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Sumário

EDITORIAL 3

ARTIGOS

Origem e evolução da Fisioterapia: aspectos históricos e legais.


Amélia Pasqual Marques, Eugênio Lopes Sanches 5

A reação à dor: análise comportamental e Fisioterapia.


Odete de Fátima Sallas Durigon 11

Abordagem fisioterápica em pacientes portadores de fibromialgia: efeito so-


bre mobilidade, dor e sono.
Clarice Tanaka 16

Programa de orientação sobre a postura sentada para crianças pré-


escolares.
Fátima Aparecida Caromano, Natividade Barbosa Saraiva Ferracini,
Cláudia Fló Neyret, Luciana Pinto Cardoso 21

Dados antropométricos de pré-escolares da cidade de São Paulo.


Raquel Aparecida Casarotto, Edson Aparecido Liberti 27

RELATO DE CASO

Hérnia de disco cervical tratada com reeducação postural global (RPG).

Amélia Pasqual Marques 34

TESES / DISSERTAÇÕES 38

EVENTOS 40

ÍNDICE DE AUTOR 41

ÍNDICE DE ASSUNTO 42
EDITORIAL 3

ARTICLES

Origin and evolution of Physiotherapy: historical and legal aspects.


Amélia Pasqual Marques, Eugênio Lopes Sanches 5

Reaction to pain: behavioral analysis and Physiotherapy.


Odete de Fátima Saltas Durigon 11

Physioterapic approach in pacients with fibromyalgy: effects on mobility,


pain, and sleep.
Clarice Tanaka 16

Orientation programm about seated posture for children attending kinder-


garden school.
Fátima Aparecida Caromano, Natividade Barbosa Saraiva Ferracini,
Cláudia Fló Neyret, Luciana Pinto Cardoso 21

Anthropometric data of preschool children in São Paulo city.


Raquel Aparecida Casarotto, Edson Aparecido Libert! 27

CASE REPORTS

Cervical disc hernia treated with global postural reeducation (GPR).

Amélia Pasqual Marques 34

THESIS I DISSERTATIONS 38

EVENTS 40

AUTHOR INDEX 41

KEY WORDS INDEX 43


Desde sua criação, os membros que pertencem ou pertenceram ao CURSO DE FI-
SIOTERAPIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAU-
LO, vêm se esforçando no sentido de desenvolver a linguagem acadêmica em sua mais alta
expressão.

Embora cada contribuição tenha assumido características e tendências específicas à


sua época, consideramos todas as experiências percorridas fundamentais ao árduo processo
do amadurecimento acadêmico.

A Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo constitui-se no mais re-


cente e precioso fruto deste processo, e tem como objetivo a divulgação "do conhecimen-
to" que interessa à esta área de atividade.

Assim, embora este número seja composto principalmente por trabalhos desenvol-
vidos nesta Escola, entendemos que toda a contribuição em favor de uma área de atividade
é "propriedade" da mesma, devendo portanto servir como veículo de expressão a todos os
pesquisadores, educadores e profissionais que manipulem informações que interessam ao
desenvolvimento da Fisioterapia.

Assim, convidamos a todos a participar deste novo espaço de trabalho.

ODETE DE FÁTIMA SALLAS DURIGON

COORDENADORA DO CURSO DE FISIOTERAPIA


DA FMUSP
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA
FISIOTERAPIA:
ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS

Amélia Pasqual Marques* Eugênio Lopes Sanches**

MARQUES, A.P., SANCHES, E.L. Origem e evolução da fisioterapia: aspectos históricos e


legais. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 5-10, jul./dez., 1994.

RESUMO :

Este artigo resume a trajetória da Fisioterapia no Brasil desde o primeiro curso instalado
em 1951, apresentando e discutindo os documentos legais que regulamentam seu ensino
e exercício, assim como os órgãos de classe que representam e norteiam o s profissionais.

DESCRITORES:

Fisioterapia, história. Fisioterapia, tendências. Fisioterapia, legislação e jurisprudência.


Fisioterapia, educação.

1. ORIGEM DO CURSO DE FISIOTE- jou e instalou, no Hospital das Clínicas da


RAPIA DA FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, o Serviço de Fisioterapia do Hos-
A prática de Fisioterapia no Brasil ini- pital das Clínicas de São Paulo . 8

ciou-se no começo deste século, em 1919, Foi também o Dr. Rolim quem, em
quando foi fundado o Departamento de Ele- 1951, planejou o primeiro Curso de Fisio-
tricidade Médica pelo Professor Raphael de terapia do Brasil, patrocinado pelo centro
Barros da Faculdade de Medicina da Univer- de estudos Raphael de Barros, cujo objeti-
sidade de São Paulo. Dez anos mais tarde, em vo era formar técnicos em fisioterapia.
1929, o médico Dr. Waldo Rolim de Moraes o
Suas instalações eram no 7 andar do Insti-
instalou o serviço de Fisioterapia do Instituto tuto Central do Hospital das Clínicas e as
do Radium Arnaldo Vieira de Carvalho no aulas ministradas pelo corpo docente e
local do Hospital Central da Santa Casa de médicos do próprio hospital. Ao final os
Misericórdia de São Paulo. Ele ainda plane- alunos submetiam-se a uma prova teórica e

Professora Assistente do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina d a Universidade de


São Paulo.
Fisioterapeuta e Professor aposentado do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina d a
Universidade de São Paulo, de 1958 a 1991.

Endereço: Amélia Pasqual Marques - Rua Cipotânea, n. 51 - Cidade Universitária - C E P


05360-000 - São Paulo, SP.
uma avaliação teórico-prática, com a parti- FMUSP, o Curso de Fisioterapia também
cipação de fiscais (médicos e enfermeiras) era um curso da Universidade de São Paulo.
do Serviço de Fiscalização Profissional do Contudo, este aspecto confirma-se somente
7
Estado de São Paulo . a 7 de abril de 1967, através da portaria GR
Este curso formou inúmeros fisiotera- no 347, onde a Universidade de São Paulo
peutas e persistiu até 1958, quando a Lei baixa o Regulamento dos Cursos de Fisiote-
5.029 cria anexo à Cadeira de Ortopedia e rapia e Terapia Ocupacional do Instituto de
Traumatologia da Faculdade de Medicina Reabilitação da Faculdade de Medicina. Já
da Universidade de São Paulo (FMUSP) o a Portaria 1.025 de 16 de janeiro de 1970
Instituto de Reabilitação (IR). Este Institu- afirma que os certificados de conclusão dos
to surgiu do esforço de alguns médicos cursos de técnicos em Fisioterapia e Tera-
brasileiros, entre eles o Professor Godoy pia Ocupacional, expedidos pelo Instituto
Moreira (catedrático de Ortopedia e Trau- de Reabilitação da FMUSP nos anos de
matologia da FMUSP), através de entendi- 1958 a 1966, consideram-se para efeitos de
mentos com a Organização Panamericana direito equivalente aos diplomas expedidos
de Saúde (OPAS), Organização Mundial nos termos deste regulamento.
de Saúde (OMS) e a World Confederation Como se pode observar no Quadro 1, as
for Physical Therapy (WCPT). A criação disciplinas eram pouco específicas e esta-
deste Instituto em São Paulo fazia parte de vam voltadas especialmente para a reabili-
um projeto mais amplo de criação de tação, que era o aspecto mais importante à
vários institutos na América Latina. Foi época.
nesse Instituto que se iniciou entre nós o O Curso de graduação em Fisioterapia da
primeiro curso de Fisioterapia com padrão FMUSP, com duração de três anos, permane-
internacional mínimo, com duração de dois ceu até 1979. Em 1980 teve início o Curso de
anos, para atender aos programas de reabi- Fisioterapia, com a duração de quatro anos.
litação que a OPAS estava interessada em Apesar de mudanças da carga horária
desenvolver na América Latina. e da grande expansão do campo de
Entende-se então que, por estar vincula- atuação do fisioterapeuta, o currículo de
do a um Instituto em uma Cadeira da 1963 permaneceu até os anos 80, quando

Q u a d r o 1 - CURSOS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL.

Regulamento
Capítulo I - Dos Cursos e sua organização didática

s
Artigo 1 O Instituto de Reabilitação ministra cursos normais de graduação em Fisioterapia e Terapia
Ocupacional.

e
Artigo 2 Os cursos têm a duração de três anos letivos.

S
Artigo 3 Os cursos compreendem as seguintes matérias e disciplinas, que serão ministradas pelo
Instituto de Reabilitação com a colaboração da Universidade de São Paulo:
1 - Fundamentos da Fisioterapia e Terapia Ocupacional
2 - Ética e História da Reabilitação
3 - Administração aplicada
4 - Fisioterapia Geral
5 - Fisioterapia Aplicada
6 - Terapia Ocupacional Geral, compreendendo a disciplina de:
a) atividades terapêuticas e trabalhos manuais
7 - Terapia Ocupacional Aplicada.

9
Artigo 5 A orientação e a responsabilidade do curso cabem à direção do Instituto.

Fonte: Portaria de GR 347 de 7 de abril de 1967. Diário Oficial, p. 3 , 1 3 abr., 1967.


Q u a d r o 2 - CURRÍCULO MÍNIMO A P R O V A D O PELO MEC EM FEVEREIRO DE 1983.

e
Artigo 1 O currículo mínimo os cursos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional foi dividido em qua-
tro ciclos, a saber:
I - Ciclo de Matérias Biológicas
II - Ciclo de Matérias de Formação Geral
III - Ciclo de Matérias Pré-Profissionalizantes
IV - Ciclo de Matérias Profissionalizantes

Parágrafo único: Com pequenas complementações os ciclos I e II poderão ser usados como tronco
comum para ambas as profissões.

Q
Artigo 2 O ciclo de Matérias Biológicas consta de:
a) Biologia;
b) Ciências Morfológicas, compreendendo Anatomia Humana e Histologia;
c) Ciências Fisiológicas, compreendendo Bioquímica, Fisiologia e Biofísica;
d) Patologia, compreendendo Patologia Geral e Patologia de órgãos e Sistemas.

Q
Artigo 3 O ciclo de Matérias de Formação Geral consta de:
a) Ciências do Comportamento, compreendendo Sociologia, Antropologia, Psicologia, Éti-
ca e Deontologia;
b) Introdução à Saúde Humana, compreendendo Saúde Pública;
c) Metodologia de Pesquisa Científica, incluindo Estatística.
S
Artigo 4 O Ciclo de Matérias Pré-Profissionalizantes para a Formação do fisioterapeuta consta de:
a) Fundamentos de Fisioterapia, compreendendo História da Fisioterapia e Administração
em Fisioterapia;
b) Avaliação Funcional, compreendendo Cinesiologia, Bases, Métodos e Técnicas de Ava-
liação e m Fisioterapia;
c) Fisioterapia Geral, compreendendo Exercício Terapêutico e Reeducação Funcional;
d) Recursos Terapêuticos Manuais, compreendendo Massoterapia e Manipulação.

Q
Artigo 5 O Ciclo de Matérias Profissionalizantes para a formação do fisioterapeuta consta de:
a) Fisioterapia aplicada às condições neuro-músculo-esqueléticas, compreendendo Fisio-
terapia aplicada à Ortopedia e Traumatologia, à Neurologia e à Reumatologia;
b) Fisioterapia aplicada às condições cardio-pulmonares, compreendendo Fisioterapia apli-
cada à Cardiologia e à Pneumologia;
c) Fisioterapia aplicada às condições Gineco-Obstétricas e Pediátricas, compreendendo Fi-
sioterapia aplicada à Ginecologia e à Obstetrícia e Fisioterapia aplicada à Pediatria;
d) Fisioterapia Aplicada às condições sanitárias, compreendendo Fisioterapia Preventiva;
e) Estágio Supervisionado, constando de Prática de Fisioterapia Supervisionada.

Q
Artigo 9 O currículo mínimo dos Cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional deve perfazer um to-
tal de 3.240 (três mil duzentas e quarenta) horas, ministradas num período mínimo de 4
(quatro) anos e um máximo de 8 (oito) anos. Os Ciclos I e II devem ocupar 20 por cento
desse tempo. O Ciclo Pré-Profissionalizante, 20 por cento, o Ciclo Profissionalizante, 40 por
cento, restando 20 por cento para a prática supervisionada.

