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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Curso de Produção Audiovisual – 2021/2


Disciplina: Imagens: Aspectos legais
Professor: Lucas Vinícius Correia
Acadêmica: Maeli Furtado do Nascimento

A ética de uma voz falsa de Anthony Bourdain

O texto aborda dois temas importantes: ética e inteligência artificial. Ambos se


conectam no cinema, e é notável em Roadrunner em que Anthony Bourdain um
chef, escritor, e apresentador de televisão é retratado por meio das vozes artificiais.
O documentário tem como objetivo fazer com que Bourdain narrasse o texto que
havia escrito através de recursos de vídeos e arquivos de áudios elaborado por
uma Inteligência Artificial. Entretanto, o uso da voz artificial não foi bem vista pelo
público, porque o público não achou algo genuíno, gerando comentários negativos
sobre a possível falta de ética do projeto em que foi dirigido por Morgan Neville.

Ao abordar uma opinião sobre o assunto, o ex - cineasta e diretor Sam Gregory diz:
“São algumas linhas em um gênero em que às vezes você constrói coisas, onde
não existem normas fixas sobre o que é aceitável”. Isso faz com que haja um
questionamento sobre a maneira ética da mídia sintética, porque com os avanços
tecnológicos podemos simplesmente utilizar a voz de um determinado indivíduo
capturada em um vídeo e alterar as falas daquela pessoa. Contudo, antes de tomar
a iniciativa sobre a inteligência artificial, Neville procurou os parentes mais próximos
de Bourdain com o intuito de deixá-los confortáveis sobre a iniciativa. Não obteve
qualquer oposição, entretanto, após os comentários negativos gerados, a ex-esposa
de Bourdain comentou que não saberia se seu ex- marido estaria bem com isso.

Acredito que com os avanços tecnológicos e a inteligência artificial, largamente


utilizados no cinema e vista pelos telespectadores de forma sutil, faz com que as
pessoas se limitem entre a ética diante de alguns cenários, como o caso em
questão. Essa questão foi abordada no texto onde o autor deixa claro a
aproximação cada vez maior da inteligência artificial no audiovisual. Em “Os
Simpsons”, por exemplo, em que a personagem Sra. Krabappel, dublada pela
falecida atriz Marcia Wallace, foi “ressuscitada” por fonemas unidos a partir de
gravações anteriores. Este acontecimento não foi visto pelo público como “antiético",
porque se tratava de um personagem fictício.

O fato é que a inteligência artificial somada ao avanço tecnológico, já está presente


antes mesmo de lançarem Roadrunner. No entanto, mesmo com tecnologias como
renderizadores de rosto e clones de voz, por exemplo, devemos estar aptos para
saber diferenciar onde termina a tecnologia e começa a ética, ou seja, utilizarmos ao
nosso favor, mas de forma correta. A questão de utilizarem a voz de Bourdain foi um
tanto precipitada, porque não é mais Bourdain que controla a sua própria voz, então
não fica claro quais são os direitos de manipulação da voz apropriada. Dessa forma,
é necessário, antes de tudo, definir regras ou leis que estejam de acordo com o
consentimento do indivíduo ainda em vida. Então,mesmo que Bourdain tenha
falecido, Neville poderia ter abordado sua história sem que tivesse fragmentos de
uma “voz falsa” e sem ter ferido a ética, mesmo que suas intenções fossem boas.

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