Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ivamn Jímtrersíitg
INaUIRIÇAÕ DE TESTEMUNHAS,
MANOEL DA COSTA:
A'S
LISBOA.
Na Oílicina da Viuva de Lino da Siíva Godinho.
Anno de 1821.
1 T E I.
narios ?=.
3-
14.
Quealém deste motivo concorriao os em-
penhos , e peditórios da íilha do Supplicado
Rozo , comadre do referido General , e mu-
lher do Coronel António Bernardes Cardoso,
a quem o mesmo Governador galanteava mui-
to, frequentando-lhe a sua casa, e priíicioal-
B
( IO )
/
( í^ )
20.
Qiie indo o Supplicante sellar vários Do-
cumentos , tendentes a mostrar todas as injus-
tiças , e violências que o General lhe havia
feito, foi deste acontecimento informado pe-
lo Escrivão do selío , que era seu Criado, e^
desde entáo principiou logo aquelie General a
procurar todos os meios para preseguirj e ar^-
niinar ao Supplicante.
2r„
Que passados dois mezes depois da con-
ducçaô dos papeis, e autos para Palácio exi»
gio este dos Escrivães a ordem que tinhão ti-
do por escripto do General para lhos remette*
rem ; e respondendo-Ihes elies que o hàviáo
feito por huma Ordem vocal do Gommandàn»
te da Policia , o Capitaa José Victorino ; a
Supplicante entáo lhes disse , que ou haviaó^
de appresentarihe a ordem por escripto, ou que'
aliás passava a requerer contra elles pelo erio
que tinhâo commettido de Officio. ^
}_'!, ..;. .
'^) :,\r(''.^f-^--^^--Jf^~^'
( 13 )
2 2.
Qiie vendo o Supplicante os termos pa-
leativos com que o entretinhaô os Escrivães
Lira , e Perdigão , sobre a appresentaçaó da
ordem por escripto ; passou a requerer contra
elles na Audiência do primeiro de Julho de
n?ii citocentos^ e desanove , para que lhe ap-
presentassem , ou a ordem , ou os autos, a fim
do Supplicaníe requerer o que lhe conviesse ;
cujo requerimento sendo lançado nos Por taco-
íos naó foi ultimado por naô estarem os Es-
crivães Proprietários ; mas deíerminou-se que
na seguinte Audiência comparcesscm, para res--
ponderem ao qne contra elles se requeria.
:«
.\k:.^-----=^--^''>.
(15)
a chave de sua casa ao Capitão José Victorino,
nada menos que duas vezes, ítndo em respos-
ta o ser prezo de ordem
do Excellentissimo
General Conde de Villa Flor, e conduzido
pelo dito Official á Fortaleza da Barra, huma le*
gua distante da Cidade, e ahi mettido em hu-
nía prizaó de seis, ou oito palmos de largura
com sentinella á vista incommunicaveí.
27.
Qiie aquellc General dera ordem ao Com-
mandante da Fortaleza, para que naó recebesse
commestiveis, ou outras cousas que da Cidade
fossem remittidas ao Supplicante, e que sub-
niinistrassealguma cousa a este, para sua sub-
sistência, e que de todos os indivíduos que o
fossem visitar tirasse os nomes , e desse parte
na salla do Governo.
28.
Que sendo aquelle Com mandante dotado
de humanidade, consentio em que o Supplicante
dirigissehum Bilhete a Casemiro José Rodri-
gues , inimigo do Supplicante, e que havia
seduzido o seu caixeiro a mandar-lhe pedir cem
mil réis, naó porque naó|tivesse outra pessoa
a quem os mandasse pedir, ma*s para o fim de
ver realisadas as suas desconfianças porque. :
29.
