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Lógica

Introdução

 A lógica é um campo de estudo que pertence a filosofia, porém, não somente


quem estuda filosofia tem contato com a ideia da lógica
 A noção geral de lógica está ligada a uma ideia de razoabilidade e uma
compreensão geral que existe.
 Ex: P: Qual a importância da ciência jurídica? R: Nenhuma, pois o verão é
mais quente que o inverno.
o Quando analisadas separadamente, a pergunta e a resposta fazem
sentido.
o O problema surge quando se tenta estabelecer entre elas uma relação
de pergunta e resposta, não existindo uma lógica ou sentido na
interação entre elas.
o Isso ocorre em diversas situações da vida, onde não se entende
porque algo está relacionado com outra coisa.
o A consciência de que o exemplo acima é ilógico demonstra
conhecimento lógico, consciente ou intuitivo.
 A lógica é muitas vezes utilizada no contexto de uma situação fazer sentido,
de razoabilidade e conseguir compreender como se chega a uma situação a
partir de outra. Esse uso da lógica é completamente aceitável
 A lógica está preocupada com a correção do raciocínio, ou seja, se o
processo de construção do pensamento está correto ou não.
 Mais do que compreender se o conteúdo que se está afirmando é correto, a
lógica está preocupada com a forma do pensar, se o raciocínio está
estruturado de forma correta, se existe um ponto de partida e um ponto de
chegada.
 A lógica nada mais é que um campo da filosofia que tem como objeto a
necessidade de compreensão do mundo, uma vez que quando se
compreende não só as partes, mas sua relação, tendo em vista uma visão do
todo, se tem uma melhor compreensão do mundo
o Slide: A lógica nasce da necessidade inata do ser humano de tentar
compreender a realidade e, na medida do possível, controlá-la.
 A lógica tem o objetivo de proporcionar a compreensão de mundo, por meio
da compreensão das relações de causalidade (o que causa determinados
fenômenos e a consequência de determinados atos), permitindo uma ideia de
previsibilidade de consequências certas ou possíveis de determinado ato, ou,
quando lidar com determinado ato ou fato, ser possível estabelecer o que
levou àquilo, quais são as causas daquele efeito.
o Slide: Uma das formas de compreender o funcionamento do mundo é
entender a relação entre fenômenos, mais especificamente a relação
causal.
o Slide: Compreender causa e efeito permite antecipar as consequências
de determinados atos ou fatos, assim como determinar a causa de
fenômenos ocorridos, por exemplo.
 Do objeto essencial da lógica
o Slide: A lógica é a ciência do dever das ações intelectuais. O objeto da
lógica é, pois, indicar como deve o intelecto agir. Dito de outra forma, é
o estudo da correção do raciocínio.
o Slide: “O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usado
para distinguir o raciocínio correto do incorreto.”
 Como as pessoas já têm certo domínio das estruturas lógicas e fazer a
analise de causa e consequência, a lógica vai vir para ajudar no sentido de
fazer o discernimento do correto e do incorreto por uma via metodológica,
criteriosa e científica, ela vai permitir que a pessoa treine essas habilidades e
deixe de compreender umas categorias de forma meramente intuitiva e passe
a compreend-la por um critério científico e técnico, capaz de explicita-la e
justifica-la. Isso irá tornar o raciocínio, forma de raciocinar e argumentar mais
eficiente.
 O estudo da lógica tem como objetivo principal para a pessoa tornar a
capacidade de raciocínio mais eficaz, ainda que se dominem essas técnicas
de forma intuitiva. Permite que se desenvolva uma melhor capacidade de lidar
com a construção e crítica de raciocínios alheios, seja por meio de um
discurso falado ou um texto.
o Slide: Um fato importante sobre o assunto é: apesar de perfeitamente
possível que se construa raciocínios corretos sem o estudo formal da
lógica, seu domínio permite potencializar as capacidades do sujeito,
aumentando as probabilidades de construir raciocínios corretos,
mesmo sob pressão, pelas razões que seguem:
 1) O estudo da lógica exige constante prática;
 2) Parte da lógica consiste na análise de argumentos,
permitindo reconhecer e desconstruir argumentos incorretos e
manipuladores;
 3) Proporciona o estudante métodos e técnicas de fácil
aplicação para julgar raciocínios em geral.
 Quando o professor colocar um texto, o primeiro passo será procurar
determinados elementos (orações e sentenças declarativas). Ou seja, o
primeiro ponto da lógica é identificar as orações e sentenças declarativas, que
são as frases com verbo modalizado (sujeito, verbo e predicado)
 Quando for pedido para identificar a sentença de um texto, se quer que saiba
diferenciar a ideia de oração e frase.
 Oração, uma frase verbal na qual:
o O enunciado tenha sentido completo;
o O enunciado tenha verbo (ou locução verbal)
o Ex: Rogério terminou o TCC.
o Na oração, as palavras estão relacionadas entre si: elas são os termos
ou as unidades sintáticas da oração. Assim, cada termo da oração
desempenha uma função sintática.
 Nem toda frase é oração:
o Ex; Que dia lindo!
 (Esse enunciado é frase, pois tem sentido; mas não é oração,
pois não possui verbo)
o Assim, não possuem estrutura sintática, portanto não são orações,
frases como:
 Ex: Socorro!; Com licença!; Que rapaz ignorante!;
 Dentre essas orações identificadas, deve-se procurar as sentenças
declarativas, ou seja, declaram um estado de coisas.
o Ex: A porta está aberta; Eu tenho dois livros;
o A partir dessa declaração se está estabelecendo um estado de coisas,
afirmando ou negando.
o Essa sentença declarativa servirá para a atribuição de verdadeiro ou
falso sobre a declaração, comparando ao estado de coisa.
o Assim, poderá se retirar as sentenças interrogativas, imperativas, etc.
que não tenham uma declaração
 Conclusão: O elemento trabalhado na lógica é a sentença declarativa, em que
se tem sujeito, verbo e predicado e declara um estado de coisa, podendo ser
atribuído à ela o valor de verdadeiro ou de falso.

Sentenças e proposições

 Sentença
o Forma linguística que expressa uma ideia
o É a oração que se tem o sujeito, verbo modalizado e predicado
o Aqui se está falando das sentenças declarativas
 Proposição
o Significado expresso por meio de uma sentença declarativa
 As formas linguísticas utilizadas por falantes de uma língua a fim de expressa
uma ideia, será dado o nome de sentença. Ao significado expresso por meio
de uma sentença declarativa, será dado o nome de proposição
 Sendo a proposição o núcleo conceitual da sentença declarativa,
independente da linguagem, é preciso estabelecer a diferença entre sentença
e proposição.
 A sentença declarativa é uma construção gramatical, de forma que se forem
mudados os termos a sentença também é modificada.
o Ex de quatro diferentes sentenças:
 1) Hércules matou o Leão da Neméia
 2) O Leão da Neméia foi morto por Hércules
 3) Hércules realizou a tarefa de matar o Leão da Neméia
 4) Hercules killed the Lion of Nemea
 Essas quatro sentenças declarativas trazem a mesma
ideia/sentido, que é chamada de proposição, ou seja, se tem
quatro sentenças e uma proposição.
 Dessa forma, é possível ter diferentes sentenças expressando a mesma ideia
(proposição).
o Ex de duas sentenças iguais:
 1) O professor já está na sala virtual, a aula irá começar.
(8:00am)
 2) O professor já está na sala virtual, a aula irá começar.
(9:25am)
 1) Dirigir a 60 km/h é seguro (condições normais, velocidade
máxima da pista: 60 km/h)
 2) Dirigir a 60 km/h é seguro (descendo a serra, na chuva,
velocidade máxima da pista: 20 km/h)
o Nesse caso, a sentença não foi mudada, mas o valor de falso e
verdadeiro mudou, dependendo do contexto que ela é atribuída.
o Assim, mesmo que existam sentenças iguais, aqui se tem proposições
diferentes, pois o valor de falso foi mudado para verdadeiro.
 A relação entre a sentença e a proposição é de independência, pois é
possível ter diferentes sentenças com o mesmo sentido (proposição), assim
como é possível ter sentenças iguais, que dependendo do contexto, se muda
o sentido (proposição).

Argumentos

 Quando se fala de argumentação, capacidade argumentativa se está falando


de um termo pertencente à lógica, mas que é popularmente usado e já se tem
uma ideia do que esse termo significa.
 Distinção entre raciocínio e argumento
o As vezes se ve esses termos sendo utilizados como sinônimos, porém,
o raciocínio se refere a um processo do pensamento enquanto o
argumento representa esse processo, estruturado em linguagem, ou
seja, é quando dá a estrutura ao raciocínio e o elabora em uma
linguagem, escrevendo ou falando, se está argumentando
(expressando um raciocínio).
o O argumento é um gênero do pensamento no qual se derivam
conclusões a partir de premissas (o processo de inferência)
 A ideia primeira do argumento é que se tem um caminho a
perseguir e se parte de um ou mais princípios para chegar a um
objetivo, é um pensamento que se constrói, e esse ponto de
chegada tem uma história
o Um argumento, então, envolve a capacidade de declarar algo de forma
racionalmente fundamentada.
 Quando se declara algo, pode declarar uma série de questões,
para um lado ou para outro, sendo possível atribuir a isso o
valor de verdadeiro ou falso
 Ex: Eu acho o atual governo bom/Eu acho o atual
governo ruim;
 No exemplo acima não se tem um argumento, mas no máximo
uma opinião, que para se tornar um argumento precisa de uma
fundamentação, saindo de uma declaração para um argumento.
 Atenção: É necessária a parte da “fundamentação”
 Na lógica, para transformar uma declaração em argumento se
justifica/fundamenta a declaração com outras declarações.
 Dito de outra forma, um argumento consiste num conjunto de
proposições (declarações) estruturadas de forma que uma é
justificada por outra(s).
 É o ponto fundamental do estudo da lógica
 Estrutura
o Iremos tratar agora quais são seus elementos, significados e como
valorar os elementos de um argumento
o Dentro do argumento, parte-se de um ponto e chega-se em outro, por
meio de uma série de sentenças declarativas encadeadas numa
relação de causalidade, aonde uma sentença justifica a outra.
o Ex:
 O direito é composto por um conjunto de normas válidas.
 O art. 121 do CP pertence ao Direito
 O art. 121 é uma norma válida
o No exemplo, pode-se dizer que a última declaração deriva/é justificada
pelas duas declarações que a antecedem.
o Dentro de um argumento iremos tratar com dois elementos: premissa e
conclusão.
o Para identificar uma premissa ou uma conclusão é preciso
compreender o contexto daquele argumento.
 A conclusão de um argumento (ponto que se quer declarar, o
principal) é representada pela proposição que é justificada por
outra(s) proposição(ões)
 A premissa de um argumento é aquela proposição que
justificam outras proposições.
 Obs: É possível ter um argumento com uma única premissa, que
será estudado posteriormente.
o Resumo: Quando pedir para identificar os elementos de um
argumento, é necessário separar as sentenças declarativas, verificar
se existe uma relação de justificação e separar a conclusão e as
premissas
 Linguagem corrente
o Na linguagem corrente o argumento não se estrutura como no exemplo
acima, precisando organizar isso como resultado de um ato
interpretativo. É possível que a conclusão venha no início do texto ou
no final, com premissas misturadas.
o A forma padrão, útil para identificação dos termos do argumento, não é
encontrada na língua corrente. Nesta, raramente as premissas e
conclusões aparecerão dispostas em ordem.
o Existem algumas técnicas que servem para identificar os argumentos
 Reconhecendo argumentos: premissas e conclusões
o Em face de um argumento, como podemos dizer qual é a sua
conclusão e quais são as suas premissas?
o Em um texto, nem todas as sentenças serão relevantes, devendo
separar primeiramente as sentenças declarativas.
o Dentro das sentenças declarativas, nem todas fazem parte daquele
argumento, precisando identificar quais as sentenças que justificam
essa conclusão. Verificar o que a sentenças está justificando, ou seja,
de qual sentença ela é premissa.
o Nem todas as sentenças de um texto fazem parte de um argumento,
algumas apenas complementam, dão informação, etc.
o Mesmo que a posição das premissas e conclusões não seja sempre
óbvia, há indicadores que permitem indica-las
 Conclusão: Portanto, logo, daí, assim, consequentemente,
segue-se que, podemos inferir, podemos concluir.
 Como regra geral, qualquer palavra que possa ser
substituída por “portanto” funciona como possível
indicador de conclusão.
 Premissa: porque, pois, uma vez que, já que, dado que, pela
razão de que, visto que, assumindo que, como, pelo fato de que,
supondo que, desde que, tanto mais que.
o Deve-se lembrar:
 Só se tem um argumento quando as sentenças envolvidas
apresentam uma relação de justificação. A mera declaração
sem essa relação não cria um argumento
 “Se... então...” é uma relação (condicional) entre sentenças,
formando uma única proposição (conta-se como uma única
sentença) e não pode constituir argumento.
 Imperativos não são proposições, sendo essas ultimas a ideia
por trás das sentenças declarativas.
 Um argumento é formado por pelo menos duas proposições:
uma premissa e uma conclusão.
 Exercício 1 (três propostas de argumentos):
o 1º passo: Identificar as sentenças declarativas
o 2º passo: Existe uma relação de justificação nessas sentenças?
o Todas as normas jurídicas são válidas. O art. 121 do CP, é uma
norma. Assim, o art. 121 do CP é válido.
 Sentenças declarativas: [Todas as normas jurídicas são válidas.]
[O art. 121 do CP, é uma norma]. [Assim, o art. 121 do CP é
válido.]
 Premissas: [Todas as normas jurídicas são válidas.] [O art. 121
do CP, é uma norma]
 Conclusão: [Assim, o art. 121 do CP é válido.] sentença
justificada pelas outras duas.
o A reserva de quotas é inconstitucional; logo, discorde!
 Sentenças declarativas: [A reserva de quotas é inconstitucional.]
 Imperativo: [logo, discorde!]
 Não existe argumento aqui, uma vez que se tem apenas uma
sentença declarativa e uma imperativa, sendo necessário, para
formar um argumento, pelo menos duas sentenças declarativas.
o A retórica é uma arte de convencimento. Górgias foi um dos mestres
da retórica. A retórica é uma disciplina reconhecida hoje.
 Sentenças declarativas: [A retórica é uma arte de
convencimento] [Górgias foi um dos mestres da retórica] [A
retórica é uma disciplina reconhecida hoje]
 Não existe uma justificação entre as proposições, apenas
afirmações sobre uma disciplina de pensamento, de forma que
não forma um argumento.
 Recapitulação
o Um argumento lógico deve ter uma ou mais premissas seguidas por
uma conclusão. Veja o exemplo de um argumento lógico
 Rogério: Estou entediado
 Joana: Sim, já percebi.
 Rogério: E você está entediada na pandemia
 Joana: Verdade
 Rogério: As pessoas entediadas assistem Netflix
 Joana: Sim, concordo
 Rogério: Então devemos assistir Netflix.
o A partir desse diálogo é possível tirar um argumento, retirando dele
premissas e conclusão
o Análise:
 Premissa 1: Estou entediado.
 Premissa 2: Você está entediada.
 Premissa 3: Pessoas entediadas assistem TV
 Conclusão: Devemos assistir TV
o Quando se monta um argumento, sabe-se que tem pelo menos uma
premissa e uma conclusão e para cada elemento desses é possível
atribuir um valor lógico de verdadeiro ou falso.
o Quando for pedido para atribuir o valor lógico dos elementos dos
argumentos, é preciso isolar as sentenças e atribuir o valor lógico de
verdadeiro ou falso.
 Prova:
o 1) Argumento: ao menos duas sentenças declarativas em relação de
justificação
o 2) Classificação de elementos do argumento: Premissa/conclusão
o 3) Valoração de elementos do argumento: V/F
o Obs: Nem todo argumento é silogismo, apenas aquelas que partem de
uma premissa maior para uma menor.

