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Introdução
Sentenças e proposições
Sentença
o Forma linguística que expressa uma ideia
o É a oração que se tem o sujeito, verbo modalizado e predicado
o Aqui se está falando das sentenças declarativas
Proposição
o Significado expresso por meio de uma sentença declarativa
As formas linguísticas utilizadas por falantes de uma língua a fim de expressa
uma ideia, será dado o nome de sentença. Ao significado expresso por meio
de uma sentença declarativa, será dado o nome de proposição
Sendo a proposição o núcleo conceitual da sentença declarativa,
independente da linguagem, é preciso estabelecer a diferença entre sentença
e proposição.
A sentença declarativa é uma construção gramatical, de forma que se forem
mudados os termos a sentença também é modificada.
o Ex de quatro diferentes sentenças:
1) Hércules matou o Leão da Neméia
2) O Leão da Neméia foi morto por Hércules
3) Hércules realizou a tarefa de matar o Leão da Neméia
4) Hercules killed the Lion of Nemea
Essas quatro sentenças declarativas trazem a mesma
ideia/sentido, que é chamada de proposição, ou seja, se tem
quatro sentenças e uma proposição.
Dessa forma, é possível ter diferentes sentenças expressando a mesma ideia
(proposição).
o Ex de duas sentenças iguais:
1) O professor já está na sala virtual, a aula irá começar.
(8:00am)
2) O professor já está na sala virtual, a aula irá começar.
(9:25am)
1) Dirigir a 60 km/h é seguro (condições normais, velocidade
máxima da pista: 60 km/h)
2) Dirigir a 60 km/h é seguro (descendo a serra, na chuva,
velocidade máxima da pista: 20 km/h)
o Nesse caso, a sentença não foi mudada, mas o valor de falso e
verdadeiro mudou, dependendo do contexto que ela é atribuída.
o Assim, mesmo que existam sentenças iguais, aqui se tem proposições
diferentes, pois o valor de falso foi mudado para verdadeiro.
A relação entre a sentença e a proposição é de independência, pois é
possível ter diferentes sentenças com o mesmo sentido (proposição), assim
como é possível ter sentenças iguais, que dependendo do contexto, se muda
o sentido (proposição).
Argumentos
Valor lógico
Argumentos dedutivos
Argumento indutivos
Dialética e retórica
Falácias de relevância
Apesar dos numerosos usos que fazemos do termo falácia (como crença ou
opinião falsa, por exemplo), seu significado na lógica é estrito, referindo-se a
um tipo de raciocínio incorreto
As falácias podem ser divididas em formais e não-formais. As não-formais
são aquelas que podem enganar por falta de atenção ou ambiguidade
o Dentro das falácias informais existem as falácias de relevância e
ambiguidade.
A falácia, então, se dá quando a conclusão do argumento não é
legitimamente sustentada, isto é, as premissas não possuem evidências ou
suficiente clareza de linguagem capazes de corroborar a verdade da
conclusão.
As falácias de relevância ocorrem quando as premissas não tem relação
suficiente com a conclusão do argumento; enfim, as premissas são incapazes
de justificar a conclusão.
o Ou seja, se tem uma conclusão que não deriva adequadamente de
suas premissas ou, pode-se dizer que se tem um argumento no qual
as premissas não sustentam logicamente a conclusão.
o Para que uma conclusão seja legitimamente sustentada, é preciso de
premissas que ofereçam o suporte e tenha uma ligação de que a
premissa justifica a conclusão e a conclusão é justificada pela
premissa.
o Obs: Um argumento com uma incorreção, no qual uma premissa não
sustenta sua conclusão, nada mais é do que um argumento
incorretamente construído, não sendo necessário adotar uma palavra
só para isso. Para se caracterizar um argumento como falacioso (e não
só incorreto) é preciso de outros elementos dentro desse erro.
O argumento falacioso tende a revestir-se com aparência de validade, de
correção. Sua eficiência é resultado, normalmente, de forte poder psicológico
de persuasão.
As falácias de relevância são também conhecidas por falácias de apelação,
pois não havendo justificativas racionais, apela-se à compaixão, ao medo, à
hostilidade etc.
o Como não se tem uma fundamentação racional, é necessário apelar
pelo uso das falácias não-formais, permitindo um tipo de manipulação.
Como conseguem ser persuasivos, apesar de sua incorreção lógica,
explicam-se, em alguns casos, pela sua função expressiva, destinadas a
provocar atitudes suscetíveis de causar a aceitação das conclusões que
instigam, em vez de fornecerem as provas que evidenciem a verdade dessas
conclusões
o Apesar do erro descrito acima, a falácia apresenta/mantem uma
aparência de correção, de forma que a primeira vista ela aparenta ser
correta.
o Como se está falando dentro de um campo de argumentação e nele,
muitas vezes, se tem o objetivo de convencimento e de desconstrução
do argumento alheio, deve-se entender que a falácia, a despeito de ser
o argumento com erro, se mostra altamente eficaz, principalmente por
uma questão de utilização da função expressiva da linguagem, que
busca usar o discurso com o objetivo de suscitar ou comunicar
emoções, sendo uma espécie de manipulação emocional.
Resumo: O discurso falacioso vai apresentar: 1) um argumento que contem
um erro essencial, que decorre do fato da conclusão não derivar das
premissas ou as premissas não legitimam a conclusão; 2) uma aparência de
correção, apesar de conter um erro, ela tentar se fazer passar por um
argumento correto; 3) se mostra altamente eficaz devido, principalmente, pelo
uso da função expressiva da linguagem ou de desatenção, ou seja, trazendo
a questão da manipulação.
Apelo à força (argumentum ad baculum)
o O primeiro dos usos da falácia é a situação em que a pessoa quer
forçar determinado ponto para convencer alguém, mas ela não possui
fundamentação racional ou articulação emocional para isso, diante
disso, a pessoa apela para o uso da violência/força
o Argumentum ad baculum (recurso à força): neste tipo de argumento
falacioso, utiliza-se de intimidação (física ou verbal) com o objetivo de
provocar a aceitação de determinada conclusão. É frequentemente
invocado quando argumentos ou provas racionais fracassam.
o Identifica-se com o aforismo: A força faz o Direito.
o Acaba o viés racional e de argumentação, mas como a pessoa não
desiste ela apela para a força.
