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CURSO DE CINEMA
RIO DE JANEIRO
2007
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE CINEMA
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RIO DE JANEIRO
2007
RESUMO
como estas transformações estão sendo exploradas e retratadas pelo cinema mais emergente
do mundo atual.
trabalho, que se utiliza do cinema oriental contemporâneo por este estar situado em uma
Os novos formatos de produzir cinema e como eles estão sendo utilizados por diferentes
cineastas são apresentados neste trabalho como uma nova forma de se explorar linguagens
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................. 4
Liang.
CONCLUSÃO ......................................................................13
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INTRODUÇÃO
Comparado a outros meios, [...] , o filme tem o poder de armazenar e transmitir uma
grande quantidade de informação. Num só plano, apresenta uma cena de paisagem que
exigiriam diversas páginas em prosa para ser descritas.
Marshall Mcluhan
outras mídias audiovisuais, tanto no conteúdo como na forma das mesmas. O conteúdo da
realizadores como Stan Brakhage e Nam June Paik são os exemplos mais citados quando o
assunto vem a tona. A complexa relação do meio e seu conteúdo, seja ele banal ou de
importância sócio- cultural, é uma das questões mais analisadas no período pós moderno,
onde muitos alegam que toda nova tecnologia que surge, já é devorada pelas artes e meios
reflexão da relação homem e maquina e outros muitos assuntos são de extrema importância
nos dias de hoje, e para entendermos melhor o presente, a obra de Mcluhan talvez seja o
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Para exemplificar melhor a importância que Mcluhan exerce nos dias de hoje, este
estudo se restringe ao cinema como meio, recortando para o trabalho de cineastas orientais
Mcluhan.
obviamente se modificou, crescendo e atingindo níveis inigualáveis nos dias de hoje, tanto
mudanças nestes países, onde as tecnologias digitais chegam antes e são acessíveis para
grande parte da população, não é difícil de entender o porque do cinema destes países
possuírem uma reflexão muito mais madura sobre a relação do homem com um mundo que
O cinema chinês contemporâneo, se tratando de conteúdo, é o que mais flerta com a idéia
de meio e mensagem. Cineastas como Jia Zhang Ke e Tsai Ming Liang retratam de forma
magistral como os meios que foram pensados para “unir” as pessoas, parecem cada vez
mais sufocar o indivíduo dentro de seu próprio meio social. A Fragmentação, que constitui
a essência da maquina, agora parece ser aplicado com o material humano, gerando danos
“O cinema não é um meio simples, como a canção ou a palavra escrita, mas uma forma de
arte coletiva, onde indivíduos diversos orientam a cor, a iluminação, o som, a interpretação
e a fala.”
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Se pensarmos em inovações estéticas dentro do cinema e um desenvolvimento quase
megalomaníaco do mesmo, é impossível nomes como Wong Kar Wai, Hou Hsao Hsien,
Tsai Ming Liang, Park Chan Wook e outros realizadores do oriente não virem a cabeça. O
alto rigor estético e uma busca incessante pela perfeição de equilíbrios e composições se
tornaram uma das marcas do novo cinema do oriente. Alguns dos cineastas citados acima,
estabelecidos pela indústria, e muitas vez abdicam de elementos como dramaturgia, roteiro,
diálogos e até mesmo atores para produzir uma obra cinematográfica. Um plano parado de
quase 15 minutos onde não acontece muita ação e não parece desembocar em nada em
para um leigo pode parecer algo de extremo mal gosto. O próprio ato de ligar uma câmera e
cinematográfica que estabelece seu dialogo com o telespectador se assumindo como meio,
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1) OS CONCEITOS DE MCLUHAN E OS REALIZADORES ORIENTAIS.
“O cinema não é um meio simples, como a canção ou a palavra escrita, mas uma forma de
arte coletiva, onde indivíduos diversos orientam a cor, a iluminação, o som, a
interpretação e a fala.”
Marshall Mcluhan.
Para Mcluhan, o espectador de cinema é como um leitor de livros, aceitando tudo que
idéia em cada novo filme que produz. Com um grau de abstração propositalmente
exagerado, seus filmes instigam o espectador a observar de uma forma diferente coisas
cidade de Bangkok ou a forma como o vento bate nas árvores de uma reserva florestal é
seu último filme “Síndromes e um Século”(2006) ,o cineasta vai ainda mais longe e logo no
surgir em frente a um plano geral de um grande campo verde, em off ainda ouvimos a
Tudo isso pode parecer pra muitos apenas alguns exercícios Brechtianos aplicados ao
cinema, mas se levarmos em conta os meios que o cineasta se utiliza para construir seus
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super 8 e até mesmo fotografias still, weerasethakul compõe muitas de suas narrativas
diretor faz do próprio suporte (super 8) a “razão de ser” de seu filme. Apenas ao observar as
imagens, sem nenhuma ação ocorrendo, já descobrimos que se trata de um filme de família.
