Relatório Do Do Deputado Felipe Carreras (CPI-FUTE)

Apresentação: 19/09/2023 21:39:27.
067 - CPIFUTE
REL n.1/2023
CÂMARA DOS DEPUTADOS
CPI – FUTE
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A
INVESTIGAR ESQUEMAS DE MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS EM
PARTIDAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL NO BRASIL
RELATÓRIO FINAL
Presidente: Deputado JULIO ARCOVERDE (PP/PI)
Relator: Deputado FELIPE CARRERAS (PSB/PE)

*CD230727930200*
Brasília, setembro de 2023
Para verificar a assinatura, acesse https://infoleg-autenticidade-assinatura.camara.leg.br/CD230727930200

Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Felipe Carreras
Apresentação: 19/09/2023 21:39:27.067 - CPIFUTE
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR ESQUEMAS DE MANIPULAÇÃO DE
REL n.1/2023
RESULTADOS EM PARTIDAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL NO BRASIL– CPIFUTE
Sumário
PARTE I – TRABALHOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.................4

1. CRIAÇÃO DA CPI..................................................................................4
2. CONSTITUIÇÃO E COMPOSIÇÃO DA CPI....................................................7
3. PLANO DE TRABALHO...........................................................................9
4. PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA CPI.................................................17
5. AUDIÊNCIAS PÚBLICAS........................................................................19
5.1. Operação Penalidade Máxima - Ministério Público do Estado de Goiás.......19
5.2. Manipulação de resultados no Estado de Goiás.....................................21
5.3. Legalidade, tributação e regulação das apostas esportivas......................22
5.4. Apuração pela Polícia Federal...........................................................22
5.5. Manipulação de resultados e integridade do esporte..............................23
5.6. Interferências na arbitragem: protocolos e controles..............................24
5.7. Monitoramento e controle de fraudes no futebol....................................25
5.8. Atuação da CBF frente às denúncias de manipulação de resultados..........27
5.9. Comissão de Ética do Futebol Brasileiro - CEFB....................................33
6. OITIVAS............................................................................................36
6.1. Oitiva do Sr. Marcos Vinicius Barreira (Romário)...................................36
6.2. Oitiva do Sr. Severino do Ramo Clementino da Silva (Nino Paraíba).........109
6.3. Oitiva do Sr. Bruno Rodrigues.........................................................147
PARTE II – CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEMÁTICA............................................203
1. APOSTA ESPORTIVA: CONCEITO E HISTÓRICO NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO........................................................................................203
2. JUSTIÇA DESPORTIVA.......................................................................205
3. ASPECTOS RELACIONADOS AO DIREITO PENAL.....................................207
3.1. TIPIFICAÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DESPORTIVA.......................208
3.2. HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DESPORTIVA NO
*CD230727930200*
BRASIL............................................................................................208
3.3. PROPORCIONALIDADE DA PENA ATUALMENTE PREVISTA..................211
3.4. LEI PENAL NO ESPAÇO (TERRITORIALIDADE)...................................212
3.5. OPERAÇÕES RECENTES...............................................................214
3.5.1. PENALIDADE MÁXIMA (MPGO)...................................................214
3.5.2. JOGADA ENSAIADA (PF)...........................................................225

REL n.1/2023
PARTE III – CONCLUSÕES.........................................................................227

PARTE IV – PROPOSIÇÕES, RECOMENDAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS............231
1. PROPOSTAS LEGISLATIVAS................................................................231
2. RECOMENDAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS............................................232
ANEXO I – PROJETO DE LEI PARA DETERMINAR QUE, NOS CASOS DE
MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS, A JUSTIÇA DESPORTIVA DEVERÁ GARANTIR
QUE AS PENALIDADES APLICADAS SEJAM PROPORCIONAIS E CONSISTENTES
COM O PRINCÍPIO DA IGUALDADE..............................................................234
ANEXO II – PROJETO DE LEI PARA TIPIFICAR A CONDUTA DO GESTOR, DIRIGENTE
OU TREINADOR QUE DEIXAR DE COMUNICAR À AUTORIDADE COMPETENTE A
PRÁTICA DE CRIME CONTRA A INCERTEZA DO RESULTADO ESPORTIVO DE QUE
TEVE CONHECIMENTO NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES OU EM DECORRÊNCIA
DELAS..................................................................................................236
ANEXO III – PROJETO DE LEI PARA TIPIFICAR A CONDUTA DE REALIZAR,
INTERMEDIAR OU CONTRIBUIR PARA A REALIZAÇÃO DE APOSTA DE QUOTA FIXA
EM INSTITUIÇÃO À QUAL NÃO TENHA SIDO CONCEDIDA OUTORGA PELO ÓRGÃO
COMPETENTE........................................................................................239
ANEXO IV – PROJETO DE LEI PARA VEDAR A REALIZAÇÃO DE APOSTAS SOBRE
AÇÕES OU CONDUTAS INDIVIDUAIS EM PARTIDAS ESPORTIVAS E SOBRE A
REPETIÇÃO DE INDÉBITO RELATIVA A VALORES DE PRÊMIO A APOSTADOR QUE
PARTICIPAR DE ESQUEMA DE MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS DE PARTIDAS
ESPORTIVAS..........................................................................................241
*CD230727930200*

REL n.1/2023
PARTE I – TRABALHOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
1. CRIAÇÃO DA CPI
A presente Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada por ato da

Presidência da Câmara dos Deputados, de 26 de abril de 2023, com o seguinte teor:
Ato da Presidência
Satisfeitos os requisitos do art. 35, caput e § 4º, do Regimento
Interno, para o Requerimento de Instituição de CPI nº 2, de
2023, do Sr. Felipe Carreras e outros, esta Presidência dá
conhecimento ao Plenário da criação da Comissão Parlamentar
de Inquérito destinada a investigar esquemas de manipulação
de resultados em partidas de futebol profissional no Brasil.
A Comissão será composta de 34 (trinta e quatro) membros
titulares e igual número de suplentes, designados de acordo
com o § 1º do art. 33, combinado com o § 5º do art. 35, ambos
do Regimento Interno.
Brasília, 26 de abril de 2023.
Arthur Lira
Presidente da Câmara dos Deputados
O Requerimento para a criação desta CPI (RCP nº 2/2023), de

autoria dos Deputados Felipe Carreras, Rosana Valle, Duarte Jr. e outros, foi
formulado nos seguintes termos:
REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DE CPI Nº 2, DE 2023

(Do Sr. Felipe Carreras e outros)
Requer a Vossa Excelência, nos
termos do § 3º do art. 58 da
*CD230727930200*
Constituição Federal e dos arts. 35,

36 e 37, do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados, a criação
de Comissão Parlamentar de
Inquérito, com a finalidade de
investigar esquemas de manipulação
de resultados em partidas de futebol
profissional no Brasil.

REL n.1/2023
Senhor Presidente,
Requeiro a Vossa Excelência, nos termos do § 3º do
art. 58 da Constituição Federal e dos arts. 35, 36 e 37, do
Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a criação de
Comissão Parlamentar de Inquérito, composta por 34 (trinta e
quatro) membros e com duração pelo prazo de 120 (cento e
vinte) dias, com a finalidade de investigar esquemas de
manipulação de resultados em partidas de futebol profissional
no Brasil.
JUSTIFICAÇÃO
A Constituição Federal de 1988 incluiu a Comissão

Parlamentar de Inquérito no sistema de freios e contrapesos -
vetor do princípio da separação dos poderes -, com o propósito
de viabilizar o efetivo exercício das funções típicas do Poder
Legislativo. Para tanto, a própria Carta Maior dotou a Comissão
Parlamentar de Inquérito dos poderes de investigação próprios
de autoridade judicial, dentre outros indispensáveis à apuração
de fato determinado de relevante interesse para a vida pública
e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País.
Em consideração aos requisitos constitucionais e
regimentais para a criação de CPI, o presente requerimento
propõe-se a atrair para esta Casa Legislativa a
responsabilidade para a apuração de fatos gravíssimos
relacionados a suspeitas de manipulação de resultados no
futebol profissional brasileiro. O fato mais recente diz respeito a
operação do Ministério Público do Estado de Goiás para
investigar grupo especializado em fraudar resultados de jogos
da Série B do Campeonato Brasileiro. De acordo com a
entidade, grupo criminoso teria cooptado atletas para agirem
em campo conforme apostas realizadas pela quadrilha, como
fazer pênaltis no primeiro tempo dos jogos, entre outras táticas.
Em caso de funcionamento do esquema, os suspeitos
poderiam receber R$ 150 mil para cada aposta correta. Os
valores movimentados passam de 600 mil.
Vale destacar que conforme noticiado pela mídia, ao
todo, foram 130 partidas sob suspeita de manipulação de
*CD230727930200*
resultados no Brasil. Apenas para exemplificar, em São Paulo a

federação local enviou ofício à Polícia Civil para investigar
resultados da quarta divisão. No Ceará, o Crato foi suspenso
de participar das competições estaduais e o no Piauí, o
Flamengo-PI entrou com denúncia junto ao Ministério Público
local contra jogadores do próprio clube.
A questão não fica restrita apenas ao futebol
profissional masculino. O futebol profissional feminino também

REL n.1/2023
já está sendo atingido por esta chaga. Em junho de 2022 o

presidente do Santos/SP, Andrés Rueda, comunicou que um
funcionário do clube tentou subornar uma atleta do Bragantino,
também de São Paulo, em confronto realizado pelo
Campeonato Brasileiro Feminino. O Bragantino confirmou a
denúncia.
A preocupação quanto à integridade das partidas
tem sido crescente nos últimos anos, em especial por conta do
crescimento das apostas online. A manipulação de resultados
evoluiu e se tornou muito mais sofisticada e direcionada,
alcançando inclusive, outras modalidades esportivas.
As apostas esportivas atualmente vão além de tentar
adivinhar o resultado de uma partida. Elas permitem apostar,
por exemplo, qual time de futebol terá mais escanteios em um
jogo ou até qual equipe receberá um número específico de
cartões amarelos ou vermelhos, e aí que as quadrilhas agem.
A falta de regulamentação do setor ainda deixa lacunas que
permitem que criminosos agindo de má-fé maculem o resultado
esportivo.
O futebol é uma das maiores paixões do brasileiro.
Desde os primeiros anos do século XX, o futebol se
popularizou no Brasil e se tornou o esporte mais praticado e
mais assistido no país. O futebol é um elemento importante na
cultura brasileira e está presente em todas as camadas sociais.
A seleção brasileira de futebol é uma das mais bem-sucedidas
e reconhecidas mundialmente, tendo conquistado cinco Copas
do Mundo. O futebol brasileiro ainda produziu Pelé, o maior
atleta do século XX, que tornou o nome do País reconhecido
internacionalmente.
Além disso, o futebol tem um papel significativo na
formação da identidade nacional brasileira. As rivalidades entre
clubes, as comemorações e as tradições associadas ao
esporte criam uma sensação de comunidade e pertencimento
que é compartilhada por milhões de pessoas em todo o país, e
a manipulação de resultados frontalmente essa identidade,
interferindo de maneira desleal na emoção que o jogo provoca
no torcedor.
O futebol também tem sido um meio de mobilização
política e social no Brasil, tendo sido usado como forma de
*CD230727930200*
protesto e resistência em diferentes momentos da história do

país. Em resumo, o futebol é uma parte importante da
identidade do povo brasileiro e reflete a diversidade e paixão
que caracterizam a cultura do país.
E, se a relevância social dos fatos ora narrados é
inegável, o interesse legal sobre os fatos também não pode ser
desconsiderado. Desde 2018, a modalidade de aposta de
quotas fixas foi inserida no sistema lotérico nacional, como
6

REL n.1/2023
serviço público exclusivo da União. Essa modalidade ainda

está pendente de regulamentação pelo Poder Executivo
Federal, e sua disciplina precisa contemplar além da regulação
do mercado, o combate ao mercado ilegal, mas também o
alinhamento às melhores práticas no direito comparado que
possa garantir efetividade no combate às fraudes.
Por estas razões, entendemos inadiável a instalação
de Comissão Parlamentar de Inquérito no âmbito da Câmara
dos Deputados, que certamente permitirá elucidar os fatos e
adotar todas as providências necessárias a regulamentação
efetiva e confiável desse mercado com potencial de
crescimento significativo no Brasil. Pedimos, pois, o
apoiamento dos pares para a apresentação desta importante
iniciativa.
Sala das Sessões, de de 2023.
Deputado Federal Felipe Carreras
Líder do PSB
Esta CPI, portanto, foi criada para investigar esquemas de

manipulação de resultados em partidas de futebol profissional no Brasil.
2. CONSTITUIÇÃO E COMPOSIÇÃO DA CPI
A constituição desta CPI se deu em 26 de abril de 2023, por

despacho do Presidente da Câmara dos Deputados, nos seguintes termos:
PRESIDÊNCIA/SGM
Há número suficiente de assinaturas e fato
determinado devidamente caracterizado no Requerimento.
Atendidas, assim, as disposições do art. 58, § 3°, da
Constituição Federal e do art. 35, § 1°, do Regimento Interno
da Câmara dos Deputados, determino a publicação do
requerimento e a constituição da Comissão nos termos
regimentais. Publique-se
*CD230727930200*
ARTHUR LIRA
Presidente
A composição deste colegiado é a seguinte:
PL, Fdr PT-PCdoB-PV, UNIÃO, PP, MDB, PSD, REPUBLICANOS, Fdr PSDB-
CIDADANIA, PDT, PSB, PODE, AVANTE, PATRIOTA, SOLIDARIEDADE, PTB
TITULARES
7

REL n.1/2023
ACÁCIO FAVACHO (MDB/AP)

ADAIL FILHO (REPUBLICANOS/AM)
ALENCAR SANTANA (PT/SP)
ANDRÉ FIGUEIREDO (PDT/CE)
AUGUSTO COUTINHO (REPUBLICANOS/PE)
AUREO RIBEIRO (SOLIDARIEDADE/RJ)
BACELAR (PV/BA)
BETO PEREIRA (PSDB/MS)
CAPITÃO ALBERTO NETO (PL/AM)
DANIEL AGROBOM (PL/GO)
DANIEL FREITAS (PL/SC)
DELEGADO DA CUNHA (PP/SP)
FELIPE CARRERAS (PSB/PE)
JILMAR TATTO (PT/SP)
JOSÉ ROCHA (UNIÃO/BA)
JULIO ARCOVERDE (PP/PI)
JÚNIOR MANO (PL/CE)
KIKO CELEGUIM (PT/SP)
LUCIANO AZEVEDO (PSD/RS)
LUCIANO VIEIRA (PL/RJ)
LUIS TIBÉ (AVANTE/MG)
LUISA CANZIANI (PSD/PR)
MAURICIO DO VÔLEI (PL/MG)
MERSINHO LUCENA (PP/PB)
NELY AQUINO (PODE/MG)
PAULINHO FREIRE (UNIÃO/RN)
PAULO AZI (UNIÃO/BA)
RICARDO AYRES (REPUBLICANOS/TO)
RICARDO SILVA (PSD/SP)
SAULLO VIANNA (UNIÃO/AM)
*CD230727930200*
WELLINGTON ROBERTO (PL/PB)

SUPLENTES
AFONSO HAMM (PP/RS)
ALBUQUERQUE (REPUBLICANOS/RR)
ALICE PORTUGAL (PCdoB/BA)
BANDEIRA DE MELLO (PSB/RJ)
BEBETO (PP/RJ)
8

REL n.1/2023
CORONEL ULYSSES (UNIÃO/AC)

DANILO FORTE (UNIÃO/CE)
DELEGADO CAVEIRA (PL/PA)
DENISE PESSÔA (PT/RS)
DILVANDA FARO (PT/PA)
DIMAS GADELHA (PT/RJ)
DUDA SALABERT (PDT/MG)
FAUSTO PINATO (PP/SP)
FERNANDO RODOLFO (PL/PE)
FRED COSTA (PATRIOTA/MG)
GABRIEL NUNES (PSD/BA)
GUTEMBERG REIS (MDB/RJ)
IGOR TIMO (PODE/MG)
LEUR LOMANTO JÚNIOR (UNIÃO/BA)
LUIZ FERNANDO FARIA (PSD/MG)
MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL/MG)
MÁRCIO MARINHO (REPUBLICANOS/BA)
NEWTON CARDOSO JR (MDB/MG)
PROF. PAULO FERNANDO (REPUBLICANOS/DF)
REIMONT (PT/RJ)
SAMUEL VIANA (PL/MG)
VINICIUS GURGEL (PL/AP)
Fdr PSOL-REDE
TITULARES
GLAUBER BRAGA (PSOL/RJ)
SUPLENTES
CHICO ALENCAR (PSOL/RJ)
3. PLANO DE TRABALHO
No início dos trabalhos desta Comissão, foi apresentado o seguinte

Roteiro de Trabalho, com o fim de planejar as ações e estabelecer critérios e
*CD230727930200*
prioridades das atividades da CPI:
PLANO DE TRABALHO
I – INTRODUÇÃO
9

REL n.1/2023
Trata-se de Comissão Parlamentar de Inquérito

(CPI) destinada a investigar esquemas de manipulação de
resultados em partidas de futebol profissional no Brasil.
A origem desta Comissão remonta ao Requerimento
de Instituição de CPI (RCP) nº 2/2023, apresentado por este
Relator juntamente com diversos outros Parlamentares, no qual
propusemos que a Câmara dos Deputados realizasse “a
apuração de fatos gravíssimos relacionados a suspeitas de
manipulação de resultados no futebol profissional brasileiro”.
Naquele requerimento, sustentamos que “conforme
noticiado pela mídia, ao todo, foram 130 partidas sob suspeita
de manipulação de resultados no Brasil” e manifestamos nosso
entendimento de que era “inadiável a instalação de Comissão
Parlamentar de Inquérito no âmbito da Câmara dos Deputados”
para “elucidar os fatos e adotar todas as providências
necessárias à regulamentação efetiva e confiável” da loteria de
apostas de quota fixa, popularmente conhecidas como
“apostas esportivas”.
Após analisar o Requerimento, o Senhor Presidente
da Câmara dos Deputados, em 26/04/2023, proferiu decisão na
qual reconheceu o número suficientes de assinatura e a
indicação de fato determinado devidamente caracterizado;
declarou atendidas as disposições do art. 58, §3º, da
Constituição Federal e do art. 35, §1º, do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados (RICD); e, em decorrência, determinou
a publicação do Requerimento nos termos regimentais.
Ato contínuo, por meio de outro Ato da Presidência
proferido no mesmo dia 26/04/2023, deu-se conhecimento ao
Plenário da criação desta CPI, determinando que a Comissão
fosse composta de 34 (trinta e quatro) membros titulares e de
igual número de suplentes, a serem designados de acordo com
o §1º do art. 33, combinado com o §5º do art. 35, ambos do
RICD.
Por fim, em 17/05/2023, foi editado novo Ato da
Presidência constituindo esta CPI, designando para compô-la
os Deputados indicados pelas Lideranças, e convocando-os
para a reunião de instalação e eleição, a ser realizada no
mesmo dia, às 14h30.
*CD230727930200*
Em cumprimento a tal ato, foi então realizada no dia

17/05/2023 a primeira reunião da CPI, ocasião em que foram
eleitos o Presidente e os Vice-Presidentes, sendo designado
para a relatoria o Deputado que subscreve esta proposição.
Naquela oportunidade, foi convocada nova reunião, para o dia
23/05/2023, às 14h30, a fim de discutir e aprovar o Plano de
Trabalho que orientará a atuação desta CPI.
10

REL n.1/2023
Após as necessárias discussões e debates com as

Lideranças e com os Pares desta Casa Legislativa, elaboramos
então a proposta de Plano de Trabalho que ora submetemos à
apreciação deste colegiado.
II – DO OBJETO DA CPI
Nos termos do art. 58, §3º, da Constituição Federal,
e do art. 35 do RICD, a atuação de uma Comissão Parlamentar
de Inquérito deve estar focada na apuração do fato
determinado que justificou a sua criação. E, conforme
estabelece o §1º do art. 35 do RICD, considera-se fato
determinado “o acontecimento de relevante interesse para a
vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social
do País, que estiver devidamente caracterizado no
requerimento de constituição da Comissão”.
Analisando-se então o RCP 2/2023, vê-se que o
“acontecimento de relevante interesse” a ser apurado por esta
CPI consiste nas “suspeitas de manipulação de resultados no
futebol profissional brasileiro”. Dessa descrição é possível
extrair pelo menos três diretrizes importantes para a boa
delimitação do foco de trabalho deste colegiado.
A primeira diretriz está relacionada aos limites
objetivos dos trabalhos. À vista dos termos do RCP 2/2023 e
do ato de sua criação, entendemos que somente poderão ser
objeto de investigação as supostas manipulações em jogos de
futebol profissional. Em termos jurídico-positivos, isto
significa que o espectro de investigação desta CPI estará
limitado às competições que envolvam as entidades
desportivas profissionais do futebol, tal como definidas pelo
§10 do art. 27 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 – a “Lei
Pelé”.
Por conseguinte, estão excluídos do âmbito de
alcance legítimo de investigação desta CPI tanto os fatos
supostamente ocorridos em competições de futebol não
profissional bem como em competições de outros esportes.
Entretanto, se esta Comissão, no desenrolar de seus trabalhos,
identificar a suspeita de práticas ilícitas nessas outras
modalidades, poderá e deverá comunicar o(s) fato(s) ao
*CD230727930200*
Ministério Público e a outras autoridades competentes, para

que tomem conhecimento dos elementos fáticos e adotem as
providências investigativas e sancionatórias que entenderem
cabíveis.
A segunda diretriz, também relativa aos limites
objetivos dos trabalhos desta CPI, é que, dentro do futebol
profissional, poderão ser investigadas tanto as competições
masculinas quanto femininas. Além de decorrer dos próprios
11

REL n.1/2023
termos do ato de criação desta comissão, que não estabeleceu

qualquer restrição a esse respeito, a inclusão das competições
femininas no escopo dos trabalhos desta CPI está em perfeita
sintonia com o próprio texto de justificação do RCP 2/2023, no
qual se afirmou claramente que “a questão não fica restrita
apenas ao futebol profissional masculino”, uma vez que “o
futebol profissional feminino também já está sendo atingido por
esta chaga”.
Por fim, a terceira diretriz diz respeito aos limites
subjetivos da atuação deste colegiado. Somos da opinião de
que, apesar de o RCP 2/2023 ter sido apresentado a partir da
divulgação de fatos e investigações específicas – a exemplo da
“Operação Penalidade Máxima”, inicialmente deflagrada pelo
Ministério Público do Estado de Goiás para investigar acusados
de fraudar resultados de jogos da Série B do Campeonato
Brasileiro –, a investigação desta CPI poderá alcançar todas as
pessoas naturais ou jurídicas que tenham atuado ou
contribuído para que fosse tentada ou cometida, por ação ou
omissão, a alteração ou o falseamento do resultado de
qualquer competição esportiva do futebol profissional ou evento
a ela associado.
Também aqui, os limites da investigação da CPI não
se limitam àquilo que já foi apurado e àqueles já identificados
ou mencionados em investigações policiais em curso. Isto
significa dizer que poderão ser alcançados tanto outros
apostadores e atletas profissionais ainda não identificados ou
não mencionados, como também dirigentes de entidades de
administração do desporto e de entidades de práticas
desportiva, árbitros, técnicos e outros profissionais do esporte,
representantes ou empresários de atletas e, ainda, outras
pessoas naturais ou jurídicas que tenham, com sua ação ou
omissão, contribuído para as ilicitudes que este colegiado
investigará.
Cabe, por fim, esclarecer que os limites objetivos e
subjetivos aqui especificados são aplicáveis apenas à
atividade investigativa da CPI. Deste modo, nada impede que
eventuais contribuições que esta Comissão considere
pertinentes para o aprimoramento da legislação em vigor
alcancem outras modalidades desportivas e até agentes ou
*CD230727930200*
segmentos de atividades econômicas que tenham ou possam

ter algum tipo de atuação ou interesse no resultado e nos
eventos de competições esportivas.
III – METODOLOGIA DE TRABALHO

Para que uma Comissão Parlamentar de Inquérito
efetivamente cumpra seus objetivos constitucionais e
regimentais, é necessário que ela adote uma abordagem
12

REL n.1/2023
intertemporal e holística do fato determinado que justificou sua

criação. Com efeito, é preciso conjugar a tradicional a
abordagem retrospectiva – consubstanciada nas
investigações sobre os fatos que já ocorreram – com uma
abordagem prospectiva e propositiva – a se materializar em
debates e discussões acerca das medidas necessárias para
prevenir ou mitigar os riscos de reincidência das práticas ilícitas
eventualmente identificadas.
Em outras palavras, é crucial para o sucesso de uma
CPI que, além de realizar diligências investigativas
direcionadas à identificação dos ilícitos e de seus autores ou
partícipes, o colegiado se dedique também à análise e à
reflexão sobre eventuais lacunas do ordenamento jurídico e
sobre a estrutura de incentivos que levou os agentes a cometer
ou a tentar a prática das ilicitudes investigadas, de modo a
propor soluções ou medidas preventivas de novas ilicitudes.
Estamos certos de que, sem a devida atenção a essa segunda
abordagem, qualquer CPI está fadada a meramente “apagar
um incêndio” específico, sem discutir suas causas – e,
provavelmente, outras tantas CPIs sobre o mesmo tema seriam
criadas no futuro para discutir o mesmo problema.
Sob essa ótica, não podemos perder de vista o fato
de que, a despeito de já existirem, desde 2010, ao menos três
tipos penais específicos para punir as supostas práticas de
manipulação de resultados e eventos de competições
esportivas, essas ilicitudes continuam a ocorrer – e talvez em
escala maior do que se pode vislumbrar nesse momento – por
conta do grande potencial de ganho financeiro gerado pela
popularidade das apostas esportivas.
Tal circunstância foi expressamente mencionada no
RCP 2/2023, no qual se sustentou que “a preocupação quanto
à integridade das partidas tem sido crescente nos últimos anos,
em especial por conta do crescimento das apostas online”. O
texto de justificação inclusive foi além, ao consignar a
observação de que “as apostas esportivas atualmente vão
além de tentar adivinhar o resultado de uma partida”, e, em
face de tanto, argumentou que “a falta de regulamentação do
setor ainda deixa lacunas que permitem que criminosos agindo
de má-fé maculem o resultado esportivo”.
*CD230727930200*
À luz de todos esses argumentos, propomos que,

para o cumprimento da primeira abordagem, de natureza
investigativa, os trabalhos desta CPI compreendam:
a) requisição de informações e documentos sobre os
procedimentos investigativos de qualquer natureza
que tenham sido instaurados por autoridades ou
repartições públicas, por entidades de administração
13

REL n.1/2023
do desporto e até mesmo por prática esportiva para

apuração de fatos relacionados ao objeto desta CPI;
b) requisição de informações e documentos de
qualquer outra natureza que a CPI considere
necessário para a elucidação das práticas
investigadas;
c) convocações ou convites para tomada de
depoimento de autoridades federais, estaduais e
municipais;
d) convocações ou convites para tomada de
depoimento e acareação de atletas profissionais,
árbitros, dirigentes de federações, clubes e ligas de
futebol profissional, bem como apostadores ou
outras pessoas, na condição de suspeitos ou
testemunhas;
e) missões oficiais, dentro do território nacional, para
a realização de investigações ou audiências
públicas;
f) requisição de perícias, exames, vistorias e, se
necessário, busca e apreensão de documentos;
g) quebra de sigilos bancário, fiscal e de dados; e
h) outras diligências ou providências necessárias
para a boa e fiel execução dos trabalhos
investigativos desta CPI.
Já no que se refere à segunda abordagem, de
natureza prospectiva e propositiva, consideramos ser
pertinente que os trabalhos desta CPI compreendam:
a) audiência pública destinada a ouvir
representantes dos principais segmentos envolvidos
ou prejudicados pela manipulação de resultados ou
eventos ocorridos em jogos de futebol profissional
no Brasil, a exemplo de entidades de administração
do desporto e de entidades representativas de
clubes, atletas profissionais, árbitros, apostadores e
empresas operadoras de apostas esportivas;
b) audiência pública destinada a debater a
*CD230727930200*
integridade do esporte com vistas à análise de

causas, consequências e propostas para a
prevenção e repressão das condutas relativas à
manipulação de resultados ou eventos ocorridos em
competições de futebol profissional;
c) audiência pública destinada a debater a regulação
ou regulamentação da loteria de quota-fixa no Brasil,
com vistas a reunir sugestões de diretrizes ou
normas para a construção de um marco legal que
14

REL n.1/2023
reprima ou estabeleça incentivos negativos à

manipulação de resultados e eventos ocorridos em
jogos de futebol profissional no Brasil;
d) convite(s) a entidades representativas,
especialistas e outras pessoas naturais ou jurídicas
para que forneçam contribuições a respeito dos
assuntos mencionados nas alíneas anteriores;
e) missões oficiais, no território nacional ou fora
dele, para a melhor compreensão da dinâmica do
mercado de apostas esportivas e das medidas que
têm sido adotadas em prol da integridade do esporte
em outros Países;
f) outras diligências ou providências necessárias
para a boa e fiel execução dos trabalhos
propositivos desta CPI.
É importante que esta Comissão leve em conta que,
mais que uma modalidade esportiva, o futebol ocupa posição
central no processo histórico de construção de nossa
identidade nacional. A manipulação de resultados em partidas
do esporte mais popular do país não apenas deslegitima
campeonatos e compromete a imprevisibilidade do esporte,
como também prejudica negativamente a imagem brasileira no
cenário esportivo internacional. Nesse contexto, é de manifesto
interesse nacional que o Poder Público, as autoridades
esportivas, os clubes, os dirigentes, os atletas e toda a
sociedade civil unam esforços no sentido de aprimorar medidas
de monitoramento, investigação, controle e punição para casos
de fraudes no futebol brasileiro.
Propomos então que, ao final dos trabalhos, esta
CPI apresente um relatório que contemple o resultado das
investigações e dos debates nas duas frentes ou abordagens
antes descritas. Ou seja, o relatório, ao nosso ver, deverá
compreender tanto as apurações e eventuais comunicações ao
Ministério Público ou outras autoridades competentes, como
também minuta(s) de proposição(ões) legislativa(s) que a CPI
considerar aptas e necessárias para a reformulação ou a
construção de marco(s) regulatório(s) específico(s), a fim de
contribuir para a prevenção dos ilícitos investigados por esta
Comissão.
*CD230727930200*
IV – CRONOGRAMA DE TRABALHO
O prazo fixado no Ato do Presidente de 17/05/2023
para a conclusão dos trabalhos desta CPI é 120 (cento e vinte)
dias. Considerando o período de recesso do Congresso
Nacional (18 a 31/07) fixado no art. 57 da Constituição da
15

REL n.1/2023
República, o termo final do prazo estipulado para os trabalhos

desta Comissão será o dia 28/09/2023.
Para o bom deslinde do trabalho da CPI, propomos
a realização de uma reunião ordinária semanal,
preferencialmente nas terças-feiras às 14h30 e, sempre que
necessário, será realizada uma segunda reunião semana,
preferencialmente nas quintas-feiras, às 9h30.
Sendo assim, apresentamos no quadro a seguir a
proposta de cronograma de trabalho até a aprovação do
relatório final desta CPI.
Período Atividades
23/05/2023 Apresentação e votação do Plano de
Trabalho da CPI
30/05 a 13/07/2023 Realização das reuniões, audiências
públicas, missões oficiais e outras
diligências da CPI
18 a 31/07/2023 Recesso Parlamentar
01/08 a 14/09/2023 Continuação dos trabalhos, com a
realização das reuniões, audiências
públicas, missões oficiais e outras
diligências da CPI
Até 18/09/2023 Apresentação da proposta de
Relatório da CPI
19 a 21/09/2023 Discussão da proposta de Relatório da
CPI
26 a 28/09/2023 Votação da proposta de Relatório da
CPI e encaminhamento à Presidência
da Câmara dos Deputados
V – RECURSOS
Para o regular desenvolvimento do trabalho
investigativo e analítico dos elementos que serão colhidos no
decorrer dos trabalhos desta CPI, faz-se necessária a
requisição de servidores públicos e outros profissionais com
conhecimento técnico e experiência profissional relacionada
aos fatos compreendidos no escopo da Comissão, a exemplo
dos seguintes:
a) Delegados e agentes da Polícia Federal; e
*CD230727930200*
b) Peritos da Polícia Federal;

Além destes, poderão ser requisitados outros
profissionais que, por seu conhecimento especializado ou
experiência, forem considerados imprescindíveis para os
trabalhos desta Comissão.
VI – CONCLUSÃO
16

REL n.1/2023
Pelo exposto, proponho que seja aprovado o Plano

de Trabalho ora apresentado, a fim de propiciar o adequado
planejamento e a boa execução das atividades desta Comissão
Parlamentar de Inquérito.
Sala das Sessões, em de de 2023.
Deputado FELIPE CARRERAS

Relator
Este Roteiro de Trabalho foi apresentado e validado em reunião

realizada no dia 23 de maio de 2023.
4. PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA CPI
A CPI adotou os seguintes procedimentos para disciplinar o seu

trabalho:
1. As reuniões serão convocadas preferencialmente

para as terças-feiras, às 14h30, e quintas-feiras, às 9h30;
2. O painel de presença e a lista de inscrição serão
abertos uma hora antes do início da reunião. Os Deputados
interessados em inscrever-se para interpelar pessoas
convidadas e convocadas deverão fazê-lo pelo aplicativo
Infoleg;
3. A inclusão de requerimento na pauta é
prerrogativa do Presidente. Somente estarão aptos a serem
incluídos na pauta os requerimentos entregues à Secretaria da
Comissão em tempo hábil para cumprimento do prazo de 24
horas de antecedência da publicação ou da alteração da pauta,
conforme previsto no parágrafo único do art. 47 e o Ato do
Presidente de 14/04/2021.
4. Todos os requerimentos devem ser
*CD230727930200*
fundamentados e limitar-se ao objeto de investigação da CPI.

Os requerimentos apresentados sem esses requisitos serão
devolvidos aos respectivos autores;
5. Os requerimentos para oitiva de pessoas devem
informar se são convidadas ou convocadas, e conter a
respectiva fundamentação. Os convocados devem ser
qualificados como testemunhas ou investigados;
17

REL n.1/2023
6. Os requerimentos que tratem da transferência de

sigilo bancário, fiscal e de dados deverão conter informações
inequívocas sobre o objeto da medida, o período a ser
analisado e a fundamentação para a obtenção dessas
informações;
7. Os requerimentos que tratem de busca e
apreensão, bem como os demais reservados, deverão ser
apresentados sigilosamente (em envelope lacrado), conter
fundamentação e informações inequívocas sobre o objeto da
medida;
8. Nos requerimentos para realização de audiências
públicas externas, o autor deve solicitar também a realização
de diligências;
9. Nas reuniões para tomada de depoimento
poderão usar da palavra o Relator, por até 30 minutos; o autor
do requerimento ou o 1º signatário, por até 10 minutos; os
membros da Comissão, por até 5 minutos; e os demais
parlamentares, por até 3 minutos;
10. As perguntas aos depoentes deverão ser
formuladas no tempo concedido, facultada a réplica ao
parlamentar, pelo prazo de até 3 minutos, quando este não
considerar satisfatórias as respostas do depoente sobre as
perguntas formuladas;
11. Os líderes e vice-líderes não poderão utilizar o
tempo de comunicação de liderança para inquirir depoentes;
12. Os documentos sigilosos produzidos e recebidos
em reunião reservada deverão, até o final desta, ser
classificados pelo Colegiado; caso contrário, conforme dispõe a
legislação, serão considerados ultrassecretos;
13. O acesso aos documentos ostensivos já
autuados, recebidos ou produzidos pela CPI, será
disponibilizado na página da Comissão no sítio da Câmara dos
Deputados;
14. O acesso aos documentos classificados como
sigilosos será disponibilizado na sala reservada da Secretaria
da CPI, exclusivamente aos membros da Comissão;
15. Ao membro da Comissão será facultada a
*CD230727930200*
possibilidade de credenciar um assessor, mediante

compromisso de responsabilidade em termo próprio, assinado
pelo Presidente da Comissão, pelo parlamentar e pelo
assessor designado;
16. Os documentos sigilosos não poderão ser
copiados ou reproduzidos, por qualquer meio, observada a
legislação pertinente;
18

REL n.1/2023
17. Enquanto pendente diligência necessária à

investigação, caberá ao Presidente decidir sobre o sigilo dos
documentos a ela relacionados.
18. A correspondência oficial da Comissão é
atribuição exclusiva da Presidência. Os parlamentares que
desejarem estabelecer comunicação oficial com órgãos
externos à CPI deverão solicitar a providência ao Presidente
por meio da Secretaria da Comissão.
5. AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
A Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar

esquemas de manipulação de resultados em partidas de futebol profissional do
Brasil realizou diversas audiências públicas, com ampla participação dos atores
esportivos. Ao permitir que especialistas, autoridades públicas, jogadores,
sindicatos, árbitros, dirigentes e demais envolvidos apresentem seus depoimentos e
conhecimentos, as audiências não apenas fornecem plataforma para a exposição de
informações relevantes, mas também conferem legitimidade ao processo
investigativo.
Além disso, as audiências públicas proporcionam aos cidadãos a

oportunidade de acompanhar as discussões e desdobramentos desta CPI,
promovendo a prestação de contas por parte dos atores e das instituições esportivas
e contribuindo para o fortalecimento da confiança da população nas instituições
democráticas e no próprio futebol nacional.
5.1. Operação Penalidade Máxima - Ministério Público do Estado

de Goiás
No dia 30 de maio de 2023, às 14h30min, foi realizada a primeira

audiência pública da CPI1, com o tema "Operação Penalidade Máxima - Ministério
*CD230727930200*
Público do Estado de Goiás", atendendo aos Requerimentos n. 1/2023, do Deputado

Ricardo Ayres; n. 19/2023, do Deputado Márcio Marinho; n. 68/2023, do Deputado
Danilo Forte; n. 25/2023, do Deputado Fred Costa/Deputado Beto Pereira; n.
1 A íntegra da reunião pode ser acessada em <https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/68292> e a degravação em

<https://escriba.camara.leg.br/escriba-servicosweb/html/68292>
19

REL n.1/2023
28/2023, do Deputado Fred Costa; n. 56/2023, do Deputado Albuquerque; e n.

69/2023, do Deputado Danilo Forte.
Foram convidados: Cyro Terra Peres, Procurador-Geral de Justiça

do Ministério Público do Estado de Goiás; Fernando Cesconetto, Promotor de
Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás; e Hugo Jorge Bravo, Presidente
do Vila Nova Futebol Clube.
Os participantes do debate ressaltaram a necessidade de medidas

legais para coibir esse tipo de crime. O Presidente do Vila Nova Futebol Clube, de
Goiás, e primeiro a denunciar os esquemas fraudulentos ao Ministério Público, Hugo
Jorge Bravo considera fundamental a criação de delegacias especializadas na
apuração de crimes esportivos2.
O dirigente também defende que a lei proíba apostas em eventos

isolados das partidas, como cartões amarelos ou vermelhos e pênaltis. Para Hugo
Bravo, as apostas devem dizer respeito somente ao resultado final dos jogos. Para
ele, campeonatos pequenos e sem muita expressão, como os sub-17 ou sub-20,
também não deveriam ser objeto de apostas.
Na opinião do procurador-geral de Justiça do Ministério Público de

Goiás, Cyro Terra Peres, que apura as fraudes nas apostas em partidas de futebol,
também é necessário criar mecanismos para que clubes, federações e
confederações atuem de maneira a prevenir esses esquemas. Ele defende a criação
de canais para recebimento de denúncias, por exemplo, para que depois sejam
encaminhadas aos órgãos oficiais de investigação.
O promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás Fernando

Cesconetto, envolvido na apuração do esquema manipulação, concorda que a falta
de regulamentação prejudica a ação dos órgãos investigativos. Fernando
Cesconetto sublinha que a resolução de fraudes não pode ficar na dependência de
*CD230727930200*
iniciativas isoladas, como a atitude de um presidente de clube que denuncie, para

que a informação chegue aos órgãos de apuração. O promotor também defende a
criação de regras para que clubes e federações recebam e encaminhem denúncias,
com o estabelecimento de responsabilidades para cada uma dessas entidades.
2 https://www.camara.leg.br/noticias/967287-presidente-do-vila-nova-defende-limitacao-de
20

REL n.1/2023
5.2. Manipulação de resultados no Estado de Goiás
No dia 13 de junho de 2023, às 14h30min, foi realizada a segunda

audiência pública da CPI3, com o tema "Manipulação de resultados no Estado de
Goiás", atendendo aos Requerimentos n. 62/2023, do Deputado Luciano Vieira; n.
105/2023, do Deputado Yury do Paredão; n. 138/2023, do Deputado Yury do
Paredão; n. 143/2023, do Deputado Yury do Paredão; n. 173/2023, do Deputado
Daniel Agrobom; n. 174/2023, do Deputado Daniel Agrobom; e n. 175/2023, do
Deputado Daniel Agrobom.
Foram convidados: Ronei Ferreira de Freitas, Presidente da

Federação Goiana de Futebol; Paulo César Ferreira de Almeida, Presidente do
Sindicato dos Árbitros de Futebol de Goiás; Cleyton Pereira dos Anjos, ex-
Presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Goiás; e Júlio Cesar Garcias,
Presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás.
O Presidente da Federação Goiana de Futebol, Ronei Ferreira de

Freitas, destacou a contribuição do futebol goiano para com a apuração dos fatos: a
denúncia do Presidente do filiado Vila Nova Futebol Clube e as apurações do
Ministério Público do Estado de Goiás. Salientou que a Federação criou uma
instituição, chamada FGF Academia, para desenvolver vários projetos com relação
às categorias de base, no intuito, principalmente, de conscientizar os atletas mais
jovens com relação à manipulação de resultados em jogos de futebol.
Segundo Paulo César Ferreira de Almeida, Presidente do Sindicato

dos Árbitros de Futebol de Goiás, “todos os árbitros do Estado de Goiás e do Brasil
são orientados com total transparência. E todos os questionamentos de
manipulação são relatados em súmula, e até hoje nunca houve nenhum
questionamento sobre essa possibilidade”. Para Júlio Cesar Garcias, Presidente do
Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás, é necessário “regulamentar,
*CD230727930200*
criar leis mais claras sobre as apostas e levar mais conhecimento aos atletas”.
5.3. Legalidade, tributação e regulação das apostas esportivas

21

REL n.1/2023
No dia 27 de junho de 2023, às 14h30min, foi realizada a terceira

audiência pública da CPI4, com o tema "Legalidade, tributação e regulação das
apostas esportivas", atendendo aos Requerimentos n. 88/2023; n. 90/2023; n.
91/2023; e n. 93/2023, todos de autoria do Deputado Aureo Ribeiro.
Conforme o autor dos requerimentos em suas justificações que

fundamentaram os referidos requerimentos, reportagem do jornal Folha de São
Paulo mostra “dados do Banco Central mostram que, no primeiro trimestre do ano,
foram enviados U$2,7 bilhões (R$ 13,4 bilhões pela cotação atual) para o exterior
em apostas esportivas”. Ainda segundo a reportagem, "pouco mais de U$ 1,7 bilhão
(R$ 8,5 bilhões) voltou ao Brasil na forma de pagamento de prêmios aos
acertadores”.
Foram convidados: Valdemir Fortes de Sousa, Chefe Adjunto do

Departamento de Supervisão de Conduta (Decon); Wadih Nemer Damous Filho,
Secretário Nacional do Consumidor, Vitor Hugo do Amaral Ferreira, Coordenador
Geral do SENACON; e José Francisco Manssur, Secretário Especial do Ministério
da Fazenda.
5.4. Apuração pela Polícia Federal
No dia 02 de agosto de 2023, às 14h30min, foi realizada a quarta

audiência pública da CPI5, com o tema "Apuração pela Polícia Federal", atendendo
aos Requerimentos n. 26/2023, do Deputado Fred Costa, n. 131/2023, do Deputado
Yury do Paredão; e n. 132/2023, do Deputado Albuquerque. Foi convidado Fabrício
Martins Rocha, Delegado Regional de Polícia Judiciária - SR/PF/SE, que discorreu
acerca das investigações dos casos de manipulação de resultados.
O palestrante enfatizou a dificuldade enfrentada pelos órgãos

brasileiros de fiscalização e investigação:
*CD230727930200*
“Na parte investigativa, nós temos uma dificuldade

muito grande de acesso às informações, porque a maioria das
empresas de apostas está sediada fora do território nacional,
com a possibilidade de que se façam as apostas aqui. Aquelas

22

REL n.1/2023
que estão em território nacional já estão, de plano, na

ilegalidade, porque ainda não há regulamentação para que a
atividade seja desenvolvida dessa forma. Esse foi justamente o
objeto da Operação Distração, porque era uma empresa com
sede no Brasil e que estava atuando de forma irregular, ilegal,
na questão de apostas.
No que diz respeito às empresas que atuam
legalmente, com base na legislação de 2018, nós não temos
acesso às informações, não temos como oficiar e ter um
entendimento sobre eventuais suspeitas de fraudes. Então, eu
acho que essa é a maior dificuldade que nós temos, porque,
para a consecução de uma investigação, precisamos dos
elementos de prova até para se poder definir a
responsabilização criminal. E não existe a atividade de
compliance nessas empresas no sentido de elas terem setores,
pelo menos em território nacional, com que possamos ter
contato direto”.
5.5. Manipulação de resultados e integridade do esporte
No dia 08 de agosto de 2023, às 14h30min, foi realizada a quinta

audiência pública da CPI6, com o tema "Manipulação de resultados e integridade
do esporte", atendendo aos Requerimentos n. 24 e 81, do Deputado Fred Costa;
Requerimentos n. 54 e 55, do Deputado Capitão Alberto Neto; Requerimento nº 66,
do Deputado Daniel Freitas; e Requerimentos n. 89 e 92, do Deputado Aureo
Ribeiro.
Foram convidados para o evento o presidente do Instituto Brasileiro

do Jogo Responsável (IBJL), André Gelfi; e o presidente da Associação Nacional de
Jogos e Loterias (ANJL), Wesley Callegari Cardia.
Em sua exposição, André Gelfi manifestou que o encaminhamento

da questão da manipulação de resultados esportivos deveria ser multiministerial, e
não só do Ministério da Economia, “para tratar dessa questão e entendermos melhor
*CD230727930200*
o que pode ser feito no Brasil, para replicar o que já existe de melhores práticas do
mundo, e para que isso seja de fato detalhado na regulamentação”.

23

REL n.1/2023
O presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL),

Wesley Callegari Cardia, apresentou dados sobre casos envolvendo manipulação de
resultados:
“Eu tenho aqui alguns números relativos à

manipulação no segundo trimestre de 2023, números de agora,
recentes. Em abril, maio e junho, aconteceram cerca de 50
alertas de manobras suspeitas: 19 no futebol, 14 no tênis, 8 no
tênis de mesa, e assim vai. Esse não é um privilégio do futebol.
Isso acontece em qualquer esporte no mundo. Isso acontece
até prevendo o sexo do filho do rei na Inglaterra.
No Brasil, de julho de 2022 até fevereiro passado, 35
jogos foram alvo de uma quadrilha especializada em apostas
ilegais descoberta pela Operação Penalidade Máxima. Os
apostadores atuaram para cooptar um total de 40 jogadores de
21 clubes diferentes em confrontos válidos por 7 competições,
6 delas no Brasil e 1 nos Estados Unidos. Eles chegam ao
ponto de, através de uma manipulação aqui, interferir nos
Estados Unidos, porque um jogador brasileiro foi jogar lá e já
saiu daqui comprometido”.
5.6. Interferências na arbitragem: protocolos e controles
No dia 22 de agosto de 2023, às 14h30min, foi realizada a sexta

audiência pública da CPI7, com o tema “Interferências na arbitragem: protocolos e
controles”, atendendo aos Requerimentos n. 30/2023, do Deputado Yury do
Paredão; n. 95/2023, do Deputado Beto Pereira; n. 115/2023, do Deputado Mersinho
Lucena; e n. 218/2023, do Deputado Danilo Forte. Foi convidado para o evento o
Presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol,
Wilson Luiz Seneme.
O palestrante ressaltou os seguintes aspectos:
“Nós da Comissão de Arbitragem seguimos

extremamente preocupados com essas situações em relação
aos árbitros. A partir daquela situação do ano passado, nós
*CD230727930200*
iniciamos uma série de capacitações em relação ao Estatuto do

Torcedor, ao modus operandi, a procedimentos que os árbitros
têm que ter previamente ao jogo, como devem se apresentar
no estádio, o comportamento deles nas viagens, a atenção que
têm que ter com quem fala, onde fala e as fotos que tiram.