Valor lógico

 O que é a verdade na lógica?


o O conceito de verdade na construção de argumentos é uma questão
de adequação entre a declaração e o estado de coisas.
o Se por algum meio existir um critério de verificação que permita dizer
que a declaração está de acordo com o estado de coisa, é possível
atribuir a essa declaração o valor de verdadeiro.
 Na lógica, a informação fornecida por uma proposição, e portanto, a própria
proposição, pode ser verdadeira ou falsa (tanto premissas quanto conclusão).
Isso é chamado de valores lógicos da proposição.
 Verdade: propriedade das proposições. A proposição pode ser classificada
como verdadeira ou falsa de acordo com sua identidade com o estado de
coisa na realidade.
 Quando se fala em valor verdadeira ou falso, não se está falando do valor do
argumento como um todo, mas sim em relação a cada proposição separada.
o A verdade não é um predicado do argumento, mas meramente da
proposição.
 Os critérios de verificação do valor são muitos, por exemplo, pré-
conhecimento, pesquisa, etc.
 Em resumo, o valor de verdadeiro ou falso é uma adequação entre a
realidade e a adequação.
 Em alguns casos é fácil identificar o valor lógico de uma proposição, mas em
outro há uma dificuldade na atribuição.
o Em alguns casos, é necessário ter dados para atribuir valor a uma
declaração, se não souber o contexto no qual foi realizada a
declaração, não será possível atribuir o valor.
 Ex: O carro é branco; A sobremesa é saborosa;
 Quando por exemplo, existe a imagem do carro (Jeep verde) e a
imagem da sobremesa (sorvete de chocolate), já é possível
definir o valor de falso para a declaração quanto ao carro.
Porém, para o sorvete, é possível que, por gosto pessoal, a
declaração varie entre verdadeiro ou falso.
 Assim, nem sempre ter acesso aos dados permite que se
atribua o valor de maneira fácil, uma vez que o juízo de
realidade não é sempre construído sempre da mesma forma,
existindo juízos de fato, no qual como observador se quantifica e
descreve o que é estudado (Ex do carro), e juízos de valor, que
é o resultado de um posicionamento diante da realidade, de
modo que nem todas as pessoas detêm o mesmo
posicionamento (Ex do sorvete)

Argumentos dedutivos

 Já se sabe que um argumento é composto por sentenças declarativas em


uma relação de justificação (premissa e conclusão), porém, nem todo
argumento funciona da mesma forma, existindo diversos tipos de argumentos.
 Um argumento dedutivo é um argumento de certeza, ou seja, se atribui um
determinado valor com absoluta precisão, tendo certeza do resultado.
 O argumento dedutivo é um argumento cujas premissas permitem uma única
conclusão (das premissas se retira uma única conclusão).
 Para julgar/avaliar os argumentos dedutivos (se as premissas levam à
conclusão) os termos técnicos “válido” e “inválido” são usados no lugar de
“correto” e “incorreto”
o Para saber se o argumento é valido, é preciso analisar se a partir das
premissas se chega à conclusão. Se as premissas levarem à uma
única conclusão, se tem um argumento dedutivo válido.
 A validade é atribuída ao argumento como um todo (conjunto de premissas
mais a conclusão), enquanto a verdade é um valor lógico atribuído
individualmente às sentenças.
 Quanto à validade, caso as premissas sejam verdadeiras (não
necessariamente se sabe se são verdadeiras), mas se elas forem
verdadeiras, então a conclusão também vai ser, pois a conclusão deriva
dessas premissas.
o Não é preciso ter certeza da verdade das premissas para avaliar a
validade.
o Isso acontece, pois validade é um conceito formal, enquanto a verdade
é uma questão de conteúdo individual dos elementos do argumento.
Dessa forma, é possível ter um argumento válido, no sentido de uma
serie de premissas que levam a uma única conclusão, corretamente
construídos, sem saber se as premissas são verdadeiras ou falsas.
 “Validade: Propriedade dos argumentos dedutivos. O critério da validade
dedutiva afirma que, SE as premissas de um argumento são verdadeiras, a
sua conclusão também deve ser verdadeira.”
 “Não é possível, num argumento dedutivo, afirmar premissas e negar a
conclusão”
 “A validade diz respeito a uma correção na forma de raciocinar, de
argumentar. Não indica uma relação de verdade. É possível que um
argumento contenha premissas falsas, mas que seja válido.”
 “A validade de um argumento está relacionada a sua estrutura. Quando há
falha nessa estrutura, o argumento é inválido, ainda que todas as suas
proposições sejam verdadeiras”
o Ex1:
 Só há pedágio na terceira ponte em um sentido (verdadeiro)
 A internet banda larga é essencial para videoconferências
(verdadeiro)
 Chocolate pode levar ao aumento de peso (verdadeiro)
 O argumento não é valido, pois não existe relação de
justificação nesse caso.
o Ex2:
 Tudo aquilo que é barato possui qualidade (falso)
 Uma Ferrari é um automóvel barato (falso)
 Uma Ferrari possui qualidade (verdadeiro)
 Essas declarações formam um argumento dedutivo válido, pois
as duas primeiras declarações justificam a terceira.
 Se as premissas forem verdadeiras, então pode-se assumir que
a conclusão também é.
 Obs: É importante lembrar que existe uma separação entre o
conceito de verdade e validade. Validade é uma atribuição
formal para o argumento dedutivo, ou seja, que ele é um
argumento de certeza, que leva a uma única conclusão e não
permite que se chegue a conclusões diversas.
 Uma forma de identificar os argumentos dedutivos/de certeza, independente
de seus elementos serem verdadeiros ou falsos, é pelos seus termos
absolutos “tudo, nunca, sempre, impossível, etc...”
 Existem situações que, além do argumento estar corretamente construído, é
possível saber que as premissas são verdadeiras e a conclusão também
verdadeira. Nesses casos, se está diante de um argumento chamado de
sólido ou coerente.
 Um argumento sólido ou coerente é um argumento válido construído com
premissas verdadeiras, fazendo com que a conclusão seja, também,
verdadeira.
o O argumento sólido é aquele, além de fazer uma análise da estrutura
do argumento, se faz uma análise do valor lógico dos elementos. É um
argumento dedutivo corretamente construído, as premissas levam à
conclusão e as premissas são verdadeiras e por consequência a
conclusão também é verdadeira.
 A diferença entre argumento válido e sólido está na certeza do conteúdo das
proposições. No argumento válido, a conclusão será verdadeira SE as
premissas forem verdadeiras. No argumento sólido ou coerente, sabe-se que
as premissas são, de fato, verdadeiras.

Argumento indutivos

 Na vida e na pratica jurídica, nem sempre se trabalha com a categoria da


certeza, mas muitas vezes com a da possibilidade, ou seja, será possível ou
provável que algo vai acontecer, existindo uma chance, mas não existe como
dar a certeza, então, a partir de uma série de premissas existe a possibilidade
de uma conclusão, sendo possível medir essa probabilidade em algumas
ocasiões, porém, ela não se torna certeza, já que esta é uma coisa que
necessariamente vai acontecer, enquanto a probabilidade é algo que talvez
aconteça.
 Assim, como nem sempre que se está argumentando se tem certeza, nem
sempre se poderá construir argumentos dedutivos.
 “Os argumentos são tradicionalmente divididos em dois tipos: indutivos e
dedutivos”
 O processo de indução no sentido de construção de conhecimento é um
processo que se extrapola uma série de experiências individuais para uma
regra provável geral.
o Ex: Vai num restaurante que serve comida ruim, a cada vez que isso
se repete, a chance aumenta de que a pessoa não deu azar com a
comida, mas sim que o local é ruim.
 “Os raciocínios indutivos envolvem a pretensão, não de que suas premissas
proporcionem provas convincentes da verdade de sua conclusão, mas de que
somente forneçam algumas provas disso.”
 O argumento indutivo é o argumento de probabilidade/incerteza/possibilidade,
em que não se tem certeza, mas se quer construir um argumento assim
mesmo.
 O argumento indutivo permite à possibilidade das mesmas premissas levarem
à diferentes conclusões, o que permite a identificação da natureza desse
argumento.
 “Os argumentos indutivos não são válidos nem inválidos (esses termos se
aplicam aos argumentos dedutivos). Podem, entretanto, ser considerados
como melhores ou piores, segundo o grau de probabilidade ou
verossimilhança.”
 “Nem todos os argumentos pretendem ser dedutivos”
 “Numerosos argumentos não desejam demonstrar a verdade de suas
conclusões como decorrentes, necessariamente, de suas respectivas
premissas, limitando-se a estabelecê-las como prováveis, ou provavelmente
verdadeiras”
 “Esses argumentos recebem o nome de indutivos e são radialmente
diferentes da variedade dedutiva”
 Critério de força
o O critério usado para valorar um argumento indutivo é um critério de
força
o “Um segundo momento no estudo de argumentos diz respeito à sua
avaliação. Tal avaliação dependerá dos critérios que serão adotados.
Abaixo seguem dois critérios distintos”
 Critério de validade dedutiva (CVD)
 Critério de força indutiva (CFI)
o “Um raciocínio indutivo envolve probabilidade, força de argumento.
Não se afirma o certo, mas o verossímil.”
 Ex:
 Grande parte dos alunos de lógica e argumentação
jurídica são aprovados na disciplina
 Alexandre fez exame final de lógica
 Alexandre foi aprovado. (argumento forte)
 Alexandre não foi aprovado. (argumento fraco)
 Se o argumento foi construído com a conclusão mais provável,
se tem um argumento forte; se o argumento for construído com
a conclusão mais fraca, se tem um argumento fraco.
o Um argumento indutivo é corretamente construído no sentido que se
tem premissas que justificam a conclusão e pode ser um argumento
forte ou fraco.
o O critério de força não é aplicado em todas as situações, uma vez que
nem sempre é possível estabelecer uma diferença de probabilidade,
principalmente em casos 50/50. É difícil trabalhar com esse critério
nesse caso, pois ele tende para ambas as conclusões.
o O argumento indutivo é um argumento que leva possivelmente à mais
de uma conclusão
 Os argumentos indutivos são mais facilmente identificados pelos seus termos
relativos, vez que ele não trabalha com absolutos/certezas.
o Ex de termos relativos: Grande parte, possivelmente, provavelmente,
dificilmente, quase impossível, quase certo, etc.
 A analogia e a inferência provável.
o Na lógica, uma analogia, nada mais é que o resultado de um raciocínio
análogo, sendo utilizado dentro de um argumento análogo.
o Talvez o mais corrente usado dos argumentos não dedutivos seja o
argumento por analogia
 Ex: A primeira revolução industrial significou a desvalorização do
braço humano pela concorrência da maquinaria. Não há
nenhum salário com que um trabalhador de pá e picareta possa
viver nos EUA, e que seja suficientemente baixo para concorrer
com o trabalho de uma escavadora mecânica. Do mesmo modo,
a moderna revolução industrial, dos computadores, está
destinada a desvalorizar o cérebro humano.
 Por um processo de analogia, identifica-se o mesmo
contesto e se supõe que os resultados podem ser
semelhantes.
o A analogia constitui o fundamento da maior parte dos nossos
raciocínios comuns, na qual, a partir de experiências passadas,
procuramos discernir o que nos reservará o futuro.
 Ex: Infiro que um par de sapatos me servirá bem, na base que
outros pares de sapatos, comprados na mesma loja, serviram
bem
 Ex: A conduta da criança que uma vez se queimou e passa a
fugir do fogo baseia-se em algo muito semelhante,
presumivelmente, a uma inferência analógica (não em um
argumento explicitamente formulado, claro)
o Nenhum desses argumentos é certo ou demonstrativamente válido.
Nenhuma conclusão decorre, com necessidade lógica de suas
premissas. É logicamente possível que o que aconteceu aos
trabalhadores manuais não ocorra aos trabalhadores intelectuais; que
a terra seja o único planeta habitado, que os sapatos não me sirvam ou
mesmo que nem todo fogo queime.
o Nenhum argumento por analogia pretende ser matematicamente certo.
Os argumentos analógicos, como argumentos indutivos, não podem
ser classificados como válidos ou inválidos, mas sim como fortes ou
fracos.
o Tudo o que se pretende dos argumentos indutivos é que tenham
alguma relação de probabilidade.
o Traçar uma analogia entre duas ou mais entidades é indicar um ou
mais aspectos em que elas são semelhantes. Um argumento analógico
é identificado analisando sua estrutura, sendo aquele que estabelece
os pontos anteriores, para tentar concluir algo
o Nem toda analogia é utilizada argumentativamente. Os usos literários,
na metáfora e na símile, não de grande ajuda pra um escrito, assim
como na explicação. O uso de analogias na descrição e na explicação
não é idêntico ao seu uso na argumentação
o Todos os argumentos analógicos têm a mesma estrutura ou padrão
geral.
o Toda inferência analógica parte da semelhança entre duas ou mais
coisas em um ou mais aspectos para concluir a semelhança dessas
coisas em algum outro aspecto.
o Esquematicamente, se “a, b,c e d” forem quaisquer entidades, e “P, Q
e R” forem quaisquer propriedades ou aspectos, um argumento lógico
será representado da seguinte forma:
 Ex:
 “a, b, c e d” têm todos propriedades “P e Q”
 “a, b, c” têm todos a propriedade “R”
 Portanto, “d” tem a propriedade “R”
o Os argumentos analógicos podem ser avaliados com base na maior ou
menor probabilidade de suas conclusões.
 1) Números de entidades (objetos) entre as quais se afirmam as
analogias (quanto mais melhor) (evitar generalização
apressada)
 Ex; conheci um pinscher nervoso... conheci 20 pinschers
nervosos, por ter maior número de entidades, existirá
mais probabilidade de isso ser uma característica dos
pinschers.
 Ex: Fui ao mercado uma vez e estava fechado, logo se
for novamente, estará fechado; Fui ao mercado várias
vezes durante o mês e estava fechado, logo se for
novamente, estará fechado (o segundo exemplo é mais
forte do que o primeiro em razão do número de
entidades)
 2) Quantidade de aspectos relevantes na qual se diz que as
entidades (objetos) em questão são análogas.
 Ex: Sapatos ruins: comprados na mesma loja, mesma
marca, mesma faixa de preço
 Ex: Hoje irei novamente ao restaurante da semana
passada. Vou pedir outro prato, feito por outro cozinheiro,
mas estou confiante que será ótimo pois tive boa
experiência.; Hoje irei novamente ao restaurante da
semana passada. Vou pedir um prato similar ao da
semana passado, do mesmo cozinheiro. Tenho certeza
que será ótimo. (o segundo é mais forte, pois a
quantidade de aspectos análogo é maior que do primeiro)
 3) Número e força de desanalogias: diferenças relevantes
reduzem a força da analogia.
 Ex: Comprei o mesmo carro que minha irmã comprou. Ela
usa para trabalhar na cidade, rodando pouco, dirigindo
sempre com calma. E uso na estrada, pois distribuo
remédios para todo o estado. Eu preciso ser mais
agressivo na direção, mesmo as estradas sendo
péssimas, pois tenho prazos a cumprir. Mesmo assim,
acredito que o carro irá durar bem, pois o dela continua
novo até hoje, e comprei o mesmo modelo.
 Ex: Comprei o mesmo carro que minha irmã comprou.
Nossos usos e modo de direção são similares, então
acredito que o carro vai durar bem, uma vez que o dela
continua novo.
 Ex: Pessoa que possui um carro que faz 14 km/l, porém,
quando verifica outros aspectos, vê que a pessoa dirige
devagar, com poucas pessoas no carro, dirige em local
sem engarrafamento, etc.
 4) Quanto mais dessemelhantes (variados) os exemplos, mais
forte o argumento
 Ex: A maioria dos alunos estudiosos passa na disciplina.
Então o aluno novo, sobre o qual não sei nada, deve
passar também.
 Ex: Quase todos os alunos passam na disciplina, não
importa o perfil. Por essa razão, o novo aluno deve
passar também.
 Ex: Alunos de diferentes históricos obtém o mesmo
resultado, tornando mais forte a previsão de resultado
semelhante.
 Quantos mais variados os exemplos apresentados, mais
provável que o fato realmente seja análogo.
 5) As semelhanças e diferenças devem ser relevantes para a
analogia que é feita.
 Ex: Comprei um notebook com o mesmo processador e
memória do seu então, provavelmente, o desempenho
será similar.
 Ex: Comprei um notebook da mesma cor e tamanho do
seu, então provavelmente o desempenho será similar.

