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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL MONTEIRO LOBATO

CENTRO ESTADUAL DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

CULTURA SKINHEAD

GUSTAVO GARCIA SILVESTRE

JONATHAN DE MELO SCHMITZ

TAQUARA

2016
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INTRODUÇÃO

É apresentado como assunto foco, uma cultura de origem britânica,


o Skinhead, que é pouco comentada entre os assuntos da atualidade, o
conhecimento comum é baseado na manipulação da mídia, que não procura
entender as suas realidades. A cultura skinhead tem o seu início na década de
60, expandindo-se das cidades suburbanas de Londres para o mundo.
Tendo uma grande influencia em diversos grupos sociais, essa
cultura também sofreu grandes transformações para que pudessem chegar ao
que são hoje. Porém foram altamente deturpadas por uma série de acusações
falaciosas, que iam em uma direção totalmente contrária ao principal conceito
dos skins, fazendo com que os mesmos sejam julgados erroneamente até hoje.
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CULTURA SKINHEAD

O movimento skinhead começou no final da década de 60 junto com


várias outras subculturas que vinham surgindo naquela época, como os punks
e os hippies. Eles surgiram como uma evolução de outro movimento, os mods.
Os mods, abreviação de "modernists" eram uma galera que deu muito o que
falar no início dos anos 60, que curtia lambretas, música negra norte americana
(soul, r&b) e jamaicana (ska). Com o passar do tempo os mods se dividiram
entre os mais intelectuais e refinados, "cool"; e os mods mais da rua,
normalmente proletários que gostavam de brigar. Esse pessoal era chamado
de "hard mod", e foram mudando seu visual aos poucos.
Por volta de 1967 já podia se ver os primeiros sinais do surgimento
de skinheads, jovens da classe trabalhadora da Inglaterra que se identificavam
com a cultura jamaicana importada dos imigrantes afro-caribenhos, em busca
de algo que os representassem, e como uma "evolução” do hard mod, esse
movimento surgiu.
Roupas bem passadas (para não serem confundidos com punks),
calça jeans, suspensório, botas e claro, a cabeça raspada, isso é como um
skinhead deve aparentar, esse estilo "valentão" ia contra a cultura hippie, da
qual eles consideravam afeminado e enfatizava a sua condição de classe
trabalhadora. As mulheres skinheads normalmente usam saia e raspam a
cabeça deixando apenas a franja, o estilo deles é bem impactante. Uma marca
bem famosa entre eles é a Dr. Martens, que faz roupas "especificas" para essa
cultura.
Amantes do futebol, estavam sempre brigando nos estádios e
acabavam virando notícia. A mídia se referia a eles como skinheads (cabeças
de pele em tradução livre), devido as suas cabeças raspadas, acabaram
adotando este apelido e hoje eles têm orgulho de serem chamados assim.
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O skinhead originalmente não tinha nada a ver com política. O


negócio deles era curtir som (reggae/ska), o visual, as brigas (no estádio de
futebol ou contra hippies e gangues de motoqueiros), beber cerveja, futebol,
etc... Não havia racismo também, pois muitos skins eram negros, e mesmo os
brancos ouviam apenas música negra e frequentavam os mesmos bailes dos
jamaicanos.
No entanto, a partir da década de 1970, a crise econômica que se
intensificava no Reino Unido passou a fragilizar as relações com os imigrantes.
Enquanto paquistaneses, por exemplo, começavam a chegar em grande
quantidade, o número de empregos diminuía e a concorrência tornava-se cada
vez maior. Esse contexto levou ao surgimento de grupos dissidentes do
movimento original, que agora carregavam a bandeira de ódio aos imigrantes,
incluindo os negros que já estavam lá a décadas.
A violência contra imigrantes começou a ser constante, e os
incidentes estavam geralmente ligados a grupos de extrema-direita, isto é,
aqueles que defendiam ou defendem ideias conservadoras, como a
manutenção da hierarquia social, são contrários à noção de igualitarismo e
defensores da ideia de que grupos de pessoas caucasianas são superiores,
portanto, tem o direito de dominar e explorar os grupos vistos como inferiores.
Esse movimento ganhou ritmo quando a banda Skrewdriver, que era
apolítica, começou a fazer músicas com letras racistas, xenofóbicas e de
incentivo ao ódio. Os “skinheads” neonazistas se identificaram e adotaram
aquele estilo de música quase hard rock, fugindo do tradicional ska, como
próprio da nova subcultura fascista.

