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Levantamento preliminar da mastofauna da região

de Anaj ás-Muaná, Ilha de Marajó, Pará, Brasil

Suely A. Marques-Aguiar 1
Cláudia C. S. Melo 2
Gilberto F. Souza Aguiar 3
João Alberto L. Queiróz 1

ABSTRACT. Preliminary survey of the m amm a lian fauna in the Anaj ás·Muaná
region, M arajó Island, Pará State, Br azil. A short in ventory ofthe mammali an fauna
occurring in an area of lhe Marajó Island was perfo rmed during the rainy season. [n
addition to captures by using Sherman and Tomahawk traps, and mi st-nets, indirect
evidence was consi dered, e.g. findin g of body fragments of specimens, vocali zati on,
and testimonies fram local people. A tolai or 57 species (22 families) was recorded.
None ofthem is presently considered as criticall y endangered according to the IUCN
criteria. First confirmed record for lhe fruit-eati ng bat Platyrrhinus brachycephalus
(Ro uk & Carter, 1972) in the Maraj ó archipe lago. Addi ti onal surveys condu cted in
both wet and dry seasons are required fo r impravin g lhe pra fi le of ri chness and
diversity of mamma l species in that region.
KEY WORDS. Ma mmals survey, Marajó Island , Amazoni a

o Brasil é considerado o país ocidental provido da maior diversid ade de


mamíferos do mundo (FONSECA et ai. 1999). Cerca de 60% das mais de quinhentas
espécies descritas em seu território ocorrem na porção brasileira da Am azônia,
muitas delas endêm icas (S ILVA et ai. 200 1). Do ponto de vista bi ogeográfico , a
mastofauna amazôn ica exi be um padrão heterogêneo para marsupiai s, q ui rópteros,
primatas e roedores, e homogêneo para edentados, carnívoros e un gulados ( V OSS
& EMMONS 1996).
As ilhas que compõem o arquipélago de Maraj ó, no estuári o do Amazonas,
caracterizam-se pela grande vari abilidade de dimensão territorial, e importante
diversidade fitofisionô mica. Em suas encostas se encontram extensas prai as , e em
seu interior uma teia hidrog ráfica (rios, furos, igarapés) que abastece e entrecorta
matas de terra firme, várzeas, campos e espaços ocupados pel a população ribe irin ha.
A ilha de Maraj ó, mais importante do arquipélago, e também a maior do
mundo no gênero flúvio- marítimo (50 mil km 2 ), vem sofrendo pressão antrópi ca de
moderada magnitude, através da ati vidade agropastoril e extrati vista. Parte de seu

1) Museu Paraense Emílio Goeldi , Coordenação de Zoologia, Mastozoologia. Caixa Postal


399,66040-170 Belém, Pará, Brasil. E-mail: samaguiar @museu-goeldi .br
2) Museu Paraense Em ílio Goeldi , Programa de Geologia Histórica . Caixa Postal 399,
66040- 170 Belém , Pará, Brasil.
3) Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Ciências Humanas. Caixa Postal 399,
66040-1 70 Belém, Pará, Brasil.