Formas e funções da linguagem

 Quando se lida com argumentos (discurso complexo), o que acontece é que a


linguagem não fica limitada a oferecer sentenças declarativas em relação de
justificação, existindo discursos que não declaram quase nada, por exemplo.
 Nesse tópico trabalhado, será verificado os objetivos que se quer atingir com
um discurso, qual é o propósito com esse discurso, etc.
 A linguagem e seus usos
o Wittgenstein, filósofo vienense do séc. XX, deixou dois legados sobre a
linguagem. Seu pensamento influenciou tanto a filosofia analítica como
a filosofia da linguagem ordinária
o Wittgenstein na obra “tratado lógico filosófico”, fez analise da
linguagem lógica como se ela fosse um retrato do mundo, de uma
forma que os dois compartilhassem a mesma forma lógica, e o que
permite a linguagem criar um discurso com sentido é o fato de que ela
reflete a estrutura do mundo.
o O autor evolui essa teoria e chegou à ideia de que a linguagem na
verdade, apesar de inicialmente colocar a linguagem dentro do campo
e contexto em que ela é apenas uma foto do mundo refletindo uma
estrutura lógica, chega a uma visão na qual a linguagem é reconhecida
em toda a sua multiplicidade de usos em contextos diferentes, de que
a linguagem não tem como uso só dizer o mundo, mas não é o único.
o Ao retirar de um discurso os argumentos, é preciso identificar que nem
todo o texto tem como objetivo declarar algo sobre o mundo,
precisando ter a consciência de fazer a análise e saber que na
construção de um argumento dedutivo, por exemplo, nem todo o texto
será útil.
o De forma resumida, é preciso reconhecer a multiplicidade de usos da
linguagem, de forma que nem toda a linguagem serve para declarar
algo sobre o mundo.
 Classificação das frases
o Já se sabe que quando se faz uma análise de um discurso, deve-se
entender que se tem uma forma da linguagem utilizada. Quando se
fala em forma, se está falando em estrutura gramatical da linguagem
utilizada.
o Se está falando de uma sintaxe que permite identificar como ou qual
estrutura se está utilizando.
o Dentro da listagem de formas se tem a sentença:
 Declarativa/indicativa
 Apresenta uma declaração
 Interrogativa
 Põe um questionamento
 Exclamativa
 Ou seja, o autor está pagando para ser insultado!
 Imperativa
 Expressa uma ordem: Feche a porta!
 Optativa
 São aquelas que expressam desejo: tomara que vocês
sejam felizes!
o A estrutura gramatical muitas vezes aponta para uma determinada
finalidade, por exemplo, um discurso que apresenta sentenças
declarativas é um discurso que provavelmente tem como objetivo
ensinar/informar algo; quando se faz uma pergunta, a ideia que se tem
é que a pessoa está buscando aprender algo, ganhar alguma
informação;
o Dentro da natureza da complexidade da linguagem essa indicação não
é necessária. A forma de uma linguagem não necessariamente
condiciona sua função.
o A estrutura gramatical de um texto pode oferecer indício sólido de sua
função, mas não há relação necessária entre forma e função.
 Se a pessoa assume que toda sentença declarativa vem com
objetivo de informar alguma coisa, pode-se cair em armadilhas,
por exemplo: “Você vê duas pessoas de uma família e um deles
fala que está com fome”, essa é uma sentença declarativa, de
modo que, se for analisar que ela só tem a função informativa,
tem-se que uma pessoa só queria informar para a outra sua
situação de fome, porém, é muito mais provável que essa
declaração tem uma finalidade/função diversa, que seja de
indicar a necessidade de comer alguma coisa.
 Sentença interrogativa em que a pessoa está tem a finalidade
de obter informação, mas sim que outra pessoa faça algo.
 Ex: Não está na hora de irmos embora?
 As funções da linguagem
o Quando se fala de função da linguagem, se está falando de finalidade
dela, o que se quer com a linguagem, a que se presta ela.
o Diante da variedade de usos da linguagem, podemos traçar três
funções básicas:
 Função informativa
 A finalidade precípua desta função é a transmissão de
informações
 É por meio da função informativa que a linguagem
descreve o mundo.
 Ex: A vide aula tem como função principal a função
informativa, já que o objetivo é receber informações
acerca de um tópico tratado.
 Função expressiva:
 A linguagem tem a função expressiva quando busca
comunicar ou suscitar sentimentos
 Não se atribui ao discurso expressivo os valores de
verdadeiro ou falso
 Vai ser estudada quando for trata de teorias da
argumentação e falácias não formais
 Esse discurso não está passando informação ou
mandando fazer, mas está utilizando uma capacidade da
linguagem de transmitir ou suscitar emoções.
 Ex: Discurso com finalidade acalmar, irritar,
desestabilizar, etc.
 Função diretiva
 Busca uma alteração no comportamento alheio,
causando ou impedindo uma ação
 Não se atribui ao discurso expressivo os valores de
verdadeiro ou falso
 Função x forma
o Um discurso complexo não trará apenas uma função da linguagem.
o É possível indicar a predominância de uma função no discurso.
o “Na verdade, uma frase pode apresentar diferentes funções,
combinando usos. Um exemplo é o uso cerimonial. Utilizando de
palavras comuns até discursos elaborados, busca-se estimular a boa
vontade do alvo:”
 “Ex: A luz do que foi expendido sobre a antecipação dos efeitos
da tutela, chega-se à ilação de que autora tem direito a sua
concessão, para que se seja nomeada CURADORA
PROVISÓRIA da Interditada, a fim de gerar sua pessoa e seus
bens, até decisão final deste Douto Juízo.
 Acima, o discurso busca influenciar a decisão do juiz (diretiva),
suscitar emoções favoráveis (expressiva) e declarar direitos
(informativa)
o Quando se estuda lógica, é preciso distinguir o discurso informativo
(principalmente o que trás informações e constrói argumentos trazendo
fatos sobre o mundo), filtrando o texto.
 Discurso emotivo x Discurso neutro
o Como visto, um discurso, normalmente, presta-se a diferentes funções.
É característica do discurso com finalidade expressiva o uso de
palavras de grande “carga emotiva”.
o O discurso com carga emotiva, apesar de não desqualificar seu caráter
informativo, pode torna-lo tendencioso.
o É necessário, quando fizer uma análise lógica, separar o que é
importante dentro do discurso, retirando dele a carga informativa e
descartando a carga emotiva.
o Neutralizar um discurso é escrever este, sem a presença de carga
emotiva exagerada, reescrevendo o texto dentro de uma função
informativa.
 Ex: De acordo com o eminente Desembargador Relator Álvimar
de Ávila, no brilhante voto proferido no acórdão acima, não
obstante a permissão constitucional à prisão do depositário
infiel, “no contrato de alienação fiduciária não é possível a prisão
do devedor, pois não há qualquer permissão legal que
caracterize a alienação fiduciária como sendo um contrato de
depósito”.
 Ex: Nesta esteira, embora a recorrente tente, de forma ardilosa
convencer os doutos julgadores de que a recorrida estava
subordinada somente aos supervisores da 1ª reclamada, ora
recorrente, o D. Magistrado de 1º grau de forma abrilhantada ao
expor na fundamentação de sua decisão as fls. 592/593 dos
autos que:

Dialética e retórica

Falácias de relevância

 Apesar dos numerosos usos que fazemos do termo falácia (como crença ou
opinião falsa, por exemplo), seu significado na lógica é estrito, referindo-se a
um tipo de raciocínio incorreto
 As falácias podem ser divididas em formais e não-formais. As não-formais
são aquelas que podem enganar por falta de atenção ou ambiguidade
o Dentro das falácias informais existem as falácias de relevância e
ambiguidade.
 A falácia, então, se dá quando a conclusão do argumento não é
legitimamente sustentada, isto é, as premissas não possuem evidências ou
suficiente clareza de linguagem capazes de corroborar a verdade da
conclusão.
 As falácias de relevância ocorrem quando as premissas não tem relação
suficiente com a conclusão do argumento; enfim, as premissas são incapazes
de justificar a conclusão.
o Ou seja, se tem uma conclusão que não deriva adequadamente de
suas premissas ou, pode-se dizer que se tem um argumento no qual
as premissas não sustentam logicamente a conclusão.
o Para que uma conclusão seja legitimamente sustentada, é preciso de
premissas que ofereçam o suporte e tenha uma ligação de que a
premissa justifica a conclusão e a conclusão é justificada pela
premissa.
o Obs: Um argumento com uma incorreção, no qual uma premissa não
sustenta sua conclusão, nada mais é do que um argumento
incorretamente construído, não sendo necessário adotar uma palavra
só para isso. Para se caracterizar um argumento como falacioso (e não
só incorreto) é preciso de outros elementos dentro desse erro.
 O argumento falacioso tende a revestir-se com aparência de validade, de
correção. Sua eficiência é resultado, normalmente, de forte poder psicológico
de persuasão.
 As falácias de relevância são também conhecidas por falácias de apelação,
pois não havendo justificativas racionais, apela-se à compaixão, ao medo, à
hostilidade etc.
o Como não se tem uma fundamentação racional, é necessário apelar
pelo uso das falácias não-formais, permitindo um tipo de manipulação.
 Como conseguem ser persuasivos, apesar de sua incorreção lógica,
explicam-se, em alguns casos, pela sua função expressiva, destinadas a
provocar atitudes suscetíveis de causar a aceitação das conclusões que
instigam, em vez de fornecerem as provas que evidenciem a verdade dessas
conclusões
o Apesar do erro descrito acima, a falácia apresenta/mantem uma
aparência de correção, de forma que a primeira vista ela aparenta ser
correta.
o Como se está falando dentro de um campo de argumentação e nele,
muitas vezes, se tem o objetivo de convencimento e de desconstrução
do argumento alheio, deve-se entender que a falácia, a despeito de ser
o argumento com erro, se mostra altamente eficaz, principalmente por
uma questão de utilização da função expressiva da linguagem, que
busca usar o discurso com o objetivo de suscitar ou comunicar
emoções, sendo uma espécie de manipulação emocional.
 Resumo: O discurso falacioso vai apresentar: 1) um argumento que contem
um erro essencial, que decorre do fato da conclusão não derivar das
premissas ou as premissas não legitimam a conclusão; 2) uma aparência de
correção, apesar de conter um erro, ela tentar se fazer passar por um
argumento correto; 3) se mostra altamente eficaz devido, principalmente, pelo
uso da função expressiva da linguagem ou de desatenção, ou seja, trazendo
a questão da manipulação.
 Apelo à força (argumentum ad baculum)
o O primeiro dos usos da falácia é a situação em que a pessoa quer
forçar determinado ponto para convencer alguém, mas ela não possui
fundamentação racional ou articulação emocional para isso, diante
disso, a pessoa apela para o uso da violência/força
o Argumentum ad baculum (recurso à força): neste tipo de argumento
falacioso, utiliza-se de intimidação (física ou verbal) com o objetivo de
provocar a aceitação de determinada conclusão. É frequentemente
invocado quando argumentos ou provas racionais fracassam.
o Identifica-se com o aforismo: A força faz o Direito.
o Acaba o viés racional e de argumentação, mas como a pessoa não
desiste ela apela para a força.
 Ex: Uma ameaça explicita ou implícita pode ser considerada um
apelo a força
o É a ideia de que se a pessoa intimida a outra pela força, o outro aceita
o que se está falando, não necessariamente porque concorda ou
porque a conclusão é fundamentada por premissas adequadas, mas
porque o outro está intimidade com a expressão da força da pessoa
(física ou até de determinada autoridade)
 Ex: O candidato a um cargo eletivo pode sugerir que alguém
vote nele sob a insinuação de que ele é dono da empresa onde
o outro trabalha. (funciona também para casos que se relação
de hierarquia)
 Contra a pessoa (argumentum ad hominem)
o Ataca uma afirmação ou proposta atacando o sujeito que a propôs, e
não seu argumento. Este tipo de falácia apresenta modalidades
distintas.
o É a falácia em que se sai da argumentação e se ataca a própria
pessoa com quem se está argumentando
o Ofensivo:
 Quando ataca alguém a partir de um ou mais dos seguintes
aspectos: caráter, família, sexo, idade, a posição social ou
econômica, a personalidade, a aparência, a roupa etc.
 Ex: O senador alagoano voltou a pedir a palavra para fazer o
que chamou de “reparos históricos” e, entre outros pontos,
desse que a revista Veja teria comandado um esquema que
culminou em seu impeachment. “O que sofre hoje o presidente
José Sarney, por parte de alguns setores da mídia, é algo que
conheço bem, pelas entranhas”, reforçou Collor.
 Ex: O projeto de lei do prefeito, que reza sobre a criação de
áreas públicas de preservação ambiental, deve ser
massivamente rejeitado pelo legislativo, considerando que o
prefeito foi obrigado judicialmente a devolver aos cofres públicos
uma soma considerável de dinheiro, fruto de um aumento ilegal
e abusivo no seu vencimento e no dos seus secretários.
o Culpa por associação
 Tentativa de refutar uma proposição atacando indiretamente seu
proponente, criticando e questionando seu círculo social.
 Ex: Carlos é militante pela criação de uma ONG de amparo às
mulheres vítimas de violência sexual. Mas é de conhecimento
público que seu irmão Geraldo, foi diversas vezes acusado de
desvio de verbas públicas. Logo, esse tipo de ONG deve ser
combatida.
o Interesse revestido
 Busca rejeitar uma afirmação sustentando que seu autor a
propôs porque tem a intenção de obter vantagens ou evitar a
perda das mesmas.
 Ex: Antônio é contrário à reforma administrativa no que diz
respeito ao fim da estabilidade do servidor público. Ora, ele é
professor estadual. Portanto devemos apoiar o fim da
estabilidade do servidor público.
 Apelo à ignorância (argumentum ad gnoratiam)
o Ocorre quando uma dada afirmação é tida como verdadeira pela
simples razão de ninguém provou que é falsa, ou como falsa, uma vez
que nunca foi provada verdadeira.
o Há ressalvas em um tribunal, pois, ai, o princípio inspirador é supor a
inocência até provada a culpa.
o Nesse argumento, a partir do momento que não se consegue provar
algo, se presume que o contrário é verdadeiro.
o A partir dai pode-se tirar argumentos de razoabilidade e não de
certeza.
 Ex: Determinada pessoa é inocente, pois ele nunca foi
condenado.
 Apelo à piedade (argumentum ad misericordiam)
o É uma falácia que é socialmente aceita, no sentido que não é um
grande crime ético se apelas à ela
o O argumento se baseia num apelo à piedade, à compaixão. Busca
despertar sentimento de pesar, de piedade.
o Esse argumento encontra-se, com frequência, nos tribunais de justiça,
quando um advogado de defesa põe de lado os fatos pertinentes ao
caso e trata de ganhar a absolvição do seu constituinte, despertando a
piedade dos membros do júri.
o É possível que, dentro de um argumento racional, se faça uso em
alguma parte de uma falácia de piedade.
 Apelo ao povo (argumentum ad populum)
o É comum nessa falácia, criar no povo um sentimento de unidade, para
que ele concorde com a pessoa por um sentimento de pertencimento e
lealdade, independente do que ela está falando.
o Ocorre quando a conclusão se apoia em apelo emocional ao povo ou
às multidões. Busca a aderência das massas, usando como meio a
retórica sentimental. Técnica comum utilizada pelo demagogo,
publicitário, “marqueteiro”.
o É a tentativa de ganhar a concordância popular para uma conclusão,
despertando as paixões e o entusiasmo da multidão.
 Apela à autoridade (argumentum ad verecundiam)
o É quando a pessoa fundamenta o argumento não em questão racional,
mas sim no status ou posição de poder de uma pessoa.
o Ocorre principalmente quando o status ou a posição não justifica em
nada a questão que se está discutindo.
o Objetiva justificar sua conclusão apelando para o sentimento de
respeito que as pessoas cultivam por alguma personalidade. A fama, o
status da autoridade é o ponto chave para o efeito de persuasão.
o Essa falácia remete ao sentimento de respeito que as pessoas sentem
por indivíduos famosos, para concordar com uma conclusão.
o Esse argumento nem sempre é falacioso, pois a referência de um
especialista em seu campo pode constituir argumento válido.
o Quando se afirma que uma proposição é verdadeira na base de sua
asserção por uma autoridade for a de sua competência, há a presença
da falácia.
 Ex: Sou desembargador e por isso não preciso fazer uso de
mascara; Sou delegada e não preciso mostrar comprovante
fiscal na hora de trocar produtos
o O apelo à autoridade não passa necessariamente pelo apelo à
violência ou à força, tem ligação mais ao marketing e ao status da
pessoa.
 Falácia de acidente
o Essa falácia lida com a incompatibilidade entre a norma geral e uma
norma para caso específico
o Quanto mais gerais forem as normas, mais incapaz ela é de se
adequar a casos específicos.
o Quando se busca aplicar a norma geral para casos específicos, pode-
se acabar cometendo injustiças.
o A falácia de acidente ocorre quando se tenta aplicar uma lei geral a
uma caso que é claramente excepcional.
o Deduzir, de uma regra geral, um caso particular, cuja especificidade o
torna inaplicável. Em suas mais sérias formas, a falácia de acidente
ocorre frequentemente entre legalistas que tentam decidir casos
complexos com regras gerais.
 Falácia de acidente convertido (generalização apressada)
o Ocorre quando se infere de um dado singular ou de alguns elementos
de um todo uma conclusão sobre o todo.
o É quando se pega uma situação que é exceção, mas se faz parecer
que é um caso normal, tentando aplica-la como regra geral.
 Falácia de falsa causa (non causa pro causa; post hoc ergo propter hoc)
o Indica o erro de tomar como causa de um efeito algo que não é sua
causa real.
o Inferência de que um acontecimento é causa de outro na simples base
de que o primeiro é anterior ao segundo.
o Consideraremos todo e qualquer argumento que tenta erroneamente
estabelecer uma conexão causal como uma falácia de falsa causa.
o O mero fato de coincidência ou sucessão temporal não basta para
estabelecer uma conexão causal.
o Causa é uma condição necessária e suficiente.
 Petição de princípio (petitio principii)
o Deriva da natureza da relação de independência de sentença e
proposição, vez que se pode falar uma mesma coisa de determinadas
formas.
o A petição de princípio articula o argumento de modo que a premissa
usada para asseverar a conclusão é a própria conclusão (mesma
proposição, diferentes sentenças). A premissa é irrelevante, pois não
prova a conclusão (mas não para a verdade da mesma, pois se a
premissa for verdadeira, a conclusão também será).
o Consiste em solucionar a questão por si mesma.
o É um raciocínio circular: se a premissa é verdadeira, a conclusão
igualmente é, ou o contrário.
o A falácia busca mascarar a repetição, para fazer parecer que se está
falando algo diferente do que já foi dito anteriormente
o Ex: A sociedade é injusta, porque não há justiça social.
o Ex: Nossa equipe é a mais destacada no torneio, porque tem os
melhores jogadores e o melhor treinador. Sabemos que possui os
melhores jogadores e o melhor treinador; por conseguinte, é óbvio, vai
ganhar o título. E ganhará o título, pois merece conquistá-lo. É claro,
merece ganhar o título, porque é, de há muito, a melhor equipe.
 Pergunta complexa
o São perguntas que, apesar de aparentemente simples, contém
afirmações em sua estrutura.
o As perguntas deste gênero pressupõem que já foi dada uma resposta
definida a uma pergunta anterior, que nem sequer foi formulada.
o Não se dá espaço de resposta para a pessoa, já se tem uma resposta
predefinida.
o O problema é que as vezes se oculta uma acusação por trás da
pergunta
 Ex: Você parou de beber e dirigir?
 Por trás da pergunta, se está afirmando que a pessoa já
tinha esse comportamento no passado.
o Para solucionar essa questão, não deve-se responder a pergunta, pois
ela não é simples, não tendo a resposta simples.
o Para tratar com essas questões, é importante isolar seus
componentes, pois “apenas perguntas simples podem ser respondidas
simplesmente”.
 Conclusão irrelevante (ignoratio elenchi)
o É quando se argumenta a respeito de algo, mas, por qualquer razão
que seja (não sabe, não quer ou não consegue provar um ponto), a
pessoa vai desviando o argumento para algo que se quer falar.
o É cometida quando um argumento que pretende estabelecer uma
conclusão é dirigido para provar uma conclusão diferente.
o Se distorce o argumento para chegar a um ponto que se pretende
provar.
o Ex: Num tribunal, tentando provar que o réu é culpado de homicídio, o
promotor argumenta longamente que o homicídio é um crime horrível.
Será capaz de provar esse argumento, mas é irrelevante.
o Durante uma alongada discussão, a fadiga pode acarretar desatenção
e erros, de forma que as irrelevâncias passem despercebidas.
 Falácia do espantalho
o A falácia do espantalho (também conhecida como falácia do homem de
palha) é um argumento em que a pessoa ignora a posição do
adversário no debate e a substitui por uma versão distorcida que
representa de forma errada, esta posição.
o A falácia se produz por distorção proposital, com o objetivo de tornar o
argumento mais facilmente refutável, ou por distorção acidental,
quando o debatedor que a produz não entendeu o argumento que
pretende refutar.
o A intenção que está escondida por trás é não ter que enfrentar os
argumentos da outra pessoa ou outra posição. Isso se deve ao fato de
que, por meio da falácia do homem de palha, os argumentos do outro
são facilmente substituídos por absurdos.
o A estrutura da falácia é a seguinte:
 Uma pessoa planta o argumento “A”
 Seu oponente o interrompe e substitui o argumento “A” pelo
argumento “B”.
 Este é parecido com aquele, mas está incorreto.
 A segunda pessoa refuta o argumento “B”
 Como os argumentos foram equiparados, dá a impressão de
que a “A” também foi refutado.