24

REL n.1/2023
Durante o jogo, é a mesma coisa, a atenção que

eles têm que ter com o que veem e escutam ao longo de um
jogo e os contatos que eventualmente ocorram pós-jogo. Se
eventualmente ocorrer algo diferente do procedimento oficial,
que isso seja registrado em súmula. Na semana passada
mesmo, houve a mudança do Estatuto do Torcedor para a Lei
Geral do Esporte. Tudo que houve no tocante à arbitragem nós
repassamos para os 800 oficiais de arbitragem que constam da
lista nacional. Fizemos uma capacitação de aproximadamente
3 horas em relação à Lei Geral do Esporte. E estamos
reforçando semanalmente esses contatos feitos com os
árbitros para que eles estejam alertas, atentos, para que
realmente o exemplo de 2005 esteja vivo e cada vez mais
presente na nossa vida para nos regular como categoria
arbitragem”.
5.7. Monitoramento e controle de fraudes no futebol
No dia 05 de setembro de 2023, às 14h, foi realizada a sétima

audiência pública da CPI8, com o tema “Monitoramento e controle de fraudes no
futebol”, atendendo ao Requerimento n. 113/2023, do Deputado Mersinho Lucena.
Foi convidado para o evento o Sr. Juan Matías Mendez, representante para a
América Latina da Esportradar.
O palestrante ressaltou que:
“Um pouco da história que nós temos nos Serviços

de Integridade, a Sportradar começou uma tarefa na área de
monitoramento das situações suspeitas de manipulação, no
ano de 2005, com um caso, na Alemanha, de um árbitro que
manipulava jogos. A Sportradar conseguiu fazer a leitura das
movimentações das cotações do mercado de apostas, mostrar
e comprovar que o jogo estava sendo manipulado. Após isso,
houve uma investigação que começou na Federação da
Alemanha, que depois encaminhou isso para a polícia.
Finalmente, houve uma penalização do árbitro e foi deflagrada
uma organização de esquema de manipulação de resultados,
na qual havia croatas e o árbitro da Alemanha.
*CD230727930200*
O nosso sistema de monitoramento, com o Sistema

Universal de Detecção de Fraudes, monitora mais de 600
casas de apostas no mundo inteiro.
Também contamos com serviços de inteligência e
investigação para fornecer mais dados quando têm casos

25

REL n.1/2023
potencialmente suspeitos. Educação e prevenção, que, posso

falar, é uma ferramenta muito importante. Eu diria que hoje em
dia é a mais importante. Por quê? Para prevenir. E também
auditorias de integridade. Nos últimos anos também já
começamos a desenvolver tarefas de proteção do atleta, para
bem-estar do atleta, que também sofre muitas questões de
assédio.
Então, somos atualmente os principais fornecedores
mundiais no que tem a ver com integridade. Começamos em
2005. Alguns dos nossos parceiros são nossos clientes.
Quando nós detectamos uma situação potencialmente
suspeita, passamos a informação para eles. Temos vários
deles. No Comitê Olímpico Internacional nós fazemos uma
força-tarefa quando temos Jogos Olímpicos. Começou aqui
casualmente no Brasil no ano de 2016, em que foi feita uma
força-tarefa com polícia internacional. E a Sportradar também
forneceu com conhecimento.
NBA, Nascar, carreiras da Fórmula 1 contam com o
nosso serviço. Agora também a MLS e a CBF. Eles contratam
a Sportradar para fazer o monitoramento dos mercados de
apostas esportivas e detectar essas situações potencialmente
suspeitas.
Uma visão geral das parcerias que nós temos aqui.
Nós começamos trabalhando aqui no Brasil. Inicialmente, foi
com a Federação Paulista, no ano de 2016. No ano 2017,
começamos a trabalhar com a CBF. E, no mesmo ano, 2017,
também já começamos a trabalhar com a Conmebol e com a
FIFA.
A FIFA faz o monitoramento atualmente. Eles pagam
a conta para o mundo inteiro, para cada uma das federações,
membro da primeira e segunda divisão e torneio de Copa de
cada um dos países. Então, eventualmente, caso aconteça
alguma coisa errada, a informação vai para a FIFA. E a FIFA é
quem envia essa informação para a Confederação e para a
federação membro. Neste caso, eventualmente, seria a CBF.
5.8. Atuação da CBF frente às denúncias de manipulação de

*CD230727930200*
resultados
No dia 11 de setembro de 2023, às 17h, foi realizada a oitava

audiência pública da CPI9, com o tema “Atuação da CBF frente às denúncias de
manipulação de resultados”, atendendo aos Requerimentos n. 22, 61, 82, 114, 254,

26

REL n.1/2023
255, 256 e 260, todos de 2023, de autoria dos Deputados Daniel Agrobom, Fred
Costa, Luciano Vieira, Mersinho Lucena e Ricardo Silva. Foram convidados para o
evento os Srs. André Megale (ex-Diretor de Governança e Conformidade da
Confederação Brasileira de Futebol), Gilnei Botrel (ex-Diretor Financeiro da
Confederação Brasileira de Futebol), Rômulo Reis (ex-Diretor de Integridade da
Confederação Brasileira de Futebol), e Júlio Avellar (Diretor de Competições da
Confederação Brasileira de Futebol).
O Sr. André Megale expôs a forma de atuação da Diretoria de

Governança e Conformidade da Confederação Brasileira de Futebol:
Dentro dessa diretoria, quais eram as principais

atribuições? Estou trazendo aqui os conceitos principais da
diretoria, para depois podermos fazer uso dessa informação
nos debates. O que, basicamente, a diretoria fazia era um
acompanhamento da questão ética, ou seja, da aplicação do
novo Código de Ética, do funcionamento da Comissão de Ética,
que é independente, autônoma, que conduz as investigações e
as apurações de maneira absolutamente reservada, inclusive
preservando os denunciantes e, eventualmente, os
denunciados. O Canal de Ética foi implementado naquela
época justamente para promover esse diálogo com a
sociedade brasileira, porque o Código de Ética da CBF não se
aplica só à CBF, ele se aplica a toda a coletividade que orbita o
futebol brasileiro. Esse funcionamento era acompanhado por
mim. Se a Comissão de Ética sentisse que o canal não estava
funcionando muito bem ou que o Código de Ética tinha alguma
obscuridade, ou alguma questão de interpretação,
promovíamos isso com o jurídico, com outras áreas da CBF.
Mas eu não conduzia as investigações. Elas eram conduzidas
privativamente pela Comissão de Ética, independente e
autônoma. E eu garantia que isso funcionasse. Isso estava
dentro da nossa diretoria. Além disso, nós implementamos,
também por exigência da parte de governança, o selo de
gestão ISO 9001:2015, que é talvez um selo pioneiro
mundialmente. Eu não conheço outra associação desportiva,
pelo menos não à época, que tivesse essa certificação. Então,
*CD230727930200*
nas áreas principais da CBF, fazíamos mapeamento de

processos, avaliação de profissionais. Tudo isso era feito pelas
áreas, mas nós tínhamos uma coordenação centralizada para
conduzir as auditorias internas anualmente e garantir essa
certificação ano a ano.
27

REL n.1/2023
O Sr. André Megale explicou o fluxo da Confederação Brasileira de

Futebol referente a eventual notificação de manipulação de resultado pela empresa
SportsRadar:
O procedimento, tanto de contratação como de

relacionamento, com a SportsRadar era feito diretamente pelo
Departamento de Competições, que possuía um coordenador
específico de integridade de partidas. A entidade assim
entendeu. A governança da entidade é feita, obviamente, pelo
seu estatuto e pelas diretrizes traçadas pela assembleia geral,
que é soberana. A partir desse modelo, identificou-se que essa
área de integridade, como é especificamente relacionada à
área técnica de partidas, deveria estar alocada dentro de
competições.
Então, a Diretoria de Governança e Conformidade
teria interesse, se recebesse alguma formalização de algo que
não estivesse de acordo, mas, com o fluxo normal desse
relacionamento com a área de competições, a nossa área
nunca participou desse fluxo nem foi demandada tanto nesse
período.
O Sr. Gilnei Botrel prestou as seguintes informações, em resposta a

diversos questionamentos de Deputados:
Com relação aos valores, como eu disse ao senhor,

o meu período como diretor foi de março de 2016 até o dia 5 de
julho de 2023 do ano corrente. A CBF tem dezenas, digo,
centenas de contratos na sua contabilidade no seu dia a dia.
Então, eu recebi o convite desta CPI há 15 dias. Eu já estava
fora da entidade, à qual peço desculpas por não saber aqui de
cor alguns valores. Um ponto importante é que a entidade,
hoje, é tributada pelo lucro real, como qualquer grande
multinacional.
Valores da Brax. Eu já tinha informado que eles contemplam a
Série A, e, com cada clube, há uma negociação específica.
Esses valores não transitam pelo caixa da CBF. E há a Série B
e a Copa do Nordeste. A Série B é transmissão e publicidade
estática. Eu me recordo que o valor do contrato de publicidade
*CD230727930200*
estática é de 27 milhões de reais e o valor de transmissão

estava ainda em fase de assinatura final. Até o momento em
que eu estava, em julho do ano corrente, a empresa cumpriu e
estava adimplente com a entidade.
Sobre empresas de casas de apostas, houve, sim, antes do
Presidente, a contratação, pelo que eu me recordo, da Galera
Bet, que também cumpriu integralmente o seu contrato.
28

REL n.1/2023
A outra pergunta é sobre Leo Ferraz. Eu desconheço qualquer

ligação que tenha com relação à empresa Brax, pelo menos de
conhecimento da CBF. E, sim, os pagamentos da entidade
seguiam todos os preceitos legislativos, seguindo as normas
contábeis. Então, qualquer pagamento que a CBF efetua se dá
mediante nota fiscal, quando, no caso, do seu respectivo
contrato.
O Sr. Julio Avellar ressaltou a importância de que o Brasil faça parte

da Convenção de Macolin:
Antes mesmo da instalação desta CPI, a CBF encaminhou ao

Presidente Lula um ofício solicitando a adesão do Brasil à
Convenção de Macolin, que trata da manipulação de
competições esportivas. Ela é o primeiro e único instrumento
jurídico internacional para dispor sobre esse tema.
Aderir à Convenção de Macolin seria um passo extremamente
importante para a formulação de uma estratégia nacional
robusta e integrada, com base nas melhores práticas
internacionais, com o suporte necessário para a superação das
lacunas legislativas existentes e também para a implementação
de uma plataforma nacional de integridade desportiva.
No mesmo ofício, a CBF também sugeriu ao Presidente e ao
Governo que estimulasse o Escritório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crime — UNODC a implementar, no Brasil, o
Programa Global de Salvaguarda do Esporte contra a
Corrupção e o Crime, criado em 2017. O UNODC atualmente
tem 15 iniciativas, nenhuma ligada à corrupção do esporte.
Outra sugestão feita pela CBF foi a promoção do Programa de
Excelência em Segurança, Governança e Integridade no
Esporte, do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e
Pesquisa — UNITAR, em parceria com o Centro Internacional
de Segurança Esportiva, conhecido como ICSS, referência
para a integridade no mundo. O programa tem a finalidade de
capacitar gestores públicos, legisladores e tomadores de
decisão obre os mecanismos de cooperação existentes,
aspectos regulatórios, políticas públicas, estratégias de
otimização de recursos, dentre outros tópicos para o combate
*CD230727930200*
efetivo à manipulação de resultados.
Também detalhou a parceria firmada entre a CBF e a Sportradar:
Já no ano de 2022, no início da gestão do Presidente Ednaldo

Rodrigues, a CBF celebra um contrato de monitoramento com
a Sportradar, contrato esse que estava sem renovação nos
anos da pandemia — eu vou falar um pouco mais sobre isso à
29

REL n.1/2023
frente —, de monitoramento de todos os campeonatos

nacionais organizados pela CBF, monitoramento de todos os
27 campeonatos estaduais de primeira divisão. Criamos um
banco de dados. São mais de 5 mil jogos monitorados hoje por
ano, são mais de 45 campeonatos monitorados por ano, ou
seja, com um aumento de 347% em jogos monitorados e um
aumento de 700% de campeonatos monitorados.
Cerca de cem denúncias foram enviadas às federações, ao
STJD, ao Comitê de Ética e houve dois envios direto ao
Ministério Público. Nós fizemos uma revisão no Regulamento
Geral de Competições, criando novas regras e atribuindo
importância e rigor à integridade e sanções administrativas,
independentemente de outras já existentes na legislação. E
nós fazemos sempre um alinhamento constante com entidades
e autoridades públicas.
Aqui está um pouquinho disso eu expliquei, desse meu
resumo, numa linha do tempo. Como os senhores podem
observar, durante todo esse período de 2018 até a gestão atual
do Presidente Ednaldo Rodrigues, em 2023, estendendo-se até
2024, a CBF tem um contrato guarda-chuva que é provido pela
FIFA, já explicado pelo Juan aqui outro dia, e que engloba o
Campeonato Brasileiro da Série A, da Série B, a Copa do Brasil
e o Brasileiro Feminino A1.
No ano de 2018, a CBF celebrou um contrato diretamente com
a Sportradar, em que alguns jogos das Séries C e D eram
monitorados. Ou seja, além do contrato guarda-chuva que
existia, da FIFA, a CBF fez um contrato direto em 2018, em
que poucos jogos eram monitorados, das Séries C e D. Esse
contrato foi renovado, em 2019, por mais 1 ano, continuando
com esses mesmos poucos jogos das Séries C e D. Em 2020 e
2021, no contexto da pandemia, esse contrato não foi
renovado, porém o serviço foi prestado, conforme o Juan
explicou aqui na semana passada.
Já na gestão do Presidente Ednaldo, para todos os
campeonatos nacionais, estaduais, da Série A, de acesso,
além de estaduais de base, foi feito um contrato, ampliando o
escopo de serviço provido diretamente pela Sportradar à CBF.
Quem é a Sportradar? Não vou me alongar muito porque ela já
esteve aqui presente. Mas ela é a empresa-líder global em
*CD230727930200*
serviços de integridade esportiva, especializada no

monitoramento e prevenção de manipulação de resultados.
A Sportradar tem, no seu portfólio, hoje, FIFA, CONMEBOL,
UEFA, NBA, FIA, no automobilismo, AFC — Federação
Asiática de Futebol, etc. Ou seja, a Sportadar é a empresa de
referência no que tange à integridade esportiva no mundo, na
manipulação de resultados. Então, ela utiliza uma série de
recursos e ferramentas tecnológicas no combate à corrupção
30

REL n.1/2023
do esporte, por meio do monitoramento permanente, atuando

em estreita colaboração com entidades esportivas, autoridades
reguladoras e agências de aplicação da lei.
Vou traduzir isso aqui um pouco em números. Como os
senhores podem ver, do ano de 2018 até, mais ou menos,
2021, havia algo em torno de 1,2 mil partidas sendo
monitoradas pela Sportradar. Já nos anos de 2022 e 2023,
esse número cresce exponencialmente para mais de 5 mil
partidas monitoradas.
Então, reenfatizo aqui que, na gestão do Presidente Ednaldo
Rodrigues, houve um aumento de 347% dos jogos monitorados
e um aumento de 700% dos campeonatos monitorados.
Quais são os processos internos? Até acho que isso já foi alvo
de algumas perguntas aos meus colegas que me antecederam.
A Sportradar, inicialmente, faz um monitoramento diário de
todos os jogos. Ela monitora o mercado de apostas no que diz
respeito a clubes, atletas, árbitros, dirigentes, outros agentes.
Ela presta suporte, quando solicitado, às federações. Existem
federações que entram em contato conosco e pedem mais
informações acerca de casos suspeitos de algumas partidas.
Nós também prestamos, assim como a Sportradar, um suporte
direto ao STJD e aos Ministérios Públicos em suas diligências.
E aqui eu posso ressaltar que há um trabalho contínuo de
aprimoramento desses relatórios que são enviados pela
Sportradar e que são retransmitidos pela CBF a esses órgãos d
Direito.
Como funciona esse processo de envio? Como se processa
isso dentro da casa? Nós recebemos um relatório da
Sportradar, do qual se faz uma análise se o jogo suspeito é de
competição nacional ou é de competição estadual. Uma vez
analisado isso, esse relatório é enviado. E para quem ele é
enviado? Ele é enviado, no caso das competições nacionais,
ao STJD e ao Comitê de Ética da CBF, e, no caso das
competições estaduais, ele é enviado, além de ao STJD e à
Comissão de Ética, também às federações envolvidas. Então,
é assim que se processam e enviam esses relatórios.
E por que é constante esse trabalho de aprimoramento que
vem sendo feito pelo menos desde a gestão do Presidente
Ednaldo, sobre a qual eu posso responder? Aliás, só quero
*CD230727930200*
deixar bem claro que eu entrei na CBF em abril do ano

passado, logo após o Presidente Ednaldo Rodrigues assumir a
Presidência da CBF. Então, há um alinhamento constante
desses procedimentos. Até ressalto aqui para os senhores que,
em determinado momento, a CBF apurou que o próprio
linguajar desses relatórios estava um pouco aquém do que as
entidades necessitavam para processar ou abrir as diligências
desses casos. Foi feito um trabalho de aprimoramento da
31

REL n.1/2023
linguagem, dos fatos, das informações providas nesses

relatórios pela Sportradar para dar um melhor subsídio às
entidades que estavam recebendo esses relatórios. Então, há o
esforço permanente dessas melhorias, dessas informações e
desses dados.
Também solicitamos à Sportradar — ou quando nos é
solicitado — relatórios complementares sobre casos
específicos. Quando eu mencionei aqui o STJD, o suporte ao
STJD e ao Ministério Público, nós tivemos dois Ministérios
Públicos que entraram em contato conosco, após denúncias
feitas pela CBF ao STJD, ao Comitê de Ética e às federações,
e nos requereram mais informações sobre os casos suspeitos
com os quais estavam lidando. E esse suporte foi dado. O
mesmo suporte foi dado ao STJD quando um relatório ou
alguns relatórios foram recebidos pela casa, e eles precisavam
de ajuda ou gostariam de mais informações em como
interpretar esses relatórios ou clarificar dúvidas. Isso também
foi provido e é provido pela CBF.
Mostraremos um pouco de dados quantitativos aqui. No ano de
2022, a CBF recebeu um total de 27 relatórios de casos
suspeitos de manipulação de resultado. No ano de 2023, esse
número é de 56. Como os senhores podem ver aqui, não vou
entrar em todos os detalhes, nós temos competições nacionais
e competições estaduais. E a grande maioria ou a maioria dos
casos suspeitos de manipulação de resultados estão em
campeonatos de base ou estaduais, e não em competições
nacionais. Mas é importante ressaltar que nós tratamos todos
da mesma forma, de forma igualitária, dando todo o suporte
possível.
Então, esses 83 casos, esses 83 relatórios de suspeita de
manipulação se resumem a 3 relatórios encaminhados apenas
às federações, relacionados a competições estaduais; 78
relatórios encaminhados ao STJD e à Comissão de Ética —
isso não quer dizer que não foram enviados também às
federações, pois está dentro desse número também — e 2
casos, como já elucidei, enviados diretamente ao Ministério
Público do local da partida.
Mostrarei um pouco mais sobre o Regulamento Geral de
Competições. No Regulamento Geral de Competições — RGC
*CD230727930200*
do ano de 2023, tentamos dar maior importância e rigor em

relação a questões ligadas à integridade, tendo uma maior
abrangência para cercar toda e qualquer possibilidade de
manipulação.
O Sr. Rômulo Reis também abordou, em sua apresentação principal,

o fluxo de informações entre a CBF e a Sportradar:
32

REL n.1/2023
Dentro do que já foi falado para os senhores, a Sportradar era,

sim, a provedora de serviço e não deixou de ser a provedora
de serviço. Na verdade, ela é uma líder mundial. Não conheço
alguma outra empresa que faça o serviço com a mesma
qualidade. Os relatórios dentro do contrato guarda-chuva da
FIFA cobriam, sim, a Série A, a Série B, parcialmente a Série C
e parcialmente a Série D, no início. Ao longo do período, essas
questões foram acontecendo. Lembro no que o mercado de
apostas no Brasil se tornou. No futebol brasileiro, se contarmos
com os campeonatos estaduais, passa da casa dos 10 mil
jogos seguramente.
Todos os relatórios, na ocasião, foram recebidos, analisados e
encaminhados para o STJD, seja via Diretoria de Competições,
seja via Secretaria da própria Diretoria. É um processo até um
pouco similar do que ainda é feito, de acordo com o que foi
explanado aqui.
Resumidamente, era essa a atividade. Além dos contatos
diretos, a FIFA normalmente solicitava alguma explicação,
mandava relatório direto, sem ser pela Sportradar.
Consequentemente, eu acabava recebendo o mesmo e-
mail. Era um fluxo de informação até contínuo.
5.9. Comissão de Ética do Futebol Brasileiro - CEFB
No dia 13 de setembro de 2023, às 14h30, foi realizada a nona

audiência pública da CPI10, com o tema “Comissão de Ética do Futebol Brasileiro -
CEFB”, atendendo aos Requerimento n. 211/2023, de autoria do Deputado Danilo
Forte. Foi convidado para o evento o Sr. Carlos Renato de Azevedo Ferreira,
Presidente da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro.
O Sr. Carlos Renato, procurou, em suas respostas aos

parlamentares, elucidar a forma como a Comissão de Ética e o Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD) do futebol tratam de denúncias de manipulação de
resultados:
Existe hoje o STJD, que, pelo Código Brasileiro de Justiça

*CD230727930200*
Desportiva, cuida do aspecto desportivo dentro de campo, e a

Comissão de Ética, que é nova, começou em 2017. Pouca
gente a conhece, pouca gente sabe que, no Código de Ética,
há dispositivos expressos a respeito de manipulação de
resultados, o que já é um avanço.

33

REL n.1/2023
Só para o senhor ter uma ideia, de 2017 até agora — antes de

começar essa questão da manipulação descoberta pela
denúncia do Presidente do Vila Nova e do MP de Goiás —,
tivemos, durante todo esse período, quatro denúncias sobre
manipulação.
Realmente, embora a Comissão de Ética procure se divulgar, a
busca maior ainda é pelo STJD. Na realidade, nada impede —
e já houve uma decisão nesse sentido — que o STJD e a
Comissão de Ética possam punir alguém pelo mesmo fato. (...)
Às vezes, dizem que o mesmo fato não pode ser punido duas
vezes — pode. Já houve casos em que um jogador mostrou a
genitália para torcida depois que fez o gol. O STJD o puniu.
Mas houve uma denúncia para a Comissão de Ética. O STJD o
puniu pela conduta em campo, e a Comissão de Ética, pela
conduta extracampo. Hoje, como o STJD é mais conhecido, ele
é mais procurado para esse tipo de denúncia. A Comissão de
Ética é pouco procurada. No que se refere aos assuntos
internos da CBF, nós não nos imiscuímos, salvo se houver uma
denúncia.
Aqui trago outro aspecto seriíssimo, Deputado, que o Código
de Ética e Conduta do Futebol Brasileiro nos colocou. Posso
repetir, não há uma linha minha nesse código. Ele realmente é
amplo, cobre todo o futebol brasileiro. Mas, respeitando o
princípio constitucional da dignidade humana, ele colocou o
famoso sigilo, em proteção do denunciante e do denunciado.
Assim, enquanto o processo estiver em andamento, o sigilo é
total. Todos nós sabemos de um Presidente da CBF que foi
afastado provisoriamente e depois afastado definitivamente.
O senhor não faz ideia, eminente Deputado, de como a
imprensa procurava a Comissão de Ética naquela ocasião para
obter informações! A mídia tem todo o direito de ter
informações, mas o sigilo tem fundamento constitucional, o
dever de sigilo está no código. Nós não podemos dar nenhuma
informação a respeito, nem se existe a denúncia ou não.
Chega-se a esse ponto.
Então, nós também temos dificuldade. Constituímos uma
comissão dentro da Comissão de Ética, uma subcomissão,
exatamente para apresentar sugestões que possam melhorar
esse ambiente de punição na manipulação de resultado.
*CD230727930200*
Inclusive eu dizia aqui, no início da minha apresentação, que

este Parlamento já tem uma história que nunca vai ser
esquecida, a de incrustar o art. 207 na Constituição, que diz
que é dever do Estado garantir o direito ao desporto a todos
nós. E a Constituição detalhou esse dever. Isso quem colocou
foram os Srs. Deputados, na reforma da Constituição em 1988.
34

REL n.1/2023
Eu falei também que a Lei Geral do Esporte é recente, e o

momento é propício para, nos trabalhos desta Comissão,
criminalizar — e a Comissão de Ética está à disposição para
apresentar também ideias, embora a área criminal não seja a
minha especialidade, porque eu sempre fui civilista — enfim,
para criar formas de punição.
Como o senhor mencionou, não deve haver essa desigualdade
entre o jogador que não tem poder aquisitivo e o jogador que
tem poder aquisitivo. Enfim, precisamos exatamente repensar
tudo isso que estamos enfrentando.
(...)
Não se repassa nada para o STJD. Ambos os colegiados têm
competência — não concorrente, mas complementar. O que
acontece no campo de jogo é penalidade desportiva, prevista
no CBJD — Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O que
acontece fora do campo é infração ética, prevista no Código de
Ética e Conduta do Futebol Brasileiro. Numa decisão
fundamental, o STJD, pela sua Presidência, deixou claro que
não há nenhuma incompatibilidade entre a atuação das duas
entidades, cada qual na sua área específica.
Na realidade, Deputado Danilo, a respeito do sigilo, que o
senhor fala que seria só na parte de inquérito, ainda,
lamentavelmente... Pelo nosso regulamento, pelo código que
trata de processo com o qual nós temos que trabalhar, isso não
vai para a área penal. Ele diz que cabe ao Código de Processo
Civil. E termina dizendo que o sigilo só se encerra depois de
julgado o processo.
Quer dizer, a denúncia vai para a Câmara de Investigação,
composta por três conselheiros. Um relata e outros dois votam.
E, se entenderem que os indícios se transformam em
evidências, através das provas, isso é remetido para a Câmara
de Julgamento, onde outros três conselheiros, que não
participaram da investigação, irão votar.
Nesse aspecto, o sigilo nos é imposto, eminente Deputado, até
o encerramento do julgamento pela Câmara de Julgamento.
Então, infelizmente, eu nem posso responder ao senhor a
indagação sobre essa questão do Juazeiro, porque o sigilo me
impede de dizer até se existe a denúncia.
*CD230727930200*
6. OITIVAS
6.1. Oitiva do Sr. Marcos Vinicius Barreira (Romário)
35

REL n.1/2023
No dia 20 de junho de 2023, às 14h30min, foi realizada reunião

para oitiva do Sr. Marcos Vinicius Alves Barreira (Romário) 11, convocado em
razão da aprovação do Requerimento n. 143/2023, do Deputado Yury do Paredão.
Por tratar-se de oitiva, transcrevo-a na íntegra:
“O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Sr.

Marcos Vinicius Alves Barreira, brasileiro, atleta de futebol profissional, informo, pela
aprovação do Requerimento nº 143, de 2023, de autoria do Deputado Yury do
Paredão, que o senhor foi convocado a prestar depoimento perante a Comissão.
Desde já, agradeço ao senhor e ao seu advogado pela

disponibilidade, registrando que serão assegurados os seus direitos constitucionais.
Concedo a palavra ao Relator, Deputado Felipe Carreras.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Presidente,

Deputado André Figueiredo, que hoje assume a Liderança do nosso bloco,
composto por nove partidos, eu queria agradecer a confiança de todos os Líderes do
nosso bloco e agradecer a confiança do Líder André Figueiredo, do PDT, agora
liderando o nosso bloco. Eu queria dizer, Deputado André, que V.Exa. é uma grande
referência política para nós aqui na Câmara dos Deputados. Foi Líder da Oposição;
um Parlamentar que esteve conosco na legislatura passada na Comissão do
Esporte defendendo o esporte; já foi um brilhante Secretário do Esporte do Ceará; e,
agora, está conosco neste papel desafiador da CPI da manipulação de resultados,
como Vice-Presidente, hoje, presidindo esta Comissão. Eu queria dizer que V.Exa. é
um grande orgulho para todos nós, Deputado André. Eu quero aqui agradecer ao
jogador de futebol Romarinho, o Marcos Vinicius Alves Barreira, e também ao seu
advogado, o Sr. Odair de Menezes, por estarem aqui hoje para nos ajudar a
elucidar, investigar e nos aprofundar em tudo o que está acontecendo no nosso
País, que coloca em xeque a credibilidade do futebol brasileiro. Eu formulei aqui
*CD230727930200*
algumas perguntas. Não farei as dez, em respeito, inclusive, aos colegas

Deputados, para dividir... Vou fazer uma sequência, Presidente, se assim o senhor
me permitir, de cinco perguntas. Deputado Eduardo Bandeira de Mello, que já
presidiu o Flamengo, está aqui nos dando a honra. Farei algumas perguntas. Um

36

REL n.1/2023
breve resumo em relação ao jogador de futebol, que a nossa assessoria nos

preparou: ex-jogador do Vila Nova, o Romário foi denunciado na primeira fase da
Operação Penalidade Máxima e foi apontado, pelo Ministério Público de Goiás,
como o pivô de um esquema fraudulento. No último dia 30 de maio, foi banido do
futebol pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva — algo, inclusive, que a gente
vai investigar um pouco mais, querido Deputado José Rocha. Como é que um
jogador é banido e o outro é punido com seis, oito partidas? Que critério é esse,
nosso querido ex-Ministro, Deputado Marcelo Álvaro Antônio? Que critério é esse
em que, Deputado Danilo Forte, o jogador do Vila Nova tem a punição de ser banido
do futebol e um jogador de um clube tradicional de futebol brasileiro tem uma pena
de algumas partidas? Eu acho que a gente tem que discutir isso. E esta CPI também
poderá investigar por que esse tratamento diferenciado. Mas vamos direto aqui a
algumas perguntas. Romarinho, como os investigados entraram em contato com o
senhor e como se deu a conversa para participar do esquema de manipulação de
resultados? Pergunta dois: em quantos jogos o senhor recebeu instrução e
benefícios para fraudar o resultado de acordo com as demandas dos investigados?
Eu farei duas perguntas, depois farei mais a sequência de duas e mais uma para
poder facilitar as respostas do jogador Romarinho.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Qual

que é a primeira?
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - A primeira

pergunta: como os investigados entraram em contato com o senhor e como se deu a
conversa para participar do esquema de manipulação de resultados?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Boa

tarde a todos. Primeiramente quem entrou em contato comigo foi o Vitor, não foi o
Bruno. Foi aí que ele me abordou. Eu acho que eu tinha acabado de chegar dos
*CD230727930200*
Emirados, estava sendo negociado na época. Aí eu fui para lá para fazer exame
médico. Acabei não passando e acabei voltando. Esse Vitor, ele tem uma loja de
roupa — eu comprava bastante roupa dele, acessórios. Foi ele que me abordou na
época. Na época eu lembro que ele me mandou mensagem no WhatsApp — era
uma e pouco da manhã. Eu estava com a minha esposa. Foi aí que ele começou a
37

REL n.1/2023
falar desses esquemas, que já tinha feito antes, que já estavam surgindo essas
apostas aí. Foi aí que ele fez a proposta para mim.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Segunda pergunta

aqui, Romarinho: em quantos jogos o senhor recebeu instrução e benefício para
fraudar o resultado de acordo com as demandas dos investigados?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É...

Nenhuma vez, porque eu tinha acabado de voltar dos Emirados e eu não podia jogar
mais aquele ano, porque, como eu já tinha rescindido com o Vila, já tinha um
contrato lá. Quando eu voltei, a janela já estava fechada, e eu não podia jogar mais.
Mas eles fizeram a proposta para mim, e eu neguei, só que meu erro foi ter passado
o número do Gabriel Domingos para eles, entendeu? Foi isso.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Esses investigados

e os manipuladores chegaram a te falar que outros jogadores do campeonato de
Goiás, de clubes de Goiás também participavam desse tipo de manipulação de
resultados?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Não.

De Goiás, não. Mas de outros Estados, sim.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Quais os Estados e

quais os jogadores?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - De

jogadores, eles não chegaram a falar, não, só falaram os clubes em que os
jogadores jogavam. Mas os nomes eles não chegaram a falar.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Quais os clubes,

Romarinho?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) -

*CD230727930200*
Cruzeiro, Avaí, Santos, já chegaram a falar. E, na época, eu acho que foi Atlético
Mineiro que eles chegaram a falar.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Cruzeiro, Avaí,

Santos, Atlético Mineiro...
38

REL n.1/2023
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Isso.

Esses que eles chegaram a falar. Eles chegaram até a me mandar vídeo dos caras
fazendo para eles, só que na época eu nem sabia quem era. Eles não chegaram a
falar o nome do jogador.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Eles falaram há

quanto tempo estavam praticando esse tipo de manipulação de resultados?

Não chegaram a falar, não.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Está bem. Eu vou

agora, Presidente, com a sua autorização, parar com as perguntas e depois eu
retorno, em respeito aos colegas e ao autor do requerimento, para a gente dar
sequência à audiência pública.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) -

Obrigado, meu grande Relator, e, até ontem, também Líder do nosso bloco, mas
que sempre lidera e que tem, digamos assim, uma atuação extremamente grandiosa
nesta Casa. Concedo a palavra ao autor do requerimento, o Deputado Yury do
Paredão.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Boa tarde a todos. Boa

tarde, Deputados e Deputadas aqui presentes a mais uma reunião desta CPI, tão
importante para o nosso futebol brasileiro.
Quero aqui, Sr. Presidente, parabenizá-lo por V.Exa. ter assumido a

Liderança do maior bloco desta Casa. Isto é motivo de orgulho para nós cearenses:
termos um conterrâneo como V.Exa. na condição de Líder do maior bloco desta
Casa. Então, quero deixar aqui os meus parabéns. Sr. Presidente, antes de entrar
nas perguntas, eu quero só relatar uma reportagem que saiu no jornal O Globo. Ela
foi assinada pelo jornalista Rafael Soares. Essa matéria revela que cinco Estados
*CD230727930200*
têm investigações sobre manipulações de partidas, e, entre esses Estados, estão

Alagoas e Rio Grande do Sul. Essa reportagem do Rafael revela que um grupo de
investidores propôs uma parceria com Francisco Ferro, dono do FF Sport, clube de
futebol de Alagoas. A parceria, Sr. Presidente, era a seguinte: a empresa contrataria
jogadores para que o time pudesse disputar a Copa de Alagoas. E o Presidente do
39

REL n.1/2023
clube, o Ferro, aceitou a cooperação, mas, para a surpresa dele, segundo o jornal O
Globo — isto não sou eu que estou dizendo, Sr. Presidente —, após a partida de
futebol, o dono do FF Sport saiu do estádio e foi direto à delegacia para denunciar a
manipulação de resultados. E, segundo a reportagem, existem outros casos. Como
Parlamentar que faz parte desta Comissão, vejo que esta é uma Comissão séria.
V.Exa. também é um Presidente sério, assim como outros colegas que estão aqui.
Vejo que esses tipos de empresa podem descredibilizar o futebol brasileiro. Essas
empresas que promovem apostas esportivas no futebol podem, sim, descredibilizar
o nosso futebol brasileiro. Sr. Presidente, por isso bato tanto nessa tecla aqui, junto
de alguns colegas, como o Deputado Wellington Roberto, o Deputado Luciano
Vieira, o Ministro Marcelo Álvaro Antônio, o Deputado Júnior Mano. Por isso, nós
batemos tanto nessa tecla no sentido de convidá-los, de convocá-los ou de trazê-los
como testemunhas. É trazer as casas de apostas, é trazer essas empresas para
participar desta CPI. Em minha visão, Sr. Presidente, eu tenho certeza de que eles
têm muito a colaborar com esta CPI, porque eles estão vivenciando o dia a dia do
futebol brasileiro. Eles estão faturando e ganhando muito dinheiro com o futebol
brasileiro. Acho que eles podem nos ajudar, sim, a criar regulamentações, podem
nos ajudar aqui. Nós sabemos, Sr. Presidente, que em toda atividade há algumas
pessoas que usam de má-fé, mas também há muitos empresários e muitas pessoas
que têm boa-fé, que trabalham de forma correta. Sei que há muitos empresários,
donos de casa de apostas e de sites de apostas que são sérios. Há muitos. Tenho
quase certeza de que eles são a maioria. Entretanto, há outros que estão querendo
macular o futebol brasileiro contratando jogadores. Na última sessão aqui, nosso
amigo Deputado comentou que uma casa de apostas contratou um jogador de
futebol, Deputado André Figueiredo, pagou o seu salário, e que essa foi uma das
contratações mais caras do Internacional. Foi uma casa de apostas que o pagou.
Aqui nós não temos nada contra, Relator Felipe Carreras, as casas de apostas. Em
*CD230727930200*
minha visão e na dos meus amigos Deputados — acho que na de V.Exa. também,
que é um grande sábio —, eles podem colaborar bastante junto conosco. A nossa
missão nesta Comissão, além de investigar, acho que é criar juntos, Deputado
Wellington Roberto, regulamentações para proteger o nosso futebol brasileiro. O
futebol brasileiro está precisando ser protegido. O futebol brasileiro é um patrimônio.
Eu acho que ele é um dos maiores patrimônios deste Brasil. E nós iremos, com
40

REL n.1/2023
certeza, fazer o nosso papel e criar regulamentações para proteger o futebol

brasileiro. Podemos também, Relator Felipe Carreras, sugerir para os sites de
apostas que eles possam tirar essas apostas de cartão amarelo, apostas de
escanteio até 5 minutos do primeiro tempo, apostas de quantos tiros de meta o time
A ou B vai ter, porque isso, Relator Felipe Carreras, com certeza, traz facilidades
para corromper o nosso futebol brasileiro. Então, quais são as medidas que as
casas de apostas estão tomando para evitar a manipulação de jogos, tendo em vista
que eles estão participando do futebol brasileiro, que eles estão contribuindo com o
futebol brasileiro? Muitos deles investem bastante no futebol brasileiro, Deputado
Júnior Mano, como patrocínio...

Deputado Yury do Paredão, desculpe-me interrompê-lo.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Eu queria só pedir o tempo

de Liderança do PL. É só mais 1 minuto, viu, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Está

certo. É porque quero saber se V.Exa. vai ter interesse em fazer perguntas ao
depoente.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Vou. Tenho aqui três

perguntas para fazer. Peço só mais 1 minuto. Está bem?

Perfeito.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Muito obrigado. Eu queria

saber quais são as medidas que esses sites de apostas estão tomando para
proteger o nosso futebol brasileiro. Queria saber também se eles têm conhecimento
de algo já divulgado sobre manipulação de jogos e se eles são favoráveis ou não à
regulamentação por parte do Governo Federal da atividade. Nobre Relator, acho
*CD230727930200*
que seria de bom grado que V.Exa. trouxesse estas casas de apostas aqui para que
pudéssemos debater, dialogar e construir regulamentações e grandes pautas com
eles nesta Comissão. Muito obrigado pela sensibilidade e pela colaboração, Sr.
Presidente. Agora, quero fazer perguntas ao jogador Marcos Vinicius Alves Barreira.
Sr. Marcos Vinicius, considerando seu banimento do futebol, qual é a perspectiva
41

REL n.1/2023
atual sobre a integridade e a transparência nas competições esportivas? Quais

medidas — antes de ser banido, você era jogador de futebol — você acredita que
serão necessárias para prevenir a corrupção no esporte, no nosso futebol, e
proteger a integridade das competições? Sr. Presidente, eu faço as três perguntas e
depois ele responde, ou faço uma por uma?
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Faça

as três perguntas.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Está bem, muito obrigado.

Como jogador profissional, Sr. Marcos Vinicius, quais foram as pressões que o
senhor sofreu — pressões e incentivos —, que o senhor enfrentou, no ambiente
esportivo, em relação às apostas? Houve alguma situação em que você tenha sido
pressionado, coagido — você, alguém da sua família ou seu advogado —,
relacionada a atividades ilegais relacionadas a apostas? Queria saber se você está
prestando bem atenção às minhas perguntas, porque eu queria muito que você
pudesse responder, está bem? Se você quiser ir anotando aí, eu posso voltar aqui e
fazê-las novamente.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Estou falando com

o Romarinho. Para ele, fica mais fácil...
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Responder uma de cada

vez, não é?
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Este seria o perfil

de qualquer um, pode ser um Parlamentar. Pergunta a pergunta, para ele responder
uma; depois, responde outra.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Por mim tudo bem, por mim
tudo bem. Vou repetir, reformular a primeira pergunta, está bem? Sr. Marcos
Vinicius, considerando seu banimento do futebol, qual é a sua perspectiva atual
*CD230727930200*
sobre a integridade e a transparência nas competições esportivas? Quais medidas

você acredita que são necessárias para prevenir a corrupção no futebol e proteger a
integridade das competições?
42

REL n.1/2023
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Para

mim, eu acho que deveria tirar as casas de apostas para jogador. Eu acho que é
melhor assim: tirar as casas de aposta.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Muito obrigado pela

resposta. Vou seguir aqui com a segunda pergunta. Sr. Marcos Vinicius, como
jogador profissional, quais foram as pressões ou incentivos que você enfrentou no
ambiente esportivo em relação às apostas? Houve alguma situação em que você
tenha sido pressionado, coagido — você, sua família, algum amigo ou seu
advogado? Alguém de vocês foi coagido, ou pressionado, ou até ameaçado a
participar de atividades ilegais relacionadas a apostas?

Depois que aconteceu isso, até no dia mesmo que eu passei o número do Gabriel
Domingues para o Bruno, eu já não tive mais nada a ver com isso. Aí, depois disso,
o Bruno veio me procurar, porque o Gabriel Domingues não ia ser titular no jogo
contra o Sport. Ele veio me procurar, me cobrando os 500 mil que ele havia perdido
na aposta, e eu falei para ele que eu não teria como pagar uma coisa que eu não fiz.
Aí foi que começaram as ameaças dele. Tem até prints, vídeo dele me ameaçando,
ameaçando minha família também. E é isso.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Então, o senhor recebeu

ameaças desse... Como é o nome da pessoa?

Bruno.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Do Bruno, não é? Muito

obrigado. Eu vou aqui seguir para a terceira pergunta. Sr. Marcos Vinicius, na sua
opinião, quais são as principais causas que levam jogadores e outros profissionais
do esporte, como juízes, árbitros, técnicos de futebol, presidentes de agremiações,
*CD230727930200*
enfim, a se envolver em atividades relacionadas a apostas ilegais ou manipulação

de resultados? E como o senhor acredita que esse problema pode ser mitigado?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Essa

pergunta aí eu não vou saber responder, não.
43

REL n.1/2023
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Você quer que eu

reformule a pergunta para ficar mais fácil?

É só que eu não sei mesmo responder essa pergunta.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Acho que você não quer
responder, porque você é jogador e faz parte do futebol. Mas tudo bem. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Antes

de passar a palavra ao Deputado Ricardo Ayres, que é o primeiro inscrito, queria
dizer ao Deputado Yury que eu estive em uma missão oficial, sem ônus para esta
Casa, junto à Federação Francesa de Futebol. E quero, Relator, falar com o
Presidente titular e passar um breve relatório na próxima reunião presencial que nós
tivermos.
Eles têm hoje uma agência nacional de jogos on-line, certo? E uma
das questões que foram proibidas na França foram apostas sem ser em resultados,
sejam eles parciais, do primeiro tempo, sejam finais, do jogo como um todo. Todas
essas apostas de cartão amarelo, pênalti, laterais e escanteios, a Federação
Francesa oficialmente não reconhece e não aposta. E a autoridade tem fiscalizado
isso.
Eu acho que é um dos produtos que vamos ter que tirar com certeza
desta Comissão.
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Com certeza, Sr.

Presidente. Então, mais uma vez fica o meu pedido, o meu apelo ao Sr. Relator, ao
Presidente titular, o Deputado Julio Arcoverde, para trazermos esses empresários,
esses empreendedores das casas de apostas, para que, juntos aqui, possamos
fazer um debate saudável e criar regulamentações para proteger o nosso futebol.
*CD230727930200*
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Todos

serão ouvidos, Deputado Yury do Paredão. Quero passar a palavra agora ao
Deputado Felipe Carreras, já que o nome dele foi citado em dois momentos.
44

REL n.1/2023
Eu participei de parte da reunião passada. Evidentemente, todos

aqui querem que esta CPI traga um resultado efetivo que, se não extirpar toda essa
pouca vergonha que é a manipulação de resultados, pelo menos crie mecanismos
que inibam a ação, principalmente daqueles que promovem todo esse tipo de crime
dentro do futebol brasileiro.
Então, gostaria que tentássemos ao máximo, digamos assim,

manter os ânimos serenos, para podermos terminar a oitiva do jogador Romário e,
consequentemente, avançar em pautas subsequentes.
Concedo a palavra ao Relator, o Deputado Felipe Carreras.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Muito bem. Quanto

à preocupação do colega Deputado Yury do Paredão em relação a trazer as casas
de aposta aqui, eu repito que nós validamos um plano de trabalho aprovado
democraticamente, não só por maioria, mas pela totalidade de todos os colegas
Deputados. Então nós teremos, sim, a associação da casa de apostas, talvez, na
próxima agenda nossa. Essa é uma sugestão em que falta a validação do
Presidente. Eu acho, sim, que nós teremos que, em um dado momento, ter casas de
aposta aqui para prestar esclarecimentos, de forma democrática, com os colegas
perguntando, para colaborar conosco. Aqui não vai ter nenhum tipo de blindagem e
nenhum tipo de exclusão ou inclusão. Nós só queremos ver qual o critério e o
porquê de chamar a casa X, Y ou Z, dados os argumentos que foram utilizados na
última reunião, para embasarmos o requerimento de convocação da participação de
alguma casa. Então, eu quero dar a tranquilidade aqui a vocês, enquanto Relator, de
que nós vamos, sim, trabalhar. E, dentro do rito desta CPI, deveremos ter casas de
aposta aqui, Deputado Yury do Paredão.

Obrigado, Relator.
*CD230727930200*
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Sr. Presidente, peço 1

minuto, só para eu compartilhar algo aqui.

Deputado Yury, não vamos polemizar em cima desse ponto.
45

REL n.1/2023
O SR. YURY DO PAREDÃO (PL - CE) - Da mesma forma como o

Relator foi citado e teve o direito de resposta, eu queria só 1 minuto. Deputado
Felipe Carreras, com certeza, não é só um desejo meu trazer esses empresários
aqui para esta CPI. Com certeza, é da maioria dos Deputados, porque foram
aprovados requerimentos extrapauta, foram votados pela maioria. Com certeza, eles
vão ter muito com que contribuir conosco. O Sr. Marcos Vinicius acabou de falar na
sua resposta que, proibindo as apostas esportivas, isso iria diminuir a corrupção do
futebol. Então, com certeza, eles vão, sim, ter como nos ajudar muito a proteger o
nosso futebol brasileiro. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Obrigado, Deputado Yury.
Seguindo agora a lista de inscrição, concedo a palavra ao Deputado

Ricardo Ayres, do Republicanos do Tocantins.
O SR. RICARDO AYRES (Bloco/REPUBLICANOS - TO) - Sr.

Presidente, Sr. Relator, quero cumprimentar e agradecer pela oportunidade. Aqui foi
mencionada pelo Presidente a necessidade de nós, a partir dessa investigação,
podermos estabelecer uma legislação adequada para impedir que atos como esses
se repitam. Eu apresentei um projeto de lei que proíbe a realização de apostas
esportivas em ações individuais durante os eventos esportivos, cartões amarelos,
vermelhos, escanteios, faltas. Eu acho que esse é um aprimoramento necessário.
Assim como eu também acredito que nós devamos limitar o valor gasto por cada
apostador à sua renda estabelecida no Imposto de Renda do exercício anterior, para
não incorrer num superendividamento, até porque sabemos que a aposta se torna
um vício e também é nociva às nossas famílias, é nociva à sociedade de maneira
geral. Eu quero aqui não só mencionar essas duas iniciativas legislativas, mas
também dizer que o Felipe Carreras, nosso Deputado, foi muito preciso em indagar
*CD230727930200*
um questionamento que eu tenho também. O STJD atribuiu pesos diferentes na

aplicação das penas. Eu quero ser bem claro, para que todos possam saber. O
Moraes, do Aparecidense, pegou 760 dias de afastamento e 55 mil reais de multa. O
Gabriel Tota, do Ypiranga, foi banido e deve pagar 30 mil reais. O Paulo Miranda,
sem clube, mil dias, 70 mil reais. O Romarinho, que está aqui, também foi banido. O
Fernando Neto, do São Bernardo, 380 dias e 15 mil reais. O Matheus, sem clube,
46

REL n.1/2023
também foi banido. Contudo, o Eduardo Bauermann, do Santos, pegou 12 jogos e

também foi um dos pivôs desse escândalo. E também, de igual forma, o Igor Cariús,
do Sport, foi absolvido. Então, acho que precisamos avançar no sentido de entender
por que o STJD atribuiu dois pesos diferentes na apreciação e no julgamento desses
atletas, porque o que faz crer é que quanto menos forte ou menos importante é o
clube, maior foi a pena aplicada, de maneira que se preservaram interesses
financeiros outros e diversos dos grandes times através dos seus atletas.
Precisamos descobrir isso. Agora, Sr. Presidente, passando aos questionamentos,
eu queria perguntar ao Romarinho se ele teve, em algum momento, alguma
informação que pudesse trazer para o centro dessa investigação também árbitros,
clubes ou clubes de aposta.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Não,

não tive.
O SR. RICARDO AYRES (Bloco/REPUBLICANOS - TO) - Em

nenhum momento se imaginou a participação desses atores? Então, você não teve
conhecimento disso?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Não

tive conhecimento.
O SR. RICARDO AYRES (Bloco/REPUBLICANOS - TO) - Outra

pergunta que eu faria: você recebia quanto para intermediar os resultados que se
pretendiam? Era um valor mensal? Era um valor por partida? Era pelo ato que se
quis comprar?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - No

caso, eu não cheguei a receber nada, né? Não cheguei a receber nada. No caso, o
que aconteceu comigo foi só ter passado o número do Gabriel Domingues para eles.
Receber alguma coisa, eu não recebi nada.
*CD230727930200*
O SR. RICARDO AYRES (Bloco/REPUBLICANOS - TO) - Perfeito.

Com relação ao modus operandi, que você até trouxe superficialmente, existia o
aliciamento específico que era produzido no clube? Por exemplo, eles te procuraram
para trazer você para o esquema fraudulento, e você passou o telefone de outro
atleta. A partir daí, você teve conhecimento do envolvimento de outros atletas, você
47

REL n.1/2023
citou até os clubes. Você pode nominar tudo aquilo que você sabe com relação aos
atletas colegas seus que foram envolvidos?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - A

única, única... é que eu fiquei envolvido nisso foi de ter passado o número, né, do
Gabriel Domingues. A parte que ele chegou no Gabriel Domingues para esses trem
de valor, esses trem, eu não tenho nada a ver, tanto que eu nem estava nas
conversas com eles. Eu só passei o número mesmo e segui minha vida até que eu,
tipo, até pedi férias para o Vila na época. Depois que eu estava com a minha família,
na casa do meu avô, que eu fui ficar sabendo que o Gabriel Domingues não iria
fazer mais, queria sair do negócio. Aí foi que o Bruno veio atrás de mim me cobrar
os 500 mil. Foi aí que continuou essas ameaças dele até para minha família. Ele
achou o Instagram da minha esposa, ficou ameaçando ela, mandando vídeo de
arma, falando que um tiro era para minha filha, outro para mim, outro para minha
esposa. E é isso.
O SR. RICARDO AYRES (Bloco/REPUBLICANOS - TO) - Para

finalizar, essas ameaças se deram especificamente com relação a você após as
denúncias que vieram a público ou quando você só passou o telefone e, de lá para
cá, quis se escusar e não participar mais do esquema?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Sim,

de começo, eles me procuraram, acharam que eu estava inscrito no campeonato,
para fazer, e eu falei para eles que, mesmo se eu estivesse inscrito, eu não, não,
não iria fazer. Tem até print das conversas minhas com ele. Eu não iria fazer,
falando que não iria trabalhar para ele. Aí, foi a terceira vez que ele me procurou que
eu passei o número do Gabriel Domingues para ele. Foi aí que aconteceu isso tudo.
O SR. RICARDO AYRES (Bloco/REPUBLICANOS - TO) - Obrigado, Sr. Presidente.
Estou satisfeito com as respostas.
*CD230727930200*

Obrigado, Deputado Ricardo Ayres.
Concedo agora a palavra ao segundo inscrito, o Deputado Márcio

Marinho, e pergunto se S.Exa. quer aglutinar o tempo de Liderança do bloco à
intervenção.
48

REL n.1/2023
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) -

Presidente, com certeza. Peço que V.Exa. some o tempo da Liderança, por favor.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Pelo

que eu sei, a delegação foi dada ao Deputado Márcio Marinho, Deputado José
Rocha. Se V.Exas. quiserem dividir, eu não me oponho, não.

Obrigado, Deputado José Rocha. De qualquer forma, V.Exa. fique à vontade.

Deputado Márcio Marinho, V.Exa. tem 14 minutos.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Sr.

Presidente, nesta Comissão de que tenho participado efetivamente, eu sempre trago
uma indagação que os eleitores e os cidadãos têm nos feito por onde passamos,
principalmente aqueles que são apaixonados pelo futebol: se esta Comissão vai
terminar em pizza ou não. Isso nos traz um peso de responsabilidade muito grande,
porque existem muitas pessoas que estão decepcionadas como eu, que sou um
amante também do futebol. Nós ficamos no sofá torcendo para que o nosso time
ganhe, e, ao final, o time perde. Depois ficamos sabendo que houve uma fraude no
resultado. Isso é uma decepção muito grande para todos nós que gostamos de ver
um bom futebol e um futebol justo. Então, nós somos inquiridos a todo momento
sobre o resultado desta CPI. Nós não estamos aqui para prejudicar time ou crucificar
jogadores, mas para ir a fundo, para extrair daqueles que vêm a esta Comissão os
seus depoimentos, a fim de que isso possa reverberar para a sociedade e de que
tudo que está ainda oculto venha às claras. Eu gostaria de fazer algumas perguntas
ao Romário, mas cheguei um pouco atrasado e não sei como está sendo feita a
*CD230727930200*
dinâmica das perguntas e respostas, Relator, Deputado Felipe Carreras, e também

o meu Vice-Presidente, Deputado André Figueiredo. Queria saber se estão sendo
feitas várias perguntas ou pergunta por pergunta.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - O

depoente, Deputado Márcio Marinho, pediu para responder pergunta por pergunta.
49

REL n.1/2023
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Está

certo. Antes de fazer a pergunta, eu queria falar com o Romário. Aqui você está
tendo a oportunidade de abrir o seu coração, porque a sua vida profissional já foi
prejudicada, e o seu depoimento é muito importante para que meninos e meninas
que estão entrando no futebol já possam estar vacinados, a partir do seu
depoimento sincero e honesto, para que outros profissionais não tenham o mesmo
final que você está tendo. É uma responsabilidade muito grande, e tudo o que está
aqui sendo feito está sendo gravado. Em algum momento, você pode ter certeza de
que nós iremos buscar cada palavra que cada depoente está fazendo nesta
Comissão para fazer o encontro de informações sobre a veracidade daquilo que os
senhores estão falando. O nosso objetivo é esse. Daí a importância de você
aproveitar este momento e procurar falar aquilo que está no seu coração, porque
penso eu que você, quando chega a sua casa, olha para a sua esposa, olha para os
seus filhos, olha para os seus pais, e eles também olham para você com o
sentimento de tristeza de ver que um rapaz que tinha um futuro promissor teve uma
interrupção na sua carreira. Isso é muito triste, mas não deixa de ser um testemunho
seu que servirá para que outras pessoas não sejam cooptadas por esses grupos
que lutam para poder prejudicar qualquer resultado de jogo, prejudicando também
futuros jogadores como você. Então, é importante que você aproveite esta
oportunidade. A minha primeira pergunta é a seguinte. Conforme o que foi
divulgado, o acordo previa que o senhor cometesse um pênalti durante o primeiro
tempo de partida contra o Sport, válida pela última rodada da Segunda Divisão do
Campeonato Brasileiro da Série B de 2022. No entanto, o senhor não foi relacionado
para o jogo contra o time pernambucano e tentou convencer companheiros de
equipe a cumprirem com a sua parte no combinado. Aquele problema que era seu...
Pelo fato de você não ter sido escolhido para jogar, você teve que fazer valer a sua
palavra e procurar outro parceiro, outro jogador, para que ele pudesse — na
*CD230727930200*
verdade, você permutou a sua responsabilidade com ele — cumprir o acordo que
você mesmo tinha feito. De que forma o senhor tentou convencer os seus
companheiros de clube a cumprir o que havia sido combinado? Como os jogadores
se portaram diante da sua proposta? Essa é a minha primeira pergunta.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Como

eu já falei, eu estava nos Emirados. Eu nem podia jogar. Como é que eu ia aceitar
50

REL n.1/2023
uma proposta, sendo que eu não podia jogar? A única coisa que eu fiz foi ter
passado um número. Quando eu comecei a ser ameaçado, eu mandei mensagem
para o Sousa, para o Willian Formiga. Quero fazer até uma pergunta. Na hora do
desespero, quem é que não vai mandar mensagem para os companheiros, com um
cara mandando um vídeo de arma falando que vai matar a sua filha, a sua esposa?
Eu nem tinha nada a ver. A única coisa que eu fiz foi ter mandado um número para
os caras. Errei, errei, mereço pagar. Mas, na hora do desespero, você faz tudo. O
SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Por que você não fez a
denúncia, então, à polícia? O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA
(ROMÁRIO) - Eu cheguei a conversar com o Hugo. Eu cheguei a falar com ele, tanto
que ele até falou no STJD que eu cheguei a falar com ele. Eu fui o único jogador que
chegou a falar com ele.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - E qual

foi o posicionamento da polícia, quando você fez isso?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - O

Hugo falou com o Bruno. Ele mandou mensagem para o Bruno, ficou conversando
no WhatsApp com o Bruno até acontecer isso tudo que foi...
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - E você

abriu uma ocorrência?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Não

abriu a ocorrência?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - No

entanto, a penalidade — esta é a segunda pergunta — não foi cometida na partida
*CD230727930200*
contra o Sport. Como os aliciadores agiram com o senhor depois de não terem
conseguido o objetivo pretendido? O senhor disse que sofreu ameaça, mas não fez
nenhum registro na polícia.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Eu

cheguei a falar para o Hugo, né? O Hugo é... é..., como vocês sabem...
51

REL n.1/2023
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Mas o

Hugo é polícia?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É, é

polícia.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Mas é

delegado de polícia?