Que sendo este negocio forjado eníre o
General , e o dito Casemiro este apenas re-
,
.)^:.^"- '''"-'«
( 17 )
Suppliciííite ^
quantas vezes o seo Caixeiro lhe
tfoha ido fallar á Fortaleza da Barra s se The
pertenciaó os nove Folhetos do Poríiigiiez, es-
eriptosem Londres =5 para que íins tinha man-
dado pedir eem mil réis a Gnsemiro José Ro-
drigues := se sabia quem tmha sido auíhof de'
hum Pnsquim que tinha apparecido na' Álfm-
àeg:!^^ e Emlmente a respeito de homas tro-
vas achadas em casa do Supplicaiiíe^ que por
alguns principios pareciaô dirigir-se contra Sua-
com José Mo-
E-Aceifencia :^ e se tinha amizade
reira Corrêa, e Monsiur Follacher ;=: e depois
de responder o Suppiicante-, foi reconduzido-
para a mesma prizaè, e conservado com o mes-
mo rigor até á noite de sete de Setembro èrm
que foi transferido para a Cadêa Publica.
para a
Qiie quando o Supplicante entrara
habito, e
Cadêa, se lhe naô fizera aiuo, de
que
tonsura, na fornis da Lei do Pveino , e
estando ahi por denuncia do seu Procurador
IhQ mandara aquelle General pelo Commandan-
te da Policia aprehender todos os
Papeis, e
•Documentos dos despachos que elle havia da-
do ao Supplicante, todos os quaes foraô con-
duzidos a Palácio
36.
Que achando-se o Supplicante na Cadêa
fora chamado á Junta de Ordem daquelle
Gcj
neral , e porque não annuociasse , digo naô
e tyrannas intenções,
•annuisse ás suas preversas
foi de ordem do mesmo carregado de Ferros,
desde o pescoço até aos pés, contra todas as
Leis da justiça, e humanidade,
37-
Queo General fizera congregar de noite
Sen-
a Junta, para formar a impia, e tyranna
Supplicante a degre-
'tença que condemnára ao
do por toda a vida para as Pedras Negrss, e
a
a que com baraço , e pregão desse voltas
C 2
rock da Forca , o que o Suppíicante cumpri*
ra no meio de immensa Tropa de
Infâataria
e Cavallaria municiada de pólvora, e baila,
38.
Qtie sabendo o General que o Supplicân-
te requerera ao Ouvidor, e Relator
da Junta
vários Documentos, e Certidões do Processo,
naô só mandara tirar este ao Cartório da Ouvi-
doria de que era Escrivão Joaó Hilário Watrin,
conservando-o em seu poder até ao primeiro de
Julho de mil oitocentos e vinte, dia ern que
partira para o Rio de Janeiro ; como tambern
fizera conduzir ao Supplicante, para o
subter-
râneo do Gastello no dia onze de Outubro de
mil oitocentos e desanove , onde foi aferro-
lhado na mais estreita, e espantosa masmorra,
sem communicaçaó d' ar,. por ter a prizaô hu^
ma porta , em que havia hum óculo por on-
de md cabia huma maé.
39-
Que adoecendo o Supplicante em conse-
quência do terrivel calor que ha naquella Pro-
vincia^ esteve em perigos de vida de que dan^
dose parte o veio ver © Medico Lacerda,^ que
receitando alguns remédios, ordenou aquelle
tyranno General, que o Supplicante alli mes-
mo os tomasse, o que assim succedêra*
40.
Hue «endo mui frequentes , e vivos os
clamofes do Povo daquella Cidade contra o Ge-
neral , por este pertender abreviar a vida aQ
&
( 21 )
diário.
4^- . / .
Ricnrdo da
lhe do Doutor Juiz de Fora Josj
Costa Aguiar, lhe naó dicidir nn qualidade de
Juiz d'AlFnndega o objecto de
huma tomndia
de arroz, queo dilo DomMigos havia fíiio a
Qlic em
consequência do arresto, que |he
fizera o Supplicâdo Rozo , soífrêra o Suppli-
cante graves prejuisos em seu giro Gommer-
ciai, pela desordem em que lho puzera, e des*
confianças que fizera nascer contra o Suppli-
cante.
\\
^__X^
( ZS )
D
íe JUÍZO5 onde deve servir de defeza a6
Supplicante.
E receberá Mercê.
Passe em termos.
Garcia Nogueira^
toja.
O Coronel Joaô Pereira Villaça.
Dito Barata.
Os Senhores Officiaes do primeiro Regimen-
to da Patente de Tenente, e Alferes que meí-
teraô Guardas no Castelío.
Ditos os Senhores do segundo Regimento.
Ditos os Senhores do terceiro Regimento.
NEGOCIANTES.
João Pedro Ardasse.
\ Mar-j -.-.-k
(^7 )
"^
"i«Si;f ':
..^55^fe>tl;i*^~^'
( 29 )
SETENQA FÚNEBRE.
