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JUSTIÇA ELEITORAL

A Justiça Eleitoral segue peculiar divisão interna:

1) Zona Eleitoral (ZE)

 Mesma ideia de comarca (o espaço em que o juiz


de direito exerce jurisdição);
 Trata-se do espaço territorial sob jurisdição de
juiz eleitoral;
 Uma zona pode abranger mais de um município,
assim como um município pode conter mais de
uma zona eleitoral.

2) Seção Eleitoral

 É a subdivisão da zona;
 Trata-se do local onde os eleitores são inscritos e
comparecem para votar no dia das eleições;
 É a menor unidade na divisão judiciária eleitoral.

3) A Circunscrição

 É também uma divisão territorial, mas tem em


vista a realização do pleito.
 Nas eleições municipais, cada município constitui
uma circunscrição.
 Nas eleições gerais (Governador, Senador e
Deputado), a circunscrição é o Estado da
Federação e o Distrito Federal.
 Já para as eleições presidenciais, a circunscrição
é o território nacional.
I) PRINCÍPIO
Para Miguel Reale (1994, p. 60), sob o enfoque
lógico, os princípios são verdades ou juízos
fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia
de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em
um sistema de conceitos relativos à dada porção da
realidade.

II) DEMOCRACIA
 Grécia:o berço da democracia.
 Deriva de demokratia: demos, povo, e
kratos, poder, ou seja, poder do povo.

2.1) DIFERENÇAS ENTRE AS IDEIAS


ANTIGA E CONTEMPORÂNEA DE
DEMOCRACIA:
2.1.1) Na antiguidade, o povo era formado por
poucas pessoas e o sufrágio não era universal.
2.1.2)Na contemporaneidade:
A democracia constitui fundamento e valor
essencial das sociedades ocidentais, definindo
sua estética, o modo como elas existem e
operam.
 O artigo XXI da Declaração Universal
dos Direitos do Homem, de 1948, e o
artigo 25 do Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos, de 1966,
elevaram-na ao status de direitos
humanos.
 As inúmeras batalhas travadas em
torno do alargamento da liberdade,
para a conquista e a manutenção do
poder político;
 a luta por maior participação popular
no governo e, pois, no exercício desse
mesmo poder, os conflitos em prol de
sua delimitação, a peleja pela afirmação
de direitos humanos e fundamentais,
pela efetivação de direitos sociais,
corroboraram para a atual democracia.

3) ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

 A República Federativa do Brasil – impera o


artigo 1º da Constituição Federal – constitui-se
em Estado Democrático de Direito e, entre
outros, possui como fundamentos a cidadania e a
dignidade da pessoa humana (incs. II e III).
 Apresenta o Estado brasileiro, como objetivo (CF,
art. 3º), a construção de uma sociedade livre,
justa e solidária, além da erradicação da pobreza
e da marginalização, redução das desigualdades
sociais e regionais, promoção do bem de todos,
sem preconceitos de quaisquer espécies.

 ser um Estado de Direito implica que as


estruturas estatais devem pautar-se pelos
critérios do Direito, e não pelos da força,
prepotência ou do arbítrio.(GOMES, p.75, 2021).

 ser um Estado Democrático significa que os


cidadãos dele participam, sendo seus artífices e
destinatários principais de suas emanações.
Significa, pois, que o governo é formado pelos
cidadãos, os quais são escolhidos livremente pelo
voto direto e universal. Assim, os próprios
cidadãos são os responsáveis pela formulação e
execução das políticas públicas. (GOMES, p.75,
2021).

PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL

1) PRINCÍPIO REPUBLICANO

 liga-se às formas de governo;


 Na forma republicana de governo, tanto o chefe
do Poder Executivo quanto os membros do
Legislativo cumprem mandato popular, sendo
diretamente escolhidos pelos cidadãos em
eleições diretas, gerais e periódicas. Trata-se,
pois, de governo representativo.
 O artigo XXI, 3, da Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 reconhece que a
autoridade do governo repousa na vontade do
povo, a qual “será expressa em eleições
periódicas”.
 por força do princípio republicano, de tempos em
tempos devem os mandatos ser renovados com a
realização de novas eleições.
 Conforme o artigo 82 da Constituição Federal: o
mandato de Presidente da República é de quatro
anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
seguinte ao de sua eleição. No mesmo sentido, o
mandato de Governador (CF, art. 28), de Prefeito
(CF, art. 29, I), de Deputado Estadual (CF, art.
27, § 1º), de Vereador (CF, art. 29, I), de
Deputado Federal (CF, art. 44, parágrafo único) e
de Senador, cujo mandato é de oito anos (CF,
art. 46, § 1º).
 De sorte que o princípio republicano também
implica a tomada de decisões com base na
racionalidade, na objetividade e na
impessoalidade, sendo abolidos quaisquer
privilégios ou distinções de pessoas, classes,
grupos ou instituições sociais;
 Impõe, que haja transparência e publicidade nos
atos estatais;
 Veda, que o Estado seja gerido tal qual o
patrimônio privado da autoridade pública (=
patrimonialismo) – que o usa de forma
discricionária e em proveito próprio para atingir
fins meramente pessoais e não coletivos.

