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Bichos do

Cerrado
A biodiversidade no seu quintal
FICHA TÉCNICA

Projeto Editorial
Natureza em Foco

Editor
José Sabino

Projeto Gráfico
André Morato

Produção Editorial
Luciana Paes de Andrade

Revisão
Maria Alice Pavan Sabino

Fotos:
Capa, contracapa, 4ª capa, páginas 8-9, 10-11, 12-13 e 74: Vinicius Alberici.
Armadilhas fotográficas: ICAS.
Demais fotografias com seus autores indicados.

Bichos do Cerrado : a biodiversidade no seu quintal / Vinicius Alberici ... [et al.].--
1. ed. -- Campo Grande, MS : Natureza em Foco: Instituto de Conservação
de Animais Silvestres, 2020.

Outros Autores: Andréia Nasser Figueiredo, Mariana Catapani, Arnaud


Desbiez
ISBN 978-65-88047-00-2

1. Animais 2. Animais dos cerrados - Brasil


3. Biodiversidade - Conservação - Brasil 4. Cerrado - Brasil 5. Cerrado - Animais
- Mato Grosso do Sul - Catálogos 6. Fauna - Brasil 7. Fotografias 8. Flora - Brasil
9. Vertebrados I. Alberici, Vinicius.
II. Figueiredo, Andréia Nasser. III. Catapani, Mariana. IV. Desbiez, Arnaud

20-39173 CDD-591.98171

Índices para catálogo sistemático: 1. Animais do Cerrado : Catálogos 591.98171

Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964


Vinicius Alberici
Andreía Nasser Figueiredo
Mariana Catapani
Arnaud Desbiez

Bi ch o s d
Cerrado A biodiversidade no seu quintal

01
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Pedro Busana

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06
O Cerrado

Foto: Adriano Chiarello

O Cerrado é um dos biomas mais ricos


do mundo! Muitas espécies de plantas
e de animais só existem no Cerrado.

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Ameaças

O Cerrado é cortado por estradas e rodovias, que são utilizadas pelas pessoas
todos os dias. Infelizmente, colisões envolvendo animais nas rodovias de
Mato Grosso do Sul são muito comuns. Você já deve ter visto alguma.

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“Se tem uma coisa que
acaba com meu dia é
atropelar algum animal.
Nossa, mas eu fico triste
demais com isso (…)

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(…) não tem o que fazer se o bicho
aparece na frente. Frear e desviar
com um caminhão desse tamanho é
perigoso para mim e perigoso para
os outros. Aí o bicho que paga.


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12

Você fica muito chateado
quando pega um
bichinho pela frente.
Tudo é uma vida.


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O Projeto Bandeiras e Rodovias está buscando entender
como o tamanduá-bandeira interage com as rodovias
no Cerrado de Mato Grosso do Sul.

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Projeto
Bandeiras e Rodovias

Foto: Tim Tetzlaff

O nosso objetivo é propor soluções para diminuir


as colisões, tornando as rodovias mais seguras
para as pessoas e para os animais.

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Foto: Fergus Gill

Nossa equipe de biólogos e


veterinários utiliza tecnologias
como os rádio-colares para rastrear
e monitorar o tamanduá-bandeira.

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Nós monitoramos as rodovias a cada 15 dias para saber onde há um
maior número de colisões. Em 3 anos, foram monitorados 85.500 km
de rodovias em Mato Grosso do Sul e registradas 12.350 carcaças de
animais, sendo 760 de tamanduá-bandeira.

Foto: Mario Alves

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Para registrar os animais que vivem nas
fazendas próximas às rodovias monitoradas,
nós utilizamos armadilhas fotográficas.

Foto: Bruna Oliveira

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Onde estão
os bichos?
Pasto

Área de Preservação Permanente (APP)

Reserva Legal (RL)

Agricultura

Foto: José Sabino

Os animais precisam de áreas de vegetação nativa para sobreviver, como


as Áreas de Preservação Permanente e a Reserva Legal. Nas fazendas,
essas áreas são protegidas pela Lei 12.651/2012 (Cód. Florestal).

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As armadilhas fotográficas foram instaladas nas
fazendas próximas às rodovias MS-040 e BR-267.

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Quem são
eles?
Todas as fotos que você verá neste livro foram feitas nas
fazendas próximas às rodovias MS-040 e BR-267 e mostram a
diversidade de animais do Cerrado de Mato Grosso do Sul.

O que são animais ameaçados de extinção?