Falácias de ambiguidade

 Se tem a noção de que a comunicação é ambígua, na medida em que o


sentido dela não é único naquele contexto, sendo esse o problema da
ambiguidade: se pega uma mesma sentença e essa sentença pode ter mais
de um significado, ou de outra forma, uma frase é considerada ambígua
quando pode exprimir mais de uma proposição, e sabemos que a relação
entre sentença e proposição permite esse texto plurissignificativo, vez que
dependendo do contexto a mesma sentença pode ter significados diferentes.
 Uma situação é ambígua quando não se consegue interpretar a situação de
maneira unívoca
 A ambiguidade pode ocorrer por duas razões:
o Ambiguidade semântica
 Quando se fala da questão semântica se está falando da
relação signo-objeto, ou seja, é o significado de termos
envolvidos não serem claros.
 Resultado da polissemia dos termos envolvidos.
 Ex: A manda não está boa
o Pode-se tratar da manga da camisa quanto a fruta
 Ex: Renato está no banco
o Pode ser um banco de praça ou banco no sentido
de agência
 Em razão do contexto limitado, não é possível saber a que se
refere o termo “manga” e “banco”, ou seja, não se sabe para
qual significado um signo aponta.
o Ambiguidade sintática
 Decorre da questão gramatical, da ordem ou classificação das
palavras.
 Resultado do encadeamento de palavras na frase
 Ex: Márcio viu Maria com os binóculos
 Pelo contexto limitado não é possível determinar se Márcio,
usando binóculos, viu Maria passar, ou se Márcio viu Maria
carregando binóculos com ela.
o Irá se lidar com essas situações de ambiguidade e elas podem ser
exploradas.
o Quando se fala de uma falácia de ambiguidade, se está falando de
uma falácia, que não é uma mentira simplesmente, mas sim um
argumento em que a falácia irá tirar vantagem ou se fundamentar
nessa característica da linguagem que é a ambiguidade. Assim, por
meio de palavras ou frases ambíguas, pode-se criar um discurso
falacioso.
 Dentro das falácias de ambiguidade, se tem:
o Falácia de equívoco
 É quando, no decorrer do argumento ou discurso, existe uma
alteração no significado dos termos utilizados.
 Na falácia de equívoco há uma alteração no significado dos
termos em diferentes sentenças constitutivas do argumento.
 Ex: Situação em que se tem garantia de um automóvel,
em que é prometida uma garantia total de 5 anos. Porém,
depois de 4 meses esse veiculo apresenta um problema
qualquer. Quando chega na concessionária a pessoa fala
que está acionando a garantia, pois o veículo apresentou
problema, e recebe como resposta que o veículo
apresentou problema em uma peça terceirizada e a
garantia não cobre.
o Nesse caso, a garantia total que tinha um
significado absoluto na hora de fechar o negócio,
passa a se tornar uma garantia com exceções na
hora de ser aplicada. O significado de garantia
total na hora de comprar é um e passa a ser outro
na hora de acionar o serviço.
 Um caso particular da falácia de equívoco é a que lida com os
termos relativos. Como esses termos (bom, caro, muito, pouco
etc.) podem ter significados diferentes em diferentes contextos,
seu uso indiscriminado pode caracterizar uma falácia.
 Ex: Rogério é um bom pai, logo é um bom homem e não
teria cometido tal ato
 Ex: Renato é um bom jogador, logo é um bom técnico.
o O que se quer dizer com essa falácia é que,
repetindo o termo “bom” no sentido de
equiparação das questões, de forma que, se a
pessoa aceita que ele é um bom pai e um bom
homem, ele não cometeria crimes.
o Obs: A questão é que os termos não são gerais e
o fato de ter uma qualidade não significa que a
pessoa não pratique algo ruim. A palavra utilizada
pode ser a mesma, mas o significado não é o
mesmo. Não se pode derivar que a pessoa é boa
em tudo, pois ela é boa em algumas coisas.
 Quanto a interpretação dos contratos de adesão, a regra geral é
que se interprete o contrato, especialmente as suas cláusulas
dúvidas, contra aquele que redigiu o instrumento
 É que se tratando de uma relação de consumo, tutelada pelo
CDC, tem-se que as cláusulas contratuais deverão ser
interpretadas de maneiras mais favorável ao consumidor.
o Falácia de ênfase
 É uma questão de ser possível modificar o significado de um
discurso, dando ênfase a uma parte ou outra.
 Resultado da alteração de significado num argumento pela
ênfase em partes específicas do discurso, ou pelo ocultamente
de trechos.
 O sentido principal que se tem é a ideia de que, na verdade,
pode-se modificar o sentido de uma sentença, sem modificar
sua estrutura, modificando só a ênfase.
 Ex: No decorrer do processo, é importante que o
advogado respeite seu cliente
o Quando se dá ênfase ao “seu cliente” se causa um
sentimento de exclusão de outras pessoas.
 Ex sem ênfase: No decorrer do processo, é
importante que o advogado, dentre outras
pessoas, tem que respeitar seu cliente.
 Ex com ênfase: No decorrer do processo, é
importante que o advogado respeite
somente seu cliente e não as outras
pessoas.
 Essa questão é importante, uma vez que a mudança de
contexto ou tom muda radicalmente o sentido de uma sentença.
“Essas foram suas palavras”, foram, mas não foi como a pessoa
disse, vez que a outra pessoa está dando ênfase em partes
diferentes, gerando uma alteração de significado.
 É por isso que a ABNT estabelece que, quando se quer dar
ênfase a uma parte do texto, deve-se indicar “grifo nosso” ou
“grifo do autor” para que a pessoa não altere o sentido do texto
em seu benefício.
 A falácia de ênfase trás outro modelo em que se parece um
ilusionismo, em que se chama atenção para um ponto para que
a pessoa não perceba oque está ocorrente em outro lugar.
 Ex: Em contratos, se coloca todo o texto que não é
interessante para a pessoa que está contratando em uma
parte do contrato que dificulta a leitura, com letras
menores e no final do texto em que a pessoa já está
cansada.
 Como dito, a ênfase em um aspecto do argumento pode ocultar
outros, encobrindo toda uma série de informações. Os anúncios
dirigidos ao público praticam flagrantemente essa técnica. É o
caso, por exemplo, das famosas entrelinhas, ou letras
minúsculas de um contrato.
 É sabido que existem alguns requisitos para a validade dos
contratos de adesão. O consumidor tem que ter sido informado
pelo fornecedor das condições gerais do contrato, anteriormente
à assinatura (ou no mínimo no momento) do contrato. É
necessário que o “homem comum” possa ler e entender o que
significam aquelas cláusulas, quais as obrigações e os direitos
que está aceitando. Os textos longos, impressos em letras
pequenas, de difícil leitura, impressos no verso de documentos
não satisfazem a exigência de maior transpar6encia do CDC
(art. 4º, caput, e art. 36, CDC
o Falácia de composição
 Essa falácia parte do mesmo princípio que a próxima, da ideia
de que existe uma relação entre o todo e as partes.
 A falácia de composição atua a partir de um raciocínio falacioso
a respeito das propriedades das partes de um todo até as
propriedades do próprio todo.
 A característica da parte não se transfere para o todo. É
uma questão básica aonde não se pode afirmar que as
propriedades da parte serão sempre transferidas para o
todo.
 Ex: Se todas as peças de uma máquina são leves, então
a máquina como um todo será leve.
 Ex: Se uma cadeira do escritório é barata, comprar todas
as cadeiras do escritório será barato.
 A partir das propriedades possuídas por elementos ou membros
individuas de uma coleção para as propriedades possuídas pela
coleção ou totalidade desses elementos.
 Nem toda comparação que faz no particular opera ou
funciona para o todo
 Ex: Se um ônibus utiliza mais combustível que um
automóvel, então todos os ônibus consomem mais que
todos os automóveis.
o Essa ideia só valeria se existisse o mesmo número
de ônibus e carros e a utilização fosse igual.
o Falácia de divisão
 Se está falando de uma relação das partes com o todo, porém,
agora é ao contrário. Nem toda característica que pertence ao
todo, pertence às partes.
 Quando se atribui uma propriedade a um todo e se divide o
objeto, deve-se compreender que algumas propriedades serão
perdidas.
 Ex: Um carro como um todo é um veículo automotor, no
sentido que ele é capaz de gerar movimento sem uma
força externa. Isso não quer dizer que todas suas peças
sejam.
 Ex: Se uma empresa é importante, qualquer funcionário é
importante.
 Ex: Se um carro é pesado, todas suas peças são
pesadas.
 Se argumenta a partir das propriedades de uma coleção de
elementos para as propriedades dos mesmos elementos. (não
diferencia coletivo – como um todo – de indivíduos)
 Ex: Os índios brasileiros estão desaparecendo; aquele
homem é um índio brasileiro; aquele homem está
desaparecendo.
 Não se aplica ao indivíduo, mas sim que a etnia tem uma
presença menor.
 Conclusão
o As falácias não são simplesmente mentiras, mas sim armadilhas do
discurso, que muitas vezes é colocada maliciosamente.
o O estudo das falácias auxilia a se prevenir delas e identifica-las, para
que seja possível se proteger contra elas, apesar da lógica dizer que
não existe um método para evitar essas falácias não formais, a
compreensão aumenta a capacidade de defesa contra elas.
o As falácias são armadilhas que qualquer um pode cair. A familiaridade
com esses erros e a habilidade para aponta-los podem muito bem
impedir que sejamos iludidos por eles.
o Não existe qualquer mérotod seguro para evitar falácias. Uma
compreensão da flexibilidade da linguagem e multiplicidade de seus
usos evitará que confundamos uma falácia com um argumento
solidamente construído.
o As falácias de ambiguidade são sutis. Um modo de se precaver é
mediante uma cuidadosa definição dos termos ambíguos. A definição é
uma preocupação central para quem estuda lógica e argumentação.
 OBS: Todas as falácias estudadas até agora são falácias não formais. Dentro
das falácias não formais, se divide em falácias não formais de relevância e
falácias não formais de ambiguidade.