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território é tida como pri oritári a para inventári os imedi atos e pl anos de conservação,
em virtude de desmatamentos, principalme nte de madeiras nobres e palmei rais
(CAPOBIANCO et aL. 200 I ).
VIVO ( 1996) e S ILVA JR. ( 1998) relatam que a baixa amostragem constitui
o maior obstácul o à caracterização da diversidade mas tofaun ística no Bras i I g lo bal-
mente. É també m este o caso particular da foz do Amazonas . Os in ve ntári os
ex istentes deri va m de co le tas feitas em pontos iso lados, di spe rsos e m áreas a mplas
(ÁVILA- PIRES 1958; PICCINI 11974; RE IS & SCHUBART 1979; M OK et aL. 1982) o u
direc ionado para algum as ordens, com abordage m biogeográfica recente de prima-
tas que inclui ilhas menores adjacentes - Caviana, Mex iana e Guru pá (A YRES el alo
1989; PERES 1989; FER A DES 1994; FERNANDES et aL. 1995).
O o bj etivo deste trabalho consiste e m apresentar um quadro sucin to e ini cial
da di versidade e status de conservação da mastofauna em uma extensão do centro-
sudeste da ilha de M araj ó.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
Trecho de cerca de 30 km de extensão em linha reta e ntre as nascentes dos
rios Anaj ás (O1009'38"S, 49°38 ' 34"W ) e Atuá (OI°16' 04"S, 49°2 1'25"W ), muni cí-
pi os de Anajás (microrreg ião do Furo de Breves) e Muaná (mi crorregião do A ra ri ),
estado do Pará, Bras il (Fig . I ). Paisagens do percurso: mata de te rra fi rme, várzea,
campos e capoeira.
Atividades de campo
A expedição sucedeu-se de 19 a 29 de j aneiro de 1998 (estação c hu vosa) ,
com oito di as de amostragem. No inve ntári o se ad m itiram q uatro categori as de
reg istros: (a) captura; (b) ac hado de partes co rpo rais; (c) reg istro indire to por
membro da equipe (p.e. av istamento, vocali zação); (d) relato da popul ação loca l.
Para marsupi ais, roedores e lago morfos se utili zaram arm adilhas de captura
viva (20 Sherman e 10 Tomahawk) no espaço de cinco di as . As iscas con istiram
de pas ta de ame ndoim , emu lsão de Scotch e porções de macaxeira e abacaxi.
Para a captura noturna de morcegos se utili zaram redes de ne blina suspensas
até cerca de três metros de altura do solo, atende ndo-se a proced ime ntos-pad rão para
táxo ns neotropicais (WILSON et alo 1970 ; MARQ UES 198 5a, b; GEORGE el aL. 1988 ;
O VERAL & M ASCARENHAS 1993; ASCORRA et aL. 1996; VOSS & EM MONS 1996 ;
WILSON et aL. 1996) e considerando-se a difere nciação de paisagens. Nove redes
permaneceram abertas entre 18:00 e 24:00 h nos se is prim eiros di as. Nos últim os
dois di as, este pe ríodo foi ampliado, procedendo-se à coleta de 18: 00 h de um di a
às 6: 00 h do di a seguinte. O trabalh o diurn o consistiu na ex pl oração de abri gos , e.g.
troncos de árvores e fo lhas de palmeiras.
Para todos os táxo ns se ass umiu como válido o achado de partes cOl'porai
(carcaças, crâni os, pós-crânios, caudas) de indi víd uos mortos , naturalme nte o u
vítimas de caça. Consideraram -se também observações de me mbros da eq ui pe e
depoimentos de cerca de 30 ribeirinhos da região, especialme nte sobre a presença

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de grupos aquáticos e semi-aquáticos, e aqueles com representantes de grande porte.


Ocasionalmente se recorreu a arma de fogo (espingarda calibre 20, chumbo em
roseta).
O método de censo por transecto de primatas se tornou impraticável em
virtude das condi ções alagad iças e o curto período de visitação.

Localização da área de traba lh o

Estado do Pará

N
Escllln aproximrulfl
I: (0000

.::::::::::::: Área de trabalh u

Fig. 1. Ilha de Marajá e região amostrada.

Trata mento do material e curadoria


Em torno de 95 % dos exemplares coletados foram fixados em formol a 10%,
e conservados em álcool a 70° GL, sendo o restante taxidermizado.
A identificação em nível de espécie se baseou em chaves classificatórias
(VIZOTTO & TADEI 1973 ; IONES & CARTER 1976; HANDLEY 1987 , 1990, 1991;
NOWAK 1991; MARQUES-AGU IAR 1994; EMMONS 1997) e comparação com espé-
cimes identificados da coleção mastozoo lógica do Museu Paraense Em ílio Goeldi ,
Coordenação de Zoologia.

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Todo O re ultado da coleta foi incorporado ao patrimônio do MPEG , coleção