é o presidente do clube. Eu cheguei a falar para ele. Como ele era policial, eu
cheguei a falar para ele tudo o que estava acontecendo.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - E ele

não te orientou a fazer uma denúncia na polícia, na delegacia?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Na

época, não. Uma semana depois, ele rescindiu o meu contrato, né?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Mas,

em nenhum momento, ele pediu para você registrar essa ocorrência na polícia?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - E ele é

policial?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - A

terceira pergunta. Como o senhor está vendo a diferença do tamanho das penas,
como já foi falado aqui? Enquanto alguns atletas recebem penas máximas, outros
recebem penas brandas ou mínimas. A gente sabe, e foi uma indagação que nós
fizemos na semana passada, que no Brasil não há pena máxima. Mas os jogadores,
*CD230727930200*
por terem cometido o mesmo tipo de crime...

Deputado Márcio, quero só pedir aqui, por favor, silêncio no plenário, para que a
gente possa ouvir as indagações e facilitar também as respostas do depoente.

Obrigado, Deputado André. Na semana passada, nós estivemos aqui com vários
52

REL n.1/2023
presidentes de sindicatos, e uma das perguntas que eu fiz para ele foi a seguinte:
qual é o posicionamento do sindicato em relação às decisões do STJD, diante dos
mesmos crimes cometidos com penas diferentes? Um é banido totalmente do
futebol e o outro tem 12 jogos de suspensão. E algumas pessoas perguntam assim:
"Será que não é discriminação com o jogador, porque é da série A, da série B, da
série C, enquanto o da série A recebe a penalidade de suspensão de 12 jogos?" A
pergunta que eu fiz na semana passada era: o sindicato, ao qual o senhor é filiado,
o que ele tem feito em relação a essa decisão que não foi igual para os dois
jogadores, mesmo tendo cometido um crime igual? Como é que fica o senhor a
respeito disso?

acho que a diferença é muito, muito grande, né?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Como

é que o senhor se sente tendo uma penalidade dessa?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ah,

eu me sinto, sei lá, muito tipo humilhado na associação. Tipo assim: o jogador do
Santos pegou 12 jogos, e aí, como eu jogava no Vila, eu fui banido? É uma
penalidade muito, muito massa, né?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - E o

que o sindicato fala com o senhor em relação a isso?

não tem...
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - O

sindicato te apoia?

*CD230727930200*
não tem nenhuma resposta deles.

senhor é sindicalizado?

não.
53

REL n.1/2023

senhor não é sindicalizado?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Muito

bem.

Então, o senhor acha que não foi justa a penalidade sua em relação ao outro
jogador?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Não

acho que foi justa.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - E a

última pergunta, para concluir: o senhor recebeu alguma assistência, como foi
falado, do sindicato? O senhor disse que não recebeu assistência nenhuma.

Nenhuma, nenhuma.

colocaram nenhum advogado para poder ajudá- lo?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Não,

não.

Nada?
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Nada.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Sr.

Presidente, eu estou satisfeito com as minhas perguntas.
*CD230727930200*
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Muito

obrigado, Deputado Márcio Marinho.
Concedo a palavra ao Deputado Ricardo Silva.
Como eu não estou vendo S.Exa. aqui no plenário, então passo a

palavra ao nosso 2º Vice-Presidente, o Deputado Daniel Agrobom, do PL de Goiás.
54

REL n.1/2023
O SR. DANIEL AGROBOM (PL - GO) - Boa tarde, Presidente André

Figueiredo. Boa tarde, nosso Relator Felipe Carreras. Boa tarde, depoente, seu
advogado, nobres colegas. Eu queria, antes de fazer a minha pergunta, mais uma
vez, trazer a esta CPI um pen drive que consta aqui que nos foi encaminhado. Eu
vou ler aqui o requerimento que nós estamos encaminhando a esta Secretaria.
Ao cumprimentá-lo cordialmente, informo que, como responsável

pelas tratativas desta Comissão Parlamentar de Inquérito junto ao Superior Tribunal
de Justiça Desportiva, o STJD, recebi o conteúdo da mídia física anexa, em
resposta ao Ofício nº 8, de 2023, para esta CPI.
Desta feita, solicito a atenção de V.Exas. no sentido de providenciar

os meios necessários para a disponibilização do respectivo material, que contribuirá
para o efetivo dos trabalhos da CPI.
O requerido conteúdo diz respeito ao julgamento da 4ª Comissão

Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, especificamente sobre o
acórdão de 13 de junho de 2023, proferido no Processo nº 106, de 2023, da 4ª CD.
Agradecendo a atenção de todos, vou passar à Secretaria, então.

Aqui está todo o material de mais um julgamento do STJD, que aconteceu, com
acórdão do dia 13 de junho de 2023, de mais alguns atletas que foram julgados.
Passo agora a fazer as perguntas ao nosso depoente, Sr. Marcos Vinicius, Romário.
Como já foi dito aqui, então, pelo nosso Relator, também por alguns colegas, com
relação à punição, também vou falar um pouquinho de punição, Sr. Romário. A sua
penalidade foi grave — banido do futebol —, enquanto que alguns jogadores tiveram
a pena mais leve, como suspensão e até aplicação de multa. Sabemos que a sua
conduta foi diferente da dos demais. Todos os infratores cometeram crimes e devem
ser punidos. Esta CPI é para apurar os fatos e trazer justiça para todas as partes.
Inclusive queremos chegar aos aliciadores, àqueles que chegaram até você, que
*CD230727930200*
também deverão ser punidos. Eu gostaria de saber de você se você tem alguma
informação, ou fato novo, além das informações que você já prestou ao Ministério
Público de Goiás, como também na sua audiência de julgamento. Eu tive a
oportunidade de assistir à sua audiência, através do material, de assistir ao seu
depoimento, e o que nós estamos vendo aqui hoje é praticamente aquilo que você
falou no seu depoimento, e, com certeza, também foi o que você disse no Ministério
55

REL n.1/2023
Público. Então eu gostaria de dizer a você que esta CPI já demonstrou aqui, através
dos colegas, que ela pode também te ajudar. Você mesmo já disse aqui que agiu
sob coação. Isso pode ser exclusão de culpabilidade penal. Se você realmente agiu
sob coação, essa pena sua pode ser revista. Da mesma forma, eu gostaria que você
falasse para esta Comissão aquilo que você não disse ainda, que você tem
guardado e gostaria de falar, porque esta Comissão está aqui para investigar. Eu
tenho certeza que essa investigação, ao final, poderá ajudá-lo na sua penalidade.
Então, que você traga fatos novos para nós. Inclusive, se você agiu por coação, esta
CPI, caso você traga fatos novos, poderá também solicitar a proteção de
testemunha. Se você trouxer fatos novos para nós e achar que vai ser coagido
novamente por alguém por estar dando novas informações, esta CPI poderá, então,
solicitar uma proteção de testemunha para você e para a sua família. Então, eu
gostaria que você pudesse abrir o seu coração para nós e nos dar novos fatos, fatos
que nós ainda não sabemos, fatos que você ainda não abriu nem para o Ministério
Público nem no seu julgamento, aquilo que você achar que pode nos ajudar,
qualquer pessoa que falou contigo e que você possa dar para nós como informação.

de tudo que eu falei até agora, depois que aconteceu isso tudo, eu não recebi
nenhuma outra ameaça. Eu estou tranquilo com a minha família, prestando todo o
apoio para o Ministério Público sobre esse caso. É isso.
O SR. DANIEL AGROBOM (PL - GO) - Mas não existe nada de

novo? Você não tem nada de novo que você pode abrir para nós aqui na CPI?

nenhuma informação.
O SR. DANIEL AGROBOM (PL - GO) - De nenhum aliciador, de

nenhuma pessoa que você falou a mais? Não há nada que você pode trazer de
*CD230727930200*
novo para nós?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Não...
O SR. DANIEL AGROBOM (PL - GO) - Isso poderá lhe ajudar no

futuro.
56

REL n.1/2023
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Os

dois caras que eu falei foram o Bruno e o Vitor. Os dois que falaram comigo, foram
só esses dois.
O SR. DANIEL AGROBOM (PL - GO) - É só isso, Presidente.

Obrigado, Deputado Daniel.
Passo a palavra agora ao Deputado Kiko Celeguim, do PT de São

Paulo.
V.Exa. tem a delegação do PT. Pergunto se quer aglutinar com o

seu tempo de 5 minutos.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Por favor, Sr.

Presidente.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - V.Exa.

tem 11 minutos, Deputado.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Boa tarde a todos e

todas. Boa tarde, inquirido Marcos. É um prazer conhecê-lo. Eu vou fazer algumas
perguntas aqui para o senhor. Quantas vezes o senhor foi chamado, ou lhe foi
ofertada a possibilidade de fraudar um resultado?

foi a primeira vez.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - E única?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - E

única.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - A proposta, nesse caso,

*CD230727930200*
foi de caráter individual ou coletivo? Ou seja, coletivo significa que você, para
cometer a fraude, teria que convencer algum outro parceiro de time, por exemplo,
um resultado global da partida, um time vencer outro, enfim. Ou de caráter
individual, ou seja, que dependesse só do senhor cometer a fraude, cometer um
pênalti, um escanteio ou um cartão.
57

REL n.1/2023

Individual mesmo.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Individual. E dos seus

companheiros que alguma vez foram aliciados a cometer essas práticas, todas as
propostas foram de caráter individual ou coletivo?

Individual também.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Sempre individual?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Hã,

hã!
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Você alguma vez ouviu

que alguém tenha sido coagido a cometer alguma fraude coletiva, ou seja,
convencer o time todo a ser derrotado ou a vencer uma partida de maneira
esmagadora, coisa do tipo?
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Nunca. Quanto tempo o

senhor tinha de clube?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Tinha

3 anos. Como eu tinha renovado, eu tinha mais 3 anos de contrato, né? Tinha 3
anos de contrato.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Tá. E para não

perguntar quanto o senhor recebia — o senhor não precisa responder, para não se
constranger —, numa escala de um a dez, sendo que dez é o maior salário do clube,
e um, o menor, o seu salário se enquadrava em quanto? De um a dez.
*CD230727930200*

Quatro.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Quatro. Perfeito. O

senhor... Como é que o senhor ia receber esse pagamento? Em dinheiro, em
depósito em conta, em criptomoeda? Como é que o senhor ia receber esse
58

REL n.1/2023
dinheiro? O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ah, acho

que era por Pix, né?
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Por Pix?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Hã,

hã!
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Algum colega seu que

recebeu esse recurso recebeu desta maneira, por Pix?

Gabriel Domingos, né? O Gabriel Domingos.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Recebeu por Pix?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Por

Pix. Hã, hã!
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Perfeito. E você tem

conhecimento de alguma casa de aposta ou algum aliciador que pague o salário de
algum colega, de algum jogador, diretamente?

não tenho conhecimento.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Ou tenha oferecido

algum prêmio, um bicho ou coisa do tipo...
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - ... para o time, para o

técnico ou para jogador?
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Não tem.

*CD230727930200*
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, com

relação às perguntas, eu queria acabar por aqui, mas eu queria fazer uma
consideração. Essas perguntas eu fiz para deixar claro aqui, pelo menos na minha
opinião, que a gente está tratando aqui, no caso do Marcos, do elo mais fraco da
59

REL n.1/2023
cadeia, ou seja, de um jogador que ganha pouco, que tinha pouco tempo de clube,
pouco tempo de carreira, portanto, uma vítima fácil para o aliciador. Para mim, o
cerne da questão está na oportunidade. Enquanto houver esta relação de
individualizar as apostas, de permitir que o aliciador possa pegar o elo mais fraco da
cadeia, a gente vai ter esse tipo de fraude no esporte de modo geral. Por isso, eu
queria sugerir ao Presidente, ao Relator, que, desde antes, desde já, ao invés de
esperarmos chegar ao fim da investigação, que nós sugeríssemos à Justiça e às
casas de apostas que se cesse já esse tipo de aposta individual. Que se faça um
termo de ajustamento de conduta, para que isso não prejudique o resultado das
partidas, para que a oportunidade de aliciar os jogadores que estão no elo mais
fraco da cadeia não continue pautando o Campeonato Brasileiro da Série A, Série B
ou qualquer outro tipo de competição esportiva, porque isso é um patrimônio da
nossa sociedade. Nós temos que sugerir isso rapidamente. Então eu queria registrar
isso. Quero agradecer a oportunidade. Sem mais perguntas. Muito obrigado.

Obrigado, Deputado Kiko.
Acho que sua sugestão vem muito ao encontro do que nós

queremos: dar celeridade, até porque o Brasileirão deve estar começando... aliás,
retomando agora, depois da pausa da FIFA, e nós precisamos, realmente, tomar
todos os cuidados para evitar manipulações que prejudiquem inclusive clubes como
um todo, em todas as séries do Campeonato Brasileiro. Concedo a palavra ao
Deputado Mauricio do Vôlei, do PL de Minas Gerais.
O SR. MAURICIO DO VÔLEI (PL - MG) - Boa tarde a todos. Boa

tarde, Presidente, Vice-Presidente, Relator. Gostaria de me dirigir ao Romário. Eu fui
atleta durante 18 anos da minha vida, Romário. O único campeão olímpico da
Câmara dos Deputados sou eu. E essas apostas esportivas estão acabando com o
*CD230727930200*
futebol brasileiro. Aqui, o culpado não é você. Você é uma peça nessa investigação
que nós estamos fazendo aqui, mas os verdadeiros culpados são as casas de
apostas esportivas. Essas, para mim, são as verdadeiras culpadas, porque, se não
existissem, você não passaria por esse constrangimento e estaria jogando futebol,
fazendo aquilo que você ama fazer. Quantos anos você tem, Romário?
60

REL n.1/2023
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Vinte

e um.
O SR. MAURICIO DO VÔLEI (PL - MG) - Você é muito jovem, muito

jovem, um garoto ainda, fácil de influenciar. E as pessoas que chegaram até você
com certeza vão pagar, assim como você pagou, está certo? Eu gostaria de fazer a
seguinte pergunta para você: se você disse que você só passou o seu telefone, por
que o Bruno, então, estava cobrando 500 mil reais de você?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Foi

porque na hora que eu passei o contato do Domingos, o Domingos pegou o Pix,
vocês devem saber, que foi de 10 mil. Aí o Bruno falou a seguinte frase: que se ele
quisesse, ele podia passar alguma coisa para mim. Aí foi na hora que o Domingos
passou 4 mil reais para mim. Só que aí já tinha gastado esse dinheiro, ele estava me
cobrando esse dinheiro e cobrando por eu ter passado o número do Domingos,
sendo que ele nem ia jogar, entendeu? Aí ele estava cobrando os 500 mil mais
esses 4 mil. Esses 4 mil, eu cheguei a devolver para ele, mas os 500 mil eu não
tinha de onde tirar, eu...
O SR. MAURICIO DO VÔLEI (PL - MG) - Perfeito. Esse Bruno, você

sabe se ele tem alguma ligação com as bets, algo do tipo, ou não?

não sei. Como eu falei...
O SR. MAURICIO DO VÔLEI (PL - MG) - Ele faz o que da vida,

esse Bruno?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Como

eu falei, eu não conheci o Bruno. Eu conheci o Vitor, porque ele vendia roupa, e eu
comprava dele. O Bruno, eu nunca cheguei a conhecer.
*CD230727930200*
O SR. MAURICIO DO VÔLEI (PL - MG) - Entendi. Não, beleza. O

Bruno, ele comentou algo de forma... Por quem ele foi procurado, ou só você que
ele procurou? Como foi essa situação?

a aposta eram 3 jogadores. Tinha o da Tombense, o do Sampaio Corrêa, e era um
61

REL n.1/2023
do Vila. Esse do Vila, ele procurou a mim. Como eu não podia jogar, aí ele pediu o
contato de outro jogador. Aí foi na hora que eu passei o do Domingos.
O SR. MAURICIO DO VÔLEI (PL - MG) - Eu agradeço as suas

respostas. Obrigado pela presença. Presidente, realmente o Romário é uma vítima
de tudo o que está acontecendo no Brasil hoje — não só no futebol, Romário, no
vôlei também. Agora, na Comissão do Esporte, estamos discutindo as Olimpíadas
do ano que vem. E esse é um dos medos também. Recebemos a CBV, e lá já está
descrito sobre apostas esportivas. Presidente, essa questão que o senhor falou da
França é fundamental para a gente no Brasil. É uma coisa que tem que ser pensada
para agora. Concordo totalmente com o nosso Deputado aqui, porque cada vez
mais isso vai acontecer. Preste atenção o senhor: o Romário ganhava nem 10 mil,
eu acho — o que a maioria dos jogadores da Série B e C ganham. Isso não é nada,
Presidente, para um cara que é pai de família, que precisa se sustentar. E a maioria
das vezes ele não tem estrutura familiar nenhuma para dar para o seu pai, para a
sua mãe, e ele tem que arcar com tudo isso. E eu falo isso para o senhor porque eu
passei por isso na minha vida. Então, fica fácil para um vagabundo como esse
Bruno chegar para um atleta como esse e corromper a dignidade, acabar com a
carreira, porque foi isso o que ele fez, entendeu? E vai ficar marcado para sempre,
Romário, isso na sua vida, para sempre. Então, que você pegue isso e leve de
exemplo para outros atletas e não faça isso nunca mais. Não faça isso, porque
acaba com a sua dignidade. Você não vai conseguir nem olhar no olho do seu filho,
da sua esposa, do seu pai, da sua mãe. Transforme isso em uma coisa boa. Abra
para as pessoas as suas redes sociais e fale sobre isso abertamente: "Eu fui
aliciado para receber dinheiro e tudo o mais". Você vai ser exemplo, e as pessoas
que foram responsáveis por isso, eu acho que não só esse Bruno, como as bets... E
a gente vai a fundo nisso. Vamos descobrir quem realmente são os responsáveis,
porque, se não tivesse bet no País, não teria casos como você e muitos outros que
*CD230727930200*
ainda vamos descobrir aqui nesta CPI, está bom? Muito obrigado, Presidente.
Obrigado pela oportunidade.

Obrigado, Deputado Mauricio.
62

REL n.1/2023
Concedo a palavra ao Deputado Prof. Paulo Fernando, do

Republicanos do Distrito Federal.
O SR. PROF. PAULO FERNANDO (Bloco/REPUBLICANOS - DF) -

Boa tarde. Eu queria perguntar ao depoente se ele apostou na plataforma de
apostas e se ganhou algum prêmio.

Se ele tem conhecimento se o Ministério Público de Goiás investigou se algum
parente do senhor, ou pessoa próxima ao senhor, apostou e/ou ganhou nas
plataformas de apostas.

não tenho.

Se tem conhecimento se o Ministério Público de Goiás investigou os ganhadores
oficiais da loteria esportiva da Caixa Econômica, que tem um jogo entre as apostas
do Vila Nova elencado.

Era só isso, Sr. Presidente.

Obrigado, Deputado Prof. Paulo Fernando.
Concedo a palavra ao nosso Deputado Marcelo Álvaro Antônio,

nosso ex-Ministro, do PL de Minas.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Muito obrigado,

*CD230727930200*
Presidente. Quero cumprimentar todos aqui nesta CPI. Presidente, eu teria três
perguntas para fazer para o jogador Marcos Vinicius, das quais com duas eu já me
sinto contemplado por perguntas de colegas Deputados. Para fazer a terceira
pergunta, eu quero só contextualizar, para que fique bem entendido. E quero trazer
a esta CPI hoje uma grave denúncia, Presidente, uma denúncia que precisa
realmente ser aprofundada, para a gente entender qual é a dimensão disso. Eu
63

REL n.1/2023
disse, na reunião passada, que eu acredito muito que a manipulação dos jogos pode
ser apenas a ponta de um iceberg de muitos crimes cometidos nesse ramo de casas
de apostas. O que eu quero dizer com isso, Presidente? A gente sabe que a Lei nº
13.756, de 2018, dá amparo às apostas esportivas, embora esteja na zona cinzenta
ainda, aguardando uma regulamentação. Até aí, tudo bem. Nós temos vários sites
utilizando-se do subterfúgio de apostas esportivas, mas utilizando-se de atividades
ilegais no nosso País, como, por exemplo, o cassino. E é escancarado. Podem
entrar no site que está lá: cassino. A gente vê uma denúncia feita, por exemplo, na
Rede Record, no Domingo Espetacular, da empresa Blaze, onde o proprietário da
empresa, o holandês Nick Van Gorsel, zombou da cara do povo brasileiro. Essa
empresa se utilizou de vários influenciadores digitais no Brasil, investiu pesado
nisso. Existem denúncias, que a gente precisa apurar, de que esses influenciadores
ganhavam dinheiro contratualmente na perda do apostador de cassino. Foram 3
bilhões de acessos a esses sites em 1 ano. Estima-se que 12 bilhões de reais são
movimentados por ano por essas empresas. E também, pelo que me parece, é uma
informação não confirmada, 70% desse recurso, desse volume de dinheiro
movimentado, vem exatamente dos cassinos — atividade ilegal no nosso País. E a
gente sabe que muitas vezes esses sites, como, por exemplo, o Blaze, de Nick Van
Gorsel, têm sede sabem onde? Em Curaçao. E ele zombou da cara do povo
brasileiro, porque muitos dos apostadores, embora induzidos à atividade ilegal, não
conseguiam receber os prêmios. E o dono da empresa, Nick van Gorsel, zombou
dizendo o seguinte: "Olha, se alguém se sentiu lesado, vá lá em Curaçao, porque a
sede da empresa está lá em Curaçao. Nós não temos CNPJ no Brasil". Por isso, eu
acho que é obrigação desta CPI aprofundar, além da manipulação dos jogos,
entender o funcionamento, como estão burlando as leis brasileiras esses sites de
apostas. A gente tem que fazer questionamentos, por exemplo, ao Banco Central.
Se é verdade que 12 bilhões de reais são movimentados por ano aproximadamente,
*CD230727930200*
70% disso atividades ilegais, como, por exemplo, o cassino, como o Banco Central
permite que o meio de pagamento Pix possa ser utilizado para atividade ilegal no
nosso País? Acho, inclusive, que seria importante a presença talvez de um Diretor
do Banco Central para explicar isso aqui nesta CPI. Presidente, eu quero aqui fazer
a pergunta para o jogador Marcos Vinicius. Marcos Vinicius, você teve conhecimento
de algum possível contato de representantes das casas de apostas com dirigentes
64

REL n.1/2023
de futebol? Se sim, você sabe se os dirigentes de clube, ao assinar acordos

comerciais com casas de apostas, têm ciência que o recurso que é pago, o
patrocínio, é oriundo de atividade ilegal no nosso País, como, por exemplo, o
cassino?

Não tenho conhecimento, não.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - O.k., obrigado.

Sr. Presidente, era só isso. Eu quero aqui manifestar a minha indignação de saber
que a gente ainda tem muito o que fazer para que essas casas de apostas parem de
zombar da cara do povo brasileiro e que parem também imediatamente as
atividades ilegais no Brasil. Cassino não tem previsão de lei no nosso País. Isso não
pode acontecer. Obrigado, Sr. Presidente.

Obrigado, Deputado Marcelo.
Quero apenas também reforçar aqui a questão de que serão

ouvidos também ou o Presidente, ou alguém de um alto patamar na Direção do
Banco Central, porque precisamos realmente fazer uma varredura desses meios de
pagamento que são utilizados para apostas fora do País, inclusive.
No caso de futebol, em uma das experiências também que a França

adotou, no Tratado de Macolin, existe uma regulação internacional e um acordo de
cooperação entre os países signatários. O Brasil não é signatário. Então nós vamos
precisar também avançar nesse sentido, para que possamos ter um tratado com
outros países que possa inibir apostas naqueles países e, consequentemente, a
manipulação de resultados.
Muito obrigado.
*CD230727930200*
Passo a palavra para o nosso Presidente Deputado Bandeira de

Mello, Presidente do Flamengo. O Presidente do Ceará é outro, o meu Presidente —
não é, Danilo?
O SR. BANDEIRA DE MELLO (Bloco/PSB - RJ) - Muito obrigado,

Presidente em exercício hoje da CPI, André. Romário, você é muito jovem, você tem
21 anos só, mas você convive no futebol há algum tempo, provavelmente desde que
65

REL n.1/2023
você é muito garoto. Passou por categoria de base, você vive nesse meio do futebol,
conversa com muita gente, aí, de repente, pelo que nós ficamos sabendo, você
recebe uma proposta desse Bruno sobre manipulação de um jogo, seja para
cometer um pênalti, seja para o que for, alguma coisa que é totalmente fora, vamos
dizer, do metiê de um atleta de futebol. Isso para você foi... São várias perguntas
encadeadas: isso para você foi uma surpresa? Você nunca tinha ouvido falar de
manipulação de resultados ou de circunstâncias de uma partida de futebol? Nunca?

Nunca. Para mim foi até uma surpresa, porque eu tinha acabado de subir para o
profissional. Nunca fui abordado na base, porque tem até jogos da base que várias...
Acontece isso em vários jogos.
O SR. BANDEIRA DE MELLO (Bloco/PSB - RJ) - Então, era isso

que eu queria falar. Você passou pela base, não é?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Hum,

hum.
O SR. BANDEIRA DE MELLO (Bloco/PSB - RJ) - Então, se você

sabia que na base acontece esse tipo de coisa, talvez não tenha sido uma surpresa
muito grande você receber uma proposta como essa. No meio em que você
convivia, lá no Vila Nova, no vestiário, você sabia de alguma coisa parecida?
Alguém já tinha comentado com você? Porque o objetivo desta CPI aqui é
construtivo. A gente quer acabar com isso no futebol brasileiro. Você passou por
essa situação desagradável, errou, reconheceu que errou, mas você tem uma
oportunidade aqui de colaborar conosco para tentar erradicar esse malfeito aqui de
uma das coisas mais importantes para o brasileiro, que é o nosso futebol. Você, na
categoria de base, no meio, no vestiário, já tinha ouvido falar de alguma coisa
parecida? Alguém comentou com você ou direta ou indiretamente? Você tem
*CD230727930200*
conhecimento de alguém que poderia, mesmo sem ter culpa, colaborar aqui com
esta nossa iniciativa desta CPI que pudesse nos levar... A gente sabe que não é só
o Bruno. Esse Bruno foi pego aí em flagrante delito, mas certamente tem mais gente
envolvida nisso. E o nosso objetivo aqui é tentar chegar a fundo nisso. Você convive
nesse meio, você participou, você recebeu uma oferta, repassou essa oferta. Eu
queria que você comentasse exatamente isto: como é que é? E, mesmo depois que
66

REL n.1/2023
aconteceu, você continuou com o mesmo círculo de amizades. O que você pode
concluir disso tudo? Isso é uma atividade ilícita que vinha acontecendo normalmente
ou simplesmente foi aquela surpresa, e você nunca mais soube disso? E você foi o
único intermediário do Bruno nessa história? Você compreende bem que nós não
estamos querendo punir você mais do que você já foi punido. Nós estamos
querendo é lhe dar uma oportunidade de você colaborar conosco numa atividade
que é a sua. Você provavelmente vai voltar a jogar, e a sua atividade profissional
você gostaria certamente que fosse respeitada. Então, a pergunta é esta. Conte
para a gente como é que foi isso daí, antes e depois, no meio em que você
frequenta, no seu vestiário.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É...

Eu vivo ali desde os 13 anos, ali na base, quando eu comecei minha carreira. Eu
sabia das casas de apostas, mas dessas, dessa coisa aí, dessa proposta, eu nunca
tinha ouvido falar que poderia ter isso de jogador fazer um pênalti ou tomar um
cartão vermelho. Fui saber e também fiquei até em choque como é que poderia
acontecer isso. Foi aí que o Bruno me explicou tudo, como é que aconteceria e tal.
Entrou em muito detalhe comigo. O meu foi ali fazer um pênalti no primeiro tempo. É
isso. Eu vivo ali desde os 13 anos e nunca tinha... Não sabia de nada, que poderia
acontecer esse tipo de coisa. Sabia das casas de apostas, eu sabia, mas desses
treinos não sabia.
O SR. BANDEIRA DE MELLO (Bloco/PSB - RJ) - E, depois que

aconteceu com você, ninguém te procurou para dizer: "Olha, já soube de um caso
semelhante aqui, ali e tal"? Nada?

Nada.
O SR. BANDEIRA DE MELLO (Bloco/PSB - RJ) - Obrigado.

*CD230727930200*

Obrigado, Deputado Bandeira de Mello.
Passo a palavra para o Deputado Reimont. (Pausa.)
Mas não o vejo aqui no plenário.
67

REL n.1/2023
Concedo a palavra, então, ao Deputado José Rocha, do UNIÃO da

Bahia. Meu grande amigo José Rocha.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Presidente André

Figueiredo, primeiro, quero parabenizá-lo por assumir a Liderança do nosso bloco.
Com certeza, nós estamos muito bem liderados por V.Exa. Quero cumprimentar o
nosso Relator, Felipe Carreras, o jogador Marcos Vinicius Alves Barreira, o
advogado Odair de Menezes. Sras. e Srs. Parlamentares, primeiro, eu queria saber
do Marcos Vinicius quem é Victor e quem é Bruno?

Victor eu conheço, o Bruno eu já não conheço.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Quem é o Victor?

Victor, como eu falei, ele vendia roupa. Tinha bastante gente lá no Vila que
comprava roupa dele na Internet.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E como você... o Bruno

chegou até você?

Victor conhecia o Bruno.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Quem lhe apresentou o

Bruno foi o Victor?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Foi o

Victor.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O Victor lhe apresentou

o Bruno, mas lhe disse qual era a tratativa que o Bruno ia ter com você?
*CD230727930200*
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Sobre

fazer o pênalti no primeiro tempo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E você foi sacado do

jogo por quem? Pelo técnico, pelo diretor, pelo presidente?
68

REL n.1/2023

Eu nem poderia jogar. Eu estava nos Emirados e tinha acabado de voltar. Eu não
estava inscrito no campeonato.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Estranho! Como é que

você não estava escalado, e o Bruno, aí, ele...
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ah,

ele sabia que eu era jogador, mas não sabia o que tinha acontecido.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Se sabia que ele era

jogador, ele sabia muito bem, porque você frequentava a casa do amigo dele.

ele era de São Paulo, o Bruno e o Victor. Nós, comprávamos pela Internet dele, do
Victor.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim, mas você

conhecia o Victor. Então, você conhecia o Victor.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Se você conhecia o

Victor, então, o Bruno é amigo do Victor.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, sabia que você

não estava escalado para jogar.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Sim.

Eu falei tudo para o Victor, falei que eu não poderia jogar. E, mesmo se eu pudesse
jogar, eu não iria fazer. Tem até os prints das conversas minhas com o Victor.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - É coisa meio... que não

*CD230727930200*
bate, entendeu? Você assinou aqui o termo de compromisso?
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Presidente, tem que

assinar o termo de compromisso.
69

REL n.1/2023

Assinei. Assinei.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ele está dizendo que

não assinou.

Assinei.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, você tem a

consciência, V.Sa. tem a consciência de que aqui só pode falar a verdade, não pode
mentir?

sei.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então você assinou

esse termo?
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Como você conheceu o

Bruno?

Através do Victor.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas, como? Onde? Na

casa do Victor?
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Onde foi?

WhatsApp.
*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Você o conheceu por

WhatsApp?

WhatsApp. O Victor me abordou, aí o Bruno me chamou. O Victor passou meu
número para o Bruno, e o Bruno me chamou.
70

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Chamou onde?

WhatsApp.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E, pessoalmente, você

esteve com o Bruno? Com o Victor? Quando?

Com o Victor eu nunca estive pessoalmente. Eu comprava a roupa dele pela
Internet. Ele não é daqui de Goiânia, ele é de São Paulo. Eu comprava roupa dele
pela Internet. Ele tem uma loja no Instagram.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E aí você foi

contactado com a proposta de quanto?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - De

150 mil.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Cento e cinquenta mil

para promover...

Cometer o pênalti.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Cometer um pênalti?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ahã.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Aí você disse que não

estava escalado para jogar.

nem poderia jogar. Como eu tinha voltado dos Emirados, a janela do Brasil estava
fechada.
*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Na hora que você disse

isso, o que o Bruno lhe falou?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Falou

para mim, tipo, arrumar um contato para ele. Foi a hora que eu mandei o contato do
71

REL n.1/2023
Domingos, mas, depois disso, eu não tive mais nada a ver, nem conversa com o
Domingos e com Bruno eu tive.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E como é que você

passou esse contato do Domingos para ele?

WhatsApp.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Eu sei. Se você não

tinha contato com o Domingos, como é que você passou?

tinha o contato com o Domingos. O Domingos jogava comigo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Você falou com o

Domingos que ele ia ligar?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Falei

que o Bruno ia chamar ele.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim. E disse o que era,

qual era o assunto?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ahã!

Disse.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E foi prometido a você

que percentual?

para mim, não... Tipo, assim, eu só passei o número por passar mesmo. Mas o
Bruno falou para o Domingos que, se ele quisesse dar uma parte para mim, ele
poderia dar. Foi aí que o Domingos passou 4 mil reais para mim.
*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não, mas olhe bem,

não foi o Bruno que lhe ofereceu o percentual? O SR. MARCOS VINICIUS ALVES
BARREIRA (ROMÁRIO) - Não, foi o Domingos que me passou. O Bruno conversou
com o Domingos...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Conversou com o

Domingos, mas o Bruno disse a você que você teria um percentual?
72

REL n.1/2023

não. Ele falou que, se o Domingos quisesse passar alguma coisa para mim, ele
passaria. Comigo ele não conversou nada disso.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ou... Você apresenta o

colega ao Bruno...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E o Bruno não lhe

oferece nada de corretagem?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Não!

Para mim ele não ofereceu nada. Ele falou que, se o Domingos quisesse passar
alguma parte do dinheiro dele para mim, poderia passar.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Com certeza ele deve

ter dito ao Gabriel para repassar esse percentual para você.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Aí eu

não sei, porque eu não tive conversa com os dois.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ele repassou quanto?

Quatro mil reais.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E, depois, como é que

você foi pressionado pelo Bruno?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Foi aí

que ele passou a cobrar os 500 mil de mim, começou a fazer ameaça.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas por quê? Se você

só fez apresentar, aí ele ia cobrar de você?
*CD230727930200*
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É

porque o Gabriel Luiz jogou, não é? Aí ele achou que nós dois estávamos
envolvidos com isso. Tipo, estava querendo enganar ele. Mas é porque o Gabriel
não jogou.
73

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O Gabriel não jogou

porque houve uma desconfiança de que ele estava, no jargão do futebol, "dengado"
ou porque foi uma não escalação técnica?

ele ia ser titular. O Gabriel já tinha topado a fazer com o Bruno. O caso é porque, o
jogo da Copa Verde, o Vila estava disputando duas competições: Copa Verde e o
Campeonato Brasileiro da Série B. O jogo da Copa Verde foi adiado, aí foi que o Vila
colocou os titulares para jogar. Aí o Gabriel Domingos não era titular.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim, mas o Gabriel não

jogou porque o titular retornou? O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA
(ROMÁRIO) - Porque adiou o jogo, aí quem jogou foram os titulares, os titulares do
Vila. Quem ia jogar eram os reservas.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E como é que ele

recebeu esse dinheiro sem ter jogado?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ele ia

jogar. O Bruno já tinha feito a aposta no sábado, antes, porque o jogo do Vila era
num domingo. O Bruno já tinha feito a aposta no sábado. Aí ele tinha passado o
dinheiro para todo mundo no sábado. Foi aí que...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas ele passou

dinheiro sem o resultado?

jogo do Sampaio Corrêa... É porque já estava combinado. O Domingos e ele já
estavam combinados. O Domingos iria fazer, o Domingos iria ser titular. Só que, no
sábado, um dia antes do jogo, o Domingos ficou sabendo que quem iria jogar era o
titular, não era ele.
*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim, mas olhe bem! Na

medida em que ele não é concentrado, ele não vai jogar. Então é 24 horas.

Ele foi para o jogo. Ele foi reserva, foi banco. Ele foi para o jogo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ele foi banco?
74

REL n.1/2023
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Foi

para o banco.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E ele não procurou um

outro colega dele para honrar?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ele

procurou.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E aí?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Foi aí

que eu e ele procuramos. Eu procurei porque estava recebendo ameaça...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ele procurou a quem?

sei. Não lembro. Eu procurei o...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não. O Gabriel

procurou um outro colega que estava... para cometer a penalidade?

Procurou outros colegas. Ahã. E eu também procurei...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E quem foi o colega

que ele procurou?

acho que foi o Willian Formiga e o Sousa. Foi o que eu procurei também. Mas eu
procurei porque eu estava sendo ameaçado.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então você foi

ameaçado e procurou também?

*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas, na primeira

oportunidade, você não foi ameaçado, você foi por vontade própria.

sábado, eu estava sendo ameaçado já.
75

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não, antes, quando

você procurou o Rodrigo, você foi por vontade própria.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É, eu

passei o número por vontade própria.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Você não foi

ameaçado?

Não.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E você sabia que ia

receber uma quantidade de dinheiro?

não sabia.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não sabia?

Ele conversou...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Aqui você tem que

dizer a verdade.

sei. A conversa com Domingos e com Bruno, eu não tive conversa com os dois. Nós
três, juntos, de conversa, nós não tivemos.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim, não teve os três

juntos, mas você teve a conversa com um e com outro. O SR. MARCOS VINICIUS
ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Sim, mas a tratativa dos dois eu não tive. Tratativa
comigo não teve nenhuma. O meu caso foi ter passado o número do Domingos para
*CD230727930200*
o Bruno.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não. Olhe bem! Na

medida em que o Domingos não jogou, você foi procurar outro porque...

Estava sendo ameaçado.
76

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não, porque o Bruno

lhe cobrou.

Cobrou os 500 mil que ele estava perdendo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas ele deu esses 500
mil a quem?

apostou os 500 mil na casa de apostas.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim, ele apostou, mas

e o dinheiro da propina que foi dado?

deu para o Domingos. Não chegou em mim não.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Deu ao Domingos

quando?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Dez

mil reais.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Quando ele deu?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Um

dia antes do jogo, no sábado, porque foi depositado na conta do Domingos. Na
minha conta, nada foi depositado.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Dez mil?

mil reais.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E você recebeu 4

*CD230727930200*
desses 10 mil?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É,

porque o Bruno falou que, se o Domingos quisesse me passar alguma parte...
Porque o Domingos ia receber o restante depois do jogo. O jogo do Vila era no
77

REL n.1/2023
domingo. Ele falou que, se ele quisesse passar alguma coisa para mim, ele poderia
passar, mas...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Você recebeu esse

dinheiro antes ou depois do jogo?

Depois, no domingo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, na medida em

que você recebeu depois do jogo, então o Domingos não tinha jogado. Como é que
recebeu esse dinheiro?

Domingos não tinha jogado, mas o Domingos já estava com o dinheiro na conta.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas ele não jogou.

Como é que ele devolveu esse dinheiro para você?

estava com o dinheiro na conta, o Domingos.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Eu sei. Entendi. Mas

como ele lhe devolve um dinheiro de um compromisso que ele não cumpriu?

devolveu o dinheiro de quem? Eu não devolvi o dinheiro.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ele...

Então.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Ele lhe deu o dinheiro...
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Deu,

*CD230727930200*
4 mil reais.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - ...de um compromisso

que ele não tinha cumprido.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Sim,

sim.
78

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, como é que ele

lhe dá um dinheiro de um compromisso que ele não cumpriu?

não sei, porque eu não tive conversa do Bruno com o Domingos. Eu não sei a
conversa dos dois.

Deputado José Rocha, com todo o respeito a V.Exa., já passou mais de 10 minutos
da sua intervenção, que são perguntas, evidentemente, plausíveis, mas temos
vários outros colegas aqui inscritos. Eu queria que V.Exa. tentasse ser mais conciso,
e pudéssemos passar para o próximo colega.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Você foi acionado pela

primeira vez ou já tinha sido acionado antes?

Primeira vez.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Primeira vez?

foi a primeira vez.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Bom, eu teria várias

perguntas a fazer, Presidente, mas eu entendo que realmente o tempo é curto. Mas
eu acho que o nosso Marcos Vinicius Alves tem muito mais coisas a contar. Eu acho
que ele não está lendo todas as ave-marias do terço. Eu acho que você tem muito
mais a contar.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Se eu

tivesse, eu teria falado.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não. Você teria muito

*CD230727930200*
mais. Eu acho que não é só isso. Você receber 4 mil reais de 10 mil que o seu
colega recebeu, depois do jogo, de não ter cumprido com o compromisso assumido,
realmente você tem muito mais coisa para falar.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Tem

prints aí, tem conversa.
79

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - O.k.,

Deputado José Rocha. Muito obrigado.
Passo a palavra agora para o Deputado Danilo Forte, do UNIÃO do

Ceará.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Obrigado, meu

eterno Presidente do Ceará, Deputado André. Romário, eu já tive 21 anos. Nunca
joguei a bola que você jogou, porque eu era meio perna de pau, mas já tive um
bigode parecido com o seu. E estou muito preocupado com você. Eu acho que você
está numa situação muito difícil. Você tem outra profissão ou não?
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Presidente, pela

ordem. Eu estou tendo a informação de que ele não assinou esse compromisso.

Assinei. Assinei.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - A informação que veio

da Secretária é de que ele não assinou.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Ele

assinou apenas a autorização. Ele é investigado. Ele não é testemunha. Então, ele
pode realmente se omitir nas informações. Foi passado pela Secretaria, Deputado
José Rocha. Desculpe-me.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Eu desculpo V.Exa.,

mas a resposta que V.Exa. me deu não condiz com a minha pergunta.

Perfeito. Então, está retificado, Deputado José Rocha. O SR. DANILO FORTE
(Bloco/UNIÃO - CE) - Posso falar, Presidente?
*CD230727930200*
Então, Romário, eu estou muito preocupado porque você só tem 21

anos de idade, tem um futuro. Você tem outra profissão ou não?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Então, se eu fosse

você, começaria a pensar duas vezes como você vai construir o seu futuro, porque
80

REL n.1/2023
não é fácil. A vida é muito difícil. E, diante da gravidade dos fatos aqui, a imagem
que fica é a que está aqui, agora. Então, está todo mundo aqui o questionando,
tentando inclusive incriminá-lo ainda mais. E eu acho que você pode repensar e dar
uma contribuição muito grande para o que é a grande paixão do brasileiro, que é o
futebol. Eu acho que é uma oportunidade que você está tendo — você está falando
para o Brasil inteiro aqui, hoje — de inclusive colocar a luz nessa engrenagem que
tira de nós inclusive a paixão pelo futebol. As pessoas vão para o estádio para vê-lo,
para bater palma, para torcer, ficam com pena quando você leva uma porrada,
quando você cai no chão, quando o time perde. Inclusive eu tenho até trauma do
Vila Nova, porque nas duas vezes em que fui assistir ao Ceará e Vila Nova, o Vila
Nova ganhou do Ceará, lá em Goiânia.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Isso é bullying.

Torcedor do Santa Cruz aqui metido a besta. (Risos.) Mas o que eu quero lhe dizer,
Romarinho, é que você fala que está sendo ameaçado e você não cita como está
sendo ameaçado. Você fala que tem outros nomes, mas os nomes não vão além do
que a gente já falou aqui. Você fala que o Bruno é o aliciador e ele lhe explica
inclusive como é que o é o modus operandi da organização criminosa, mas você
não elucida como é que essa operação se dá. Você fala que o Victor tem uma loja
de roupa. Você sabe o nome da loja de roupa do Victor?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - RM.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - RM?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Está no Instagram

essa RM?
*CD230727930200*
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - RM, no Instagram.

Só isso mesmo? Só RM?
81

REL n.1/2023
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Então, o que é eu

quero saber de você: essa relação sua hoje com o Gabriel Domingos existe ainda?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Não existe relação

nenhuma do senhor com ele?

tanto que nenhum segue o outro na rede social, nada, não tem número de telefone,
nada.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E depois que o seu

nome virou mídia nacional, inclusive você pagando uma pena já com relação a isso,
você foi procurado por algum deles?

nenhum.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Nunca lhe

procuraram, nem abordaram o advogado para saber como é que estava, como é
que não estava?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você ajudou inclusive

a aliciar o Gabriel. Você emprestou uma conta para ele? Ele te emprestou uma
conta? Como é que foi isso?

Esse trem de conta aí não bate, não. Ele passou a conta dele para os 10 mil serem
depositados na conta dele, porque ele que iria fazer o pênalti.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você está

*CD230727930200*
respondendo a algum processo criminal na Justiça?

Ahã.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Penal?
82

REL n.1/2023

Estou.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Então, isso pode ficar

mais sério ainda.

hum!
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Pode dar até cadeia.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E aí, no Estatuto do

Torcedor aqui tem três artigos: 191, 242, 243 e 243-A. Você está respondendo por
esses quatro artigos.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Como é que a gente

faz para poder agora, neste momento difícil que você está atravessando, poder lhe
ajudar e você poder ajudar o Brasil e todo mundo que ama o futebol?

acho que a justiça tem que ser feita através do Bruno. Eu acho que o grande
responsável por isso tudo é ele. O Bruno, os aliciadores que nos procuraram.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Mas o Bruno vai

cuidar da vida dele. Ele não vai cuidar da sua.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Ele está pouco se

lixando para o que está acontecendo com vocês!
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Ahã!

*CD230727930200*
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Ele não teve o menor

zelo por você quando lhe colocou nessa enrascada, nesse jogo.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Agora é você por

você. Você teria mais informações, por exemplo, de outras formas, outras
83

REL n.1/2023
abordagens, outros colegas que poderiam estar envolvidos nisso, sofrendo esse
mesmo tipo de pressão, esse mesmo tipo de ameaça?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Esses outros

também, o Gabriel também não sofreu ameaça, nada?

não sei. Eu não tive mais contato com ele.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Nenhum contato?

nenhum contato. Depois que aconteceu isso tudo, nós não tivemos nenhum contato.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Presidente, nós só

temos um caminho: quebra de sigilo. Nós não temos outro caminho. Nós só vamos
chegar a alguma situação fática... Inclusive, eu fiz um requerimento convocando o
Bruno aqui, inclusive pode trazê-lo com a polícia, não tem problema nenhum.
Inclusive também fiz... Eu acho que a gente tem que fazer a quebra de sigilo. E
outro requerimento também que eu fiz foi o pedido do acompanhamento do
Ministério Público Federal e da Polícia Federal, porque, inclusive, eles podem nos
ajudar naquilo que a gente não tem visibilidade. Eu não tenho a prática de estar
interrogando ninguém, nem nunca negociei uma delação premiada na minha vida,
graças a Deus! Mas eu acho que a gente tem que trazer pessoas que têm uma
maior experiência com relação a essas situações e que possam... Já o Vitória é
freguês do Ceará. Pode falar mais. Vitória é freguês de carteirinha do Ceará.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Mas,

recentemente, não. Levamos duas peias.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Todos os jogos que...

*CD230727930200*
Eu fui no 7 a 1, em Salvador.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Mas

faz tempo. Velhos tempos.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Faz tempo. Eu era

menino. Nessa época, nem bigode eu tinha ainda. Então, é o seguinte... O Da Costa
84

REL n.1/2023
deu um show naquele jogo. Eu acho que a gente precisa exatamente fazer isto,
entendeu: quebrar os sigilos bancários, ver esse acompanhamento da Polícia
Federal e do Ministério Público Federal para que a gente possa ter uma meada, o fio
da meada mais claro porque, senão, vai ficar esse pingue-pongue aqui e jogando a
bola na parede o tempo inteiro. Obrigado, Presidente.

Obrigado, Deputado Danilo.
Falando com o Relator aqui, nós já fizemos um requerimento à

Polícia Federal. E, ao mesmo tempo, acho extremamente salutar, nesse caso
específico, quebrar o sigilo tanto do Bruno quanto do Gabriel.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O Romarinho me

dizia aqui que foi quebrado o sigilo dele, do Victor e do Bruno. E o Ministério Público
de Goiás já forneceu a esta CPI, formalmente, todos esses sigilos quebrados e todo
o material da investigação que está sob...
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Eu pedi à advogada

que está acompanhando isso para mim, inclusive é do meu gabinete, e ela disse
que não teve acesso a essa quebra de sigilo.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Todo o material do

Ministério Público de Goiás em que está inserida a questão da quebra de sigilo...
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Então, não veio.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Então, se não foi,

vamos tentar ver aqui...
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Não, não veio,

porque ela leu de ponta a ponta, de cabo a rabo.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Se não tem, vamos

*CD230727930200*
solicitar.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Então, não veio.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O celular dele está

apreendido.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - O quê?

85

REL n.1/2023
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O celular dele está

apreendido.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Sim, tudo bem. Não

estou perguntando pelo celular. Eu estou aqui conversando com eles sobre o
processo. Se o processo está aqui e veio para a Comissão... Eu pedi à assessora
para ler de ponta a ponta, para, inclusive, a gente identificar todos esses
encaminhamentos, e ela disse que não teve acesso a essa parte do depoimento que
não está nos autos que foram disponibilizados para ela ler, é porque lá não tem.
Entendeu, Deputado André?

Deputado Danilo, eu só queria... Bem no início dos trabalhos... (Pausa.)
Então, não é a documentação.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Se a gente não tiver

acesso à documentação, aí é pizza na certa.

Perfeito. Nós já fizemos a solicitação. A Presidência da Comissão já fez a solicitação
tanto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva quanto ao Ministério Público do
Estado de Goiás, e realmente virá em forma de sigilo. V.Exa. tem o direito de,
quando chegar, ter acesso total, como qualquer membro da Comissão.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Eu fiz um

requerimento convidando tanto o Diretor de Arbitragem da CBF como o Diretor de
Futebol, para que eles pudessem vir aqui nos ajudar também nessa investigação.

Obrigado, Deputado Danilo.
Concedo a palavra ao Deputado Leur Lomanto Júnior, do UNIÃO da

*CD230727930200*
Bahia.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Caro

Presidente, Deputado André Figueiredo, aproveito a oportunidade também para
parabenizar V.Exa. por ter assumido a Liderança do nosso bloco, do qual eu faço
parte, e também parabenizar o Deputado Felipe Carreras pela condução durante
86

REL n.1/2023
esse período em que o Deputado foi Líder do bloco. Quero parabenizar ambos. Eu
ouvi atentamente aqui os meus pares nas suas arguições, nos seus
questionamentos com relação ao jogador Romário, e não vou aqui me alongar a
fazer perguntas, pois me sinto amplamente contemplado com as perguntas que
foram realizadas pelos meus colegas. Diferentemente de alguns Parlamentares, eu
acho que esse episódio específico envolvendo o Romarinho, para mim, está muito
claro: Romário é o elo mais fraco de toda essa investigação. Ele teve o papel de
cooptar jogadores para poder fazer a manipulação de resultados, que foi fruto de
uma investigação por parte do Ministério Público do Estado de Goiás, e recebeu a
devida pena, sendo banido do futebol. E aí, meu caro Presidente, meu caro Relator,
eu acho que esta CPI — e há a regulamentação das casas esportivas no Brasil, das
casas de apostas esportivas no Brasil — talvez traga uma grande contribuição em
dois aspectos. Primeiro, o endurecimento das penas. Esse assunto — eu acho que
está claro aqui, e outros Parlamentares utilizaram da palavra — foi o que me
chamou a atenção para a discriminação com relação às penas que vêm sendo
aplicadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Ora, eu cito aqui o caso
específico dessa investigação do atleta Romarinho, comparando-a com a do próprio
atleta que ele intermediou, que foi o atleta Domingos, não é isso?