Ex: Uma ameaça explicita ou implícita pode ser considerada um
apelo a força
o É a ideia de que se a pessoa intimida a outra pela força, o outro aceita
o que se está falando, não necessariamente porque concorda ou
porque a conclusão é fundamentada por premissas adequadas, mas
porque o outro está intimidade com a expressão da força da pessoa
(física ou até de determinada autoridade)
Ex: O candidato a um cargo eletivo pode sugerir que alguém
vote nele sob a insinuação de que ele é dono da empresa onde
o outro trabalha. (funciona também para casos que se relação
de hierarquia)
Contra a pessoa (argumentum ad hominem)
o Ataca uma afirmação ou proposta atacando o sujeito que a propôs, e
não seu argumento. Este tipo de falácia apresenta modalidades
distintas.
o É a falácia em que se sai da argumentação e se ataca a própria
pessoa com quem se está argumentando
o Ofensivo:
Quando ataca alguém a partir de um ou mais dos seguintes
aspectos: caráter, família, sexo, idade, a posição social ou
econômica, a personalidade, a aparência, a roupa etc.
Ex: O senador alagoano voltou a pedir a palavra para fazer o
que chamou de “reparos históricos” e, entre outros pontos,
desse que a revista Veja teria comandado um esquema que
culminou em seu impeachment. “O que sofre hoje o presidente
José Sarney, por parte de alguns setores da mídia, é algo que
conheço bem, pelas entranhas”, reforçou Collor.
Ex: O projeto de lei do prefeito, que reza sobre a criação de
áreas públicas de preservação ambiental, deve ser
massivamente rejeitado pelo legislativo, considerando que o
prefeito foi obrigado judicialmente a devolver aos cofres públicos
uma soma considerável de dinheiro, fruto de um aumento ilegal
e abusivo no seu vencimento e no dos seus secretários.
o Culpa por associação
Tentativa de refutar uma proposição atacando indiretamente seu
proponente, criticando e questionando seu círculo social.
Ex: Carlos é militante pela criação de uma ONG de amparo às
mulheres vítimas de violência sexual. Mas é de conhecimento
público que seu irmão Geraldo, foi diversas vezes acusado de
desvio de verbas públicas. Logo, esse tipo de ONG deve ser
combatida.
o Interesse revestido
Busca rejeitar uma afirmação sustentando que seu autor a
propôs porque tem a intenção de obter vantagens ou evitar a
perda das mesmas.
Ex: Antônio é contrário à reforma administrativa no que diz
respeito ao fim da estabilidade do servidor público. Ora, ele é
professor estadual. Portanto devemos apoiar o fim da
estabilidade do servidor público.
Apelo à ignorância (argumentum ad gnoratiam)
o Ocorre quando uma dada afirmação é tida como verdadeira pela
simples razão de ninguém provou que é falsa, ou como falsa, uma vez
que nunca foi provada verdadeira.
o Há ressalvas em um tribunal, pois, ai, o princípio inspirador é supor a
inocência até provada a culpa.
o Nesse argumento, a partir do momento que não se consegue provar
algo, se presume que o contrário é verdadeiro.
o A partir dai pode-se tirar argumentos de razoabilidade e não de
certeza.
Ex: Determinada pessoa é inocente, pois ele nunca foi
condenado.
Apelo à piedade (argumentum ad misericordiam)
o É uma falácia que é socialmente aceita, no sentido que não é um
grande crime ético se apelas à ela
o O argumento se baseia num apelo à piedade, à compaixão. Busca
despertar sentimento de pesar, de piedade.
o Esse argumento encontra-se, com frequência, nos tribunais de justiça,
quando um advogado de defesa põe de lado os fatos pertinentes ao
caso e trata de ganhar a absolvição do seu constituinte, despertando a
piedade dos membros do júri.
o É possível que, dentro de um argumento racional, se faça uso em
alguma parte de uma falácia de piedade.
Apelo ao povo (argumentum ad populum)
o É comum nessa falácia, criar no povo um sentimento de unidade, para
que ele concorde com a pessoa por um sentimento de pertencimento e
lealdade, independente do que ela está falando.
o Ocorre quando a conclusão se apoia em apelo emocional ao povo ou
às multidões. Busca a aderência das massas, usando como meio a
retórica sentimental. Técnica comum utilizada pelo demagogo,
publicitário, “marqueteiro”.
o É a tentativa de ganhar a concordância popular para uma conclusão,
despertando as paixões e o entusiasmo da multidão.
Apela à autoridade (argumentum ad verecundiam)
o É quando a pessoa fundamenta o argumento não em questão racional,
mas sim no status ou posição de poder de uma pessoa.
o Ocorre principalmente quando o status ou a posição não justifica em
nada a questão que se está discutindo.
o Objetiva justificar sua conclusão apelando para o sentimento de
respeito que as pessoas cultivam por alguma personalidade. A fama, o
status da autoridade é o ponto chave para o efeito de persuasão.
o Essa falácia remete ao sentimento de respeito que as pessoas sentem
por indivíduos famosos, para concordar com uma conclusão.
o Esse argumento nem sempre é falacioso, pois a referência de um
especialista em seu campo pode constituir argumento válido.
o Quando se afirma que uma proposição é verdadeira na base de sua
asserção por uma autoridade for a de sua competência, há a presença
da falácia.
Ex: Sou desembargador e por isso não preciso fazer uso de
mascara; Sou delegada e não preciso mostrar comprovante
fiscal na hora de trocar produtos
o O apelo à autoridade não passa necessariamente pelo apelo à
violência ou à força, tem ligação mais ao marketing e ao status da
pessoa.
Falácia de acidente
o Essa falácia lida com a incompatibilidade entre a norma geral e uma
norma para caso específico
o Quanto mais gerais forem as normas, mais incapaz ela é de se
adequar a casos específicos.
o Quando se busca aplicar a norma geral para casos específicos, pode-
se acabar cometendo injustiças.
o A falácia de acidente ocorre quando se tenta aplicar uma lei geral a
uma caso que é claramente excepcional.
o Deduzir, de uma regra geral, um caso particular, cuja especificidade o
torna inaplicável. Em suas mais sérias formas, a falácia de acidente
ocorre frequentemente entre legalistas que tentam decidir casos
complexos com regras gerais.
Falácia de acidente convertido (generalização apressada)
o Ocorre quando se infere de um dado singular ou de alguns elementos
de um todo uma conclusão sobre o todo.
o É quando se pega uma situação que é exceção, mas se faz parecer
que é um caso normal, tentando aplica-la como regra geral.
Falácia de falsa causa (non causa pro causa; post hoc ergo propter hoc)
o Indica o erro de tomar como causa de um efeito algo que não é sua
causa real.
o Inferência de que um acontecimento é causa de outro na simples base
de que o primeiro é anterior ao segundo.
o Consideraremos todo e qualquer argumento que tenta erroneamente
estabelecer uma conexão causal como uma falácia de falsa causa.
o O mero fato de coincidência ou sucessão temporal não basta para
estabelecer uma conexão causal.
o Causa é uma condição necessária e suficiente.