mastozoológica (MPEG 25056-25400) e coleção osteológica do Programa de
Geologia Histórica (CO-MPEG 088-099, 101, 103, 104, 106-111 e 113).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A in ves ti gação da biodiversidade não se restringe à contagem de organi smos
e mapeamento de sua distribuição geográfica. Tais procedimentos , porém , são
indispensáveis à determinação dos modos de influências e ntre espéc ies - e das
relações destas com seus ecossiste mas -, para um a posterior compreensão dos meios
e istemas de adaptação . ão pode haver ecologia apl icada (con ervação e rec upe-
ração de ecossistemas) sem base teórica firme, a qual não se obtém sem explo ração
descritiva (V A ZOLl I 1970, 1977).
Os mamíferos ex ibem pronunciada variação de tamanho, peso , dieta, hábitat,
meios de locomoção e comportamento soc ial (CABRERA 195 8; NowAK 1991 ;
WILSON & REEDER 1993; FONSECA el ai. 1996; EMMONS 1997). Inventários
deta lhados requerem longa permanê ncia em campo, mais de um a visitação - de
preferência ate ndendo-se à sazonalidade - sendo raros os estudos nos quais o esforço
de amostragem foi suficiente para saturar as curvas cumul ati vas de espécies (SILV A
et aI. 200 1). A lém da diversidade morfofuncional na classe, bem como de nicho, as
técnicas de coleta variam de orde m para ordem. As limitações metodológ icas
incluem ainda a exigibilidade de uso de instrumental diversificado e múltipl o
métodos de amostragem, notadamente para grupos que têm por hábitat as malas
neotropicais (VOSS & EMMONS 1996; EMMO S 1997 ; SIMMO S & VOSS 1998).
No presente inventári o preliminar, que cobriu menos de 10Cfl do territóri o
da ilh a de Marajó, e restrito à estação chuvosa, verifico u-se a ocorrência de 57
espécies de ma míferos, distribuídas em 22 famílias, em todas as orde ns descri tas
para a Amazônia, exceto Sire ni a. O número de indivíduos capturados foi de 327,
dos quais quase a totalidade (97%) quirópteros. A área compreendida inc lui pontos
tidos como de importância para a conservação da mas tofauna (CAPOBIANCO er aI.
200 I). A tabela I lista os táxo ns, seus no mes comun s e a forma de evidenciação de
ua ocorrência. Abaixo, sucin ta abo rdagem desses táxons e de outros de ocorrênc ia
presumível , ao lado de notas sobre status de conservação (BERNARDES er aI. 1990 ;
Fo SECA erai. 1994; HILTON-TAYLOR 2000).
Didelphimorphia
A maioria dos mars upi ais neotrop icais possui hábi tos noturnos e suas popu-
lações costumam sofrer drásticas flutuações de dens idade, o que dificu lta sua coleta
e até mesmo seu simples avistamento (Voss & EMMONS 1996). Houve registro
direto de uma espécie (Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 , muc ura, gambá) e
indireto de duas outras (Chi ronecles minimus (Zimmermann , 1780), mucura d'água ,
e Philander opossum (Li nnaeus, 1758), muc ura q uatro-olhos). D otado de cauda
prêensi l, D. marsupialis pode locomover-se e m meio a partes arbóreas altas ,
guardando distância do solo. A equipe capturou um macho e uma fêmea com três
filhotes. C. minimus foi apenas avistado, sem captura. EMMONS ( 1997) relata baixa
densidade desta espécie em grande parte de sua distribuição. Moradores referiram
P. opossum, mas também em baixa densidade.

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Tabela I. Taxons de mamíferos com registros , (1) Número de indivíduos capturados (para
quirópteros , número de machos entre parênteses) ; (2) número de fragmentos corporais
encontrados no percu rso; (3) observação por membro da equi pe , ou registro de vocalização;
(4) relato de morador/caçador.
Táxons Nomes comuns 3
Didelphimorphia
Didelphidae
Chironectes minim us (Zimmermann, 1780) Mucura d'ág ua X
Didelphis marsupialis linnaeus, 1758 Mucura, gambá 5
Philander opossum (linnaeus, 1758) Mucura quatro-olhos X
Xenarthra
Bradypodidae
Bradypus variega tus Schinz, 1825 Preguiça-benti nha
Mirm ecophagidae
Cyclopes didactylus (Linnaeus, 1758) Tam andua í X
Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Mambira, tam anduá-de-colete X
Dasypodidae
Cabassous un;c;nctus (Linnaeus, 1758) Tatu rabo-de-couro X
Dasypus seplemcinctus linnaeus. 1758 Tatu í X
Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 Tatu-galinha 13
Chiroplera
Noctilionidae
Noctilio leporinus (Linn ae us, 1758) Morce go pescador 3 (3)
Phyllostomidae
Trachops cirrhosus (Spix, 1823) Morcego
Choeroniscus minor (Peters, 1868) Morcego 1
Glossophaga soricina (Palias, 1766) Morcego 3 (3)
Lonchophylla thomasiJ .A. Allen, 1904 Morcego 1
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morce go 66 (19)
Rh inophylla pumilio Peters, 1865 Morce go 4 (1)
Ametrida cen turio Gray, 1847 Morcego 6 (6)
Artibeus cinereus (Gervais, 1856) Morcego 22 (12)
Artibeus concolor Peters , 1865 Morcego 2 (1)
Artibeus gnomus Handley, 1987 Morcego 2
Artibeus jamaicensis Leach, 1821 Morcego 32 (12)
Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego 11 (5)
Artibeus obscurus Schinz, 1821 Morcego 84 (38)
Artibeussp. Morcego 7 (4)
Platyrrhinus brachycephalus (Rouk & Carter, 1972) Morcego 1 (1)
Platyrrhinus helleri (Peters, 1866) Morcego 7 (2)
Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) Morcego 14 (4)
Stumira tildae de la Torre, 1959 Morcego 2 (1)
Vroderma bilobatum Peters, 1866 Morcego 24 (5)
Uroderma magnirostrum Davis. 1968 Morcego 1
Vampyressa bidens (Dobson, 1878) Morcego 1
Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 181 0) Morcego vampiro 23 ( 15)
Primates
Callitrichidae
Saguinus midas (Linn aeus, 1758) Sagüi, sauim
Cebidae
Alouatta belzebul (Linnaeus, 1766) Guariba X X
Aotus in/ulatus (Kuhl, 1920) Macaco-da-noite X
Cebus apella (Linnaeus, 1758) Macaco-prego 2 X
Saimiri sciureus (Linnaeus, 1758) Macaco-de-che iro X
Carn ivora
Felidae
Leopardus pardalis (Linnaeu s, 1758) Jaguatirica 2 X
Puma concolor(linnaeus, 177 1) Suçuarana X
Panthera onca (linnaeus, 1758) On ça pintada X
Mustelidae
Eira barbara (linnaeus, 1758) Irara X
Lontra longicaudis (Olfers, 18 18) Lontra X
Procyonidae
Nasua nasua (linnaeus, 1766) Quati 4
Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) Guaxinim
Continua