Teoria da justiça

 O positivismo jurídico
o Quando se fala a respeito do positivismo jurídico, deve-se entender
que ele se refere a uma série de teorias do direito.
o Existe uma questão que serve para se dar uma visão geral e
simplificada do positivismo. Bobbio diz que o positivismo jurídico é uma
teoria do direito que estuda unicamente o direito positivo, excluindo de
seu universo qualquer outra forma de direito, como por exemplo, uma
determinada concepção de direito natural.
o Não faz uma referência no sentido de que uma lei é positivista, mas
que uma pessoa ou determinada interpretação pode ser considerada
positivista.
o A ideia do positivismo vem de uma série de autores como por ex: Hart
e Kelsen, com cada autor trazendo sua leitura, particularidade e
contribuição a essa tentativa de compreensão do direito.
o Com as teorias sendo diferentes, surge a pergunta: “Como pode-se
colocar todas essas teorias sob a mesma classificação de teoria
positivista?”
 Existem três pontos nevrálgicos para o positivismo jurídico,
independente do autor:
 Metodologia
o O positivismo tende a utilizar em suas teorias a
metodologia adotada pelas ciências naturais,
envolvida no empirismo e critérios de verificação
aos quais se pode atribuir valor de verdadeiro ou
falso.
o Uma teoria do positivismo jurídico é uma teoria que
vai realizar uma série de declarações sobre o
direito a respeito daquilo que pode ser verificado
como verdadeiro ou falso, dentro do campo da
formação de argumento dedutivo.
o Na vertente do neopositivismo lógico, o positivismo
adota a lógica como forma de compreensão.
o Principalmente no neopositivismo lógico, o
positivismo utiliza as categorias lógicas na
compreensão do direito, no sentido que irá se
descrever as regras jurídicas como elas são (como
posso descrevê-las, como descreve-las por um
critério que se pode verificar se o que está
declarando é verdadeiro ou falso)
 Neutralidade
o Quando se faz uma leitura ou interpretação do
positivismo jurídico, se adotado nessa postura
científica uma neutralidade perante aquele
conhecimento. É a ideia de que os juízos de
conhecimento dentro dessa categoria do
positivismo jurídico irão operar como juízos de
fatos, descrevendo a realidade e as normas como
elas são, não como se queria que elas fossem ou
se posicionar valorativa perante elas.
o Não é relevante se alguém acha justa ou não a
norma
 Sistematização
o A sistematização decorre da organização que se
tem dessas normas, dentro de um sistema
normativo.
o As normas são organizadas hierarquicamente e
por um critério de pertencimento. Uma norma é
uma norma jurídica, porque ela é valida, vez que
foi produzida de uma determinada forma por uma
autoridade competente.
o Uma vez que se considerada uma norma valida,
ela é organizada hierarquicamente dentro do
sistema jurídico.
o O positivismo jurídico estabelece, em razão de sua metodologia
específica, da neutralidade e a forma de sistematização, uma
separação radical entre o direito e a moral/justiça, então, o conceito de
justiça ou teorias da justiça é absolutamente irrelevante para uma visão
positivista do direito, vez que ele não irá lidar com essas questões, a
não ser no sentido de negar essa relação entre direito e moral.
 Por ele (positivismo jurídico) se manter dentro daquilo que pode
ser valorado ou de declarações que podem ser verificadas, é
por essa razão é possível ao positivismo jurídico na organização
de sua teoria a ideia da lógica formal e a ideia de argumentos
dedutivos (de certeza).
 Pós-positivismo: Dworkin
o Para contrapor a ideia do positivismo jurídico, se tem o pós-
positivismo.
o Quando se fala em pós-positivismo, não se está falando em uma teoria
específica, mas sim de um conjunto de teorias modernas e
contemporâneas, que surgiram de um movimento de crítica ao
positivismo e da adoção de alguns conceitos que são radicalmente
incompatíveis com o positivismo.
o A grande crítica de Dworkin é que o positivismo jurídico separa
radicalmente o direito e a moral, uma vez que, a despeito de tentar, por
via do positivismo, criar uma teoria neutra, científica e universal, o que
se percebe é que as práticas dos tribunais não reflete essa teoria. Por
mais que se tente criar uma visão positivista no sentido de uma
compreensão unicamente formal, percebeu-se que isso não era
suficiente para compreender e justificar os raciocínios jurídicos
utilizados na prática.
o Dworkin conta alguns casos e diz que se ele conseguir demonstrar que
o direito não funciona como o positivismo quer compreende-lo e que
ela é tão limitada que se deixa de compreender o universo que é o
direito, ele conseguirá desacreditar essa teoria.
o Para isso, Dworkin toma como modelo a teoria positivista de Hart e a
partir disso diz que, é possível perceber que a decisão proferida no
caso que ele trás como exemplo (riggs vs palmer – matou o avô para
ficar com a herança) foi tomada a despeito das leis vigentes, foi
tomada por um sentimento de justiça e orientada por valores que não
estão nas regras jurídicas, querendo dizer que o universo do direito é
maior que as regras validas e a aplicação do direito envolve
moralidade de quem o aplica, ou seja, se aplica a lei que faz parte do
direito, mas orientado por aqueles valores do ordenamento jurídico.
o A ideia do pós-positivismo é uma espécie de alargamento do conceito
de direito, com ele considerando que o direito é uma união, que não é
composto unicamente de regras, mas sim de regras e princípios.
o Esses princípios são padrões que não são regras. Regras e princípios
são normas que tem uma natureza logica diferente, funcionando de
forma diferente e são validados de forma diferente.
o O pós-positivismo envolve essas teorias que, percebendo que a prática
jurídica possui essa dimensão moral, diz que é necessário reaproximar
o direito e a moral de alguma forma (por meio dos princípios),
precisando compreender a lógica de um raciocínio moral.
o O que acontece, é que o pós-positivismo jurídico utilizará uma
categoria lógica radicalmente diferente da utilizada pelo positivismo
jurídico.
o A lógica por trás de uma estratégia formalista e a lógica por trás de
uma estratégia argumentativa de conteúdo moral são radicalmente
diferentes, envolvendo categorias diferentes.
o Estuda-se teorias da justiça nessa disciplina porque os argumentos de
justiça serão utilizados dentro do campo da argumentação e da
compreensão do direito, são só como regras (ponto de vista formal),
mas de um compreensão do direito como uma questão de regras e
princípios, com uma ideia da aplicação / interpretação do direito por
meio de um compromisso moral.
 Como visto anteriormente, as teorias da justiças serão utilizadas da ótica da
teoria da argumentação. Viu-se que um dos grandes problemas que existem
ao discutir justiça é uma questão advinda da modernidade, que é a crise de
valores ou pluralidade de valores convivendo dentro de uma sociedade, de
modo que uma visão de justiça pode não ser compartilhada dentro de uma
sociedade. O positivismo tentou ignorar essa discussão, como ocorre em
Kelsen, que diz que o direito não se fundamenta na justiça, moral e ética, não
tendo objetivo de verificar se determinada situação é justa ou injusta. A
modernidade passa a tentar lidar com essa dificuldade de que em uma
mesma sociedade se tem diferentes pontos de vista concorrendo para uma
mesma questão.
 O pós-positivismo vai tratar de uma série de teorias que articulam uma teoria
formal do direito (teoria normativa) com uma ideia de teoria da justiça. Passa-
se a compreender o direito não só por um critério formal, mas também por um
critério de conteúdo, valorativo acerca de uma ideia do que é justo ou injusto.
 Rawls: conceitos gerais
o No campo da teoria da justiça, é possível pegar casos concretos e
fundamenta-los ou critica-los com base na teoria da justiça de Rawls.
o A ideia que se tem na obra de Rawls é que, dentro de uma sociedade
diversa em que concorrem diferentes valores e referenciais, como se
pode defender uma teoria da justiça que seja realmente razoável para
todas essas partes, independentes de suas diferenças.
o Rawls tenta imaginar isso dentro de uma questão de que, se pessoas
combinassem acerca da distribuição de direitos dentro de uma
sociedade, o que essas pessoas poderiam concordar em uma questão
de distribuição?
o Pontos de base
 Rawls diz que, independente da situação, a justiça deve ser a
primeira virtude considerada em instituições sociais
 A justiça fundamenta uma inviolabilidade das pessoas contra o
próprio Estado. O bem maior não pode sacrificar o indivíduo.
 É a ideia de que o individuo possui direitos que o Estado
não pode retirar
 Os direitos assegurados pela Justiça não podem ser sujeitos à
negociação política ou cálculo de interesses sociais.
 Se uma injustiça é inevitável, ela é tolerável apenas quando
necessária para evitar uma injustiça ainda maior. Sendo virtudes
primeiras das atividades humanas, a Verdade e a Justiça são
indisponíveis.
 O objetivo de Rawls é elaborar uma teoria da justiça que seja
capaz de avaliar todas as afirmações acima. Tal teoria busca
corroborar a convicção da primazia da virtude “justiça” nas
instituições sociais.
o Quando se fala na questão de uma teoria da justiça de Rawls, deve-se
pensar em como fazer pessoas radicalmente diferentes concordarem
acerca de determinados princípios e valores, ou seja, como se chega a
uma igualdade a partir da diferença.
 Princípios da Justiça Social
 Permitem um modo de atribuir direitos e deveres nas
instituições básicas da sociedade e definem a distribuição
apropriada dos benefícios e encargos da cooperação
social
 Uma concepção de justiça pode ser imaginada como uma carta
fundamental de uma associação humana bem ordenada.
o Rawls raciocina da seguinte forma
 Imagine pessoas reunidas com o objetivo de definir os princípios
que irão governar nossas vidas, por meio de um contrato social
 As dificuldades provavelmente decorreriam das diferenças entre
as pessoas envolvidas, cada uma com seus princípios morais,
crenças religiosas e posições sociais e econômicas.
 Mesmo considerando a possibilidade de consenso, tal
decorreria do poder de barganha dos mais influentes, gerando
exclusões.
 Obs: A dificuldade de Rawls está no sentido de que, quando se
for tratar de princípios que irão governar nossas vidas, as
pessoas serão condicionadas pelas histórias delas, a partir de
uma noção de que as decisões que envolvem partilha e
interesses, sempre serão tomadas na medida em que
beneficiará a própria pessoa.
 Rawls quer uma teoria de justiça que de uma forma de
igualdade e que supere a desigualdade / diferença de interesses
e valores. O problema é que as pessoas tendem a tomar
decisões condicionadas pela sua própria histórica, como se todo
argumento utilizado fosse o da falácia de “interesse revestido”
o A solução de Rawls é uma solução lógica argumentativa.
 Justiça como equidade
 Transmite a ideia de que os princípios de justiça são
acordados numa situação inicial que é equitativa. Uma
característica da justiça como equidade é conceber as
partes na situação inicial como racionais e mutuamente
desinteressadas.
 A ideia é que se irá lançar mão do que ele chama de véu da
ignorância.
 Os princípios da justiça são escolhidos sob um véu de
ignorância. É uma situação hipotética aonde ninguém conhece o
seu lugar na sociedade e nem seu próprio potencial de força,
inteligência, etc. Ao fazer com que as pessoas ignorem sua
posição na sociedade, suas forças e fraquezas, seus valores e
objetivos, o véu da ignorância garante que ninguém pode obter
vantagens, ainda que involuntariamente, valendo-se de uma
posição favorável de barganha.
 O véu da ignorância é uma técnica argumentativa, de modo que
o argumento que cada um constrói não deve conter em suas
premissas questões relacionadas a interesses pessoais. Ou
seja, ao argumentar, não se leva em consideração os interesses
pessoais e a sua identidade. Dentro de um campo prático, se
faz isso construindo argumentos cujas premissas não remetam
a interesses pessoais.
 Isso resultaria / tenderia a uma distribuição mais equitativa.
 O véu da ignorância coloca as pessoas em uma posição de
igualdade, pois, pelo menos no campo da argumentação, se
apagou a diferença entre as pessoas.
 Na justiça como equidade, a posição original de equidade
corresponde ao estado de natureza na teoria geral do contrato
social. Essa posição corresponde ao status quo inicial
apropriado.
 Uma vez que todos estão numa situação semelhante e
ninguém pode designar princípios para favorecer sua
condição particular, os princípios da justiça são o
resultado de um consenso ou ajuste equitativo.
 O véu da ignorância e a posição original são conceitos
que podem utilizar, como seres racionais, para atingir um
consenso valorativo numa sociedade plural.
 Atenção: Guardar os conceitos do véu da ignorância e da
posição original. A relação entre eles é que, o véu da ignorância
enquanto técnica de argumentação, nos leva a uma posição
original.
o Rawls defende que, se na hora de argumentar acerca dessas
distribuições, se fizer com o véu da ignorância, a partir de uma posição
original, a sua razão vai te fazer concordar com dois princípios de
justiça:
 Igualdade da atribuição de direitos e deveres
 Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais
abrangente sistema de liberdades básicas iguais que seja
compatível com um sistema semelhante de liberdades
para as outras
 Uma sociedade só será justa se, independente da
posição que se ocupa, a pessoa tiver acesso a direitos
básicos e deveres. Não existirá uma situação de pessoas
com só direitos e outras só com deveres.
 Ex: A despeito do custo, se obriga acessibilidade a alguns
lugares, como eventos culturais. Apesar de aquilo gerar
um custo muito grande para que poucas pessoas tenham
acesso, isso é justo, pois o acesso a cultura é um direito
básico fundamental, não devendo ser submetido a
cálculos e ser realizado, mesmo que saia mais caro para
uma parcela pequena. (Não se coloca direitos básicos em
um calculo de interesses)
 Desigualdade (social ou econômica) condicionada
 As desigualdades sociais e econômicas devem ser
ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo tempo
o A) consideradas vantajosas para todos dentro dos
limites do razoável e;
 Ex: Situação em que se tem dentro de uma
empresa em uma distribuição vertical de
cargos e salários que possui um
crescimento. As pessoas mais beneficiadas
receberão uma parcela maior relativa ao
crescimento, mas os menos beneficiados
também deverão receber, mesmo que a
parcela seja menor.
o B) vinculadas a cargos e posições acessíveis a
todos.
 Ex: Cargos e posições que geram
desigualdades na sociedade, devem, pelo
menos, ser acessíveis potencialmente a
todos.
 Obs: Se for demonstrado que existe um
cargo na sociedade em que existe um
protecionismo e só entra quem esta no
poder, isso seria um argumento concreto
para indicar que isso é injusto, pois isso não
respeita uma desigualdade social
condicionada, no sentido de que não
possibilidade o acesso para todos ao cargo.
 A ideia do segundo princípio é de que não há injustiça
nos benefícios maiores conseguidos por uns poucos,
desde que a situação dos menos afortunados também
seja melhorada.
 Rawls reconhece que as sociedades são regidas pelo
princípio da diferença e que é preciso pensar em uma
forma de afirmar que essa diferença pode ser justa
 A justiça como equidade, então, é uma teoria bipartite:
 Uma interpretação de uma situação inicial e do problema
da escolha colocada naquele momento;
 Um conjunto de princípios que seriam aceitos
consensualmente.
 Ética e moral
o Quando se fala no termo “justiça”, existem outros termos ligados a ele
e utilizados nesse contexto de valoração, que indicam de alguma forma
algum conceito correlato (ex: ética e moral)
o Existe uma correlação entre a teoria que trata da ética e moral com a
prática argumentativa que se tem, por exemplo, quando se trata da
questão ética na advocacia.
o Ética e moral são palavras sinônimas ou há diferenças que devem ser
consideradas?
 Ex: Fulano age de forma eticamente errada / Fulano age de
forma moralmente questionável. Se está falando a mesma
coisa?
 Em situações como esta, a tendência é identificar que existiu a
conversão de sentido, ocorrendo uma aproximação do uso do
termo ética e moral no uso mais comum da linguagem, sendo
ambos utilizados de forma similar.
 Conclusão 1: Em algumas situações, as pessoas utilizam ética e
moral com significado aproximado ou até mesmo idêntico.
o Qual significado de ética e moral quando o seu uso é feito em um
sentido único?
 Quando se fala de ética ou moral dentro desse sentido inicial, se
está falando de um comportamento que, por algum critério, é
considerado bom. Uma pessoa que age de forma moralmente /
eticamente correta, é uma pessoa que age de acordo com
normas ou algum tipo de critério de comportamento de uma boa
conduta.
 Conclusão 2: Quando se fala em ética ou moral, se está falando
a respeito de um agir de acordo com um critério do que é um
bom comportamento.
 Obs: Essa análise é uma interpretação feita dentro de
parâmetros e casos específicos.
 Ex: No trabalho Fulano é ético no trabalho
o Assim, ética e moral são conceitos normativos, de modo que quando
se fala que uma pessoa age bem, se está falando que ela age de
acordo com normas de boa conduta.
o Diversos autores estabelecem uma diferença entre ética e mora,
assim, ao depender da base teórica (paradigma), essa diferença
tomará contornos particulares
 Kelsen:
 Para esse autor, a moral é um conceito normativo, que é
o conjunto de todas as normas que regulam o bom
comportamento em determinada sociedade. Logo, a
moral estabelece normas de dever-ser.
 Ética seria o estudo científico dessas normas. Seria uma
metalinguagem, uma linguagem descritiva, um estudo
sobre a moral da sociedade. Se tem uma relação de
ciência (ética) e objeto (moral).
o Uma distinção considerada é que a ética se preocupa com princípios e
valores (obedece a princípios e valores que orientam a vida), enquanto
a moral é parte da vida concreta, dos costumes e tradições (segue
costumes e tradições – vida concreta – que orientam o dia a dia)
o Natureza normativa do conceito de ética e moral
 Quando se fala de um código ético da OAB, se tem uma série
de regras que indicam um bom comportamento do advogado. O
critério é o código de ética, se ele seguir essas regras, ele será
considerado um bom advogado.
 São normas do que se deve ou não fazer para ter um
comportamento ético ou moral
o Obs: A ideia da ética vai operar em diferentes esferas, sendo possível
ser ético em determinado esfera, já que as esferas da vida são
reguladas por diferentes normas.
 Teoria da Justiça – Aristóteles
o Aristóteles dá grande importância à teleologia das coisas (análise da
finalidade de alguma coisa). Isso é usado na ideia de que as coisas
possuem uma finalidade, buscam algo, e essa finalidade é um bem
específico dessa coisa. O quão mais essa coisa atingir sua finalidade,
melhor ela é.
 Ex: Para Aristóteles uma forma de governo tem como finalidade
promover o bem comum (de todos), o quão mais esse governo
for capaz de produzir isso, melhor será esse governo.
o Para Aristóteles, a finalidade do ser humano é a felicidade. Segundo
ele, a felicidade para o ser humano tem relação com questões
materiais (como dinheiro), prazeres, reconhecimento social, etc. mas
esse não é o problema, o problema é que quando se escolhe apenas
um desses, se está pegando um universo que compõe a felicidade,
retiraram uma parte e se colocando isso como se fosse o total da
felicidade.
o A felicidade para Aristoteles vem da completude, que é o fato de uma
pessoa desenvolver todo seu potencial como ser humano, no sentido
que a felicidade vem do desenvolvimento de todas as partes da sua
alma (a alma do ser humano para ele é tripartite, sendo dividida em
vegetativa – que trás a questão da vida, do crescimento e da morte,
sensitiva – trata dos movimentos e prazeres, e uma parte racional –
trata da capacidade de aprendizado e julgamento), mas principalmente
desenvolvendo aquilo que torna o ser humano único na natureza, que
é a racionalidade.
o Para atingir a finalidade própria do ser humano, que é um bem
específico do ser humano, que é a felicidade, é preciso desenvolver
todo o potencial, principalmente a questão do conhecimento e das
virtudes.
o Como adquirir essas virtudes?
 É necessário partir para a ideia da ética aristotélica
 Na teoria de Aristóteles, a ética tem uma vinculação com a
prática e com um habito (éthos), no sentido de que, se adquire
uma virtude ética, segundo Aristóteles, não de forma natural (o
ser humano não nasce com as virtudes), mas sim por uma
questão de habito, uma pessoa deve ser ensinada o que é a
virtude e deve-se praticar essa virtude, não existindo uma
desvinculação de uma ética com uma prática.
 Ex: Se alguém quer se tornar uma pessoa corajosa,
deve-se praticar atos de coragem
 Como dito, é necessário um referencial teórico da virtude ética,
sendo esse referencial dado pela comunidade (polis), sendo na
vida política / decorrer de uma vida política, dessa vida em
comunidade, que a pessoa aprende o que são as virtudes éticas
e tem a oportunidade de praticar essas virtudes.
 O homem é um animal político:
o Essa frase representa a necessidade do homem
do ambiente político, precisando da vida pública
para se desenvolver enquanto ser humano. A
finalidade do ser humano é a felicidade enquanto
completude, então, para que o homem atinja sua
finalidade ele deve desenvolver sua moralidade /
virtudes, e o único local que isso é possível é na
vida política.
o O homem é um animal político porque ele depende
da política para forma-lo enquanto tal.
o Obs: No sentido filosófico-lógico, a comunidade
antecede o ser humano, pois ela forma o ser
humano e ele é produto dessa comunidade. É
porque existia uma comunidade e nela se pôde
desenvolver que uma pessoa se torna aquilo que
ela poderia ser (atingiu a finalidade como pessoa)
o Tem-se uma compreensão de que virtude é uma coisa boa, de que
virtude envolveria os valores que apontam para algo que é bom.
Entretanto, tem-se a ideia de que do outro lado da virtude, se tem o
vício. O vício habita na falta da virtude, ou seja, onde não existe
virtude, tem-se o vício.
 Ex: Se a coragem é uma virtude, a covardia é um vício; Se a
generosidade é uma virtude, a avareza é um vício;
o Aristóteles não enxerga as virtudes assim.
o Aristóteles estabelece dentro da questão das virtudes um meio termo,
de modo que a virtude é um equilíbrio (que é estabelecido pela
capacidade racional) entre um excesso e uma falta.
o A virtude impede que se recaia no vício, que pode existir tanto pela
falta quanto pelo excesso de um determinado comportamento ou
disposição.
 Ex: Quando se fala de coragem para um soldado, se esse
soldado encontrar um inimigo em iguais condições e larga sua
arma e sai correndo, ele é covarde, não tendo os valores
necessários para defender sua comunidade; por outro lado, se
esse mesmo soldado está desarmado e encontra um batalhão
de tanques e, mesmo assim, sai correndo para cima dele, ele é
temerário e também não será um bom soldado para a
comunidade, pois ele não soube equilibrar essa questão.
o A virtude para Aristóteles é um equilíbrio (meio termo) entre um
excesso e uma falta de virtude
 Aplicação concreta da teoria da justiça de Aristóteles (Justiça em Aristóteles)
o Segundo Aristóteles, justiça é um termo difícil de conceituar uma vez
que as pessoas utilizam o termo “justiça” diversas situações diferentes.
A solução tentada por Aristóteles é identificar qual é a situação e, a
partir da identificação dessas, deve-se trabalhar uma situação
específica. (diferentes conceitos de justiça que vão se aplicar a
diferentes situações)