Fonte: Diário Oficial. Arto . 26 da lei 5.340, 26 nov., 1968.

os cursos já tinham a duração de quatro Este currículo, como se pode observar,


anos, e portanto acumulando distorções privilegia aspectos antes esquecidos,
entre o currículo existente e o ministrado como por exemplo as matérias de for-
pelas faculdades. Após um longo trabalho mação geral que incluem: Sociologia, An-
empreendido pelos órgãos representativos tropologia, Psicologia, Saúde Pública, Me-
da classe, as escolas de fisioterapia e todologia de Pesquisa, além de enfatizar
vários fisioterapeutas, a resolução n° 4 de os conteúdos específicos da área e os de
28 de fevereiro de 1983 fixa o currículo fundamentação. Considerando a grande
mínimo e a duração dos Cursos de Fisio- expansão do campo de atuação, muitas es-
terapia e Terapia Ocupacional. colas já vinham adaptando o seu currículo
às reais necessidades. Assim, as 3.240 ho- benefícios incalculáveis para os fisiotera-
ras propostas pelo MEC, o Curso de Fi- peutas brasileiros, influindo definitiva-
sioterapia da FMUSP tem hoje uma carga mente no reconhecimento da profissão em
horária de 4665 horas. nosso país. A 07 de junho de 1966 a ABF é
declarada de Utilidade Pública através da
Lei de no 9372 da Assembléia Legislativa
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE do Estado de São Paulo.
FISIOTERAPIA Tanto a Associação Paulista quanto a
Brasileira de Fisioterapia mantêm-se ativas
Apesar de na década de 50 o número de fi- até hoje, promovendo cursos, jornadas, en-
sioterapeutas ser muito reduzido, os mesmos contros, congressos, simpósios com o in-
já discutiam seus problemas e suas perspecti- tuito de promover e divulgar o trabalho do
vas futuras(*), (**). Assim em 1957 nascia profissional fisioterapeuta.
em São Paulo a Associação Paulista de Fisio-
terapeutas (APF), com o objetivo de promo-
ver o aperfeiçoamento dos fisioterapeutas do 3. ASPECTOS LEGAIS DA PRO-
ponto de vista profissional, jurídico, FISSÃO
científico e deontológico em todas as ativi-
dades relacionadas com a formação e ex- O aspecto legal da Fisioterapia surgiu
ercício da profissão (Estatutos da Asso- para dar suporte à atuação do fisioterapeu-
ciação Paulista de Fisioterapeutas). ta, como fruto de uma grande luta em-
Já a Associação Brasileira de Fisioter- preendida por fisioterapeutas, empenhados
apeutas (ABF) foi fundada a 19 de agos- num crescimento da profissão.
to de 1959 na capital de São Paulo, ten- O Parecer 388/63, elaborado por uma
do à frente os fisioterapeutas Eugênio comissão de peritos no Conselho Federal
Lopez Sanchez, Angel Lopez Sanchez, de Educação, foi aprovado em 10 de de-
Danilo Vicente Define e muitos outros. zembro de 1963 pelo Ministério de Edu-
Assim a Associação Brasileira dos Fisio- cação e Cultura (MEC). Reconhecendo os
terapeutas, que anos mais tarde viria a se cursos de Fisioterapia, definia que os mes-
chamar Associação Brasileira de Fisiote- mos deveriam ter a duração de três anos e
rapia, tinha por objetivo principal realizar estabelecia um currículo mínimo, caracteri-
a unificação da classe profissional dos fi- zando pela primeira vez os profissionais
sioterapeutas de todo o Brasil, reunindo- aqui chamados de Técnicos em Fisiotera-
os em torno de um ideal comum, num pia, cujas funções também foram definidas
esforço deliberado pela categorização ele- neste parecer.
vada da classe, em todos os setores de O Decreto-Lei 938 de 13 de outubro
suas atividades (Estatutos da Associação de 1969 (data esta que deu origem ao dia
Brasileira de Fisioterapeutas). do fisioterapeuta) representou um marco
Várias entidades reconheceram a im- importante para a Fisioterapia. O Art. 2 o

portância da ABF, tanto assim que a Asso- define que os fisioterapeutas diplomados
ciação Médica Brasileira (AMB) a reconhe- por escolas e cursos reconhecidos são
ceu oficialmente a 13 de fevereiro de 1962. profissionais de nível superior e o Art. 3 o

Em nível internacional foi reconhecida pela define como sendo atividade privativa do
World Confederation for Physical Therapy fisioterapeuta executar métodos e técnicas
(WCPT) a 20 de junho de 1963, trazendo fisioterápicas com a finalidade de

Em 1964, segundo levantamento da ABF, o Brasil tinha aproximadamente 300 fisioterapeutas


para 70 milhões de habitantes.
As décadas de 70 e 80 caracterizaram-se por apresentar uma grande expansão dos Cursos de Fi-
sioterapia. Dos seis cursos existentes no início da década de 70, ultrapassam hoje o número de 50
em todo o Brasil, sendo que o Estado de São Paulo concentra grande parte desses cursos.
Q u a d r o 3 - DECRETO-LEI 938 DE 13 DE OUTUBRO DE 1969.

e
Artigo 2 O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional, diplomados por escolas e cursos reconhecidos,
são profissionais de nível superior.

e
Artigo 3 É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicas c o m a fina-
lidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente.

S
Artigo 5 Os profissionais fisioterapeutas poderão ainda, no campo de atividades específicas:
I - dirigir serviços em órgãos e estabelecimentos públicos ou particulares, ou assessorá-
los tecnicamente;
II - exercer o magistério nas disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superi-
or ou médio;
III - supervisionar profissionais e alunos em trabalhos técnicos e práticos.

S
Artigo 6 Os profissionais fisioterapeutas diplomados por escolas estrangeiras, devidamente reco-
nhecidas no país de origem, poderão revalidar seus diplomas.

Fonte: Diário Oficial [da República Federativa do Brasil]. Brasília, 14 out., 1969. Seção 1.

restaurar, desenvolver e conservar a quanto o CREFITO vieram desempenhar


capacidade física do paciente. um papel decisivo na definição e no cresci-
A lei 6.316 de 17 de dezembro de mento da profissão*.
1975, decretada pelo Congresso Nacional O Código de Ética Profissional de Fisio-
e sancionada pelo Presidente da terapia e Terapia Ocupacional foi aprovado
República, cria o Conselho Federal de Fi- pela Resolução COFFITO 10 de 3 de julho
sioterapia e Terapia Ocupacional (COFFI- de 1978 e estabelece as responsabilidades e
TO) e os Conselhos Regionais de Fisiote- normas para o exercício profissional.
rapia e Terapia Ocupacional (CREFITO) Os sindicatos da categoria foram outra
cujo texto encontra-se no Quadro 4. conquista dos fisioterapeutas. A exemplo

Q u a d r o 4 - LEI 6.316 DE 17 DE DEZEMBRO DE 1975 QUE CRIA O COFFITO E CREFITO.

9
Artigo 1 São criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupa-
cional, com a incumbência de fiscalizar o exercício das profissies de fisioterapeuta e tera-
peuta ocupacional definidas no Decreto-Lei no. 938, de 13 de outubro de 1969.

Q
Artigo 5 parágrafo II - Compete ao Conselho Federal exercer função normativa, baixar atos ne-
cessários à interpretação e execução do disposto nesta lei e à fiscalização do exercício pro-
fissional, adotando providências indispensáveis à realização dos objetivos institucionais.

Fonte: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 18 dez, 1975. Seção 1, parte 2.

Se você está pensando o porquê da Fisio- do que já havia acontecido com os Conse-
terapia e Terapia Ocupacional juntas no lhos, também aqui foi decisiva a união dos
mesmo conselho, vale a pena lembrar que o fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
número de fisioterapeutas à época era insu- Inicialmente funcionando como Asso-
ficiente para criar um Conselho, sendo ne- ciação Profissional, somente em 12 de
cessário a união de ambas para que o mesmo agosto de 1980 foi expedida carta sindical
fosse aprovado. Assim, tanto o COFFITO pelo Ministério do Trabalho, sendo recon-

Em todo este processo há que salientar a dedicação de muitos fisioterapeutas e em especial da


fisioterapeuta Sônia Gusman, primeira presidente do COFFITO.
I

hecido como sindicato representante dos fi- (SINFITO). Este veio para "defender os in-
sioterapeutas e terapeutas ocupacionais teresses trabalhistas da nossa classe".

MARQUES, A.P., SANCHES, E.L. Origin and evolution of physioterapy: historical and legal
aspects. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 5-10, jul./dez., 1994.

ABSTRACT :

The paper presents a brief historical account on physical therapy in Brazil, since the
first one-year course set in 1951 through the present, showing laws and regulations
both on teaching and professional activity, as well as physical therapists, associations
and unions.

KEY WORDS :

Physical therapy, history. Physical therapy, trends. Physical therapy, legislation &
jurisprudence. Physical therapy, education.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS. E s t a t u t o s . São Paulo, 1974. [mimeografado]
2. A S S O C I A Ç Ã O PAULISTA DE FISIOTERAPEUTAS. E s t a t u t o s . São Paulo, 1975. [mimeografado]
3. BRASIL. Decreto-lei nj. 938, de 13 de outubro de 1969. Proví sobre as profissões de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional. Diário Oficial [da R e p ú b l i c a Federativa d o B r a s i l ] , Brasilia, 14 out.
1969, Seção 1.
4. BRASIL. Decreto-lei n j . 5.029, de 18 de dezembro de 1958. Prove sobre a criação do Instituto de
Reabilitação. Diário Oficial [ da R e p ú b l i c a Federativa d o B r a s i l ] , Brasília, 19 dez. 1958.
5. C O N S E L H O FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL - Exame de Resolução
COFFITO-8. Diário Oficial [da R e p ú b l i c a Federativa d o B r a s i l ] , Brasília, 13 nov. 1978.
6. C O N S E L H O FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL - Exame de Resolução
COFFITO-10. Diário Oficial [da R e p ú b l i c a Federativa d o B r a s i l ] , Brasília, p.5.265-8, 22 set.
1978, Seção 1 , parte 2.
7. SANCHES, E. L. Estudo preliminar do adestramento de fisioterapeutas no Brasil. Rev. Paul.
H o s p . n.4, p.30-7,1970.
8. SANCHES, E.L. Histórico de fisioterapia no Brasil e no mundo. Rev. A t u a l . B r a s . Fisioter., São
Paulo, p.29-36,1984.

Recebido para publição: 26/04/94


Aceito para publicação: 25/07/94
A REAÇÃO À DOR: ANÁLISE
COMPORTAMENTAL E FISIOTERAPIA

Odete de Fátima S alias Durigon*

DURIGON, O.F.S. A reação à d o r : análise comportamental e fisioterapia. Rev. Fisioter.


Univ. São Paulo, 1(1): 11-5, jul./dez., 1994.

RESUMO :

A ocorrência de dor provoca um comportamento defensivo complexo que s e constitui de


componentes motores, dos quais s e destaca a flexão do membro, e componentes
vegetativos (ajustes hemodinâmicos, ventilatórios e metabólicos). Estes componentes (em
diferentes níveis de controle do sistema nervoso central) e a implicação dos mesmos sobre
a escolha dos procedimentos fisioterápicos s ã o analisados.

DESCRITORES :

Dor. Analgesia. Fisioterapia. Comportamento.

INTRODUÇÃO hemodinâmicos, ventilatórios e meta-


bólicos. O estudo das respostas vegetativas
A reação à dor tem sido objeto de inves- à estimulação mecânica, térmica ou elétri-
tigação instrumental há quase um século, 1,3,9,10
ca revela a ocorrência de h i p e r t e n s ã o ,
sobretudo a partir dos estudos do grupo de taquicardia - 13 18,21,22,23
, hiperventilação , 2,19

Sherrington, que caracterizaram a reação diminuição do tono vesical e do peristaltis-


motora de um membro a um estímulo alge- mo gastrointestinal 18,20
e aumento da con-
siógeno, denominando-a "reflexo de dutividade elétrica da p e l e 15,17
. Todas essas
flexão", e demonstraram a existência de respostas estão relacionadas à ativação de
uma complicada organização têmporo- aferentes cutâneos e musculares dos gru-
espacial no recrutamento dos músculos. pos III e IV. Os estímulos térmicos e
Nas últimas décadas, contudo, demons- mecânicos só as provocam quando suas in-
trou-se que essa manifestação motora não é tensidades atingem valores na faixa de
a única forma de resposta ao estímulo alge- estímulos algesiógenos. A associação des-
siógeno, visto que a acompanham ajustes ses fenômenos vegetativos com a resposta

Mestre e m Ciências Fisiológicas - Instituto de Ciências Biomédicas e Coordenadora d o Curso


de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo. Professora responsável
pela Área de Neurologia do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina d a Universidade
de São Paulo.

Endereço: Odete de Fátima Sallas Durigon - Rua Cipotânea, n. 51 - Cidade Universitária - C E P


05360-000 - São Paulo, SP.
motora de retração do membro estimulado siógena provoca retração do membro em
permite afirmar que o reflexo de flexão é 5 1 % das estimulações, enquanto em ani-
na realidade um comportamento de defesa, mais espinais a freqüência sobe para*73%.
completo em sua manifestação e complexo As respostas ventilatórias (aumento da fre-
25
em sua organização . qüência e/ou da amplitude respiratória),
Os estímulos dolorosos são alguns dos observadas apenas nas preparações rom-
mais potentes dentre as diversas classes de bencefálicas, uma vez que os animais eram
estímulo que provocam a emissão dos com- mantidos em ventilação artificial, ocorre-
portamentos defensivos e ofensivos. As ram em 65,7%, das estimulações dos quais
vias que transmitem informações nocicepti- 55,2% do tipo hiperventilatório. Mais do
vas às regiões envolvidas com os comporta- que a respiração, os ajustes hemo-
mentos defensivos são a espinotalâmica, dinâmicos ocorreram em 81,8% das esti-
particularmente relacionada com a locali- mulações. A curarização, abolindo o com-
zação e discriminação sensorial, e as vias ponente motor do comportamento de
espinomesencefálica e espino-reticular, re- retração, não aboliu as respostas cardiovas-
lacionadas principalmente com a gênese de culares, o que indica que elas não resultam
comportamento pela nocicepção . 7
da contração muscular mas, sim, de uma
Essas manifestações de reações defensi- organização central que programa os dois
vas podem ser observadas em sua pleni- componentes, o motor e o vegetativo.
tude somente em organismos intactos e Esses estudos revelaram também que
despertos; contudo, podem ser provocadas durante a ativação nociceptiva os reflexos
experimentalmente em animais anestesia- gerados pela estimulação de baroceptores e
dos e em diferentes preparações (espinal, o reflexo de Hering-Breuer são inibi-
descerebrada, hipotalâmica, descorticada), 5 6
dos - ' . 26

tornando factível proceder à análise de Após a transecção espinal, as respostas à


seus diferentes componentes (motores e estimulação dolorosa sofrem uma disso-
vegetativos) em várias condições. A esti- ciação: as motoras (retração do membro es-
mulação de aferentes cutâneos e muscu- timulado) aumentam em intensidade e pre-
lares em animais com transecção espinal valência mas as hemodinâmicas se reduzem,
também provoca o aparecimento dos sinais sobretudo depois de curarização com triio-
observados em reações de alerta de ani- detilato de galamina, o que revela uma orga-
mais intactos, tais como taquicardia, hi- nização complexa, talvez devida à mobili-
pertensão, diminuição do peristaltismo zação de sistemas filogeneticamente mais
gástrico, de tono vesical, alterações da con- primitivos presentes na medula espinal, pos-
dutividade elétrica da pele e aumento da sivelmente baseados em maior extração de
1 10 14 18 20 24
glicemia ' - ' ' ' . oxigênio da mioglobina muscular . 5