Petição de princípio (petitio principii)
o Deriva da natureza da relação de independência de sentença e
proposição, vez que se pode falar uma mesma coisa de determinadas
formas.
o A petição de princípio articula o argumento de modo que a premissa
usada para asseverar a conclusão é a própria conclusão (mesma
proposição, diferentes sentenças). A premissa é irrelevante, pois não
prova a conclusão (mas não para a verdade da mesma, pois se a
premissa for verdadeira, a conclusão também será).
o Consiste em solucionar a questão por si mesma.
o É um raciocínio circular: se a premissa é verdadeira, a conclusão
igualmente é, ou o contrário.
o A falácia busca mascarar a repetição, para fazer parecer que se está
falando algo diferente do que já foi dito anteriormente
o Ex: A sociedade é injusta, porque não há justiça social.
o Ex: Nossa equipe é a mais destacada no torneio, porque tem os
melhores jogadores e o melhor treinador. Sabemos que possui os
melhores jogadores e o melhor treinador; por conseguinte, é óbvio, vai
ganhar o título. E ganhará o título, pois merece conquistá-lo. É claro,
merece ganhar o título, porque é, de há muito, a melhor equipe.
Pergunta complexa
o São perguntas que, apesar de aparentemente simples, contém
afirmações em sua estrutura.
o As perguntas deste gênero pressupõem que já foi dada uma resposta
definida a uma pergunta anterior, que nem sequer foi formulada.
o Não se dá espaço de resposta para a pessoa, já se tem uma resposta
predefinida.
o O problema é que as vezes se oculta uma acusação por trás da
pergunta
Ex: Você parou de beber e dirigir?
Por trás da pergunta, se está afirmando que a pessoa já
tinha esse comportamento no passado.
o Para solucionar essa questão, não deve-se responder a pergunta, pois
ela não é simples, não tendo a resposta simples.
o Para tratar com essas questões, é importante isolar seus
componentes, pois “apenas perguntas simples podem ser respondidas
simplesmente”.
Conclusão irrelevante (ignoratio elenchi)
o É quando se argumenta a respeito de algo, mas, por qualquer razão
que seja (não sabe, não quer ou não consegue provar um ponto), a
pessoa vai desviando o argumento para algo que se quer falar.
o É cometida quando um argumento que pretende estabelecer uma
conclusão é dirigido para provar uma conclusão diferente.
o Se distorce o argumento para chegar a um ponto que se pretende
provar.
o Ex: Num tribunal, tentando provar que o réu é culpado de homicídio, o
promotor argumenta longamente que o homicídio é um crime horrível.
Será capaz de provar esse argumento, mas é irrelevante.
o Durante uma alongada discussão, a fadiga pode acarretar desatenção
e erros, de forma que as irrelevâncias passem despercebidas.
Falácia do espantalho
o A falácia do espantalho (também conhecida como falácia do homem de
palha) é um argumento em que a pessoa ignora a posição do
adversário no debate e a substitui por uma versão distorcida que
representa de forma errada, esta posição.
o A falácia se produz por distorção proposital, com o objetivo de tornar o
argumento mais facilmente refutável, ou por distorção acidental,
quando o debatedor que a produz não entendeu o argumento que
pretende refutar.
o A intenção que está escondida por trás é não ter que enfrentar os
argumentos da outra pessoa ou outra posição. Isso se deve ao fato de
que, por meio da falácia do homem de palha, os argumentos do outro
são facilmente substituídos por absurdos.
o A estrutura da falácia é a seguinte:
Uma pessoa planta o argumento “A”
Seu oponente o interrompe e substitui o argumento “A” pelo
argumento “B”.
Este é parecido com aquele, mas está incorreto.
A segunda pessoa refuta o argumento “B”
Como os argumentos foram equiparados, dá a impressão de
que a “A” também foi refutado.
Falácias de ambiguidade
Teoria da justiça
O positivismo jurídico
o Quando se fala a respeito do positivismo jurídico, deve-se entender
que ele se refere a uma série de teorias do direito.
o Existe uma questão que serve para se dar uma visão geral e
simplificada do positivismo. Bobbio diz que o positivismo jurídico é uma
teoria do direito que estuda unicamente o direito positivo, excluindo de
seu universo qualquer outra forma de direito, como por exemplo, uma
determinada concepção de direito natural.
o Não faz uma referência no sentido de que uma lei é positivista, mas
que uma pessoa ou determinada interpretação pode ser considerada
positivista.
o A ideia do positivismo vem de uma série de autores como por ex: Hart
e Kelsen, com cada autor trazendo sua leitura, particularidade e
contribuição a essa tentativa de compreensão do direito.
o Com as teorias sendo diferentes, surge a pergunta: “Como pode-se
colocar todas essas teorias sob a mesma classificação de teoria
positivista?”
Existem três pontos nevrálgicos para o positivismo jurídico,
independente do autor:
Metodologia
o O positivismo tende a utilizar em suas teorias a
metodologia adotada pelas ciências naturais,
envolvida no empirismo e critérios de verificação
aos quais se pode atribuir valor de verdadeiro ou
falso.
o Uma teoria do positivismo jurídico é uma teoria que
vai realizar uma série de declarações sobre o
direito a respeito daquilo que pode ser verificado
como verdadeiro ou falso, dentro do campo da
formação de argumento dedutivo.
o Na vertente do neopositivismo lógico, o positivismo
adota a lógica como forma de compreensão.
o Principalmente no neopositivismo lógico, o
positivismo utiliza as categorias lógicas na
compreensão do direito, no sentido que irá se
descrever as regras jurídicas como elas são (como
posso descrevê-las, como descreve-las por um
critério que se pode verificar se o que está
declarando é verdadeiro ou falso)
Neutralidade
o Quando se faz uma leitura ou interpretação do
positivismo jurídico, se adotado nessa postura
científica uma neutralidade perante aquele
conhecimento. É a ideia de que os juízos de
conhecimento dentro dessa categoria do
positivismo jurídico irão operar como juízos de
fatos, descrevendo a realidade e as normas como
elas são, não como se queria que elas fossem ou
se posicionar valorativa perante elas.
o Não é relevante se alguém acha justa ou não a
norma
Sistematização
o A sistematização decorre da organização que se
tem dessas normas, dentro de um sistema
normativo.
o As normas são organizadas hierarquicamente e
por um critério de pertencimento. Uma norma é
uma norma jurídica, porque ela é valida, vez que
foi produzida de uma determinada forma por uma
autoridade competente.
o Uma vez que se considerada uma norma valida,
ela é organizada hierarquicamente dentro do
sistema jurídico.
o O positivismo jurídico estabelece, em razão de sua metodologia
específica, da neutralidade e a forma de sistematização, uma
separação radical entre o direito e a moral/justiça, então, o conceito de
justiça ou teorias da justiça é absolutamente irrelevante para uma visão
positivista do direito, vez que ele não irá lidar com essas questões, a
não ser no sentido de negar essa relação entre direito e moral.