o
o Justiça Política
 As relações de justiça possuem como pré-requisito uma
igualdade mínima entre as partes envolvidas para que exista
qualquer tipo de justiça abaixo.
 Essa igualdade vem de uma situação como, por exemplo, em
uma compra e venda que duas pessoas são pertencentes a um
mesmo Estado.
 É possível uma relação de justiça entre pessoas de Estados
diferentes? O que permite uma relação de justiça entre um
cidadão e um estrangeiro?
 A partir disso, tem-se a ideia de que uma relação entre
um cidadão e um estrangeiro só é possível na medida em
que essas partes tenham um mínimo de igualdade no
sentido de leis que regulem ambas as partes.
o Ex de mínimo de igualdade: Acordos e tratados
internacionais.
 A ideia da justiça política vem da base comum
 Não se deve tratar a justiça política como uma quarta forma de
justiça, mas como um pré-requisito das outras
o Justiça geral/universal
 De uma forma geral ou universal, a justiça é a lei.
 Existe uma dimensão ética ou moral meramente em seguir a lei,
já que a lei é uma expressão legitima da vontade do povo. (Ideia
de legalidade)
 Ex: Justificação para auxílio moradia para determinados
cargos públicos. É justo porque está na lei.
 É uma estratégia muito utilizada quando as pessoas querem
defender um ponto que é moralmente questionável, mas
formalmente legitimado, ignorando o conteúdo.
 O que Aristóteles está dizendo na justiça geral, ele está falando
que o homem que tem lei é probo, já o que não tem lei é
improbo.
 O problema dessa visão de justiça é que, quando se
estabelecem leis, elas, via de regra, são estabelecidas de forma
geral e abstrata. O problema da lei geral é que, quão mais geral
ela é, menor sua capacidade de regular casos individuais.
 Quando se tem uma lei geral, ela serve para regular casos
gerais, quando se tenta aplicar uma lei geral a um caso
excepcional, está se causando uma falácia de acidente, que tem
como conceito a ideia de que se está tentando aplicar uma regra
geral a uma situação onde essa regra não deveria ser utilizada.
 Assim, a aplicação cega da lei pode levar a injustiças, já que a
lei geral não abarca casos excepcionais.
 Para evitar isso, Aristóteles diz que o juiz, na hora de aplicar a
lei, deve ser capaz de utilizar um juízo em que ele possa
identificar essa situação e dobrar a lei para que ela se adeque
àquele caso concreto. Esse juízo é chamado por Aristóteles de
equidade.
 Ex da ilha de Lesbos: Aristóteles dizia que existia
dificuldade de medir as rochas nessa ilha por elas serem
irregulares. Os arquitetos dessa ilha desenvolveram uma
régua maleável, que permitia medir essas rochas por ser
possível moldá-la. Para Aristóteles, a equidade é como a
régua de chumbo dos arquitetos da ilha de Lesbos, pois
ela permite dobrar a norma ao caso concreto / adequação
legal ao caso concreto
 Em certo sentido, a equidade está acima da justiça entendida
como lei, pois em certo sentido a equidade dobra a lei para se
adequar ao caso concreto.
 Questão de prova: Qual a ligação da equidade em Aristóteles
com a falácia de acidente?
 A ideia da falácia de acidente é que se for aplicada uma
regra / lei cegamente, pode-se causar injustiças em casos
de exceção. A equidade dobra essa lei para que se
aplique ao caso. O conceito de equidade em Aristóteles
evita a falácia de acidente, pois ele impede que uma
norma geral seja aplicada a um caso excepcional.
 Questão de prova: Pedir aplicação do justo geral / universal
 Basta dar um exemplo de aplicação de lei
 Questão de prova: Pedir um exemplo de injustiça geral /
universal
 Basta dar um exemplo em que a lei não é obedecida
o Justiça particular em Aristóteles
 Nem sempre se utiliza o conceito de justiça geral / universal, as
vezes se trata de situações mais específicas, falando-se em
transações (Ex: transação patrimonial voluntárias)
 Justiça particular traz ideia de igualdade
 Justiça particular corretiva: transações patrimoniais
 Quando se fala em um contrato de compra e venda, por
exemplo, essa transação será justa quando existe um
equilíbrio patrimonial antes e após a transação.
o Obs: Não se pode dizer que uma transação não foi
justa simplesmente relatando o fato.

 Justiça particular distributiva


 Quando se fala em distribuição de honrarias e méritos
(desempenho e mérito do indivíduo), Aristóteles defende
aquilo que ele chama de Igualdade
geométrica/proporcional, ou seja, a distribuição deve ser
equivalente e proporcional ao mérito da pessoa. Se o
mérito é completo, a distribuição deve ser completa.
 Essa igualdade é uma igualdade proporcional
 Distribuição de acordo com o mérito das partes
envolvidas.
 Exemplo para prova: Distribuição de acordo com o mérito
e uma injusta (ex: fraude na licitação)
o Obs: Diferença entre igualdade para a justiça corretiva para a da
justiça distributiva
 A igualdade da justiça corretiva é um mero calculo patrimonial,
não envolve igualdade das partes, enquanto a igualdade de
justiça distributiva é uma questão de distribuição proporcional ao
mérito (quanto mais vale aquela parte, mais ela deve receber)
o Obs: A justiça é uma virtude, então ela é uma mediania

 Utilitarismo (O princípio da máxima felicidade)


o É uma teoria da justiça mais moderna.
o Caso 1: O caso dos exploradores de caverna. Em resumo, o caso
jurídico se passa no ano de 4.300, na localidade de Newgarth, cidade
ficticia que fazia parte da Commonwealth, em que quatro acusados,
membros de uma sociedade que explorava cavernas, foram
condenados pelo homicidio de um quinto membro, chamado Roger
Wethmore, no interior de uma caverna de rocha calcária. O
assassinato se consumou pois, enquanto os cinco exploradores
estavam vivenciando a sua aventura e explorando a caverna, ocorreu
um deslizamento de terras que fechou a única entrada,
impossibilitando-os de sair, de maneira a permanecerem presos sem
comida e sem água por muito tempo. Os exploradores decidiram,
então - por ideia de Roger Wethmore - que um deles iria servir de
comida para os outros quatro, pois só assim conseguiriam sobreviver,
e a escolha do membro seria feita por meio da sorte, jogando-se com
os dados que um deles havia levado consigo. Wethmore, após
conseguir convencer os colegas, desistiu da ideia, no entanto, os
dados o escolheram e, no 23° dia em que estavam presos, foi morto
pelos demais.
 Parte importante do voto de Foster, que decide por não
condenar os exploradores
 Consideramos a vida humana como um valor absoluto,
que não pode ser sacrificado em nenhuma circunstância.
Há muito de ilusório nessa concepção, mesmo sendo
aplicada às relações normais ocorrentes na vida social
 Qualquer rodovia, túnel ou edifício que nos projetamos
envolve um risco à vida humana. Os estatísticos podem
dizer o custo médio, em vidas humanas, de mil milhas de
uma rodovia de concreto.
 Pagamos este custo na suposição de que os valores
resultantes para aqueles que sobrevivem sobrepujam a
perda (FULLER, 1076, p.18).
 O voto diz que em alguma concepção, é razoável /
correto que exista um calculo do valor da vida humana.
 Apesar da vida ser considerada um valor absoluto, a
sociedade sujeita ela a cálculos a todo tempo.
 É possível justificar atos por esse calculo?
o O voto basicamente fala que, apesar de ser um
crime horrível, uma vida foi perdida para salvar
quatro outras, então, de certa forma, isso torna o
crime menor e até passível de perdão.
 Dentro da argumentação, esse argumento é sustentado
pelo que?
o Caso 2: Caso do Ford Pinto que tinha um sistema de combustível na
traseira e que, quando sofria colisão, gerava um incêndio. Os
engenheiros da Ford sabiam desse problema, mas ficaram em silêncio.
 Quem lembra do Ford Pinto? Lançado nos EUA na década de
70, o veiculo, quando atingido na traseira por outro com
velocidade igual ou superior a 50 km/h, explodia, causando
graves danos aos passageiros.
 O Ford Pinto foi desenvolvido rapidamente na tentativa de
combater o avanço da concorrência no mercado de
subcompactos americanos. Seu diferencial estava no espaço
interno, para um compacto. Contudo, para ser mais espaçoso,
seu tanque de combustível ficava na parte de trás do eixo
traseiro do carro.
 Certamente, a Ford conhecia os riscos da empreitada antes
mesmo de lançar o compacto, na medida em que junto ao
protótipo desenvolvido, somavam-se análises e estudos prévios
que apontavam qual seria o custo para reparar as vitimas de
possiveis colisões.
 Tais análises davam conta de que o valor poderia chegar a USS
11 por automóvel, implicando custo de cerca de USS 137
milhões. Mesmo assim, a Ford preferiu apostar na sorte, haja
vista que indenizações por morte, nas hipóteses de colisões e
explosões, segundo a jurisprudência norte-americana, na época,
custariam à empresa cerca de US$ 200 mil, no máximo.
Indenizações por queimaduras graves poderiam atingir a cifra
de US$ 67 mil e cada veiculo a ser reparado, após colisão, por
volta de US$ 700.
 Assim, se o cálculo feito pela Ford levasse em conta
possibilidade de 2.100 veículos incendiados 180 pessoas com
queimaduras graves e 180 mortes, o custo das indenizações
ficaria em apenas US$ 49,5 milhões. Ou seja: a Ford assumiu
os riscos porque seria mais barato indenizar as vítimas das
tragédias do que evita-las numa relação custo-benefício entre
vidas humanas X lucro da empresa.
 O que justifica uma decisão como essa? Qual a lógica e a ética
por trás dela? Existe uma teoria da justiça que vai tratar
situações dessa forma, no sentido que é justo, pois produziu
benefícios?
o Para tratar do utilitarismo, devem-se considerar duas abordagens
básicas de justiça:
 1) A moral de uma ação depende unicamente das
consequências que ela acarreta; a coisa certa a fazer é aquela
que produzirá melhores resultados, considerando-se todos os
aspectos.
 2) As consequências não são tudo com o que devemos nos
preocupar, moralmente falando: devemos observar certos
direitos e deveres por razões que não dependem das
consequências sociais de nossos atos.
 É possível ligar a moralidade de uma ação a um calculo de
resultados? A moral é uma questão de avaliar vidas
quantitativamente e pesar custos e benefícios?
 Sabe-se que é possível calcular o custo de vidas em
diversas atividades, porém, a questão é se existe alguma
teoria que diz que isso é correto / justo
 Certos direitos e deveres fundamentais estariam acima desse
cálculo?
o O utilitarismo de Jeremy Bentham
 Esse autor dizia que o mais elevado objetivo moral é maximizar
a felicidade colocando o prazer acima da dor.
 A coisa certa a se fazer é aquela que maximizará a utilidade e
evitar a dor e sofrimento.
 Utilidade é qualquer coisa que produza prazer ou felicidade e
que evite a dor ou sofrimento
 De certa forma, o autor diz que o prazer e a dor nos governam
em tudo que fazemos e determina o que devemos fazer. Os
conceitos de certo e errado deles advém.
 Existe uma determinada questão de moralidade em bons
resultados (que trazem coisas boas e afastam coisas ruins)
 Quando se coloca isso em um calculo geral (se é provado que
determinada ação, a despeito de um custo moralmente
questionável, ela gera um resultado benéfico para um maior
número de pessoas), pode-se justifica-la moralmente?
 Cidadãos e legisladores devem fazer a si a seguinte pergunta:
se somarmos todos os benefícios dessa diretriz e subtrairmos
todos os custos, ela produzirá mais felicidade que uma decisão
alternativa?
 Bentham achava que seu princípio de utilidade era uma ciência
da moral que poderia servir como base para a reforma política,
Ele propôs uma série de projetos com vistas a tornar a lei penal
mais eficiente e humana.
 Um desses projetos foi o Panopticon, um presídio com uma torre
central de inspeção que permitisse ao supervisor observar os
detentos sem que eles o vissem.
 O fato de colocar uma pessoa em situação de absoluta
indignidade, nada disso suplantaria a eficiência dessa
decisão, já que ela gera benefícios muito grandes.
 Bentham sugeriu que o Panopticon fosse dirigido por um
empresário, que gerenciaria a prisão em troca dos lucros
gerados pelo trabalho dos prisioneiros, que trabalhariam 16h por
dia.
 Pode-se retirar dessas pessoas a liberdade de trabalho
em nome de uma utilidade que iria gerar mais felicidade
para todos? Até que ponto pode-se justificar moralmente,
pela questão do efeito, uma castração química ou
penalização que seria questionada quanto aos direitos da
pessoa, simplesmente fazendo uma avaliação de seus
resultados?
 Embora o plano tenha sido rejeitado, a ideia de terceirizar
presídios para companhias privadas é tema atual em diversos
países.
o Tem-se uma teoria da justiça que entende que é perfeita possível que
se defenda que uma situação é moralmente adequada desde que ela
produza uma maior felicidade para um maior número de pessoas.
o A vulnerabilidade mais flagrante do utilitarismo, muitos argumentam, é
que ele não consegue respeitar os direitos individuais.
 Surgem aberrações desse autor como situações de criar um
local de trabalho forçado de moradores de ruas, vez que isso
geraria satisfação maior para a população em geral que não
teria que lidar com aquelas pessoas nas ruas.
 O problema da perspectiva utilitarista é que se coloca o foco /
objetivo no calculo de qual é o resultado para todo mundo e
isso, dentro das criticas que se faz ao utilitarismo, não respeita
os direitos individuais.
 Em uma visão radical do utilitarismo, não se tem direitos que
não são colocados a negociação.
 Rawls critica o utilitarismo, pois ele diz que os critérios de justiça
não devem ser colocados a uma negociação / quantificação
o Ao considerar apenas a soma das satisfações, ela pode ser muito cruel
como individuo isolado. Para o utilitarista, o individuo tem importância,
mas apenas enquanto as preferências de cada um forem consideradas
em conjunto com todos os demais.
 Uma questão básica dentro da ciência política aristotélica,
quando Aristóteles fala de uma forma de governo, não
funcionaria no utilitarismo. Uma vez que quando Aristóteles fala
de o que é um governo bom, um governo com virtudes e bom
para o governo em si, ele diz que é um governo que garante o
bem comum, que não é um bem de uma maioria ou minoria, de
modo que uma maioria não pode excluir uma minoria sob a
justificativa de que a maioria iria ter um prazer distribuído em
maior quantidade.
o A lógica utilitarista, se aplicada de forma consistente, poderia sancionar
a violação do que consideramos normas fundamentais da decência e
do respeito no trato humano.
 Quando se considera determinadas questões como a
declaração universal dos direitos humanos, se observa uma
grande crítica ao que ocorreu na guerra, vindo como uma
tentativa de pegar um núcleo de direitos humanos e tentar
universalizá-los.
 Dentro de uma perspectiva utilitarista isso estaria em cheque,
pois nada é universal, já que se, por exemplo, a liberdade de
alguns for muito custosa, isso poderia ser colocado em cheque.
 Assim, poderia se ignorar uma série de direitos, com tudo
podendo ser utilizado com o objetivo de gerar maior felicidade
para o maior número de pessoas
o O utilitarista pode argumentar que, até certo ponto, mesmo o mais
ardente defensor dos direitos humanos encontraria dificuldades para
justificar que e moralmente preferível deixar um grande número de
inocentes morrer a torturar um único terrorista suspeito que pode saber
onde a bomba está escondida.
 Nessa situação limítrofe, isso seria aceitável ou adequado?
 Alexy, na perspectiva de calculo proporcional e de
razoabilidade, a resposta aqui sempre seria não. Uma
vez que quando se tortura um terrorista, você está indo
de encontra a um núcleo de direitos humanos
fundamentais, sob a perspectiva e expectativa que talvez
se obtenha resposta, vez que não há garantia que a
tortura irá produzir resultados e a pessoa diga qualquer
coisa simplesmente para que ela possa sair daquela
situação.
 Está-se CERTAMENTE agredindo um direito fundamental
para que TALVEZ se obtenha resultado. Se está com
certeza causando algo ruim para, talvez, ter um objetivo
bom.
o Esse último exemplo mostra que as teorias da justiça servem para
essas situações que podem ocorrer e que a partir dai seu
posicionamento é sustentado por uma teoria de base. Por isso, em
determinadas situações é preciso saber identificar qual é a teoria que
dá sustentação na argumentação.
o A teoria do utilitarismo é uma teoria que relativiza os valores morais em
nome de objetivos / de um calculo de eficiência. Se determinada
situação provoca uma felicidade maior para um maior número de
pessoas, então se justificaria determinados atos ruins.
o Se se pretende combater um argumento utilitarista, é preciso ir por
outra via que irá defender que determinados valores são bons
independe dos efeitos que eles causam e dos custos que eles trazem.
 Ex de argumentação contraria ao utilitarismo: Não importa
quanto custa o tratamento de uma doença rara que uma pessoa
tem, todos tem direito à vida.
 Ex de argumento utilitarista: Com o tratamento dessa pessoa,
que talvez funcione, poderia se comprar uma vacina que vai
ajudar muito mais pessoas.