Gabriel Domingos.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - O Gabriel

Domingos teve uma pena mais branda do que a do atleta Romarinho participando
do mesmo episódio, do mesmo fato que está sendo investigado. Então, eu não sei
de que forma poderíamos provocar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva para
saber, exemplificar os critérios que estão sendo adotados na aplicação dessas
penas. Ora, nós estamos aqui diante de um atleta de 21 anos, que tem,
obviamente... que tinha um futuro enorme no futebol brasileiro, mas vai ser impedido
*CD230727930200*
de atuar profissionalmente no futebol, e vemos outros atletas de clubes que

praticaram atos, inclusive mais graves do que o que ele praticou, tomar penas muito
inferiores à que ele tomou. Então, eu trago esse questionamento. Não sei de que
forma poderemos ampliar essa discussão com o STJD para entendermos as
aplicações dessas penas e, num futuro próximo, aí já tratando da regulamentação,
87

REL n.1/2023
também fazermos essa discussão de endurecimento das mesmas penas. Outro

ponto é que está claro que todos esses episódios que estão sendo investigados pelo
Ministério Público de Goiás e de outros Estados brasileiros tratam exclusivamente
da questão da individualização das apostas. Você não ouviu aqui falar, pelo menos
nos depoimentos que eu acompanhei, de ninguém que tentou comprar um time de
futebol, tentou comprar um árbitro de futebol. Isso ainda não saiu em nenhuma
investigação, em nenhuma matéria jornalística. E há essa sugestão, que eu não
recordo qual Parlamentar fez, de nós, de imediato, de alguma forma — não sei se é
possível —, num diálogo com os presidentes das associações, das bets, das casas
esportivas, já excluirmos, porque estamos diante do Campeonato Brasileiro, de
Série A, de Série B, de Série C, de Série D, de campeonatos regionais. Existe
alguma coisa que pode ser efetivamente já colocada dentro dessas casas
esportivas, para excluirmos, de imediato, essas individualizações de apostas por
cartão, por pênalti, enfim, que estão sendo alvos dessas investigações e desta CPI?
Ao Romarinho eu digo: olhe, nós temos que ver realmente... O ato que você
cometeu foi um ato gravíssimo. Eu tenho sido duro. Sou Presidente de um clube lá
na minha cidade de Jequié que joga a Série B do Campeonato Baiano e tenho
conversando muito com os jogadores sobre isso. Todo ser humano é passível de
erro. No meu entendimento, a pena que foi aplicada a V.Sa. pelo erro que cometeu
é muita, pelo que ocorreu no seu caso. E nós devemos, sim, Deputado José
Rocha... Se formos comparar a pena que o jogador Eduardo, dos Santos, teve, aí
nós começaremos a pensar que houve um ato discriminatório — porque é time
grande, passa a mão na cabeça; porque é time pequeno, passa a mão na cabeça.
Então, nós devemos punir exemplarmente, devemos ser rigorosos com essa
questão, que envolve milhões e a paixão de milhões de brasileiros, mas nós temos
que saber realmente diferenciar e temos que ser justos com quem merece. Era isso,
Sr. Presidente.
*CD230727930200*
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Sr. Presidente, pela

ordem, eu peço 1 minuto.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Tem a

palavra o Deputado Danilo.
88

REL n.1/2023
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Eu quero só concluir

aqui a minha observação. Romarinho, essa loja é a RM... (Pausa.) Sr. Presidente,
eu acho que nós poderíamos já, como uma primeira iniciativa da CPI, pedir o
bloqueio dessa loja nas redes sociais, no Instagram principalmente, e quebrar o
sigilo bancário, fiscal e telefônico dessa loja, porque, a partir daí, poderemos chegar
a muita coisa. Ela deve ter comercializado com muitos jogadores, deve ter convivido
com muitos jogadores, deve ter convivido com outros aliciadores, deve ter convivido
também com esse mundo criminoso. Então, eu acho que nós poderíamos, através
dessa iniciativa, fazer o bloqueio, chamar os responsáveis aqui. É só solicitar ao
Instagram, que ele é obrigado a dar.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Não é

essa, não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Me dê aí! (Pausa.)
É esta daqui, Feirão dos Goianos, Pavilhão do Atacado, Box 117?

não é essa. É RM alguma coisa. É RM Imports, eu acho. (Pausa.)
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E na multifeira do

SIA?

É RM Imports.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - É loja

de São Paulo, Deputado Danilo. A loja que ele falou é de São Paulo.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É de

São Paulo.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - RM Imports.

*CD230727930200*

sigo ela.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Aqui tem uma RM

Imports, que tem um globo em cima dela. É essa?

89

REL n.1/2023
(Pausa prolongada.)
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Aqui,

ó, é VW Multimarcas.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - De RM para VW faz

diferença. Então, vou participar à Mesa. Pelo print, a Mesa pode fotografar, tirar uma
foto dela. Fotografa no celular dele mesmo, e aí já fazemos o bloqueio dela nas
redes sociais. Pede ao Instagram quem são os responsáveis por ela, localiza pelo
Google.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Essa loja é que

pertence ao Victor Yamasaki Fernandes, é isso?
(Não Identificado) - O jogador que compra coloca a foto... O perfil

coloca a foto do jogador que compra.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Mas já dá para ver

um bocado aí. Nesse aí, pega os mais feios, e vamos começando por eles.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - É importante, Presidente,

já tomar a iniciativa de fazer esse registro antes que tirem do ar o site, não é?

Perfeito.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - É importante pedir à

assessoria que faça isso.
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Vou

pedir à Secretaria da CPI que já tome as providências, para que possamos
realmente investigar, não apenas, lógico, a pessoa jurídica, mas todos que
*CD230727930200*
compõem a sociedade ou a parceria dessa empresa.
Concedo a palavra agora ao Deputado Wellington Roberto, do PL da

Paraíba.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Obrigado, Presidente

André Figueiredo. Cumprimento V.Exa. pela nova Liderança, com sua experiência
muito grande ao longo de toda sua carreira política. Cumprimento o Relator, o
90

REL n.1/2023
Deputado Felipe Carreras. Sr. Presidente, eu queria, primeiro, fazer um breve relato
do que nosso ex-Ministro Marcelo trouxe à tona, no âmbito da nossa CPI, sobre a
questão das empresas bets. Vejam bem, acredito eu que, nas sugestões que foram
requeridas aqui, sugeridas, no caso, por vários Parlamentares sobre a questão das
próprias apostas em futebol, de laterais, escanteios, faltas, essa história toda — lá
fora, e V.Exa. já trouxe essa informação para cá, isso praticamente não existe, não é
autorizado —, esta Comissão deveria se empenhar, todos nós, junto ao Ministério
Público, e que imediatamente mandasse suspender isso, para que o povo brasileiro
não possa ser prejudicado. Estão aí os exemplos a cada dia chegando. Sobre essa
questão do prazo, do timing que nós temos aqui nesta CPI, teremos que ter uma
conversa com o Presidente Arthur Lira, porque os fatos estão surgindo. Cada hora
acontece um fato novo aqui, e isso nós não podemos deixar debaixo do tapete. A
questão que o ex-Ministro Marcelo traz sobre os cassinos é muito grave. É outra
suspensão que esta CPI tem que requerer à Justiça, seja à Justiça do Futebol, seja
à Justiça Comum, para suspender também essa operação, que representa mais de
70% dessas fraudes. Quando eu digo "fraude", Presidente, é a questão da
sonegação. Então, esta CPI tem que mostrar serviço. Eu tenho uma consideração
muito grande pelo nosso Relator, sou amigo dele, quero ajudá-lo em relação ao seu
trabalho. S.Exa. é experiente também na condição de gestor, quando foi Secretário
na nossa querida cidade de Recife, no Estado de Pernambuco, que é vizinho do
nosso Estado da Paraíba. Quero dizer que nós vamos nos ater aqui ao nosso plano
de trabalho. Trazer só a associação? A associação não vai dizer o que nós
precisamos ouvir aqui para tentar ajudar os trabalhos desta CPI. Temos que trazer
caso a caso — não adianta. Nós não vamos admitir isso, nobre amigo Relator Felipe
Carreras. Então, vamos agir imediatamente mandando, através de qual Poder for —
Judiciário ou Ministério Público —, suspender as atividades das apostas do cassino,
que representa 70% da receita dessas bets. Vamos trazer cada proprietário de
*CD230727930200*
empresa ou representante de empresa, seja o que for, Diretor ou Presidente, para

contribuir com os nossos trabalhos. A questão aqui do nosso Romarinho... Acho,
Romarinho, que você tem que se ajudar. Você tem que ajudar esta CPI. Nós
queríamos poder acreditar em você, mas você — me desculpe se eu for muito grave
com você — está mentindo.
91

REL n.1/2023

estou.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Você está mentindo.

Você tem que falar a verdade aqui. Essa história que você contou hoje aqui não
bate. Ela não bate. Você diz que tem imagem no celular, você tem print de
mensagem. Por que você não disponibiliza o seu aparelho celular?

Inclusive, meu celular foi apreendido. Não tem como eu...
O SR. PRESIDENTE (André Figueiredo. Bloco/PDT - CE) - Eu

pediria ao depoente que ouvisse a manifestação do Deputado. Depois você pode
falar.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Por que você não

disponibiliza o seu celular para esta Comissão fazer uma varredura e, logicamente,
contribuir?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Meu

celular está apreendido.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Ah, está aprendido?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Está.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Eu não sabia.

tem como eu mentir. Como eu vou mentir, sendo que...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Não sabia. Não sabia.

Então, é requerer aonde foi feita essa apreensão para alguém dar essas
informações e passar essas informações aqui para esta CPI. Mas, sinceramente, as
*CD230727930200*
histórias não batem. Não batem de valor, não bate a formalidade de pagamento, não
bate a sugestão que foi feita através desse Bruno, que ninguém sabe quem é, muito
menos o Domingos. Então, vamos clarear a sua memória para você se sensibilizar e
contar a verdade aqui, para melhorar sua condição presente e futura. Sr. Presidente,
era com isso que eu queria poder contribuir nesta tarde, aqui na CPI.
92

REL n.1/2023

Obrigado, Deputado Wellington Roberto.
Concedo a palavra ao Deputado Luciano Vieira, do PL do Rio de

Janeiro.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Boa tarde a todos. Boa tarde,
Sr. Presidente André Figueiredo. Deputado Felipe Carreras, parabéns pela
condução dos trabalhos junto ao Presidente desta Comissão tão importante!
Romário, você está tendo uma oportunidade — oportunidade —, e nós precisamos
agarrar as oportunidades. Nesta CPI aqui, você abrindo o seu coração, vai facilitar
demais a sua vida. Eu me solidarizo com você em relação à pena que tomou, não
pelo que você fez, mas não pode um jogador do Santos tomar 12 dias... 12 jogos,
perdão, e você ser banido do futebol. Então, com isso aí, começa o erro, porque
quem rouba 100 mil e quem rouba 1 milhão... Roubo é roubo, e a pena é igual.
Então, você está tendo a oportunidade, nesta Comissão hoje, de abrir seu coração
para cada Deputado aqui estar também a seu favor, estar ao seu lado. Eu estou
falando aqui, agora, que sou contra a forma como estão conduzindo a pena para um
jogador de primeira divisão e a forma para o de terceira divisão. Você já deixou
claro, quando o Deputado Yury fez a pergunta a você, que, como jogador
profissional que está dentro do futebol, o maior problema hoje são as casas de
apostas. Foi a primeira pergunta do Deputado Yury. Gente, nós precisamos registrar
isso! Nós estamos escutando uma pessoa que está sofrendo na pele, que errou,
está assumindo parte dos seus erros — você não está falando tudo o que tem a
falar, mas você vai falar após a minha fala; eu tenho certeza de que você vai falar
mais coisas que você sabe, para nós podermos ajudar você. É um jogador que está
sofrendo na pele e deixou claro que o maior problema hoje são as casas de apostas.
Eu vou registrar essa fala sua nas minhas redes sociais, nos meios de comunicação
de todo o Brasil, porque o problema está aí, sim. Se não tivessem entrado essas
*CD230727930200*
casas de apostas no futebol há 6 anos, nós não estaríamos passando por isso. E
nós Deputados, hoje, participando desta CPI, temos o compromisso já, juntos, de
fazer um documento, protocolar, e que suspenda imediatamente não só a questão
dos cassinos, Deputado Wellington, mas também de todas as casas de apostas no
nosso futebol, até que se resolva esse problema — que suspenda todo e qualquer
93

REL n.1/2023
tipo de aposta! Nós não podemos passar mais uma rodada do Campeonato
Brasileiro correndo esse risco que estamos correndo hoje no futebol. Isso é uma
realidade. Não tem ninguém inventando nada diferente do que está acontecendo.
Vamos resolver essa parte. Estanca-se a sangria, suspendem-se os sites de
apostas no País. Aí, vamos investigar, vamos fazer quebra de sigilo bancário, vamos
pegar lavagem de dinheiro. E quem é certo, quem está trabalhando direito, vamos
regulamentar. Nós temos a responsabilidade, nesta CPI, de, sim, ajudar as
empresas que estão trabalhando corretamente. E quem não está, vai pagar essa
conta. Então, Romário, a minha pergunta, para poder tentar ajudá-lo, é: o que mais
você tem a dizer? Como você pode nos ajudar como jogador, atleta profissional, que
saiu do céu ao inferno, literalmente? Eu imagino a sua cabeça aos 21 anos de
idade. Tinha uma carreira promissora pela frente como jogador de futebol, o sonho
de muitas crianças. E você conseguiu chegar lá.
É por causa dessa praga, desses empresários, desses maus-

caracteres — são maus-caracteres — que estão fazendo isso dentro do futebol, que
está sendo destruída a sua carreira. O que você tem a acrescentar? O que você
pode falar mais sobre isso que está acontecendo na sua vida, para esta CPI tentar
ajudá-lo? E eu estou aqui como um Deputado que está cobrando e criticando a sua
atitude, mas ao seu lado, para ajudar que a pena seja igual à de um jogador da
Primeira Divisão. É isso, Romário.

queria falar aqui para todos vocês que podem ter certeza de que, se eu tivesse mais
para falar, eu falaria. Inclusive, prenderam meu celular, bloquearam minha conta,
que eu recebia pelo Vila. Como é que eu poderia estar mentindo, sendo que
pegaram meu celular, tem as provas lá, tudo? Tudo o que eu falei até hoje no STJD
e na Justiça é a mesma coisa que eu estou falando aqui.
*CD230727930200*
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Entendi. É, você já deixou claro

que não quer... não tem mais o que falar. Mas estou lendo aqui alguns relatos da
investigação e aqui diz: "(...) atleta do VILA NOVA FC, aceitou para si e para outrem,
vantagem patrimonial indevida para praticar ato destinado a alterar o resultado ou
evento da partida entre VILA NOVA X SPORT (...). A vantagem consistiu na
promessa de pagamento de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), dos quais
94

REL n.1/2023
R$ 10.000,00 (dez mil reais) foram efetivamente repassados antes mesmo da

realização do jogo a GABRIEL DOMINGOS DE MOURA. Ele aceitou a vantagem e
permaneceu inicialmente com R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ..." — você disse que
foram 4.000.

que eu recebi foram 4. Foram 4.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Já deu divergência...

que eu recebi foram 4.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - ...4.000 são diferentes de

5.000.
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Pode

ver até na minha conta.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - "... como remuneração por sua
participação no esquema, repassando a quantia restante para MARCUS VINICIUS
ALVES BARREIRA (ROMÁRIO). GABRIEL agiu dolosamente como elo de ligação
para que MARCUS VINICIUS ALVES BARREIRA, após o recebimento da
contraprestação financeira, arregimentasse outro atleta do Vila Nova para cometer o
pênalti na citada partida (doc. 5)."
Então, aqui mostra que tem mais coisas nas quais você poderia nos
ajudar. Como eu falei, é importante para você, é importante para mudar a história da
sua vida, se de fato você quer continuar a sua carreira no futebol. Encerro a minha
fala, Sr. Presidente.

Obrigado, Deputado Luciano Vieira.
*CD230727930200*
Concedo a palavra ao Deputado Igor Timo, que é o último inscrito.
Posteriormente falará o Relator, e eu também quero fazer algumas

indagações.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Presidente André

Figueiredo, agradeço a oportunidade e o parabenizo pelo belo trabalho que vem
95

REL n.1/2023
fazendo nessa condução, bem como o nosso Relator Felipe Carreras. E, me

dirigindo agora ao depoente Marcos Vinicius, ao Romário, queria dizer que eu
também sou um profundo apaixonado por futebol. Tive a grata e a grande satisfação
de jogar num grandioso time de Minas Gerais, nas suas categorias de base, que
também é o Villa Nova. E, Romarinho, me diga uma coisa: como você se sente
agora, olhando para trás e tendo feito essa grande trajetória, do céu ao inferno, um
jovem que tinha tudo pela frente e que, em virtude de um momento sensível, no qual
foi cooptado por um marginal, um bandido, um criminoso, colocou toda a sua
carreira em risco, tendo fechado a principal porta do futuro que você almejou, sem
sombra de dúvida, nos seus melhores sonhos? Como você se sente hoje?

me sinto muito... Eu fico muito chateado, porque tudo o que eu já tinha conquistado
num dia, no outro já tinha acabado tudo. Fico muito chateado com isso, e acredito
que justiça vai ser feita.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Você acha que pode

contribuir com a gente, citando exemplos de outras pessoas que porventura possam
ter passado por isso, além desses já envolvidos que você citou hoje?

Como eu falei, se tivesse mais para falar, eu falaria sim.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Presidente, sem sombra

de dúvidas, pelo que foi dito anteriormente aqui por outros Parlamentares e pelo que
estamos apurando nesta CPI, é de suma importância suspender as apostas. É nítido
que, se elas permanecerem até o final do campeonato, toda a sua trajetória poderá
ser comprometida. É perceptível também que isso não é um caso meramente
corriqueiro. Isso vem acontecendo no futebol brasileiro desde outras épocas. Nós
tivemos grande insegurança enquanto nacionalistas e apaixonados por futebol,
*CD230727930200*
inclusive em finais de Copa do Mundo, em que se cogitaram outras situações.

Então, como um apaixonado por futebol, eu clamo a esta CPI que tome uma medida
imediata e comunique às casas de apostas que essas apostas que têm contaminado
o nosso campeonato, o nosso futebol, sejam suspensas. Sugerimos que elas
implementem um conceito de compliance, para evitar que jovens com futuro
promissor, como é o caso do Romarinho, passem por situações como essa. Sem
96

REL n.1/2023
sobra de dúvidas, você deveria ser a grande esperança, para sua família, de uma
mudança de vida, de um futuro mais próspero, mas está acabando da pior forma
possível. Realmente você é vítima de uma situação. Diferentemente de alguns
Parlamentares e sem querer ser paladino da moralidade, eu acho inaceitável uma
postura como essa. Qualquer profissional que se coloque à disposição para exercer
sua finalidade, seja no futebol, seja em qualquer outra atividade esportiva, seja na
segurança pública, pode se colocar numa condição de ficar refém de bandido. Nós
sabemos que você não é o primeiro, mas nós desta CPI temos a obrigação de
trabalhar para que esse seja um dos últimos casos — quiçá o último caso,
Presidente! É muito importante o trabalho desta CPI. Eu clamo a V.Exa., ao nosso
Relator Felipe Carreras, que tem meu apreço, minha deferência, para que
construamos juntos um conceito de compliance para casas de apostas, para o
nosso futebol, para evitarmos futuras distorções como essa, e, principalmente, a
criminalização dos nossos jovens, que têm oportunidade de ter uma vida digna, não
só para si, mas também para todos os seus familiares. Vamos trabalhar nessa
missão.

Obrigado, Deputado Igor Timo.
Eu gostaria de pedir ao nosso 2º Vice-Presidente, o Deputado

Daniel Agrobom, para assumir temporariamente a Presidência, enquanto eu faço
rápidas perguntas ao depoente.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Sr. Presidente,

peço só 30 segundos para dar uma última contribuição à CPI. Eu acabei de falar
agora com o Vice-Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Felipe
Bevilacqua. O STJD é um tribunal no qual eu particularmente tenho uma confiança
muito grande, até pela pessoa do seu Presidente, Otávio Noronha, que tem uma
*CD230727930200*
credibilidade muito grande junto a todos nós. Ele me disse que essa dosimetria, que
foi muito questionada aqui na CPI, essa discrepância de penas foi numa primeira
instância. E essas penalidades ainda podem ser reformadas — podem e devem ser
reformadas. Então não é nada definitivo. Só gostaria, Deputado Felipe, de dar essa
contribuição aqui. Obrigado.
97

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Obrigado,

Deputado Marcelo.
Passo a palavra, então, ao Deputado André Figueiredo.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Obrigado,

Presidente Daniel Agrobom. Saúdo aqui o meu querido Deputado Felipe Carreras.
Eu ouvi atentamente as palavras do Romarinho, do Marcos Vinicius. Evidentemente,
para nós que já estamos com certa experiência na política e nos deparamos com
crimes inusitados, que infelizmente reverberam por todo o nosso País em diferentes
modalidades, sejam elas esportivas, culturais, sejam de negócios, sabemos que,
para um jovem de 21 anos — apesar de você estar demonstrando muita segurança
num ambiente de CPI, que não é um ambiente fácil —, você deve estar sendo tão
vítima de ameaças que elas continuam prosperando para que você efetivamente
não ajude a elucidar com suas palavras se você foi vítima ou foi autor. Essa
dosimetria de pena, Deputado Marcelo Álvaro Antônio, ela também pode ser
concebida com o grau de participação do Romarinho em termos de gravidade do
que ele participou. Uma coisa é você levar o cartão amarelo; outra coisa é você
aliciar para que se leve o cartão amarelo, para que se cometa o pênalti. E aí,
evidentemente, todos aqui ficam consternados. Você é um jovem de 21 anos. Talvez
esteja iludido com outras promessas que, porventura, estejam fazendo a você,
somadas a ameaças de que certamente você foi vítima, como você mesmo colocou,
e que pode continuar sendo. Você está sendo convocado aqui para uma CPI e está
tendo publicidade para isso. Então eu queria, inicialmente, perguntar duas coisas,
até porque dizem respeito ao futebol cearense. Você conhece o jogador Jordan?

Jordan? Sim.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Certo. E também

*CD230727930200*
o Willian Formiga? Até mesmo porque você falou há pouco tempo.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Você chegou a

procurar o jogador Jordan?
98

REL n.1/2023

Jordan? Sim.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - O Jordan, o

Willian Formiga e o Domingos?

o Van Basty, que é o Sousa.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Esse que recebeu

os 10 mil reais como era o nome dele?

Gabriel Domingos.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Gabriel Domingos.
Então você falou com três?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Esse

foi o que eu passei o número, o Gabriel Domingos.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Certo, mas com

Jordan você falou. Jordan recusou?

Aham. Os três recusaram.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Os três

recusaram. Então, nós estamos convidando também esses três, para ver... Porque o
Jordan, inclusive, deu uma declaração que achava que você tinha tentado aliciar
todos os jogadores do Vila Nova talvez com esse receio, evidentemente, de que
estavam fazendo ameaças a sua família. É verdade? Você chegou a conversar, fora
esses três, com mais jogadores?
*CD230727930200*

Inclusive tem uma mensagem minha com o Sousa em que eu cito que eu estava
sendo ameaçado. Se vocês quiserem, podem até ver essa mensagem.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - Certo. Por fim, eu

só queria, para não me alongar muito... Nós temos a faculdade de dar um espaço
para que você possa conversar reservadamente conosco, os Parlamentares que
99

REL n.1/2023
estão aqui, para que, de repente, você se sinta mais à vontade de falar algo que
efetivamente ajude esta CPI e, consequentemente, possa ajudá-lo nos processos
criminais a que você está respondendo. Você tem interesse em conversar
reservadamente com os Parlamentares?

Como eu já disse, tudo que eu falei até hoje eu estou mantendo, tudo que eu falei eu
falei aqui também. Eu estou ajudando vocês.
O SR. ANDRÉ FIGUEIREDO (Bloco/PDT - CE) - O.k., Presidente.

Estou satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Agradeço ao

Exmo. Deputado André Figueiredo.
Passo a palavra, então, ao Relator, o Deputado Felipe Carreras.

(Pausa.)
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Pela ordem, Presidente.

Relator, eu quero fazer só mais uma observação. Presidente, uma coisa que me
chamou muito a atenção aqui e até me passou despercebido no primeiro momento
da fala foi justamente os valores que foram apontados. O valor, Romarinho, que foi
recebido pelo Gabriel e por você foi em torno de 10 mil reais?

mil.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - E ele repassou 4 mil para

você?

Quatro mil.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - E depois ele te ligou

*CD230727930200*
cobrando quanto?

Bruno?
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - É.
100

REL n.1/2023

Quinhentos mil.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Vocês prestem atenção só

nessas cifras. E nós, que temos um risco no País pela ludopatia... É uma situação
que passa de qualquer margem discutível de um jogo de azar. São cifras muito
expressivas. Então, o cara que pagou 10 mil está cobrando 500 mil por não ter
cumprido. Pasmem! Isto eu acho que é o grande cerne dessa questão, o quanto isso
tem impactado não só nos resultados dos jogos, mas na nossa economia, por uma
fraude. Imaginem vocês que um apostador aposta 10, aliás, aposta 10 não, paga 10
para ganhar 500 mil, e o efeito que isso deve estar tendo. Então, é nítido,
Presidente. É muito claro, Relator, que isso está acontecendo há muito tempo no
nosso futebol. E eu volto a frisar, se esta CPI não tiver um papel efetivo para
combater isso, outros jovens como esse que está aqui à nossa frente... Por sinal, ele
carrega o apelido de um dos maiores craques do futebol brasileiro, o Romário, que é
hoje Senador da República. É um trabalho que tem que ser feito nesta CPI para
impedir que isso continue acontecendo. Esta CPI tem um papel fundamental,
Relator Felipe Carreras. E precisamos ter a dimensão da responsabilidade que hoje
está colocada nos nossos ombros.

Deputado Igor Timo.
A palavra está com o Relator Felipe Carreras.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Muito bem,

Presidente, convidados e todos que estão aqui, senhoras e senhores. Para prestar
alguns esclarecimentos, diante do que nós aprovamos no plano de trabalho, eu
quero reafirmar que nós poderemos, sim, alterar o plano de trabalho e trazer, repito,
casas de apostas específicas diante de um fato determinado, de alguma situação
*CD230727930200*
que justifique trazer alguma e excluir outras. Precisamos estar muito bem
embasados para trazer. E quero dizer a vocês, como Relator e membro da CPI, que
nós deveremos, sim, categoricamente, ter a presença de casas de apostas aqui no
tempo certo, definido pelo colegiado e pelo Presidente, com as suas prerrogativas
regimentais. Nós estamos passando, chegando perto do primeiro quarto da CPI, que
finda no final de setembro, podendo ser prorrogada. Ou seja, nós estamos
101

REL n.1/2023
rigorosamente trabalhando de acordo com o rito validado pelos colegas. Nós

estamos aguardando o recurso humano da inteligência policial por meio de um ofício
feito por esta CPI ao Ministro da Justiça para que, a partir do momento em que
tivermos a inteligência policial de um delegado de Polícia Federal e sua equipe e
recursos tecnológicos também, possamos avançar e ter fases de quebras de sigilos
e ter outros documentos e outras informações prestadas pelo Ministério Público de
Goiás. Então, eu acho que estamos cumprindo com o nosso papel, evoluindo. E eu
não tenho dúvida, nenhuma, Deputado Igor e Deputado Acácio Favacho, nosso
querido Presidente André Figueiredo e Deputado Márcio, de que esta CPI vai, sim,
cumprir com seu objetivo e tratar talvez da maior doença que o futebol brasileiro
esteja sofrendo, que é a falta de credibilidade, como quando V.Exa. diz que está
assistindo na sua casa, no sofá, torcendo por um clube baiano, e, quando termina a
partida, não sabe se aquele resultado foi manipulado ou se foi verdadeiro. Eu fui
para campo de futebol com 8 anos ou 9 anos de idade e sei o que é voltar para casa
frustrado quando o meu clube perdia, o meu clube de coração, o Sport Recife. E
muitas vezes eu não conseguia dormir direito porque o meu clube perdia. E passar
por isso!? O pai de uma criança que leva o filho e, ao terminar o jogo, vê o time ser
desclassificado, perder um campeonato e descer para outra divisão porque o
resultado foi manipulado é uma dor muito grande. Sabemos o quanto o futebol
brasileiro emprega. Sabemos que futebol não é apenas torcida, não é apenas
milhões e milhões ou talvez bilhões de reais, é inclusão social. Eu aprendi, como
Secretário do Esporte, como militante e apaixonado por esporte, que o esporte não
só forma campeão, o esporte forma cidadão. O esporte é uma ferramenta de
inclusão social. Eu tenho certeza, Romarinho, que você ascendeu como jogador
profissional, lutou muito, e no local onde você morava pode ter virado exemplo para
muita gente. Muitos jovens sonharam, lá em Goiás, jogar num clube com a tradição
do Vila Nova. Hoje, infelizmente, você foi aliciado. Mas eu tenho certeza de que, por
*CD230727930200*
todas as categorias pelas quais você passou, você recebeu ensinamentos de

disciplina pelos seus professores para saber lidar, saber respeitar, saber lidar com
companheirismo, saber lidar com dinheiro, a ter valores de honestidade, porque eu
sei que todo professor técnico, num campo de várzea, numa pequena cidade do
Brasil, passa esses valores para você. Eu tenho certeza de que você sabe que
errou. Agora, a pena pela qual você está pagando talvez não seja justa, talvez não
102

REL n.1/2023
seja justa e não tenha isonomia com o que estamos assistindo, e nós aqui não
vamos permitir isso. Eu acho que você está reconhecendo aqui, está tendo a
grandeza de reconhecer que errou e tem que pagar a sua pena, mas não podemos
admitir que clubes que têm dinheiro, que clubes que têm tradição tenham benefícios
em relação à pena para o jogador, enquanto outros que não têm tanta tradição
tenham um tratamento diferente. E aqui eu quero perguntar mais uma vez sobre os
clubes, porque talvez eu não tenha anotado direito. Você disse que o Victor, que é
de São Paulo, não mora no seu Estado, em Goiás, disse que já tinha uma prática de
aliciamento. Você falou do Cruzeiro, do Avaí, do Atlético Mineiro e de qual outro
clube?

Cruzeiro, Avaí, Santos e Atlético Mineiro.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Esses quatro

clubes?

Aham.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Você tinha um

agente que cuidava da sua carreira? Você tinha um contrato profissional assinado?

Aham.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Quem era o seu

agente?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Jair.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Ele tinha mais outro

jogador profissional que ele estava trabalhando como agente de jogador
*CD230727930200*
profissional?

Hum, hum. Tinha muitos.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Quantos

jogadores?
103

REL n.1/2023
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Tinha

muitos. Eu nem lembro.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Ele não fez nada

por você?

Na época, não.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - E agora?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - Agora

também não.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Ele te abandonou?

hum. Ele rescindiu o meu contrato com ele.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Rescindiu o

contrato, e ele, simplesmente, te jogou...

hum.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - E só o Dr. Odair de

Menezes que está te protegendo juridicamente?
O SR. MARCOS VINICIUS ALVES BARREIRA (ROMÁRIO) - É. É

advogado já de família, né? Ele não está cobrando nada de mim e está me ajudando
aí. Inclusive, depois que eu voltei dos Emirados, meu empresário já nem conversa
comigo. Rescindiu meu contrato ali mesmo.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Ele tem mais algum

jogador no Vila Nova ou em algum clube de Goiás? Você tem conhecimento?
*CD230727930200*

Ele tinha o Pedro Júnior, mas o Pedro Júnior acho que encerrou a carreira.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Ele tem mais algum

jogador em grande clube no Brasil?
104

REL n.1/2023

Ah, tem o Ibañez, da Seleção também, o zagueiro.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Está na Seleção?

hum.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - É dele?

dele.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Está bem. Eu te

pergunto: você recorreu da decisão do STJD?

Inclusive, meu julgamento é quinta-feira.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Quinta-feira agora?

hum.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Está bem. O.k.
Obrigado, Presidente. Estou satisfeito com as respostas.
O SR. ACÁCIO FAVACHO (Bloco/MDB - AP) - Presidente, V.Exa.

poderia me conceder 2 minutos? Na realidade, eu deixei de me inscrever porque eu
estava esperando a fala do nosso Relator, Deputado Felipe Carreras, para também
me pronunciar aqui no dia de hoje.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Concedo-lhe 1

minuto.
O SR. ACÁCIO FAVACHO (Bloco/MDB - AP) - Eu queria fazer três

*CD230727930200*
ressalvas, Presidente e Relator Felipe Carreras. Conheço V.Exa. da Legislatura

passada, mas todos nesta Casa sabem o amor que V.Exa. tem pelo esporte como
um todo. Não é só pelo futebol, mas é por tantos outros esportes. V.Exa. já teve a
oportunidade, no plenário desta Casa, inclusive, de defender, de relatar, de discutir
grandes matérias, como a legalização dos jogos de cassino, que está sendo
105

REL n.1/2023
discutida aqui no Senado. Acho que a amplitude do que está acontecendo nesta
Comissão vai transcender. As apostas vão transcender a questão apenas do futebol.
A regulamentação dos jogos de aposta não acontece só no futebol. Isso pode
acontecer no voleibol, pode acontecer no basquetebol, pode acontecer em tantas
outras áreas do esporte. É fundamental V.Exa. falar do plano de trabalho, que pode
ser modificado, orientado, reorganizado. E eu queria deixar uma sugestão. Eu ia
pedir para V.Exa. só me permitir deixar essa sugestão. Tenho certeza de que,
quando V.Exa. se debruçou para falar na tribuna desta Casa sobre a legalização dos
jogos, da tributação, de uma coisa que acontece informalmente — e agora
precisamos enfrentar — e defendeu esse tema, V.Exa. estudou toda a metodologia,
as maneiras, os gatilhos de segurança que precisam haver. Eu acho que é
fundamental, até para tomarmos mais conhecimento do teor dessa matéria,
conhecermos profundamente como funciona todo esse sistema de apostas. V.Exa.
tem essa prerrogativa, como Relator. Peço aqui ao Presidente Julio Arcoverde e ao
Presidente André Figueiredo que possam fazer essa apresentação. Em relação aos
algoritmos que acontecem nesses jogos das apostas individualizadas, será que o
próprio grupo de apostas ou os jogos aqui não acham um radar de uma aposta
suspeita de 10, 15, 20 mil reais em um lateral, em um escanteio, que seja? Neste
momento — e nós estamos em pleno andamento dos campeonatos aqui —, o que
está sendo feito de aprimoramento para essas falhas? Se é que é uma falha ou uma
fraude. O que está sendo feito por parte dos jogos de aposta, da CBF e dos
Tribunais Superiores para conseguir imediatamente, pelo menos, dar uma resposta
à sociedade? O que está sendo feito imediatamente? Quais são as ações? Uma
coisa é clara, Presidente: as pessoas não podem achar que vale a pena correr o
risco para cometer crime — 12 jogos! E não sabemos a dimensão de valores que
estão por trás disso. A pessoa começa a avaliar, um jogador de clube A, B ou C,
começa a pensar que a pena que ele está sendo..., que pelo crime que está
*CD230727930200*
cometendo vale a pena pagar esse tipo de pena muitas das vezes. E isso não pode
passar em branco, porque é isso que vai fazer, cada vez mais, as pessoas
cooptarem ou até as pessoas que têm a má intenção dentro do futebol ou qualquer
outro esporte acharem o seguinte: "Eu vou cometer isso aqui porque não vai dar em
nada. Vai dar uma suspensão de 3, 4 jogos, e não vai ter criminalização isso aqui".
Uma sugestão que deixo a V.Exa., pelo amor que tenho ao esporte: o primeiro ponto
106

REL n.1/2023
a ser feito é nós entendermos — e há, sim, eu conheço aqui — metodologias que
estudamos antes de vir para cá. O sistema de aposta tem os algoritmos que vão
identificar suspeita de aposta. Quando há suspeita de aposta, reporta- se aonde? Eu
tenho certeza, Deputado Felipe, de que a CPI vai ter um trabalho que não vai acabar
em pizza, primeiro porque nós vamos criminalizar quem cometeu o crime. Mas é
fundamental esse trabalho, para embasar o Plenário desta Casa, o Plenário do
Senado Federal, o Governo Federal. Se for esta a decisão do Governo Federal —
regularizar jogos, cassinos, o que for —, nós devemos aprimorar uma legislação que
ainda está embrionária. Então, sugiro a V.Exa. que possa construir esse
encaminhamento.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Deputado Acácio,

primeiro quero agradecer pelas suas palavras e pela confiança. Estamos na
segunda legislatura. É uma honra tê-lo aqui conosco em nossa Comissão. Deputado
Daniel Agrobom, nosso querido Vice-Presidente, é bom que se diga que essas
casas de apostas estão funcionando numa zona cinzenta de regulamentação. Eu fiz
uma pergunta à minha assessoria, no gabinete, de algum projeto de lei aprovado no
Congresso Nacional, ou seja, na Câmara e no Senado, sancionado pelo Presidente
da República, com prazos de regulamentação de 2 anos, prorrogáveis por mais 2
anos, e eu nunca soube de uma história que tenha acontecido na história da nossa
jovem democracia, da República. Ou seja, o Governo passado teve oportunidade,
durante 4 anos, de regulamentar e não regulamentou. Nós estamos debruçados em
um desafio, e, em tudo o que foi dito aqui, eu concordo 100% com os colegas. Nós
precisamos urgentemente de leis, de sanções, de ferramentas tecnológicas. Há,
sim, algoritmos que podem ser utilizados e podem identificar quem está
manipulando o resultado. Nosso Deputado André Figueiredo esteve na França. Lá, a
Confederação Francesa de Futebol tem a sua ferramenta. Há uma outra ferramenta
tecnológica, que é a Sportradar, que inclusive presta serviço à Confederação
*CD230727930200*
Brasileira de Futebol e a federações estaduais. Nós temos aqui a matéria que a

nossa funcionária Gil, Coordenadora de Comunicação, nos entregou. Hoje há uma
matéria da Federação Carioca de Futebol, Deputado Bandeira de Mello, punindo
clubes, que a Sportradar identificou, que estavam participando de manipulação de
resultado, com indícios, com partidas de 9 a 0 ou 10 a 0 ou 11 a 0, coisa meio
folclórica que acontece de 100 em 100 anos. Mas não é normal toda partida terminar
107

REL n.1/2023
em 10 a 0 ou 11 a 0. Nós vamos trazer aqui, Deputado Acácio, a Sportradar. Isso

está em nosso rito validado. E está em nosso rito trazer a CBF também. Foi a
Sportradar que disse que o Brasil é o país que tem o maior indício de manipulação
de resultados do mundo. Não tínhamos nem perguntado, não estava nem instalada
a CPI, e foi publicizado isso na imprensa. Isso é algo extremamente preocupante, e
temos que investigar. Isso é algo muito sério, muito preocupante. Dentro do que
queremos estabelecer, precisamos ter uma nova legislação, uma legislação
moderna. Do G-20, das 20 maiores economias do mundo, só o Brasil e a Indonésia
não têm o jogo legalizado. Eu acho que precisamos legalizar, arrecadar, ter lei clara,
que venha punir, com transparência. Precisamos ter uma agência reguladora que
tenha a sua ferramenta tecnológica de autoridade, de integridade do futebol. Isso é
superimportante. Vamos cobrar isso de nossa parte aqui no conjunto dos membros
da CPI. Então, obrigado pela confiança. E tenham certeza de que esta CPI vai
cumprir com o seu compromisso.
O SR. ACÁCIO FAVACHO (Bloco/MDB - AP) - Presidente, já que

V.Exa. colocou, é fundamental, e já que V.Exa. fez o convite, até para embasar os
Parlamentares a entenderem melhor como é o sistema, que V.Exa. construa, com a
Mesa que conduz os trabalhos, um pedido para vir à Comissão, numa ordem de
prioridade, a Sportradar.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Está no nosso

radar, se é para falar do Sportradar. A próxima agenda é termos a presença da
Sportradar. Mas isso compete ao Presidente, aos Vice-Presidentes. Então, está
dentro do nosso rito, inclusive validado no plano de trabalho, para ser, talvez, a
próxima agenda. Outra coisa também — e já demos aqui entrevista: nós
pretendemos que uma comissão, dentro da CPI, vá a outros países em que houve
escândalos, como a Itália, que teve clube rebaixado para a terceira divisão,
campeonato anulado, para aprendermos também qual foi a linha investigativa e
*CD230727930200*
aonde eles chegaram, porque o futebol brasileiro, repito, está doente. Precisamos
ter o diagnóstico e dar o remédio. Pretendemos, sim, ir a outros países, como o
Deputado André Figueiredo foi, para conhecermos os recursos tecnológicos e
também termos os recursos de investigação, que deram resultado.
108

REL n.1/2023

Deputado Relator. Deputado Acácio, obrigado.
Não tenho dúvida de que nesta CPI, acho, igual a outra nunca visto,
todos os membros estão com o mesmo interesse de chegar realmente a quem são
os culpados e penalizá-los, claro.
Eu peço aos nobres colegas participantes que procurem a nossa

secretaria. Nós temos muito material lá já de julgamentos, material de depoimentos
de vários jogadores. Lá há muita coisa que pode ser interessante.
Eu queria chamar o Romário...
Ele foi ao banheiro? Eu queria passar a palavra para o Romário para

ele fazer as considerações finais, porque não há mais nenhum inscrito...
Não tendo mais nada a dizer, agradeço a presença do jogador

Marcos Vinicius Alves Barreira e do seu advogado, Sr. Odair de Menezes.”
6.2. Oitiva do Sr. Severino do Ramo Clementino da Silva (Nino

Paraíba)
No dia 23 de agosto de 2023, às 14h30min, foi realizada reunião

para oitiva do Sr. Severino do Ramo Clementino da Silva (Nino Paraíba) 12,
convocado em razão da aprovação dos Requerimentos n. 78/2023, 124/2023,
152/2023 e 251/2023, dos Deputados Danilo Forte, Ricardo Silva, Yury do Paredão
e Albuquerque.
“O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Tomada de

depoimento do Sr. Severino do Ramo Clementino da Silva, mais conhecido como
*CD230727930200*
Nino Paraíba, atleta profissional de futebol.
O depoente encontra-se acompanhado do advogado, o Sr. André

Oliveira de Meira Ribeiro.
Solicito que o depoente tome assento à mesa.

109

REL n.1/2023
Peço atenção para a ordem dos trabalhos. Iniciaremos com o

depoente respondendo às indagações do Relator. Em seguida, os autores dos
requerimentos poderão formular suas questões por 10 minutos. Após isso, os
senhores e as senhoras membros poderão interpelar o depoente por 5 minutos, na
ordem de inscrição. A inscrição deve ser realizada por meio do aplicativo Infoleg. O
depoente responderá ao bloco de perguntas dos membros, podendo haver réplica e
considerações finais.
Feitos esses esclarecimentos, vamos iniciar o depoimento.
Sr. Severino do Ramo Clementino da Silva, brasileiro, atleta de

futebol profissional, informo que, pela aprovação dos Requerimentos nºs 78, 124,
152 e 251, de 2023, de autoria dos Deputados Danilo Forte, Ricardo Silva, Yury do
Paredão e Albuquerque, respectivamente, o senhor foi convocado a prestar
depoimento perante esta Comissão. Desde já, agradeço ao senhor e a seu
advogado pela disponibilidade, registrando que serão assegurados os seus direitos
constitucionais. Sr. Severino do Ramo, o senhor se compromete a colaborar com os
trabalhos desta Comissão de Inquérito, prometendo dizer a verdade do que sabe e
do que lhe for perguntado?
O SR. SEVERINO DO RAMO CLEMENTINO DA SILVA (NINO

PARAÍBA) - Boa tarde a todos. Sempre.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Qual o seu

nome completo?

PARAÍBA) - Severino do Ramo Clementino da Silva.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Idade?

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Trinta e sete anos.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Estado e

residência?
110

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Casado. Rio Tinto, Paraíba. O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom.
PL - GO) - O senhor podia repetir o endereço da residência?

PARAÍBA) - Rio Tinto, Paraíba.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Obrigado.

Então, vamos iniciar.
(Pausa prolongada.)
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Nosso Relator

deu uma rápida saída.
Acho que nenhum dos autores de requerimento está presente.
Nós vamos passar, então, para a ordem de inscrição e, depois,

voltamos com o Relator e com os autores de requerimentos. O primeiro inscrito é o
Deputado Albuquerque. (Pausa.)
Também está ausente.
Tem a palavra o Deputado Prof. Paulo Fernando, por 5 minutos.

O.k., Sr. Presidente. Senhor depoente, eu queria saber se o senhor jogou nas
plataformas de apostas ou algum parente do senhor?

PARAÍBA) - Não. Se eu joguei? Não. Só nos jogos.

Não, se o senhor já acessou e jogou em sites de plataformas de apostas de jogo?

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Não. Assim não.

O.k. Foi noticiado que o senhor admitiu ter levado cartões amarelos
propositalmente? Há outras ações que o senhor realizou ou testemunhou que
contribuíram para a manipulação de resultados em jogos?
111

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Sim. Cartão amarelo, sim. Mas o cartão vermelho interfere em
resultado; o cartão amarelo, não.

Durante o período em que o senhor esteve envolvido no esquema, o senhor tinha
conhecimento de que outros jogadores do seu clube, à época, ou de outros também
participavam dessas atividades?

PARAÍBA) - Aí o rapaz que fazia as apostas lá... ele falava que tinha vários
jogadores. E tinha um... Tinha outros jogadores, assim, que estavam envolvidos. Ele
perguntou se eu queria saber o nome, eu disse: "Não, não quero saber o nome".

O nome desse rapaz que o senhor declinou aí?

PARAÍBA) - O LF e o Bruno.

Certo. O senhor recebeu alguma assistência de defesa por parte do sindicato dos
atletas profissionais?

PARAÍBA) - Não.

Não. Concluo, Presidente. Agora que o senhor está cooperando com as
investigações, qual é a sua visão sobre as medidas que os órgãos esportivos e as
autoridades governamentais devem adotar para evitar futuras ocorrências de
manipulação de resultados no futebol brasileiro?
*CD230727930200*

PARAÍBA) - Eu acho que, pelas punições que a gente tomou, não é? Como eu
tomei cartão amarelo e teve outro amigo meu que tomou... companheiro que tomou
cartão vermelho... Isso aí manipula o resultado, cartão vermelho. Eu acho, para
mim, que cartão amarelo não manipula. Mas eu estou errado. Eu sei que eu errei.
112

REL n.1/2023
Estou aqui... Tanto que eu vim aqui com meu advogado para falar para vocês que
estou errado no que eu fiz. É isso.

O.k. E a última pergunta: o senhor é investigado por suspeita de receber dinheiro
para levar cartão amarelo em três jogos do Brasileirão do ano passado, quando
esteve defendendo o Ceará nas partidas contra o Flamengo, São Paulo e Cuiabá. O
senhor pode nos informar quanto recebeu em cada jogo para atender à solicitação
dos apostadores?

PARAÍBA) - Pelos três jogos foram 70 mil que eu recebi — os três jogos.

O.k. Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Concedo a

palavra ao nobre Relator, Deputado Felipe Carreras, por 30 minutos.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Boa tarde,

Presidente, colegas Deputados, convidados. Cumprimento o advogado, Sr. André
Ribeiro; e o atleta, jogador de futebol, Sr. Nino Paraíba. Eu gostaria de fazer
algumas perguntas, de forma bem objetiva, ao jogador Nino Paraíba: em quantos
jogos o senhor recebeu instrução e benefícios para fraudar o resultado, de acordo
com as demandas dos investigados?

PARAÍBA) - Em três jogos.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O senhor contribuiu

com o aliciamento de algum outro companheiro de equipe? Recebeu algum tipo de
proposta nesse sentido dos investigados? Como funcionava esse esquema? O
*CD230727930200*
senhor se beneficiava dos ganhos obtidos com o resultado da manipulação?

PARAÍBA) - Repete para mim, por favor.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Vamos lá. O senhor

contribuiu com o aliciamento de algum outro companheiro de equipe?
113

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, isso aí, não.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O senhor recebeu

algum tipo de proposta, nesse sentido, dos investigados?

PARAÍBA) - Dos investigados LF e Bruno? Sim.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Como funcionava

esse esquema?

PARAÍBA) - Eles ligavam para a gente e falavam que tinha um jogo. No próximo
jogo, eles pagavam tanto, e a gente tomava o cartão amarelo. Eles davam uma
parte antes. Depois que a gente tomava o cartão amarelo, pagavam o restante.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O senhor se

beneficiou do resultado desse esquema de manipulação? O SR. ANDRÉ OLIVEIRA
DE MEIRA RIBEIRO - Deputado, é só para esclarecer se ele jogou ou se ele ganhou
além do valor? É isso?
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Isso. Se ele teve

algum benefício em relação a isso.

PARAÍBA) - Não.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Não recebeu

nenhuma recompensa?

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Não.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Tá. O senhor ou a

sua família sofreram algum tipo de ameaça por parte dos investigados?

PARAÍBA) - Não.
114

REL n.1/2023
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O senhor recebeu

algum tipo de garantia dos apostadores?

PARAÍBA) - A garantia que ele dava era o sinal, como eles falavam. Era antes do
jogo.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Então, ele deu

quanto?

PARAÍBA) - Ele dava sempre a metade ali. Vamos dizer: eram 40, e ele dava 20.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Então ele dava 20.

Ele deu 20 mil a você?

PARAÍBA) - É.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O senhor disse, na

outra pergunta, que o senhor não se beneficiou desse esquema.
O SR. ANDRÉ OLIVEIRA DE MEIRA RIBEIRO - Ele disse que ele

não jogou. Ele não teve recompensas. É só para...

PARAÍBA) - Isso.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Eu estou

perguntando ao atleta.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Doutor, deixe

que o atleta...
O SR. ANDRÉ OLIVEIRA DE MEIRA RIBEIRO - É sobre o

*CD230727930200*
recebimento. É só para esclarecer aqui, para ele não ser levado à confusão. Ele é
confesso no recebimento.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - O senhor se dispôs

a destruir sua carreira apenas pelo dinheiro ou pela certeza da impunidade?
115

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Eu não sabia que ia chegar a esse ponto, mas sabia que era um erro,
que eu errei. Não sabia que ia chegar a esse ponto de destruir a minha carreira,
porque eu nunca fiz isso na minha carreira inteira. E já aos 37 anos chegar e fazer,
destruir a minha carreira toda... No meio do futebol, nunca teve isso comigo. E
acontecer isso aí, eu fiquei muito triste depois. E peço desculpa a todos. E é isso.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Obrigado. Eu estou

satisfeito com as perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Eu

acrescentaria aqui às palavras do Relator: esse dinheiro que você recebeu foi em
espécie ou foi algum depósito em conta?

PARAÍBA) - Não, foi em depósito.
O SR. ANDRÉ OLIVEIRA DE MEIRA RIBEIRO - Depósito em

conta.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Você pode dizer

a esta Comissão de onde veio esse dinheiro? Quem foi que fez esse depósito?

PARAÍBA) - Quem fazia era o Bruno. O Bruno e o LF que faziam.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Vinha da conta

dele?

PARAÍBA) - Aí eu não sei se era da conta dele. Não lembro, assim, o nome. Assim,
eram sempre variadas as contas. Não era a mesma conta.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Só mais uma

*CD230727930200*
pergunta, por favor. Eu peço desculpas, Presidente. O senhor tem conhecimento de

alguma casa de aposta envolvida no esquema de manipulação do resultado de que
o senhor participou?
116

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, não tenho nenhum conhecimento. O conhecimento que eu tenho
é só dos apostadores, que eram o LF e o Bruno. Só isso.
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Qual era a casa de

aposta?

PARAÍBA) - Não, eles não falavam a casa. Eles só falavam só que...
O SR. FELIPE CARRERAS (Bloco/PSB - PE) - Tá bom.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - LF é o quê? É

uma empresa? O que é LF?

PARAÍBA) - Não, LF era um meninão. Eu só conhecia ele por LF. E o outro, o
Bruno. Eram os dois que faziam as apostas.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Você tinha

contato direto com essas pessoas? Falava sempre com eles?

PARAÍBA) - Não. Só, assim, perto de jogos. Não tinha contato assim. Só perto de
jogos que a gente conversava.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Vamos seguir

agora, então, a lista de inscritos.
Concedo a palavra ao nobre Deputado José Rocha, por 5 minutos.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sr. Presidente Daniel,

Sras. e Srs. Parlamentares, o Nino Paraíba jogou no meu Esporte Clube Vitória e,
depois, jogou no Bahia. V.Sa. recebeu alguma vantagem quando jogou no Esporte
*CD230727930200*
Clube Vitória para receber qualquer tipo de punição, cartão amarelo ou expulsão?