No laboratório onde desenvolvemos Nos animais hipotalâmicos, os ajustes


nossas pesquisas, estuda-se há vários anos de pressão são similares, contudo a mobili-
o acoplamento de fenômenos vegetativos zação respiratória é mais intensa no que
com os motores para a constituição dos diz respeito aos componentes motores. Os
4 5,6,8 11,12 16,25
c o m p o r t a m e n t o s ' ' - . O objetivo animais espinais respondem à estimulação
desse amplo programa de pesquisa é esta- com flexão vigorosa, seguida de sua ex-
belecer as relações funcionais entre esses tensão e mobilização geral no sentido de se
fenômenos, em distintos níveis do sistema afastar do agente que causa a dor. Os ani-
nervoso central. Uma das linhas de pesqui- mais rombencefálicos limitam-se à re-
sa já desenvolvida estudou o acoplamento tração do membro estimulado, devido à
vegetativo motor dos comportamentos de- liberação dos sistemas posturais — rigidez
fensivos, em especial da retração de um de descerebração-ocorrida neste tipo de
membro em resposta à estimulação doloro- preparação.
sa. As investigações revelaram que nos an- Nos animais hipotalâmicos a resposta
imais rombencefálicos a estimulação alge- de flexão é acrescida de manifestação mo-
tora complexa que se refere à resposta do problema constituído pelo estímulo tam-
comportamental de ataque e/ou fuga, em bém é pouco eficiente.
resposta às agressões que causam dor. Quando se inativa o encéfalo adiante do
Os fatos que acabamos de expor mos- hipotálamo posterior, porém, a reação já
tram que a reação a um estímulo doloroso inclui componentes muito mais complexos
se constitui de múltiplos componentes, or- eficientes: o animal, além de retrair o
ganizados por circuitos distintos do sistema membro estimulado e tentar afastar o
nervoso central, provavelmente em função agente nocivo, vocaliza e tenta caminhar
da hierarquia funcional resultante da evo- vigorosamente. No animal intacto o
lução filogenética. Essa composição pode estímulo doloroso provoca uma seqüência
ser resumida como segue. Em um animal de comportamentos ainda mais complicada
espinal a medula identifica conveniente- e completa: retração do membro estimula-
mente as coordenadas do estímulo (modali- do, tentativa de afastar o agente nocivo,
dade, local, intensidade) e organiza a re- vocalização, ataque e, afinal, fuga. Existe,
sposta comportamental de forma adequada, por conseguinte, um claro recrutamento de
expressa como retração do membro subme- comportamentos defensivos que culminam
tido à estimulação dolorosa e alguns ajustes com comportamentos ofensivos, em
hemodinâmicos correspondentes. Quando função dos sistemas neurais centrais em
o rombencéfalo está intacto e ligado à me- condição de ativação.
dula espinal, a resposta à estimulação dolo-
rosa é mais completa, visto que contém
ajustes ventilatories e hemodinâmicos mais FISIOTERAPIA
intensos, estes mesmo após curarização,
que bloqueia ajustes reflexos conseqüentes Nos pacientes, os componentes deste
à contração muscular; mais do que isso, a comportamento podem se manifestar em
reação à dor se adequa a outros comporta- diversos graus, dependendo do compro-
mentos vigentes, em especial à manutenção metimento em questão.
da postura em pé, que é tão característica, Um fato muito comum na clínica e que
sob a forma de rigidez extensora, na prepa- tem por base o raciocínio "de ordem fi-
ração rombencefálica intercolicular (tam- siológica" desenvolvido neste artigo é a
bém chamada descerebrada). Nessa prepa- manutenção do membro inferior fletido na
ração o componente motor é, por isso, presença .de quadros álgicos em membros
menos intenso (devido à inibição dos mo- inferiores ou abdome. Além deste tipo de
toneurônios flexores) mas os ajustes venti- posicionamento refletir sobre a capacidade
latories e hemodinâmicos são mais inten- de mobilidade, locomoção e postura do pa-
sos. A paralisia muscular, se bem que ciente, em nível morfológico as estruturas
reduza os ajustes hemodinâmicos (abolin- musculares envolvidas neste comporta-
do, por motivos óbvios, os ventilatories), mento evoluirão necessariamente para alte-
não os extingue. Embora o padrão compor- ração da elasticidade e eventualmente para
tamental gerado pela estimulação dolorosa retrações, devido à descarga contínua dos
em um animal espinal permita resolver par- motoneurônios envolvidos nesta reação
cialmente o problema causado pelo comportamental. Neste sentido, a simples
estímulo (retração do membro, às vezes ex- mobilização fisioterápica contribui para
tensão subseqüente do mesmo membro e amenizar o quadro, mas não soluciona o
até do contralateral, tentando afastar o problema. Na realidade, somente a elimi-
agente estimulador), sua eficiência é muito nação do quadro álgico e portanto da causa
reduzida. No animal rombencefálico o da dor, por meio clínico e/ou fisioterápico,
acoplamento motor/vegetativo é mais aper- reverteria tal tendência.
feiçoado e o componente motor já se en- Este quadro também está presente em
quadra em um contexto mais complicado (a alguns pacientes com lesão espinal, acres-
manutenção da postura), porém a solução cido das intercorrências neurológicas.
Nestes casos, podem se manifestar como implica na adoção de cuidados adicionais
flexões abruptas do membro inferior ou na indicação da eletroterapia, em especial
ainda do tronco, não refletindo uma "facili- na utilização dos diferentes tipos de cor-
tação transitória e casual" sobre os flexores rente. Nesta situação as correntes terão
fisiológicos, mas a vigência de estímulos mais facilidade de penetração e condução
algesiógenos que podem decorrer de mal na pele, tornando-a mais sensível aos seus
posicionamento do pé na bota ortopédica, efeitos.
de irritação da pele em algum ponto do Adicionalmente, como j á mencionamos,
calçado ou das hastes da órtese ou ainda a presença de dor constitui uma situação
ser o reflexo ao "enchimento excessivo" da alertante estando portanto alterados os
bexiga. Observe que este comportamento índices cardiovasculares e respiratórios.
se manifesta, a despeito da falta de sensi- Conseqüentemente a utilização destes
bilidade do paciente, pois embora a medula índices como parâmetros de avaliação pre-
esteja parcial ou totalmente desconectada scindirá de maior controle em protocolos
do encéfalo, abaixo do nível de lesão per- de pesquisa.
manecem intactos os arcos reflexos. Finalizando, podemos concluir que a te-
Outra alteração relatada neste estudo diz rapêutica na presença de quadro álgico deve
respeito ao aumento da condutância elétri- levar em conta a "reação comportamental"
ca da pele. Embora não se tenha notícias deflagrada pelo mesmo, sob pena de não ser
de estudos experimentais, este fato, por si, efetiva e até mesmo mal conduzida.

DURIGON, O.F.S. Reaction to pain: behavioral analysis and physiotherapy. Rev. Fisioter.
Univ. São Paulo, 1(1): 11-5, jul./dez., 1994.

ABSTRACT :

The incidence of pain provokes a complex defensive behavior composed of motor


components, of which limb flexion is the most important, and vegetative components
(hemodinamic, ventilatory and metabolic adjustments). These components, in different
levels of CNS control, and their implications on the choice of physiotherapical procedures
are analyzed.

KEY WORDS :

Pain. Analgesia. Physical therapy. Behavior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em: 25/04/94


Aceito para publicação em: 20/07/94
ABORDAGEM FISIOTERAPICA EM
PACIENTES PORTADORES DE
FIBROMIALGIA: EFEITO SOBRE
MOBILIDADE, DOR E SONO

Clarice Tanaka*

TANAKA, C. Abordagem fisioterápica em pacientes portadores de fibromialgia: efeito sobre


mobilidade, dor e sono. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 16-20, jul./dez., 1994.

RESUMO :

A fibromialgia é uma afecção reumática de etiologia desconhecida e mais freqüente em


mulheres. Manifesta-se cronicamente por dores difusas no corpo e pontos dolorosos
denominados tender points. São freqüentes a s queixas de distúrbios do sono, fadiga crônica e
rigidez matinal, agravando-se com mudanças climáticas, atividade forçada, stress e
depressão. Por s e tratar de patologia refratária a medicamentos e com quadro doloroso
severo, justifica-se nosso interesse em estudar a eficácia da Fisioterapia no tratamento
d e s s e s pacientes, investigando assim seus efeitos sobre mobilidade, dor e sono. Participaram
deste estudo seis pacientes do sexo feminino com diagnóstico de fibromialgia. Após a
avaliação fisioterápica, a s pacientes submeteram-se a tratamento com base em alongamen-
tos musculares e mobilização global. As variáves foram comparadas antes e após o
tratamento. Os resultados obtidos em nosso estudo sugerem que a assistência fisioterápica
reduziu o quadro álgico, melhoraram a qualidade de sono e a mobilidade do tronco. Por sua
vez, e s s e s ganhos melhoraram a qualidade funcional d a s atividades da vida diária, sugerindo
que a Fisioterapia pode ser uma opção importante para o tratamento da fibromialgia.

DESCRITORES :

Fibromialgia. Fisioterapia. Exercício.

INTRODUÇÃO uma ou mais áreas do corpo, não sendo ob-


1
servada qualquer alteração objetiva .
A fibromialgia é um padecimento reu- Com etiologia desconhecida, acomete o
matológico que se manifesta cronicamente sistema músculo-esquelético, sendo a
por dor e rigidez de alguns músculos em queixa principal desses pacientes a dor mus-

Professora Doutora do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina d a Universidade de


São Paulo.

Endereço: Clarice Tanaka - Rua Cipotânea n. 51 - Cidade Universitária - CEP 05360-000 - São
Paulo, SP.
cular generalizada, com maior intensidade pital das Clínicas da Faculdade de Medici-
ao acordar, agravando-se com stress físico e na da Universidade de São Paulo. Todos os
9
emocional e com clima frio e úmido . Ao pacientes atendidos eram do sexo femini-
exame clínico são identificados pontos no, com idade variando de 30 a 57 anos.
álgicos específicos, os tender points que, Foram excluídos os pacientes com patolo-
quando palpados, produzem dor intensa e gias prevalentes do sistema músculo-
irradiada, promovendo reação de retirada e esquelético, bem como pneumopatias ou
6,8
discreta hiperemia l o c a l . cardiopatias significativas, ou ainda cirur-
Estudos realizados em 1990 pelo Multi- gias pregressas do sistema ósteo-mio-
5
center Criteria Comitee , grupo pertencente articular.
ao The American College of Rheumatology,
propõem, para classificação da fibromialgia, 2. Situação
que os sintomas devem estar difusamente
distribuídos no hemicorpo direito e esquer- A avaliação e o acompanhamento assis-
do, acima e abaixo da cintura, e associados a tencial de Fisioterapia foram realizados no
dores na coluna vertebral, além da presença Prédio dos Ambulatórios do Hospital das
de pelo menos onze dos dezoito tender Clínicas da FMUSP.
points definidos pelo comitê.
Com freqüência esses pacientes apre- 3. Delineamento experimental
sentam distúrbios psicológicos caracteriza-
dos por depressão, hostilidade, nervosis- Foi utilizado o delineamento de sujeito
mo, ansiedade, irritabilidade, agitação e, único comparando-se o desempenho do
ainda, distúrbios de sono, despertando can- indivíduo antes e após o tratamento de Fi-
3,4 8
sados e indispostos ' . sioterapia.
Devido à complexidade de sintomas
apresentados por esses pacientes, além da 4. Procedimento geral
terapêutica medicamentosa proposta, hoje
começam a surgir tratamentos alternativos Inicialmente foi realizada avaliação glo-
para aliviar os sintomas. bal específica da Fisioterapia, sendo consi-
Em 1990, Furtado de Mendonça & deradas as seguintes variáveis: a) flexibili-
2
Marques preconizaram a importância da dade da coluna - verificada através dos
Fisioterapia no tratamento desses pa- índices de Schober e Stibor; b) expansibili-
cientes. Os autores propuseram, em função dade do tórax detectada através de perime-
das características difusas da sintomatolo- trias torácicas durante o repouso, a inspi-
gia, uma abordagem terapêutica através de ração e expiração máximas, nos níveis
exercícios de alongamento baseados na axilar, xifoideo e rebordo costal; c) dor - as
avaliação global do indivíduo. características de prevalência, duração e in-
Assim, justifica-se o objetivo de verifi- compatibilidade para a performance fun-
car a eficácia da abordagem fisioterápica cional básica foram verificadas através da
nesses pacientes utilizando como anamnese. Foi realizado também a auto-
parâmetros dor, mobilidade e qualidade de avaliação da dor através de escala visual
sono. analógica; d) tender points foram verifica-
dos e mapeados em protocolo previamente
elaborado; e) sono - a qualidade de sono foi
METODOLOGIA verbalizada pela paciente, que a classificou
em quatro categorias (ótimo, bom, regular e
1. Caracterização dos pacientes ruim), mediante classificação proposta pela
fisioterapeuta: "demora para adormecer",
Participaram deste estudo seis pacientes "tem sono contínuo òu interrompido", "de-
com diagnóstico de fibromialgia, matricu- mora para adormecer novamente", "desper-
lados no Serviço de Reumatologia do Hos- ta indisposto".
A assistência fisioterápica foi proposta Em relação à expansibil idade do
segundo as necessidades identificadas pela tórax,considerando-se os resultados relati-
avaliação global do paciente, c realizadas vos à variação (em centímetros) entre a
duas sessões semanais com duração de 50 perimetria em inspiração máxima c o re-
minutos. O tratamento teve como base os pouso, e a diferença entre a inspiração e
princípios cinesioterápicos, com aborda- expiração máximas nos níveis axilar, xifoi-
gem global do paciente, com ênfase nos deo e rebordo costal, nota-se que houve
procedimentos dc mobilização e alonga- ganhos importantes na mobilidade da caixa
mento muscular. torácica em todos os pacientes, quando
comparados os registros antes e após o tra-
tamento fisioterápico.
RESULTADOS A Figura 2 ilustra a diferença entre as
perimetrias obtidas em inspiração e expi-
A Figura 1 refere-se à variação da ração máximas, utilizando o rebordo costal
flexibilidade da coluna através dos índices como referência.
de Stibor, antes e após o tratamento de fi-
sioterapia. A melhora obtida após o trata-
mento foi mais expressiva, indicando um Fig. 2 - Perimetrias e m i n s p i r a ç ã o e e x p i r a ç ã o
ganho na flexibilidade total da coluna. Se m á x i m a s , e m nível de r e b o r d o c o s t a l antes e
por um lado a paciente 4 não apresentou após o tratamento fisioterápico.