1. Movimento Oi!
No final de 1977, começo de 1978, acontece uma divisão dentro da
cultura punk (semelhante ao que houve no mod nos anos 60) parte do
movimento punk se direciona para o lado mais artístico e visual, deixando
bastante claro em suas vestimentas mais arrojadas, logo depois originando o
pós punk, new wave, gótico, etc. E outros pegam mais o lado agressivo e
suburbano agressivo, realista, sem a comercialização e a suavização do new
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wave, o Street Punk, mais tarde apelidado de Oi! (devido a música


constantemente ouvida entre os encontros, Oi! Oi! Oi! da banda Cockney
Rejects. Os Street Punks, são constantemente considerados mais crus em sua
forma de vestimenta derivada do Ska com suspensórios e chapéus porém com
uma maior despreocupação e com elas, puxando para o punk com o uso de
botas, lenços e a presença do couro. Desta forma, começa a se multiplicar uma
nova geração de skins, influenciados pelo punk e ouvinte punk rock, com um
visual mais bagunçado comparado aos skins originais. Os skins "tradicionais"
diziam que estes eram apenas "punks carecas", pois não tinham noção alguma
sobre as tradições do skinhead e o Ska.

2. Movimento 2 Tone
No final dos anos 70 os skins voltam a ser uma visão comum nas
ruas de Londres e em shows punks. Surge o movimento 2 Tone. O 2 Tone ("2
tons", ou seja, branco e preto, anti-racismo) era o nome dado à nova geração
de bandas de ska e seus seguidores. As bandas 2 Tone eram influenciadas
pelo som skinhead original (Ska e reggae antigo), inclusive tocando covers das
favoritas dos bailes de 69. De qualquer maneira, o 2 Tone levou muitos skins
de volta às origens musicais, visuais e multi-raciais do movimento.

3. Skinhead Nazista e o National Front


Enquanto a 2 Tone estava trabalhando para combater o racismo e o
fascismo através do ska e em festivais Rock Against Racism (rock contra o
racismo) organizados por partidos de esquerda, a extrema direita, a National
Front começava a se aproximar dos skinheads mais insipientes e criar sua
própria organização, o Rock Against Communism, para apoiar bandas de
extrema direita.
Desta maneira, nasce o Skinhead Nazista, hoje conhecido pelo
mundo todo. No entanto, a maioria dos skins continuava sem um
direcionamento político definido, longe dos fascistas.
Mesmo com os Skinheads Nazistas tendo cada vez mais palanque
pelo fato de serem mais “chamativos” pela mídia, nesta mesma época (1979),
havia uma banca de skins em Londres chamada S.A.N. (Skinheads Against
Nazis), que queria eliminar a influência dos neo-nazistas e bandas de punk
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rock com membros skins, assumidamente esquerdistas e se opunham ao