PARAÍBA) - Não.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, o Vitória ficou

livre dessa situação. V.Sa. assinou um acordo de cooperação com o Ministério
Público de Goiás para não ser acusado, conforme informa o sítio do Globo Esporte.
117

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Sim.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - V.Sa. está disposto a

relatar aqui tudo aquilo que disse ao Ministério Público?

PARAÍBA) - Sim.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Essas pessoas que

mantiveram contato com V.Sa. oferecendo essas vantagens financeiras faziam
pessoalmente ou por outro meio de comunicação?

PARAÍBA) - Ah, só pelo WhatsApp.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - V.Sa. conhece alguma

delas pessoalmente?

PARAÍBA) - Não.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - V.Sa. poderia

disponibilizar a esta Comissão o extrato bancário em que foi recebida essa
vantagem?

PARAÍBA) - O extrato bancário? Sim. O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) -
Então, Sr. Presidente e Relator, eu peço que recebam esse extrato bancário, para a
identificação desses depositantes. V.Sa. acha que a punição que recebeu do STJD
foi leve, rigorosa? Ou não deveria haver essa punição?

PARAÍBA) - Eu acho que foi um pouco rigorosa, 480 dias, eu acho um pouco
*CD230727930200*
rigorosa.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Por quê?

PARAÍBA) - Assim, porque, em nenhum momento foi manipulação de resultado o
amarelo. Eu acho assim. No meu entendimento, não resultou em resultado nenhum.
118

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - E se fosse vermelho

com um valor maior, V.Sa. estaria disposto também a receber?

PARAÍBA) - Não, isso aí, não. Isso aí eu nunca faria.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Por quê? Por que não?

PARAÍBA) - Porque aí está manipulando um resultado.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O amarelo também

manipula resultado. Dois amarelos correspondem a um vermelho.

PARAÍBA) - É, é expulsão. Mas não é expulsão um amarelo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sim, mas dois são

expulsão.

PARAÍBA) - Sim, dois.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Correspondem a um

vermelho.

PARAÍBA) - Não, isso aí é verdade. Se forem dois é expulsão.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Se V.Sa. tivesse um

amarelo, esse segundo corresponderia a um vermelho.

PARAÍBA) - Sim.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então...

*CD230727930200*

PARAÍBA) - Mas eu só tomei amarelo.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - V.Sa. já teve notícia de

alguma proposta para fraudar resultado de forma coletiva, ou seja, proposta para
afetar diretamente o placar da partida, como, por exemplo, uma derrota da equipe?
119

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - V.Sa. teve informação,

no jogo, na disputa em que participou dessa proposta, de quais outros colegas
também estavam com essa mesma proposta?

PARAÍBA) - No mesmo jogo? No mesmo jogo, eu acho que foi só o Richard.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Só?

PARAÍBA) - O Richard, no Cuiabá.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - No Cuiabá. Quantos

outros colegas você... Mais quantos?

PARAÍBA) - Não, mais nenhum. Só esse.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Não, V.SA. mais um.

PARAÍBA) - Isso.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Só?

PARAÍBA) - Só.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - A segunda parcela

V.Sa. recebia quanto tempo depois do jogo?

PARAÍBA) - No segundo... Depois do jogo. Assim, vamos dizer, era no domingo. Na
*CD230727930200*
segunda, eles pagavam.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Recebia por Pix ou por

conta bancária?

PARAÍBA) - Por Pix.
120

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Pix.

PARAÍBA) - É.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Eu lamento, meu caro

Nino Paraíba. Você, que foi um ídolo do meu clube, o Esporte Clube Vitória,
contribuiu com muitas vitórias do nosso clube e foi admirado pela nossa torcida.
Depois eu lamentei por você ter ido para o Bahia, mas eu lamento muito mais pela
sua "enveredação", por essa ilicitude que realmente maculou toda a sua carreira
esportiva, profissional, por determinados ganhos que não vêm resolver o seu
problema financeiro. Talvez a dignidade da sua profissão, o suor que você derrama
durante as partidas, nos jogos, defendendo a camisa do clube que lhe paga... Você,
realmente teve uma fraqueza muito grande, e eu lamento. Lamento por ter lhe
admirado muito quando atuou no meu clube. Infelizmente, você manchou a sua
carreira, e isso, realmente, é muito ruim, muito ruim. Lamento.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Seguindo a lista

de inscritos, concedo a palavra ao Deputado Fernando Rodolfo por 5 minutos.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Nino, como é que foi que
se deu essa negociação entre você, o Bruno e o LF?

PARAÍBA) - Foi pelo Instagram. Ele mandou mensagem.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você em momento

algum chegou a falar com ele pessoalmente?

PARAÍBA) - Não.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Então, a abordagem que

*CD230727930200*
ele fez foi através do Instagram?

PARAÍBA) - Do Instagram.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você simplesmente

acreditou que fosse verdade aquela proposta? Recebeu a primeira parte, é isso?
121

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, aí ele fez pelo Instagram, fazendo um... me chamou para fazer
parceria. Ele me dava uns tênis. E aí, depois, com o tempo, foi que ele veio falar do
negócio de aposta.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Quer dizer que antes de

lhe dar a primeira parte, ele lhe deu alguns brindes? Tênis e o que mais?

PARAÍBA) - Não, antes de ter as apostas.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Então?

PARAÍBA) - Aí ele queria fazer parceria. Ele me chamou assim no Instagram: "Nino,
vamos fazer uma parceria? Você faz parceria?" Eu disse: "Faço". Aí ele falou:
"Então, eu vou te mandar uns tênis, aí você posta". Eu disse: "Beleza", como
qualquer outro faz, em parceria de mandar... dar uma camisa, o cara tira a foto e
posta. Aí, com o tempo, depois foi que ele veio com negócio de aposta.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você faz parceria com

qualquer pessoa que te chamar no Instagram, então?

PARAÍBA) - Não, assim, de camisa, coisa... sim. É o que a gente faz.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E ele falou enquanto

pessoa física ou falou em nome de alguma empresa?

PARAÍBA) - Não, ele falou LF. Era o que tinha.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - LF?

*CD230727930200*

PARAÍBA) - É.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - LF é uma empresa?

PARAÍBA) - Isso.
122

REL n.1/2023
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Mas você disse agora há

pouco aqui que não era uma empresa, que era um apostador.

PARAÍBA) - Não sei se é uma empresa. Eu sei que é o LF. Não sei se é empresa
ou não. Eu sei que ele que me chamou, e a gente conversou no Instagram.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - O nome dele é Bruno

LF?

PARAÍBA) - Não, Bruno é outro cara; o Bruno.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - O Bruno fez uma

abordagem a você no Instagram e LF fez outra?

PARAÍBA) - Não, o Bruno não. O Bruno só que me pagou. Falou assim, o LF...
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você falou agora que o

Bruno lhe ofereceu uma parceria.

PARAÍBA) - Não, não foi o Bruno. Eu falei do LF. Eu falei que o Bruno, depois que a
gente já estava na coisa de aposta, aí ele falou: "Não, fala com o Bruno lá, que o
Bruno te paga" — o LF. Aí foi que eu vim saber que esse Bruno estava envolvido.
Não sabia.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Nino, quem é LF?

PARAÍBA) - Eu não sei quem é o LF.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Então, você fez uma

*CD230727930200*
parceria com alguém que você não sabe quem é, não sabe nem se é alguém ou se
é uma empresa? Você não sabe?

PARAÍBA) - Não.
123

REL n.1/2023
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E aí essa pessoa ou

essa empresa que você não conhece, que não sabe quem é, te mandou receber um
dinheiro do Bruno?

PARAÍBA) - Isso. Ele falou: "O outro... o cara que manda é o Bruno. Aí ele vai te
pagar". É do cartão amarelo isso aí. Estou falando do cartão amarelo. Da parceria
foi só o tênis. Aí, depois, eu estou falando...
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Rapaz, isso está muito

confuso — essa história —, não está não?

PARAÍBA) - Não, porque foi assim...
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Eu vou perguntar de

novo. Quem te abordou no Instagram?

PARAÍBA) - O LF.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - O LF. E quem é LF?

PARAÍBA) - LF eu não sei quem é.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Não sabe quem é. Essa

pessoa que você não sabe quem é te ofereceu uma parceria?

PARAÍBA) - Isso. Aí me mandou uns tênis, e eu...
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Mandou uns tênis para

você?
*CD230727930200*

PARAÍBA) - Para tirar foto. E postei.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Isso foi quando?

PARAÍBA) - Foi no ano passado.
124

REL n.1/2023
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E aí você recebeu os

tênis e postou a foto?

PARAÍBA) - Isso.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E depois o LF começou

a falar em propina para você receber um cartão amarelo?

PARAÍBA) - Isso. Aí depois que ele não estava pagando, aí eu perguntei: "Não vai
me pagar?" Aí ele disse assim: "´Ó, eu vou te passar para o Bruno. Fala com o
Bruno aí". Aí foi que eu conheci esse Bruno.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Aí entrou o Bruno na

história.

PARAÍBA) - Isso, na história.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E o Bruno lhe pagou

quanto? Vinte mil?

PARAÍBA) - Foi.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Aí depois você tomou o

cartão amarelo...

PARAÍBA) - Isso.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - ...e recebeu o restante.

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Isso.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Então, você recebeu um

dinheiro, não sabe de quem foi, não sabe nem se esse Bruno existe, só conhece
pelo nome, porque você nunca esteve com ele pessoalmente, não é isso?
125

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, não.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Esse LF chegou a falar

com você pessoalmente, assim, por telefone, ou foi só mesmo por texto?

PARAÍBA) - Não, falava assim pelo Zap mesmo.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Pelo Zap. Em áudio ou

texto?

PARAÍBA) - Áudio.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Era Zap ou era

Instagram? Está com duas conversas.

PARAÍBA) - Era o Zap.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você falou Instagram,

agora é o WhatsApp?

PARAÍBA) - Não, que falava era no Zap.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você disse que a

abordagem foi pelo Instagram.

PARAÍBA) - Foi pelo Instagram.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Aí começou a falar no

WhatsApp?
*CD230727930200*

PARAÍBA) - Não, depois das apostas. Nas apostas foi que aconteceu. No Instagram
foi só por mensagem.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Certo. Em algum

momento ele mandou algum áudio para você?
126

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não. No Instagram não.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - No WhatsApp?

PARAÍBA) - No WhatsApp.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E era homem ou era

mulher?

PARAÍBA) - Era homem.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Então, LF é uma

pessoa?

PARAÍBA) - Isso, é uma pessoa.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E você só sabe isso?

PARAÍBA) - Isso.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Sr. Presidente, está tão

confuso que 5 minutos é pouco para nós podermos decifrar essa confusão que o
Nino está querendo contar aqui.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Fique à

vontade, Deputado.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Depois dessa conversa

de parceria, você recebeu os 20 mil num Pix?

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Isso.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Quem era o pagador

desse Pix? Era o CPF de quem?

PARAÍBA) - O CPF assim eu não olhei quem era.
127

REL n.1/2023
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você não tem o

comprovante?

PARAÍBA) - Tem no extrato.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Em algum momento

dessa conversa aí no Instagram e no WhatsApp, você tomou conhecimento de que
outros jogadores também estavam fazendo esse tipo de parceria?

PARAÍBA) - Tinha outros que ele falava.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Quem?

PARAÍBA) - Ele não falava o nome, dizia que tinha outros jogadores.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Tinha outros jogadores.

Ele não disse de onde saía esse dinheiro não, esse dinheiro todo não?

PARAÍBA) - Não.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Nem você perguntou?

Quer dizer que o cara te ofereceu 70 mil reais assim, e você não quis saber de
nada, só receber? Não quis saber quem era, se era uma empresa, a origem desse
dinheiro. Você não teve preocupação com nada, só em receber para enganar o
torcedor. É isso?

PARAÍBA) - Não, para enganar não, porque a gente estava...
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Você em momento

*CD230727930200*
algum quis saber a origem do dinheiro.

PARAÍBA) - Sim, ele falou: "Você toma um amarelo e vai receber tanto".
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E esse LF falava em

nome de quem, ao lhe oferecer esse dinheiro? Quem era a empresa que estava por
trás disso?
128

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, ele não falava a empresa.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Isso aconteceu só

quando você estava jogando pelo Ceará?

PARAÍBA) - Só.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Depois que você

recebeu esse dinheiro, você teve algum outro contato com LF e com Bruno?

PARAÍBA) - Com o LF tive. No América, já este ano, ele queria que eu fizesse um
pênalti, e eu falei para ele que não fazia.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E quanto foi que ele lhe
ofereceu para o pênalti?

PARAÍBA) - Duzentos mil.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Duzentos mil para fazer

um pênalti?

PARAÍBA) - Isso.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E você não aceitou?

PARAÍBA) - Não aceitei.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - E quem aceitou no seu

lugar?
*CD230727930200*

PARAÍBA) - Não sei.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Teve pênalti nesse dia,

nesse jogo?
129

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, acho que não.
O SR. FERNANDO RODOLFO (PL - PE) - Sr. Presidente, sem mais

perguntas.

Deputado. Passo a palavra ao autor do requerimento, o Deputado Danilo Forte.
V.Exa. tem o tempo de 10 minutos, Deputado.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Obrigado, Sr.

Presidente.
Sras. e Srs. Deputados, desculpem-me o atraso, mas eu estava

numa reunião no Ministério Planejamento e Orçamento, tratando da Lei de Diretrizes
Orçamentárias, que interessa a todos nós. Todos nós estamos sabendo do nosso
embate, da dificuldade que é fazer o orçamento do Brasil, principalmente devido à
importância do papel que o Poder Legislativo tem hoje.
Nino Paraíba, torci muito por você, viu? Aliás, a minha paixão pelo
Ceará vem desde a minha infância, junto com meus irmãos mais velhos. Você nem
tinha chegado ao Ceará, e eu me lembro muito bem de, ainda adolescente, ali no
Porangabuçu, às sextas-feiras, assistir ao treino de apronto. Naquela época, só se
jogava praticamente nos dias de domingo, quando aconteciam os grandes clássicos
no Estado do Ceará.
O Ceará é uma paixão. O Ceará mobiliza multidões. É o time mais

querido do nosso Estado e fez um time participativo, competitivo, no ano passado.
Você, Nino Paraíba, nosso lateral direito, era um dos expoentes do time. Saiu o
Samuel Xavier, você chegou, e quase ninguém sentiu falta do Samuel Xavier no
primeiro momento. E o Samuel Xavier hoje é titular no time do Fluminense.
*CD230727930200*
E a expectativa veio com a frustração. Como é que um time tão

bom, um time do qual praticamente todos os jogadores do ano passado continuam
jogando em times da série A, na primeira divisão, foi rebaixado? Até hoje ninguém
consegue explicar isso. Um time que começou bem o campeonato se desonerou de
uma forma tal que comprometeu toda a capacidade de compreensão de quem gosta
130

REL n.1/2023
de futebol, de quem tem no futebol uma paixão. E a população brasileira como um

todo é apaixonada pelo futebol.
Veio, automaticamente, o desconforto com o advento das

investigações, com a operação que identificou jogadores de um nível extraordinário
que se comprometeram com a manipulação de resultados e com uma postura em
campo, o que influência no resultado do futebol. Se um jogador leva cartão
vermelho, é expulso, ou se um jogador comete um pênalti, prejudica o time. Isso,
para um jogador jovem, como o primeiro que inquirimos aqui, de 20 anos de idade,
tem um peso diferente do que para um jogador experimentado, vivido, que já passou
por vários times, por várias competições, como você passou. Você não é um jogador
advindo das categorias de base. Você já é um jogador maduro. Você já era um
jogador maduro quando jogava no Ceará.
Para nós, foi um ponto de questionamento muito forte o seguinte:

como o Nino Paraíba, um cara que tinha toda uma carreira, toda uma história, era
reconhecido, marcou positivamente a passagem por todos os clubes pelos quais
passou, sai do Ceará dessa maneira, cometendo uma agressão, um crime contra a
torcida? Um jogador que se deixa vender e que compromete o resultado do time
numa partida de futebol está traindo os seus torcedores, está traindo aquelas
pessoas que confiaram a ele o seu amor, o seu carinho, a sua admiração, a sua
torcida, a sua afeição.
Diante desse quadro, o que eu questiono, primeiro, é o seguinte:

você, sendo um jogador experiente, vivido, ao ser abordado por um corrupto e
corruptor, que fez com que você, inclusive, até num gesto, talvez, de
reconhecimento do erro, tenha aberto mão dos seus direitos junto ao time do
Ceará... A iniciativa de ligar para o Presidente do Ceará foi sua, renunciando os
direitos financeiros que você ainda tinha no clube. Tendo tido essa constatação, é
*CD230727930200*
um réu confesso: "Eu errei, estou querendo diminuir a minha culpabilidade, fazendo
um acordo com o clube, renunciando os direitos que eu ainda tinha para receber".
Mas isso não recompõe ao Ceará o status de time da série A, isso não dá ao Ceará
o tamanho e a dimensão que tem o time do Ceará. E nós fomos traídos.
131

REL n.1/2023
Você e o Richard Coelho estão, inclusive, já caracterizados como

pessoas que cometeram esse crime, cometeram esse deslize, cometeram essa
insensatez de trair uma torcida tão apaixonada por vocês.
Por outro lado, quais os questionamentos que nós temos? Com

certeza, vocês conversavam muito no vestiário; com certeza, vocês criam relações
de amizades; e, com certeza, devem estar também construindo uma defesa
conjunta. Você acha justo que o time do Ceará tenha sido penalizado e que essa
postura de vocês, que já são, inclusive, reconhecidamente, pessoas que tiveram um
comportamento imoral perante a torcida, possa ter comprometido a nossa
continuidade na série A do campeonato? Segundo, dentro das conversas de vocês,
esse corruptor teve acesso a mais alguns jogadores do Ceará? Porque aconteceram
muitos fatos ao longo do campeonato que foram causando questionamentos, desde
a postura do time em campo, o excesso de cartões, o fato de o Vina, numa partida
só, receber um amarelo e um vermelho por desrespeitar o juiz dentro de campo, o
que também não é uma coisa normal para um jogador com a vivência, a
longevidade e a história que o Vina tinha. Houve alguns comprometimentos de
postura, como o do próprio zagueiro que inclusive está no Santos hoje. E também,
por alguns momentos, a gente levou gols ali fáceis, que poderiam ter... Até o próprio
goleiro, numa bola, num jogo contra o Cuiabá, se eu não me engano, tomou um
frango, um goleiro que, inclusive, está no Fortaleza hoje. Esse manipulador, esse
corruptor tinha acesso a outros jogadores do Ceará? Quais eram os outros
jogadores do Ceará a que ele tinha acesso? E, dentro dessa conversa entre vocês,
em algum momento alguém chegou para você ou fez você conversar com outros
jogadores do Ceará? Porque o próprio Tiago Nunes, que era o treinador do time
naquela época de vocês...
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Deputado, se

V.Exa. quiser ir fazendo a pergunta para ele ir respondendo em seguida, para não
*CD230727930200*
acumular, pode fazer.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - V.Exa. acha melhor?
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Está tranquilo,

porque o número de inscritos está...
132

REL n.1/2023
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Então está bem. É

que eu não quero atrapalhar os colegas.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Está bem.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Nesse convívio,

vocês tinham alguma conversa fora de campo? O Tiago Nunes saiu do Ceará muito
chateado com o time, porque o time que ele formou era bom. E ele foi, inclusive,
uma das primeiras vítimas da postura de vocês em campo. Como era esse
convívio? Como era essa abordagem? Quem estava envolvido nessa abordagem,
além de você e do Richard Coelho?

PARAÍBA) - Que eu sei não tinha outro jogador não, só eu e o Richard mesmo. Que
eu sei, assim, só nós dois.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E a conversa era só

entre vocês dois ou vocês dois conversavam junto com o corruptor? Como é o nome
do corruptor, do interlocutor? Como é o nome dele?

PARAÍBA) - É o LF e o Bruno.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Esse Bruno é famoso

já. Foi citado aqui várias vezes. E, nessa conversa dele com vocês, na abordagem,
ele nunca comentou que estivessem envolvidos outros jogadores do Ceará?

PARAÍBA) - Não, não comentou.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E hoje? Porque olhe

a série de cartões que o Ceará teve, tudo cartão vermelho: o Cléber, 2; o Nino, 1; o
Vina, 3 — o Vina gostava de levar cartão vermelho, foi o que mais foi expulso —; o
*CD230727930200*
Lucas Ribeiro, 1; o Richard Coelho, 1; o Bruno Pacheco, 1; o Jô, 1; o Luiz Otávio, 1

— esse ainda está lá conosco —; e o Zé Roberto, 1. Desses aqui, nenhum teve uma
abordagem nem pelo LF, nem pelo Bruno?

PARAÍBA) - Não sei falar isso aí.
133

REL n.1/2023
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Depois que isso se

tornou público, essa postura e essa criminalização, algum jogador do Ceará, desses
do time passado, procurou vocês com medo de ser abordado com relação a isso?

PARAÍBA) - Não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Nenhum? Tem

certeza disso?

PARAÍBA) - De... Que me abordou?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Sim.

PARAÍBA) - Repete aí, fazendo o favor.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Depois que foi

tornada pública a operação que identificou a manipulação dos resultados, o
comportamento de vocês, tanto seu como do Richard, nenhum outro jogador o
procurou querendo saber por que vocês estavam nisso, como vocês entraram nisso
e como vocês estavam pensando em se defender?

PARAÍBA) - Não. Que eu lembre de algum jogador lá, assim, não entrou em contato
comigo, não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você não sente nem

remorso, não?

PARAÍBA) - Não, eu...
*CD230727930200*
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Nem vergonha do

papel que você fez?

PARAÍBA) - Não, me sinto envergonhado pelo papel que eu fiz. Agora, falar que fui
eu que... que fui eu que rebaixei o time, isso aí em nenhum momento. Se eu... Eu
tomava o cartão amarelo, mas, em todos os jogos, eu era o melhor em campo.
134

REL n.1/2023
Como é que eu rebaixei o time? Em todos os jogos do Ceará, eu estava sendo o

melhor em campo.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Em todos não, mas

que você jogava bem, jogava, quando queria. O problema é a postura, não é? O
problema é a postura. Às vezes, não é o que fazemos; às vezes, é o que deixamos
de fazer, não é?

PARAÍBA) - Não, eu já falei: eu errei. Foi um erro. Tem consequências todo erro.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você acha justo um

jogador jovem ser banido do futebol e um jogador que cometeu o mesmo crime, já
com mais vivência, ter uma pena que permita que ele ainda continue jogando?

PARAÍBA) - Aí a gente sabe que a punição para um e a punição para outro são
totalmente diferentes.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Mas e se o crime é o

mesmo?

PARAÍBA) - É o mesmo. Pois é isto que eu estou falando: é a mesma... Tem que
ter...
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você acha justo

isso?

PARAÍBA) - Não. Justo... Não é justo, né? Mas a punição para cada um tem o seu
peso.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - É bom que você

*CD230727930200*
saiba disso. Outra coisa é o seguinte. O cartão que... A bonificação que recebeu, o
dinheiro que você recebeu foi só 23 mil reais, para levar o cartão?

PARAÍBA) - Não. No total dos três, foi 70.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Setenta mil reais?

135

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Isso.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E qual é o teu salário

no Ceará?

PARAÍBA) - Meu salário no Ceará? Cento e trinta.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Cento e trinta por

mês?

PARAÍBA) - É.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - O Ceará pagando em

dia? Porque o Ceará paga em dia.

PARAÍBA) - Não, mas quando estava perto, não estava pagando em dia.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Vocês fizeram algum

boicote ao Tiago Nunes?

PARAÍBA) - Não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E por que o time, de

uma hora para outra, parou de jogar?

PARAÍBA) - Ah, aí, é... Quando o time dá liga, é uma coisa, né?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Como é tua relação

hoje com o Richard?
*CD230727930200*

PARAÍBA) - Não tive mais contato com o Richard.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Ele está jogando

fora, não é?
136

REL n.1/2023

PARAÍBA) - É, está jogando fora.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Ele está onde?

PARAÍBA) - Não sei qual é o time, não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E com o Vina?

PARAÍBA) - Também não tive... Não tenho contato assim com o Vina, não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Tu foi orientado por

quem antes de vir para cá?

PARAÍBA) - Hum?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Tu foi orientado por

quem antes de vir para cá?

PARAÍBA) - Antes de vir para cá?
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - É seu advogado, é?

PARAÍBA) - É. Meu advogado.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - O senhor orientou ele

para ficar calado, para não responder nada?
O SR. ANDRÉ OLIVEIRA DE MEIRA RIBEIRO - Não, Deputado.

Inclusive, ele é réu confesso e colaborou com o Ministério Público.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E como réu confesso,

*CD230727930200*
por que você não conseguiu identificar nenhum outro comportamento estranho
dentro do elenco?

PARAÍBA) - Dentro do elenco? Não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Messias...

137

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Zé Carlos, Vina...

PARAÍBA) - Não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Tem certeza disso?

PARAÍBA) - Tenho certeza.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você sabe que, como

réu confesso, se você estiver mentindo para a Justiça, você vai para a cadeia, né?

PARAÍBA) - Sim.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Sabe disso, não é?

PARAÍBA) - Eu sei. Eu falo...
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Você tem segurança

com relação a isso?

PARAÍBA) - Isso, eu tenho segurança. Eu estou falando a verdade.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Os pagamentos eram

feitos individualmente, ou eram feitos para você e para o Richard conjuntamente?

PARAÍBA) - Não, individual.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Individual? Quem

*CD230727930200*
levou o Richard até o LF e o Bruno?

PARAÍBA) - Não sei.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E quem te levou a

eles?
138

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Foi pelo Insta.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Essas redes sociais!

Tu conheceu o cara no Insta e se vendeu para o cara pelo Insta?

PARAÍBA) - Foi. Pelo Insta que a gente começou a conversar, e ele mandou...
disse: "vamos fazer uma parceria", como eu falei para o outro rapaz aí, ainda agora.
Fazer uma parceria, aí ele mandou uns tênis. Aí depois, com o tempo, ele veio com
um negócio de aposta.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - A quebra do sigilo

bancário do Bruno já foi feita, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Não foi

solicitada ainda.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Pois vamos solicitar a

quebra do sigilo bancário do Bruno, do LF — viu? —, para saber se tem, e também
era importante a gente saber a quebra do sigilo telefônico também, das redes
sociais, para saber quais jogadores a mais ele abordou, porque se ele abordou o
Nino, ele pode ter abordado os outros também, não é? Entendeu?
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Está certo. O

depoente já se colocou à disposição de entregar os extratos com os pagamentos.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E é também bom

para ver outros jogadores que com certeza possam ter recebido recursos dessa
dupla aqui. Os pagamentos eram feitos pelo próprio Bruno? Era transferência direta,
ou ele usava um terceiro? Não usava uma mulher, uma namorada?

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Eu acho que ele usava uma namorada — eu acho. Era mulher, eu acho
— uma mulher. Aí no extrato tem.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Pronto. Então, a

partir daí, você tem o caminho para fazer a quebra do sigilo bancário. E aí a gente
inclusive pode tirar desta CPI um ensinamento, né? Nós temos que ter uma
139

REL n.1/2023
legislação mais concisa, mais consistente com relação a isso. Não pode um jogador
e outro cometerem o mesmo crime e terem penas diferentes. Que País é esse? Que
sociedade é essa? Não é porque um tem um histórico e outro tem outro... Se
cometeram o mesmo crime... Você vê que aquele menino de 20 anos de idade está
banido do futebol. Aí, vem um jogador vivido, experiente e rico e tem a oportunidade
de até jogar fora do Brasil. Isso está errado. Eu acho que a gente tem que ser mais
duro. Eu acho que um dos grandes méritos desta CPI é concluir o nosso trabalho
inclusive patrocinando para o Brasil uma nova legislação penal ao crime que
manipula a paixão do povo brasileiro, que é o futebol.
Obrigado, Sr. Presidente.

Deputado Danilo Forte.
Passo a palavra agora também para o autor do requerimento, o

Deputado Albuquerque, por 10 minutos.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - Obrigado,

Presidente Daniel Agrobom, pela oportunidade de fazer apenas uma pergunta e um
comentário para o Sr. Severino do Ramo, o Nino Paraíba.
O senhor relatou aqui, Severino, que o senhor começou essa

interação dizendo que recebia tênis, camisetas, não é isso?

PARAÍBA) - Isso, tênis.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - Tênis,

camiseta. Eu pergunto para você: de que forma chegou esse material até as suas
mãos? De que forma chegava?

*CD230727930200*
PARAÍBA) - Pelo correio.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - Só pelo

correio?

PARAÍBA) - Só.
140

REL n.1/2023
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - Não tinha

outro meio? Não tinha uma entrega pessoal? Não tinha nada disso?

PARAÍBA) - Não. Pelo correio.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - E esse

LF? Tem como saber quem é esse LF?

PARAÍBA) - Não. Pelo nome assim... Eu só conhecia pelo LF.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - LF?

PARAÍBA) - Aí, o outro aí é Bruno.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - É

danado! E se esse LF tivesse te mandado uma carrada de coisa ruim para tu? Tu
tinhas recebido de qualquer maneira, sem saber quem era esse cara? (Pausa.) Não,
né?

PARAÍBA) - Não.
O SR. ALBUQUERQUE (Bloco/REPUBLICANOS - RR) - Não, né?

É, eu lamento demais. Minha pergunta era só essa. Os colegas já fizeram a maioria
das perguntas que eu iria perguntar. Mas eu lamento demais, Severino, ter que estar
passando por isso o Brasil, o futebol brasileiro estar passando por isso. E quem
somos nós para poder querer condenar? Quem condena é a Justiça, né? Nosso
papel aqui é poder esclarecer tudo isso, é saber quem efetivamente ganhou tanto de
recurso com isso — está ganhando ainda, acredito, né? Estão efetivando os finais
dessa jogatina. E, por isso, a gente lamenta tudo isso, né? Mas acredito que isso
*CD230727930200*
sirva de lição para todo o Brasil, para todos os jogadores profissionais que lidam na
nossa liga brasileira, dos peladeiros até os profissionais, que entendam que o
mundo errado não serve para ninguém, não contribui para nada, muito pelo
contrário, ele destrói aquilo que é o verdadeiro amor pelo futebol brasileiro, tá? Era
mais ou menos essa a minha pergunta. Os colegas já fizeram aquilo que eu iria
perguntar. Mas esse LF nós temos que achar também, saber quem é esse LF, quem
141

REL n.1/2023
é o João, o Pedro, a Maria, até chegar no mandante de tudo isso, para a gente
poder esclarecer e fazer pagar na devida Justiça brasileira. Muito obrigado,
Presidente. Era só essa pergunta.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Sr. Presidente, tenho

uma pergunta que passou em branco aqui.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Pois não,

Deputado.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - É o seguinte. Não é

só no Campeonato Brasileiro. Na Copa CONMEBOL, no jogo Ceará e
Independiente, você levou um cartão amarelo e um cartão vermelho no mesmo jogo.
Lembra disso?

PARAÍBA) - Lembro, sim.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Nesse jogo também

teve propina?

PARAÍBA) - Não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E por que você

estava tão rebelde nesse jogo?

PARAÍBA) - Ah, nesse jogo aí não teve, não.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Porque você não era

de levar dois cartões em um jogo só.

*CD230727930200*
PARAÍBA) - É, mas se voltar, se mostrar o lance lá, todo mundo falou que não, não
era para o segundo amarelo, porque eu nem toquei no rapaz, e o juiz foi e me
expulsou.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E o Ceará foi

também desclassificado da CONMEBOL, não foi?
142

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Não, mas nesse jogo aí, a gente empatou ou ganhou o jogo.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Ganhou de 2 a 1.

PARAÍBA) - Dois a um, de virada.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Foi. Esse aqui nós

ganhamos.

PARAÍBA) - Eu tinha sido expulso.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - E você já estava

expulso quando o Ceará virou o jogo?

PARAÍBA) - Estava.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Quer dizer que nesse

dia você não fez falta?

PARAÍBA) - É. Cheguei no vestiário, aí empataram. Aí depois viraram o jogo.
O SR. DANILO FORTE (Bloco/UNIÃO - CE) - Está vendo?

Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Eu consulto

alguns colegas se alguém mais gostaria de falar. Deputado Acácio? (Pausa.)
Eu queria também já aproveitar algumas perguntas do Deputado

Danilo Forte.
Você disse aqui que participou de três jogos em que teve

*CD230727930200*
manipulação. Esses três jogos foram três cartões amarelos? Em todos eles,
somente cartão amarelo?

PARAÍBA) - Três cartões amarelos somente.
143

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - E o seu

compromisso para receber esse cartão amarelo tinha um tempo? Você tinha até o
minuto tal do jogo? Como era o seu compromisso para você receber esse cartão
amarelo?

PARAÍBA) - Ele falava que era para tomar no começo do jogo.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Não tinha um

tempo determinado, até 10 minutos, até 15 minutos?

PARAÍBA) - Não, mas eu só tomava no segundo tempo.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - O Deputado

também comentou algo do seu relacionamento com outras pessoas. Todos nós
temos alguém com quem a gente comenta aquilo que a gente faz. Nós temos
amigos, nós temos parceiros, às vezes, até parentes. Em nenhum momento, antes
de você praticar o que podemos chamar de delito, porque é um cartão, antes de
você praticar, você não quis saber com alguém, com um colega, com algum outro
jogador se isso era bom, se era ruim, se você poderia entrar ou não? Você não
consultou nenhum parceiro, nenhum colega? Não digo do próprio time, mas um
amigo que está em outro clube? Em nenhum momento você quis trocar ideia para
saber nada? Você fez isso sozinho?

PARAÍBA) - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Esta Comissão,

ao final, vai fazer um relatório que vai ser enviado tanto para a Polícia Federal como
também para o Ministério Público. Aqui todos querem chegar a quem realmente são
esses financiadores. É claro que vocês, jogadores que participaram, têm que pagar,
*CD230727930200*
sim, por isso. Mas você tem algo que possa contribuir com esta Comissão, que você
possa nos trazer de novidade que não foi feita pergunta aqui para você? Há alguma
coisa com que você possa nos ajudar para que esta Comissão possa chegar a
quem realmente são os culpados, os financiadores, aqueles que estão ainda
manipulando o futebol brasileiro? Com isso, você estaria ajudando esta Comissão
144

REL n.1/2023
para que amanhã outros jogadores também não possam cair nessa armadilha em
que você caiu e prejudicar o nosso futebol brasileiro. Você tem algo com que você
possa contribuir, que você possa falar? Qualquer coisa, um sinal de alguma coisa
que não te foi perguntado de algum atleta, de alguma outra pessoa? O que você
sabe hoje sobre manipulação de futebol que você possa contribuir com esta
Comissão?

PARAÍBA) - É, que eu sei, assim, não tem nenhuma outra, não. O que eu tinha para
falar deles é isso aí que eu falei no momento.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - É, então nós

vamos encerrar.
Deputado Bandeira? (Pausa.)
Não?
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Boa tarde, Presidente.

Nino, depois do Ceará, você se transferiu para o Paysandu, que era o seu último
time, não é isso?

PARAÍBA) - Não. Depois do Ceará, eu fui para o América.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Depois do Ceará, foi

para o América. Quando você foi para o América, o seu nome já estava envolvido
nesses escândalos?

PARAÍBA) - Não. Saiu depois.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Saiu depois. Saiu no

América?
*CD230727930200*

PARAÍBA) - Foi.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Depois do América,

você foi para o Paysandu?
145

REL n.1/2023

PARAÍBA) - Isso.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Quem negociou essa

transferência sua para o Paysandu?

PARAÍBA) - Quem negociou?
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - É. O Paysandu te

contratou mesmo sabendo que você já estava envolvido, seu nome já estava
envolvido nessas situações?

PARAÍBA) - Sim.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Houve algum

interlocutor nessa negociação de transferência para o Paysandu, do América para o
Paysandu?

PARAÍBA) - Não.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - O próprio Paysandu te

procurou e teve interesse na tua contratação?

PARAÍBA) - É, com o meu empresário.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Com o seu empresário?

PARAÍBA) - Foi com o meu empresário.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Qual o nome do seu

*CD230727930200*
empresário? Desculpa.

PARAÍBA) - André Castilho.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - André Castilho. Então,

mesmo sabendo desses escândalos todos e que você estava envolvido na
146

REL n.1/2023
manipulação dos resultados, o Paysandu teve interesse na tua contratação por

intermédio do teu empresário?

PARAÍBA) - Sim.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - E ele conversou com

quem no Paysandu?

PARAÍBA) - Conversou com o diretor.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - O diretor?

PARAÍBA) - É.
O SR. DIMAS GADELHA (Bloco/PT - RJ) - Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - O empresário

era o mesmo da época do Ceará?

PARAÍBA) - É o mesmo. É o mesmo.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Era o mesmo?

PARAÍBA) - É.
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Seu empresário

sabia?

PARAÍBA) - Não, não sabia.

*CD230727930200*
Deputado Dimas Gadelha.
Eu queria, então, agradecer a sua presença, Nino Paraíba, e a

presença também do André Oliveira, seu advogado, pelo que você trouxe para nós.
A gente fica aqui à disposição. Se você quiser falar com a gente, às vezes, fora
147

REL n.1/2023
daqui deste momento, nós estamos à disposição para te ouvir, para que você possa
trazer alguma coisa que venha nos ajudar, está bom? Muito obrigado.

PARAÍBA) - Está bom. Eu agradeço.”
6.3. Oitiva do Sr. Bruno Rodrigues
No dia 05 de setembro de 2023 foi realizada reunião para oitiva do

Sr. Bruno Rodrigues (representante da Brax Sports) 13, convocado como
testemunha em razão da aprovação do Requerimento n. 278/2023, do Deputado
Julio Arcoverde.
“O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Boa tarde.

Agradeço aqui a presença do Sr. Bruno Rodrigues, da Brax Sports, e peço que...
Passo a palavra para o Sr. Bruno, para que faça a apresentação inicial da empresa.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Bom, a Abrax é uma agência de

marketing esportivo que foi concebida por mim e pelos meus sócios: o Javier e o
Antonio Carlos, com o intuito de aprimorar a exploração comercial das competições,
prioritariamente do futebol brasileiro. Apesar de a empresa ser relativamente jovem
— nós fundamos a Abrax em 2021 —, tanto meus sócios quanto eu já operamos
nesse mercado há bastante tempo. O primeiro negócio que eu fiz no futebol,
especificamente na parte comercial das competições, foi em 2008. Meus sócios
também têm uma vasta experiência. Chegamos a uma oportunidade de contribuir
para uma melhor exploração comercial das propriedades do nosso futebol e, com
muito trabalho, desenvolvemos um projeto exitoso, vitorioso, que, eu tenho certeza,
vem contribuindo muito para o nosso futebol. Basicamente, o que motivou a gente
*CD230727930200*
era entender que justamente existia muito espaço para que, especificamente na
nossa área de atuação, que é a exploração de publicidade, para que a gente
pudesse melhorar. A gente entendia que havia muito espaço para melhorar. Nós
conhecíamos muito da operação — todos os três sócios prestavam serviços, cada
um na sua área de atuação, para diversos detentores de direitos que ocupavam
148

REL n.1/2023
posições importantes no futebol brasileiro —, e, conhecendo o potencial do nosso

futebol, a gente sabia que poderia criar uma empresa exitosa e que entregasse,
enfim, bastante valor, tanto para os anunciantes, quanto, especialmente e
prioritariamente, para o ecossistema do futebol como um todo: clubes, federações e
a própria Confederação Brasileira de Futebol. E, obviamente, sem juízo de valor ao
que era feito no passado, a gente entendia e entende que, a partir de alguns pilares,
nós poderíamos transformar, enfim, as propriedades comerciais do futebol brasileiro,
primeiro, verticalizando a operação. Historicamente, o futebol sempre se serviu de
agências que terceirizavam e até mesmo quarteirizavam seus serviços. A Brax
entendeu que, internalizando todos os serviços, ganharia competitividade e,
consequentemente, conseguiria uma melhor performance e, consequentemente, um
pagamento mais interessante pelos direitos disponíveis no Brasil. A transparência
que a Brax implementou, uma nova forma de se relacionar com o mercado do
futebol nacional, enfim, colocando cláusulas nos seus contratos que asseguram o
direito aos clubes, às confederações e às federações a entenderem a dinâmica do
relacionamento do mercado com a Brax e com o próprio futebol, dando ciência a
números, enfim, trazendo um pouco mais de visibilidade para essa relação
comercial e, fundamentalmente, a modernização do nosso mercado. O nosso
mercado, ele estava bastante defasado, historicamente, sempre utilizando as placas
de publicidade estáticas — que eram propriedades muito antiquadas, praticamente
já não existiam nos principais mercados do mundo —, e a Brax, com muito esforço,
através de um trabalho de construção de longo prazo, conseguiu, finalmente,
modernizar o nosso futebol e entregar um produto de qualidade, que,
consequentemente, gerou maior, uma maior percepção de valor por parte dos
anunciantes, enfim, e dos nossos clientes de um modo geral. Então, é uma empresa
jovem, porém, com muita experiência no mercado e com um notório impacto nesse
ecossistema. A gente se orgulha muito de poder ter contribuído, pelo menos dentro
*CD230727930200*
daquilo que a gente se propõe a fazer, que é, especificamente, a parte comercial do

futebol, nós, efetivamente, entregamos um impacto muito positivo para o futebol
brasileiro. E a consequência disso, obviamente, foram as oportunidades de negócios
que foram surgindo. Estou à disposição aqui para tirar qualquer dúvida e prestar
qualquer esclarecimento. Espero poder contribuir com a CPI.
149

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Muito

obrigado, Sr. Bruno.
O primeiro Deputado inscrito é o Deputado Márcio Marinho.
V.Exa. tem 3 minutos, Deputado.

Obrigado, Sr. Presidente, Deputado Julio Arcoverde.
Sr. Bruno Rodrigues, sócio da Brax Sports, obrigado pela presença

aqui na nossa CPI. Gostaria de ir direto ao ponto, pelo avançar da hora, de fazer
cinco perguntas a V.Sa.. Em um período de mais ou menos 1 ano, a empresa BRAX
Sports tornou-se a agência de patrocínios da maior parte do Brasileiro da Série A,
da Copa do Brasil, da Copa do Nordeste e até dos direitos de transmissão do
Carioca. Para crescer de forma acelerada no mercado, a empresa, criada em 2021,
fez propostas a clubes e entidades que garantiam a multiplicação dos seus ganhos
com receitas de placas e publicidade nos estádios das competições. Como isso foi
possível?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Deputado, na realidade acho que

vale a pena a gente entrar na natureza do nosso negócio. Basicamente o que a
BRAX faz é avaliar o potencial das propriedades nas competições, se cria um plano
de negócios e, efetivamente, se executa esse plano de negócio. Como eu disse aos
senhores, a empresa avaliou prioritariamente a série A do Campeonato Brasileiro,
um produto que estava extremamente, enfim, defasado do ponto de vista comercial.
Pelo mercado, nós conhecíamos que os clubes tinham uma certa insatisfação com o
modelo atual e fomos originalmente numa negociação clube a clube da série A do
Campeonato Brasileiro apresentar as nossas soluções, apresentar a nossa oferta e,
a partir daí, abrimos negociações. A BRAX saiu exitosa dessa negociação, nós
conseguimos contrato com 12 clubes numa negociação, repito, direta com essas
*CD230727930200*
entidades esportivas, apresentando algumas soluções bem interessantes, como a

isonomia, ou seja, os clubes receberiam de forma igualitária pelos direitos
comerciais, enfim, corrigindo uma distorção histórica, onde havia uma diferença
muito grande de remuneração entre uma equipe e outra. Obviamente trazendo
soluções interessantes, como a possibilidade de os clubes poderem expor os seus
patrocinadores também na publicidade de arena do campo de jogo, algo até então
150

REL n.1/2023
inédito. E uma vez que a gente conseguiu êxito no Campeonato Brasileiro, é

importante salientar, nós fechamos os contratos com os 12 clubes, diretamente.
Posteriormente, houve uma negociação com a CBF, que até então não participava
dessa negociação e, finalmente, a gente conseguiu um contrato que estabilizava 12
clubes, com a anuência, a interveniência da Confederação Brasileira de Futebol. Na
sequência, outros cinco clubes aderiram ao nosso contrato. Esses clubes,
inicialmente, não haviam chegado a um acordo conosco. E à medida que o tempo
foi passando, a BRAX foi mostrando a sua qualidade, mostrando a sua capacidade
de realização. O Campeonato Brasileiro é um campeonato muito importante do
ponto de vista comercial, é uma referência para o mercado. E as oportunidades
foram surgindo e obviamente a gente foi se apresentando e buscando mais espaço
nesse mercado.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Então,

uma característica que vimos da empresa foi fazer propostas ousadas, altas mesmo,
dentro do que era o patamar de negócios: placas do Brasileiro, da Copa do Brasil.
Você entende que são propostas sustentáveis?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Deputado na realidade, assim, não

são propostas ousadas. Eu acho que o que a BRAX faz hoje de melhor é justamente
avaliar o potencial de cada competição, propor aquilo que nós consideramos o ideal,
e uma questão importante, uma questão de convicção: a BRAX entende que ela é
uma operadora, ela é uma agência operadora, ela não é a proprietária da
competição, e isso faz muita diferença, até porque a gente compreende o nosso
papel. E entendendo esse papel de operador, de agência que fornece serviços para
os clubes, e não o real detentor do direito, ou seja, o clube, a Federação ou a
própria Confederação Brasileira de Futebol, esses sim, são os protagonistas
financeiros e comerciais do nosso mercado. Entendendo isso, a gente faz propostas
em alinhamento com o que a gente entende que o mercado efetivamente vai
*CD230727930200*
suportar. Acho que prova disso é que até hoje a BRAX cumpriu absolutamente todos
os seus compromissos, está adimplente com todos os seus direitos, e, até onde
temos conhecimento, os clubes, as federações e a própria CBF estão bastante
satisfeitos com o nosso trabalho.
151

REL n.1/2023
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Só

para alertar aqui os colegas que estão em votação que tenho mais tês perguntas
para fazer, Presidente. Sr. Bruno, em entrevista ao site UOL, em 9 de fevereiro de
2023, o senhor disse que no último campeonato eram 17 clubes que vocês tinham
no Brasileiro, menos Flamengo, Corinthians e Palmeiras. E, hoje, quantos clubes a
empresa tem?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na Série A, 17 clubes.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Os

clubes no Brasil, que, em sua maioria, têm como patrocinador principal ou
secundário os Bets, não estão excessivamente dependentes de casas de aposta?
Se todas saíssem amanhã, não inviabilizaria a vida financeira desses clubes e,
consequentemente, a realização das competições?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não creio, Deputado. Na realidade,

obviamente, o segmento Bet hoje é um segmento expressivo no mercado esportivo,
é um comprador de mídia, um comprador de patrocínio, um comprador de
publicidade nas próprias emissoras que transmitem as competições, mas eu creio
que os clubes têm uma vida financeira saudável. O patrocínio, obviamente, é uma
linha importante, mas não é fundamental. Não creio na inviabilidade, não.

Obrigado, Sr. Bruno. Eu já me dou por satisfeito. Obrigado, Presidente Julio.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Obrigado,

Deputado Márcio Marinho.
Estava inscrito o Deputado José Rocha, que não está presente.
Com a palavra o Deputado Leur Lomanto Júnior. (Pausa.)
Com a palavra o Deputado Wellington Roberto.

*CD230727930200*
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, quero

cumprimentar os colegas que estão neste Plenário 10, cumprimentar V.Exa. e o
nosso Daniel Agrobom, cumprimentar o depoente, o Sr. Bruno, sócio da BRAX. Sr.
Bruno, na apresentação que o senhor fez, o senhor disse que a empresa nasceu há
2 anos. Foi isso? Foi em 2021?
152

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Sim. Na realidade, a BRAX foi

fundada em 2021.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - O senhor relatou aqui

os nomes dos seus sócios. O senhor pode repetir para mim?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Javier Palmerola e Antonio Carlos.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - O senhor se lembra do

capital registrado naquela época? Quanto era?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não me recordo.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Mas era 100 mil, mais
de 100 mil?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não tenho essa informação,

Deputado.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Vocês foram

contratados pela CBF. Qual foi o critério dessa contratação, carta-convite?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Depende da competição. Como eu

disse, na Série A, a negociação foi diretamente com os clubes, originalmente com
12 clubes e, posteriormente, com outros 5 clubes. Num segundo momento, a CBF,
através, enfim, de uma negociação com os próprios clubes, entra como interveniente
desse contrato. É importante ressaltar que há uma divergência entre ambos. A CBF
entende que a propriedade seria dela, mas que ela renuncia a maior parte desses
direitos em favor dos clubes, e os clubes entendem que a propriedade pertence a
eles. Nós negociamos com os clubes. Num segundo momento, a CBF entra como
interveniente fazendo jus a um pequeno percentual, 10% do valor desses contratos.
Especificamente na Série A foi dessa forma. Na Copa do Brasil houve uma
concorrência protagonizada pela entidade. Nós fizemos a proposta, negociamos e
*CD230727930200*
saímos exitosos da competição. Em relação à Série B, se eu não estou enganado,

parece que houve um problema, enfim, no contrato anterior, com uma outra
empresa que fazia a gestão dessa competição, e houve um chamamento, por parte
do Departamento de Compras, para que as empresas fizessem uma proposta. Nós
fizemos uma proposta, negociamos e vencemos os direitos.
153

REL n.1/2023
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - O senhor acha que

essa contratação foi transparente, lícita? Foi correta a forma do...?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Da nossa parte, certamente.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Mas tinham uns

critérios a ser seguidos por essas empresas, principalmente capital social, tempo de
existência dessa empresa. E V.Exa., ou o senhor, foi taxativo aqui na apresentação,
dizendo que a sua empresa tem apenas 2 anos de existência. Eu estou com um
contrato aqui da CBF, uma carta convite, das temporadas de 2023 e 2026, onde um
dos critérios... Aqui, olha. Está bem claro: "Requisitos de capacidade econômica e
financeira: balanço patrimonial e demonstrações contáveis dos últimos três
exercícios". Se a empresa do senhor só tem apenas 2 anos, como foi que esse
contrato foi lícito através da CBF e a empresa do senhor?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade, a informação que nós

temos é que a CBF protagonizou um chamamento, uma espécie de concorrência.
Entretanto, essa concorrência ficou absolutamente aquém do mínimo razoável para
se viabilizar.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Então, Sr. Presidente,

a CBF está errada. Eu pediria... Eu pediria que esta CPI...
[...]
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, eu me

dirigia ao proprietário da Brax, o Sr. Bruno, para perguntar se o contrato havia sido
feito de uma forma lícita, se ele achava que esse contrato estava correto.
Eu expliquei a S.Sa. e, logicamente, a todos os colegas que estão

aqui, o que há nesta carta convite em minhas mãos, e o requisito de capacidade
econômica e financeira, que a empresa de S.Sa. não atendia à época.
*CD230727930200*
Então, Sr. Presidente, eu requeiro — logicamente, nós vamos

formalizar isso — que a CBF se explique em relação a essa contratação, porque me
parece que é a única empresa que presta esse tipo de serviço, única, por sinal.
Em gestões passadas, havia não só uma, mas me parece que três

ou quatro, eu não me recordo, porque eu nunca participei desse relacionamento. Eu
154

REL n.1/2023
gosto até de futebol, mas, relacionamento com a CBF, eu nunca tive, muito menos
com os seus dirigentes.
Então, eu peço a esta CPI que faça esta solicitação.
Em seguida, Sr. Presidente, eu perguntaria se a existência de casa

de apostas teve um papel fundamental na constituição da empresa e na capacidade
de a empresa apresentar propostas vultosas a clubes de futebol, a essa situação
toda que nós sabemos através da própria condição de assistir às partidas — estão
lá as propagandas — e também através dos meios de comunicação. Em outras
palavras, se não fosse a presença dessas casas de apostas, a Brax teria sido criada
e teria a mesma capacidade financeira de oferecer essas propostas?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Deputado, primeiro, uma questão

importante...
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Deputado,

para encerrar, não é?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Não, não. Eu tenho

várias perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - O senhor

vai ultrapassar os 10 minutos?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Não. Eu tenho várias

perguntas, que eu estou fazendo, às quais ele está respondendo.
Então, eu vou fazer todas as perguntas, e ele as responde.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Não. Eu só

estou pedindo, porque há outros colegas...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Eu sei. V.Exa. sabe

*CD230727930200*
que aqui o quórum está resumido.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Eu solicito o tempo de

Líder.
Esta é uma pergunta que foi feita. Sr. Bruno, V.Sa. anotou?
155

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - A Mesa

está me informando que o tempo de Líder não pode ser usado para inquirir.
(Não Identificado) - Presidente, recolha as perguntas...
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Tenha

certa tolerância, Deputado Wellington.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, eu

prossigo com as perguntas: 2. Quanto das receitas totais da Brax provêm das
atividades relacionadas com as casas de apostas? 3. De onde provêm os fundos
que garantem a proposta de quase 1 bilhão de reais pelos direitos de transmissão
da Série B, do Campeonato Brasileiro, entre as temporadas de 2023 e 2026, sem
incluir a aquisição de direitos das placas e de nomes da competição? 4. A Brax teve
um lucro contábil na sua história para poder fazer uma proposta nesse montante de
1 bilhão de reais? 5. Se as casas de apostas retirassem o investimento feito na
competição, a Brax teria capacidade de honrar a proposta entregue ao Presidente
da Federação do Rio de Janeiro, ao Presidente da CBF? Qual é o valor? Quanto foi
essa proposta? 6. Qual é a relação entre o Presidente da Federação do Rio de
Janeiro, a Brax e as casas de apostas? O Presidente da Federação atuou como
intermediário nessa questão? 7. Qual é o motivo pelo qual a Brax financia as
viagens nacionais e internacionais do Sr. Leonardo Ferraz, Secretário Geral da
Federação de Futebol do Rio de Janeiro? Poderia explicar a conexão entre vocês?
8. A CBF e os seus representantes já fizeram concessões à Brax para a inclusão de
pessoas ou entidades indicadas pela CBF na equipe de funcionários da Brax? 9. A
CBF, ou seja, algum dos seus representantes, já solicitou à Brax que indicasse
alguma pessoa da entidade no quadro de funcionários da Brax? Ou seja, a CBF já
pediu à Brax que contratasse alguma pessoa física ou jurídica? Já que vocês têm
esse contrato com a CBF, ela já pediu para que contratassem uma pessoa indicada
*CD230727930200*
por ela ou por alguma federação de futebol de algum Estado? Para finalizar, Sr.
Presidente, segue a última pergunta. 10. No contexto da relação entre a Galera.bet
e a CBF, a Brax teve participação nos eventos que levaram à disputa judicial entre a
empresa e a entidade? A Brax foi responsável por cobrir a multa estipulada no
contrato entre a Galera.bet e a CBF? Houve uma multa, e alguém teve que aportar
esse recurso para pagar essa multa. V.Exa. poderia fornecer mais informações
156

REL n.1/2023
sobre o nível de envolvimento da Brax nesse assunto? Há outra coisa: as viagens...