Teorias da argumentação

 Nas teorias da argumentação é importante saber tanto a fundamentação da


lógica formal como a fundamentação moral, uma vez que essas teorias
lançam mão de dimensões morais, questões de estruturas lógicas, etc.
 As teorias da argumentação modernas surgem a partir da metade do século
passado, num contexto de crítica ao positivismo jurídico, na questão que o
positivismo separa radicalmente o conceito de direito como norma (norma que
tem sua juridicidade de um fundamento formal / forma de produção) e justiça /
moral. A crítica é que a compreensão do direito deve ter um viés moral e deve
passar por uma teoria da justiça
 Algumas teorias da argumentação já foram estudadas, como Dworking, em
que se propõe formas de argumentar que decisões são justas, e Alexy, que
trata de casos de conflitos de direito fundamentais se pode argumentar
acerca de uma decisão mais razoável que outra, em que se aplica um lógica /
técnica / princípio de proporcionalidade, por exemplo, buscando uma decisão
melhor / mais justa (mais proporcional).
 Essas teorias do pós-positivismo buscam, principalmente, reaproximar do
conceito de direito, um conceito de ética / moral / justiça e as teorias da
argumentação também irão funcionar nesta medida.
 Porque usar Kelsen para tratar das teorias da argumentação?
o Pois Kelsen tem uma visão que faz parte de uma corrente do
positivismo chamada de neopositivismo lógico, porque Kelsen buscou
criar uma teoria do direito que possui precisão científica por meio do
neopositivismo lógico, que tenha a capacidade de trazer uma visão e
uma interpretação precisa acerca do direito, para isso, ele busca
eliminar ambiguidades, pois o discurso científico é um discurso livre de
ambiguidades, vez que a ideia da ciência é de que ela trata da verdade
e essa verdade é a certeza, é aquilo que se sabe e se tem critérios de
aferição daquele valor, de forma a trazer segurança e universalidade
naquele conhecimento.
o Quando Kelsen fala da aplicação científica do direito que levaria a
ciência do direito ao status das outras ciências, ele fala que quando
órgão jurídico fosse aplicar a norma ele deveria fixar o sentido da
norma (se o sentido não está claro, o órgão vai falar qual o sentido
correto), interpretando a norma, sendo essa interpretação o método
hipotético dedutivo, partindo da norma geral (escalão superior) e
terminando no individual (sentença judicial) (escalão inferior).
o Kelsen aplica na compreensão e aplicação do direito o método
hipotético dedutivo, vez que queria usar a lógica formal para interpretar
o direito, para conseguir precisão científica
o Obs: A teoria de Kelsen é formalista, não estando ligada à realidade
concreta, vez que, se se quer interpretar e aplicar o direito
corretamente, deve-se começar do topo da pirâmide (escalão
superior), só precisando lidar com a vida real (concreto) (escalão
inferior) na última escala hierárquica de compreensão, interpretação e
aplicação, vez que anteriormente a interpretação se deu somente
sobre as normas.
 As teorias da argumentação irão criticar esse posicionamento, de uso da
lógica formal e o pensamento hipotético dedutivo, que só se pode afirmar
aquilo que pode ser observado.
 Kelsen queria utilizar a lógica formal para compreender o direito, para
conseguir precisão científica, porém, para isso ele sacrifica quase todo o
resto. Os novos autores criticam o modelo do neopositivismo lógico que tentar
utilizar as categorias da lógica formal para compreender o direito não servem
ao se propósito, com os autores propondo outra teoria.
 Tópica jurídica (Theodor Viewhweg)
o Esse autor propõe uma nova forma de interpretar e conhecer o direito,
uma vez que a proposta de interpretação de Kelsen trazia o problema
de que, segundo os autores, a aplicação da lógica formal no direito não
conseguia explica-lo, uma vez que o direito não funcionava nesse
campo da lógica, mas sim no campo da dialética.
 Obs: Isso não quer dizer que não se usa a lógica no sentido de
compreender o raciocínio correto no direito. Significa que a
lógica formal não presta ou tem um uso limitado, não adiantando
tentar compreender uma aplicação do direito usando regra de
silogismo.
 Ex: Toda demanda é resistida em juízo. Ou seja, tudo que
uma pessoa diz, pode ser contrariado, logo, não existe
uma conclusão necessária, já que a natureza do direito é
dialética.
o A alternativa desses autores volta na teoria de Aristóteles e buscam o
campo da lógica que permite estudar essas questões da dialética e
permitem lidar com as realidades jurídicas (incerteza, opinião, senso
comum), uma vez que a lógica formal usada por Kelsen não funciona.
o Os autores escolhem uma lógica que permite melhor examinar o
raciocínio jurídico, adotando a lógica informal.
 Relembrando: A lógica informal trata das questões ligadas a
incertezas, senso comum, etc.
o Viehweg pega o conceito da lógica informal (lógica que opera na
dialética) e adequa isso, dizendo que o direito possui uma natureza
tópica, vez que o direito trabalha dentro da incerteza (opinião e senso
comum) (nem sempre se tem certeza do que aconteceu), mas isso não
impede as pessoas de argumentar corretamente.
 Ex: A pessoa pode não ser capaz de comprovar cientificamente,
mas isso não impede de convencer.
o Enquanto na lógica formal o objetivo é demonstração, na lógica
informal e teoria da argumentação o objetivo é o convencimento de
que tal posicionamento é o mais adequado. Conseguindo convencer,
se atinge o objetivo pretendido.
o Não é necessária a verdade na argumentação e mesmo sem certeza,
pode-se argumentar dentro do direito, para isso se trás a tópica
jurídica.
o Características da tópica jurídica
 Faz parte da teoria da argumentação
 É uma teoria que critica o formalismo de Kelsen
 É uma teoria que dá alternativa para argumentar e compreender
o direito.
 A compreensão do direito não parte do abstrato, mas sim do
caso concreto
 A compreensão do direito exige a compreensão de diferentes
sistemas e lugares de fala
 Ex: Normas jurídicas, jurisprudências, doutrina, costumes,
tradições, história, etc.
o Pensamento problemático x sistemático
 O pensamento sistemático é a forma de compreender e aplicar
o direito de Kelsen
 Para Kelsen o direito é um sistema de normas válidas e
para que aplique o direito, se parte desse sistema de
normas abstratas, para, no final, se ter a consideração
acerca de questões concretas
 Ex para Kelsen: Ocorreu um furto, deve-se olhar a CF,
que recepcionou o CP e o CPP, dai se aplica a lei, já que
ela é valida (começa no escalão superior até chegar ao
inferior)
 O pensamento problemático é a forma de compreender e aplicar
o direito de Viehweg
 Para Viehweg a compreensão do direito parte do caso
concreto (problema) e o caso concreto irá direcionar e
indicar em quais diferentes lugares de argumentação
deve-se buscar as premissas de seus argumentos.
 A tópica jurídica indica que a compreensão da realidade
não é algo que se retira estudando um único sistema ou
lugar de argumentação. Não se entende a complexidade
e realidade do direito estudando só as normas, já que
elas podem ser insuficientes, assim, diferentes lugares de
argumentação são necessários para que se compreenda
o direito em toda sua complexidade, vez que o direito é
formado por múltiplos sistemas, dentro os quais estão as
normas.
 Ex: Nem sempre uma questão de âmbito penal deve
começar pelo código penal.
 Ex para Viegweg: Ocorreu um furto, como explicar que a
norma do CP não vai ser aplicada, pois deve-se aplicar o
princípio da insignificância, já que ele não está
positivado? Assim, deve-se começar do caso concreto.
Quem fez o que? Em qual situação? Por quais razões?
Em qual contexto histórico e socioeconômico?. A partir
dai pode-se dizer que não se viu nada que justifique a
ação, logo, deve-se ir para o CP; ou o caso apresenta
uma questão mais complicada, a pessoa estava em
situação de desespero, não se aplica diretamente o CP e
se usa o princípio da insignificância.
o Objetivo da tópica
 O objetivo da tópica é produzir ou argumentar acerca de
decisões justas, sendo que essas decisões só podem ser
produzidas a partir do caso concreto.
 Como se vê, se tem o retorno da ideia de justiça para o direito.
Isso ocorre porque as teorias da argumentação nascem no
contexto de crítica ao positivismo, criticando a separação radical
entre direito e moral / ética.
 Importante: Se o ponto de partida é sempre o caso concreto, é
preciso considerar que a construção de uma decisão justa é
adstrita àquele caso concreto.
 Importa: Assim, segundo a tópica não existe conceito universal
de justiça. A justiça é um conceito que deve ser construído e
rediscutido a cada caso concreto.
 Isso é importante, pois entra no ponto das estratégias de
argumentação da disciplina.
 Vai se utilizar uma teoria da tópica jurídica quando se quer
discutir contra decisões vinculantes, já que ela artificialmente
estabelece que situações futuras semelhantes àquela são
iguais. Afirma-se que tudo é semelhante é igual, já que isso vai
permitir uma duração razoável do processo. Vai se buscar dizer
que a situação apresentada é diferente da vinculante e essa
situação exige que a partir do caso concreto em questão, e não
da decisão vinculante, que se rediscuta a questão da justiça,
pois a justiça para o caso semelhante não é a mesma.
 Obs: Não se quer dizer que uma decisão semelhante não
pode ser utilizada como suporte para um caso
semelhante, mas, nem sempre poderá ser, já que em
algumas situações as diferenças do caso concreto serão
suficientes para justificar que se estabeleça uma nova
compreensão, elementos e conclusão diversas.
 Os conceitos e as proposições só podem ser utilizados em uma
implicação que conserve sua vinculação com o problema. Ou
seja, os conceitos são relevantes e tem certeza de utilização
dentro daquele problema, em outro problema é preciso reavaliar
se cabe ou não.
o Resumo:
 Compreender a briga entre lógica formal e informal;
 Compreender que o direito, de acordo com o entendimento
dessas teorias da argumentação, opera dentro do campo da
dialética, vez que é preciso operar fora do campo da certeza, já
que muitas vezes se opera fora do campo do absoluto e do
discurso científico, de modo que a lógica formal não servirá pra
esses casos;
 Entender que o direito é um fenômeno mais complexo que as
normas abstratas, precisando ir além dessas normas para
compreender o direito, já que ele se da em sua concretude (é na
aplicação / realidade do direito que se compreende ele); Ideia do
pensamento problemático;
 O método da tópica diz que a compreensão parte do problema e
não do abstrato
 Linguagens formais
o É importante relembrar dos conceitos de sentença e proposição (ver no
início do caderno)
o Quando se fala em linguagem formal, deve-se levar em consideração o
que é essa linguagem formal; o que é uma comparação de uma
linguagem formal e uma linguagem natural
o Tanto a linguagem formal quanto a natural são linguagens e se está
falando de uma construção constituída por símbolos e que possui
regras próprias (gramática). No português se tem todos os símbolos /
fonemas (a-z) e esses fonemas representam um som, dos quais se
pode formar palavras e entre as palavras se tem regras gramaticais
que permitem a construção de sentido.
o “Toda linguagem é constituída de dois elementos básicos, um alfabeto
que especifica um conjunto contável de símbolos usados na linguagem
e uma gramática que caracteriza sua sintaxe, isto é, que especifica
como estes símbolos podem ser agrupado formando as expressões
admissíveis da linguagem.”
o Esquemas lógicos de representação formal – explicação dos símbolos
 Ex: Obra de Paulo de Barros no Curso de Direito Tributário, em
que ele trata da questão de símbolos e linguagem formal. Utiliza
para a compreensão do que é uma norma tributária - RMI
 Ex: Diferentes níveis de linguagem (linguagem do direito
positivo, linguagem lógica (linguagem formalizada), linguagem
normal)
o Colisões entre princípios e conflitos entre regras
 Ex: Explicação a ideia de princípio por meio de uma linguagem
formalizada
o Porque utilizar uma linguagem formal, já que é possível expressar isso
em linguagem normal?
 A justificativa vem da hermenêutica.
 A grande dificuldade da linguagem é que a realidade é sempre
muito mais complexa que a linguagem e essa linguagem natural
que se utiliza não é o meio mais apropriado e preciso para
descrever e compreender o mundo. A linguagem natural tende à
ambiguidade e à imprecisão, como por exemplo, quando
estudada a teoria de Hart, em que ele faz uma análise de uma
teoria da linguagem (teoria da textura aberta) em que se tem a
ideia de que a língua tende a ser ambígua.
 Quando se expressa um conhecimento acerca do direito ou uma
relação entre coisas, muitas vezes se faz isso de forma
imprecisa, porque a linguagem não é o meio mais apropriado
 “O que diferencia uma linguagem formal de uma linguagem
natural é que na linguagem formal a gramática é especificada
precisamente, enquanto na linguagem natural quase sempre
isso não é possível.”
 A linguagem formal não tem foco no conteúdo, mas sim na
forma do raciocínio.
 A linguagem formal é uma tentativa de reduzir essas
imprecisões conceituais; é uma tentativa de, retirando
determinados conteúdos, fazer uma análise unívoca da
estrutura lógica por trás de determinadas proposições. A
formalização da linguagem vai trazer esse primeiro objetivo, é
uma tentativa de, por exemplo, fazer análise da natureza de
uma norma tributária por meio de uma linguagem formal para
tentar oferecer uma compreensão de uma norma tributária
despida de ambiguidades.
o Como funciona a linguagem formal?
 Deve-se analisar a estrutura lógica por trás das proposições
o A lógica formal ou simbólica é responsável pelo estudo da forma dos
argumentos.
o Por ser formada de símbolos (convencionados), a linguagem formal
permite uma abstração do conteúdo das proposições.
 Obs: Quando se fala de proposições, se está falando do
resultado da interpretação de sentenças declarativas
o Uma dessas linguagens é cálculo proposicional, que permite a
articulação entre proposições, sem se preocupar com a estrutura
interna que elas apresentam.
 A ideia de calculo proposicional que dizer que, quando se
expressa diferentes proposições, é possível relaciona-las de
forma simples e compreensiva
 O calculo proposicional nada mais é que uma forma de
relacionar diferentes proposições.
 Ex: Hoje eu acordei, tomei café, tomei banho e depois estudei –
Aqui se tem uma série de proposições relacionadas uma com a
outra.
o O estudo dos símbolos dessa linguagem é a sintaxe do cálculo
proposicional.
o O estudo do significado lógico dos símbolos, de sua contribuição para
verificação de verdade ou falsidade, é a semântica dos operadores
lógicos.
o Sintaxe do cálculo proposicional
 O vocabulário dessa linguagem é composto não por palavras,
mas por símbolos. Esses símbolos são letras, operadores e
sinais de pontuação convencionados.
 Como fazer a formalização da linguagem natural e identificar a
forma das proposições para despir o discurso da linguagem
natural e atingir a compreensão da forma das proposições e das
relações entre elas?
 Primeiro, deve-se pegar uma sentença declarativa e
substituir / representar essa sentença por uma letra do
alfabeto (maiúscula ou minúscula) de sua escolha
(decisão arbitrária).
o Ex: A FDV oferece um curso de Direito  F
o Quando se lê “F”, deve-se ler a sentença
declarativa “A FDV oferece um curso de Direito”
o Prova: Se o essa atividade envolve-se o comando
“transforme a sentença declarativa em uma
expressão na linguagem formal”, bastaria
identificar os símbolos na linguagem formal.
 O calculo proposicional envolve a capacidade de
relacionar diferentes proposições. Assim, uma expressão
em linguagem formal deve conter as letras de a-z (cada
uma significa uma declaração) e a relação entre elas
descrita a seguir.
 Para articular proposições, utilizamos operadores. São
cinco os operadores do cálculo proposicional:
o 1) não é o caso que... – “~ (negação)”
 Ex: Não é o caso que estudei
o 2) e – “^ (ou &) (conjunção, forma conjuntos)”
 Ex: Acordei e tomei banho
o 3) ou – “v (disjunção, forma disjuntos)”
 Ex: Não se estudo ou assisto netflix
o 4) se... então... – “ (condicional, liga antecedente
ao consequente)”
 Ex: Se eu estudar eu vou passar de ano
o 5) se e somente se - “ (bicondicional)”