São animais que correm o risco de não existir mais na natureza!

Nas próximas páginas, indicaremos os


animais ameaçados com um dos símbolos abaixo:

Categorias de Ameaça de Extinção


Extinta na Criticamente Quase Pouco
Extinta Natureza em Perigo Em Perigo Vulnerável Ameaçada Preocupante

EX EW CR EN VU NT LC

Ameaçados

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (ICMBio, 2018)

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O que dá
para ver nas fotos?

23
VU

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Tamanduá-bandeira

O tamanduá-bandeira se alimenta de formigas e cupins.


Ele precisa de um ambiente de floresta para se proteger e
descansar durante os períodos mais quentes do dia.

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VU

A fêmea do tamanduá-bandeira carrega o


filhote nas costas até os seis meses de idade.

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Tamanduá-bandeira

O tamanduá-bandeira adora tomar um banho para


se refrescar nos horários mais quentes do dia.

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Tamanduá-mirim

O tamanduá-mirim também come formigas e cupins e adora


descansar em árvores. Quando se sente ameaçado, ele fica de
pé, com os braços abertos, para se defender. Não deixe seus
cães se aproximarem, pois os dois podem se machucar.

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Tatu-galinha

O tatu-galinha gosta de cavar suas tocas na


mata fechada. É mais ativo durante a noite.
Come insetos, pequenos animais e ovos.
Sofre muito com a caça.

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Tatu-peba

O tatu-peba ou tatu-peludo tem o corpo e a carapaça cobertos de


pelos. Ele come insetos, pequenos animais e até mesmo carniça.
É mais ativo durante o dia e cava suas tocas em áreas abertas, como
no pasto. É muito atropelado nas rodovias de Mato Grosso do Sul.

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Tatu-de-rabo-mole

O tatu-de-rabo-mole, também conhecido como tatu-rabo-de-sola,


não possui escudos na cauda, como na carapaça, por isso recebe esse
nome. Come formigas e cupins e a sua toca é fácil de reconhecer, pois
o buraco é bem redondo. A caça é uma ameaça à espécie.

31
VU

32
Tatu-canastra

O tatu-canastra é a maior espécie de tatu do mundo!


É um animal noturno e passa a maior parte do tempo
dentro de sua toca. Por isso, raramente é visto.

33
VU

Os buracos do tatu-canastra são usados por muitas


outras espécies como abrigo ou para buscar alimentos.
Por isso, é chamado de engenheiro do ecossistema.

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Tatu-canastra

A fêmea do tatu-canastra tem apenas um


filhote por vez. Nesta foto, você pode ver
o filhote saindo de dentro da toca.

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A capivara é o maior roedor que existe!
Ela se alimenta de plantas e vive perto da água.

36
Capivara

As capivaras são animais


sociais e vivem em bandos.

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Cutia

A cutia se alimenta de frutos e sementes e tem o costume de


cavar e enterrar o alimento para comer depois. Assim, ela
acaba ajudando a plantar árvores na floresta!

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Paca

A paca vive nas florestas, perto da água, e dorme em tocas


cavadas nos barrancos dos rios. É uma ótima nadadora!
Infelizmente, está desaparecendo por causa da caça.

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Tapiti

Tapeti

O tapiti é a única espécie de coelho do Brasil! É menor que a


lebre e vive em matas e campos. É mais ativo durante a noite e
é caçado por outros animais e pelas pessoas.

40
Gambá

O gambá também é noturno. Como os filhotes dos gambás não


nascem totalmente prontos para a vida, eles se desenvolvem dentro de
uma pequena bolsa de pele, chamada marsúpio (igual ao do canguru).

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A jaguatirica é menor do que a onça-pintada e a onça-parda, mas é
maior do que os outros gatos-do-mato. É noturna e vive sozinha.

42
Jaguatirica

As principais ameaças sofridas pela espécie


são a caça e a destruição das florestas.

43
VU

44
Onça-parda

A onça-parda é solitária, noturna e se alimenta de mamíferos,


como o porco-do-mato, o veado, a capivara, a paca, a cutia e o tatu.

45
Onça-parda
VU

Tapeti

As principais ameaças à onça-parda


são a caça e a destruição das florestas.

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Jaguarundi
VU

O jaguarundi ou gato-mourisco não possui manchas no


corpo, tem a cabeça pequena e o corpo alongado. Sua cor
pode ser marrom escura, cinza ou avermelhada.