Eu pergunto a V.Exa., para encerrar aqui: o nome de um dos seus sócios é Antonio?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Antonio.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Ele tem participação

em empresas ou V.Exa. tem conhecimento se ele tem participação numa empresa
chamada Printac?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Sim.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Aqui no Brasil?
O SR. BRUNO RODRIGUES - No Brasil.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - E no Paraguai

também?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Também.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - V.Exa. conhece todo o

mecanismo dessa contabilidade?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não. A empresa pertence ao meu

sócio. Ele tem, de fato, uma empresa no Paraguai que, se eu não me engano,
presta serviço para a CONMEBOL, serviço de produção.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sei.
Eu finalizo aqui, Sr. Presidente, dizendo o seguinte.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Eu lhe

agradeço.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - É importantíssimo que

aqui o depoente fale a verdade.
*CD230727930200*
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Sim.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Isto é uma CPI.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - É claro, ele

sabe disso.
157

REL n.1/2023
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Então, baseado nisso,

nós queremos essa afirmação por parte do depoente. V.Exa. vai responder todas
com a pura verdade.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Até porque — é

só uma contribuição aqui, Presidente —, é importante o depoente saber, e o
Deputado Wellington tentou dizer, caso qualquer resposta do depoente, comprovado
documentalmente que ele mentiu, a CPI pode pedir a prisão dele de forma imediata.

Deputado, ele está acompanhado do advogado. Ele sabe disso, não precisa. Ele
está acompanhado do advogado, fique tranquilo em relação a isso. Isso eu não vou
permitir não. Ele sabe, ele está acompanhado por um dos maiores advogados deste
País. Vamos pular essa página.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - O Deputado Marcelo

quis reafirmar que aqui se trata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Eu sei,
conheço o nobre advogado, renomado, conhecido internacionalmente, inclusive,
Kakay. Agora, nem por isso, ele vai faltar com a verdade.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Vamos

contribuir. Ele vai contribuir, ele é bem-intencionado.
Sr. Bruno Rodrigues, você anotou todas as perguntas, ou quer que o

Deputado Wellington possa lhe fornecer.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu vou respondendo ao Deputado.

Se eu tiver uma dúvida... Bom, primeiramente em relação a supostos investimentos
vultosos, acho importante deixar muito claro isso aqui para para a CPI. A Brax avalia
com muito critério as propostas que efetivamente faz quando vai adquirir qualquer
tipo de propriedade, seja no âmbito da publicidade, seja no âmbito do direito de
transmissão. Historicamente, de novo, sem juízo de valor, como qualquer outra
*CD230727930200*
empresa que atuava no nosso segmento, nós entendíamos, até por conhecer
bastante, que existia ali uma margem de lucro, eventualmente, pelo que a gente
ouvia do mercado, supostamente distorcida. Para nós da Brax, que entendemos a
nossa posição, nós somos um operador, nós temos que entregar os recursos ao
destino final, que é o futebol brasileiro, ou, obviamente, qualquer outro cliente no
158

REL n.1/2023
futebol mundial, a gente faz a avaliação do potencial dessa propriedade e viabiliza o

plano de negócios. Esses recursos chegam ao destino final, que são clubes,
federações e a própria Confederação Brasileira de Futebol, obviamente
remunerando a Brax na condição de agência provedora de serviços. Portanto, não
há nenhum contrato cujo valor seja vultoso. Prova disso é que todos os contratos
são cumpridos à risca, e a gente consegue entregar aquilo que se propõe
efetivamente a pagar, seja a um clube, seja a uma federação ou à própria CBF.
Então, não há contrato vultoso. Há, de fato, o entendimento da Brax que o
protagonista financeiro e comercial de qualquer operação dessa natureza é
efetivamente a entidade desportiva. Acho que essa pode ser uma distorção, se
comparada com o passado, porque existe uma diferença de percepção de papel. Eu
sou um prestador de serviço para o futebol brasileiro. Eu não sou o dono do direito.
A gente faz uma operação e entrega o resultado. Então, acho que pode haver essa
distorção em relação...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Mas, na época, sr.

Bruno, o capital social da empresa era mínimo, não dava nem para pensar, nem
sonhar entrar nesse mercado, e a forma como foi contratada.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na verdade, então, tentando explicar

para o senhor, Deputado, como como funciona o nosso negócio, é muito simples: a
gente avalia o potencial da propriedade. Com toda humildade, nós temos uma boa
capacidade operacional, comercial. A gente entende que consegue gerar esse
recurso a partir da relação com o mercado, procura as entidades esportivas e de
forma muito objetiva fala: "na nossa avaliação, essa propriedade vale tanto, temos
interesse de operá-la. O senhor tem interesse me me contratar?" "Sim." Nós vamos
ao mercado, obviamente, depois de sacramentada a negociação com aquela
entidade desportiva, viabilizamos os investimentos nos mais variados segmentos
que compram as nossas competições, e a gente faz a remuneração para as
*CD230727930200*
entidades esportivas. Acho que o mote principal é entender que a Brax é uma
agência operadora; ela não é a dona do direito. Por força de hábito, talvez do
mercado brasileiro, existe essa questão que uma agência possa suportar
financeiramente uma aquisição, quando, na verdade, quem subsidia toda a
operação comercial no futebol brasileiro é o mercado. Desde que esse mercado
159

REL n.1/2023
começou funciona dessa forma. As empresas montam um plano de negócios,

executam um plano de negócio e entregam o resultado desse plano de negócio para
as entidades esportivas. Talvez a grande diferença seja, na nossa opinião —
evidentemente, cada um está livre para pensar de acordo com o seu interesse —, é
que a gente se coloca numa posição secundária de prestadores de serviço e os
recursos efetivamente chegam até o destino final.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Então, o balanço da

sua empresa é positivo?
O SR. BRUNO RODRIGUES - O balanço é positivo, dá lucro
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Vamos para as outras

perguntas. Essa foi a primeira.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Em relação à receita ou percentual

das apostas esportivas nas nossas operações, acho que é público e notório que há,
de fato, um apetite maior por parte da das casas de apostas para comprar
patrocínios, projeto de mídia e assim por diante. Com a Brax não é diferente. Nós
somos uma empresa de mídia. Eles efetivamente têm uma participação.
Obviamente a gente gostaria de resguardar essa informação do âmbito público.
Obviamente, a gente pode prestar qualquer esclarecimento aqui utilizando aqui os
nossos advogados, enfim, para que vocês tenham ciência desse volume de
investimento, mas é público, é notório, é categórico que o segmento betting hoje é o
maior comprador de mídia não só do futebol brasileiro. Eu diria, inclusive, em
relação às emissoras de tevê, rádio, portais de Internet. É de fato, um segmento que
compra e, dada a competitividade, eles disputam espaço e, consequentemente, têm
um apetite maior para investimento.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - De 1 bilhão?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na verdade, a gente não faz uma

*CD230727930200*
matemática financeira quando compra uma propriedade que, efetivamente, a gente

tem que entregar 1 bilhão de faturamento. Isso é a soma de 4 anos de contrato.
Anualmente, o contrato é totalmente exequível, totalmente viável. Até uma situação
importante. Eu acho que a Brax tem muito o mérito de ter conseguido,
especialmente neste ano, extremamente desafiador, aonde a Série B não conta —
160

REL n.1/2023
vamos colocar aí com clubes do grupo dos 12 maiores clubes do País —, ainda
assim, nós enfrentamos um desafio bem complexo, na esperança de passar a
operar também a venda de direitos de transmissão, que é uma área que a empresa
está começando a atuar. Tivemos êxito comercial, entregamos um bom trabalho.
Creio que os clubes estão satisfeitos, e isso é feito ano a ano. A questão não é de 1
bilhão de reais. A questão á a gente conseguir prover, enfim, arregimentar recursos
no mercado para suportar o ano corrente e, consequentemente, os valores que por
eles são exigidos.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Essa receita provém

das bets?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na verdade, essa receita provém de

um projeto comercial bastante sofisticado, que foi elaborado pela Brax, que vem se
mostrando exitoso. Acho que a Brax implementou um formato diferenciado.
Obviamente, hoje, o betting, como eu disse, é um comprador de mídia, ele contribui
para o êxito desse projeto, mas não é exclusivamente bet. A própria TV Globo hoje é
um dos nossos clientes na Série B do campeonato brasileiro.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Quer dizer, se elas

retirassem esse apoio à empresa de V. Sa., sua empresa iria sobreviver?
O SR. BRUNO RODRIGUES - As bets não apoiam a nossa

empresa; as bets são clientes da Brax, assim como são...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sim, mas a pareceria,

se ela não investisse na sua empresa.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Se os bancos não investissem, se a

empresa de pneu não investisse, seria difícil a gente sobreviver. Isso, sem dúvida
nenhuma.
*CD230727930200*
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Nessa questão da

Federação do Rio de Janeiro, qual é o valor dessa proposta que a sua empresa fez?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na verdade, no mesmo espírito da

Série B, quando a gente procurou especialmente a Federação do Rio de Janeiro, a
entidade se encontrava numa situação bastante complicada — foram 2 anos muito
difíceis: 2021 e 2022 —, e a Brax, já consolidada no seu segmento primário, que é a
161

REL n.1/2023
publicidade de arena, e com bastante poder comercial, obviamente, com uma

relevância grande do mercado, entendeu que poderia suportar a aquisição dos
direitos comerciais — perdão — dos direitos de transmissão do Campeonato
Carioca. Houve uma negociação com os clubes — isso é importante deixar claro
para não haver nenhum tipo de, enfim, desentendimento em relação a como se
procede essa aquisição —, os clubes aceitaram a nossa oferta, e nós compramos os
direitos de 10 das 12 equipes do futebol do Rio de Janeiro para o Campeonato
Carioca.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Qual foi o valor dessa

compra?
O SR. BRUNO RODRIGUES - De cabeça, eu não tenho certeza.

eu quero requerer a condição desses contratos e, logicamente, a questão dos
balanços da empresa, que ele fala e reafirma que é extremamente positiva.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Eu vou

determinar à Secretaria que faça esse requerimento.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Agora, existe também

aqui a questão do Leonardo Ferraz...
Eu quero ouvir a resposta, Sr. Presidente, na questão da Brax

fornecendo viagem para o Sr. Leonardo Ferraz... O senhor tem conhecimento disso?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Tenho conhecimento. Na verdade, o

Leonardo Ferraz é um amigo meu, e, eventualmente, quando temos eventos, a
gente convida algumas pessoas para participar desses eventos. Eventualmente,
algumas vezes...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - E viagens em jatinhos,

*CD230727930200*
tudo pago pela Brax?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Jatinho, não. Na realidade, o que nós

temos é viagens relacionadas a futebol. Quando a gente opera um jogo da Seleção
Brasileira, quando a gente faz qualquer tipo de evento, a gente convida algumas
pessoas. Eventualmente, em situações privadas, pode ser que ele tenha participado
162

REL n.1/2023
de alguma viagem conosco, mas, na condição de amigo, nada relacionado ao

trabalho.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sei.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Falta

alguma pergunta ainda?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Falta. falta. Não só

ele, como vossa V.Sa. disse, mas também outros dirigentes da CBF? O Presidente
da CBF também?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Também? Desculpa, eu não entendi.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Também participa

dessas viagens?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não. Na realidade, que eu me

recorde, uma única vez, eu, coincidentemente, encontrei com o Presidente da CBF
num voo para Paris quando nós iríamos fazer um jogo, perdão, a parte comercial do
jogo. E havia muita gente relacionada à partida, não como convidado nosso,
evidentemente, ele, enfim, cumprindo a agenda dele de Presidente da CBF, e nós,
como operadores comerciais dos eventos que aconteceriam, eu acho que em Le
Havre, em Paris. Nós tivemos um encontro casual, mas nunca provemos nenhum
tipo de passagem, hospedagem, nada do tipo, para o Presidente da CBF.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Quer dizer que V.Sa.

encontrou-o casualmente num voo que foi para Paris?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Era um voo que tinha muitas

pessoas que participariam...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - V.Exa. não estava

num jato particular?
*CD230727930200*
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não. Com o Presidente da CBF, não.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - O.k. Há as outras

perguntas, Sr. Presidente, aqui que faltam.
A CBF pediu a V.Sa. para contratar alguns indicados sugeridos por

ela?
163

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu não tenho essa informação

precisamente até porque nós temos muitos prestadores de serviço. Eventualmente,
até em determinadas situações de confiança, pode ser que sim, mas eu não tenho
essa informação precisa.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Essa prestação de

favor pode ter acontecido?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu não posso afirmar que sim nem

que não, porque são muitos prestadores de serviço no âmbito de produção
especialmente. Eu não sei exatamente se aconteceu ou não.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - É possível?
O SR. BRUNO RODRIGUES - É possível.

requeiro também para termos a certeza das palavras do Sr. Bruno. Quando falei no
Antonio Carlos e na empresa Printac, V.Sa. disse que não tinha nenhum
relacionamento com essas empresas aqui, mas há um e-mail de V.Exa. aqui, numa
relação que eu recebi, aonde o e-mail aqui diz o seguinte:
"brunorodrigues@gmail.com". É o seu?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Desculpa. Qual é o e-mail?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - É

brunorodrigues@gmail.com.
O SR. BRUNO RODRIGUES - O meu e-mail é bruno@braxsa.com.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Mas aqui tem... Esse

e-mail não é do senhor?
O SR. BRUNO RODRIGUES - O brunorodrigues@gmail, não.

*CD230727930200*
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Não é? Então, alguém

está plagiando aí seu nome. Mas aqui também tem o nome de Antonio Carlos
Gonçalves Coelho, que é seu sócio, que também tem Brax Produção e Publicidade
LTDA. É o nome da sua empresa aqui. Várias vezes.
Vou agregar isso a esta CPI depois, Sr. Presidente.
164

REL n.1/2023
Fico pasmo aqui com as palavras do Bruno...
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Esse e-

mail quer dizer o que, Deputado Wellington? Eu também não entendi.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Gostaria de entender em que

contexto...
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - O

Deputado Wellington Roberto está com a palavra.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Eu vou juntar depois a

esta CPI. Ele disse, ele afirmou que não teria nenhum contato em relação à questão
da empresa do Sr. Antonio Carlos, nem a Printac do Brasil, nem a Printac do
Paraguai.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não. A Printac do Paraguai, que é a

empresa do Antonio Carlos especificamente, que presta serviço para a
CONMEBOL, ela não tem nenhuma relação com a Brax ou comigo. É uma empresa
que pertence a ele, exclusivamente, a ele...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Essa empresa é para

constituir alguns empréstimos, algumas coisas desse tipo? O senhor tem
conhecimento?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não, nada... O que eu tenho de

conhecimento é que ele presta serviço para a CONMEBOL na questão de produção
das competições da... da entidade.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente,

requeiro tudo isso e depois vou prestar os esclarecimentos em relação a essa
documentação a esta CPI.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - O senhor

*CD230727930200*
requer o que, Deputado Wellington Roberto. Eu não estou entendendo. O que o

senhor está requerendo?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Estou requerendo tudo

o que foi dito pelo Sr. Bruno aqui em relação à questão das minhas perguntas.
165

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Deputado

Wellington Roberto, V.Exa. está satisfeito?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Estou satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Tem a

palavra o Deputado José Rocha.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Presidente, primeiro,

quero dizer que nós aqui não temos o direito de constranger nenhum depoente. O
constrangimento ao depoente se dá por falta de argumentos.
Quero dizer, Sr. Presidente, que isso aqui se transformou, no dia de

hoje, na CPI da Brax Sports. Quer dizer, é um negócio fora de qualquer propósito.
Quero aqui reafirmar: eu sou amigo do Presidente da CBF Ednaldo

Rodrigues. Sou amigo pessoal dele. Ele foi Presidente da Federação Bahiana de
Futebol; e eu, Presidente do Vitória. Ele é torcedor do Vitória. Somos amigos. Em
momento algum, vou deixar de afirmar que sou amigo pessoal do Sr. Ednaldo
Rodrigues. Isso é para ficar bem claro, bem claro.
Quero também dizer, Sr. Presidente, que eu não tenho nenhuma

denúncia, muito menos processo, na minha vida pública de 48 anos. Nem denúncia,
muito menos processo! É para ficar bem claro também.
Bem, quero me dirigir agora ao Sr. Bruno, da Brax Sports — que eu

nunca tinha visto na minha vida, estou vendo hoje —, e perguntar: a sua empresa
detém contratos, além da CBF, com outras entidades desportivas de outros países?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Sim. No Brasil, nós temos com

algumas federações estaduais, além da própria CBF e os clubes, conforme
mencionado. E nós recentemente fizemos a venda de alguns direitos de transmissão
para as federações dos países sul-americanos, um contrato bastante simples de
*CD230727930200*
venda de direitos de transmissão. Esses são os nossos contratos.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Só para

esclarecer, o senhor poderia mencionar quais são as federações que têm contrato?
O senhor lembra?
166

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Salvo engano, são todas as

federações, além da CBF.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Está bem.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Sr. Bruno, a Brax

Sports começou o seu trabalho com a CBF, o senhor disse aqui, mas eu não me
recordo...
O SR. BRUNO RODRIGUES - Em 2022.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Em 2022. Quer dizer,

no ano passado. Antes da sua empresa, existia outra empresa que tratava disso ou
não?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Existiam. Existiam empresas que

atuavam no segmento.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O senhor pode dizer

aqui uma delas?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Você tinha Klefer, Sport Promotion,

Propaganda Estática, LiveMode e outras menores, mas as mais relevantes...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - A sua não é a primeira

nesse segmento?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não, não, de forma alguma.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, existiram várias

outras?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Sim.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - A modalidade da sua

empresa é aluguel de placas?
*CD230727930200*
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade, a gente compra, a

gente, enfim, adquire os direitos...
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - É semelhante a uma

empresa de outdoor?
167

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Pode-se dizer que sim, mas com

uma particularidade. A nossa visibilidade se dá nas transmissões das partidas. A
essência é muito parecida, é venda de publicidade, de espaços publicitários.
Entretanto, essa venda de espaço publicitário ocorre no âmbito da transmissão das
partidas de futebol.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O contrato da Brax

Sports com a CBF vai até quando?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Depende da competição. Você tem...

Cada competição tem uma negociação específica, um prazo específico...
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Só um

minuto para trocar aqui a bateria do microfone do Sr. Bruno.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Como eu estava dizendo, Deputado,

cada competição tem um período predeterminado. Não é um contrato com a CBF, é
um contrato individual de cada uma das competições.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O.k., Sr. Bruno. Quero

aqui agradecer às suas respostas e agradecer ao Presidente pela tolerância.

obrigado, Deputado José Rocha, sempre muito feliz que o Vitória dele está em
primeiro lugar e vai para a Série A.
Tem a palavra o Deputado Aureo Ribeiro.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) -

Cumprimento todos os demais membros desta ilustre Comissão.
Pergunta que eu faço ao Presidente: o depoente está na condição

de convidado, convocado, testemunha ou investigado?
*CD230727930200*
Fez o juramento, Presidente, conforme manda o Regimento da Casa

e a Constituição? V.Exa. não acredita que ele tem que fazer, conforme a
Constituição, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Eu não fui

orientado pela Secretaria da Mesa. Se precisar, a gente faz agora.
168

REL n.1/2023
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Não

precisa, Secretário?
Então, eu acho que poderia pedir para ele fazer o juramento.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Ele está

colaborando, mas, se precisar...
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mas é

uma questão legal. Ele está orientado pelo seu advogado. Não quero criar nenhum
transtorno.
O SR. ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO (KAKAY) - Não

tem nenhum problema, Excelência. Ele poderá fazer o juramento em que promete
dizer a verdade.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) -

Justamente, Deputado, em relação ao que já disse e ao que vai dizer. Vamos deixar
bem claro que quero que conste isso aí.
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Nesta sessão, não é,

Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Nesta

sessão.
Você pode ler?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Faço, sob palavra de honra, a

promessa de dizer a verdade do que souber e me for perguntado.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Satisfeito,

Deputado Aureo Ribeiro? As perguntas, por favor.

*CD230727930200*
Presidente, não é para minha satisfação, é para cumprir o rito legal na Comissão
Parlamentar de Inquérito.
Prezado Sr. Bruno, diante do cenário do crescimento das

plataformas de jogos sediadas no exterior, com o mal que presenciamos de
combinação de resultados na presente Comissão, muito se falou que essas
plataformas estariam dentro da legalidade, motivo pelo qual faço meus
169

REL n.1/2023
questionamentos ao convocado. Quais são as plataformas de apostas de jogos de

azar que fazem anúncio por intermédio da Brax Sports nas placas de estádio de
futebol no Campeonato Brasileiro? Poderia disponibilizar à Comissão Parlamentar
de Inquérito os contratos?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Obviamente. Primeiro, respondendo

à pergunta do Deputado, do Campeonato Brasileiro são: Betano, Bet Nacional,
1xBet, Pagbet e Mr. Jack. Essas são as empresas anunciantes. E, obviamente,
mediante o contato do nosso advogado, a gente pode disponibilizar sem nenhum
tipo de problema.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Segunda

pergunta: poderia indicar cada um dos integrantes, o representante das plataformas
de aposta que fizeram a intermediação para a contratação das placas publicitárias?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Sim, podemos indicar sem problema.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Poderia

indicar o CNPJ das plataformas de apostas que contrataram a Brax Sports?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Todos os dados que nós tivemos

relacionados às casas de apostas, sem dúvida, podem ser disponibilizados.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Já fica

para Comissão...
Em qual conta corrente a Brax Sport recebe os valores dos

contratos com as plataformas de aposta? Poderia fornecer o nome do banco e o
número da conta e agência?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Salvo engano, porque a parte

financeira não é comigo, mas creio que seja no Banco Itaú. A gente pode fornecer.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Queria

*CD230727930200*
fazer a solicitação à Secretaria da Comissão.
Ocorre atividade cambial das plataformas de aposta para o

pagamento dos valores aos contratos de publicidade com a Brax Sport?
O SR. BRUNO RODRIGUES - É, novamente, eu não cuido da parte

financeira da empresa. Creio que sim. Tudo dentro da legalidade. Enfim, se
170

REL n.1/2023
eventualmente tem um fechamento de câmbio, nota fiscal, contrato, tudo dentro da

legalidade, mas podemos prover as informações sem nenhum problema.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - As

plataformas de apostas que contrataram a Brax Sport possuem representantes
legais no País? Possuem CNPJ aqui, no nosso País?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu não sei te precisar essa

informação. A gente pode apurar também e repassar para a Comissão.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Queria

solicitar também, Presidente para incluir.
Sabe informar se as plataformas de aposta que contrataram a Brax

Sport possuem a maior parte do volume geral de apostas em apostas esportivas ou
nos demais jogos de azar disponíveis na própria plataforma?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não tenho essa informação.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O senhor

acredita que as plataformas que exploram diversos jogos de azar sediadas no
exterior, além de apostas esportivas, atuam de forma lícita no nosso País?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu não sei te responder, Deputado.

Obviamente no que nos compete, que é a venda de publicidade, acho que é notório
que essas casas de aposta compram propriedades em larga escala em todo o
mercado e com a Brax não é diferente, mas eu não sei avaliar.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mesmo

se fosse para divulgar uma atividade ilegal no nosso País, como jogo de azar?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade a gente...
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Você

*CD230727930200*
não poderia estar sendo conivente com a divulgação de jogo de azar no Brasil?
Porque os jogos de azar no Brasil são proibidos.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu não... Na realidade, a gente não

divulga o jogo de azar. A gente eventualmente vende espaço publicitário para o
segmento betting, a exemplo do que todos os grupos de mídia, hoje, do País fazem.
171

REL n.1/2023

tem conhecimento de que no site dos jogos de plataformas estabelecidas que o
senhor representa levam para jogar cassino, blackjack e outros jogos de azar?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Salvo engano, a relação com a Brax

é sempre focada nas apostas esportivas. Não, não me recordo de ter tido nenhum
tipo de veiculação...

tem algum conhecimento de que esses jogos têm essa informação e podem levar
isso?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu não me aprofundo na operação

de cada um dos nossos clientes. A gente, enfim, na verdade, oferece serviços de
publicidade, não....
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mas aí

seria a mesma coisa se o senhor fosse apresentar uma empresa cuja loja vendesse
maconha, e no Brasil é proibido. E o senhor fala: "Eu só fiz a publicidade".
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade...
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Ou que

vendesse cocaína, que é uma coisa proibida no Brasil. Há países onde é liberada,
mas no Brasil é proibida. O senhor não acha que poderia cometer um crime ao fazer
uma oferta de algum produto que é proibido pela legislação brasileira?
O SR. BRUNO RODRIGUES - No nosso entendimento, não há, não

há nada ilícito em você divulgar, na nossa empresa, as casas de apostas, até
porque acho que hoje é uma realidade constituída no nosso País e, enfim, na nossa
interpretação, não há... Aparentemente, não há nenhum mal.

*CD230727930200*
poderia explicar, dentro da juridicidade nacional, a exploração de cassino e jogos de

azar dentro da mesma plataforma esportiva?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Como eu disse, eu não posso

explicar individualmente a operação de cada um dos nossos clientes. A gente se
atém à nossa atuação que é, enfim, oferecer serviços de publicidade para os
172

REL n.1/2023
clientes de todos os segmentos, incluindo os do segmento betting, mas me

aprofundar na operação deles? Acho que o mais adequado seria perguntar-lhes
sobre essa questão, obviamente, com todo respeito. Assim, não...

Presidente, eu tenho que fazer a solicitação formal ou vocês vão apresentar pela
Secretaria da Comissão, para que possamos receber todos os contratos, para
vermos o que contém no contrato com relação aos produtos oferecidos pelas
plataformas aos consumidores brasileiros?
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Nós vamos

fazer pela Secretaria. Qualquer dúvida, entro em contato com seu gabinete.

Obrigado.
Obrigado, Sr. Bruno, pelas respostas.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Tem a

palavra o Deputado Leur Lomanto Júnior.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Bruno, que está aqui representando a Brax
Sports, eu volto a me posicionar da mesma forma que me posicionei na primeira
reunião desta CPI. Esta CPI que veio aqui com o seu principal objetivo de apurar a
manipulação de resultados em partidas de futebol do nosso País, algo que vem se
tornando um câncer no futebol. E hoje, desde a vinda do depoente anterior e agora,
mais uma vez, com a presença do Bruno, da Brax, de que eu nunca ouvi falar, não
conhecia, não sabia nem da existência dessa empresa, o que pudemos observar
foram vários tipos de questionamentos absolutamente — e aqui peço desculpa aos
Parlamentares —, no meu entendimento, absolutamente nada foi perguntado sobre
manipulação de resultados. Parece que nós estamos em uma outra CPI.
*CD230727930200*
Nesse sentido, eu faço uma única pergunta ao Sr. Bruno. O que tem
a ver a Brax com a manipulação de resultados no Brasil?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não sei te dizer, Deputado.

Honestamente, não sei dizer apesar de obviamente estar aqui à disposição para
contribuir com o que for possível.
173

REL n.1/2023
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas a

Brax tem algum envolvimento, tem alguma acusação, tem algum processo? Há
alguma coisa que envolva a Brax em manipulação de resultados no Brasil?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não, a Brax é uma empresa de mídia

como tantas outras dezenas que existem no País.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Volto a

perguntar a V.Exas. O que a Brax está fazendo aqui? Desculpe, eu não conheço a
Brax. Não tenho nada a ver com a Brax. Nunca vi o Sr. Bruno na minha vida.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - (Inaudível.)
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas,

Deputado Wellington, eu estou aqui fazendo os meus questionamentos.
Por isso venho aqui, Deputado Julio, para fazer um apelo a V.Exa.
Existe um requerimento do Deputado Paulinho Freire, um requerimento extrapauta
que requer a convocação da empresária Sra. Camila Silva da Motta, sócia-
administradora da BC Sports Management, esposa do acusado de chefiar o
esquema de manipulação de resultado de jogos para prestar, na condição de
investigada, informações relativas ao recebimento de pagamentos do esquema de
manipulação de resultados. É sobre isto aqui que nós temos que estar debruçados
investigando!
É nisto que temos de estar debruçados, investigando: quem são

estas quadrilhas que estão manipulando o resultado em nosso País, quem são os
atores envolvidos na manipulação de resultados! É nisto, Sr. Presidente, que
precisamos estar debruçados! Se não, não vamos chegar em nada, a lugar nenhum!
Precisamos dar uma resposta à sociedade brasileira de quem são os responsáveis
pela manipulação de resultados no País.
*CD230727930200*
Concluo, Sr. Presidente, já que V.Exa. nos deu a possibilidade de

nos alongarmos em nossos questionamentos. Precisamos dar subsídios ao Relator
para o endurecimento das leis das pessoas que venham a participar de manipulação
de resultados do nosso País. É nisto que esta CPI precisa estar debruçada, Sr.
Presidente.
174

REL n.1/2023
Então, faço este apelo para que possamos colocar este

requerimento extrapauta do Deputado Paulinho Freire, que já foi solicitado, já tem as
assinaturas necessárias. Faço este apelo.
Era só esta a minha observação: precisamos estar focados no

objetivo principal de apurar a manipulação de resultados no Brasil.

Leur Lomanto Júnior, informo a V.Exa. ele estava na relação extrapauta de hoje,
desta reunião.
O próximo orador é o Deputado Igor Timo. É Timo, mesmo?
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Sim, Sr. Presidente. Muito

bem. V.Exa. está de parabéns. Tenho muito orgulho do meu sobrenome italiano,
como também de ser neto de quilombola. Tenho muito orgulho. Representamos
muito bem a miscigenação do nosso País, Kakay.
Sr. Presidente, agradeço imensamente a V.Exa. Gostaria de

cumprimentar e agradecer também a presença do Sr. Bruno Rodrigues. Quero falar
da importância, Sr. Bruno, do trabalho que esta Comissão tem tentado desenvolver.
Como um publicitário, o senhor tem acompanhado temas relevantes sobre a
manipulação de resultados, não só dentro, mas fora do País, e isso tem trazido para
nós apaixonados pelo futebol uma perplexidade, uma preocupação muito grande.
E o nosso objetivo aqui, de fato, é tentar encontrar os melhores

mecanismos e as melhores formas para tentar impedir que isso continue
acontecendo, dentro e fora do País.
Dr. Bruno, queria pedir para o senhor só algum esclarecimento, de

acordo com o site da própria Brax, sobre o valor total e já contratado pela Brax em
compras de direitos de contratos de garantia mínima, considerando a temporada
*CD230727930200*
2023, bem como as temporadas dos próximos anos, relacionadas aos seguintes
campeonatos: o Campeonato Brasileiro da Série A, Série B, Copa do Brasil, Super
Copa do Brasil, Campeonato Carioca, Campeonato Chileno, Catarinense, Gaúcho,
Pernambucano, o Campeonato Mineiro — e uma das preocupações que eu tenho
com relação ao Campeonato Mineiro é que eu acho que esta manipulação de
apostas, Kakay, fez o Cruzeiro cair para a série B e ter uma dificuldade danada para
175

REL n.1/2023
voltar; se não fosse estas manipulações de jogos, o Cruzeiro jamais teria caído —,
Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e as eliminatórias da Copa do Mundo.
Estima-se, Dr. Bruno, e eu gostaria de confirmar contigo esta

informação, que os valores somados passam de 3 bilhões de reais. Apenas o
campeonato da série B — eu queria confirmar com o senhor também esta
informação que chegou até nós — já supera a ordem de um bilhão de reais. A minha
pergunta é: de onde vem a garantia e o conforto para a Brax para tentar fazer tais
propostas, com condição de fazer tais propostas?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Deputado, na realidade, é como eu já

coloquei, mas não tem nenhum problema a gente revisitar o tema. Primeiramente,
em relação a números, eu tenho que, enfim, apurar e disponibilizá-los ao senhor e à
Comissão como um todo. Especificamente sobre a Série B, é um contrato que os
valores foram, enfim, públicos. A gente tem que tratar o tema anualmente. A soma
de um contrato de 4 anos, eventualmente... Não sei o número precisamente, mas
pode chegar próximo, enfim, ou atingir 1 bilhão de reais. Eu creio que não atinja,
mas não tenho essa informação precisa. Mas, na realidade, o nosso trabalho é, ano
a ano, tornar esse contrato viável e buscar investidores, patrocinadores e marcas
que suportem a nossa operação comercial, além, obviamente, dos próprios veículos
de comunicação que compram conosco esses direitos. Então, assim, o caso em
questão é que, anualmente, a gente tem que viabilizar esses números, não um
contrato global de 4 anos, que, obviamente, seria um desafio bastante complexo
para qualquer empresa.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Perfeito. Com relação aos

clubes da Série A, eles já receberam os pagamentos das parcelas do contrato?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Se eu não estou enganado, já

receberam a maior parte, porque a gente tem uma forma de pagamento
*CD230727930200*
determinada, e, enfim, acho que já receberam a maior parte dos recursos. E vão
receber o restante aí no decorrer da competição.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Tá. A Brax, ela é

fomentada por empresas bets? Melhorando a pergunta: a Brax, ela foi constituída
para a finalidade específica relacionada às casas de apostas?
176

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Em hipótese alguma. A Brax é uma

empresa de mídia que tem mais de 60 clientes em sua carteira. E obviamente conta
com clientes do segmento betting, que são clientes importantes para todo o futebol
brasileiro, não só para nós.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - A Brax teve lucro contábil

na sua história que pode fazer uma proposta nesse montante?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade, o que sustenta as

nossas propostas é a nossa capacidade de gerar receita. Isso é posto de forma
clara nas nossas negociações. Está tudo estabelecido em um contrato de forma
muito transparente com os clubes, com as entidades, tanto com as federações
quanto com a CBF. Talvez a grande distorção de avaliação é: o que é o nosso
negócio? E eu repito que o nosso negócio é montar um plano de negócios, executar
esse plano de negócios e entregar ao futebol o resultado dessa captação de
investimentos. Então, há uma distorção em relação à nossa atuação, que eu acho
que é importante deixar clara.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - É importantíssimo. E

justamente em função disso e para não ter muita "destoância" entre a finalidade da
Brax e a proposta: o percentual de receita da Brax, em se tratando das casas de
apostas, você poderia nos apresentar?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu posso apresentar, obviamente,

para a CP... para a Comissão, para o senhor, através do nosso advogado.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Ótimo.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não tem nenhum problema.

Podemos contribuir com essa informação, obviamente não publicamente porque é
uma questão importante da nossa empresa.
*CD230727930200*
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Tá. Mais uma questão

pontual. É óbvio que a gente percebe que a maioria das casas de apostas podem,
de alguma forma, ter prejuízo com a manipulação de resultados. É por isso que,
anteriormente, com o nosso convidado, eu deixei claro que era importante separar
essas duas questões. Mas é nítido que a... Esta Comissão tem tido uma
preocupação muito grande em função do tipo de serviço que é ofertado através das
177

REL n.1/2023
casas de apostas. E, na condição de publicitário, talvez... é natural que você não vá

interferir no trabalho do seu cliente. Mas apresentar um produto que hoje seria ilegal
no nosso País, como é a questão dos cassinos, E, infelizmente, as casas de apostas
têm feito isso — divulgar essa publicidade potencializar essa publicidade. E, através
desse montante de receita... O senhor mesmo disse agora que vocês não têm o
recurso em caixa. Em cima da perspectiva do faturamento é que é feita a proposta.
Correto?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Correto.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Partindo da premissa de

que é a divulgação de um produto supostamente ilegal no País, que seria o cassino,
o senhor não vê ilegalidade nessa prestação de serviço?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Nós não divulgamos cassinos. Os

nossos clientes são clientes de casas de apostas que ofertam apostas esportivas.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Só para conhecimento da

Comissão, o senhor chegou a entrar em algum site de casa de aposta para ver o
serviço que ela oferta?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade, eu estou me

restringindo aqui especificamente ao que a gente provê em termos de serviço. As
casas de aposta anunciam efetivamente os serviços de aposta esportiva, do futebol,
que é a plataforma obviamente adequada para gerar esse tipo de exposição.
Obviamente, pelo mercado, a gente conhece um pouco das operações, mas não se
aprofunda. A nossa finalidade não é buscar um entendimento profundo da operação
de cada um dos nossos clientes.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - E a pergunta é justamente

nesse sentido, Dr. Bruno. Porque basta você entrar num site de casa de aposta e
você vai ver de cara um cassino abrir na sua frente. É instantâneo. Ou seja, o
*CD230727930200*
senhor, muitas vezes, não tem nem que clicar em link. É uma coisa tão instantânea
que nos preocupa. A gente percebe que, de fato, se encontrou um mecanismo — e
me permita trazer isso ao conhecimento do senhor aqui, se porventura não for — de
evasão de divisa, de clandestinidade. Uma das coisas que foi deixada muito clara
aqui, pelos próprios representantes das casas de aposta, é que eles têm uma
178

REL n.1/2023
preocupação muito grande com relação à regulamentação das apostas. E isso

demonstra de forma clara que o interesse real é que a coisa continue, permaneça da
forma que se encontra. Então, eu pergunto para o senhor: prestando esse serviço
de potencializar essa publicidade dessas casas de apostas, o senhor insiste em
achar que não há mal nenhum e que não contribui de forma direta para essa prática
no nosso País?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade, nós acreditamos que,

obviamente, o setor tem que ser regulamentado, as melhores práticas têm que ser
adotadas. Reforço aqui, na condição de homem de mercado do futebol, que este é
hoje um segmento muito importante, que suporta e colabora bastante não só com
clubes da primeira divisão, mas com todo o ecossistema. Agora, obviamente, as leis
têm que cuidar dessa questão. O nosso maior interesse aqui é que esse mercado
seja regulado e que qualquer problema seja sanado.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - E é justamente o que a

gente está buscando. A gente está caminhando para isso O que nos impressiona e
ficou muito claro com a fala do representante das associações das casas é que eles
querem ir no sentido contrário, Kakay. Eles querem justamente permanecer na
clandestinidade, porque eles alegam que, se for regulamentado, as apostas irão
migrar para a clandestinidade, onde elas se encontram hoje. Ou seja, não há a boa
vontade de criar um ambiente saudável, seguro e confiável para se fazer apostas.
Então, é por isso que nós estamos aqui debruçados sobre um tema sensível, que
tem abalado não só o futebol brasileiro, mas o futebol mundial, inclusive através de
brasileiros. Um dos casos mais emblemáticos agora é o do Lucas Paquetá, um
atleta de primeiro gabarito, sendo negociado pela cifra de aproximadamente 508
milhões de reais, que estava convocado para o próximo jogo da seleção. Foi
desconvocado, perdeu a negociação e corre hoje o risco de ser banido do futebol.
Então, eu divido com você, Dr. Lucas, a nossa aflição de, na condição de
*CD230727930200*
Parlamentar, tentar atingir o anseio da nossa sociedade e regulamentar essa

situação. Eu agradeço a sua participação, mais uma vez, informo que é de suma
importância que todas as informações por essa Comissão sejam atendidas,
principalmente para que nos dê consistência para desenvolver o nosso trabalho. E
179

REL n.1/2023
finalizo parabenizando pela escolha do seu quadro de advogados, o Kakay, que é

um grande amigo.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, pela

ordem.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Pois não,

Deputado Wellington.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - É sobre uma resposta

do Sr. Bruno. Quando eu perguntei a ele sobre as viagens do Ferraz, ele disse:
"Não, é meu amigo e tal." Mas o Ferraz e outros Ferraz da vida.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Olhe que

eu sou Ferraz, viu?
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Pois, é, mas você está

fora desse contexto. Existem em outros Estados, em outras Federações de futebol?
Porque V.Exa. disse que não tinha... Em viagem, encontrou o Presidente da CBF
em um voo comercial da França e não tinha fanfarra de jatinhos para cima e para
baixo. V.Exa. eu acho que não disse a verdade. O senhor reconhece essas fotos?
Eu queria expor isso no telão para os demais que estão aqui poderem ver. O senhor
reconhece? É o senhor aqui?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não estou enxergando.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Dá para replicar aí?

Porque não é o mesmo aeroporto. (Pausa.)
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Sr. Presidente, pela

ordem. Vamos seguir a ordem dos inscritos, por favor. Vamos seguir a ordem.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Não, falou

com o Presidente.
*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O Deputado Wellington

diz umas coisas e depois muda o que disse.
Está gravado.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Olhe, eu nunca viajei, como

Presidente da CBF, em jatinho nenhum.
180

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Eu requeiro os Anais

da Casa de hoje, da gravação de hoje, da inquirição do Deputado Wellington
Roberto.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Com a

palavra o nosso convidado.

Wellington, por favor, Deputado, vamos prosseguir a sessão.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Apenas reforçando, jamais viajei com

o Presidente da CBF em jatinho particular. E respondi ao senhor que, na qualidade
de meu amigo, ele já viajou comigo.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - O próximo

inscrito é o Marcelo Álvaro Antônio.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Boa tarde, Sr.

Presidente. Boa tarde, depoente Bruno, Dr. Kakay. Acho que a CPI vive um
momento importante aqui nessa tarde porque a relação da Brax me parece que é,
quando o Sr. Bruno aqui relatou, no início da sua exposição em relação à empresa,
que esse tipo de atividade de publicidade, relacionada aos clubes de futebol, às
placas e tudo era muito mal explorada no Brasil, Deputado Wellington Roberto. E,
em um passe de mágica, três empresas se fundem, formam a Brax, como a
capacidade de apresentar um planejamento e uma linha de ação nunca, jamais vista
na história do Brasil. Então, parece-me que a Brax foi fusão de três empresas de um
mercado muito mal explorado e, em um passe de mágica, a Brax se torna
coincidentemente, após a parceria com as Bets, as empresas de casas de apostas,
em um passe de mágica, torna-se, então, uma potência no ponto de vista de
remuneração dos clubes, de remuneração no segmento. Quero só esclarecer aqui,
Deputado José Rocha, que o advogado é o Dr. Kakay. E eu aqui nesta Comissão —
*CD230727930200*
eu sou Deputado, membro dessa Comissão — eu tenho o direito de falar quais são
as regras desta Comissão, o Regimento, o que prevê. Então, eu tenho o direito de
falar isso. Isso não quer dizer coação, não quer dizer coação.
181

REL n.1/2023
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - Deputado Álvaro, não é

querer quebrar nenhuma empresa que vem aqui por conta de questionamentos que
não são verdadeiros...
O SR. PRESIDENTE (Daniel Agrobom. PL - GO) - Deputado José

Rocha, por favor. A palavra está com o Deputado Marcelo, Deputado.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Eu vou partir,

então, para as minhas perguntas. Então, o que me causa estranheza é a empresa
realmente, em um passe de mágica, na fusão de três, fazer tudo aquilo que ninguém
nunca pensou em fazer e ganham todos os contratos que vão a 3 bilhões de reais
até 2026. Mas vamos lá. Alguma casa de apostas já foi garantidora da Brax em
alguma proposta de compra de direitos?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Qual é o motivo

para o Sr. Alexandre Fonseca, Gerente-Geral da Betano no Brasil, negociar a
compra de direitos do Campeonato Brasileiro da Série A com alguns clubes?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Na realidade, o Alexandre Fonseca

atuava como counter manager da Betano. Nós nos aproximamos e ele participou
efetivamente de algumas negociações até obviamente evoluir a nossa relação para
participar efetivamente de algumas negociações envolvendo a Brax, mas de forma
muito transparente, natural e, enfim, com o objetivo específico de viabilizar esses
negócios.
O SR. MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PL - MG) - Houve algum

registro de pagamento direto ou indireto proveniente da Brax para o Sr. Alexandre
Fonseca?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Sim. Na realidade, o Alexandre atua

*CD230727930200*
hoje como uma espécie de representante da Brax na comercialização,

especificamente das cotas de patrocínio para o segmento Bet, obviamente, à época,
quando ele estava na Betano, excluindo a Betano, a quem ele sempre priorizou e
cuidou das relações Betano e Brax.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Obrigado, Presidente.
182

REL n.1/2023
Cumprimento as Sras. e os Srs. Parlamentares.
Cumprimento o Sr. Bruno e o seu advogado.
Bruno, qual é a natureza jurídica da empresa de V.Sa.?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Nós temos uma empresa de

produção e publicidade.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas é uma empresa

privada ou pública?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Privada.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Ah, é uma empresa

privada. V.Exa. é uma empresa limitada ou uma S.A.?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Limitada.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Está bem. V.Sa. tem

contratos com o Governo Federal, com o Ministério dos Esportes?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Não tem contrato?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Não tem contrato?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Nenhum.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - É interessante porque,

geralmente, quando uma empresa privada vem a uma CPI, é exatamente para
investigar algum contrato que ela tenha com o setor público. V.Exa... V.Sa. parece
que está aqui, pelo teor de algumas perguntas, para ser investigado por contratos
que V.Sa. tem com empresas privadas também, com o mercado. É algo realmente
*CD230727930200*
muito interessante. V.Sa. já trabalha nesse setor privado há muitos anos, pelo que
parece.
O SR. BRUNO RODRIGUES - 15 anos.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - 15 anos. V.Sa... Eu

cheguei um pouco atrasado e não tive a oportunidade de acompanhar todas as
183

REL n.1/2023
oitivas e todas as perguntas que foram endereçadas a V.Sa., mas eu perguntaria:

V.Sa. conhece o Sr. Bruno Lopes, que é até homônimo de V.Sa?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não. Não me recordo.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Vou clarear a memória de

V.Sa. O Sr. Bruno é o principal pivô do escândalo de manipulação dos resultados de
futebol. V.Sa. conhece?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Alguém lhe perguntou

sobre isso aqui nessa sessão?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Ninguém lhe perguntou

sobre isso?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - V.Sa. conhece algum

jogador que está sendo acusado de manipulação de futebol?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Já teve contato com

algum deles?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Alguém daqui perguntou a

V.Sa. se o senhor conhece?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Também não.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Ninguém lhe perguntou?

*CD230727930200*
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - É interessante. Eu não

sei... Vamos fazer, Presidente, um requerimento mudando o teor desta Comissão.
Trazem um depoente convocado — não é nem convidado — e, pelo que estou
184

REL n.1/2023
observando, não houve nenhuma pergunta relacionada ao objeto desta CPI. É

interessante, Sr. Presidente, o que nós estamos aqui a passar.
Quero, inclusive, lamentar. Espero que esta sessão não esteja

sendo transmitida para o Brasil, porque as pessoas, obviamente, não vão entender o
que se está passando nesta sala...
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Pede

para dar um Regimento para entender o que é uma CPI.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Quero que minha palavra

seja garantida. Quero que minha palavra seja garantida.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Peço só 1

minuto, Deputado Aureo Ribeiro. Por favor, respeite a palavra do Deputado.

seja garantida. Eu respeitei aqui todo mundo falar.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Fique à

vontade, Deputado.

seja garantida.
Presidente, se há algum questionamento, se há algum objeto que,

por ventura, faça com que essa empresa de que eu nunca ouvi falar na minha vida
tenha alguma relação espúria... Acho que, para que uma empresa seja efetivamente
investigada, ela tem que ter uma relação com o setor público. Aí, sim, esta CPI tem
atribuição.
Ainda que não seja com o setor público, ainda que seja com alguma
entidade privada, vamos abrir uma CPI para investigar. Agora, utilizar-se, permita-
me falar, um artifício ardiloso de se buscar uma pauta que hoje é manchete na
*CD230727930200*
imprensa nacional — manipulação de resultados das partidas de futebol — para

entrar por um caminho que ninguém sabe aonde se quer chegar? Nós estamos aqui
diante de uma CPI que não tem objeto, pelo menos, claro, pelo menos, à luz do dia.
Veja o paradoxo em que nós nos encontramos, Presidente. Há na

pauta um requerimento. Não sei se o Deputado Leur Lomanto Júnior ou algum outro
185

REL n.1/2023
se manifestou pedindo para que se convoque a empresária, a esposa daquele que é

o principal acusado, talvez, até o mentor, pelo menos, em nível do Brasil, dessas
manipulações. A sessão vai se encerrar, e parece que ninguém está preocupado em
discutir e aprovar esse requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Já estava

na extrapauta de hoje.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Talvez devesse ser o

primeiro item, mas enfim.
Sr. Presidente, quero apenas encerrar lamentando profundamente o

caminho que esta CPI está tomando. Nós estamos aqui, durante uma tarde inteira,
inquirindo um cidadão que, prove-se o contrário, é um cidadão de bem e que, justiça
seja feita, respondeu aqui as perguntas de forma tranquila, sem nenhum tipo de
receio.
Esta CPI, que está à véspera do seu encerramento, passou aqui a

tarde inteira inquirindo um cidadão cuja empresa — pelo menos, não foi feito aqui
nenhum questionamento — nada tem a ver com a manipulação de resultados de
futebol, que é o objeto desta CPI. Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

obrigado, Deputado Paulo Azi.
Tem a palavra o Deputado Acácio Favacho.
O SR. ACÁCIO FAVACHO (Bloco/MDB - AP) - Presidente, mais

uma vez, eu queria colocar que V.Exa. já deu de ofício que os contratos firmados da
empresa aqui apresentada pelo depoente Bruno... Nós vamos ter a oportunidade de
nos debruçar para saber desse contrato com a CBF, que é a principal instituição do
futebol brasileiro, para saber as responsabilidades construídas por esse contrato.
*CD230727930200*
O Deputado Wellington e o Deputado Marcelo colocaram aqui com

muita clareza as perguntas, que acho que foram bem recolhidas. Já se colocou à
disposição o querido Dr. Kakay para apresentar todos os questionamentos, no
momento oportuno, de como se deram esses contratos, de quais são as atribuições
da empresa junto à CBF.
186

REL n.1/2023
Queria iniciar falando que nenhum membro está acima da nossa

instituição. Nenhum membro está acima do Regimento desta Casa. Nenhum
membro está acima do Regimento, que, como já falei a V.Exa. por diversas vezes,
V.Exa. tem que aplicar rigorosamente nesta Comissão. Isso tem que ser seguido por
qualquer linha de raciocínio de um Parlamentar que queira contribuir para que
possamos melhorar, aprimorar, criar legislações, para que não haja evasão de
divisas, para que haja menos fraudes nos jogos de aposta, para que apresentemos
um relatório aqui, não só para os membros desta Comissão, mas para o Plenário ter
um conforto em votar a regularização de apostas, para que o Plenário tenha o
conforto de aprimorar a legislação.
E eu queria ressaltar uma questão aqui muito importante. Na

semana passada, na sexta-feira, nós tivemos a oportunidade, na Comissão da
pirâmide financeira, escutar um ídolo do Brasil, um jogador que fez história no
futebol brasileiro nacional e mundialmente, o Ronaldinho Gaúcho. Ele teve a
preocupação, sim, assim como o Dr. Bruno, de trazer um grande advogado para
auxiliar aqui nas perguntas e nos questionamentos. E eu não tive a oportunidade de
fazer um questionamento.
Nós temos que entender, Presidente, que tudo o que se trata de

publicidade nós temos uma possibilidade muito grande de oportunizar milhares,
milhões de cidadãos brasileiros a cometer uma falha, um erro, porque a publicidade,
quando se utiliza da propaganda ali, de pegar um ídolo, Deputado Álvaro, como o
Ronaldinho, como tantos outros que fazem a propaganda, como o Lucas Paquetá e
tantos outros jogadores falando e referendando as empresas, a casa de apostas,
cassinos vai induzir ao erro o cidadão brasileiro.
Então, o que eu queria deixar como sugestão, Presidente, é que

possamos respeitar a linha de raciocínio de cada membro...
*CD230727930200*
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - E assim está sendo

feito pelo Presidente da Casa.
O SR. ACÁCIO FAVACHO (Bloco/MDB - AP) - E que possamos

entender que isso tem correlação, sim — que tem com relação, sim. É o cliente que
é um dos financiadores da publicidade, é o outro lado, que é a instituição maior do
futebol, que faz a programação de todo futebol da série A, B e C, são as federações
187

REL n.1/2023
e também são instituições que lincam com a CBF e é uma empresa representando
todos os interesses.
Não quero dizer que está errada a questão contratual, mas que
precisamos olhar isso com muita clareza, até mesmo apresentar um projeto de lei,
que possamos apresentar medidas para que sanemos esses problemas, mas
principalmente que possamos responsabilizar as pessoas, as empresas que
negligenciam, muitas vezes, por não termos uma legislação confortável no Brasil e
punitiva. Isso é fundamental de se dizer. Porque nós não vemos crime tributário
recolher, botar em uma penitenciária, em uma cadeia. Mas façam essa graça que
estão fazendo no futebol brasileiro nos Estados Unidos, em Las Vegas, para ver se
não está levando a cadeia. Então, isso é fundamental de ser dito aqui. Mas
principalmente parabenizo V.Exa. por sempre conduzir aqui essa Comissão com
muita serenidade, com muito equilíbrio, por mais que, muita vezes, Parlamentares
percam o pulso da seriedade que é esta Comissão.
Então, eu queria só referendar e pedir que esses contratos nós

possamos analisar para fazer os questionamentos já recolhidos pela defesa do
depoente Bruno aqui.
Muito obrigado.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Pela

ordem.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Só um

minuto. Obrigado, Deputado Acácio. Eu já solicitei à Mesa que faça a requisição
desses documentos, desses contratos, que serão pedidos pelo Deputado Wellington
Roberto, pelo senhor e pelo Deputado Marcelo.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, veja

bem, o depoente falou, quando eu o abordei, no início da nossa fala e eu questionei
*CD230727930200*
sobre a contabilidade e os lucros da empresa. Ele disse que estava tudo positivo, e
eu tinha aqui nas mãos — tenho ainda — uma cópia dessa contratação da CBF,
onde ele não atendeu, a empresa dele, melhor dizendo, não atendeu as
especificações daquilo que estava na carta convite. Então, é uma quebra de sigilo
aí, para a gente ter certeza que a gente possa fazer esse confronto.
188

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Vamos

solicitar o contrato da CBF e esclarecimentos também da CBF em relação a esse
contrato.
Deputado Aureo, V.Exa. ainda deseja...?
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Sim,

Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Por favor.