Por ele (positivismo jurídico) se manter dentro daquilo que pode
ser valorado ou de declarações que podem ser verificadas, é
por essa razão é possível ao positivismo jurídico na organização
de sua teoria a ideia da lógica formal e a ideia de argumentos
dedutivos (de certeza).
Pós-positivismo: Dworkin
o Para contrapor a ideia do positivismo jurídico, se tem o pós-
positivismo.
o Quando se fala em pós-positivismo, não se está falando em uma teoria
específica, mas sim de um conjunto de teorias modernas e
contemporâneas, que surgiram de um movimento de crítica ao
positivismo e da adoção de alguns conceitos que são radicalmente
incompatíveis com o positivismo.
o A grande crítica de Dworkin é que o positivismo jurídico separa
radicalmente o direito e a moral, uma vez que, a despeito de tentar, por
via do positivismo, criar uma teoria neutra, científica e universal, o que
se percebe é que as práticas dos tribunais não reflete essa teoria. Por
mais que se tente criar uma visão positivista no sentido de uma
compreensão unicamente formal, percebeu-se que isso não era
suficiente para compreender e justificar os raciocínios jurídicos
utilizados na prática.
o Dworkin conta alguns casos e diz que se ele conseguir demonstrar que
o direito não funciona como o positivismo quer compreende-lo e que
ela é tão limitada que se deixa de compreender o universo que é o
direito, ele conseguirá desacreditar essa teoria.
o Para isso, Dworkin toma como modelo a teoria positivista de Hart e a
partir disso diz que, é possível perceber que a decisão proferida no
caso que ele trás como exemplo (riggs vs palmer – matou o avô para
ficar com a herança) foi tomada a despeito das leis vigentes, foi
tomada por um sentimento de justiça e orientada por valores que não
estão nas regras jurídicas, querendo dizer que o universo do direito é
maior que as regras validas e a aplicação do direito envolve
moralidade de quem o aplica, ou seja, se aplica a lei que faz parte do
direito, mas orientado por aqueles valores do ordenamento jurídico.
o A ideia do pós-positivismo é uma espécie de alargamento do conceito
de direito, com ele considerando que o direito é uma união, que não é
composto unicamente de regras, mas sim de regras e princípios.
o Esses princípios são padrões que não são regras. Regras e princípios
são normas que tem uma natureza logica diferente, funcionando de
forma diferente e são validados de forma diferente.
o O pós-positivismo envolve essas teorias que, percebendo que a prática
jurídica possui essa dimensão moral, diz que é necessário reaproximar
o direito e a moral de alguma forma (por meio dos princípios),
precisando compreender a lógica de um raciocínio moral.
o O que acontece, é que o pós-positivismo jurídico utilizará uma
categoria lógica radicalmente diferente da utilizada pelo positivismo
jurídico.
o A lógica por trás de uma estratégia formalista e a lógica por trás de
uma estratégia argumentativa de conteúdo moral são radicalmente
diferentes, envolvendo categorias diferentes.
o Estuda-se teorias da justiça nessa disciplina porque os argumentos de
justiça serão utilizados dentro do campo da argumentação e da
compreensão do direito, são só como regras (ponto de vista formal),
mas de um compreensão do direito como uma questão de regras e
princípios, com uma ideia da aplicação / interpretação do direito por
meio de um compromisso moral.
Como visto anteriormente, as teorias da justiças serão utilizadas da ótica da
teoria da argumentação. Viu-se que um dos grandes problemas que existem
ao discutir justiça é uma questão advinda da modernidade, que é a crise de
valores ou pluralidade de valores convivendo dentro de uma sociedade, de
modo que uma visão de justiça pode não ser compartilhada dentro de uma
sociedade. O positivismo tentou ignorar essa discussão, como ocorre em
Kelsen, que diz que o direito não se fundamenta na justiça, moral e ética, não
tendo objetivo de verificar se determinada situação é justa ou injusta. A
modernidade passa a tentar lidar com essa dificuldade de que em uma
mesma sociedade se tem diferentes pontos de vista concorrendo para uma
mesma questão.
O pós-positivismo vai tratar de uma série de teorias que articulam uma teoria
formal do direito (teoria normativa) com uma ideia de teoria da justiça. Passa-
se a compreender o direito não só por um critério formal, mas também por um
critério de conteúdo, valorativo acerca de uma ideia do que é justo ou injusto.
Rawls: conceitos gerais
o No campo da teoria da justiça, é possível pegar casos concretos e
fundamenta-los ou critica-los com base na teoria da justiça de Rawls.
o A ideia que se tem na obra de Rawls é que, dentro de uma sociedade
diversa em que concorrem diferentes valores e referenciais, como se
pode defender uma teoria da justiça que seja realmente razoável para
todas essas partes, independentes de suas diferenças.
o Rawls tenta imaginar isso dentro de uma questão de que, se pessoas
combinassem acerca da distribuição de direitos dentro de uma
sociedade, o que essas pessoas poderiam concordar em uma questão
de distribuição?
o Pontos de base
Rawls diz que, independente da situação, a justiça deve ser a
primeira virtude considerada em instituições sociais
A justiça fundamenta uma inviolabilidade das pessoas contra o
próprio Estado. O bem maior não pode sacrificar o indivíduo.
É a ideia de que o individuo possui direitos que o Estado
não pode retirar
Os direitos assegurados pela Justiça não podem ser sujeitos à
negociação política ou cálculo de interesses sociais.
Se uma injustiça é inevitável, ela é tolerável apenas quando
necessária para evitar uma injustiça ainda maior. Sendo virtudes
primeiras das atividades humanas, a Verdade e a Justiça são
indisponíveis.
O objetivo de Rawls é elaborar uma teoria da justiça que seja
capaz de avaliar todas as afirmações acima. Tal teoria busca
corroborar a convicção da primazia da virtude “justiça” nas
instituições sociais.
o Quando se fala na questão de uma teoria da justiça de Rawls, deve-se
pensar em como fazer pessoas radicalmente diferentes concordarem
acerca de determinados princípios e valores, ou seja, como se chega a
uma igualdade a partir da diferença.
