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CAMILA MARSZALECK
Ex-aluna - Engenharia Civil - Centro Universitário Positivo / UnicenP
cmarszaleck@hotmail.com
RESUMO
O Concreto de Alta Resistência (CAR) se caracteriza pelos elevados valores de resis-
tência e pela pasta mais compacta, com menos vazios, resultando da escolha adequada dos
materiais de construção e da utilização de metodologias de dosagem desenvolvidas para
CAR. Além destes fatores é importante observar a preparação dos corpos de prova (cp) para
os ensaios de propriedades mecânicas, tendo em vista que a superfície dos cps influencia
diretamente o resultado dos ensaios. A resistência à compressão axial é uma tensão calcula-
da, portanto, como a força necessária para o rompimento do material divida pela área da
seção resistente. O processo de moldagem dos cps resulta em superfícies não planas, que
afetam a área da seção resistente, rompendo o material com uma superfície inferior à consi-
derada nos cálculos. Para o os concretos tradicionais a utilização do capeamento com enxo-
fre é a metodologia mais adequada para regularizar a superfície. Entretanto, o enxofre apre-
senta tensão de escoamento de aproximadamente 45MPa, considerando que o CAR apre-
senta resistências acima de 50MPa, esta metodologia não apresenta resultados adequados
para este concreto. Este trabalho apresenta os resultados obtidos com a execução de Con-
creto de Alto Desempenho utilizando três métodos de preparação da superfície de corpos
de prova cilíndricos de concreto: capeamento com composto de enxofre, resina epóxi e
rompimento utilizando borracha de neoprene. A borracha de neoprene apresentou os me-
lhores resultados, seguida pela resina epóxi.
Palavras-chave: Concreto de Alta Resistência, Resistência à Compressão Axial,
Capeamento, Retificação de Corpos de Prova, Borracha de Neoprene.
ABSTRACT
High Performance Concrete (HPC) should have high compressive strength with a
highly compact cement paste, and low porosity, results of adequate choice of construction
materials and mixture proportion, specially developed for HPC. Besides that, it is important
to prepare the specimens carefully for the mechanical properties testing, since test results
are directly influenced by the specimen’s ends. The specimens finishing process results in
non-plane surfaces, what influences directly the resistance section area, causing the material
to crush with lower value than calculated. Utilization of sulfur capping is the adequate
methodology for preparation of specimens ends of usual concrete. However, sulfur capping
has compressive strength lower than 45MPa and HPC´s have compressive strength higher
than 50MPa. This paper reports test results of HPC compressive strength whit three different
specimens end: sulfur capping, neoprene pad and epoxy resin. Test results indicate that
neoprene pad conducts to higher compressive values than the other options.
Key-words: High Performance Concrete, Compressive Strength, Capping, faced
specimens, Neoprene Pad
1. INTRODUÇÃO
Resina Epóxi
Foram realizados estudos práticos com a utilização de uma resina epóxi de alta resistên-
cia encontrada comercialmente em supermercados e lojas do ramo da construção. O procedi-
mento consiste na execução de uma camada de 2mm de resina epóxi de resistência acelerada e
secagem rápida a fim de nivelar o topo dos corpos de prova a serem rompidos.
Apesar de se tratar de um método economicamente inviável para ser utilizado em controle
tecnológico de concreto, pode ser útil quando o número de amostras for reduzido e houver
urgência pelos resultados.
3. RESULTADOS OBTIDOS
epóxi e a borracha de neoprene foram utilizadas nos rompimentos. A retificação foi testa-
da porém, devido a falhas no equipamento, que é uma adaptação de uma serra circular,
não foram obtidos valores satisfatórios, e já nos primeiros rompimentos esta solução foi
descartada.
Foram realizadas três repetições para cada traço a fim de eliminar os fatores de ruído
que poderiam alterar os resultados. Cada repetição foi realizada com dois corpos de prova
de concreto para cada idade conforme recomendado pela norma brasileira. A tabela 1 apre-
senta os valores obtidos para a Brita A e a tabela 2 os valores obtidos para a Brita B. O
método de dosagem parte de resistências estimadas para determinação dos traços e por este
motivo esta é a primeira coluna das tabelas 1 e 2. Além dos valores de resistência à compres-
são axial, as tabelas apresentam as relações água/cimento e o consumo de cimento por
metro cúbico de concreto.
Tabela 1: Resistência à compressão axial do concreto produzido com Brita A aos 1, 3, 7 e 28 dias de idade
Figura 6: Gráficos comparativos de resistência à compressão axial aos 28 dias para os traços estimados de 65MPa, 75MPa, 90MPa,
105MPa e 120MPa – Brita A.
Tabela 2: Resistência à compressão axial do concreto produzido com Brita B aos 1, 3, 7 e 28 dias de idade
Figura 7: Gráficos comparativos de resistência à compressão axial aos 28 dias para os traços estimados de 65MPa, 75MPa, 90MPa e
105MPa – Brita B.
4. CONCLUSÃO
Após análise dos dados obtidos através dos diferentes métodos de capeamento, e
apesar da inexistência de uma norma específica para a utilização da borracha de neoprene
em altas resistências, esta solução apresenta-se como a mais adequada.
O capeamento com enxofre mascarou a resistência à compressão axial do concreto,
apresentando um valor muito inferior à resistência potencial do CAD produzido, conforme
esperado por possuir resistência de escoamento inferior aos valores dos concretos produzi-
dos.
A utilização de resina epóxi constitui apenas um método paliativo, pois apesar da
agilidade e facilidade de aplicação, seu elevado custo impossibilita sua aplicação comercial
para controle tecnológico do concreto. Este método foi utilizado apenas para que as idades
não fossem ultrapassadas e por se tratar de uma pesquisa com uma quantidade limitada de
corpos de prova. Apesar da resistência apresentada ser inferior à resistência do material com
borracha de neoprene pode-se considerar satisfatória, pois os valores foram elevados, atin-
gindo até 120MPa.
O neoprene apresentou os melhores resultados quanto ao capeamento. Entretanto,
são necessários estudos mais detalhados para definir qual o número ideal de rompimentos
por peça. No presente estudo, a fim de se minimizar a influência do neoprene nos resulta-
dos, foi utilizada 1 peça de neoprene para cada 10 corpos de prova rompidos, apesar de os
fabricantes recomendarem a utilização de 1 peça por 100 rompimentos. Essa recomenda-
ção, entretanto, é aplicável ao concreto convencional. O capeamento com neoprene é a mais
prática de todas as soluções adotadas, pois não exige nenhum preparo anterior, apenas o
posicionamento da borracha no topo do corpo de prova no momento do rompimento.
A aquisição de uma retífica apesar de apresentar um alto investimento inicial (aproxi-
madamente R$ 7.000,00 em valores atuais) apresenta-se como a alternativa mais viável eco-
nomicamente, a longo prazo, pois necessita de pouca manutenção e as novas máquinas
apresentam tecnologia que permite a perfeita preparação da superfície permitindo o rompi-
mento do corpo de prova com a área da seção resistente estipulada. Recomenda-se, portan-
to, maiores estudos com uma retífica destinada ao capeamento de corpos de prova a fim de
comparar os resultados com os obtidos no presente estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: concreto: ensaio
de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994
KELHAM, S. Swater; Absortion test for concrete. Magazine of concret research, v. 40, n.
143, p. 106 – 110, 1998.
METHA, P.K.; AÏTCIN, P.C. Principles underlying production of high performance concrete.
Cement, Concrete and Aggregates, Philadelphia, v.12, n.2, p.70-78, Winter 1990.