Há mais outros colegas seus inscritos. V.Exa. já falou.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mas

posso usar o tempo de Liderança. Então quero só usar pela ordem, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Para

inquirir?
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Só para

esclarecimento, só para esclarecimento, Presidente.
Primeiro, estamos na Comissão, todos os Deputados aqui,

debruçados sobre um tema importante que trata de paixão nacional, que é o futebol
brasileiro e que é o futuro desse mercado.
Eu não quero entrar no mérito da competência do Sr. Bruno, do

trabalho que ele desenvolve, porque eu o conheço já do Rio de Janeiro. Isso mostra
a competência dele de articulação. Isso é mérito do trabalho, do fruto dele. Não
temos que questionar isto: quanto ele ganha, deixa de ganhar, porque isso é mérito
da empresa em que ele desenvolve um trabalho.
Eu quero entrar aqui no mérito de quando um nobre Parlamentar diz

que público e privado. O time é público? A aposta é pública? O site é público?
*CD230727930200*
O SR. JOSÉ ROCHA (Bloco/UNIÃO - BA) - O time é público, sim.

Recebe dinheiro do Governo. A CBF não recebe. Nem o Sr. Bruno recebe.
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A

pergunta que eu faço, Presidente... Estamos tratando deste tema aqui...

José Rocha, por favor...
189

REL n.1/2023
O SR. AUREO RIBEIRO (Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Ele quer

falar no meu lugar. Deve ser porque ele quer falar no meu lugar. Depois eu vou dar
também outro Regimento ao Deputado José Rocha, para ele aprender como é que
funciona.
Aqui, Presidente, se desmerece todo um trabalho de um colegiado

que está debruçado. Eu ressalto aqui a competência do Sr. Bruno, até pelo
advogado que o acompanha, orientando da forma correta, e a boa vontade do Sr.
Bruno de prestar todos os esclarecimentos a todas as perguntas que lhe foram
feitas.
O problema geral, gente, para o qual eu quero chamar a atenção

aqui, não é com o Sr. Bruno. O problema geral é o mercado que se estabeleceu e a
forma como o Brasil está deixando esse mercado se estabelecer. O Sr. Bruno foi
muito claro: ele faz a propaganda. O cara quer anunciar com ele. Cabe à Polícia
Federal, ao Ministério Público Federal dizer se pode haver na plataforma jogo de
azar ou não.
É a falta de eficiência desta Casa Legislativa, que não faz o seu

papel, deixa virar essa bagunça e expõe o Sr. Bruno, sentado aqui. Ele tem que
largar a sua empresa para ficar respondendo a perguntas aqui, perguntas que são
loucas para responder. Eu fico imaginando, quando ele pegar o avião de volta, como
ele vai rir: se é público ou privado... Cabe ao Parlamento brasileiro fazer a sua
função de legislar.
E eu pergunto aos nobres Parlamentares: pode ou não pode haver

jogo de azar? É essa a pergunta central. Se 30% do mercado só ficam na aposta, e
70% estão no jogo de azar, este Parlamento tem que se debruçar e tratar de uma
solução para esse mercado, senão, o jogador de futebol, Sr. Presidente, vai
continuar sendo vítima. Ele vai continuar sendo vítima desse processo, e vamos
*CD230727930200*
matar o futebol brasileiro.
E vamos perseguir o empresário como estamos perseguido aqui,

porque está faltando habilidade ao Parlamento brasileiro de legislar, de dizer o que
se pode e o que não se pode. Hoje é custo operacional para ele estar sentado aqui
com o advogado com quem ele está.
190

REL n.1/2023
O Presidente está aqui, conduzindo a sessão, com todo mundo

trabalhando. todo mundo trabalhando, aí vem uma nobre intervenção de um
Parlamentar que quer fazer uma defesa, mas se o argumento necessário para
defender.
Esta Comissão, Presidente, tem um papel fundamental, porque ela

está mexendo com o sonho e a expectativa do povo brasileiro. Eu passo nas ruas da
minha cidade, e todo mundo fala: "O senhor está na Comissão da CPI do Futebol".
Eles nem falam em aposta. Isso aqui mexe com todos os brasileiros.
Eu, como bom flamenguista — e acredito que o Bruno também seja

flamenguista —, gosto do futebol, a gente é amante. E a gente está permitindo que
esse debate baixe o nível, Presidente.
Eu peço a atenção dos nobres Parlamentares. Aqui não estamos

contra "A", "B" ou "C". Aqui temos que legislar e não podemos permitir ao Brasil o
retrocesso, com site sediado no exterior trabalhando com jogos de azar e pegando
os mais vulneráveis, os mais vulneráveis. Muitos desses brasileiros estão no Bolsa
Família desperdiçando seu dinheiro fora e tirando a riqueza do Brasil. Tem alguma
coisa errada, e o erro não é com o empresário. O erro é que a Casa Legislativa não
está desenvolvendo o seu papel no Brasil.
Na semana que vem, a gente vai votar um projeto de lei, e cabe a

esta Casa fazer o voto certo para defender o povo brasileiro e não deixar que
vulneráveis entrem em sites de aposta para perder tudo. E não se pode culpar quem
gera emprego, gera renda neste País.
Então, Presidente, eu fico assustado com o que eu estou assistindo.

É triste para o Parlamento brasileiro, e a gente tem que corrigir o rumo aqui da CPI,
para que isso não possa ser chacota nacional e envergonhar Parlamentares que
estão dedicados, debruçados, trabalhando nesse tema tão importante para a
*CD230727930200*
população brasileira.
Obrigado, Presidente.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) - Deputado

Julio, peço só 2 minutos, só para acrescentar...
191

REL n.1/2023
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - V.Exa. tem

1 minuto. Depois, o Deputado Mersinho Lucena.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) -

Presidente, primeiro quero parabenizar o Deputado Aureo, que foi muito feliz,
pertinente, nas suas palavras, exatamente na mesma argumentação, Deputado
Julio, que eu utilizei. Infelizmente, nós estamos aqui perdendo mais de 3 horas ou 4
horas de relógio ouvindo um empresário que foi retirado das suas empresas — que
me desculpem os outros Parlamentares — para absolutamente nada, absolutamente
nada.
E, Deputado Aureo, esta Casa já legislou com relação aos jogos. Só

para lembrar V.Exa., nós aprovamos aqui o PL 442, que regulamenta os jogos no
Brasil. Esse projeto está parado lá no Senado Federal.
Então, o que nós temos que fazer, Parlamentares, é ir lá no

Presidente Rodrigo Pacheco, numa Comissão dos Parlamentares, e cobrar do
Senado Federal que faça a parte dele e aprove. Eu mesmo já deixei aqui minha
posição altamente clara com relação aos jogos. Defendi a legalização dos jogos no
Brasil. Todo mundo sabe que os jogos existem. Eles estão aí, vão gerar emprego,
vão gerar renda, vão gerar receita.
Nós vamos ter uma oportunidade, na próxima semana, de

regulamentar os jogos de aposta no Brasil taxando as empresas, gerando divisas,
gerando receita para o Brasil.
Então, é só esse adendo, esse aparte que eu gostaria de fazer.
Parabenizo o Deputado Aureo pelas colocações.

Wellington Roberto, só para finalizar...
*CD230727930200*
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, eu

quero reafirmar o compromisso dos integrantes desta Comissão com o nosso País e
com esta Casa.
Eu ouvi atentamente a explanação do Deputado Aureo, que foi

muito feliz, ratificado por alguns companheiros aqui, que apertaram a mão dele. E eu
192

REL n.1/2023
faço o mesmo. Mas, ouvindo também a questão do nosso querido baiano Paulo Azi,
que ratifica — e isso já vem há muito tempo acontecendo aqui nesta CPI — que o
fato determinado aqui é a manipulação de jogos. Mas tudo tem sintonia com o
futebol brasileiro. Nós não podemos afastar essa possibilidade. Eu não estou
discutindo aqui — e reafirmo que alguns companheiros disseram da pessoa de
Bruno —, ou seja, eu ratifico aqui o que eu trouxe para expor a esta CPI, a saber:
um contrato cujas especificações a empresa dele não atendeu. Então, está errada a
forma de contratação. Eu não estou querendo aqui tirar a condição de competência
dele. Agora, radicalizar, desde o início, quando se começou esta CPI, que se fez um
plano de trabalho — e nós contestamos aqui, eu e outros companheiros em relação
àquilo que foi traçado por esta Presidência e, logicamente com a participação do
Relator —, uma condução em que não podem ser trazidas para cá as plataformas
de apostas, que têm tudo a ver com manipulação, e as empresas que têm sintonia
com a CBF, como também o Presidente da CBF e seus diretores, eu não posso
aceitar, certo, essa decisão.
Eu parabenizo todos os que usaram da palavra, agora não vou

isentar, nem prejulgar, absolutamente ninguém. Eu fiz as minhas perguntas baseado
em documentos que eu tenho aqui e vou apresentá-los logicamente à Mesa desta
CPI.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) -

Posteriormente.
Deputado Wellington...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Agora, admitir e

ratificar que determinados companheiros possam chegar e dizer que o fato
determinante desta CPI é manipulação de jogos, aí amigo velho, é a mesma coisa
que o Acácio disse agora em relação a Ronaldinho, o que é que Ronaldinho tem a
*CD230727930200*
ver com as pirâmides financeiras? Mas estava lá uma participação, de uma forma ou
de outra, e foi levado ao âmbito da CPI.

Wellington, pelo adiantado da hora, eu lhe agradeço...
193

REL n.1/2023
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Então, parabéns ao

Aureo, que fez uma defesa muito bem feita e muito contundente, fez uma
explanação, elogiou o conterrâneo Bruno, lá da cidade do Rio de Janeiro, uma
cidade que nós adoramos, mas atribuir esta CPI a um fato determinante que é
puramente especificação de manipulação de futebol, aí me perdoe.

Mersinho Lucena...
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Presidente, tenha santa

paciência!
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Você me

pediu?
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Desde o início.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Eu estou inscrito,

Deputado Paulo.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas o senhor já falou. Eu

fui citado pelo Deputado Wellington Roberto agora. Tenha paciência!
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Pronto. Deixe-o

falar.

Mersinho, por favor, reconheço, mas conceda a palavra ao Deputado Paulo Azi.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Vou conceder, vou

conceder.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Concedo a

palavra ao Deputado Paulo Azi.
*CD230727930200*
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Serei breve.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Obrigado,

Deputado.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Primeiro, quero dizer,

Presidente, até comentando a fala do nobre Deputado Aureo, que quando eu fiz a
194

REL n.1/2023
indagação se é público ou privado, claro que eu sabia, Deputado, Aureo, que a

empresa depoente era privada, foi apenas para poder balizar meu depoimento. E aí,
vem o Deputado Wellington e faz uma afirmação que corrobora com aquilo que eu
penso. O Deputado Wellington, nobre e querido amigo, está questionando uma
alteração de especificação de uma proposta que a empresa fez. É como se a
empresa...
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Não, não é da

empresa, não.

Wellington, o Deputado Paulo está com a palavra.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - É como se a empresa

estivesse participando de uma licitação pública , que apresentou uma proposta à
administração federal, estadual, municipal e que, posteriormente, essa proposta foi
alterada na sua especificação.
Deputado Wellington, nós estamos aqui tratando de uma empresa

privada que negociou com uma empresa privada, Deputado Wellington. Nada
impede que ela negocie com a empresa e altere a sua especificação. Onde é que
está a ilegalidade nisso? Nós estamos tratando aqui de uma licitação pública,
Deputado Wellington.

Paulo, por favor.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Então, Deputado Aureo,

eu que corroborei com a maioria da fala de V.Exa., inclusive quando V.Exa. fala da
necessidade de regulamentação dos jogos, V.Exa. não foi claro na defesa da
legalização dos jogos — eu sou, inclusive, um entusiasta disso, há muito tempo que
eu defendo isso aqui, e imagino que reflexivamente quando se legalizam os jogos,
*CD230727930200*
como um todo, você tira da clandestinidade, a coisa fica à luz do dia, você gera
imposto, gera emprego —, mas infelizmente o Senado Federal, como disse o nobre
Deputado Leur, botou dentro de alguma gaveta lá e o projeto está esquecido. Mas
esta Casa fez efetivamente a sua parte.
195

REL n.1/2023

conclua, por favor.
O SR. PAULO AZI (Bloco/UNIÃO - BA) - Mas apenas, Deputado,

para esclarecer que nós não estamos aqui tratando de uma empresa que está
tratando com uma entidade pública. Tenha paciência!
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Eu lhe

agradeço.
Passo a palavra ao Deputado Mersinho Lucena, que estava inscrito;

e, para finalizar, ao Deputado Márcio Marinho.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Boa noite,

Presidente Julio, nobres colegas. A pergunta é ao Sr. Bruno Rodrigues, que já está
prestando os esclarecimentos. Serei breve, até mesmo porque grande parte dos
questionamentos das minhas dúvidas já foram feitos aqui brilhantemente pelos
nobres colegas.
Gostaria que o senhor, Dr. Bruno, me respondesse a três

questionamentos, basicamente.
Por mais que a CBF seja uma entidade privada, conforme nosso
colega Paulo está falando, há um chamamento, inclusive para cartas convites.
Porque, mesmo sendo entidade privada, ela abre concorrência para diversas
empresas, e há a necessidade, claro, de que, dentro dessas concorrências,
cumpram-se os pré-requisitos básicos para que a empresa apresente
documentações e que se mostre pronta para poder realizar contratos vultuosos, que
é do nosso futebol. Nós sabemos hoje o mercado que rola em torno do business que
chama o futebol, de clubes, de apostas esportivas, dentre outras coisas.
A Brax participou da concorrência dos direitos comerciais da Copa

*CD230727930200*
do Brasil e entregou os documentos nos prazos devidos?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Nós participamos da concorrência.

Não me recordo pontualmente o rito dessa concorrência, porque faz já algum tempo,
e saímos exitosos dessa concorrência.
196

REL n.1/2023
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Mas, então, para

sair exitosos, com certeza, deve ter entregue os documentos no prazo devido.
O SR. BRUNO RODRIGUES - De novo Deputado, eu posso

pesquisar e entregar maiores informações, mas de cabeça não me recordo do rito,
do detalhe especificamente da Copa do Brasil.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Então, já vamos

pedir os documentos. Porque, assim, soa um pouco estranho: se ele ganhou os
direitos de transmissão da Copa do Brasil, e não entregou no prazo devido, já soa
alguma coisa estranha. Então, vamos solicitar, Dr. Julio.

Mersinho, só esclarecendo aqui à Secretaria, é especificar algum ano ou a atual
Copa do Brasil?
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Os direitos, que ele

venceu, relativos à Copa do Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Dr. Bruno,

a Copa do Brasil, o contrato é anual?
O SR. BRUNO RODRIGUES - São 3 anos de contrato; esse foi o

primeiro ano. É importante só deixar claro, Presidente e Deputado, que, apesar de
eu não me recordar pontualmente no detalhe, obviamente, a Brax para comprar uma
propriedade da relevância da Copa do Brasil, apresentou a melhor proposta. O que
eu posso assegurar é que nós fomos muito competitivos, muito agressivos, porque
isso fazia parte de uma estratégia ampla da empresa, a aquisição da Copa do Brasil.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Justifica inclusive,

esse contrato ter sido feito mesmo sendo entregue fora do prazo determinado?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não foi entregue fora do prazo

*CD230727930200*
determinado.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Então foi entregue

dentro do prazo? Foi essa a pergunta que eu fiz e o senhor não soube responder,
perguntei se estava dentro do prazo. O senhor afirma que estava dentro do prazo?
197

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Foi dentro do rito que a CBF nos

impôs, a gente cumpriu.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Perfeito. Como o

senhor bem falou agora, a forma agressiva que a BRAX veio para o mercado,
aumentando muito os valores das propostas com relação à compra de direitos.
Considerando que a sua clientela é vasta, ampla, forte, poderosa e dá condições
para o senhor entrar agressivamente aumentando muito os valores do mercado, eu
faço uma pergunta: em algum momento passou ou passa pela cabeça da BRAX,
dependendo de quem está por trás das compras, dos espaços, o senhor, os sócios,
a possibilidade da empresa BRAX estar sendo utilizada para lavagem de dinheiro?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não há nenhuma possibilidade.

Reafirmo que a BRAX não paga valores vultuosos, a BRAX paga exatamente o valor
que o futebol tem que receber pelas suas propriedades.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Não há nenhum

sócio que detenha outras empresas?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Não há lavagem de dinheiro na

BRAX em hipótese alguma.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Nem em nenhuma

outra empresa que os sócios da BRAX façam parte?
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu seguramente desconheço e acho

muito pouco provável. Não posso responder pelos meus sócios, mas, obviamente,
conhecendo o caráter deles, não consigo imaginar qualquer possibilidade.
O SR. MERSINHO LUCENA (Bloco/PP - PB) - Quero solicitar, com

relação às garantias, porque como eu já falei, pelo que o Deputado Wellington me
falou, era uma empresa que o contrato social era de 100 mil reais e hoje detém
*CD230727930200*
contratos de 3 bilhões em menos de 3 anos. Nem 3 anos tinha. Dentro desses

contratos vultuosos, com certeza houve concorrência, mesmo sendo de entidade
privada. Eu gostaria de solicitar as garantias que estão por trás dessas operações
da BRAX. O senhor diz aqui que não existem garantias por parte das empresas de
apostas esportivas, mas eu gostaria de saber por quê? Nós, que somos PPE,
encontramos dificuldade para financiar um apartamento, eu tenho que apresentar a
198

REL n.1/2023
minha vida toda para o banco, acredito que com contratos bilionários existam
garantias bancárias, existam garantias patrimoniais, para que possam ser efetuados
esses tipos de contratos. Inclusive, eu gostaria de solicitar que dentro desses
contratos que foram firmados e que vão ser apresentados à CBF juntos…
O SR. BRUNO RODRIGUES - Deputado, desculpe a interrupção, só

para deixar clara uma coisa muito importante que eu acho e que pode esclarecer
bastante as dúvidas dos Deputados, o fato de que essa relação tem uma
negociação muito simples. A BRAX se apresenta espontaneamente quando há
oportunidade de comprar um direito. A gente deixa muito claro a natureza das
nossas aquisições, de forma definitiva, que a garantia bancária, na nossa proposta,
pode ser substituída por uma forma de pagamento que efetivamente dê conforto a
quem está nos contratando. Essa é uma decisão do clube, da CBF, da Federação e
assim é feito. O que acontece de forma muito objetiva é: a gente oferece um valor e
uma forma de pagamento, as entidades avaliam e contratam ou não contratam, não
há necessidade de uma fiança bancária ou o que quer que seja, porque a natureza
do nosso negócio nos permite fazer uma oferta que deixe o clube, ou a CBF, ou a
Federação, ou quem quer que seja, confortável.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - Dr. Bruno, permita-me um

aparte, Presidente. Serei breve.
Talvez a dificuldade de compreensão, o que tenha causado a dúvida

do Deputado Mersinho, que inclusive pode ser uma dúvida generalizada na
bancada. Entenda, simplesmente, o mecanismo do que a gente está vislumbrando:
se a empresa não estiver de forma clara e consistente — e nós estamos falando
pelo lapso temporal, ninguém aqui está fazendo juízo de valor do trabalho do
senhor, eu também sou empresário e sei bem a dificuldade que é empreender no
Brasil —, mas ninguém está falando especificamente disso, estamos falando do
*CD230727930200*
mecanismo. Vamos idealizar o mecanismo para ilustrar. Posso fazer uma ilustração,
Presidente? Permita-me: se você tem uma empresa montada no Brasil em um curto
espaço de tempo, com capital social, hipoteticamente falando, de apenas 100 mil
reais, e, em apenas 2 anos, essa empresa atinge a capacidade financeira de
perfazer compromissos com lastro e com garantias de contratos que porventura
possam atingir o montante de 3 bilhões de reais… Só para o senhor perceber a
199

REL n.1/2023
dificuldade de compreensão que às vezes algumas pessoas têm do processo.

Partindo dessa premissa, talvez essa seja a forma que o Deputado Mersinho tenha
tentado expressar melhor, em um mecanismo como esse, partindo da premissa de
que as casas de apostas detêm de fato uma condição financeira expressiva —
essas, sim, detêm uma condição financeira expressiva de captar recursos e levar
para fora, porque como o cassino não é permitido, então o pagamento do recurso é
feito aqui, vai para fora e volta como premiação — se você encontra um mecanismo
por meio da publicidade para fazer a captação, potencializar essa captação de
recursos e custear o montante da operação por meio dos campeonatos em questão,
será um mecanismo realmente muito bem arquitetado. Quando nós paramos para
idealizar o que estamos tentando discutir, e eu agradeço muito a sua presença aqui,
a sua cordialidade, a sua predisposição em contribuir, e muitas vezes, me permita
dizer, na condição de empresário, já fiz negócios que fizeram eu me sentir inocente,
porque só descobri depois o dano que me foi criado. Às vezes, a inocência da gente
está sendo utilizada como um mecanismo para uma lavagem de dinheiro. É uma
situação que é importante a gente pensar, porque se nós temos que apresentar — e
o Deputado Aureo foi muito feliz na sua colocação — na condição de Parlamentar,
esse é o nosso papel: impedir que ações como essa aconteçam no nosso País,
lesando o nosso povo. Se a gente quer apresentar uma legislação que traga
segurança, que de fato garanta um empreendimento como o seu para os
apostadores, para os jogos que, teoricamente, envolvem sentimento que pode ser
liberado no nosso País, nós queremos, nesse contexto, chegar em um denominador
comum.

Igor, peço que finalize.
O SR. IGOR TIMO (Bloco/PODE - MG) - É importante vislumbrar

esse mecanismo, essa arquitetura que pode ter sido feita por meio de uma cortina
*CD230727930200*
de fumaça, porque ninguém imaginaria que isso pudesse se organizar dessa forma,
mas que, na prática, pode estar acontecendo e lesando a nossa paixão nacional,
que é o nosso futebol, e de forma clara, o erário, porque o recurso vai para fora,
volta sem mecanismo. Eu só queria, de uma forma bem sintetizada, ilustrar uma
dúvida.
200

REL n.1/2023

obrigado, Deputado Igor.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Perfeito, Deputado. Na realidade,

revisitando o tema, de forma bem objetiva, a BRAX se apresenta como postulante
ao eventual direito, avaliando, obviamente, o potencial desse direito; faz a sua
proposta contemplando forma de pagamento e valores. Normalmente, por
conhecermos o mercado há bastante tempo — são 15 anos operando
religiosamente nesse segmento — a gente entende o potencial de cada uma das
competições. A gente faz a oferta, informa a forma de pagamento e o valor. A
entidade esportiva, seja um clube, seja a CBF, seja uma Federação, concorda com
a nossa proposta. Após concordar com essa proposta e assinar o contrato conosco,
obviamente, a gente vai ao mercado arregimentar recursos de patrocinadores de
todos os segmentos, e esses patrocinadores subsidiam a operação que assegura a
execução do contrato.
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Bruno, o senhor

falou que tem 15 anos de experiência e como é que a empresa só tem 2 anos?
O SR. BRUNO RODRIGUES - A BRAX só tem 2 anos.

Wellington, no começo da explanação, disse que tinha 15 anos de mercado. Não era
na BRAX.
O SR. BRUNO RODRIGUES - Eu atuo nesse mercado há 15 anos,

religiosamente, nesse mesmo mercado há 15 anos.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Concedo a

palavra ao Deputado Márcio Marinho por 2 minutos.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - Sr.

*CD230727930200*
Presidente, a minha pergunta não é para o Sr. Bruno, é uma pergunta objetiva à
Mesa. Contando que esta CPI tem o prazo de término no dia 14, correto? Eu fui
informado que amanhã não haverá absolutamente nada na Casa. Certamente, os
Parlamentares viajarão amanhã cedo. Se o Relatório for apresentado na segunda-
feira e for pedida vista, teremos o prazo de duas sessões para que depois seja
votada. Não haverá prazo para a gente analisar o Relatório do Deputado Felipe
201

REL n.1/2023
Carreras. A minha pergunta é: já foi feito o pedido, já houve o retorno do Presidente

da Casa em relação à prorrogação da CPI? Porque senão nós precisamos ter
acesso ao Relatório do Deputado Felipe Carreras, para nós analisarmos e fazermos
juízo de valor a respeito do voto que nós faremos no dia 14 ou no dia 13. A gente
está aqui “no escuro” em relação a essas informações.

Márcio, há aproximadamente 20 dias eu fiz esse requerimento, que foi aprovado
aqui nesta Comissão para prorrogá-la por mais 60 dias. Ontem houve uma
preocupação minha, do Relator e de alguns Deputados, em relação a essa
prorrogação, a gente conversou com o Presidente e ele nos pediu 24 horas para
decidir em relação a essa prorrogação do prazo. Talvez não aconteça prorrogação
de 60 dias, mas vai acontecer um prazo factível.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - E que

horas termina esse prazo de 24 horas?
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Não, eu

pedi um tempo, 24 horas foi modo de dizer. Ao sair daqui, vou direto lá na
Presidência falar com ele.
O SR. MÁRCIO MARINHO (Bloco/REPUBLICANOS - BA) - É,

porque 24 horas pode se tornar 48 horas e a gente realmente precisa ter acesso a
isso.
O SR. LEUR LOMANTO JÚNIOR (Bloco/UNIÃO - BA) -

Associando-me ao Deputado Marinho, eu acho praticamente impossível, como eu
disse na minha fala aqui hoje, nós temos diversos Requerimentos ainda para serem
aprovados, então esses Requerimentos jamais seriam…
O SR. WELLINGTON ROBERTO (PL - PB) - Sr. Presidente, já foi

dito aqui em outras reuniões que nós temos que aguardar a decisão de uma pessoa
*CD230727930200*
chamada Arthur Lira, que é o Presidente, até janeiro do ano que vem, desta Casa.
O SR. PRESIDENTE (Julio Arcoverde. Bloco/PP - PI) - Dr. Bruno

Rodrigues, primeiro, queria agradecer a sua boa vontade, a sua presença e dizer
que o senhor tem direito a 3 minutos, se quiser usar, para fazer as suas
considerações; e, mais uma vez, agradeço em nome da CPI a sua presença.
202

REL n.1/2023
O SR. BRUNO RODRIGUES - Obrigado, Presidente. Quero apenas

agradecer e reforçar que estou sempre à disposição para prestar qualquer
esclarecimento. Como vários disseram aqui, de forma muito muito assertiva, o
futebol é uma paixão nacional e sempre temos que prestar qualquer tipo de
esclarecimento acerca desse tema porque o interesse de todos nós é que o futebol
fique cada vez mais forte, melhor e mais saudável no nosso País. Basicamente, é
isso obrigado, Presidente.”
*CD230727930200*
203

REL n.1/2023
PARTE II – CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEMÁTICA
1. APOSTA ESPORTIVA: CONCEITO E HISTÓRICO NO

ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Durante muito tempo o ordenamento jurídico brasileiro vedou o que

hoje se chamada de “apostas esportivas”. Com efeito, o art. 50, §3º, alínea “c” do
Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais),
qualifica como “jogo de azar” as apostas que recaírem sobre qualquer outra
competição esportiva que não seja a corridas de cavalos realizada dentro dos
hipódromos ou de locais onde estas últimas sejam autorizadas.
Este cenário, contudo, foi completamente alterado em 2018, quando

foi sancionada a Lei nº 13.756, de 12 de dezembro daquele ano. Na prática, a citada
lei, entre outras providências, teve por objetivo conferir respaldo jurídico para a
exploração das apostas esportivas no Brasil. Todavia, a fórmula jurídica para isso foi
inusitada e, do ponto de vista técnico, bastante discutível: a qualificação como uma
nova modalidade lotérica. Contrariando o que se observa nos grandes centros onde
as apostas esportivas são licitamente exploradas, o legislador brasileiro optou pela
criação de uma nova modalidade lotérica e, por conseguinte, pelo enquadramento
jurídico das apostas na categoria de serviço público, em lugar da usual e
tecnicamente mais adequada qualificação como atividade econômica privada (ou em
sentido estrito).
Não se trata de mero jogo de palavras, mas de uma classificação

que, à luz da legislação e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, possui
grande relevância jurídica. Isto porque a classificação como serviço público atrai a
incidência do art. 175 da Constituição da República 14 e, nessa medida, confere ao
*CD230727930200*
14 “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.”
204

REL n.1/2023
Estado poderes muito maiores no controle de acesso a esse mercado do que

ocorreria caso a atividade fosse qualificada como atividade econômica privada.
Seja como for, do ponto de vista jurídico positivo as “apostas

esportivas”, tal como popularmente conhecidas nos dias atuais, são legalmente
definidas como “loteria de apostas de quota fixa”. De acordo com o art. 29, §1º, da já
citada Lei nº 13.756, de 2018, tal modalidade consiste em “sistema de apostas
relativas a eventos reais de temática esportiva, em que é definido, no momento de
efetivação da aposta, quanto o apostador pode ganhar em caso de acerto do
prognóstico”.
A abertura desse novo mercado no Brasil, contudo, ainda não

ocorreu, pois os §§2º e 3º do mesmo art. 29 estabelecem que tal modalidade de
loteria deve ser concedida ou autorizada pelo Ministério da Fazenda, cabendo a
essa Pasta a regulamentação da matéria. Como essa providência regulamentadora
ainda não foi adotada, a exploração dessas apostas não é ainda permitida no Brasil.
Em decorrência, o que os apostadores brasileiros têm feito é

acessar sítios eletrônicos de agentes operadores de apostas (popularmente
conhecidas como “casas de apostas”) estabelecidas em outros países para efetuar
suas apostas. Grande parte dessas casas, inclusive, conta com licenças ou
autorizações em seus países de origem, estando sujeitas às suas respectivas
legislações nacionais.
Nesse contexto, nenhuma lei brasileira seria apta a definir regras

para as apostas esportivas comercializadas por operadores estrangeiros. Primeiro
porque, atualmente, essas apostas ainda não são permitidas no Brasil. E segundo
porque a realização de apostas tem se dado, até onde se apurou, exclusivamente
por operadores estabelecidos em outros países, não estando, pois, ao alcance da
*CD230727930200*
competência legislativa do Congresso Nacional brasileiro. A única saída para isso

seria, ao nosso ver, regulamentar as apostas, abrir definitivamente o mercado e,
com isso, conferir o devido respaldo não apenas para a exploração da atividade –
propiciado, em decorrência, geração de emprego e renda em nosso País – como
205

REL n.1/2023
também, e principalmente, para estabelecer um cuidadoso rol de deveres para os

agentes operadores e direitos para os apostadores.
Todo esse quadro fático e normativo delineia um cenário que beira o

surrealismo: as apostas são uma realidade incontestável e parte do cotidiano da vida
de milhões de brasileiros, mas o País não arrecada os tributos que poderia, não gera
o emprego e a renda que poderia, e nem protege seus cidadãos, conferindo-lhes
direitos, simplesmente porque o Estado brasileiro ainda parece acreditar que a
proibição (ou a falta de regulamentação) das apostas ainda é melhor para os
brasileiros.
Na prática, essa suposta proteção se traduz em autêntica

negligência, na medida em que, embora ainda atue pautado pela convicção de que
se deve manter a proibição da posta para evitar o acredita ser um mal para seus
cidadãos (o vício em jogo e a ruína financeira dele decorrente), o Estado brasileiro
acaba virando as costas para seus cidadãos, que efetivamente já jogam e apostam
em profusão, mas se veem desassistidos porque não há, no Brasil, e sob as leis
brasileiras, qualquer proteção jurídica para eles.
Essa omissão do Estado brasileiro, segundo nos pareceu ao longo

dos trabalhos da CPI, foi um dos fatores determinantes para que o esquema de
manipulação de apostas pudesse ocorrer no Brasil. À luz do que esta Comissão
Parlamentar de Inquérito pode constatar, é razoável supor que se já houvesse, em
nosso País, um arcabouço de regulação e supervisão das apostas, a estrutura de
incentivos que levou ao esquema de manipulação de resultados de partidas
esportivas para viabilizar o recebimento de prêmios seria bastante reduzida.
2. JUSTIÇA DESPORTIVA
*CD230727930200*
A Constituição de 1988 estabelece que ao Estado corresponde o

dever de “fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada
um”. O esporte, portanto, passou a ser tratado como integrante do rol de
responsabilidades estatais e como direito fundamental.
206

REL n.1/2023
O artigo 217 da Constituição Federal, em seu § 1º, determinou que

“O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.
O § 2º estipula que a justiça desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.
A regulamentação da Justiça Desportiva deu-se pela Lei nº 9.615,

de 24 de março de 1998, que institui as normas gerais do desporto, popularmente
conhecida como Lei Pelé15. Os artigos 49 a 55 da referida lei disciplinam os
fundamentos da Justiça Desportiva no Brasil, com destaque para o artigo 50:
Art. 50. A organização, o funcionamento e as

atribuições da Justiça Desportiva, limitadas ao processo e
julgamento das infrações disciplinares e às competições
desportivas, serão definidos nos Códigos de Justiça
Desportiva, facultando-se às ligas constituir seus próprios
órgãos judicantes desportivos, com atuação restrita às suas
competições.
Ainda conforme o art. 50, as transgressões relativas à disciplina e às

competições desportivas sujeitam o infrator a: advertência; eliminação; exclusão de
campeonato ou torneio; indenização; interdição de praça de desportos; multa; perda
do mando do campo; perda de pontos; perda de renda; suspensão por partida; e
suspensão por prazo.
Pelo artigo 52 da Lei Pelé, os órgãos integrantes da Justiça

Desportiva são considerados autônomos e independentes das entidades de
administração do desporto de cada sistema, compondo-se do Superior Tribunal de
Justiça Desportiva, funcionando junto às entidades nacionais de administração do
desporto (confederações nacionais); dos Tribunais de Justiça Desportiva,
funcionando junto às entidades regionais da administração do desporto (Federações
estaduais), e das Comissões Disciplinares, com competência para processar e julgar
*CD230727930200*
as questões previstas nos Códigos de Justiça Desportiva, sempre assegurados a

ampla defesa e o contraditório.
15 A Nova Lei Geral do Esporte – Lei 14.597, de 14 de junho de 2023 – reestruturou toda a organização e o funcionamento da
Justiça Desportiva. Ademais, revogou a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 (Lei Pelé). No entanto, o Poder Executivo vetou
397 itens, entre eles, todos os novos dispositivos referentes à Justiça Desportiva, além do veto da própria revogação da Lei
Pelé. Como os vetos ainda não foram analisados pelo Poder Legislativo, atualmente a Justiça Desportiva permanece
regulamentada pelos artigos 49 a 55 da Lei Pelé.
207

REL n.1/2023
Ou seja, todas as modalidades esportivas devem constituir sua

própria Justiça Desportiva e cada uma delas, portanto, tem seu próprio Superior
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Conforme o artigo 55, o STJD e os Tribunais
de Justiça Desportiva serão compostos por nove membros, sendo:
I - dois indicados pela entidade de administração do desporto;
II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva (clubes) que

participem de competições oficiais da divisão principal;
III - dois advogados com notório saber jurídico desportivo, indicados

pela Ordem dos Advogados do Brasil;
IV - um representante dos árbitros, indicado pela respectiva entidade

de classe;
V - dois representantes dos atletas, indicados pelas respectivas

entidades sindicais.
O mandato dos membros dos Tribunais de Justiça Desportiva terá

duração máxima de quatro anos, permitida apenas uma recondução. O recurso ao
Poder Judiciário não prejudicará os efeitos desportivos validamente produzidos em
consequência da decisão proferida pelos Tribunais de Justiça Desportiva.
A concepção da Justiça Desportiva no Brasil, constitucionalizada e

regulamentada pela Lei Pelé, objetiva a resolução de conflitos e de infrações
relacionados ao esporte de forma imparcial e eficiente, promovendo a integridade e
a ética nas competições esportivas. A Justiça Desportiva também desempenha um
papel crucial na promoção da credibilidade do esporte brasileiro, auxiliando na
prevenção e no combate a práticas desleais, como doping, manipulação de
resultados e violência nos estádios.
*CD230727930200*
3. ASPECTOS RELACIONADOS AO DIREITO PENAL
No que tange ao Direito Penal, resta-nos avaliar se as condutas

investigadas por esta Comissão já contam com tipificação penal em nosso
ordenamento jurídico e, em caso positivo, se as penas atualmente previstas se
encontram fixadas em patamares adequados.
208

REL n.1/2023
3.1. TIPIFICAÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO DESPORTIVA
Embora o fenômeno da corrupção esteja historicamente associado a

agentes do poder público, há muito tempo já se observa que entre particulares
também é recorrente a celebração de pactos que envolvem o
oferecimento/recebimento de vantagens indevidas como contraprestação para a
pratica de comportamentos desviados16.
Não por outra razão, diversos países contam com legislações que
criminalizam a corrupção privada. Alguns o fazem de forma mais aberta, para
abranger quaisquer tipos de pactos sceleris entre particulares. Outros tipificam
condutas específicas, como os acordos firmados para manipular o resultado de
competições esportivas17.
A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (da qual o

Brasil é signatário), aliás, estabelece que em seu art. 21 que cada Estado Parte
deve adotar as medidas legislativas necessárias para tipificar a corrupção no setor
privado.
O Brasil, embora não tenha um tipo penal que abranja qualquer

forma de corrupção privada, possui, desde 2010, legislação penal específica para
punir tanto quem oferece quanto quem aceita vantagem de qualquer natureza
para alterar ou falsear o resultado de competição esportiva (o que se denomina
de corrupção desportiva).
3.2. HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO

DESPORTIVA NO BRASIL
A tipificação da manipulação de resultados de competições

*CD230727930200*
esportivas foi introduzida em nosso ordenamento jurídico apenas em 2010, pela Lei
nº 12.299, que inseriu no Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) os arts. 41-C,
41-D e 41-E, com as seguintes redações:
Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem,

vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não
16 GONTIJO, Conrado Almeida Corrêa. O crime de corrupção no setor privado. São Paulo: LiberArs, 2016, p. 33.
17 GONTIJO, Conrado Almeida Corrêa. O crime de corrupção no setor privado. São Paulo: LiberArs, 2016, p. 34.
209

REL n.1/2023
patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar

ou falsear o resultado de competição esportiva:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa.
Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não

patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma
competição desportiva:
Art. 41-E. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que

se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição
esportiva:
Ou seja, até então as fraudes nos resultados esportivos e a

corrupção para alterar esses resultados configuravam lacunas legislativas e,
portanto, condutas atípicas18. Todavia, “o legislador pátrio, buscando garantir a lisura
e a moralidade no âmbito das competições esportivas, e diante de inúmeros
escândalos na manipulação de resultados envolvendo árbitros e ‘cartolas’,
criminalizou nos artigos 41-C, 41-D e 41-E do Estatuto do Torcedor a corrupção
(ativa e passiva) desportiva”19.
Posteriormente, a Lei nº 13.155/2015 alterou esses dispositivos para

neles incluir a expressão “ou evento a ela associado”, de forma que eles passaram a
dispor que:
Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem,

vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não
patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar
ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela
associado:
*CD230727930200*
Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não

patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma
competição desportiva ou evento a ela associado:
18 GOMES, Luiz Flavio [et al.]. Estatuto do Torcedor comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 115.
19 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista; SOUZA, Renee do Ó (coord). Leis penais especiais comentadas. 6. ed.
São Paulo: Ed. Juspodivm, 2023, p. 1541.
210

REL n.1/2023
Art. 41-E. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que

se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição
esportiva ou evento a ela associado:
Recentemente, porém, o Estatuto do Torcedor foi integralmente

revogado pela Lei n. 14.597/2023 (Lei Geral do Esporte). Isso não significa, porém,
que tenha havido abolitio criminis (descriminalização) dessas condutas, tendo em
vista que elas passaram a constar dos arts. 198 a 200 da novel legislação (agora
denominados de “crimes contra a incerteza do resultado esportivo”):
Art. 198. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem

ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para
qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o
resultado de competição esportiva ou evento a ela associado:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 199. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não

patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de
competição esportiva ou evento a ela associado:
Art. 200. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se

fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva
ou evento a ela associado:
Cuida-se, portanto, de continuidade normativo-típica, pois embora

revogado o Estatuto do Torcedor, as condutas nele incriminadas foram mantidas
na Lei Geral do Esporte.
*CD230727930200*
Esses tipos penais buscam proteger a lisura e a moralidade no

âmbito das competições esportivas (além do resguardo ao aspecto econômico
decorrente do resultado dos jogos). São crimes comuns (podem ser praticados por
qualquer pessoa), formais (não dependem da ocorrência de efetivo prejuízo para a
sua consumação), de forma livre (podem ser cometidos por qualquer meio eleito
211

REL n.1/2023
pelo agente), comissivos (os verbos indicam ações), instantâneos (a consumação se

dá em momento determinado) e unissubjetivos (podem ser cometidos por uma só
pessoa)20.
A pena cominada (reclusão, de dois a seis anos, e multa) indica não

ser cabível a transação penal ou a suspensão condicional do processo. Admite-se,
porém, a celebração de acordo de não persecução penal, nos termos do art. 28-A do
Código de Processo Penal.
3.3. PROPORCIONALIDADE DA PENA ATUALMENTE PREVISTA
Sempre que surgem escândalos de repercussão nacional

envolvendo determinada prática delitiva, logo surgem vozes que defendem o
recrudescimento da sanção penal aplicável.
É importante, todavia, antes de se sugerir o aumento de

determinada reprimenda, que se avalie se a alteração não gerará desproporções no
sistema.
Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da

proporcionalidade, por meio do qual, no âmbito do direito penal, deve-se “considerar
se a qualidade e a quantidade da pena cominada ao delito são proporcionais à sua
gravidade, principalmente se a relação entre a pena e o delito é proporcional a
outras relações entre penas e delitos dentro do ordenamento”21.
Ou seja, a pena que o legislador estabelece para determinada

conduta criminosa deve guardar proporção com os demais delitos existentes no
ordenamento jurídico – levando-se em conta o bem-jurídico atingido pela conduta –,
sob pena de violação do princípio da proporcionalidade.
No caso, conquanto grave a conduta de corrupção no âmbito

*CD230727930200*
desportivo, não há como desconsiderar o fato de que esse tipo de prática, conforme
já assentado, consiste em espécie de corrupção privada, que possui menor grau
de lesividade e reprovabilidade se comparada à corrupção no setor público.
20 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas: volume 1. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2021, p. 891.
21 GOMES, Mariângela Gama de Magalhães. O princípio da proporcionalidade no direito penal. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2003, p. 81
212

REL n.1/2023
E os crimes de corrupção passiva e ativa contra a administração

pública são puníveis, atualmente, com a pena de reclusão, de dois a doze anos, e
multa (arts. 317 e 333 do Código Penal). Ou seja, a pena mínima dos crimes de
corrupção desportiva já é elevada, sendo equivalente à pena cominada aos crimes
de corrupção contra a administração pública. As penas máximas, por sua vez, são
menores nos crimes de corrupção desportiva, o que se justifica em razão da menor
relevância do bem jurídico por ele tutelado.
Parecem-nos proporcionais, portanto, as penas atualmente

previstas.
3.4. LEI PENAL NO ESPAÇO (TERRITORIALIDADE)
Nos termos do art. 5º do Código Penal, “aplica-se a lei brasileira,

sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional”. Cuida-se do princípio da territorialidade, que
corresponde à noção interna de soberania e à delimitação imposta pelo direito
internacional ao poder de imperium de cada Estado22.
Em termos simples, o princípio da territorialidade determina que

qualquer crime cometido dentro do território brasileiro está sujeito às leis penais do
Brasil. Por outro lado, crimes cometidos fora de nosso espaço territorial estão
fora do alcance de nossas leis. Ou seja: é o lugar onde se praticou o crime que
determina a lei que será aplicada.
No entanto, esta não é uma regra absoluta, pois o Código Penal

estabelece situações em que o princípio da territorialidade pode ser flexibilizado.
Essas exceções são categorizadas em princípios como o da extraterritorialidade
absoluta (defesa de interesses nacionais) e o da nacionalidade.
*CD230727930200*
De acordo com o princípio da extraterritorialidade absoluta, em

algumas circunstâncias as leis penais brasileiras podem ser aplicadas a crimes
cometidos fora do território nacional independentemente de outras condicionantes.
Este é o caso, por exemplo, de crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da
República; de crimes cometidos contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
22 BRUNO, Aníbal. Direito penal: parte geral, tomo I. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 139.
213

REL n.1/2023
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,

sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
de crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço; e do crime
de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
O princípio da nacionalidade, por sua vez, faz a lei penal de um país

acompanhar o seu nacional por onde ele se encaminhe, impondo a sua disciplina a
qualquer fato punível que ele venha a praticar, mesmo que em terra estrangeira 23.
Nesse caso, porém, devem ser atendidas certas condições para que
a lei penal brasileira possa ser aplicada, como: entrar o agente no território nacional;
ser o fato punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído
entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente
absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e não ter sido o agente
perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
Esse esclarecimento se mostra necessário porque, durante os

trabalhos desta Comissão, muito se questionou o fato de que os sites que
disponibilizam apostas esportivas também ofertam serviço de cassino on-line,
prática que configura contravenção penal em nossa legislação (art. 50 do Decreto-
Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941).
Ocorre que, estando sediados em países que autorizam esse tipo de

prática, não há como impor a aplicação da lei penal brasileira a esses casos. Isso
não impede, claro, que outras medidas sejam adotadas, conforme lembra a
doutrina24:
“O problema imposto à jurisdição prerrogativa, no âmbito online

transnacional, circunscreve-se ao limite de atuação do poder
jurisdicional do Estado. Limite estabelecido, em uma
perspectiva internacional, pelo princípio de não intervenção,
*CD230727930200*
restringindo-o ao espaço territorial do próprio Estado.