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Tabela I. Continuação.
Táxons Nomes comuns 2 3

Cetacea
Delphinidae
Sotalia f1uvialilis (Gervais & Deville. 1853) x x
Perissodactyla
Tapiridae
Tapirus terrestris (linnaeus. 1758) Ant a x
Artiodactyla
Tayassuidae
Peeari tajaeu (linnaeus. 1758) Caititu
Tayassu pecari (Unk. 1795) Queixada x
Cervidae
Mazama americana (Erxleben. 1777) Veado-vermelho
Rodentia
Sciuridae
Sciurus aestuans Linnaeus. 1766 Esquilo. quatipuru
Erethizontidae
Coendou prehensilis (Unnaeus. 1758) Coendu x
Dasyproctidae
Dasyprocta fuliginosa Wagler. 1832 Cotia cinza x
Dasyprocta 'eporina (Unnaeus. 1758) Cotia vermelha x
Agoutidae
Agouti paea (Unnaeus. 1766) Paca 5
Hydrochaeridae
Hydrochaeris hydrochaeris (Unnaeus. 1766) Capivara x
Echimyidae
Proeehimys sp. Rato soiá
Lagomorpha
Leporidae
Sy/vilagus brasiliensis (Unnaeus. 1758) Coelho comum x

Possível ocorrência de Caluromys lanatus (O lfers, 18 18) (m ucura-chichica


ou cuíca) e dos gêneros Gracilinanus Gardner & Creighton, 1989, Marmosa Gray,
182 1, Marmosops Matschie, 1916, Metachirus Burmeister, 1854, Micoureus Les-
son, 1842 e Monodelphis Burnett, 1830 (NOWAK 199 L; MASCAREN HAS et alo 1992;
M IRA NDA- NETO 1993 ; VOSS & EMMONS 1996; EMMONS 1997; E ISEN BERG &
REDFORD 1999).
Xenarthra
Registro de uma espéc ie de preguiça, duas de tamanduá e três de tatu.
As preguiças recentes, arbóreas, bas icamente só descem ao so lo para defe-
cação, fa tor que mui to di ficulta sua amostragem . Capturo u-se um exemplar de
Bradypus variegatus Schinz, 1825 (preguiça-bentinha) e se reco lhe u a ossatu ra
crani ana de um segundo exempl ar.
VOSS & EMMONS ( 1996) destacam a dificuldade também na captura de
mirmeco fagídeos usando-se arm ad il has conve ncionais. Duas espécies foram refe-
ridas por moradores: Cyclopes didacrylus (Li nn aeus, 1758) (tamanduaí) e Taman-
dua tetradacryla (L innaeus, 1758) (mambira, tamanduá-de-co lete) .
A ex istência de tatus na região pode ser constatada de modo indireto,
locali zando-se tocas, mas estas, que são conspícuas na es tiage m, praticamente
desaparecem quando se inicia a estação chuvosa. No percurso recolhemos cauda
de onze indi víduos e dois fragmentos esqueletais crani anos de Dasypus novemcinc-
tus Linnaeus, 175 8 (tatu-galinha). Presença relatada de Cabassous unicinctus
(Linnaeus, 1758) (tatu-rabo-de-couro) e D. septemcinctus Linnae us, 1758 (tatuí).