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Cachorro-do-mato

Tapeti

O cachorro-do-mato ou lobinho come frutos e pequenos


animais. Vive sozinho ou em pares. É uma das espécies mais
atropeladas nas rodovias de Mato Grosso do Sul.

48
Raposa-do-campo
VU

A raposa-do-campo ou raposinha é típica do Cerrado


e só ocorre no Brasil! Vive sozinha ou em pares e
come frutos, insetos e outros pequenos animais.

49
VU

O lobo-guará vive sozinho e é mais ativo no


amanhecer e durante a noite. Come frutos, como a
fruta-do-lobo ou lobeira, além de pequenos animais.

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Lobo-guará

Está ameaçado de extinção devido ao


desmatamento, aos atropelamentos e à caça.

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Irara

Tapeti

A irara vive em áreas de mata fechada, sozinha ou em pares,


e é mais ativa durante o dia. Come pequenos animais, frutos
e mel, por isso também é chamada de papa-mel.

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Jaritataca

A jaritataca vive em áreas abertas e evita matas muito fechadas.


Quando se sente ameaçada por outros animais, ela produz um
cheiro muito forte, que é uma forma de se defender.

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Quati

Tapeti

O quati é mais ativo durante o dia e sobe em árvores para descansar


ou procurar comida, se alimentando de pequenos animais, frutos e
sementes. Os quatis vivem em bandos, mas os machos podem viver
sozinhos, sendo chamados de “quatimundéus”.

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Mão-pelada

O mão-pelada tem esse nome porque suas mãos não têm pelos, e
deixa pegadas parecidas com as mãos de uma criança. Vive sozinho,
em florestas, perto de rios e banhados. Come pequenos animais,
como peixes, caramujos, caranguejos, além de insetos e frutos.

55
VU

A anta é o maior mamífero terrestre


do Brasil, podendo pesar 300kg.

56
Anta

Como ela come muitos frutos e espalha as


sementes, é chamada de jardineira da floresta.

57
VU

A anta tem um filhote por vez, que fica com a mãe por um
ano. As listras brancas desaparecem depois que ele cresce.

58
Anta

A anta está ameaçada de extinção devido ao


desmatamento, à caça e aos atropelamentos.
Ela precisa de grandes áreas de floresta para sobreviver.

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O cateto é uma das espécies de porcos-do-mato.
É menor que o queixada e possui um colar
branco de pelos ao redor do pescoço.

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Cateto

Vive em bandos, em ambientes abertos ou florestas.


Come vegetais que busca fuçando e cavando o solo.
Sofre muito com a caça e a destruição das florestas.

61
VU

O queixada é maior que o cateto e possui uma mancha


branca embaixo do focinho. Também vive em bandos.
Come plantas, frutos e sementes, além de pequenos animais.

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Queixada

A presença dos queixadas indica um


ambiente bem preservado. São animais
que sofrem muito com a caça.

63
VU

O cervo-do-pantanal vive em áreas abertas e alagadas.


Ele se alimenta de plantas que vivem na água. Os machos
possuem uma galhada grande e bonita.

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Cervo-do-pantanal

Está ameaçado de extinção, principalmente pela


destruição dos ambientes de várzea e pela caça.

65
VU

Tapeti

O veado-campeiro é menor que o cervo-do-pantanal. Pode


viver sozinho ou em grupos. Come folhas, flores e frutos.

66
Veado-campeiro

Está ameaçado de extinção em diversos estados,


pela destruição do ambiente, além da caça.

67
Veado-mateiro

Tapeti

O veado-mateiro é maior do que o veado-catingueiro.


Vive em matas fechadas, sozinhos ou em pares. Come
folhas, flores e frutos.

68
Veado-catingueiro

O veado-catingueiro é menor do que o veado mateiro. Vive


em matas fechadas, mas também em áreas mais abertas,
sozinho ou em pares. Come folhas, flores e frutos.