2) SUFRÁGIO UNIVERSAL

 Literalmente, o vocábulo sufrágio significa


aprovação, opinião favorável, apoio,
concordância, aclamação.
 Denota, pois, a manifestação de vontade de um
conjunto de pessoas para escolha de
representantes políticos.
 o sufrágio traduz o direito de votar e de ser
votado, encontrando-se entrelaçado ao
exercício da soberania popular.

 Tal direito não é a todos indistintamente


atribuído, mas somente às pessoas que
preencherem determinados requisitos:

 Nos termos do artigo 14, §§ 1º e 2º, da


Constituição, ele só é reconhecido: (a) a
brasileiros natos ou naturalizados; (b) maiores de
16 anos; (c) que não estejam no período de
regime militar obrigatório (conscritos).
 Quanto aos naturalizados, a cidadania passiva
sofre restrição, já que são privativos de brasileiro
nato, os cargos de Presidente e Vice-Presidente
da República. Não há impedimento a
concorrerem e serem investidos nos cargos de
Deputado Federal e Senador. O que a
Constituição lhes veda é ocuparem a presidência
da Câmara Federal e do Senado (CF, art. 12, §
3º).

 Chama-se cidadão o detentor de direitos


políticos. Trata-se do nacional admitido a
participar da vida política do País, seja
escolhendo os governantes, seja sendo escolhido
para ocupar cargos político-eletivos.

2.1) CLASSIFICAÇÃO DO SUFRÁGIO

a) Sufrágio universal é aquele em que o direito de


votar é atribuído ao maior número possível de
nacionais. As eventuais restrições só devem se fundar
em circunstâncias que naturalmente impedem os
indivíduos de participar do processo político.

Não apresentam condições para exercerem a


cidadania: os menores, os mentalmente incapazes, e,
para algumas legislações, os estrangeiros e os
analfabetos.

Imperam os princípios da igualdade e da


razoabilidade, de sorte que a todos devem ser
atribuídos direitos políticos.
As exceções devem ocorrer somente quanto àqueles
que, por motivos razoáveis, não puderem participar
do processo político-eleitoral.

b) Censitário é o sufrágio fundado na capacidade


econômica do indivíduo. Nele, somente se atribui
cidadania aos que auferirem determinada renda,
forem proprietários de imóveis ou recolherem aos
cofres públicos certa quantia pecuniária a título de
tributo.

No Brasil na Constituição Imperial de 1824 e, mais


moderadamente, nas Constituições Republicanas de
1891 (art. 70, § 1º, 1º) e de 1934 (art. 108,
parágrafo único, c)

c) O sufrágio igual decorre do princípio da


isonomia. Os cidadãos são equiparados, igualados,
colocados no mesmo plano. O voto de todos
apresenta idêntico peso político, independentemente
de riquezas, idade, grau de instrução, naturalidade ou
sexo.

Todavia, no que concerne à cidadania passiva,


esse princípio sofre exceções:

É que a Constituição Federal adotou o critério etário


como condição de elegibilidade para certos cargos.
Assim, candidatos aos cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República e Senador devem contar com
35 anos de idade; aos cargos de Governador e Vice-
Governador, 30 anos de idade; aos de Deputado,
Prefeito e Vice-Prefeito, 21 anos de idade; ao cargo
de Vereador, 18 anos de idade (CF, art. 14, § 3º, VI).
Sufrágio e voto não se confundem. Enquanto o
sufrágio é um direito, o voto representa seu exercício.
Em outras palavras, o voto é a concretização do
sufrágio.

3) MORALIDADE

O princípio da moralidade é previsto no artigo 14, §


9º, da Constituição Federal, que autoriza o legislador
infraconstitucional a instituir inelegibilidade a fim de
proteger “a moralidade para exercício de mandato
considerada vida pregressa do candidato”.

Requer que o candidato a cargo público-eletivo se


adeque ao padrão ético-moral vigente na
comunidade.