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Outras especles, sugeridas na literatura : Bradypus tridactylus Linn aeus,


1758 (também denominada preguiça-bentinha), Myrmecophaga tridac tyla L inna-
eus, 1758 (tamanduá-bandei ra, vulnerável), Priodontes maximus (K err, 1792) (tatu-
canastra, em perigo de extinção), Choloepus didactylus (Linn aeus, l 758) (pregui-
ça-real), Dasypus kappleri Krauss, 1862 (tatu-canas tra, homônim o de P. maxim.us)
e Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 175 8) (tatu-peludo, tatupeba) (N OWAK 199 1;
MASCARENHAS et ai. 1992; MIRANDA-NETO 1993; VOSS & E MM ONS 1996; EM-
MONS 1997; EISENBERG & REDFORD 1999).
Chiroptera
A elevada diversidade de dieta dos morcegos neotro pi cais os to rna impor-
tantes na preservação do eq uilíbri o dos ecoss itemas onde ocolTe m. Atuam no
controle populacional da e ntomofaun a, dispersão de seme ntes, pol ini zação e reser-
vatório do vírus rábico (GRASSÉ 1955; PUL 1957; VOGEL 1969; SLAUG HTER &
WALTON 1970; TADDEI 1983; W ILSON 1989; N OWA K 199 1, 1994; WILSON 1997;
MARINHO-FILHO & SAZIMA 1998). A fo rm ação de áreas antrópicas é aco mpa nhada
de rarefação de certos grupos e concentração de outros originalme nte me nos
representativos (MARQUES 1989). Tal susceptibilidade a vari ações de di vers idade
serve de base ao emprego de quirópteros como bi oindi cadores de pe rturbação
ambiental (JOHNS et ai. 1985; MARQUES-AGU IAR 1994; WILSON et ai. 1996).
A ordem revelou-se predom inante na região de Anaj ás-Atuá. Ao longo do
trecho explorado se observaram 23 espécies, todas, à exceção de Noctilio leporinus
(Linnaeus, 1758) (morcego-pescador), pertencentes à famíl ia Phyllostomidae, a mai-
oria com hábito de frugivoria, nenhuma insetívora preferencial. No gênero Artibeus
Leach, 182l, com mais da metade da coleta, seis espécies: A. cinereus (Gervais, 1856),
A. concolor Peters, 1865 , A. gnomus Handley, 1987, A. jamaicensis Leach, 182 l , A.
lituratus (Olfers, 1818) e A. obscurus Schinz, 182 1 - as três últim as fru gívoras
oportunistas, compondo 40% da am ostra na ordem. A elevada representati vidade do
gênero, como também de Carollia perspicillata (Linnaeus, 175 8), constitui ind ício de
mudanças de paisagem pelo impacto humano. ImpoI1antes dispe rsores de sementes,
estes grupos contribuem no processo de regeneração flores tal (HANDLEY et ai. 199 1;
CLOUTIER & THOMAS 1992; MARQUES-AGU IAR 1994; EMMONS 1997). Outras espé-
cies neotropicais predominantemente frugívoras amostradas : Rhinophylla pumilio
Peters, l865, Sturnira lilium (E. Geoffroy , 1810), S. tildae de la Torre, 1959, Ametrida
centurio Gray, 1847 (pouco estudado e de difíc il captura), Platyrrhinus brachycepha-
lus (Rouk & Carter, 1972) (baixa incidência na A mazôni a, primeiro registro confir-
mado na ilha), P. helleri (Peters, 1866), Uroderma bilobatum Pe ters, 1866, U.
magnirostrum Davis, 1968 e Vampy ressa bidens (Dobson, l 878). Este predo mínio de
frugívoros possivelmente decorre de q uatro fatores: (a) dificuldades de captura de
insetívoros com redes de neblina, em virtude de um sistema de radar especial mente
acurado que pennite fácil detecção dessas redes; (b) há algumas espéc ies, incl usive
insetívoras, q ue OCOITem mais comumente no dossel arbóreo (acima de 30m do so lo,
HANDLEY 1967), o que conduz a uma subestimati va da incidência e distribui ção em
avaliações rápidas prelim inares; (c) amostragem única na estação chu vosa; (d) limi ta-
ções de permanência em campo e mascaramento dos e feitos de sazonalidade, especi-
almente ciclos lunares.