National Front com veemência.
Mas como é de costume, a mídia sensacionalista começa a chamar
todo skinhead de nazista, e o que é pior, todo jovem nazi de "skinhead". Com
isso, a extrema direita só conseguiu novos adeptos e os White Power,
aumentando em tamanho e importância. Mas mesmo assim estavam longe de
ser maioria.
Os nazis, nos anos de sua origem, estavam envolvidos com o
R.A.C., e se o som deles era semelhante ao Oi, as ideias certamente não
eram. Com o tempo, a mídia passou a explorar cada vez mais o skinhead, e o
Oi!, que já era a música oficial da maioria dos skins acabou sendo associado
ao fascismo. Com isso, muitas bandas punks (com medo de serem excluídas)
se distanciaram, deixando o termo Oi! principalmente na mão dos skinheads.
Mas de qualquer maneira é absurdo, como costumam fazer por aqui,
usar a palavra Oi! querendo dizer skin, ou careca (tipo "fulano de tal é oi!"), e
boicotar determinadas bandas apenas por serem Oi. Oi! é um estilo de música
baseado na união e na temática direta e agressiva, não uma ideologia política.
Apesar de haver muitas bandas Oi! nacionalistas e formadas apenas por
skinheads, uma banda pode ser Oi! sendo 100% punk sem ter nada a ver com
nacionalismo, extrema direita ou nada disso, basta acreditar nos ideias
originais da coisa.

GRUPOS SKINHEADS NO BRASIL

1. Skin head tradicional ou Trad


Acreditam nos valores originais do skinhead. Muitos são o que se
chama de "Espírito de 69", ou seja, procuram reproduzir exatamente os skins
dos anos 60 e ouvem apenas reggae e ska.

2. Oi!
A maioria gosta tanto de Oi!, quanto de punk 77, reggae, ska, soul,
etc. A política fica em segundo plano, e todos são contrários ao racismo.
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3. S.H.A.R.P, Rash Skinhead e Redskins


São os skins engajados mais à esquerda, que podem ser S.H.A.R.P
(muitos se dizem apolíticos ou patriotas e não se juntam com nacionalistas, e
confrontam os neonazistas cara a cara). Os Rash, (skins anarquistas) ou
Redskins (skins comunistas) que convivem mais ou menos bem com os
tradicionais, e ouvem as mesmas coisas, mas há um certo conflito, pois os
skins tradicionais chamam eles de fanáticos e eles chamam os "trads" de
alienados, tendo essas discussão, algo interminável. O Sharp foi muito grande
até a metade dos anos 90, e teve uma queda em seu número de participantes.
Mas depois de alguns anos começaram a voltar ex-skinheads ou novos skins e
esse número está crescimento cada vez mais. Os mais politizados aderem
ao Rash, e os que achavam que o S.H.A.R.P deveria ser apolítico, passaram a
se denominar tradicionais, ou apenas skinheads.
Rash e os Redskins (skins comunistas) são fenômenos grandes em
alguns países como França (onde existem em grandes números e bem
organizados desde o início dos anos 80), Itália, Espanha, Colômbia, Brasil,
Chile, Argentina, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e no resto da Europa.

4. Neonazistas (Nazi) e Bonehead


Os skins nazis, que em geral usam visual diferente, curtem som
diferente (puxado para o hard rock) e frequentam baladas diferentes. São
igualmente detestados pelos tradicionais, sharps e rash, a ponto de haver
conflitos violentos entre os grupos.
Em comum nos neonazistas, somente há o nome (skinhead) já que
não tem nada da essência skinhead como ouvir reggae e ska, ter como
principal conceito de vida, a igualdade entre os indivíduos, abdicar ideologias
menos conservadoras e querer simplesmente se divertir.
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CONCLUSÃO
Existem muitas subculturas não exploradas pelo mundo, que
parecem ser desinteressantes até você se aprofundar mais e descobrir que o
que você pensava que sabia estava completamente errado.
Nem todo skinhead é nazista, fascista, odeia homossexuais e quer
que os negros morram, skinhead é um movimento rico em alegria que
comemora a união de duas culturas completamente diferentes. Ser skinhead é,
acima de tudo, dançar ska de uma maneira mais animada que qualquer outra
subcultura.
Então, a próxima vez que você ouvir falar de um skinhead tente
pensar duas vezes antes de julga-lo pelos olhos da mídia popular. E caso você
realmente encontre um bonehead, não se preocupe, os skinheads tradicionais
não gostam deles tanto quanto você.

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