 Regras de formação de sentenças para cálculo:


 Todas as formas de cálculo proposicional são formadas a
partir de tr6es conjuntos:
o 1) letras sentenciais: Qualquer maiúscula ou
minúscula com um número integro subscrito
o 2) Operadores lógicos: ~, ^, v, , 
o 3) Parênteses: “(“ e “)” para evitar ambiguidades
 Uma fórmula válida do cálculo proposicional é chamada
de fbf (formula bem formada)
o Ex: Se o art. 121 do CP faz parte do Direito então
o art. 121 é válido
o Declaração 1: O art. 121 do CP faz parte do Direito
 “A”
o Declaração 2: O art. 121 é válido  “O”
o Existe uma relação entre essas duas declarações,
sendo uma relação condicional
o Texto em linguagem formal: (A  O)
 Conectivos
 Conjunção ^ (e)
 Disjunção v (ou)
 Disjunção exclusiva v (ou, ou)
 Condicional  (se)
 Condicional exclusivo  (se e somente se)

o Tabela verdade
 A tabela verdade é uma tabela que ajuda a encontrar o valor
atribuído a proposições compostas.
 Quando se pega uma proposição, sendo ela uma interpretação /
ideia por trás de uma sentença declarativa, pode-se atribuir à
ela o valor lógico de verdadeiro ou falso. Logo, quando se vai
analisar um proposição composta, ou seja, se tem duas ou mais
proposições e uma relação entre elas, também se pode atribuir
a elas um valor lógico de verdadeiro ou falso.
 Ex: Hoje é segunda feira (V); Hoje é feriado (V). Pode-se
pegar a primeira sentença e atribuir a letra “S” e para a
segunda “F”, colocando o valor lógico verdadeiro para as
duas. Pode-se considerar todo esses conjunto, usando a
tabela verdade para chegar ao valor lógico da proposição
composta.
 Coloca-se alguns valores na tabela verdade e ela vai ajudar a
descobrir o valor da proposição composta.
 A tabela verdade é utilizada na lógica com o intuito de definir o
valor lógico (V ou F) de uma proposição composta.
 Em lógica, as proposições representam pensamentos
completos, expressos em sentenças declarativas.
 Utiliza-se a tabela verdade em proposições compostas, ou seja,
sentenças formadas pela composição de proposições simples:
cada sentença simples possui seu valor (V ou F), assim como o
conjunto, a proposição composta, também possui valor (V ou F).
 Para combinar proposições simples e formar proposições
compostas são utilizados lógicos, que representam diferentes
operações possíveis.
P Q PQ
V V
V F
F V
F F
 Obs: Cada coluna pertence a uma proposição
 Obs: A terceira coluna é o valor das proposições compostas. P e
Q juntas, dentro de alguma operação, tem qual valor?
 Regras
 Sempre que se tiver uma tabela de duas variáveis (2
proposições diferentes), deve-se montar essa tabela de 4
linhas.
o Obs para o exemplo: Nesse primeiro esquema de
tabela verdade, sempre se monta da mesma
forma. Se tem duas variáveis diferentes,
independente de quantas vezes elas se repitam,
deve-se fazer 4 linhas e 3 colunas.
 Sempre se preenche essas tabelas da mesma forma.
o É uma convenção, uma vez que preenchendo
dessa forma, se coloca todos os valores possíveis
de combinação, considerando que todas as
proposições possuem um valor lógico de verdade
ou falso.
 Para estudar tabela verdade, é preciso gravar algumas
tabelas e partir delas se monta as outras.
o As tabelas que se tem que memorizar já trazem o
resultados para cada relação de “P” e “
o
o
o Q”
o Tabela da conjunção ^ (e)
P Q P^Q
V V V
V F F
F V F
F F F
 É a tabela operada pelo “e”
 Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
 Ex:
 Proposição 1: Para se formar, o aluno precisa ser
aprovado nas disciplinas (P)
o Ela pode ocorrer (se aprovado) (V) ou não (F)
 Proposição 2: Para se formar, o aluno precisa ser
aprovado no TCC (Q)
o Ela pode ocorrer (V) ou não (F)
 Proposição composta: Para se formar, o aluno precisa ser
aprovado nas disciplinas e ser aprovado no TCC. (P^Q)
 1ª Linha: Se Rogerio foi aprovado nas disciplinas (V em
P) e foi aprovado no TCC (V em Q), ele pode ser formar
(V em P^Q)
 2ª Linha: Se Rogerio foi aprovado nas disciplinas (V em
P) e foi reprovado no TCC (F em Q), ele não pode ser
formar (F em P^Q)
 3ª Linha: Se Rogerio foi reprovado nas disciplinas (F em
P) e foi aprovado no TCC (V em Q), ele não pode ser
formar (F em P^Q)
 4ª Linha: Se Rogerio foi reprovado nas disciplinas (F em
P) e foi reprovado no TCC (F em Q), ele não pode ser
formar (F em P^Q)
 A conjunção estabelece um tipo de relação em que, apenas
quando ambas as proposições tem o valor de verdadeiro que a
proposição composta será verdadeira.
o Tabela da disjunção simples / inclusiva v (ou)
P Q PvQ
V V V
V F V
F V V
F F F
 É a tabela operada pelo “ou”
 Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
 Ex:
 Proposição 1: Para entrar no cinema, você precisa de um
ingresso inteiro (P)
o Ela pode ocorrer (se aprovado) (V) ou não (F)
 Proposição 2: Para entrar no cinema, você precisa de um
ingresso de meia entrada (Q)
o Ela pode ocorrer (V) ou não (F)
 Proposição composta: Para entrar no cinema, você
precisa de um ingresso inteiro ou de meia entrada (PvQ)
 1ª Linha: Se Rogerio possui um ingresso inteiro (V em P)
ou possui ingresso de meia entrada (V em Q), ele pode
entrar no cinema (V em PvQ)
 2ª Linha: Se Rogerio possui um ingresso inteiro (V em P)
ou não possui ingresso de meia entrada (F em Q), ele
pode entrar no cinema (V em PvQ)
 3ª Linha: Se Rogerio não possui um ingresso inteiro (F
em P) ou possui ingresso de meia entrada (V em Q), ele
pode entrar no cinema (V em PvQ)
 4ª Linha: Se Rogerio não possui um ingresso inteiro (F
em P) ou não possui ingresso de meia entrada (F em Q),
ele pode entrar no cinema (V em PvQ)
 A disjunção é uma relação de “ou”, que exige que uma ou outra
proposição seja verdadeira, para que o valor composto seja
verdadeiro.
o Tabela da disjunção exclusiva v (ou, ou)
P Q PvQ
V V F
V F V
F V V
F F F
 É a tabela operada pelo “ou, ou”
 Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
 Ex:
 Proposição 1: Você estuda Direito Tributário (P)
 Proposição 2: Você assiste Game of Thrones (Q)
 Proposição composta: Ou você estuda Direito Tributário,
ou assiste Game of Thrones (PvQ)
o Obs: Nesse caso, não existe chance de não fazer
um dos dois. Se a pessoa não estudar, é certo que
ela assistirá GOT; Se a pessoa for estudar, é certo
que ela não assistirá GOT.
 1ª Linha: Rogerio consegue estudar direito tributário (V
em P) e consegue assistir GOT (V em Q), não (F em
PvQ)
 2ª Linha: Rogerio consegue estudar direito tributário (V
em P) e não consegue assistir GOT (F em Q), sim (V em
PvQ)
 3ª Linha: Rogerio não consegue estudar direito tributário
(V em P) e consegue assistir GOT (V em Q), sim (V em
PvQ)
 4ª Linha: Rogerio não consegue estudar direito tributário
(F em P) e não consegue assistir GOT (F em Q), não (F
em PvQ)
 Essa disjunção trás uma lógica de “ou, ou”, logo, tanto a pessoa
é obrigada a realizar uma escolha, como ao realizar essa
escolha, se abre mão da outra. Você é obrigado a realizar uma
escolha e quando você realiza uma escolha você,
obrigatoriamente, abre mão da outra possibilidade.
o Tabela condicional  (se, então)
P Q PQ
V V V
V F F
F V V
F F V
 É a tabela operada pelo “se, então”
 Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
 Ex:
 Proposição 1: Rodrigo é médico (P)
 Proposição 2: Rodrigo fez faculdade (Q)
 Proposição composta: Se Rodrigo é médico, então fez
faculdade (PQ)
 1ª Linha: É possível que Rodrigo seja médico (V em P), e
Rodrigo fez faculdade (V em Q). Sim (V em PQ)
 2ª Linha: É possível que Rodrigo seja médico (V em P), e
Rodrigo não fez faculdade (F em Q). Não (F em PQ)
 3ª Linha: É possível que Rodrigo não seja médico (F em
P), e Rodrigo fez faculdade (V em Q). Sim (V em PQ)
o Obs: É possível que ele não seja médico e tenha
feito qualquer outra faculdade que não a de
medicina.
 4ª Linha: É possível que Rodrigo não seja médico (F em
P), e Rodrigo não fez faculdade (F em Q). Sim (V em
PQ)
 É a relação em que o valor de uma proposição condiciona a
outra.
o Tabela bicondicional  (se e somente se)

P Q P Q
V V V
V F F
F V F
F F V
 É a tabela operada pelo “se, então”
 Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
 Ex:
 Proposição 1: Vou me formar (P)
 Proposição 2: Vou passar em lógica (Q)
 Proposição composta: Vou me formar, se e somente se
passar em lógica (P Q)

 1ª Linha: Rogerio se formou (V em P) e passou em lógica

(V em Q). É possível (V em P Q)
 2ª Linha: Rogerio se formou (V em P) e não passou em

lógica (F em Q). É impossível (V em P Q)


 3ª Linha: Rogerio não se formou (V em P) e passou em

lógica (V em Q). É impossível (V em P Q)


o Obs: Nessa estrutura lógica não é possível, já que,
se ele passar em lógica, ele automaticamente
estaria formado
 4ª Linha: Rogerio não se formou (V em P) e não passou

em lógica (V em Q). É possível (V em P Q)


o Negação (~)
 Diferente dos outros operadores, a negação muda o valor de
uma única proposição.
 Logo, sempre que uma proposição P for verdadeira, sua
negação ~P será falsa. E sempre que uma proposição P for
falsa, sua negação ~P será verdadeira.
o Obs: Muitas vezes, o uso das tabelas lógicas não são compatíveis com
nossos extintos, de modo que as vezes parece não ser dessa forma.
o Exemplo
 O motorista profissional precisa ser aprovado no exame de
legislação e no texto psicológico (M^E)
 Se for aplicado a um caso concreto em que ambas as
proposições são verdadeira, tem-se que utilizando a 1ª
linha da tabela da conjunção, essa proposição composta
é verdadeira.
 A petição inicial deve incluir a identificação das partes e o valor
da causa (P^V)
 Se for aplicado a um caso concreto em que ambas as
proposições são verdadeira, tem-se que utilizando a 1ª
linha da tabela da conjunção, essa proposição composta
é verdadeira.
 O aluno da FDV é obrigado a apresentar TCC ou artigo
científico (TvA)
 Se for aplicado a um caso concreto em que ambas as
proposições são verdadeira, tem-se que utilizando a 1ª
linha da tabela da disjunção, essa proposição composta é
verdadeira.
 O aluno da FDV não precisa apresentar artigo científico (~A)
 Nesse caso, não é necessário aplicar a tabela
 Tabela da conjunção
M E M^E
V V V
V F F
F V F
F F F
 Tabela da disjunção inclusiva
P Q PvQ
V V V
V F V
F V V
F F F
o Obs: O número de linhas da tabela verdade será determinado pela
formula 2n em que “n” é o número de variáveis únicas
 Equivalência
o Duas proposições são consideradas EQUIVALENTES entre si, quando
transmitem a mesma ideia. De forma mais técnica, dizemos que duas
proposições são equivalentes entre si quando elas SEMPRE possuem
o mesmo valor lógico - ou seja, quando uma é verdadeira, a outra
também é, e quando uma é falsa, a outra também é. Resumidamente,
duas proposições são equivalentes quando possuem a mesma tabela-
verdade.
o Uma equivalência lógica é quando se pega uma proposição composta,
monta-se a tabela verdade dela, pega-se outra e monta uma tabela
verdade dela, se os resultados da ultima coluna forem idênticos em
todas as linhas, se tem uma sentença que é logicamente equivalente.
o Quando se tem uma questão de equivalência, se tem as mesmas
proposições, o que muda são as operações lógicas sobre elas
o Ex:
 Se estudo lógica, então sou aprovado
 PQ
 Se não sou aprovado, então não estudo lógica
 ~Q~P
P Q ~P ~Q PQ ~Q~P
V V F F V V
V F F V F F
F V V F V V
F F V V V V
 Comparando a linha da primeira proposição composta com a
formula da segunda proposição composta, vê-se que elas são
iguais, logo, elas são equivalentes.
o Ex


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