Princípios da Justiça Social
Permitem um modo de atribuir direitos e deveres nas
instituições básicas da sociedade e definem a distribuição
apropriada dos benefícios e encargos da cooperação
social
Uma concepção de justiça pode ser imaginada como uma carta
fundamental de uma associação humana bem ordenada.
o Rawls raciocina da seguinte forma
Imagine pessoas reunidas com o objetivo de definir os princípios
que irão governar nossas vidas, por meio de um contrato social
As dificuldades provavelmente decorreriam das diferenças entre
as pessoas envolvidas, cada uma com seus princípios morais,
crenças religiosas e posições sociais e econômicas.
Mesmo considerando a possibilidade de consenso, tal
decorreria do poder de barganha dos mais influentes, gerando
exclusões.
Obs: A dificuldade de Rawls está no sentido de que, quando se
for tratar de princípios que irão governar nossas vidas, as
pessoas serão condicionadas pelas histórias delas, a partir de
uma noção de que as decisões que envolvem partilha e
interesses, sempre serão tomadas na medida em que
beneficiará a própria pessoa.
Rawls quer uma teoria de justiça que de uma forma de
igualdade e que supere a desigualdade / diferença de interesses
e valores. O problema é que as pessoas tendem a tomar
decisões condicionadas pela sua própria histórica, como se todo
argumento utilizado fosse o da falácia de “interesse revestido”
o A solução de Rawls é uma solução lógica argumentativa.
Justiça como equidade
Transmite a ideia de que os princípios de justiça são
acordados numa situação inicial que é equitativa. Uma
característica da justiça como equidade é conceber as
partes na situação inicial como racionais e mutuamente
desinteressadas.
A ideia é que se irá lançar mão do que ele chama de véu da
ignorância.
Os princípios da justiça são escolhidos sob um véu de
ignorância. É uma situação hipotética aonde ninguém conhece o
seu lugar na sociedade e nem seu próprio potencial de força,
inteligência, etc. Ao fazer com que as pessoas ignorem sua
posição na sociedade, suas forças e fraquezas, seus valores e
objetivos, o véu da ignorância garante que ninguém pode obter
vantagens, ainda que involuntariamente, valendo-se de uma
posição favorável de barganha.
O véu da ignorância é uma técnica argumentativa, de modo que
o argumento que cada um constrói não deve conter em suas
premissas questões relacionadas a interesses pessoais. Ou
seja, ao argumentar, não se leva em consideração os interesses
pessoais e a sua identidade. Dentro de um campo prático, se
faz isso construindo argumentos cujas premissas não remetam
a interesses pessoais.
Isso resultaria / tenderia a uma distribuição mais equitativa.
O véu da ignorância coloca as pessoas em uma posição de
igualdade, pois, pelo menos no campo da argumentação, se
apagou a diferença entre as pessoas.
Na justiça como equidade, a posição original de equidade
corresponde ao estado de natureza na teoria geral do contrato
social. Essa posição corresponde ao status quo inicial
apropriado.
Uma vez que todos estão numa situação semelhante e
ninguém pode designar princípios para favorecer sua
condição particular, os princípios da justiça são o
resultado de um consenso ou ajuste equitativo.
O véu da ignorância e a posição original são conceitos
que podem utilizar, como seres racionais, para atingir um
consenso valorativo numa sociedade plural.
Atenção: Guardar os conceitos do véu da ignorância e da
posição original. A relação entre eles é que, o véu da ignorância
enquanto técnica de argumentação, nos leva a uma posição
original.
o Rawls defende que, se na hora de argumentar acerca dessas
distribuições, se fizer com o véu da ignorância, a partir de uma posição
original, a sua razão vai te fazer concordar com dois princípios de
justiça:
Igualdade da atribuição de direitos e deveres
Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais
abrangente sistema de liberdades básicas iguais que seja
compatível com um sistema semelhante de liberdades
para as outras
Uma sociedade só será justa se, independente da
posição que se ocupa, a pessoa tiver acesso a direitos
básicos e deveres. Não existirá uma situação de pessoas
com só direitos e outras só com deveres.
Ex: A despeito do custo, se obriga acessibilidade a alguns
lugares, como eventos culturais. Apesar de aquilo gerar
um custo muito grande para que poucas pessoas tenham
acesso, isso é justo, pois o acesso a cultura é um direito
básico fundamental, não devendo ser submetido a
cálculos e ser realizado, mesmo que saia mais caro para
uma parcela pequena. (Não se coloca direitos básicos em
um calculo de interesses)
Desigualdade (social ou econômica) condicionada
As desigualdades sociais e econômicas devem ser
ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo tempo
o A) consideradas vantajosas para todos dentro dos
limites do razoável e;
Ex: Situação em que se tem dentro de uma
empresa em uma distribuição vertical de
cargos e salários que possui um
crescimento. As pessoas mais beneficiadas
receberão uma parcela maior relativa ao
crescimento, mas os menos beneficiados
também deverão receber, mesmo que a
parcela seja menor.
o B) vinculadas a cargos e posições acessíveis a
todos.
Ex: Cargos e posições que geram
desigualdades na sociedade, devem, pelo
menos, ser acessíveis potencialmente a
todos.
Obs: Se for demonstrado que existe um
cargo na sociedade em que existe um
protecionismo e só entra quem esta no
poder, isso seria um argumento concreto
para indicar que isso é injusto, pois isso não
respeita uma desigualdade social
condicionada, no sentido de que não
possibilidade o acesso para todos ao cargo.
A ideia do segundo princípio é de que não há injustiça
nos benefícios maiores conseguidos por uns poucos,
desde que a situação dos menos afortunados também
seja melhorada.
Rawls reconhece que as sociedades são regidas pelo
princípio da diferença e que é preciso pensar em uma
forma de afirmar que essa diferença pode ser justa
A justiça como equidade, então, é uma teoria bipartite:
Uma interpretação de uma situação inicial e do problema
da escolha colocada naquele momento;
Um conjunto de princípios que seriam aceitos
consensualmente.
Ética e moral
o Quando se fala no termo “justiça”, existem outros termos ligados a ele
e utilizados nesse contexto de valoração, que indicam de alguma forma
algum conceito correlato (ex: ética e moral)
o Existe uma correlação entre a teoria que trata da ética e moral com a
prática argumentativa que se tem, por exemplo, quando se trata da
questão ética na advocacia.
o Ética e moral são palavras sinônimas ou há diferenças que devem ser
consideradas?
Ex: Fulano age de forma eticamente errada / Fulano age de
forma moralmente questionável. Se está falando a mesma
coisa?
Em situações como esta, a tendência é identificar que existiu a
conversão de sentido, ocorrendo uma aproximação do uso do
termo ética e moral no uso mais comum da linguagem, sendo
ambos utilizados de forma similar.
Conclusão 1: Em algumas situações, as pessoas utilizam ética e
moral com significado aproximado ou até mesmo idêntico.
o Qual significado de ética e moral quando o seu uso é feito em um
sentido único?