Fig. 1 - índices de S t i b o r antes e a p ó s o trata-


mento fisioterápico.

A avaliação da dor foi realizada con-


siderando a auto-avaliação da dor e o
número de tender points antes e após o
tratamento. Todas as pacientes referiram
melhora do quadro doloroso, cujos dados
nenhuma alteração nesses índices, a pa- foram obtidos através dc auto-avaliação
ciente 6 obteve ganhos significativos na da dor. As pacientes, além de referir di-
flexibilidade. Já o indíce de Schober, que minuição da intensidade da dor, relataram
mede a flexibilidade da coluna lombo- também alívio da cefaléia e mais dispo-
sacra, apresentou resultados pouco signi- sição para realizar atividades físicas. O
ficativos. número de tender points pesquisados
após o tratamento, diminuiu em todas as cionamento em inspiração, após tratamen-
pacientes, com exceção da paciente 4, to obteve relaxamento muscular com nor-
onde não detectamos alteração. Durante a malização de seu posicionamento, man-
pesquisa dos tender points, as pacientes 3 tendo seus diâmetros basais facilitados
e 4 referiram espontaneamente, dimi- biomecanicamente para uma expansão
nuição de intensidade de dor nos pontos mais adequada. Cabe ressaltar que, embo-
presentes. ra havendo uma melhora global na flexi-
Em relação à qualidade de sono, bilidade e expansibilidade torácica, anali-
somente uma paciente continuou referin- sando-se esses dados obtidos em cada
do qualidade variável de sono, com paciente não se observa uma relação en-
noites boas e más, com melhor ou pior tre os mesmos.
disposição ao acordar. As demais refer- Redução do quadro álgico e melhora
em demorar menos para adormecer, con- da qualidade de sono foram constatados
seguindo dormir algumas noites de sono em nossas pacientes. Consideramos que,
contínuo e levantando-se com mais dis- assim como já inferiam Furtado de Men-
posição. 2
donça & Marques , os exercícios de
alongamento muscular realizados tiveram
função importante nos resultados obtidos.
DISCUSSÃO Também pode ter sido efetivo o fato do
paciente ser orientado e estimulado a
A assistência fisioterápica prestada às manter a prática de exercitar-se diaria-
nossas pacientes teve como base uma ava- mente em casa. As manobras de mobili-
liação físico-funcional minuciosa e global, zação realizadas durante o tratamento,
como já preconizado por Furtado de Men- associadas aos exercícios de alongamento
donça & Marques . 2
muscular, devem ter repercussão no
As pacientes portadoras de fibromialgia ganho de mobilidade, mas através de
tratadas em nosso ambulatório tiveram seus efeitos de relaxamento muscular
ganhos funcionais importantes, principal- podem ter contribuído positivamente na
mente em relação à mobilidade global do diminuição de número de tender points.
tronco. Com a melhora da mobilidade e do
A análise das provas de expansibili- quadro doloroso, pudemos observar a
dade do tórax ganha elementos funcional- conseqüente • melhora da capacidade
mente mais elucidativos se, além dos funcional e da qualidade de vida dessas
índices (diferenças perimétricas) antes e pacientes, conforme relato das partici-
após o tratamento, considerarmos os va- pantes.
lores perimétricos em si. Neste aspecto a Por se tratar de patologia resistente aos
redução das perimetrias torácicas na tratamentos medicamentosos, os ganhos
posição de repouso respiratório após o funcionais obtidos através deste tratamen-
tratamento nos leva a inferir a aquisição to fisioterápico sugerem que a Fisiotera-
de um posicionamento de tórax mais ade- pia, através de procedimentos cinesio-
quado, refletindo os ganhos funcionais na terápicos, baseados em alongamentos
mobilidade de tronco através de nossa musculares e mobilização global do pa-
abordagem cinesioterápica. O tórax, que ciente, pode constituir-se em importante
anteriormente era mais elevado, mantinha opção terapêutica para um contingente
aumento de seus diâmetros e tensão mus- grande de pacientes portadores de fibro-
cular generalizada, à semelhança do posi- mialgia.
TANAKA, C. Physioterapic approach in pacients with fibromyalgy : effects on mobility, pain,
and sleep. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 16-20, jul./dez., 1994.

ABSTRACT :

Fibromyalgia is a rheumatic affection, with unknow etiology, and most of the patients are
female. It is characterized by the presence of aching points known as tender points, by
diffuse and generalized musculoskeletal pain associated to sleep disturbance, morning
stiffness, and easy fatigability. This way, our study attempts to a s s e s s effects of
physiotherapy treatment in patients with fibromyalgia, and how it interferes in the mobility,
sleep disturbance and pain. Six female patients with fibromyalgia were evaluated and
submitted to kinesiotherapy with muscular stretching exercises, and generic physical
exercise. Our results show physioterapy is efficient — and an important alternative — to
treat patients with fibromyalgia, bringing pain relief, better sleep quality, and increased trunk
mobility, thus improving patients, general functional capacity.

KEY WORDS :

Fibromyalgia. Physical therapy. Exercise.

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Recebido para publicação em 29/04/94


Aceito para publicação em 22/07/94
PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO SOBRE
A POSTURA SENTADA PARA CRIANÇAS
PRÉ-ESCOLARES

Fátima Aparecida Caromano*, Natividade Barbosa Saraiva


Ferracini**, Cláudia Fló Neyret ***, Luciana Pinto Cardoso *

CAROMANO, F.A., FERRARINI, N.B.S., NEYRET, C.F., CARDOSO, Z.P. Programa de


orientação sobre a postura sentada para crianças pré-escolares. Rev. Fisioter. Univ.
São Paulo, 1(1): 21-6, jul./dez., 1994.

RESUMO :

A proposta deste estudo foi elaborar e testar uma metodologia de orientação de postura
sentada para crianças em início de alfabetização, e estudar o efeito da adequação da
postura no seu desempenho durante a realização de atividades gráficas. Para tanto foi
necessário aplicar tal metodologia em 30 crianças, sendo 17 do sexo feminino e 13 do sexo
masculino, com idade variando entre 6 anos e 4 meses a 7 anos e 1 mês (idade média 6
anos e 5 meses). Apesar de não termos encontrado relação entre a alteração na postura
sentada e desempenho em atividades gráficas, consideramos os resultados do programa
de orientação satisfatórios, uma vez que s e desenvolveu novo hábito postural na
população em estudo. Replicação do protocolo faz-se necessária, para qualquer conclusão
em relação ao desempenho na realização de atividades gráficas.

DESCRITORES :

Fisioterapia. Ergonomia. Postura. Pré-escolar

INTRODUÇÃO No que diz respeito ao conjunto cadei-


ra-mesa, estudos mais recentes demons-
Pessoas jovens, em idade escolar, tram que os modelos utilizados pela
constituem um dos maiores grupos popu- maioria das escolas apresentam-se inade-
lacionais engajados em atividades simi- quados para servir a um grupo de alunos
lares, desencadeando o interesse pelos as- com características antropométricas bas-
2,3
pectos ergonômicos do ambiente escolar. tante heterogêneas , visto que um mes-

Professora Assistente do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina d a Universidade de


São Paulo.
Pedagoga da Rede Municipal de Ensino, São Paulo.
Alunas do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina d a Universidade de São Paulo.

Endereço: Fátima Aparecida Caromano - Rua Cipotânea, n. 51 - Cidade Universitária - CEP


05360-000 - São Paulo, SP.
mo modelo cadeira-mesa muitas vezes é Outro fator bastante importante a ser
utilizado por crianças pré-escolares e alu- lembrado, e aqui ensinado, diz respeito à
nos do primeiro e segundo graus. Segun- necessidade de mudanças de postura du-
7
do Sasaki(1988) , só ao longo do primeiro rante o tempo de permanência em sala
grau as crianças têm estaturas que podem de aula, isto é, nenhuma postura deve
variar de 115 cm a 170 cm. ser mantida por longos períodos, inclu-
Assim, infere-se que o mobiliário aco- sive a postura sentada. E necessário al-
moda de maneira inadequada algum grupo terá-la com a bipedestação. Assim seria
de alunos, podendo gerar uma série de pro- interessante permitir ao aluno que se de-
blemas. A adoção de hábitos posturais in- slocasse durante a aula, talvez realizando
corretos numa fase precoce da vida pode alguma tarefa, pelo menos uma vez a
prejudicar a saúde, levando a doenças rela- cada hora, mesmo que por um período
1,4
cionadas ao sistema ósteo-mio-articular, e pequeno .
afetar também o desempenho em várias Uma maneira seria criar um sistema ca-
atividades que dependam de uma postura deira-mesa que fosse totalmente adaptável
sentada adequada. às características dos usuários. Outra forma
No Brasil, as doenças relacionadas às seria a adoção de mobiliário escolar em
disfunções da coluna vertebral constituem a três tamanhos, que foi a proposta do MEC
segunda causa de aposentadorias por invali- (Ministério da Educação e Cultura) no ano
dez e obriga os empregados acometidos de 1978. Países desenvolvidos já estão op-
com algum tipo de distúrbio postural severo tando por mobiliários com até cinco va-
a faltarem em média 60 dias por ano a seus riações de tamanho.
empregos. O peso sócio-econômico desta Entretanto, frente às limitações da
situação é bastante alto, tanto para o Estado economia nacional, e contando com a
quanto para as empresas. grande capacidade de adaptação e criati-
Quanto ao desempenho em atividades vidade típicas dos brasileiros, acredita-
na postura sentada, podemos afirmar que o mos que o mais interessante é conscienti-
mobiliário escolar muitas vezes limita o zar os professores da importância de
aluno na realização de uma série de tarefas, ensinar seus alunos a maneira adequada
além de dificultar as atividades em gru- de sentar e dar treinamento e subsídios
5,6
p o . O mobiliário escolar é considerado, aos mesmos, para que possam promover
por vários autores, como o responsável por adaptações no sistema cadeira-mesa que
acidentes em sala de aula (por exemplo as estiver à disposição.
quedas), além de estarem associados a al- Desta maneira, situações como uma
guns comportamentos disruptivos nas criança pequena em uma cadeira grande,
crianças, envolvendo quadros de agressivi- um aluno alto para uma mesa baixa ou uma
dade e baixa concentração. cadeira desconfortável por não ter um en-
Os alunos, em geral, são praticamente costo adequado, podem ser adaptadas utili-
obrigados a permanecer na postura sentada zando-se caixas de papelão ou madeira
no mínimo quatro horas por dia e, normal- para prover um suporte adequado para os
mente, não recebem qualquer orientação de pés, impedindo que os membros inferiores
como se comportar nesta posição. fiquem pendurados. Pedaços de madeira
Acreditamos que o ideal seja uma pos- podem ser usados para elevar uma mesa ou
tura sentada da forma mais cômoda ainda almofadas para acomodar melhor o
possível, onde o aluno possa ter um bom aluno na cadeira, tanto em nível de altura
apoio dorsal e para os pés, evitando que da cadeira quanto em situações de encostos
os mesmos fiquem pendurados ou para inadequados ou muito afastados do assen-
fora da cadeira. Porém é importante que o to. Uma vez tendo assimilado as infor-
aluno mantenha a liberdade de movimen- mações, estes sujeitos poderão se adaptar a
tos, tanto de membros inferiores quanto qualquer situação apresentada, seja de estu-
4
de superiores . do ou de trabalho.
Acreditando nesta possibilidade, propu- 4) Cartazes ilustrativos, utilizados como
semo-nos a criar uma metodologia especial suporte didático para orientação da pos-
para a orientação sobre a postura sentada e tura sentada adequada.
a adaptação de mobiliário escolar. Como a
intervenção no hábito de sentar deve-se Local da pesquisa
efetuar cedo na vida do aluno, este progra-
ma foi aplicado primeiramente em crianças Os experimentos foram realizados em
em idade pré-escolar. uma sala de aula da Escola Municipal de
O objetivo de nosso trabalho foi inicial- Educação Infantil "Alfredo da Rocha Viana
mente criar, aplicar e verificar a eficácia da Filho - Pixinguinha", localizada no bairro do
intervenção educacional através da apli- Cangaíba, zona leste da capital paulista.
cação de um programa de orientação de
postura sentada adequada e adaptação de Procedimento geral
mobiliários escolares; e, segundo, verificar
o efeito da adequação da postura no de- Os 30 alunos foram submetidos a uma
sempenho de atividades gráficas. seqüência de atividades didaticamente pre-
paradas, durante cinco dias consecutivos,
por um período de meia hora a uma hora,
METODOLOGIA sempre pela manhã:
B
Sujeitos 1 dia:

Participaram dos experimentos 30 sujei- - Realização de atividades gráficas pré-


tos cujas idades variavam entre 6 anos e 4 estabelecidas, através de replicação de
meses a 7 anos e 1 mês, sendo a idade mé- modelos de formas geométricas sim-
dia do grupo de 6 anos e 5 meses. Dos 30 ples, por um período de meia hora, sem
sujeitos, 17 pertenciam ao sexo feminino e que fosse mencionada qualquer obser-
13 ao sexo masculino. vação referente à postura em que tal
atividade deveria ser realizada. Em se-
Material guida o material foi coletado para poste-
rior estudo e, com a ajuda de cartazes
1) Mesas de madeira revestidas de ilustrativos, iniciou-se uma discussão
formica, com 66 cm de altura e su- sobre as vantagens da postura sentada e
perfície de trabalho em forma redonda, a importância de sentar corretamente,
de um metro de diâmetro. Nesta mesa seguida de uma discussão sobre a im-
acomodavam-se tranqüilamente quatro portância de mesclar atividades na pos-
cadeiras com assento de 37 cm de altu- tura sentada e atividades dinâmicas,
ra, assento de 35 cm por 35 cm, sem in- como por exemplo andar.
clinação, e apoio lombar (encosto) de - Organização do material de sucata.
altura fixa. Chamamos a atenção para o
fato de que este sistema cadeira-mesa B
2 dia:
proporciona atividades em grupo, que é
uma situação desejada para crianças em - Repetição dos cartazes ilustrativos, re-
processo de alfabetização. lembrando as conclusões que a classe
2) Sucata para adaptação do sistema ca- havia formulado no dia anterior.
deira-mesa, como caixas de papelão, - Realização de desenhos baseados na
caixas e pedaços de madeira, almofa- discussão realizada no dia anterior e
das e travesseiros, tinta, pincéis, pregos nos cartazes apresentados para poste-
e martelos. rior discussão com a classe, seguida
3) Fichas padronizadas para realização de de uma análise sobre o desenho rea-
atividades gráficas e lápis preto n° 2. lizado.
- Observação, por parte das crianças, da deveria reproduzir com precisão e rapidez
sua postura sentada no sistema cadeira- o modelo (desenho de uma figura geomé-
mesa descrito anteriormente. Em segui- trica simples) que se encontrava no alto da
da cada criança enumerou verbalmente página de teste. O tempo para a realização
os problemas que encontrou ao com- de cada teste foi estipulado e cronometrado
parar sua cadeira-mesa com o modelo em 30 minutos.
oferecido pela professora (através de Durante o primeiro teste, composto por
cartazes e explicações). A professora, uma bateria de quatro figuras, as crianças
então, fez anotações em forma de de- sentaram da forma que preferiram e nenhu-
senhos na lousa. ma orientação com relação à postura foi
dada. Durante o segundo teste, também
s
3 dia: composto por quatro figuras, as crianças
sentaram seguindo o conhecimento apren-
- Retomada das observações feitas no dia dido durante a semana e utilizando os dis-
anterior e adaptação, por parte de cada positivos criados para adaptação dos mobi-
aluno, da cadeira em função da mesa de liários. Coletamos dados referentes às
trabalho. A professora orientou os alu- adaptações realizadas pelos alunos junta-
nos durante toda a atividade. mente com o professor.
- Realização de jogos dramáticos infantis Passado um mês do experimento, foram
enfocando a importância da maneira realizadas observações a respeito da postu-
correta de sentar, já utilizando as adap- ra sentada das crianças que participaram do
tações da cadeira. experimento.
Os alunos foram considerados como um
B
4 dia: grupo realizando atividades similares que
foram comparadas como conjuntos de da-
- Adaptação ao sistema cadeira adaptada- dos em séries, organizados por tempo e por
mesa. Para tanto, todas as atividades do situação.
dia foram realizadas com as cadeiras
adaptadas, dando a chance aos alunos de Variáveis estudadas
colocarem novas adaptações à cadeira ou
mesmo retirar alguma adaptação que pu- Para caracterizar o desempenho na re-
desse estar incomodando. alização dos testes gráficos produzidos pe-
los alunos, os desenhos foram estudados
g
5 dia: considerando-se: a) posicionamento do
desenho na folha, classificando os dese-
- Realização de atividades gráficas padro- nhos em posicionados e deslocados; b)
nizadas (as atividades foram desenvol- proporção entre o modelo e o desenho do
vidas com formas geométricas dife- aluno, classificando os desenhos em pro-
rentes das apresentadas no primeiro dia porcionais e desproporcionais; c) reprodu-
de experimento, objetivando evitar a in- tibilidade do desenho em relação ao
terferência do fator aprendizagem em modelo, classificando os desenhos em
nossos resultados). O tempo foi cro- completos ou incompletos.
nometrado em 30 minutos. As crianças Para estudar a manutenção dos compor-
utilizaram a mesma mesa, mesmo tipo tamentos instalados foi realizada uma ob-
de papel e lápis e a cadeira com as adap- servação das crianças após um mês dos ex-
tações. O material gráfico foi coletado perimentos, considerando as principais
para posterior análise. adaptações realizadas: a) crianças que
mantinham a preocupação em ter apoio
Antes da realização de cada atividade para os pés e para a região dorsal; b)
gráfica foram explicadas as normas para a crianças que mantinham a preocupação de
realização das mesmas, ou seja, cada aluno manter apoio para a região dorsal; c)
crianças que mantinham a preocupação de Podemos observar que somente 6.7%
manter um apoio para os pés; d) crianças dos alunos (2 alunos) não necessitaram de
que não se preocupavam em manter nenhu- nenhum tipo de adaptação ao sistema ca-
ma região do corpo apoiada. deira-mesa, sendo observada perfeita ade-
quação entre aluno-cadeira-mesa. Este
achado vem confirmar a suspeita de que o
RESULTADOS E COMENTÁRIOS mobiliário escolar está inadequado para a
maioria dos alunos, necessitando muitas
Com relação às observações efetuadas vezes de pequenas adaptações.
quatro semanas após a orientação referente Fica claro, também, que as crianças in-
à postura sentada, encontramos uma signi- corporaram na sua rotina diária de ativi-
ficativa mudança no quadro comportamen- dades escolares o comportamento de sentar
tal das crianças, como pode ser observado de forma mais adequada ao organismo, so-
na tabela abaixo. licitando com freqüência diferentes tipos

Tabela 1 - Características d o c o m p o r t a m e n t o s e n t a d o e m 30 c r i a n ç a s p r é -
e s c o l a r e s , a p ó s o r i e n t a ç ã o (% d e a l u n o s b e n e f i c i a d o s ) e m a n u t e n ç ã o d o c o m p o r -
t a m e n t o a p ó s 4 s e m a n a s (% d e m a n u t e n ç ã o d o c o m p o r t a m e n t o ) .

Adaptações % de alunos % de manutenção


necessárias beneficiados do comportamento

Apoio para pés e coluna 76.6% 91.0%


Apoio somente para coluna 16.7% 96.0%
Apoio somente para os pés 0.0% 0.0%
Sem nenhum tipo de apoio 6.7% 100.0%

Foi possível observar que a inadequação de apoio. Um comportamento que não foi
do sistema cadeira-mesa, para esta popu- analisado, mas foi observado com grande
lação, concentrava-se no fato do assento da assiduidade, diz respeito ao fato de que as
cadeira ser alto para as crianças, dificultan- crianças, além de se autocorrigirem, tam-
do o apoio dos pés no chão e de que o as- bém corrigiam-se mutuamente.
sento possuía uma profundidade que impe- Consideramos que a curto prazo houve
dia os alunos de recostarem no encosto da uma considerável e significativa mudança
cadeira, impedindo assim um apoio para a na atitude dos alunos em relação ao uso ade-
coluna. A maioria das crianças, antes da quado do sistema cadeira-mesa. Esta atitude
adaptação do mobiliário, assumia a postura refletiu-se no convívio familiar, conforme
sentada trazendo o corpo para a parte ante- informações espontâneas, geradas pelos pais
rior do assento e aumentando o ângulo de durante reunião entre professores e pais.
flexão da articulação coxo-femural, provo- Com relação à análise do desempenho
cando compressão da região posterior da na realização de atividades gráficas, não
coxa, mas conseguindo assim apoiar os pés observamos alterações, em nenhum dos
no chão. Esta posição induz a uma grande níveis que nos propusemos a estudar, como
abdução dos membros superiores, que pas- pode ser observado na tabela 2.
sa a sustentar o peso do tronco, sobrecarre- Para finalizar, gostaríamos de comentar o
gando a musculatura da cintura escapular e fato de ser este trabalho o início da aplicação
impedindo o apoio lombar. de um programa de orientação da postura
Assim, a adaptação da cadeira através sentada, e embora não obtendo melhoras na
de apoio para pés e coluna, ou somente capacidade de realização de atividades
apoio para a coluna foi suficiente. gráficas nos alunos, observou-se melhora na
Tabela 2 - Características das figuras, antes e após postura ao sentar. Este estudo nos permite in-
a orientação da postura sentada. ferir que é possível alterar o comportamento
Situação % de figuras % de figuras % de figuras
postural. Desta forma, futuros estudos
com relação posicionadas proporcionais completas deverão seguir os alunos por períodos mais
à orientação longos e explorar atividades gráficas finas,
pois acreditamos serem estas as mais sus-
Antes 61.7% 63.3% 81.7%
Depois 62.5% 65.5% 83.8% ceptíveis de alteração com uma postura mais
estável e adaptada ao organismo do aluno.

CAROMANO, F.A., FERRARINI, N.B.S., NEYRET, C.F., CARDOSO, Z.P. Orientation


programm about seated posture for children attending kindergarden school. Rev.
Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 21-6, jul./dez., 1994.

ABSTRACT :

The objective of this study was to elaborate and to test a methodology of orientation on
sitting position for children in early literacy, and to study the effect of posture adequacy on
their performance during writing activities. For this purpose the methodology was applied to
30 children, 13 boys and 17 girls, aging between 6.4 and 7.1 years (average age 6.5).
Inspite of our not having found connection between change in sitting posture and the
children's performance during the activities, we considered satisfactory the results of the
orientation program, in view of the new postural habits developed by the population in
study. Replication of protocol will be necessary for any other conclusion a s to performance
during writing activities.

KEY WORDS :

Physical therapy. Posture. Ergonomics. Child, preschool

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ASHER, C. Variações da postura na criança. In: Pediatria para P ó s G r a d u a n d o s . São Paulo: Ma-
nole, Í 9 7 6 , v.2.
2. A Y O U B , M. A. Work place design and posture. H u m a n Factors, v.15, n.3, p.256-68,1973.
3. BRUNSWICK, M. Ergonomics of seat design. P h y s i o t h e r a p y , v.70, n.2, p.40-3,1984.
4. C A R O M A N O , F.A. A n á l i s e f u n c i o n a l d a s p o s t u r a s i n d u z i d a s p o r d o i s s i s t e m a s c a d e i r a - m e s a
d i f e r e n t e s e o g r a u d e d e s e m p e n h o na realização d e a t i v i d a d e s g r á f i c a s . São Carlos, 1989.
Dissertação (Mestrado) - Programa de Mestrado em Educação Especial da Universidade Fed-
eral de São Carlos.
5. GIL, H. C. E s t u d o d e s c r i t i v o da p o s t u r a s e n t a d a e m i n d i v í d u o s realizando a t i v i d a d e s
g r á f i c a s . São Carlos, 1986. Dissertação (Mestrado) - Programa de Mestrado em Educação Es-
pecial da Universidade Federal de São Carlos.
6. MANDAL, A.C. The correct height of school furniture. P h y s i o t h e r a p y , v.70, n.2, p.48-53,1984.
7. SASAKI, R. A dura luta pelo direito de sentar. Nova Escola, v.3, n.20, p.12-7,1988.

Recebido para publicação em: 27/04/94


Aceito para publicação em: 29/07/94
DADOS ANTROPOMÉTRICOS
DE PRÉ-ESCOLARES DA CIDADE DE
SÃO PAULO

Raquel Aparecida Casarotto*, Edson Aparecido Liberti**

CASAROTTO, R.A., LIBERTI, E.A. Dados antropométricos de pré-escolares da cidade de


São Paulo. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 27-33, juL/dez., 1994 .

RESUMO :

Um banco d e dados antropométricos pode ser d e grande utilidade à adequação de


projetos arquitetônicos e desenho industrial. Espaços escolares, mobiliário infantil, louça
sanitária para crianças poderiam ser melhor projetados s e informações antropométricas
fossem disponíveis. Assim, neste estudo realizaram-se medidas de 18 variáveis
antropométricas em 400 crianças, 200 do sexo feminino e 200 do sexo masculino na
faixa etária de 4 a 7 anos, que freqüentavam a s pré-escolas da rede pública municipal
de S ã o Paulo, no Estado de S ã o Paulo, no período de julho a novembro de 1992.
Através de tratamento estatístico, obteve-se a média, o desvio padrão e o s percentis 5,
50 e 9 5 % de cada variável. Compararam-se estas medidas com a s da população inglesa
da mesma faixa etária e com um conjunto cadeira-mesa encontrado em uma das
escolas, observando-se diferenças significativas entre a s medidas nas variáveis altura do
cotovelo e largura do quadril. Com relação ao conjunto cadeira-mesa, somente a s
crianças próximas do percentil 100% poderiam utilizá-lo adequadamente.

DESCRITORES :

Antropometria, métodos. Ergonomia. Fisioterapia. Pré-escolar.

INTRODUÇÃO As informações disponíveis para uso


constam de pesquisas regionais, desenvol-
A quantidade de informações antropo- vidas em sua maioria com trabalhadores da
métricas sobre a população brasileira que 1
indústria metalúrgica , de transformação e 6

possam ser utilizadas para fins ergo- setor de informática .2

nômicos é bastante escassa. O projeto de levantamento antropomé-

Professora Assistente do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de Medicina d a Universidade de


São Paulo.
Professora Doutor do Instituto de Ciências Biomédicas d a Universidade de São Paulo.