4) PRINCÍPIO DA LISURA DAS ELEIÇÕES

Impõe a atuação ética, correta e proba dos atos que


envolvam o processo eleitoral.

A atuação da Justiça Eleitoral, do Ministério Público


Eleitoral, dos partidos políticos e dos candidatos deve
ser pautada na preservação da lisura das eleições.

5) PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO DO VOTO:

A atuação da Justiça Eleitoral deve pautar-se no


sentido de preservar a soberania popular, a apuração
do voto e a diplomação dos eleitos.
Esse princípio é também conhecido como princípio do
in dubio pro voto e vem disciplinado no art. 219 do
Código Eleitoral:

Art. 219 Na aplicação da lei eleitoral


o juiz atenderá sempre aos fins e
resultados a que ela se dirige,
abstendo-se de pronunciar nulidades
sem demonstração de prejuízo.

O referido princípio evita, tanto quanto possível,


declarar a nulidade do voto por qualquer razão. A
nulidade do voto é medida extrema que deverá ser
aplicada excepcionalmente.

Em razão desse princípio, se as partes interessadas


não alegarem a nulidade em momento oportuno não
poderão fazê-lo posteriormente.

Além disso, não poderá o Juiz reconhecer de ofício a


nulidade, sob pena de violação ao princípio do
aproveitamento do voto. O art. 149 do Código
Eleitoral é um ótimo exemplo de aplicação do
princípio:

Art. 149. Não será admitido recurso


contra a votação, se não tiver
havido impugnação perante a Mesa
Receptora, no ato da votação,
contra as nulidades argüidas.
Ou seja, se a nulidade não for arguida no momento
da votação, aproveita-se o voto ainda que haja
alguma irregularidade.

Regras semelhantes estão previstas no caput dos


arts. 223 e 259, ambos do Código Eleitoral:

Art. 223. A nulidade de qualquer


ato, não decretada de ofício pela
Junta, só poderá ser argüida quando
de sua prática, não mais podendo
ser alegada, salvo se a argüição se
basear em motivo superveniente ou
de ordem constitucional.
Art. 259. São preclusivos os prazos
para interposição de recurso, salvo
quando neste se discutir matéria
constitucional.

OBS: Toda vez que a nulidade for pautada em uma


violação à regra constitucional, ela poderá ser
declarada a qualquer tempo, ainda que o cidadão já
tenha efetuado o voto. Essa exceção se justifica em
razão da supremacia e da hierarquia da Constituição.
EX: A alegação de inelegibilidade fundada na
Constituição não se sujeita a um prazo prescricional,
ao passo que as hipóteses de inelegibilidades
previstas tão somente na legislação
infraconstitucionais, se não forem arguidas no
momento oportuno, sujeitam-se à prescrição.

6) PRINCÍPIO DA ANUALIDADE ELEITORAL:


Também conhecido como princípio da antinomia
eleitoral, é considerado o princípio mais importante
do Direito Eleitoral.

Estabelece que a lei que alterar o processo eleitoral


tem vigência imediata, mas eficácia contida ou pro
futuro. Assim, embora entre em vigor imediatamente,
a lei somente produzirá "efeitos práticos" após um
ano da data de sua vigência.

A eficácia pro futuro tem por finalidade impedir que


mudanças casuísticas na legislação eleitoral possam
surpreender candidatos, partidos e coligações. Com
isso, assegura-se estabilidade, previsibilidade e
segurança jurídica para os envolvidos no processo
eleitoral.

7) PRINCÍPIO PROPORCIONAL E MAJORITÁRIO

São 2 formas de escolhas de eleitos: Majoritário


e proporcional

7.1) Sistema eleitoral majoritário no qual será


eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos
válidos. Essa maioria pode ser:

a) simples ou relativa: Será eleito aquele que obtiver


o maior número de votos apurados. O sistema
majoritário simples é adotado, segundo nossa
Constituição, para as eleições de Senador da
República e de Prefeito de município com menos de
200.000 mil eleitores.
b) absoluta: Será eleito aquele que atingir mais de
metade dos votos apurados, excluídos votos brancos
e nulos. O sistema majoritário absoluto é adotado nas
eleições de Presidente da República, Governadores e
Prefeitos de município com mais de 200.000 eleitores.

Esse sistema privilegia a figura do candidato ao invés


do partido político no qual está registrado.

7.2) O sistema eleitoral proporcional é o adotado


nas eleições para Deputado Federal, Deputado
Estadual e Vereadores. Aqui, dá-se importância ao
número de votos válidos ao partido político. Foi
instituído por considerar que a representatividade da
população ocorre com base na ideologia que
determinados partidos políticos representam.

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