A jurisdição prerrogativa é, pois, estritamente territorial. E
assim foi estabelecido pelo caso Lotus: ‘a primeiro e principal
restrição imposta pelo direito internacional a um Estado é que
(...) não pode ele exercer o seu poder sob nenhuma forma no
23 BRUNO, Aníbal. Direito penal: parte geral, tomo I. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 139.
24 SANTOS, Daniel Leonhardt dos. A territorialidade no contexto da criminalidade global: considerações sobre a influência do
ciberespaço na delimitação jurisdicional. Rev. Bras. de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 5, n. 2, p. 597-622, mai.-
ago. 2019.
214

REL n.1/2023
território de outro Estado’. Todavia, no âmbito online, como

exercer um controle no contexto estabelecido por essa
limitação? A resposta ao problema estabelece-se, na
prática, a partir dos instrumentos legítimos de atuação
local sobre as condutas que possuem um efeito global. I.e.,
a partir das ferramentas disponíveis dentro do próprio
território do Estado contra àquilo que se quer controlar no
próprio território, acarretando, consequentemente, uma
fragmentação do global espaço do ciberespaço. Assim,
pois, com os instrumentos locais, como o bloqueio de
determinado site; a solicitação às empresas de cartão de
crédito de impedimento de compra em determinado site; a
exigência de cooperação das subsidiárias de grandes
corporações; estabelece-se uma espécie de ‘tampão’ ao
problema do limite territorial imposto à jurisdição
prerrogativa.”
Tais medidas já podem ser adotadas nos termos da legislação

vigente.
3.5. OPERAÇÕES RECENTES
3.5.1. PENALIDADE MÁXIMA (MPGO)
O presente capítulo objetiva sintetizar as investigações, as análises

e as conclusões efetuadas pelo Ministério Público de Goiás na chamada Operação
Penalidade Máxima, que fora deflagrada com base na denúncia feita pelo
Presidente do Vila Nova Futebol Clube Sr. Hugo Jorge Bravo.
Ressalte-se que o Sr. Hugo Jorge Bravo, o Sr. Cyro Terra Peres,
Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás, e o Sr.
Fernando Cesconetto, Promotor de Justiça do Estado de Goiás, compareceram à
audiência pública realizada por esta CPI no dia 30/05/2023, às 14h30, onde
prestaram valiosos esclarecimentos acerca das condutas criminosas perpetradas.
*CD230727930200*
Segundo relatado pelos representantes do parquet, fora instaurado

um procedimento pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) e pela Promotoria de Combate ao Crime Organizado, que
buscou investigar a manipulação de resultados nas competições esportivas
perpetrada por uma organização criminosa especializada em corromper atletas
215

REL n.1/2023
profissionais de futebol para assegurar a ocorrência de determinados eventos nas

partidas e, com isso, auferir elevados ganhos em apostas esportivas.
As denúncias apresentadas pelo órgão ministerial narram a atuação

de grupo criminoso visando o aliciamento e a cooptação de atletas profissionais
para, mediante contraprestação financeira, assegurar a prática de determinados
eventos em partidas oficiais de futebol (como, por exemplo, punição com cartões
amarelos e/ou vermelhos, cometimento de faltas, entre outros) e, com isso, garantir
o êxito em elevadas apostas esportivas feitas pelo grupo criminoso em casas do
ramo.
Na descrição das ações praticadas, o Ministério Público relata que o

grupo se vale, ainda, de contas de terceiros para aumentar seus lucros, ocultar reais
beneficiários e registrar a atuação de intermediadores para identificar, fornecer e
realizar contatos com jogadores dispostos a praticar as corrupções.
O órgão acusador ressalta que a denúncia se baseia em elementos

de prova colhidos no âmbito do procedimento investigatório criminal n.
2023.0018.2137, instaurado para continuidade das investigações relacionadas aos
fatos desvelados no contexto da denominada Operação Penalidade Máxima.
E afirma que, em suas duas fases já deflagradas, a referida

Operação culminou no oferecimento de denúncias nos autos judiciais n. 5146081.42
e 5276156.72 já recebidas pela Justiça Estadual de Goiás, com a imputação de
crimes previstos na Lei n. 12.850/13 e artigos 41-C e 41-D da Lei n. 10.671/2003
(Estatuto do Torcedor).
A primeira inicial acusatória aponta para existência e permanência

de atuação de organização criminosa em rede, subdividida em núcleos.
As imputações do crime de organização criminosa é sintetizada da

seguinte maneira em tal peça judicial: no período compreendido entre o segundo
*CD230727930200*
semestre de 2022 até o momento de apresentação dessa exordial, em diversos

estados como São Paulo, Santa Catarina, Maranhão, Goiás, entre outros, BRUNO
LOPEZ DE MOURA, CAMILA SILVA DA MOTTA, ÍCARO FERNANDO CALIXTO
DOS SANTOS, LUÍS FELIPE RODRIGUES DE CASTRO, VICTOR YAMASAKI
FERNANDES e ZILDO PEIXOTO NETO, com animus associativo de caráter estável
216

REL n.1/2023
e permanente, integraram pessoalmente organização criminosa, estruturalmente

ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, destinada à obtenção de
vantagem (inclusive pecuniária) mediante a reiterada prática de infrações penais
como corrupção ativa em competições esportivas, cujas penas máximas são
superiores a quatro anos.25
A atuação consistia, conforme detalhado por um dos seus

integrantes, em abordar jogadores profissionais com a oferta de elevados valores
financeiros, em torno de cento e cinquenta mil reais para cada atleta “contratado”,
dos quais se promovia adiantamento como “sinal” da negociação, geralmente no
importe de dez mil reais.
Segundo a denúncia, a oferta se destinava a convencê-los a

manipularem resultados ou assegurarem a ocorrência de eventos durante os jogos
como cometimento de pênaltis no primeiro tempo, cartões amarelos ou vermelhos
em determinada etapa da partida, diferença de gols no primeiro tempo, entre outros,
sempre em jogos de futebol previamente selecionados.
O objetivo das ações criminosas era propiciar aos denunciados

expressivos lucros em apostas feitas por eles em sites de casas esportivas,
contando com elevado número de contas criadas nos mesmos sites, geralmente em
nome de terceiros, como forma de assegurar e maximizar os ganhos com os ilícitos.
Nesse contexto, a investigação identificou que, para viabilizar a

sequência de atividades ilícitas necessárias para a consecução dos fins almejados,
a organização criminosa era composta por diversos núcleos.
Inicialmente, tem-se a atuação dos financiadores, responsáveis por

assegurar a existência de verbas a serem utilizadas no pagamento dos jogadores
aliciados e também nas apostas manipuladas.
Segundo a denúncia, evidenciou-se também a existência do núcleo

*CD230727930200*
apostadores, composto, até o momento, por BRUNO LOPEZ DE MOURA, ÍCARO

FERNADO CALIXO DOS SANTOS, LUÍS FELIPE CASTRO, VICTOR YAMASAKI
FERNANDES e ZILDO PEIXOTO NETO, os quais eram responsáveis por
efetivamente contatar e aliciar jogadores para participação no esquema delitivo,
25 Disponível em: https://mpgo.mp.br/portal/noticia/denuncia-oferecida-pelo-mpgo-e-recebida-pela-justica-e-14-envolvidos-em-

fraudes-de-jogos-da-serie-b-do-brasileirao-2022-viram-reus. Acesso em: 04/09/2023.
217

REL n.1/2023
além de realizar pagamentos indevidos e promover apostas nos sites esportivos em

contas próprias e principalmente de terceiros.
Os trabalhos investigatórios também constataram a existência de

atuação do núcleo intermediadores, responsável por indicar contatos e facilitar
aproximação entre apostadores e atletas aptos a promoverem a manipulação dos
eventos esportivos.
Por fim, a denúncia aponta a atuação do núcleo administrativo,

integrado por CAMILA DA SILVA MOTTA, além de potencialmente outros a serem
devidamente individualizados - responsável por realizar transferências financeiras a
integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores
cooptados, notadamente através de movimentações da empresa BC SPORTS
MANAGEMENT, da qual a denunciada é uma das sócias, além de atividades
voltadas à conferência de contas nas casas esportivas e auxílio para prática das
manipulações.
Conforme relatado pela denúncia ministerial, nesse diapasão,

apurou-se que, a partir do segundo semestre de 2022, BRUNO, ICARO, VICTOR e
LUIS FELIPE, que integram o núcleo APOSTADORES, organizavam-se
previamente às partidas de futebol e considerando as opções disponíveis nos sites
das casas de apostas, como das empresas Bet.365 e Betano, definiam quais
eventos seriam objeto específico de apostas nos jogos. Estabeleciam, por exemplo,
que corromperiam atletas visando assegurar a punição com cartões amarelo ou
vermelho em partidas determinadas, cometimento de penalidade máxima nas
etapas dos jogos, placar parcial das partidas, entre outros eventos. Em seguida,
utilizando-se do fornecimento de contatos e também devido ao conhecimento prévio
de atletas, escolhiam quais os atores das partidas seriam aliciados para assegurar o
êxito de suas apostas previamente direcionadas. 26
*CD230727930200*
O órgão acusador afirma que as atividades do grupo prosseguiram

no ano de 2023, ganhando a adesão de ZILDO PEIXOTO NETO na mesma tarefa,
notadamente, no fornecimento de valores para pagamentos espúrios aos atletas
indicados por BRUNO LOPEZ e fornecimento de contas de terceiros para apostas.

218

REL n.1/2023
Na peça acusatória, consta que a liderança do núcleo

APOSTADORES é exercida por BRUNO LOPEZ DE MOURA, responsável por
dirigir, comandar e fiscalizar a atuação dos demais integrantes deste núcleo,
aproveitando-se do fato de já ter inúmeros contatos no cenário esportivo em razão
de sua anterior carreira como atleta profissional de futebol.
É relatado em tal documento que BRUNO mantém contato com

diversos atletas que são cooptados por ele e seu grupo criminoso para promoverem
a manipulação de resultados esportivos e para a identificação dos jogadores, conta
com auxílio de outros integrantes que são responsáveis por indicar atletas, fornecer
e intermediar contatos e pagamentos, como forma de viabilizar a manipulação. Com
efeito, além de contatar diretamente jogadores para o esquema delitivo, BRUNO
LOPEZ DE MOURA também divide as tarefas com LUÍS FELIPE RODRIGUES DE
CASTRO (vulgo LF) e VICTOR YAMASAKI FERNANDES (vulgo VITINHO), os quais
são responsáveis por igualmente conversarem com atletas e cooptá-los para
manipulação de resultados sempre mediante oferta de elevados pagamentos em
dinheiro, promovendo o envio de valores a título de adiantamento e o restante após
a efetiva prática da conduta para a qual o atleta foi “contratado”.
Nesse ponto, a peça ministerial alerta que, além deles, o grupo

criminoso conta com a participação de ÍCARO FERNANDO e de ZILDO, os quais
atuam diretamente nas apostas feitas pelo grupo em sites de casas esportivas tanto
em contas pessoais, como dividindo os valores em contas criadas em nome de
terceiros, principalmente de familiares e empregando estratagema para tentar burlar
os mecanismos de controle dos sites esportivos para evitar o bloqueio das apostas.
Tanto é assim que costumam utilizar dezenas de contas com apostas em valores
baixos nos eventos previamente combinados pelo grupo e atletas corrompidos. 27
Apurou-se que o grupo criminoso nomina suas apostas em

*CD230727930200*
resultados manipulados como “operações” e mantém anotações, conversas

frequentes em aplicativos de mensagens e controle de pagamentos relacionados ao
esquema delitivo.
A inicial relata que as atividades do grupo criminoso também eram

frequentemente tratadas entre BRUNO e ÍCARO, via mensageiro WhatsApp,
219

REL n.1/2023
oportunidade em que novamente eram contabilizados os valores utilizados como

pagamentos espúrios a atletas, manipulações de resultados e ambos debatiam até
acerca do teor e o modo de cobrança a jogadores que não cumpriram conforme o
acordado. E, ainda com enfoque nas atividades e divisão de tarefas da organização
criminosa, a investigação revelou também a relevante atuação de CAMILA SILVA
DA MOTTA, esposa de BRUNO LOPEZ. Ambos são proprietários da empresa BC
SPORTS MANAGEMENT, cujas contas são frequentemente utilizadas para
movimentação financeira do esquema delitivo efetuando pagamentos de sinais e
valores aos jogadores cooptados, intermediadores e transitando valores também
28
para apostas nos jogos previamente ajustados.
E a denúncia afirma que BRUNO seguidas vezes indica valores e

contas para que CAMILA promovesse as transferências, em conduta que perdurou
até a véspera da deflagração da Operação Penalidade Máxima, tendo CAMILA a
plena ciência de que se tratavam de valores das famigeradas “operações”. E não se
olvida de que ela era responsável, também, por verificar saldo de contas vinculadas
às apostas manipuladas e ligadas aos demais denunciados, por exemplo, até
mesmo em contas controladas por LUÍS FELIPE, o qual era comumente referido nas
conversas como sendo apenas “LF”.
Nos sobreditos autos 5146081.42, foi oferecida e recebida denúncia

em face de BRUNO LOPEZ DE MOURA, CAMILA SILVA DA MOTTA, ÍCARO
FERNANDO CALIXTO DOS SANTOS, LUIS FELIPE RODRIGUES DE CASTRO,
VICTOR YAMASAKI FERNANDES e ZILDO PEIXOTO NETO, por promoverem e
constituírem organização criminosa (art. 2º da Lei n. 12.850/13), especificamente,
como integrantes da organização do núcleo APOSTADORES, e também do núcleo
ADMINISTRATIVO, além da imputação, por diversas vezes, do delito previsto no art.
41-D do Estatuto do Torcedor.
*CD230727930200*
Nesse primeiro momento, o órgão ministerial enquadrou os

denunciados nos seguintes tipos penais:

220

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1. BRUNO LOPEZ DE MOURA: art. 1º, § 1º, c/c art. 2º, § 3º, ambos
da Lei n. 12.850/13; art. 41-D da Lei 10.671/2003, por cinco vezes, na forma do art.
69 do Código Penal;
2. CAMILA SILVA DA MOTTA: art. 1º, § 1º, c/c art. 2º, ambos da Lei
n. 12.850/13;
3. ÍCARO FERNANDO CALIXTO DOS SANTOS: art. 1º, § 1º, c/c art.
2º, ambos da Lei n. 12.850/13; art. 41-D da Lei 10.671/2003, por três vezes, na
forma do art. 69 do Código Penal;
4. LUÍS FELIPE RODRIGUES DE CASTRO: art. 1º, § 1º, c/c art. 2º,
ambos da Lei n. 12.850/13 e art. 41-D da Lei 10.671/2003, na forma do art. 69 do
Código Penal;
5. VICTOR YAMASAKI FERNANDES: art. 1º, § 1º, c/c art. 2º, ambos
da Lei n. 12.850/13; art. 41-D da Lei 10.671/2003, por duas vezes, na forma do art.
6. ZILDO PEIXOTO NETO: art. 1º, § 1º, c/c art. 2º, ambos da Lei n.
12.850/13;
7. GABRIEL DOMINGOS DE MOURA: art. 41-C da Lei n.

10.671/2003;
8. JOSEPH MAURÍCIO DE OLIVEIRA FIGUEREDO: art. 41-C da Lei

n. 10.671/2003;
9. MARCOS VINICIUS ALVES ALVES BARREIRA (ROMÁRIO): art.

41-D da Lei n. 10.671/2003, por duas vezes, na forma do art. 69 do Código Penal e
por cinco vezes na forma do art. 71 do Código Penal;
10. ALLAN GODOI DOS SANTOS: art. 41-C da Lei n. 10.671/2003;

*CD230727930200*
11. ANDRÉ LUIZ GUIMARÃES SIQUEIRA JÚNIOR (ANDRÉ

QUEIXO): art. 41-C da Lei n. 10.671/2003;
12. MATEUS DA SILVA DUARTE (MATEUSINHO): art. 41-C da Lei

n. 10.671/2003;
13. PAULO SÉRGIO MARQUES CORRÊA: art. 41-C da Lei n.

10.671/2003;
221

REL n.1/2023
14. YGOR DE OLIVEIRA FERREIRA (CATATAU): art. 41-C, art. 41-

C da Lei n. 10.671/2003.
Por seu turno, nos autos 5276156.72, foi oferecida e recebida

denúncia em face de THIAGO CHAMBÓ ANDRADE, ROMÁRIO HUGO DOS
SANTOS (ROMARINHO) e WILLIAM DE OLIVEIRA SOUZA (MCLAREN), por
promoverem e constituírem organização criminosa (art. 2º da Lei n. 12.850/13),
especificamente, como integrantes da organização do núcleo FINANCIADORES,
além da imputação do delito previsto no art. 41-D do Estatuto do Torcedor,
novamente por inúmeras vezes, em face de BRUNO LOPEZ DE MOURA, ÍCARO
FERNANDO CALIXTO DOS SANTOS, LUIS FELIPE RODRIGUES DE CASTRO,
VICTOR YAMASAKI FERNANDES, ZILDO PEIXOTO NETO, GABRIEL FERREIRA
NERIS (TOTA), PEDRO GAMA DOS SANTOS JÚNIOR e MATHEUS PHILLIPE
COUTINHO GOMES.
Nesta denúncia, promove-se imputação com relação a novos

integrantes da organização criminosa, agora com participação no núcleo
FINANCIADORES.
A peça acusatória promove, neste momento, a imputação específica

de mais de uma dezena de fatos delitivos específicos de corrupção em âmbito
desportivo. No caso vertente, há diversas infrações penais perpetradas pelo grupo
criminoso, notadamente, corrupções em âmbito desportivo em treze partidas da
Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022.
Para melhor ilustrar, faz-se necessário transcrever passagens dessa

denúncia:
Extrai-se do material investigatório já amealhado que ainda

durante o mês de setembro de 2022, o grupo criminoso
prometeu e efetivamente deu vultosa vantagem indevida para
diversos jogadores profissionais de futebol para convencê-los a
*CD230727930200*
manipular os resultados e eventos determinados nas partidas,

principalmente assegurar que os atletas fossem punidos com
cartões amarelos.
A conduta criminosa propiciava, ainda, que os denunciados
obtivessem elevados lucros em apostas múltiplas feitas por
eles em sites de casas esportivas justamente nos eventos e
resultados “encomendados” aos jogadores, empregando,
222

REL n.1/2023
ainda, dezenas de contas criadas nas plataformas, como forma

de maximizar o lucro oriundo da corrupção esportiva.
Os denunciados organizavam-se previamente às rodadas da
Série A de 2022, debatendo, por exemplo, nomes de jogadores
a serem aliciados, as cotações dos atletas nas casas
esportivas, os eventos a serem assegurados e os valores
utilizados nas corrupções.
(...)
De acordo com análises preliminares dos aparelhos eletrônicos
apreendidos, cujo resultado está sintetizado em relatórios já
acostados às demais ações penais em trâmite, extrai-se que os
denunciados frequentemente elaboravam “listas” de jogadores
contendo identificação e cotação dos atletas e confirmação de
valores de sinal já quitados visando a realização de “operação”,
denominação do grupo para as desditosas manipulações
esportivas.
(...)
Registre-se que THIAGO CHAMBÓ encaminha para a conta
bancária de CAMILA SILVA DA MOTTA, esposa de BRUNO
LOPEZ, praticamente às vésperas dos jogos, a substancial
quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para contribuir e
viabilizar os pagamentos indevidos antecipados aos jogadores
cooptados e também o êxito da empreitada delitiva.
(...)
Esposa de Bruno Lopez de Moura, sócia da empresa BC
Sports Management, utilizada também para efetuar pagamento
de valores espúrios aos atletas. Camila já foi denunciada na
primeira ação penal como integrante da organização criminosa.
(...)
O próprio BRUNO LOPEZ DE MOURA encaminha, através de
áudio, informação acerca da realização dos depósitos em
benefício de BRYAN, citando ainda, outros atletas envolvidos
na mesma rodada, como NINO PARAÍBA e DIEGO.
Nota-se que LUIS FELIPE RODRIGUES DE CASTO, vulgo LF,
foi o responsável por intermediar e promover o contato com o
jogador BRYAN visando a pretendida manipulação. BRYAN,
*CD230727930200*
então, recebeu os valores espúrios em sua conta bancária e

aceitou a vantagem indevida para manipulação esportiva,
tendo ainda, sido punido com cartão amarelo durante a partida.
Merece destaque o fato de que o atleta entrou em campo
somente no final do jogo e, praticamente no primeiro lance já
assegurou a punição com cartão amarelo, nos exatos moldes
em que cooptado pelos denunciados.
(...)
223

REL n.1/2023
O jogador, ao ser interrogado, confessou a prática delitiva e

detalhou, ainda, a abordagem e intermediação promovida por
LUIS FELIPE.
(...)
Ainda, BRUNO LOPEZ, THIAGO CHAMBÓ e LUIS FELIPE,
entre outros ainda não identificados, um aderindo a conduta do
outro, com o escopo de assegurar a corrupção esportiva,
prometeram pagamento espúrio no valor de R$ 60.000,00
(sessenta mil reais) para que, em 04 de setembro de 2022, o
atleta SEVERINO DO RAMO CLEMENTINO DA SILVA (NINO
PARAÍBA), do CEARÁ, fosse punido com cartão amarelo na
partida de sua agremiação contra o FLAMENGO, o que
igualmente acabou ocorrendo (FATO 6).
Nota-se que LUIS FELIPE RODRIGUES DE CASTO foi o
responsável por intermediar e promover o contato com o
jogador NINO PARAÍBA. Tanto com relação a NINO PARAÍBA
como outros jogadores, revelou-se que LUIS FELIPE
inicialmente se aproximou com oferta de produtos através de
seu perfil no Instagram e posteriormente, notadamente via
Whatsapp, aliciou os atletas para a manipulação esportiva.
Os denunciados efetuaram pagamento antes do jogo, como
“sinal”, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e durante os
meses de setembro e outubro fizeram outras transferências em
conta bancária para beneficiar o jogador.
Conforme se extrai da análise bancária já efetivada, até o
momento, NINO PARAÍBA auferiu R$ 115.000,00 (Cento e
quinze mil reais) como contraprestações efetivadas pelos
denunciados para as manipulações esportivas praticadas, não
só no jogo entre CEARÁ x FLAMENGO, mas também em
outras duas partidas já narradas e objeto de maior
detalhamento em linhas futuras (FATO 8 e FATO 16).
(...)
Noutro ponto, BRUNO, LUÍS FELIPE, ÍCARO e THIAGO
CHAMBÓ atuaram de forma ajustada para nova corrupção
esportiva envolvendo o jogador NINO PARAÍBA, desta vez, na
partida entre CEARÁ X CUIABÁ, realizada em 16 de outubro
de 2022. Eles prometeram, no mínimo, o pagamento de R$
60.000,00 (sessenta mil reais) para que o atleta fosse punido
*CD230727930200*
com cartão amarelo. Pela terceira vez, o jogador aceitou a

promessa e posteriormente recebeu parcela dos valores (FATO
16).
(...)29
29 Disponível em: https://mpgo.mp.br/portal/noticia/terceira-denuncia-relacionada-a-operacao-penalidade-

maxima-contra-14-pessoas-envolvidas-em-manipulacao-de-resultados-e-recebida-pela-justica. Acesso em:
04/09/2023.
224

REL n.1/2023
E, segue a denúncia afirmando ainda que, quanto à corrupção

esportiva, a organização criminosa seguiu atuando durante o ano de 2022 e já nas
rodadas finais do campeonato brasileiro de futebol novamente arregimentou atletas
para a prática delitiva. Perpetraram novos crimes durante a 36ª rodada e 37ª rodada,
pertinente à corrupção em três jogos, para que os atletas cooptados fossem
expulsos ou fossem punidos com cartão amarelo.
Nessa peça acusatória, o parquet imputou aos acusados as

seguintes condutas típicas:
A. ADAILSON FREIRE PEREIRA DA SILVA, VULGO

DADÁBELMONTE: Art. 198 da Lei 14.597/2023, por 2 (duas) vezes, na forma do art.
B. ALEF MANGUEIRA SEVERINO PEREIRA, VULGO ALEF

MANGA: Art. 198 da Lei 14.597/2023;
C. BRUNO LOPEZ DE MOURA, VULGO BL: art. 199 da Lei

14.597/2023, por 15 (quinze) vezes, na forma do art. 69 do Código Penal;
D. CLEBER VINICIUS ROCHA ANTUNES DA SIVLA, VULGO

CLEBINHO FERA: Art. 199 da Lei 14.597/2023, por duas vezes, na forma do art. 69
do Código Penal;
E. ÍCARO FERNANDO CALIXTO DOS SANTOS: art. 199 da Lei

14.597/2023, por 10 (dez) vezes, na forma do art. 69 do Código Penal;
F. IGOR AQUINO DA SILVA, VULGO IGOR CÁRIUS: art. 198 da Lei

14.597/2023;
G. JESUS EMILIANO TRINDADE FLORES: art. 198 da Lei

14.597/2023;
H. LUÍS FELIPE RODRIGUES DE CASTRO, VULGO LF: art. 199 da

*CD230727930200*
Lei 14.597/2023, por 7 (sete) vezes, na forma do art. 69 do Código Penal;
I. PEDRO HENRIQUE AZEVEDO PEREIRA, VULGO PEDRINHO:

art. 198 da Lei 14.597/2023;
J. ROMÁRIO HUGO DOS SANTOS, VULGO ROMARINHO: art. 199

da Lei 14.597/2023, por 3 (três) vezes, na forma do art. 69 do Código Penal;
225

REL n.1/2023
K. SIDCLEY FERREIRA PEREIRA: art. 198 da Lei 14.597/2023;
E. THIAGO CHAMBÓ ANDRADE: art. 199 da Lei 14.597/2023, por

12 (doze) vezes, na forma do art. 69 do Código Penal;
L. THONNY ANDERSON DA SILVA CARVALHO: art. 199 da Lei

14.597/2023;
M. VICTOR YAMASAKI FERNANDES, VULGO VITINHO: art. 199

da Lei 14.597/2023, por 5 (cinco) vezes, na forma do art. 69 do Código Penal.
3.5.2. JOGADA ENSAIADA (PF)
No que tange à chamada Operação Jogada Ensaiada, passamos a

tecer os seguintes comentários.
Conforme amplamente noticiado na imprensa, no dia 09 de agosto

de 2023, a Polícia Federal iniciou a segunda fase da Operação Jogada Ensaiada,
cujo propósito é desmantelar uma organização criminosa especializada na
manipulação de resultados em partidas de futebol no Brasil.
De acordo com informações do portal 'ge', um total de 60 agentes da

polícia executaram 12 mandados de busca e apreensão em residências de
empresários, jogadores e apostadores envolvidos no esquema. 30
Essas diligências ocorreram nas cidades de Aracaju, Araguaina

(Tocantins), Assu (Rio Grande do Norte), Belo Horizonte, Brasília, Campina Grande,
Fortaleza, Igarassu (Pernambuco), Rio de Janeiro, São Paulo e Sumaré.
Inicialmente, a operação, cuja primeira fase foi realizada em outubro

de 2022, tinha como objetivo investigar fraudes no futebol sergipano. Contudo, a
análise do material apreendido revelou a existência de um esquema muito mais
*CD230727930200*
amplo, com alcance nacional.
Os diálogos obtidos durante a investigação revelaram que

empresários, apostadores e dirigentes coordenavam a manipulação de resultados
de partidas de futebol com o intuito de obter lucros ilegais em sites de apostas.
30 Disponível em: Operação Jogada Ensaiada: PF cumpre mandados contra empresários, jogadores e dirigentes | futebol | ge
(globo.com). Acesso em 04/09/2023.
226

REL n.1/2023
Estima-se que essa organização criminosa tenha movimentado

cerca de R$ 11 milhões.
Até o momento, foram identificadas manipulações em jogos de

diversos campeonatos estaduais, bem como nos campeonatos brasileiros das séries
C e D.
*CD230727930200*
227

REL n.1/2023
PARTE III – CONCLUSÕES
Em face de todo o exposto, ficou escancarado que o futebol

brasileiro (e o esporte de maneira geral) está muito exposto à prática criminosa de
manipulação de resultados, em razão do crescimento do mercado de apostas
esportivas. Trata-se, na verdade, de um desafio mundial, uma vez que enfrentado
por diversos outros países. Diante desse cenário, cabe a este Parlamento propor
medidas que possam, de alguma forma, prevenir esse tipo de prática, garantindo a
integridade esportiva.
Uma medida legislativa que pode ser adotada diz respeito à criação
da obrigatoriedade (sob pena de responsabilização penal) de os gestores, dirigentes
ou treinadores dos clubes de comunicarem às autoridades competentes a prática do
crime de corrupção desportiva, quando deles tomarem conhecimento.
Afinal, a lacuna legal hoje existente cria um ambiente propício para a

impunidade e perpetuação dessas práticas, uma vez que muitas vezes os atores
internos ao esporte são os primeiros a ter conhecimento dessas irregularidades. Ao
não se verem legalmente obrigados a denunciar, podem optar pelo silêncio, seja por
medo de represálias, por conivência ou outros motivos.
Uma proposta, portanto, seria sanar essa lacuna legislativa. Com

isso, busca-se: a) fortalecer a integridade esportiva, garantindo que crimes contra a
incerteza dos resultados esportivos sejam prontamente investigados e punidos; b)
atribuir responsabilidade aos atores internos do esporte, que muitas vezes estão
mais próximos dos fatos e são os primeiros a terem conhecimento de
irregularidades; e c) encorajar uma cultura de compliance e ética no ambiente
esportivo, desincentivando a omissão e a conivência com práticas ilícitas.
Além disso, também se constatou que o ambiente das apostas de

*CD230727930200*
quota fixa acaba se tornando campo fértil para operações ilegais e práticas que
podem colocar os cidadãos em situações de vulnerabilidade.
O controle do Estado sobre essas atividades, portanto, é

fundamental para assegurar a lisura dos jogos, a segurança dos apostadores e a
228

REL n.1/2023
correta arrecadação de impostos. Não por outra razão, a Câmara dos Deputados já
está se debruçando sobre a regulamentação dessa atividade.
De nada adianta, porém, elaborar a regulamentação se as pessoas

puderem continuar apostando livremente em instituições que não seguem as regras
impostas em nosso país.
Mostra-se prudente, por isso, a aprovação de proposta legislativa

que criminalize tanto a conduta de quem explora a loteria de apostas de quota fixa
sem prévia outorga quanto de quem realiza, intermedia ou contribui para a
realização de aposta de quota fixa em instituição à qual não tenha sido concedida
outorga pelo órgão competente.
Com isso, busca-se garantir um ambiente de apostas mais seguro,

transparente e justo para todos.
Outra preocupação bastante externada pelos Deputados deste

colegiado, tanto em suas exposições nas sessões de audiências públicas e de
tomadas de depoimentos, quanto nos objetos dos requerimentos, tratou da
discrepância das penalidades esportivas aplicadas aos atletas envolvidos em
denúncias de manipulação de resultados no âmbito do Superior Tribunal de Justiça
Desportiva do futebol.
Conforme fundamentado em sessão anterior deste Parecer, o

Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), da modalidade futebol, desempenha
um papel fundamental no cenário esportivo brasileiro, sendo o principal órgão
responsável pela aplicação da Justiça Desportiva do esporte do país. Sua atuação é
respaldada pela Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, que estabelece o arcabouço
legal para o funcionamento do sistema de Justiça Desportiva no Brasil, em
consonância com o artigo 217 da Constituição Federal.
O STJD é essencial para garantir a integridade das competições de

*CD230727930200*
futebol, julgando casos que envolvem infrações disciplinares, doping, manipulação

de resultados e outras questões relacionadas à ética e ao fair play no esporte. Sua
atuação contribui para a promoção de um ambiente esportivo mais justo e
transparente, assegurando que as regras e normas sejam aplicadas de forma
229

REL n.1/2023
imparcial, em conformidade com a legislação vigente, e fortalecendo a credibilidade

do futebol brasileiro.
As penalidades aplicadas aos atletas envolvidos em denúncias de

manipulação de resultados, entretanto, causaram preocupação, no decorrer do
trâmite da CPI, quanto à integridade esportiva, já que as punições iniciais impostas
pelo STJD para essas ocorrências, muito similares entre si, foram extremamente
discrepantes.
O goleiro Matheus Gomes (sem clube) e o meia Gabriel Tota

(Ypiranga-RS), foram "eliminados" do futebol com base no
artigo 242 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva
(CBJD), sobre "dar ou prometer vantagem indevida a membro
de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer
pessoa natural [...] para que, de qualquer modo, influencie o
resultado de partida, prova ou equivalente". (...)
O lateral Moraes (Aparecidense), por sua vez, foi afastado por
760 dias, com multa de R$ 55 mil, enquadrado no inciso III do
artigo 191 ("Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento: de
regulamento, geral ou especial, de competição"), além do artigo
243 do CBJD. (...)
O zagueiro Eduardo Bauermann (Santos) escapou da multa e
foi o único punido em número de jogos: 12 sem atuar. Com
isso, o atleta do Peixe, que está afastado e com o contrato
suspenso pelo clube, pode voltar a campo ainda este ano, caso
seja reintegrado. A pena foi dada pelo artigo 258 ("Assumir
qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva
não tipificada pelas demais regras deste Código"). 31
Posteriormente, é fato, algumas dessas penalidades esportivas, por

exemplo, foram majoradas, em um contexto de críticas à atuação do STJD nesses
casos. O zagueiro Eduardo Bauermann, por exemplo, teve a sua punição agravada.
*CD230727930200*
A pena foi de 12 partidas para 360 dias de suspensão 32. De todas as formas, as
disparidades nas penalidades aplicadas pela Justiça Desportiva a casos
semelhantes de manipulação de resultados representam uma séria preocupação
para o esporte.
31 https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2023-06/stjd-pune-jogadores-envolvidos-em-manipulacao-de-resultados-
no-futebol. Consulta em 04/09/2023.
32 https://www.gazetaesportiva.com/times/santos/stjd-agrava-pena-de-bauermann-e-define-punicao-de-outros-seis-jogadores-
por-manipulacao/. Consulta em 04/09/2023.
230

REL n.1/2023
Essas divergências minam a confiança dos adeptos do futebol e

podem criar um ambiente propício para a impunidade e a reincidência de práticas
desleais. A falta de uniformidade nas sanções pode resultar em uma sensação de
injustiça entre os envolvidos, enquanto o público e os patrocinadores podem
começar a questionar a seriedade das medidas disciplinares no esporte. Portanto, é
fundamental que os órgãos de Justiça Desportiva adotem critérios claros e
consistentes na aplicação de penalidades, garantindo que casos similares sejam
tratados de maneira igualitária e que a integridade do esporte seja mantida,
promovendo uma cultura de jogo limpo e justiça no cenário esportivo.
Considerando o exposto, entendemos que é relevante a proposição

de um Projeto de Lei, alterando o artigo 50 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998,
para acrescentar um parágrafo para determinar que nos casos de manipulação de
resultados, o órgão julgador da Justiça Desportiva, observando a gravidade da
infração e as circunstâncias específicas de cada caso, deverá garantir que as
penalidades aplicadas sejam proporcionais e consistentes com o princípio da
igualdade.
Para além das proposições legislativas supracitadas, cabe ressaltar

que esta Comissão não vislumbrou a existência de indícios suficientes de autoria e
de materialidade de ilícitos que justificassem novos indiciamentos, seja por ação ou
omissão. Em mais de 120 dias de trabalho, fica evidenciado que as informações
coletadas não são suficientes para a formação de um juízo razoável e
constitucionalmente adequado de autoria e materialidade, pois inexistentes os
requisitos mínimos que devem ser observados por esta Comissão para justificar
eventual indiciamento que não viole normas de direitos fundamentais.
Neste particular, é importante ressaltar o trabalho já em andamento

dos órgãos de persecução penal, os quais encontram-se em fase avançada de
*CD230727930200*
investigação. Por essa razão, inclusive, justifica-se o não indiciamento dos

indivíduos em relação aos quais já existe processo penal em andamento, como
aqueles identificados pela Operação Penalidade Máxima (descrita no item 3.5.1
deste Relatório).
Por oportuno, deve-se reconhecer o importante trabalho

desempenhado por esta Comissão no tocante à disseminação de informações e aos
231

REL n.1/2023
esclarecimentos de questões relevantes à sociedade brasileira e, especialmente, à

comunidade do desporto nacional. As audiências públicas foram plurais e bastante
representativas, com participação de atores relevantes para a compreensão do
objeto desta Comissão, sendo todas de fundamental importância para o
esclarecimento dos fatos e, mais do que isso, para a construção das proposições e
recomendações apresentadas a seguir.
PARTE IV – PROPOSIÇÕES, RECOMENDAÇÕES E

ENCAMINHAMENTOS.
1. PROPOSTAS LEGISLATIVAS
Tendo em vista o que foi apontado no presente Relatório, sugere-se

a apresentação de 4 (quatro) Projetos de Lei, com vistas a evitar a repetição dos
atos ilícitos investigados por esta Comissão Parlamentar de Inquérito no curso de
seus trabalhos.
Para melhor sistematização, as minutas de proposições cuja

apresentação se sugere seguem acostadas ao presente relatório na forma dos
seguintes anexos:
 Anexo I – Projeto de Lei para determinar que, nos casos de

manipulação de resultados, a justiça desportiva deverá
garantir que as penalidades aplicadas sejam proporcionais e
consistentes com o princípio da igualdade;
 Anexo II – Projeto de Lei para tipificar a conduta do gestor,

dirigente ou treinador que deixar de comunicar à autoridade
competente a prática de crime contra a incerteza do resultado
*CD230727930200*
esportivo de que teve conhecimento no exercício de suas

funções ou em decorrência delas;
 Anexo III – Projeto de Lei para tipificar a conduta de realizar,

intermediar ou contribuir para a realização de aposta de quota
232

REL n.1/2023
fixa em instituição à qual não tenha sido concedida outorga

pelo órgão competente; e
 Anexo IV – Projeto de Lei para vedar a realização de apostas

sobre ações ou condutas individuais em partidas esportivas e
sobre a repetição de indébito relativa a valores de prêmio a
apostador que participar de esquema de manipulação de
resultados de partidas esportivas.
2. RECOMENDAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS
Frente ao exposto, requer-se o encaminhamento do presente

Relatório à Mesa da Câmara dos Deputados, para ciência e providências cabíveis
quanto aos Projetos de Lei apresentados por esta Comissão.
Para além da esfera legislativa, requer-se o envio deste Relatório à

Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que sejam avaliadas as
recomendações de ampliação e fortalecimento dos mecanismos institucionais de
prevenção e repressão de manipulações de competições esportivas, como a
expansão das campanhas educativas de conscientização e combate à manipulação
no âmbito de competições esportiva e de ludopatia, especialmente entre federações,
clubes e atletas; o aprimoramento dos canais de denúncia e a criação de uma
unidade dedicada à integridade nas competições nacionais; a ampliação dos
mecanismos institucionais de monitoramento de violações à integridade das
competições; entre outras medidas que julgar cabíveis. Recomenda-se, ainda, à
CBF, que reforce os instrumentos de cooperação institucional com a FIFA, para que
as punições a atletas e outros condenados pela Justiça Desportiva brasileira tenham
seus efeitos ampliados tempestivamente para o âmbito internacional.
*CD230727930200*
Além disso, requer-se que este Relatório seja enviado ao Poder

Executivo Federal, para que sejam avaliadas a conveniência e a oportunidade de
adesão do Brasil à Convenção de Macolin, que trata da manipulação de
competições esportivas. Entende-se que essa medida é de fundamental importância
para a formulação de uma estratégia integrada às melhores práticas internacionais,
233

REL n.1/2023
fortalecendo, assim, a estrutura regulatória necessária para a prevenção e repressão

de manipulações de competições esportivas.
Sala da Comissão, em de setembro de 2023.
Deputado FELIPE CARRERAS

Relator
*CD230727930200*
234

REL n.1/2023
ANEXO I – PROJETO DE LEI PARA DETERMINAR QUE, NOS CASOS DE

MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS, A JUSTIÇA DESPORTIVA DEVERÁ
GARANTIR QUE AS PENALIDADES APLICADAS SEJAM PROPORCIONAIS E
CONSISTENTES COM O PRINCÍPIO DA IGUALDADE
PROJETO DE LEI Nº , DE 2023

(COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR
ESQUEMAS DE MANIPULAÇÃO DE RESULTADOS EM PARTIDAS DE FUTEBOL
PROFISSIONAL NO BRASIL– CPIFUTE)
Altera a Lei nº 9.615, de 24 de março de

1998, para determinar que, nos casos de
manipulação de resultados, a Justiça Desportiva
deverá garantir que as penalidades aplicadas
sejam proporcionais e consistentes com o
princípio da igualdade.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º O art. 50 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 passa a

vigorar acrescido do seguinte parágrafo:
“Art. 50.....................................................................................
.................................................................................................
§ 6º Em casos de alteração ou falseamento de resultado de
competição esportiva ou evento a ela associado, as penalidades
aplicadas serão proporcionais e consistentes com o princípio do da
igualdade.” (NR)
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

*CD230727930200*
JUSTIFICAÇÃO
O artigo 217 da Constituição Federal, em seu § 1º, determinou que
“O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.
235

REL n.1/2023
O § 2º estipula que a justiça desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, contados da

instauração do processo, para proferir decisão final.
A regulamentação da Justiça Desportiva deu-se pela Lei nº 9.615,

de 24 de março de 1998, que institui as normas gerais do desporto, popularmente
conhecida como Lei Pelé33. Os artigos 49 a 55 da referida lei disciplinam os
fundamentos da Justiça Desportiva no Brasil, com destaque para o Superior Tribunal
de Justiça Desportiva (STJD), órgão máximo em cada modalidade esportiva para
julgar litígios sobre a organização e o funcionamento do referido esporte.
O STJD é essencial para garantir a integridade das competições de

futebol, julgando casos que envolvem infrações disciplinares, doping, manipulação
de resultados e outras questões relacionadas à ética e ao fair play no esporte. Sua
atuação contribui para a promoção de um ambiente esportivo mais justo e
transparente, assegurando que as regras e normas sejam aplicadas de forma
imparcial, em conformidade com a legislação vigente, e fortalecendo a credibilidade
do futebol brasileiro.
As penalidades aplicadas aos atletas envolvidos em denúncias de

manipulação de resultados, entretanto, causaram preocupação, no decorrer do
trâmite da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar esquemas de
manipulação de resultados em partidas de futebol profissional do Brasil, quanto à
integridade esportiva, já que as punições iniciais impostas pelo STJD para essas
ocorrências, muito similares entre si, foram extremamente discrepantes.
Por essas razões, apresentamos este Projeto de Lei que pretende

determinar que nos casos de manipulação de resultados, a Justiça Desportiva
deverá garantir que as penalidades aplicadas sejam proporcionais e consistentes
com o princípio da igualdade. Contamos com a aprovação dos nobres colegas para
viabilizá-lo.
*CD230727930200*
CPI - FUTE
33 A Nova Lei Geral do Esporte – Lei 14.597, de 14 de junho de 2023 – reestruturou toda a organização e o funcionamento da
Justiça Desportiva. Ademais, revogou a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 (Lei Pelé). No entanto, o Poder Executivo vetou
397 itens, entre eles, todos os novos dispositivos referentes à Justiça Desportiva, além do veto da própria revogação da Lei
Pelé. Como os vetos ainda não foram analisados pelo Poder Legislativo, atualmente a Justiça Desportiva permanece
regulamentada pelos artigos 49 a 55 da Lei Pelé.
236

REL n.1/2023
ANEXO II – PROJETO DE LEI PARA TIPIFICAR A CONDUTA DO GESTOR,

DIRIGENTE OU TREINADOR QUE DEIXAR DE COMUNICAR À AUTORIDADE
COMPETENTE A PRÁTICA DE CRIME CONTRA A INCERTEZA DO RESULTADO
ESPORTIVO DE QUE TEVE CONHECIMENTO NO EXERCÍCIO DE SUAS
FUNÇÕES OU EM DECORRÊNCIA DELAS

Tipifica a conduta do gestor, dirigente ou

treinador que deixar de comunicar à autoridade
competente a prática de crime contra a incerteza
do resultado esportivo de que teve conhecimento
no exercício de suas funções ou em decorrência
delas.
Art. 1º Esta lei altera a Lei n. 14.597, de 14 de junho de 2023 (Lei

Geral do Esporte), para tipificar a conduta do gestor, dirigente ou treinador que
deixar de comunicar à autoridade competente a prática de crime contra a incerteza
do resultado esportivo de que teve conhecimento no exercício de suas funções ou
em decorrência delas.
Art. 2º A Lei n. 14.597, de 14 de junho de 2023, passa a vigorar

acrescida do seguinte artigo:
“Art. 200-A. Deixar, o gestor, o dirigente ou o treinador, de comunicar

*CD230727930200*
à autoridade competente a prática de crime previsto nesta seção de

que teve conhecimento no exercício de suas funções ou em
decorrência delas:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.”
237

REL n.1/2023
JUSTIFICAÇÃO
O esporte representa mais do que uma atividade física, sendo um

meio de expressão cultural, educação, desenvolvimento social e, em sua forma
competitiva, um negócio que movimenta bilhões.
A integridade esportiva é vital para a sobrevivência e o florescimento

dessa indústria, uma vez que a credibilidade dos eventos esportivos é fundamental
para atração de público, patrocinadores e investimentos. Uma das maiores ameaças
à integridade esportiva é a manipulação de resultados.
No atual cenário jurídico, há leis que tipificam o ato de manipular

resultados esportivos, mas não há uma obrigação legal específica que imponha aos
gestores, dirigentes ou treinadores o dever de comunicar às autoridades
competentes a prática de tais crimes, quando deles tomarem conhecimento.
Esta lacuna legal cria um ambiente propício para a impunidade e

perpetuação dessas práticas, uma vez que muitas vezes os atores internos ao
esporte são os primeiros a ter conhecimento dessas irregularidades. Ao não se
verem legalmente obrigados a denunciar, podem optar pelo silêncio, seja por medo
de represálias, por conivência ou outros motivos.
O objetivo do presente projeto, portanto, é sanar essa lacuna. Com

isso, busca-se: a) fortalecer a integridade esportiva, garantindo que crimes contra a
incerteza dos resultados esportivos sejam prontamente investigados e punidos; b)
atribuir responsabilidade aos atores internos do esporte, que muitas vezes estão
mais próximos dos fatos e são os primeiros a terem conhecimento de
irregularidades; e c) encorajar uma cultura de compliance e ética no ambiente
esportivo, desincentivando a omissão e a conivência com práticas ilícitas.
Afinal, o sucesso do esporte como um todo depende da garantia de

*CD230727930200*
que ele seja jogado de forma justa e íntegra. A aprovação deste projeto de lei
representará um passo significativo nessa direção.
238

REL n.1/2023
CPI - FUTE
*CD230727930200*
239

REL n.1/2023
ANEXO III – PROJETO DE LEI PARA TIPIFICAR A CONDUTA DE REALIZAR,

INTERMEDIAR OU CONTRIBUIR PARA A REALIZAÇÃO DE APOSTA DE
QUOTA FIXA EM INSTITUIÇÃO À QUAL NÃO TENHA SIDO CONCEDIDA
OUTORGA PELO ÓRGÃO COMPETENTE

Tipifica as condutas de explorar loteria de

apostas de quota fixa sem prévia outorga do
órgão competente e de realizar, intermediar ou
contribuir para a realização de aposta de quota
fixa em instituição à qual não tenha sido
concedida outorga pelo órgão competente.
Art. 1º Esta lei altera a Lei n. 13.756, de 12 de dezembro de 2018,

para tipificar as condutas de explorar loteria de apostas de quota fixa sem prévia
outorga do órgão competente e de realizar, intermediar ou contribuir para a
realização de aposta de quota fixa em instituição à qual não tenha sido concedida
outorga pelo órgão competente.
Art. 2º A Lei n. 13.756, de 12 de dezembro de 2018, passa a vigorar

acrescida do seguinte artigo:
“Art. 35-G. Constitui crime, punível com reclusão, de 1 (um) a 4

(quatro) anos, e multa:
*CD230727930200*
I - explorar loteria de apostas de quota fixa sem prévia outorga do

órgão competente;
II - realizar, intermediar ou contribuir para a realização de aposta de
quota fixa em instituição à qual não tenha sido concedida outorga
pelo órgão competente.”

240

REL n.1/2023
JUSTIFICAÇÃO
O ambiente das apostas de quota fixa cresce a cada ano no Brasil e

em diversas outras partes do mundo. Este cenário é recheado de oportunidades
econômicas e sociais, mas também é campo fértil para operações ilegais e práticas
que podem colocar os cidadãos em situações de vulnerabilidade.
O controle do Estado sobre essas atividades é fundamental para

assegurar a lisura dos jogos, a segurança dos apostadores e a correta arrecadação
de impostos.
De nada adianta, porém, regulamentar a atividade se as pessoas

puderem continuar apostando livremente em instituições que não seguem as regras
impostas em nosso país.
O objetivo do presente projeto, portanto, é criminalizar tanto a

conduta de quem explora a loteria de apostas de quota fixa sem prévia outorga
quanto de quem realiza, intermedia ou contribui para a realização de aposta de
quota fixa em instituição à qual não tenha sido concedida outorga pelo órgão
competente.
Com isso, busca-se garantir um ambiente de apostas mais seguro,

transparente e justo para todos.
CPI - FUTE
*CD230727930200*
241

REL n.1/2023
ANEXO IV – PROJETO DE LEI PARA VEDAR A REALIZAÇÃO DE APOSTAS

SOBRE AÇÕES OU CONDUTAS INDIVIDUAIS EM PARTIDAS ESPORTIVAS E
SOBRE A REPETIÇÃO DE INDÉBITO RELATIVA A VALORES DE PRÊMIO A
APOSTADOR QUE PARTICIPAR DE ESQUEMA DE MANIPULAÇÃO DE
RESULTADOS DE PARTIDAS ESPORTIVAS

Acrescenta os §§3º-A e 7º ao art. 29 da Lei

nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018, para
dispor sobre a vedação e a restrição que
especifica à realização de apostas de loteria de
aposta de quota fixa e sobre o direito do agente
operador de loteria de apostas de quota fixa à
repetição de indébito por valor igual ao dobro do
que tiver pago, a título de prêmio, a apostador que
comprovadamente tiver participado de conluio
intencional, ato ou omissão que tenha por objeto a
alteração indevida de evento, resultado ou curso
de partida esportiva, atentando contra sua
imprevisibilidade.
Art. 1º O art. 29 da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018,

passa a vigorar acrescido do seguinte §3º-A:
“Art. 29. ...............................................................................................

*CD230727930200*
............................................................................................................
§ 3º-A. A regulamentação de que trata este artigo:
I – disporá sobre a vedação à realização de apostas em ações ou

condutas individuais em jogo; e
242

REL n.1/2023
II - estabelecerá que somente poderão ser aceitas as apostas em

loteria de quota fixa que tiverem por objeto o número de gols
marcados por cada equipe ou o resultados final de cada partida.
§ 7º Sem prejuízo das sanções estabelecidas em lei ou na

regulamentação do Ministério da Fazenda, o agente operador de
loteria de aposta de quota fixa tem direito à repetição de indébito por
valor igual ao dobro do que tiver pago, a título de prêmio, a
apostador que comprovadamente tiver participado de conluio
intencional, ato ou omissão que tenha por objeto a alteração
indevida de evento, resultado ou curso de partida esportiva,
atentando contra sua imprevisibilidade.” (NR)
JUSTIFICAÇÃO
A presente proposição tem por objetivo contribuir para a preservação

da integridade do esporte no Brasil à vista do que restou apurado pela Comissão
Parlamentar de Inquérito Destinada a Investigar Esquemas de Manipulação de
Resultados em Partidas de Futebol Profissional no Brasil – CPIFUTE.
Conforme se pode verificar ao longo dos trabalhos da citada

Comissão Parlamentar de Inquérito, ocorreram, nos últimos anos, diversos casos de
suspeitas de manipulação de ações e resultados em jogos de futebol, que recaíram
sobretudo sobre ações ou condutas individuais de jogadores, como cartões
vermelhos e amarelos, escanteios e faltas. É preciso agir para que essas
manipulações não mais ocorram.
*CD230727930200*
Considerando que o recebimento indevido de prêmios de apostas é

a razão que impulsionou os fraudadores, entendemos que não bastam apenas
multas administrativas e sanções esportivas aos atletas. É preciso punir, e
financeiramente, os apostadores envolvidos nessa cadeia de eventos.
Por isso, estamos propondo, de um lado, que, na regulamentação da

loteria de apostas de quota fixa a ser editada pelo Ministério da Fazenda, em
243

REL n.1/2023
cumprimento ao disposto no art. 29 da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018,

seja expressamente proibida a realização de apostas em ações ou condutas
individuais e, também, que se estabeleça que somente poderão ser aceitas as
apostas que tiverem por objeto o número de gols marcados por cada equipe ou os
resultados finais das partidas.
Não obstante, estamos propondo também a inclusão de dispositivo

na Lei nº 13.759, de 2018, para estabelecer que, sem prejuízo das sanções
estabelecidas em lei ou na regulamentação do Ministério da Fazenda, o agente
operador de loteria de aposta de quota fixa tenha direito à repetição de indébito por
valor igual ao dobro do que tiver pago a título de prêmio em favor de apostador que
comprovadamente tiver participado de conluio intencional, ato ou omissão que tenha
por objeto a alteração indevida de evento, resultado ou curso de partida esportiva,
atentando contra sua imprevisibilidade.
Entendemos que tais restrições tendem a mitigar de forma

substancial os casos de manipulação, na medida em que os casos de manipulação
tiveram por objetivo proporcionar ganhos ilícitos em casas de apostas esportivas a
situação os estímulos para os comportamentos antidesportivos por parte de atletas e
árbitros.
Tendo em vista a relevância da matéria, contamos com o apoio dos

ilustre Pares para a aprovação da presente proposição.
CPI - FUTE
*CD230727930200*
244


Relatório Do Do Deputado Felipe Carreras (CPI-FUTE)

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Apresentação: 19/09/2023 21:39:27.

Presidente: Deputado JULIO ARCOVERDE (PP/PI)

Relator: Deputado FELIPE CARRERAS (PSB/PE)

Brasília, setembro de 2023

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PARTE I – TRABALHOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.................4

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PARTE III – CONCLUSÕES.........................................................................227

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PARTE I – TRABALHOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

A presente Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada por ato da

O Requerimento para a criação desta CPI (RCP nº 2/2023), de

REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DE CPI Nº 2, DE 2023

Constituição Federal e dos arts. 35,

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A Constituição Federal de 1988 incluiu a Comissão

resultados no Brasil. Apenas para exemplificar, em São Paulo a

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já está sendo atingido por esta chaga. Em junho de 2022 o

protesto e resistência em diferentes momentos da história do

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serviço público exclusivo da União. Essa modalidade ainda

Esta CPI, portanto, foi criada para investigar esquemas de

2. CONSTITUIÇÃO E COMPOSIÇÃO DA CPI

A constituição desta CPI se deu em 26 de abril de 2023, por

A composição deste colegiado é a seguinte:

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ACÁCIO FAVACHO (MDB/AP)

WELLINGTON ROBERTO (PL/PB)

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CORONEL ULYSSES (UNIÃO/AC)

No início dos trabalhos desta Comissão, foi apresentado o seguinte

prioridades das atividades da CPI:

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Trata-se de Comissão Parlamentar de Inquérito

Em cumprimento a tal ato, foi então realizada no dia

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Após as necessárias discussões e debates com as

Ministério Público e a outras autoridades competentes, para

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termos do ato de criação desta comissão, que não estabeleceu

segmentos de atividades econômicas que tenham ou possam

III – METODOLOGIA DE TRABALHO

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intertemporal e holística do fato determinado que justificou sua

À luz de todos esses argumentos, propomos que,

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do desporto e até mesmo por prática esportiva para

integridade do esporte com vistas à análise de

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reprima ou estabeleça incentivos negativos à

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República, o termo final do prazo estipulado para os trabalhos

b) Peritos da Polícia Federal;

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Pelo exposto, proponho que seja aprovado o Plano

Sala das Sessões, em de de 2023.

Deputado FELIPE CARRERAS

Este Roteiro de Trabalho foi apresentado e validado em reunião

4. PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA CPI

A CPI adotou os seguintes procedimentos para disciplinar o seu

1. As reuniões serão convocadas preferencialmente

fundamentados e limitar-se ao objeto de investigação da CPI.