Endereço: Raquel Aparecida Casarotto - Rua Cipotânea, n. 51 - Cidade Universitária - C E P


05360-000 - São Paulo, SP.
tricô da população adulta brasileira, civil com um conjunto cadeira-mesa de uma das
e militar, coordenado pelo Instituto Na- escolas pesquisadas.
6
cional de Tecnologia (INT) - Rio de Ja-
neiro, teve início em 1988 e não tem pra-
zo para o término. MATERIAL E MÉTODOS
Com relação à população infantil, não
havia nenhum dado disponível até a reali- Amostra
zação deste trabalho.
O dimensionamento adequado do Foram medidas 400 crianças com idade
mobiliário contribui de maneira significati- entre 4 e 7 anos, que freqüentavam Escolas
va para diminuir a sobrecarga na coluna, Municipais de Educação Infantil (EMEI)
no sistema circulatório, principalmente nos da rede pública de ensino da cidade de São
membros inferiores, e no sistema visu- Paulo.
aj5,7,8,ne > p q
a r a t dimensionamento
U e e s e
A distribuição por faixa etária obedeceu
possa acontecer de forma correta, torna-se 0 critério de proporcionalidade de
necessário conhecer as medidas antropo- matrículas. Desta forma, na faixa etária de
métricas da população que irá utilizá-los. 4 a 5 anos foram medidas 80 crianças, 40
Muitos países já possuem definido o seu do sexo masculino e 40 do feminino; na
perfil antropométrico. Será que uma cadeira faixa etária de 5 a 6 anos, foram medidas
projetada com parâmetros antropométricos 160 crianças, 80 do sexo masculino e 80
da população inglesa poderia ser utilizada do feminino e na faixa etária de 6 a 7 anos,
adequadamente por crianças brasileiras? foram medidas 160 crianças, 80 do sexo
Tudo leva a crer que não, uma vez que o masculino e 80 do feminino.
4
brasileiro, segundo Ferreira , representa um
outro tipo constitucional. A população brasi- Material
leira, formada ao longo de quase cinco sécu-
los, é uma mistura de contingentes raciais di- As medidas foram obtidas através de
versificados. A miscigenação de brancos, um antropômetro GPM-101, um compasso
negros e índios, associada às condições am- de pontas rombas GPM-102, uma balança
bientais e sócio-econômicas faz com que a clínica e um banco com altura regulável.
distribuição da freqüência de cada medida Os dados foram anotados em um protocolo
antropométrica adquira um caráter singular 10
elaborado de acordo com Serrano e Insti-
para o povo brasileiro. tuto Nacional de Tecnologia .6

Assim, fica evidente a necessidade de


um levantamento antropométrico para a po- Definição das medidas
pulação brasileira, uma vez que as di-
mensões e as proporções entre os segmen- Foram realizadas medidas de 18
tos corporais (cabeça, tronco, membros variáveis antropométricas, incluindo peso,
superiores - MMSS e membros inferiores - realizadas na postura em pé e sentado. A
MMII), não são constantes entre as dife- realização das medidas foi feita com os su-
rentes populações. jeitos trajando short e camiseta, sem sapato.
Tendo em vista a inexistência, na literatu- As variáveis medidas foram as seguintes:
ra, de trabalhos antropométricos em crianças
brasileiras que possam ser utilizados para Variáveis medidas na postura sentada
fins ergonômicos, este estudo tem como ob-
jetivo formar um banco de dados antropo- 01 - Altura popliteal - Distância vertical do
métricos de crianças na faixa etária de 4 a 7 chão até o angulo poplíteo do joelho, na
anos, que sirva como fonte de referência para região de inserção do músculo biceps fe-
projetos ergonômicos de espaços escolares. moral.
Os dados obtidos foram comparados com os 02 - Profundidade nádega- poplitea -
de crianças inglesas de mesma faixa etária e Distância horizontal da região posterior da
nádega até o ângulo poplíteo na região pos- 14 - Estatura - Distância vertical do chão
terior do joelho. até o vértice.
03 - Altura da cabeça - Distância do chão 15 - Altura dos olhos - Distância vertical
até o vértice da cabeça do chão até o canto lateral do olho.
04 - Altura do olho - Distância do chão até 16 - Altura do ombro - Distância vertical
o canto lateral do olho. do chão até o acrômio.
05 - Altura do ombro - Distância vertical 17 - Altura do cotovelo - Distância vertical
do chão até o acrômio. do chão até o olecrano.
06 - Altura de cotovelo - Distância do chão 18-Peso.
até o olecrano.
07 - Altura das coxas - Distância vertical do
chão até a região mais proeminente da coxa. ANÁLISE ESTATÍSTICA
08 - Largura do quadril - Distância hori-
zontal entre as superfícies laterais do cor- Para cada variável deste estudo, calcu-
po na região do quadril, estando o in- lou-se a média(x), o desvio padrão(s) e
divíduo sentado. os percentis (5%, 50% e 95%), para o
09 - Largura do ombro - Distância horizon- sexo masculino e o sexo feminino. Além
tal entre a região mais externa dos desses parâmetros, a fim de comparar as
músculos deltóides. medidas antropométricas deste estudo
10 - Alcance do antebraço - Distância do com os dados de crianças de outras na-
cotovelo até a ponta do dedo médio. cionalidades, utilizou-se o coeficiente de
11 - Alcance do braço - Distância da região variação (C.V.) menor que 10%, uma vez
posterior das escapulas até a ponta do dedo que não foi possível a realização de
médio com o braço estendido. outros testes (FSnedecor) devido à ausên-
cia do dado número de indivíduos (n)
Variáveis medidas na posição em pé medidos na bibliografia disponível . 3

12 - Comprimento do pé - Distância da
região anterior do hálux até o ponto infe- RESULTADOS
rior da região posterior do calcâneo.
13 - Largura do pé - Distância horizontal da As medidas antropométricas obtidas nas
região mais externa entre a articulação me- crianças encontram-se expressas nas Tabe-
tatarso-falangeana do hálux e do V dedo. las l , 2 e 3 .

Tabela 1 - Estimativas antropométricas (cm) em crianças paulistanas na faixa etária de 4 a 5 anos.

Variável Feminino Masculino


X S P5% P50% P95% X S P5% P50% P95%
Altura popliteal 24.9 1.45 21.6 25.2 26.8 24.7 1.64 22.0 24.5 27.2
Prof, nádega-popliteal 27.9 1.65 25.5 28.0 30.3 27.3 1.87 24.3 27.2 30.6
Altura da cabeça-sentado 84.6 3.22 80.1 84.4 89.0 84.7 4.07 77.0 84.6 90.6
Altura do olho-sentado 72.9 3.16 68.0 72.8 77.3 72.7 3.98 65.1 72.3 79.4
Altuta do ombro-sentado 60.4 3.06 56.3 60.2 65.0 60.6 3.57 53.0 60.6 65.5
Altura do cotovelo-sentado 39.8 2.19 35.8 39.6 43.3 39.6 2.97 34.5 39.3 44.7
Altura das coxas 34.8 2.06 30.4 35.0 37.0 34.7 1.86 32.0 34.8 37.6
Largura do quadril 21.9 1.38 20.2 21.7 24.3 21.8 1.55 19.6 21.6 24.1
Largura do ombro 27.1 1.39 24.9 27.3 29.4 27.8 1.44 25.8 27.6 30.2
Alcance do antebraço 27.9 1.32 25.0 28.1 29.8 28.5 1.56 26.5 28.3 31.5
Alcance do braço 51.0 3.02 45.4 51.3 55.2 51.7 2.93 47.8 51.1 56.5
Comprimento do pé 16.6 0.80 15.0 16.7 17.7 17.1 1.03 15.6 16.8 18.7
Largura do pé 6.5 0.34 6.1 6.5 7.1 6.8 0.46 6.3 6.8 7.6
Estatura 106.0 4.22 97.7 106.3 112.3 104.0 55.1 96.3 106.0 113.7
Altura do olho em pé 93.7 4.18 84.7 94.2 99.0 93.5 4.69 84.8 93.5 100.5
Altura do ombro em pé 81.0 3.84 72.6 81.4 85.8 80.9 4.22 73.4 81.2 86.7
Altura do cotovelo em pé 59.0 7.53 54.2 60.2 63.9 59.7 3.62 53.6 59.8 65.4
Peso (kg) 17.1 1.92 14.5 16.8 20.7 17.9 2.27 14.3 17.8 21.2
Tabela 2 - Estimativas antropométricas (cm) em crianças paulistanas na faixa etária de 5 a 6 anos.

Variável Feminino Masculino


X S P5% P50% P95% X S P5% P50% P95%

Altura popliteal 26.3 1. 57 23.6 26.3 29.1 26.7 1.,54 24.4 26.8 29.5
Prof, nádega-popliteal 29.5 1. 84 26.2 29.5 32.3 29.6 1.,75 26.3 29.6 32.5
Altura da cabeça-sentado 88.0 4. 02 81.6 88.1 94.5 89.8 3.,70 82.3 89.8 95.6
Altura do olho-sentado 74.9 5. 27 69.9 76.3 81.6 77.8 3,,60 71.1 77.7 82.7
Altuta do ombro-sentado 63.7 3.,14 58.3 63.6 68.3 64.8 3,.33 75.5 64.8 69.4
Altura do cotovelo-sentado 41.6 2.,55 37.1 42.0 45.3 42.4 2,.37 38.1 42.6 45.7
Altura das coxas 36.7 2.,01 33.5 36.6 39.9 37.4 1,.90 34.2 37.5 40.5
Largura do quadril 22.7 2.,00 20.0 22.4 26.2 22.7 1,.74 20.4 22.4 25.4
Largura do ombro 27.9 1.,85 25.6 27.6 31.6 28.5 1 .48 26.3 28.4 31.0
Alcance do antebraço 29.4 1.,49 27.0 29.4 31.6 30.1 1 .45 27.8 30.2 32.2
Alcance do braço 54.0 2..79 49.1 53.9 58.5 55.4 2 .78 51.2 55.6 59.6
Comprimento do pé 17.4 0..95 16.0 17.2 18.8 17.8 0 .96 16.6 17.8 19.5
Largura do pé 6.7 0..43 6.1 6.8 7.5 7.0 0 .49 6.2 7.1 7.8
Estatura 11.0 4,.92 103.5 11.3 119.6 112.4 4 .47 105.2 12.5 119.4
Altura do olho em pé 98.7 4 .76 91.1 98.8 106.1 100.0 4 .75 92.1 100.1 107.5
Altura do ombro em pé 85.8 4 .32 78.4 86.1 92.5 86.7 4 .07 81.3 86.5 93.5
Altura do cotovelo em pé 63.3 3 .39 58.5 63.5 68.4 64.2 2 .89 59.3 64.0 69.9
Peso (kg) 19.4 3 .31 14.8 19.0 25.9 20.0 2 .59 16.7 19.6 25.0

Tabela 3. Estimativas antropométricas (cm) em crianças paulistanas na faixa etária de 6 a 7 anos.

Variável Feminino Masculino


X S P5% P50% P95% X S P5% P50% P95%

Altura popliteal 28.8 1. 56 26.1 28.1 31.0 28.6 1. 72 25.4 28.4 31.5
Prof, nádega-popliteal 32.6 1. 67 29.6 32.2 34.8 31.5 1. 82 28.1 31.5 34.0
Altura da cabeça-sentado 94.3 3. 51 88.8 94.4 99.6 94.4 4. 00 87.5 94.4 100.7
Altura do olho-sentado 82.1 3.,79 76.4 81.7 87.5 82.0 3. 75 75.9 82.1 87.6
Altuta do ombro-sentado 68.3 3.,20 63.0 68.3 72.8 68.6 3.,27 62.6 68.4 74.3
Altura do cotovelo-sentado 44.5 2,,50 40.4 44.5 48.3 44.5 2.,48 41.1 45.3 48.4
Altura das coxas 38.7 1,,92 36.4 39.8 42.5 39.6 2,,06 36.0 39.5 43.3
Largura do quadril 24.0 1,,89 21.1 24.0 26.8 23.5 2.,02 20.8 23.3 27.0
Largura do ombro 29.6 1,,68 27.0 29.4 32.5 29.8 1,,91 26.0 30.1 32.4
Alcance do antebraço 31.5 2 .09 28.6 31.4 34.3 31.7 1 .61 28.5 31.5 34.7
Alcance do braço 58.0 3 .04 52.8 58.8 63.3 58.4 3,,04 53.2 58.5 63.5
Comprimento do pé 18.6 1,.01 16.8 18.8 20.1 18.7 0,.94 17.4 18.6 20.3
Largura do pé 7.1 0 .57 6.1 7.2 7.8 5.3 0,.49 4.6 5.3 6.2
Estatura 119.0 4,.91 110.8 119.1 126.6 118.4 5,.07 109.4 117.8 127.3
Altura do olho em pé 106.5 4,.65 98.6 107.2 113.4 105.7 5,.06 96.5 105.5 113.4
Altura do ombro em pé 92.7 4 .19 85.4 92.7 98.7 92.3 4 .69 84.1 92.4 99.7
Altura do cotovelo em pé 68.6 3 .34 63.4 68.5 74.3 68.0 3 .40 62.7 68.0 73.6
Peso (kg) 22.3 3 .07 17.8 22.3 27.3 22.2 3 .27 18.1 21.8 27.6