Inicialmente ouvimos apenas o som ambiente do motor, depois a vozes vão surgindo até o
ponto que percebemos que se trata de pessoas assistindo ao filme como um material e
Este exercício de linguagem só se torna possível com o cineasta assumindo o meio como
O cineasta chinês Tsai Ming Liang sustenta toda sua obra no rigor estético de seus longos
planos com a câmera fixa. Cada detalhe é minimamente trabalhado, composto de formas
que hora segue a escola de pintores modernistas e horas parecem ser o que há de mais
sofisticado no mundo do design gráfico. Com a ausência de roteiro e em algumas vez sem
praticamente nenhuma ação ocorrendo nos planos, o próprio plano se sustenta como
mensagem, independentemente do formato que está sendo utilizado, mas ao reduzir toda a
segundo.
O conceito de "aldeia global", criado por McLuhan , quer dizer que a tecnologia reduz
todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se
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Apesar de ter elegido a televisão como grande paradigma da idéia de aldeia global, por ser
como um grande exemplo de meio que possue uma capacidade de romper barreiras
culturais e geográficas.
comparado com este conceito. A abertura para o mercado externo, a passagem para o
capitalismo e o progresso nas artes e ciências que os chineses vem alcançando nos últimos
anos, parecem cada vez mais contribuir para um “fim da cultura oriental” e o grande triunfo
As obras de realizadores como os chineses Jia Zhang Ke e Hou Hsao Hsien confirmam
estas palavras.
O cinema de Jia Zhang Ke é totalmente eficaz em sua proposta de mostrar para o mundo os
aprender o idioma de cada local. Tudo já esta devidamente “processado” como um bem de
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Extraído de Qu'est-ce que le cinéma?(1967) de André Bazin.
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consumo para satisfazer a curiosidade de seus freqüentadores. A globalização nunca foi tão
bem retratado no cinema, de uma forma que ao mesmo tempo é clara e sutil.
Os filmes de Hou Hsao Hsien reencenam a experiência de crescer em uma Taiwan dividida
homem com as drogas e o papel da mulher dentro da sociedade chinesa são representados
em seus filmes muitas vezes em épocas diferentes, mas mantendo a mesma temática, como
se fosse um estudo para se analisar o que realmente mudou em Taiwan nos últimos 100
anos.
Ambos os cineastas citados acima possuem uma relação muito forte com as maquinas, que
permeiam grande parte de suas obras. O telefone celular é retratado como o “grande meio
do mundo moderno” por sua grande capacidade como meio de comunicação, mas
principalmente por ser um meio que se tornou de fácil acesso para todas a classes sociais.
Nos filmes de Jia Zhang Ke até os miseráveis trocam números de celulares entre si e
mandam torpedos uns para os outros. Para Hou Hsao Hsien meios modernos de
Na obra de ambos os cineastas, seus personagens escutam Hip hop, usam roupas ocidentais
e parecem não perceber que estão dentro de um processo de anulação de sua própria
cultura, que foi construída ao longo de milhares de anos e que está sendo derrubado em
menos de meio século, com a ajuda das maquinas, das mídia e das pessoas que as operam.
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1.3 – Os Meios de comunicação como extensões do homem - Takashi Miike.
Para melhor exemplificar esta idéia de Mcluhan, o cinema do realizador japonês Takashi
realizar 14 filmes nos anos de 2001 e 2002, traça uma relação quase sadomasoquista entre
os homens e as maquinas. Em seu filme mais comercial “One Missed Call”(2003) o celular
praticamente impossível. Para o espectador o vilão não é quem está por trás dos
telefonemas, e sim o próprio telefone, que no filme é capaz de prever o momento exato da
morte dos protagonistas. Em alguns momentos, somos levados a pensar que o celular é
apenas um meio escolhido pela protagonista para expressar sua própria loucura e paranóia.
No filme de ação “Full Metal Yakusa”(1997) a relação com o conceito de Mcluhan alcança
níveis patológicos.
Quando um aspirante a soldado é assassinado por uma gangue de Tóquio, cientistas que
trabalham para o governo conseguem ressuscita -lo, substituindo as partes de seu corpo que
foram mais afetadas por peças mecânicas, até mesmo suas genitais, transformando o em
uma espécie de cyborg, bem diferente de filmes americanos como “Robocop” (1987).
Homem e maquina convivendo em um mesmo corpo não é algo inédito no cinema, mas
neste filme de Takashi Miike praticamente todas as questões humanas são levadas em
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CONCLUSÃO
Como a indústria do cinema oriental não para de lançar novos filmes e descobrir novos
talentosos realizadores, a relação do cinema oriental com a obra de Mcluhan e até mesmo
Estamos nos aproximado de um momento que pode mudar o cinema para sempre, com o
cinema de pretensões autorais,sociais e artísticas. Obviamente que isto não afetara apenas a
produção de filmes em si, mas também sua forma e seu conteúdo. Novas discussões serão
apresentadas na tela e novos nomes, vindos de uma geração que assimilou desde a infância
toda a tecnologia que para os mais antigos pode parecer assustadora, se utilizarão deste
conhecimento para refletir e entender melhor o mundo em que vivemos e a relação dos
tecnologia digital, não é difícil de adivinhar que esses novos nomes terão seus maiores
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BIBLIOGRAFIA
SITEGRAFIA
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