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E ntre os morcegos de hábitos nectarívoros: Choeroniscus minor (Peters,


1868) , Clossophaga so ricina (Pali as , 1766) e Lonchophylla Ihomasi J. A. A lle n,
1904. Coletou-se uma fêmea adulta de Trachops cirrhosus (Spi x, 1823) , es péc ie
que preda rãs e lacertílios, ocasionalmente aves e mamífe ros de peque no porte. A
presença de N. leporinus, ampl amente distribuído mas não de fác il captura, sugere
riqueza da icti ofaun a.
De reforço à hipótese de mudanças causadas pela ocupação hum ana tem-se
o achado de Desmoclus rotunclus (E. Geoffroy, 1810) (morcego vampiro, 23 anim ais
amostrados), de g rande interesse epidemi ológico pela hematofag ia e eventual
di sseminação do vírus rábico. Ataca mamíferos , excepcionalmente aves. N ormal-
mente raro e m mata primári a, torna-se comum em ambie ntes antrópicos , tais como
áreas de pas to (EMMONS 1997).
Este perfil preliminar de riqueza e diversidade é sugesti vo d a prese nça de
mais de 50 espécies de morcegos globalmente na ilha de M araj ó, e m gê neros de
insetívoros (Rhyn.chonycteris Peters, 1867 , Saccopteryx IlIi ger, 18 11 , Peropteryx
Pe ters, 1867 , Pteronotus Gray, 1838 , Macrophyllum Gray , 1838 , Furipterus Bona-
parte, 1837, Thyroplera Spi x, 1823 , Myotis Kaup , 1829, Eptesicus Rafin esque,
1820 , Eumops Mill er, 1906 e Molossus E . Geoffroy , 1805 ), fru gívoros (Chiroderma
Peters, 1860, Mesophylla Th omas, 1901 e Vampyrodes Th omas , 1900), nectarívoros
(Lionycte ris Tho mas , 19 13) e o nívo ro-carnívo ros (Chrotopterus Peters, 1865 e
Phyllostomus Lacépede, 1799) (NOWAK 1994 ; Voss & EMMONS 1996 ; EMMONS
1997 ; E ISEN BERG & RED FORD 1999).

Primates
Tanto cebídeos quanto calitriquídeos possuem representantes no arquipélago
de M arajó (FERNAN DES et ai. 1995). Na área de am ostrage m, reg istro de cinco
espéc ies, corroborando as coleções de referência do MPEG e do MNRJ (Museu
Nacional, Ri o de Janeiro): Alouatta belzebul (Linn ae us, 1766) (guariba) , Cebus
apella (Linnaeus, 175 8) (macaco-prego), Saimiri sciureus (Linnae us , 1758) (maca-
co-de-cheiro), Aotus inf ulatus (Kuhl , 1920) (m acaco-da-noite) e Sag uinus midas
(Linnaeus, 1758) (sagüi , sauim). A equipe capturou apenas um indivídu o de S.
midas , abatido com arm a de fogo. Trata-se de espécie domesticáve l que pode te r
sido introduzida com o influxo human o. Presença da subespécie S. miclas niger j á
referida por FERNANDES et ai. ( 1995) mas sem relato para as de mai s ilhas maio res
(Cav iana, M ex iana e Gurupá). Mai or primata encontrado no Bras il , di stribuído e m
vári as reg iões do país mas quase ex tinto em estados do Nordeste, A. belzebu l teve
sua oco rrência constatada pelo reconhecimento da e mi ssão vocal carac te rísti ca de
espéc imes nas imediações dos pontos de amostragem . Depoimento de ribeirinhos
reforçou o ac hado, j á ante ri ormente estabelecido por FERNANDES (1994). U m
indi vídu o de Ceb us apella foi avi stado pela equipe, e recolhidos do is fragmentos
de crâni o. A. infu latus fo i relatado por moradores e S. sciureus av istado. As
s ubespécies A. belzebul ululata e C. apella robustus, que constam e ntre as 29
refe rê ncias de mamíferos bras ileiros sob perigo de ex tinção seg und o a IUCN
(HILTON-T AYLOR 2000), são de improvável ocorrência no arquipélago marajoa ra
M IRAN DA-NETO (1 993) e E ISENBERG & REDFORD ( 1999) sugere m outros táxo ns:

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Levantamento preliminar da mastofauna de Anajás-Muaná ... 849

Chiropotes satanas (Hoffmannsegg, 1807) (cuxiú, subespécie C. satanas satanas


em perigo de extinção), Mico argentatus (Linnaeus, 1766) e representantes dos
gêneros Ateies É. Geoffroy, 1806 (coatá), Callicebus Thomas , 1903 (zogue-zogue)
e Lagothrix É. Geoffroy, 1812 (ban·igudo).