DISCUSSÃO questões: 1- Que tipo de dados servirão de


parâmetro para a confecção do mobiliário
A partir do momento em que se conhecem escolar? 2- Existe uma acomodação deste
as características antropométricas de uma mobiliário com a população usuária?
população, a possibilidade de projetar ergo- A resposta a estas questões vem da
nomicamente equipamentos, mobiliário e análise das dimensões de um conjunto ca-
espaços de trabalho está colocada para os de- deira-mesa encontrado em uma das
signers. EMEIs.
Como o perfil antropométrico da popu- A mesa apresentava um tamanho único,
lação brasileira adulta e infantil ainda não com altura de 66 cm e as cadeiras apresen-
está delineado, colocam-se as seguintes tavam as seguintes dimensões:
Tabela 4. Medidas das cadeiras menor e maior. padrão das medidas ou os percentis, invia-
bilizando a aplicação de testes estatísticos
Cadeira menor Cadeira maior
(cm) (cm) que permitissem a comparação direta dos
percentis.
Altura do assento 37,5 41,6 Inicialmente, propôs-se a aplicação do
Largura de assento 34,5 35,0
Profundidade do assento 36,0 37,5 teste FSnedecor para verificar se as dis-
Altura do encosto 71,5 76,6 persões eram iguais, o que não foi possível
pela ausência de dados. Desta forma, op-
tou-se pelo Coeficiente de Variação (C.V.)
Comparando as medidas, observou-se menor que 10% como parâmetro para ava-
as seguintes diferenças entre as dimensões liar a possibilidade de comparação das
das crianças e do mobiliário: medidas, embora este teste não possua o
mesmo rigor estatístico que o anterior.
a) Com relação à altura do assento, nem a As variáveis utilizadas para a compa-
criança que apresenta a maior dimensão ração foram: altura popliteal ; comprimen-
desta medida, ou seja, a criança que to sacro-poplíteo ; altura do cotovelo - sen-
possui o comprimento da perna de 33,6 tado e largura do quadril , escolhidas por
cm poderia utilizá-la apoiando total- serem utilizadas para o dimensionamento
mente os pés no chão. do conjunto cadeira - mesa.
b) Na dimensão profundidade do assento, A análise estatística permitiu a compa-
somente as crianças próximas ao per- ração das quatro variáveis em questão,
centil 100% poderiam utilizar a cadeira com exceção da altura do cotovelo - sen-
mais baixa apoiando adequadamente a tado nas faixas etárias d e 5 a 6 e 6 a 7
coluna no encosto, sem comprimir a anos, pois o coeficiente de variação apre-
região posterior dos joelhos. sentou um valor maior que 10%. Embora
c) A mesa, 16 a 20 cm maior do que a altura na variável altura do cotovelo - sentado
do cotovelo das crianças, mostrou-se de- na faixa etária de 4 a 5 anos o valor en-
masiadamente alta, uma vez que esta de- contrado no C.V. seja maior que 10 %,
veria ter apenas 5 cm além da altura do co- realizou-se a comparação das medidas,
tovelo, determinando uma abdução pois o mesmo apresentou-se muito
exagerada dos membros superiores, au- próximo do limite.
mentando a tensão na região cervical e Tal comparação permitiu inferir que, se
provocando cifose nesta região. fossem utilizadas medidas inglesas para a
confecção de mobiliário para as crianças
Estes dados revelam um fato preocu- paulistanas, encontrar-se-iam os seguintes
pante: o aparente desconhecimento de ta- problemas dimensionais:
belas dimensionais por faixa etária na con-
fecção do mobiliário. Mesmo que fossem a) Na faixa etária de 4 a 5 anos a dimensão
utilizadas tabelas estrangeiras, nem assim da largura do assento, que seria dada
as diferenças seriam tão gritantes como as pelo percentil 9 5 % das crianças inglesas
encontradas nesta escola. (23 cm), eqüivale ao percentil 85% das
A necessidade do conhecimento das crianças paulistanas, o que não permiti-
medidas antropométricas das crianças bra- ria a acomodação adequada do percen-
sileiras fica evidente quando comparamos tual desejado para os projetos ergo-
as medidas deste estudo com as outras po- nômicos. Ainda nesta faixa etária,
pulações. ocorreriam problemas em relação à altu-
Pelo levantamento bibliográfico realiza- ra da mesa, pois o percentil 9 5 % das
do, só foi possível comparar as medidas crianças inglesas (47,5 cm) já seria
9
com as crianças inglesas , pois os artigos aproximadamente 3 cm mais alto do
encontrados não apresentavam o número que a medida correspondente ao percen-
de crianças por faixa etária, o desvio til 9 5 % das crianças paulistanas.
b) Nas faixas etárias d e 5 a 6 e 6 a 7 anos, b) As maiores diferenças observadas entre
o problema do dimensionamento da lar- as crianças paulistanas e as inglesas, nas
gura do assento fica mais grave, pois medidas comparadas, encontram-se nas
apenas 70 e 77,5% respectivamente das variáveis altura do cotovelo e largura do
crianças seriam beneficiadas. quadril.
c) No mobiliário estudado, observou-se
um dimensionamnto acima dos valores
CONCLUSÕES recomendados em todas as medidas, nas
diferentes faixas etárias.
Além da confecção de tabelas dimensio-
d) Para o dimensionamento adequado do
nais por faixa etária, este estudo permitiu
mobiliário escolar, é necessário conhe-
chegar às seguintes conclusões:
cer as medidas antropométricas das
a) As crianças paulistanas, quando compara- crianças paulistanas, pois existe uma
das com as crianças inglesas, apresentam aparente desinformação por parte dos
proporcionalidade nas medidas altura fabricantes sobre tabelas dimensionais
popliteal e comprimento sacro-poplíteo. por faixa etária.

CASAROTTO, R.A., LIBERTI, E.A. Anthropometric data of preschool children in São Paulo
city. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1 ( 1 ) : 27-33, jul./dez., 1994.

ABSTRACT :

An anthropometric data bank can be very useful to architectonic projects and industrial
design adjustment. School spaces and furniture could be better projected if children's
anthropometric information were avaiable. This study has determined anthropometric
measures in 400 male and female children attending public City preschools in São Paulo
(SP, Brazil), in age groups 4-5, 5-6, and 6-7 years old. Standard deviation and percentiles
5%, 50%, 95% were determined for each measurement and the results were compared with
those of same-age English children; Brasilian children.s measures were also compared to
measurements made in seat-and-table kits found in one of the preschools, showing sharp
inadequacy of furniture.

KEY WORDS :

Anthropometry, methods. Ergonomics. Physical therapy. Child, preschool.

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139-49,1982.

Recebido para publicação em 25/04/94


Aceito para publicação em 19/07/94
HÉRNIA DE DISCO CERVICAL
TRATADA COM REEDUCAÇÃO
POSTURAL GLOBAL (RPG)

Amélia Pasqual Marques*

MARQUES, A.P. Hérnia de disco cervical tratada com Reeducação Postural Global (RPG).
Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 34-7, jul./dez., 1994.

RESUMO :

O artigo apresenta dois casos de hérnia de disco cervical diagnosticadas por tomografia. A
sintomatologia dolorosa apresentou-se localizada e irradiada para braço, antebraço, mãos
e dedos. Os casos foram tratados com alongamento muscular, utilizando a técnica de
Reeducação Postural Global (RPG). A sintomatologia desapareceu nas primeiras s e s s õ e s
de tratamento, permanecendo os indivíduos assintomáticos há 12 meses.

DESCRITORES :

Hérnia de disco cervical. Reeducação Postural Global, alongamento. Fisioterapia.

INTRODUÇÃO A compressão da raiz nervosa por hér-


nia de disco cervical é pouco freqüente.
A dor de origem cervical mas que se irra- "Para entrar em contato com o nervo, o dis-
dia para o ombro, braço, mão, cabeça bem co deve herniar para o espaço interverte-
como no pescoço, é freqüentemente resulta- bral e fazer protrusão em direção dorso-
2
do da irritação das raízes nervosas na região lateral" .
do foramen intervertebral, da invasão do lei- Este texto relata dois casos de pessoas
to vascular durante seu curso no canal verte- com hérnia de disco cervical, tratados se-
bral, ou da invasão da medula no canal verte- gundo a técnica de RPG com resultados
bral. O mecanismo que origina a dor e a satisfatórios.
incapacidade na região cervical, pode ser
considerado como resultado do estreitamen- Caso 1
to do espaço ou de movimento defeituoso na
região do pescoço, pela qual passam os ner- Mulher, 42 anos, branca, professora
2
vos ou vasos sangüíneos . primária, com dor há três anos, após aci-

Professora Assistente do Curso de Fisioterapia d a Faculdade de medicina d a Universidade de


São Paulo.

Endereço: Amélia Pasqual Marques - Rua Cipotânea, n. 51 - Cidade Universitária - C E P


05360-000 - São Paulo, SP.
dente automobilístico. Referiu dor na Caso 2
região cervical alta com irradiação para a
omoplata e membro superior direito, e di- Homem de 55 anos, branco, religioso,
minuição de força e tremor no punho e mão com a dor tendo início há três anos e refe-
direita. A dor era mais intensa pela manhã rindo à época dificuldade para movimentar
e ao final do dia e permanecia constante. A os ombros. Já sofreu cirurgia de hérnia de
mesma referia limitação para exercer as disco lombar há 11 anos. Referia agora dor
atividades de professora, permanecendo na região cervical, com irradiação para o
afastada do trabalho por períodos longos. A membro superior esquerdo e perda de sen-
tomografia indicava hérnia de disco cervi- sibilidade do polegar esquerdo. A dor era
cal e retificação da lordose cervical. mais intensa à noite, provocando inter-
A avaliação fisioterápica realizada base- rupções prolongadas de sono. A tomogra-
ou-se nas cadeias musculares, segundo pro- fia indicava compressão discai em C5 - C6
6
posta de Souchard . Três eram as cadeias e retificação da lordose cervical.
mais comprometidas: antero-interna do A avaliação fisioterápica aponta as cadei-
ombro, anterior do braço e posterior, fican- as musculares mais comprometidas como
do evidentes as alterações posturais — gi- sendo: cadeia antero-interna do ombro, ante-
bosidade torácica, abdução e elevação da rior do braço, inspiratória e posterior e as al-
cintura escapular e ombros protraídos. Os terações mais evidentes cifose torácica, om-
músculos mais encurtados eram os para- bros protraídos, abdução e elevação da
vertebrals, glúteos, trapézio, peitoral me- cintura escapular. Já os músculos que se
nor e maior e coracobraquial. apresentaram mais encurtados foram trapé-
A flexibilidade inicial da paciente foi zios, isquiotibiais, glúteos, paravertebrais,
avaliada através de índices específicos, ob- peitoral menor e maior e diafragma. A flexi-
tendo-se as seguintes medidas: Schober = 6 bilidade inicial do paciente apresentava-se
cm (mede a mobilidade da coluna lombar); mais limitada do que o Caso 1. Os índices
Stibor = 9 cm (mede a flexibilidade da co- medidos foram: Schober = 5 cm, Stibor = 6
luna vertebral) e terceiro dedo-chão = 1 4 cm e terceiro-dedo chão = 25 cm.
cm (mede a flexibilidade global do in- O tratamento fisioterápico teve como
3
divíduo) . objetivo aliviar a sintomatologia dolorosa
Assim, a partir dos encurtamentos mus- e alongar os músculos que se apresenta-
culares observados durante a avaliação, foi vam encurtados. Desta forma foram alon-
proposto tratamento tendo por objetivo ali- gados os músculos trapézio, coracobraqui-
viar a sintomatologia dolorosa e alongar os al, peitoral maior e menor, glúteos, isquio-
músculos que se apresentavam encurtados. tibiais e paravertebrais. As posturas utili-
Foram realizados exercícios para alongar os zadas foram "rã no chão" "rã no ar". A
músculos glúteo, trapézio, coracobraquial, exemplo do Caso 1 também foi utilizado
peitoral maior e menor e paravertebrals. As um rolo sob a região cervical para recriar
posturas utilizadas foram preferencialmente a curva deste segmento que também se
7
" rã no chão ",." rã no ar " e sentada . En- achava retificado.
quanto era realizado o alongamento na As sessões foram realizadas semanal-
posição decúbito dorsal, era utilizado um pe- mente durante 18 semanas, mostrando-se o
queno rolo feito com uma toalha de rosto, no paciente assintomático a partir da quinta
sentido de recriar a curva da coluna cervical sessão. Ao final, os índices de flexibilidade
que se achava retificada. haviam melhorado significativamente, po-
As sessões foram semanais e os sinto- rém não atingindo os níveis do Caso 1.
mas desapareceram após a oitava sessão,
permanecendo a mesma em tratamento
para alongamento completo por aproxi- DISCUSSÃO
madamente 20 semanas, quando os índices
de flexibilidade se mostraram normais. As complicações da hérnia de disco cer-
vical incluem perda de sensibilidade, dor amplitude articular em pacientes com hér-
de cabeça, diminuição de força etc. nia de disco cervical. Neste trabalho ele
Considerando que o mecanismo que ori- compara estes dois aspectos antes e após o
gina a dor e as parestesias e, como conse- tratamento de fisioterapia, obtendo resulta-
qüência, incapacidade funcional de toda a dos satisfatórios. Nos nossos pacientes não
região cervical, pode ser resultado do estrei- foi observada limitação de movimento,
tamento do espaço ou do movimento defei- apenas a restrição imposta pela dor, que foi
tuoso na região do pescoço, imaginou-se sanada a partir do momento em que esta foi
que uma das possíveis causas da dor pu- eliminada. Assim, ao invés da melhorar a
desse ser a retificação da coluna cervical. força muscular, optou-se por alongar as es-
Assim, tanto nas curvas lordóticas acen- truturas encurtadas em nível local e geral.
tuadas quanto nas retificações das curvas Este aspecto vem de encontro à afirmação
cervicais, existe a necessidade de um de Mézières, que na década de 50, já dizia
alongamento muscular localizado e global, que a questão não está na fraqueza da mus-
uma vez que a compensação de um seg- culatura posterior, mas no excesso de força,
mento leva a compensações em outras sugerindo então que a solução seria soltar
regiões do corpo. Nos dois pacientes, quan- os músculos posteriores para que eles liber-
do o trabalho era realizado em decúbito tem as vertebras mantidas num arco
1
dorsal, usou-se um rolo sob a coluna cervi- côncavo . Assim, no nosso trabalho, foi
cal no sentido de recriar a curva fisiológica feita a mesma analogia: ao invés de forta-
perdida. O que se observou em outros pa- lecer músculos, optou-se por "soltar" os
cientes é que o alongamento muscular não músculos que se achavam encurtados, ob-
era suficiente para diminuir a sintomatolo- jetivando com isso conseguir um alonga-
gia referida, pois quanto mais se alonga- mento das estruturas musculares.
5
vam os músculos, mais se acentuava a reti- Segundo Kisner & Colby , entende-se
ficação, não havendo diminuição dos por alongamento muscular, qualquer ma-
sintomas referidos. Assim, a partir do mo- nobra terapêutica elaborada para alongar
mento em que se atentou para o uso do estruturas de tecido mole encurtadas. Sua
"rolo" durante as sessões e em casa ao indicação mais freqüente refere-se à neces-
deitar, houve um desaparecimento dos sin- sidade de alongar os encurtamentos, sem-
tomas em poucos dias, sugerindo então pre que estes interferirem com as ativi-
uma atenção especial para um exame aten- dades da vida diária.
to do paciente, e um RX comprobatório da A avaliação da dor, dos sintomas de pa-
situação da coluna cervical. restesia e diminuição da força muscular foi
A literatura pouco se refere à atuação da feita através do relato verbal dos in-
fisioterapia e da sua eficácia nos pacientes divíduos, que afirmaram terem estas desa-
com hérnia de disco cervical. Highland 4
parecido, mostrando-se satisfeitos com o
propôs um trabalho de fisioterapia visando retorno às atividades diárias sem restrição
melhorar a força muscular e o ganho de alguma.
MARQUES, A.P. Cervical disc hernia treated with Global Postural Reeducation (GPR).
Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 34-7, jul/dez., 1994.