Quando se fala de ética ou moral dentro desse sentido inicial, se
está falando de um comportamento que, por algum critério, é
considerado bom. Uma pessoa que age de forma moralmente /
eticamente correta, é uma pessoa que age de acordo com
normas ou algum tipo de critério de comportamento de uma boa
conduta.
Conclusão 2: Quando se fala em ética ou moral, se está falando
a respeito de um agir de acordo com um critério do que é um
bom comportamento.
Obs: Essa análise é uma interpretação feita dentro de
parâmetros e casos específicos.
Ex: No trabalho Fulano é ético no trabalho
o Assim, ética e moral são conceitos normativos, de modo que quando
se fala que uma pessoa age bem, se está falando que ela age de
acordo com normas de boa conduta.
o Diversos autores estabelecem uma diferença entre ética e mora,
assim, ao depender da base teórica (paradigma), essa diferença
tomará contornos particulares
Kelsen:
Para esse autor, a moral é um conceito normativo, que é
o conjunto de todas as normas que regulam o bom
comportamento em determinada sociedade. Logo, a
moral estabelece normas de dever-ser.
Ética seria o estudo científico dessas normas. Seria uma
metalinguagem, uma linguagem descritiva, um estudo
sobre a moral da sociedade. Se tem uma relação de
ciência (ética) e objeto (moral).
o Uma distinção considerada é que a ética se preocupa com princípios e
valores (obedece a princípios e valores que orientam a vida), enquanto
a moral é parte da vida concreta, dos costumes e tradições (segue
costumes e tradições – vida concreta – que orientam o dia a dia)
o Natureza normativa do conceito de ética e moral
Quando se fala de um código ético da OAB, se tem uma série
de regras que indicam um bom comportamento do advogado. O
critério é o código de ética, se ele seguir essas regras, ele será
considerado um bom advogado.
São normas do que se deve ou não fazer para ter um
comportamento ético ou moral
o Obs: A ideia da ética vai operar em diferentes esferas, sendo possível
ser ético em determinado esfera, já que as esferas da vida são
reguladas por diferentes normas.
Teoria da Justiça – Aristóteles
o Aristóteles dá grande importância à teleologia das coisas (análise da
finalidade de alguma coisa). Isso é usado na ideia de que as coisas
possuem uma finalidade, buscam algo, e essa finalidade é um bem
específico dessa coisa. O quão mais essa coisa atingir sua finalidade,
melhor ela é.
Ex: Para Aristóteles uma forma de governo tem como finalidade
promover o bem comum (de todos), o quão mais esse governo
for capaz de produzir isso, melhor será esse governo.
o Para Aristóteles, a finalidade do ser humano é a felicidade. Segundo
ele, a felicidade para o ser humano tem relação com questões
materiais (como dinheiro), prazeres, reconhecimento social, etc. mas
esse não é o problema, o problema é que quando se escolhe apenas
um desses, se está pegando um universo que compõe a felicidade,
retiraram uma parte e se colocando isso como se fosse o total da
felicidade.
o A felicidade para Aristoteles vem da completude, que é o fato de uma
pessoa desenvolver todo seu potencial como ser humano, no sentido
que a felicidade vem do desenvolvimento de todas as partes da sua
alma (a alma do ser humano para ele é tripartite, sendo dividida em
vegetativa – que trás a questão da vida, do crescimento e da morte,
sensitiva – trata dos movimentos e prazeres, e uma parte racional –
trata da capacidade de aprendizado e julgamento), mas principalmente
desenvolvendo aquilo que torna o ser humano único na natureza, que
é a racionalidade.
o Para atingir a finalidade própria do ser humano, que é um bem
específico do ser humano, que é a felicidade, é preciso desenvolver
todo o potencial, principalmente a questão do conhecimento e das
virtudes.
o Como adquirir essas virtudes?
É necessário partir para a ideia da ética aristotélica
Na teoria de Aristóteles, a ética tem uma vinculação com a
prática e com um habito (éthos), no sentido de que, se adquire
uma virtude ética, segundo Aristóteles, não de forma natural (o
ser humano não nasce com as virtudes), mas sim por uma
questão de habito, uma pessoa deve ser ensinada o que é a
virtude e deve-se praticar essa virtude, não existindo uma
desvinculação de uma ética com uma prática.
Ex: Se alguém quer se tornar uma pessoa corajosa,
deve-se praticar atos de coragem
Como dito, é necessário um referencial teórico da virtude ética,
sendo esse referencial dado pela comunidade (polis), sendo na
vida política / decorrer de uma vida política, dessa vida em
comunidade, que a pessoa aprende o que são as virtudes éticas
e tem a oportunidade de praticar essas virtudes.
O homem é um animal político:
o Essa frase representa a necessidade do homem
do ambiente político, precisando da vida pública
para se desenvolver enquanto ser humano. A
finalidade do ser humano é a felicidade enquanto
completude, então, para que o homem atinja sua
finalidade ele deve desenvolver sua moralidade /
virtudes, e o único local que isso é possível é na
vida política.
o O homem é um animal político porque ele depende
da política para forma-lo enquanto tal.
o Obs: No sentido filosófico-lógico, a comunidade
antecede o ser humano, pois ela forma o ser
humano e ele é produto dessa comunidade. É
porque existia uma comunidade e nela se pôde
desenvolver que uma pessoa se torna aquilo que
ela poderia ser (atingiu a finalidade como pessoa)
o Tem-se uma compreensão de que virtude é uma coisa boa, de que
virtude envolveria os valores que apontam para algo que é bom.
Entretanto, tem-se a ideia de que do outro lado da virtude, se tem o
vício. O vício habita na falta da virtude, ou seja, onde não existe
virtude, tem-se o vício.
Ex: Se a coragem é uma virtude, a covardia é um vício; Se a
generosidade é uma virtude, a avareza é um vício;
o Aristóteles não enxerga as virtudes assim.
o Aristóteles estabelece dentro da questão das virtudes um meio termo,
de modo que a virtude é um equilíbrio (que é estabelecido pela
capacidade racional) entre um excesso e uma falta.
o A virtude impede que se recaia no vício, que pode existir tanto pela
falta quanto pelo excesso de um determinado comportamento ou
disposição.
Ex: Quando se fala de coragem para um soldado, se esse
soldado encontrar um inimigo em iguais condições e larga sua
arma e sai correndo, ele é covarde, não tendo os valores
necessários para defender sua comunidade; por outro lado, se
esse mesmo soldado está desarmado e encontra um batalhão
de tanques e, mesmo assim, sai correndo para cima dele, ele é
temerário e também não será um bom soldado para a
comunidade, pois ele não soube equilibrar essa questão.
o A virtude para Aristóteles é um equilíbrio (meio termo) entre um
excesso e uma falta de virtude
Aplicação concreta da teoria da justiça de Aristóteles (Justiça em Aristóteles)
o Segundo Aristóteles, justiça é um termo difícil de conceituar uma vez
que as pessoas utilizam o termo “justiça” diversas situações diferentes.