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Parceiros

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Agradecimentos
Este livro só foi possível graças ao suporte do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS)
e de toda a equipe do Projeto Bandeiras e Rodovias e do Projeto Tatu-Canastra, em especial: Amanda
Carolina, Bruna Oliveira, Débora Yogui, Danilo Kluyber, Gabriel Massocato, Lucas Mendes e Mario
Alves. Agradecemos também à equipe da Fubá Educação Ambiental e Criatividade, em especial à Flávia
Thiemann e ao Daniel Campesan. Somos gratos a todos os voluntários que foram a campo e ajudaram com
a instalação das armadilhas fotográficas: Alex Bovo, Beatriz Lopes, Caroline Mazeto, Davi Silva, Fernanda
Jacoby, Guilherme Bircol, Jennifer Conti, Maíra Loreto, Øyvind Nyheim e William Souza.
Gostaríamos de agradecer aos nossos financiadores, sem os quais este trabalho não teria sido realizado, em
especial à Fondation Segré, aos zoológicos que financiam o Projeto Bandeiras e Rodovias (Chester Zoo,
Cleveland Metroparks Zoo, Copenhagen Zoo, Greensboro Science Center, Greenville Zoo, Houston Zoo,
Naples Zoo, Nashville Zoo, Reid Park Zoo, Riverbanks Zoo & Garden, Sacramento Zoo, Miami Zoo), à
Royal Zoological Society of Scotland, à Beauval Nature, ao Disney Conservation Fund, ao People’s Trust
for Endangered Species, ao EDGE of Existence Programme (Zoological Society of London) e ao National
Geographic Photo Ark (National Geographic Society). Agradecemos também o apoio do Programa Bolsas
FUNBIO – Conservando o Futuro, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, em colaboração com o
Instituto Humanize.
Por fim, somos extremamente gratos a todos os proprietários que permitiram que entrássemos em suas
fazendas para realizar nosso trabalho, em especial ao Júlio César, da Fazenda Nhu-Verá e ao Antônio
Roberto, da Fazenda Santa Lourdes, por terem oferecido hospedagem e alimentação para nossa equipe
durante o campo. Somos gratos também à Brasilwood Reflorestamento S.A., em especial à Valéria Veiga,
por nos ajudar com o acesso a fazendas produtoras de eucalipto. À Maria e ao João, por terem nos acolhido
como se fôssemos da família, seremos para sempre gratos.
Para todos aqueles que compartilharam suas casas conosco, sempre nos recebendo com muita hospitalidade
e uma cuia de tereré à mão, esperamos que este livro sirva como uma lembrança da riqueza que existe em
seus quintais, e como um incentivo para que a protejam.

Fazenda 4 Irmãos Fazenda Dois Rios Fazenda Piapara Fazenda Santo André
Fazenda Água Branca Fazenda Dos Almeida Fazenda Primavera Fazenda Santo Antônio
Fazenda Aliança Estância Norma Fazenda Princesa do Anhanduí Fazenda São Bento
Fazenda Areia Dourada Fazenda Forquilha Fazenda Raízes Fazenda São Judas Tadeu
Fazenda Aruanã Fazenda Indaiá Fazenda Ribeirão Claro Fazenda São Leopoldo
Assentamento Sâo João Fazenda Letícia Fazenda Rodeio Fazenda São Pedro
Fazenda Bariani I Fazenda Lucas Fazenda Samara Fazenda São Pedro da Mata
Fazenda Bariani II Fazenda Marmoré Fazenda Santa Ana Fazenda Sol Nascente
Fazenda Barroca Fazenda Monte Alegre Fazenda Santa Bárbara Fazenda Tangará
Fazenda Belém Fazenda Nhandeara Fazenda Santa Cruz Fazenda Tia Cida
Fazenda Cachoeira do Pontal Fazenda Nhu-Verá Fazenda Santa Elisa Fazenda Tucuman
Fazenda Cambraia Fazenda Nossa Senhora Aparecida Fazenda Santa Fé Fazenda Tulipa
Fazenda Campestre Fazenda Orquídea Fazenda Santa Lourdes Fazenda Viga
Fazenda Cana Brava Fazenda Palanque Fazenda Santa Rosa Fazenda Vista Alegre
Fazenda Casa Grande Fazenda Panorama Fazenda Santa Tereza Fazenda Vovó Lourdes
Fazenda Coiote Fazenda Paraíso Fazenda Santa Terezinha Fazenda Yara

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Julho 2020 | Impressões: 1.000 cópias | Impresso no Brasil | Todos direitos reservados à Natureza em Foco e ao ICAS| Proibida a reprodução | Papel couchê 120g

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Foto: Fergus Gill
Foto: Christoffer Bangsgaard

O Projeto Bandeiras e Rodovias busca entender como o


natureza
emfoco
tamanduá-bandeira interage com as rodovias no Cerrado de
Mato Grosso do Sul. Nosso objetivo é tornar as rodovias mais
seguras para as pessoas e para os animais. Nesse livro, você irá
conhecer um pouco mais sobre os animais que vivem no Cerrado
e que foram fotografados nas fazendas parceiras do projeto.

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