da família e amigos representa apenas 25% do
financiamento total. Em Silicon Valley, este valor baixa para pouco mais de 22%.
O capital de risco e os business angels aparecem em terceiro lugar com cerca de 20%, enquanto em Silicon
Valley representam mais de 50%. Apesar desta discrepância, este resultado não deixa de ser uma surpresa
positiva tendo em conta a pequena dimensão relativa dos business angels e dos investidores de capital de
risco em Portugal.
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O microcrédito e o crédito tradicional representam apenas Vantagens e desvantagens de iniciar um
4% do financiamento total, o que reflecte a abordagem ao novo projecto em Lisboa
crédito tradicionalmente conservadora por parte dos bancos
e que a crise financeira veio acentuar.
5. Porquê Lisboa?
A maioria dos empresários apresenta motivos profissionais
na escolha de Lisboa para iniciar os seus projectos, por
oposição a motivos pessoais. Segundo o inquérito, Lisboa
tem como principais vantagens para iniciar um novo
projecto a proximidade com os clientes, que é um reflexo da
maioria destas empresas ter sobretudo clientes nacionais, e
uma mão-de-obra altamente qualificada. Além destes
factores mencionados no inquérito, os participantes
referiram algumas vantagens, como a relação com a
América Latina e as características favoráveis do mercado
para testar novos produtos/serviços.
Estes resultados fornecem algumas pistas sobre o que poderá ser necessário para colocar Lisboa como a
melhor opção para atrair startups. A nível local, a melhoria do sistema de transportes poderá continuar a
contribuir para a capacidade de atracção da cidade. A nível nacional, a melhoria da competitividade das
indústrias de rede através de uma maior abertura destes mercados deverá ajudar a reduzir os custos fixos.
Ao mesmo tempo, Lisboa tem o potencial de tornar-se uma importante plataforma para fazer negócios
com os países da América Latina e de África, pelo que o desenvolvimento de políticas de apoio aos laços
com estes países deverá contribuir para aumentar ainda mais o investimento na cidade.
Aviso: Este documento é elaborado pela Macrometria Lda e utiliza informação económica e financeira disponível ao público e
considerada fidedigna. No entanto, a sua precisão não pode ser totalmente garantida. As opiniões expressas reflectem o ponto de
vista dos autores na data da publicação, sujeitas a correcções caso se verifiquem alterações das circunstâncias. A reprodução de
parte ou totalidade desta publicação é permitida, desde que a fonte seja mencionada.
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Anexo: Metodologia do inquérito Distribuição da amostra por diferentes Incubadoras
Startup Lisboa Tech
O universo do inquérito é constituído por empresas 6 Startup Lisboa Commerce
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recém-criadas (startups) localizadas na Rede de In- 4 Lispolis
Outro
A percentagem média de respostas a cada pergunta corresponde a 82% da amostra, com um desvio pa-
drão de 14%, pelo que consideramos que todas as perguntas estão suficientemente habilitadas a susten-
tar as conclusões por nós tiradas. Devemos ter em conta que a maioria das estatísticas apresentadas é
uma boa estimadora da correspondente população de empresas baseadas na Rede de Incubadoras. A ex-
trapolação para todo o universo de startups em Lisboa apresenta um nível de confiança inferior e, em al-
guns casos, poderá ser inadequada. É igualmente importante sublinhar que as referências feitas neste
relatório entre os nossos dados e os ecossistemas de startups e empreendedorismo noutros países são
apenas parcialmente comparáveis.
Decidimos fazer o balanço dos nossos resultados sobretudo em estatísticas descritivas, apesar de estarem
disponíveis outras medidas para as perguntas correspondentes, como os níveis de confiança.
* A rede de incubadoras inclui um conjunto de espaços de incubação onde várias empresas, na fase inicial do seu ciclo, normalmente até 3 anos
de actividade, podem operar com baixos custos fixos através da partilha de serviços básicos. Ao mesmo tempo, trabalhar no mesmo espaço
providencia-lhes possíveis sinergias, contactos, aprendizagens, fornecedores e financiamento que pode potenciar o seu negócio até que estas
ganhem a sua independência.
** De acordo com a consultora D&B, existiam 9740 empresas criadas em Lisboa nos últimos doze meses até Setembro de 2013. Destes núme-
ros, não sabemos quantas destas firmas actualmente correspondem ao conceito tradicional de start-up, já que algumas destas podem ser ape-
nas um tipo de subsidiária ou constituições auxiliares, não representando a ideia de um verdadeiro novo negócio começado do zero. No entanto,
esta informação confirma que o universo das startups em Lisboa é extensivo.
Lisboa, 2013.