A solução tentada por Aristóteles é identificar qual é a situação e, a
partir da identificação dessas, deve-se trabalhar uma situação
específica. (diferentes conceitos de justiça que vão se aplicar a
diferentes situações)
o
o Justiça Política
As relações de justiça possuem como pré-requisito uma
igualdade mínima entre as partes envolvidas para que exista
qualquer tipo de justiça abaixo.
Essa igualdade vem de uma situação como, por exemplo, em
uma compra e venda que duas pessoas são pertencentes a um
mesmo Estado.
É possível uma relação de justiça entre pessoas de Estados
diferentes? O que permite uma relação de justiça entre um
cidadão e um estrangeiro?
A partir disso, tem-se a ideia de que uma relação entre
um cidadão e um estrangeiro só é possível na medida em
que essas partes tenham um mínimo de igualdade no
sentido de leis que regulem ambas as partes.
o Ex de mínimo de igualdade: Acordos e tratados
internacionais.
A ideia da justiça política vem da base comum
Não se deve tratar a justiça política como uma quarta forma de
justiça, mas como um pré-requisito das outras
o Justiça geral/universal
De uma forma geral ou universal, a justiça é a lei.
Existe uma dimensão ética ou moral meramente em seguir a lei,
já que a lei é uma expressão legitima da vontade do povo. (Ideia
de legalidade)
Ex: Justificação para auxílio moradia para determinados
cargos públicos. É justo porque está na lei.
É uma estratégia muito utilizada quando as pessoas querem
defender um ponto que é moralmente questionável, mas
formalmente legitimado, ignorando o conteúdo.
O que Aristóteles está dizendo na justiça geral, ele está falando
que o homem que tem lei é probo, já o que não tem lei é
improbo.
O problema dessa visão de justiça é que, quando se
estabelecem leis, elas, via de regra, são estabelecidas de forma
geral e abstrata. O problema da lei geral é que, quão mais geral
ela é, menor sua capacidade de regular casos individuais.
Quando se tem uma lei geral, ela serve para regular casos
gerais, quando se tenta aplicar uma lei geral a um caso
excepcional, está se causando uma falácia de acidente, que tem
como conceito a ideia de que se está tentando aplicar uma regra
geral a uma situação onde essa regra não deveria ser utilizada.
Assim, a aplicação cega da lei pode levar a injustiças, já que a
lei geral não abarca casos excepcionais.
Para evitar isso, Aristóteles diz que o juiz, na hora de aplicar a
lei, deve ser capaz de utilizar um juízo em que ele possa
identificar essa situação e dobrar a lei para que ela se adeque
àquele caso concreto. Esse juízo é chamado por Aristóteles de
equidade.
Ex da ilha de Lesbos: Aristóteles dizia que existia
dificuldade de medir as rochas nessa ilha por elas serem
irregulares. Os arquitetos dessa ilha desenvolveram uma
régua maleável, que permitia medir essas rochas por ser
possível moldá-la. Para Aristóteles, a equidade é como a
régua de chumbo dos arquitetos da ilha de Lesbos, pois
ela permite dobrar a norma ao caso concreto / adequação
legal ao caso concreto
Em certo sentido, a equidade está acima da justiça entendida
como lei, pois em certo sentido a equidade dobra a lei para se
adequar ao caso concreto.
Questão de prova: Qual a ligação da equidade em Aristóteles
com a falácia de acidente?
A ideia da falácia de acidente é que se for aplicada uma
regra / lei cegamente, pode-se causar injustiças em casos
de exceção. A equidade dobra essa lei para que se
aplique ao caso. O conceito de equidade em Aristóteles
evita a falácia de acidente, pois ele impede que uma
norma geral seja aplicada a um caso excepcional.
Questão de prova: Pedir aplicação do justo geral / universal
Basta dar um exemplo de aplicação de lei
Questão de prova: Pedir um exemplo de injustiça geral /
universal
Basta dar um exemplo em que a lei não é obedecida
o Justiça particular em Aristóteles
Nem sempre se utiliza o conceito de justiça geral / universal, as
vezes se trata de situações mais específicas, falando-se em
transações (Ex: transação patrimonial voluntárias)
Justiça particular traz ideia de igualdade
Justiça particular corretiva: transações patrimoniais
Quando se fala em um contrato de compra e venda, por
exemplo, essa transação será justa quando existe um
equilíbrio patrimonial antes e após a transação.
o Obs: Não se pode dizer que uma transação não foi
justa simplesmente relatando o fato.
Teorias da argumentação
o Tabela verdade
A tabela verdade é uma tabela que ajuda a encontrar o valor
atribuído a proposições compostas.
Quando se pega uma proposição, sendo ela uma interpretação /
ideia por trás de uma sentença declarativa, pode-se atribuir à
ela o valor lógico de verdadeiro ou falso. Logo, quando se vai
analisar um proposição composta, ou seja, se tem duas ou mais
proposições e uma relação entre elas, também se pode atribuir
a elas um valor lógico de verdadeiro ou falso.
Ex: Hoje é segunda feira (V); Hoje é feriado (V). Pode-se
pegar a primeira sentença e atribuir a letra “S” e para a
segunda “F”, colocando o valor lógico verdadeiro para as
duas. Pode-se considerar todo esses conjunto, usando a
tabela verdade para chegar ao valor lógico da proposição
composta.
Coloca-se alguns valores na tabela verdade e ela vai ajudar a
descobrir o valor da proposição composta.
A tabela verdade é utilizada na lógica com o intuito de definir o
valor lógico (V ou F) de uma proposição composta.
Em lógica, as proposições representam pensamentos
completos, expressos em sentenças declarativas.
Utiliza-se a tabela verdade em proposições compostas, ou seja,
sentenças formadas pela composição de proposições simples:
cada sentença simples possui seu valor (V ou F), assim como o
conjunto, a proposição composta, também possui valor (V ou F).
Para combinar proposições simples e formar proposições
compostas são utilizados lógicos, que representam diferentes
operações possíveis.
P Q PQ
V V
V F
F V
F F
Obs: Cada coluna pertence a uma proposição
Obs: A terceira coluna é o valor das proposições compostas. P e
Q juntas, dentro de alguma operação, tem qual valor?