Francisco António Alves, Escrivão do Bairro
Rocio, e dos Degradados do Reino, por
ElRei Nosso Senhor, que Deos guarde, &c.
Certifico que em meu poder, e Cartório,
existem as Guias com que a este Juízo fo-
rao remetidos os Réos José Moreira Cor-
rêa , e Manoel da Cosia, das quaes
o seu
theor he o seguinte :
GUIAS.
Sentença Crime do Réo Manoel da Cos*
ta, natural de Villa Fíor, Comarca da Torre
de Moncorvo do Reino de Portugal para ir
;
degradado por toda a vida para as Pedras Ne-
gras em Africa,
.
5-
Convence-se mais, porque o juraô a tes-
temunha dezanove, e vinte e seis, de vêr
e presenciar que o Réo era costumado a fa*
bricar os taes Pasquins, e Libellos famosos,
disfarçando a letra, e fíngindo-a para naó ser
conhecida , e referem as mesmas testemunhas
de vêr, que ao tempo em que se casou Antó-
nio Bernardes Cardoso; mandara elle Réo dei-
tar por hum Rapaz, chamado Severo, hoje fa-
lecido , hum Pc^squim ou papel de trovas em
casa do Coronel João de Araújo Rozo, tudo
por ódio que lhe tinha.
(33 )
6.
7-
Mostrasse também, que o "Réo he de gé-
de
nio turbulento, maldizente, e defamador
muitas pessoas, e familias, sem reverencia al-
guma ás Leis da sociedade Civil.
-->i-
(3Í)
e o confessa oRéo no auto de
exame, e con-
fissão folhas cento e quarenta
e duas. De que
bastante para este Réo,^de-
tudo tezulta prova
suas razoes,
ver ser castigado sem attençaó ás
e artigos de^defeza que nada conclue.
II.
Em quanto ao Réo José Moreira Corrêa
haver
mostra-se ser elle cumpre-se no delito de
dos Pasquins, e Li-
cooperado para a factura
belíos famosos, o que se prova além da fama
Publica, e pela muita amizade, e intima
re-
Costa, se-
lação que havia entre elle, e o dito
13,
Em quanto
finalmente, ao Réo Victor
Follacher, elle se achava vivendo em casa e
companhia do Réo José Corrêa Moreira/ e
associado com elíe no jogo da banca,
sem' ter
outro modo de subsistir, fazendo-se por tanto
reprehensivel , e escandalosa tal occiosidade
vadiação illicita, maneira de viver, fazendo-sê
até suspeito pela tirada continua de
plantas e
observações na Estrada da Barra como o ju-
,
ra a testemunha desanove da Devassa
, e da
sua Viagem pelo Amazonas, acima como
he no^
sorio , e se vê da carta do Réo
a folhas oi-
tenta e ires escripta á sua Família.
-5S^ -IA
( 39)
vida me reporto, em fé do que vai por mim
sobrescíipta , e assignada. Lisboa 5 de Feve-
reiro de mil oitocentos e vinte hum annos. E
eu Francisco António Áíves a sobrescrivi , e
assignei.
FIM.
iV. B, Tudo quanto fica exposto nos
presentes artigos justificativos, já foraó prova-
dos nesta Capital , com 23 testemunhas, por
determinaçííô do Aviso de 24 de Outubro de
1820, da Suprema Junta do Governo do Rei-
no, além de 30 testemuohas da Devassa, con-
tra Manoel José Rodrigues, Commandante da
Galera S. José Diligente , Navio que condu-
zio o homem falecido; sendo aquella Devassa
por objecto d'aquelle individuo conservar ao
Prezo Morto, 20 dias incommunicavel, e com
sentinella á vista; tudo isto por arranjos sinis-
tros , que havia feito com o Conde de Villa
Flor, antes da sua partida para o Rio de Ja-
neiíO) que foi no primeiro de Julho de 1820,
O Homem morto, promette dar a Publi-
co cm hum segundo Felheto, todo o resulta-
do da sua Resurreiçao, e no qual iraÓ inseri-
das todas as suas refieçóes, sobre a nova Far-
ça.
,\7*^H:''^'\::'y.-\:
lÊÊÊà
O-,
Ce
d'^'
^
ll^t
h ô-