Carnivora (exceto mustelídeos)


Os hábitos predominantemente noturnos e a baixa densidade populacional
torna exigível maior permanência em campo para um inventário detalhado dos
carnívoros neotropicais - pelo menos alguns meses. Indicada a ocorrência na região
de duas espécies de procionídeos (Nas ua nasua (Linnaeus, 1766), quati , e Procyon
cancrivorus (G. Cuvier, 1798), guaxinim) e três de felídeos (Leopardus pardalis
(Linnaeus , 1758), jaguatirica, Puma concoior (Linnaeus, 1771 ), suçuarana, e Pan-
thera onca (Linnaeus, 1758), onça-pintada).
A equipe encontrou quatro ossaturas cranianas sem mandíbula de N nasua
e um crânio de P. cancrivorus. Apesar da extensa distribuição de ambos, são restritos
os dados sobre sua diversidade nos neotrópicos. Diferentemente dos felídeos, que
são exclusivamente carnívoros e predadores de vertebrados (de peixes a outros
mamíferos de médio porte), os procionídeos alimentam-se predominantemente de
invertebrados (moluscos, crustáceos) ou pequenos vertebrados (peixes , anfíbios),
excepcionalmente até partes vegetais.
Não se atestou a ex istência local de felídeos mas esta é sugerida por
ribeirinhos , tendo havido registro de L. pardalis pelo achado de um crânio e um
pós-crânio. EMMONS ( 1997) não inclui a ilha de M arajó no mapeamento de
distribuição de P. onca, mas EISENBERG & REDFORD (1999) a incluem , inclusive
ao lado de Leopardus tigrinus (Schreber, 1774) (gato-do-mato). A população local
refere a ocorrência da espéc ie, assim como de P. concoior. Apesar de muito visados
como caça, especialmente para a extração e tráfico de suas peles , não integram a
lista da IUCN de mamíferos ameaçados. Outras espécies esperadas: Potos flavus
(Schreber, 1774) Qupará), Herpailurus yaguarondi (Lacépede, 1809) (gato-mou-
risco ou maracajá-preto), Leopardus wiedii (Schinz, 1821 ) (gato-do-mato ou mara-
cajá-peludo), Speothos venaticus Lund , 1842 (cachorro-do-mato, vulnerável), Ate-
locynus microtis (Sc later, 1883) (cachorro-do-mato de orelha curta) e Cerdocyon
thous (Linnaeus, 1766) (graxaim , raposa) (BERNARDES et ai. 1990; MIRANDA-NETO
1993 ; FONSECA et ai. 1994 ; EMMONS 1997 ; EISENBERG & REDFORD ]999; SILVA
IR. & SOARES 1999).

Mustelídeos e táxons aquáti cos


Duas espécies de carnívoros da família Mustelidae (Eira barbara (Linnaeus,
1758), irara, e Lontra longicaudis (Olfers , 1818), lontra) e uma espécie de Cetacea
(Sotaliafluviatilis (Gervais & Deville, 1853), botO-lucuxi).
Carnívoro preferencial e de larga distribuição, E. barbara é comumente vista
em áreas perturbadas e proximidades de assentamentos humanos, enquanto L.
longica udis é vítima de caçadores que a abatem para o tráfico de peles (BERNARDES
et ai. 1990; MASCARENHAS et ai. 1992; FONSECA et ai. 1994). De hábitos semi-aqu-
áticos , ambas evidenciadas por testemunho de membros da equipe. A primeira não

Revta bras. Zool. 19 (3): 841 - 85 4, 2002


850 Marques-Agu iar et ai.

consta na li sta de mamíferos bras ileiros ameaçados e a segunda se e ncontra sob


estudo quanto a seu status de conservação (HILTON-T AYLOR 2000).
A presença de S.flu viatilis, espéc ie inteirame nte aquática adap tada tanto para
águas doces como salgadas, foi evidenciada pel o reconhecime nto de ondas de
voca I ização e relato de morador.
A única espéc ie de Sirenia ex istente na Bacia Amazônica - Trichechus
inunguis ( atterer, 1883) (peixe-boi), status de co nservação vulne rável - não teve
seu reg istro indicado para a região de Anajás-Muaná.
Ocorrênc ia possível de Mustela africana D esmarest, 18 18 (doninh a), Ptero-
nura brasiliensis (Gme lin , 1788) (ariranha, em peri go de extinção) , Galictis vitlata
(Schreber, (776) (furão) e lnia geoffrellsis (de Bl a invi lle, 18 17) (boto verme lh o,
vulnerável) (MIR ANDA- NETO 1993 ; EMMONS 1997 ; EISENBERG & REDFORD 1999 ;
HILTO -TAYLOR 2000).
Perissodactyla e Artiodactyla
Q uatro espécies: Tapiru s terrestris (Linnaeus, 1758) (anta), Mazama ame-
ricana (Erxle ben , 1777) (veado vermelho), Pecari tajacu (L innaeus, 1758) (ca ititu )
e Tayassu pecari (Link, 1795) (quei xada). VOSS & EMMONS ( 1996) suge re m que
só ocas ionalmente se podem e ncontrar ung ul ados em matas neotropi ca is. T. terres-
tris e M. americana , de hábitat flo restal, são diurnos e noturn os, e nquanto P. tajacu
e T. pecari excl u ivamente diurnos .
Obtidas quatro partes corp orai s de P. tajacu (três crâni os e uma cauda) e
c inco de M. americana (do is crâni os, do is fragmentos cranianos e um a pe le c urtid a).
T. ferrestris foi avistada pe la equ ipe e a presença de T. peca ri informada por
morador.
Além de M. americana, ma ior veado de chifre s impl es, é provável a ocor-
rência também de M. gouazoubira (G . Fischer, 18 14) (veado-birá ou veado catin-
gue iro) (NOWAK 199 1; M ASCARENHAS et ai. 1992; VOSS & EMMO S 1996;
EMMONS 1997 ; EISE BERG & REDFORD 1999).