Regras
Sempre que se tiver uma tabela de duas variáveis (2
proposições diferentes), deve-se montar essa tabela de 4
linhas.
o Obs para o exemplo: Nesse primeiro esquema de
tabela verdade, sempre se monta da mesma
forma. Se tem duas variáveis diferentes,
independente de quantas vezes elas se repitam,
deve-se fazer 4 linhas e 3 colunas.
Sempre se preenche essas tabelas da mesma forma.
o É uma convenção, uma vez que preenchendo
dessa forma, se coloca todos os valores possíveis
de combinação, considerando que todas as
proposições possuem um valor lógico de verdade
ou falso.
Para estudar tabela verdade, é preciso gravar algumas
tabelas e partir delas se monta as outras.
o As tabelas que se tem que memorizar já trazem o
resultados para cada relação de “P” e “
o
o
o Q”
o Tabela da conjunção ^ (e)
P Q P^Q
V V V
V F F
F V F
F F F
É a tabela operada pelo “e”
Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
Ex:
Proposição 1: Para se formar, o aluno precisa ser
aprovado nas disciplinas (P)
o Ela pode ocorrer (se aprovado) (V) ou não (F)
Proposição 2: Para se formar, o aluno precisa ser
aprovado no TCC (Q)
o Ela pode ocorrer (V) ou não (F)
Proposição composta: Para se formar, o aluno precisa ser
aprovado nas disciplinas e ser aprovado no TCC. (P^Q)
1ª Linha: Se Rogerio foi aprovado nas disciplinas (V em
P) e foi aprovado no TCC (V em Q), ele pode ser formar
(V em P^Q)
2ª Linha: Se Rogerio foi aprovado nas disciplinas (V em
P) e foi reprovado no TCC (F em Q), ele não pode ser
formar (F em P^Q)
3ª Linha: Se Rogerio foi reprovado nas disciplinas (F em
P) e foi aprovado no TCC (V em Q), ele não pode ser
formar (F em P^Q)
4ª Linha: Se Rogerio foi reprovado nas disciplinas (F em
P) e foi reprovado no TCC (F em Q), ele não pode ser
formar (F em P^Q)
A conjunção estabelece um tipo de relação em que, apenas
quando ambas as proposições tem o valor de verdadeiro que a
proposição composta será verdadeira.
o Tabela da disjunção simples / inclusiva v (ou)
P Q PvQ
V V V
V F V
F V V
F F F
É a tabela operada pelo “ou”
Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
Ex:
Proposição 1: Para entrar no cinema, você precisa de um
ingresso inteiro (P)
o Ela pode ocorrer (se aprovado) (V) ou não (F)
Proposição 2: Para entrar no cinema, você precisa de um
ingresso de meia entrada (Q)
o Ela pode ocorrer (V) ou não (F)
Proposição composta: Para entrar no cinema, você
precisa de um ingresso inteiro ou de meia entrada (PvQ)
1ª Linha: Se Rogerio possui um ingresso inteiro (V em P)
ou possui ingresso de meia entrada (V em Q), ele pode
entrar no cinema (V em PvQ)
2ª Linha: Se Rogerio possui um ingresso inteiro (V em P)
ou não possui ingresso de meia entrada (F em Q), ele
pode entrar no cinema (V em PvQ)
3ª Linha: Se Rogerio não possui um ingresso inteiro (F
em P) ou possui ingresso de meia entrada (V em Q), ele
pode entrar no cinema (V em PvQ)
4ª Linha: Se Rogerio não possui um ingresso inteiro (F
em P) ou não possui ingresso de meia entrada (F em Q),
ele pode entrar no cinema (V em PvQ)
A disjunção é uma relação de “ou”, que exige que uma ou outra
proposição seja verdadeira, para que o valor composto seja
verdadeiro.
o Tabela da disjunção exclusiva v (ou, ou)
P Q PvQ
V V F
V F V
F V V
F F F
É a tabela operada pelo “ou, ou”
Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
Ex:
Proposição 1: Você estuda Direito Tributário (P)
Proposição 2: Você assiste Game of Thrones (Q)
Proposição composta: Ou você estuda Direito Tributário,
ou assiste Game of Thrones (PvQ)
o Obs: Nesse caso, não existe chance de não fazer
um dos dois. Se a pessoa não estudar, é certo que
ela assistirá GOT; Se a pessoa for estudar, é certo
que ela não assistirá GOT.
1ª Linha: Rogerio consegue estudar direito tributário (V
em P) e consegue assistir GOT (V em Q), não (F em
PvQ)
2ª Linha: Rogerio consegue estudar direito tributário (V
em P) e não consegue assistir GOT (F em Q), sim (V em
PvQ)
3ª Linha: Rogerio não consegue estudar direito tributário
(V em P) e consegue assistir GOT (V em Q), sim (V em
PvQ)
4ª Linha: Rogerio não consegue estudar direito tributário
(F em P) e não consegue assistir GOT (F em Q), não (F
em PvQ)
Essa disjunção trás uma lógica de “ou, ou”, logo, tanto a pessoa
é obrigada a realizar uma escolha, como ao realizar essa
escolha, se abre mão da outra. Você é obrigado a realizar uma
escolha e quando você realiza uma escolha você,
obrigatoriamente, abre mão da outra possibilidade.
o Tabela condicional (se, então)
P Q PQ
V V V
V F F
F V V
F F V
É a tabela operada pelo “se, então”
Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
Ex:
Proposição 1: Rodrigo é médico (P)
Proposição 2: Rodrigo fez faculdade (Q)
Proposição composta: Se Rodrigo é médico, então fez
faculdade (PQ)
1ª Linha: É possível que Rodrigo seja médico (V em P), e
Rodrigo fez faculdade (V em Q). Sim (V em PQ)
2ª Linha: É possível que Rodrigo seja médico (V em P), e
Rodrigo não fez faculdade (F em Q). Não (F em PQ)
3ª Linha: É possível que Rodrigo não seja médico (F em
P), e Rodrigo fez faculdade (V em Q). Sim (V em PQ)
o Obs: É possível que ele não seja médico e tenha
feito qualquer outra faculdade que não a de
medicina.
4ª Linha: É possível que Rodrigo não seja médico (F em
P), e Rodrigo não fez faculdade (F em Q). Sim (V em
PQ)
É a relação em que o valor de uma proposição condiciona a
outra.
o Tabela bicondicional (se e somente se)
P Q P Q
V V V
V F F
F V F
F F V
É a tabela operada pelo “se, então”
Tem-se a proposição “P” e a proposição “Q”
Ex:
Proposição 1: Vou me formar (P)
Proposição 2: Vou passar em lógica (Q)
Proposição composta: Vou me formar, se e somente se
passar em lógica (P Q)
(V em Q). É possível (V em P Q)
2ª Linha: Rogerio se formou (V em P) e não passou em