ABSTRACT :

This is a report on two cases of patients suffering from cervical disc herniation submitted to
physiotherapic treatment. Both patients presented pain and neurologic deficit.and were
treated with with tretching exercises, drawing on Global Postural Reeducation techniques.
Both c a s e s have referred no symptons after a few sessions and remained so through 12
months.

KEY WORDS :

Cervical disc herniation. Global Postural Reeducation, stretching. Physioterapy.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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3. CRUZ FILHO, A. Clínica r e u m a t o l ó g i c a . Rio de Janeiro: Guanabara, 1980.
4. HIGHLAND, T. R. et alii. Changes in isometric strength an range of motion of the isolated cervical
spine after eight weeks of clinical rehabilition. S p i n e , v.17, n.6, p.S77-81,1992.
5. KISNER, C , COLBY, L.A. E x e r c í c i o s t e r a p ê u t i c o s : f u n d a m e n t o s e t é c n i c a s . São Paulo: Ma-
nole, 1987.
6. SOUCHARD, P.E. Ginástica P o s t u r a l G l o b a l . São Paulo: Martins Fontes, 1984.
7. SOUCHARD, P.E. As cadeias musculares e suas posturas. R e e d u c a t i o n P o s t u r a l e Globale,
n.10, p.32-34, 1985.

Recebido para publicação: 26/04/94


Aceito para publicação: 29/07/94
CUNHA, Mareia Cristina Bauer. Atrofia muscular espinhal progressiva tipo II (inter-
mediária) e tipo III (Kugelberg Welander): aspectos clínicos e evolutivos com trata-
mento fisioterápico e hidroterápico em piscina aquecida. São Paulo, 1994. Dissertação
(mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Neurociências da Escola Paulista de Medicina.

RESUMO :

Este estudo consistiu na análise do efeito do tratamento fisioterápico com hidroterapia em


piscina aquecida em ciqüenta pacientes com diagnóstico de Atrofia Muscular Espinal
Progressiva (AMEP) tipos II (em número de 30) e III (em número de 20), para o qual
foram descritos o quadro clínico, os exames subsidiários, o tratamento fisioterápico e a
evolução dos pacientes. O objetivo do trabalho foi analisar os possíveis benefícios da hi-
droterapia em piscina aquecida, como método terapêutico complementar para os pa-
cientes portadores de AMEP tipos II e III. Os pacientes foram tratados com procedimen-
tos clássicos de fisioterapia de hidroterapia, durante 30 minutos para crianças e 45
minutos para adultos, num período de 2 anos e numa freqüência de duas vezes por sema-
na. Foram avaliados através dos procedimentos clássicos de fisioterapia incluindo teste
muscular manual, avaliação hidroterápica e escala de Barthel a cada dois meses. Em
relação ao quadro clínico, tanto na AMEP-tipo II, quanto na AMEP-tipo III, observou-se
grande variação em relação à severidade da doença e à evolução da progressão. Em
relação aos aspectos fisioterápicos e hidroterápicos, após 2 anos, observou-se: instalação
de algumas deformidades em quadril, joelho e pé; estabilização e/ou aumento de força
muscular em alguns pacientes do tipo III; maior funcionalidade nas atividades da vida
diária, melhorando portanto a qualidade de vida destes pacientes.

TANAKA, Clarice. Segmentação vásculo-nervosa do músculo sartório. Estudo micro-


anatômico. São Paulo, 1994. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Anato-
mia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.

RESUMO :

O músculo sartório é peculiar em sua forma e topografia: é estreito e longo, superficial


em toda a sua extensão e percorre inteiramente a coxa em trajeto espiral. No que tange às
características de distribuição arterial e nervosa desse músculo, há uma carência de dados
em relação à sua estrutura segmentar. Assim justifica-se o objetivo deste estudo na busca
de estabelecer parâmetros da distribuição intramuscular de nervos e artérias, no músculo
sartório, em homens adultos. Cinqüenta e três espécimes obtidos de cadáveres com até 24
horas de post mortem totalizaram a amostra. Trinta e dois músculos (16 de cada
antímetro) obtidos de 21 cadáveres foram dissecados após a infusão de solução de gelati-
na via artéria femural. O padrão de distribuição intramuscular da artéria e do nervo foram
esquematizados. Seis peças foram submetidas ao raio X após a infusão de solução de sul-
fato de bário via artéria femural. Sete peças foram submetidas à infusão via artéria femu-
ral de solução de tinta da china e diafanizadas. Sete peças foram submetidas à infusão de
solução de acetato de vinil, para obtenção de moldes arteriais. Uma peça foi submetida a
procedimentos histiotópicos em secções com 10 micrômetros em três níveis do músculo,
corados pelo método de Tricrômico de Masson. As 32 peças dissecadas foram submeti-
das a procedimentos biométricos, realizando-se medidas de comprimento do músculo,
comprimento dos pedículos e distância do pedículo ao extremo proximal do músculo.
Nossos resultados mostraram o músculo sartório irrigado por 5-9 pedículos arteriais, pen-
etrando pela margem mediai ou face profunda do músculo, ramificando-se progressiva-
mente e constituindo, na intimidade do músculo, densa rede de anastomoses alongadas:
intra (até) 4) e interpediculares (3-6). O músculo sartório é inervado por um ou dois ra-
mos nervosos que penetram no músculo em nível do primeiro ou do segundo pedículo ar-
terial, constituindo os hilos neuro-vasculares. Estes ramos originam dois ou três ramos
territoriais, que por sua vez, se dividem em quatro ou cinco ramos segmentares orienta-
dos segundo o eixo longitudinal do músculo. A distribuição segmentar arterial e nervosa
do músculo sartório em homens adultos permite entender o músculo sartório como dota-
do de regiões dispostas longitudionalmente que recebem ramos arteriais e nervosos
próprios e, portanto, podem ser considerados como unidades estruturais.
JUNHO/1995

1995 WCPT - WORLD CONFEDERATION FOR PHYSICAL THERAPY

De: 25 a 30 de junho, em Washington - E.U.A. Os interessados em maiores informações


devem escrever para:

1995 WCPT Congress Cientific Program Committee


American Physical Therapy Association
1111 North Fairfax Street
Alexandria, VA 22314-1488
United States
V. 1,1994

C A R D O S O , L. P., 11,21

C A R O M A N O , F. A., 21

C A S A R O T T O, R. A., 27

C U N H A . M . C.B.,38

D U R I G O N , O . F . S . , 11

FERRACINI, N.B.S.,21

L I B E R T I, E. A., 27

M A R Q U E S , A. P., 5, 34

NEYRET, C.F.,21

S ANCHES, E.L.,5

T A N A K A , C , 16,38
V. 1,1994

Analgesia
• Comportamento
Dor, 11
Antropometria
• Ergonomia
Pré-escolar, 27
Comportamento
• Dor
Analgesia, 11
Dor
• Analgesia
Fisioterapia, 11
Ergonomia
• Postura
Pré-escolar, 2 1 , 27
Antropometria, 27
Exercício
• Fibromalgia
Fisioterapia, 16
Fibromialgia
• Fisioterapia
Exercício, 16
Fisioterapia
• Exercício
Fibromialgia, 16
• Hérnia de disco
Reeducação Postural Global, 34
• educação
• História
• legislação e jurisprudência
• tendências, 5
Hérnia de Disco
• Reeducação Postural Global
Fisioterapia, 34
Postura
• Pré-escolar
Ergonomia, 21
Pré-escolar
• Antropometria
Ergonomia, 21, 27
Postura, 21
Reeducação Postural Global
• Fisioterapia
Hérnia de disco, 34
A ii »jmn m i i i • i i k -wm m a i M •
W
J
V. 1,1994

Analgesia
• Behavior
Pain, 11
Anthropometry
• Ergonomics
Chilpreschool, 27
Behavior
• Pain
Analgesia, 11
Cervical Disc Herniation
• Global Postural Reeducation
Physical Therapy, 34
Chilpreschool
• Antropometry
Ergonomics, 2 1 , 27
• Posture, 21
Ergonomics
• Posture
Childpreschool, 2 1 , 27
Anthropometry, 27
Exercise
• Fibromyalgia
Physical Therapy, 16
Fibromyalgia
• Physical Therapy
Exercise, 16
Global Postural Reeducation
• Physical Therapy
Cervical disc herniation, 34
Pain
• Analgesia
Physical Therapy, 11
Physical Therapy
• Exercise
Fibromyalgia, 16
• Cervical disc-herniation
Global Postural Reeducation, 34
• education
• history
• legislation & jurisprudence
• trends, 5
Posture
• Child Preschool
Ergonomics, 21
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cação sugere que os trabalhos de investigação científica devem ser organizados mediante a es-
trutura formal: a) Introdução, estabelecer o objetivo do artigo, relacionando-o a outros publicados
anteriormente e esclarecendo o estado atual em que se encontra o objeto investigado; b) Material
e Métodos, ou, Casuística e Métodos (quando a pesquisa envolve seres humanos), descrever
procedimentos, apresentar as variáveis incluídas na pesquisa, determinar e caracterizar a popu-
lação e amostra, detalhar técnicas e equipamentos, indicar quantidades exatas; c) Resultados, ex-
posição factural da observação, apresentada na seqüência lógica do texto, apoiados e m gráficos
e tabelas; d) Discussão, apresentação dos dados obtidos e resultados alcançados, estabelecendo
compatibilidade ou não com resultados anteriores de outros autores; e) Conclusões, são as
deduções lógicas e fundamentadas nos Resultados e Discussão.

6. R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s - Organizar as referências em ordem alfabética pelo último sobre-


nome do primeiro autor dos trabalhos e numerá-las consecutivamente. Deverão ser mencio-
nados todos os autores de cada referência. Os títulos de periódicos deverão ser abreviados
pela "List of Journals Indexed in Index Medicus". Observar a Norma Brasileira - NBR 6023/
1989 que estabelece critérios para identificar os elementos que compõem a referência biblio-
gráfica.
• Monografias
VOSS, D.E., IONTA, M.K., MYERS, B.J. Facilitação n e u r o m u s c u l a r p r o p r i o c e p t i v e . 3.ed. São
Paulo: Panamericana, 1987.388p.

• Partes de m o n o g r a f i a s ( c o m a u t o r i a p r ó p r i a )
KADEKARO, M., TIMO-IARIA, C , VICENTE, M.L.M. Control of gastric secretion by the central
nervous system. In: BROOKS, F.R., EVERS, P. Nerves a n d t h e g u t . Thorafare, NJ.: C.B.
Slack, 1977. 642p. p.377-427

• Partes de m o n o g r a f i a s (sem a u t o r i a especial)


ROTHSTEIN, J.M., ROY, S.H., WOLF, S.L. The rehabilitation specialists handbook. Philadelphia:
F.A. Dairis, 1991. p.465-585: Vascular anatomy, cardiology and cardiac rehabilitation.

• D i s s e r t a ç õ e s , Teses
MARQUES, A.P. U m d e l i n e a m e n t o de linha da base m ú l t i p l a para i n v e s t i g a r e f e i t o s de p r o -
c e d i m e n t o s de e n s i n o s o b r e d i f e r e n t e s c o m p o r t a m e n t o s e n v o l v i d o s , u m a a v a l i a ç ã o g o -
n i o m é t r i c a . São Paulo, 1990. Dissertação (Mestrado) - Centro de Educação e Ciências Hu-
manas da Universidade Federal de São Carlos.

• A r t i g o s de p e r i ó d i c o s
KOZELKA, J.W., CHRISTY, G.M., WURTOR, R.D. Somato autonomic reflexes in anesthetized
and unaesthetized dogs. J . A u t o n . Nerv. Syst. v.3, p.171-75,1981

• E v e n t o s (no t o d o )
SIMPÓSIO SOBRE FERTILIZANTES NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 2., 1984, Brasília. A n a i s
... Brasília: EMBRAPA, Departamento de Estudos e Pesquisas, 1984. 642p.

• E v e n t o s ( c o n s i d e r a d o s e m partes)
O R L A N D O FILHO, J . , LEME, E.J.A. Utilização agrícola dos resíduos da agroindústria canavieira.
In: SIMPÓSIO SOBRE FERTILIZANTES NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 2., 1984, Brasília.
A n a i s . . . Brasília: EMBRAPA, Departamento de Estudos e Pesquisas, 1984. 642p. p.451-75.

7. I l u s t r a ç õ e s e legendas - As tabelas devem ser elaboradas em folhas à parte, numeradas con-


secutivamente na ordem de citação no texto. O título deve constar na parte superior da tabela.
Evitar o uso de linhas no interior das tabelas, usar somente as linhas laterais e aquelas que sepa-
ram os títulos. As figuras se referem a todas as ilustrações, fotografias, desenhos, gráficos, exce-
tuando- se tabelas e gráficos. Para organização das figuras observar o mesmo procedimento ad-
otados para as tabelas.

8. A g r a d e c i m e n t o s - Quando pertinentes, dirigidos à pessoas ou instituições que contribuíram para


a elaboração do trabalho.

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