Rodentia e Lagomorpha
Sete espéc ies de Rodentia e uma de Lagomorpha. Apenas dois indi víd uos
capturados (Sciurus aes fuans L innae us, 1766, esquilo, quatipuru ; e Proechimys sp .,
rato so iá), nenhum de les com armadi lha, por razões simil ares às descritas para
marsupi a is.
Dentre as espéc ies com base alime ntar de frutos e casta nhas se destacam, ao
lado de S. aestuans, Dasyproc fa fuliginosa Wagler, 1832 (coti a cinza, prime iro
reg istro provável na ilha, re lato de morador) e Dasyprocta leporina (L innaeus,
1758) (coti a vermelha , observação por membro da equipe).
Registro de Coendou prehensilis (Linnaeus , 1758) (coendu), Hydrochaeris
hydrochaeris (Linn aeus, 1766) (capivara) , relatadas por mo radores , e AgoU fi paca
(Linnaeus, 1766) (paca) pelo achado de ci nco crânios. Hydrochaeris hydrochaeris
e A. paca são pe rseguidas como obj eto de caça por sua carne saborosa, mas não se
e ncontram ameaçadas. Também relatada a ocorrê nc ia de Sy lvilagus brasiliensis
(Linnaeus, 175 8) (coelho comum).

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Levantamento preliminar da mastofau na de Anajás-Muaná ... 851

Ao lado de marsupiais e quirópteros , os roedores representam cerca de 70 %


dos táxons de mamíferos na Amazônia (S ILVA etal. 2001). E admissível pres umir-se
a ocorrência de algumas dezenas de espécies da ordem, incluindo-se nos gêneros
Oryzomys Baird, 1858, OLigoryzomys Bangs, 1900, Oecomys Thomas , 1906, Nec-
tomys Peters, 1861 , Rhipidomys Tschudi, 1844 e Holochilus Brandt, 1835 (NOWAK
1991; Voss & EMMONS 1996; EMMONS 1997; EISENBERG & REDFORD 1999).
CONCLUSÕES
Vários fatores impuseram dificuldades ao inventário. As capturas foram
prejudicadas pela elevada pluviosidade à época da expedição e restrição nas
possibilidades de permanência em campo. Fez-se visitação a áreas com diversidade
de paisagens, mas os espaços alagados tornaram impraticável a sistematização das
coletas e estimativas de censo por transecto.
As 57 espécies aqui relatadas correspondem a cerca de 18% do total de
espécies em toda a Amazônia brasileira (S ILVA et aI. 2001). No entanto, parece
razoável assumir que a riqueza e diversidade de mamíferos no arquipélago corres-
ponda aproximadamente à metade do total continental, em consonância com as
observações de FERNANDES et aI. (1995) para primatas.
É essencial que as áreas ocupadas pelos d iferentes grupos estejam repre-
sentadas nas coleções mastozoológicas disponíveis, pois modelos de diferenciação
micro e macroevolutiva, bem como propostas de política ambiental, só poderão ser
formulados quando houver uma adequada caracterização biogeográfica. Recomen-
dam-se levantamentos mais intensivos em pontos de coleta homogeneamente
distribuídos, e considerando-se variações sazonais .

AGRADECIMENTOS . À CEMA (Consultoria em Meio Ambiente, São Paulo) e MPEG , pelo


apoio financeiro. Ao IBAMA, pela autorização de coleta. Ao técnico losé Nílton Santa Brígida
pela importante colaboração nas atividades de campo. Aos ribeirinhos da região de Anajás-
Muaná que gentilmente nos forneceram valiosas informações.

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Recebido em 14.XII .2000; aceito em 03.IX.2002.

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