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Chefe de Desenvolvimento

Ross Watson

Escritor Principal
Jason Marker

Desenvolvimento Adicional
Cory Bonifay e Jeff Scifert

História Introdutória
Andy Chambers

Arte da Capa
Alberto Bontempi

Identidade Visual
Kevin Childress

Versão Brasileira
Tradução de Fernando “Del Angeles” Pires; Revisão de Eder Marques;
Diagramação de Fernando “Del Angeles” Pires com G. Moraes

RetroPunk Publicações
Caçado havia perigo ao sul dele e ele foi se aproximando,
forçado, ele deve viajar para o norte. Ele puxou
Por Andy Chambers seu manto esfarrapado apertando mais sobre seus
A floresta estava tão quieta como um túmulo. ombros. Foi um movimento reflexivo, um antigo
Estrelas brilhavam através dos galhos acima, hábito que deveria ter fornecido algum alívio do
olhando frias e distantes. O estalar de galhos sob frio cortante, no entanto não lhe deu conforto.
seus calcanhares soou tão alto como o barulho de O frio era um companheiro permanente para
um tiro de pistola no silêncio. ele agora, como se o abraço gelado das florestas de
Kergus, o Estripador se esforçou para penetrar Steppengrad infiltrasse em seus ossos e revestido
na escuridão através dos galhos espinhosos. seus pulmões. Sua respiração poderia emergir
Ele esperava ver um brilho vermelho de olhos como uma névoa branca se ele ainda fosse capaz
piscando de volta para ele, mas não havia nada de respirar. Aquilo, como muito mais coisas,
lá. Ele não estava tranquilo. Eles continuavam lá havia sido tirado dele há muito, no dia que ele
fora, caçando-o, e ele sabia disso. recebeu a Marca da Bruxa.
Sob seu gibão a complexa teia de cicatrizes A terra a sua frente começava a subir o sopé
que atravessa seu peito ardia como fogo o avisando arborizado de Muralhanegra, uma massa escura
toda a vez que ele virava seu rosto para o sul. Os não marcada pelo brilho de fogo ou outros sinais
Vargr ainda estavam atrás dele, eles estavam o de povoamento. Estas colinas eram pouco povoadas
caçando para ele nesse momento. A Marca da antes mesmo da chegada das bruxas, agora estavam
Bruxa em seu peito lhe dizia isso então ele tinha vazias como um deserto. Certa vez alguns caçadores
aprendido a acreditar nisso. Os lampejos curtos de peles cautelosos e carvoeiros haviam feito a vida
de percepção que a Marca da Bruxa lhe dava era naqueles picos de má reputação. Quando o exército
um dos poucos benefícios de estar Amaldiçoado. da Grande Congregação rompeu as passagens que
A Marca da Bruxa tinha lhe dito para seguir em haviam sido as primeiras nas terras de Morden a
frente e ele não conseguiu encontrar motivos para sofrer a fúria das bruxas. Eles estavam longe de
negar isso. Sua vingança nunca viria a acontecer se serem os últimos.
ele fosse encontrado e dilacerado pelos Vargr. Não Kergus forçou suas pernas enrijecidas a
continuar adiante. Não havia dor, nem fadiga
mesmo ele já tendo andado por horas. Ao invés
Accursed começou com o amor aos disso havia um profundo frio entorpecente que
monstros, especialmente os clássicos provocou uma crise atípica de pânico dentro dele.
monstros de filmes como Múmias, Mesmo se os Vargr falhasse em capturá-lo o frio da
Lobisomens, Vampiros e a criação do Dr. noite poderia muito bem fazer o serviço por ele.
Frankstein. Em minha juventude, eu adorava
Alguns quilômetros colina acima uma massa
os filmes de Horror da Hammer onde Van
disforme se destacou na mata ao lado da trilha
Helsing lutava contra o Drácula e um dos
que Kergus seguia. Ele se aproximou com cautela
meus filmes favoritos é Deu a Louca nos
sacando seu falchion enferrujado e o segurando
Monstros (Monster Squad), que apresentava
a sua frente pronto para atacar. O aço da espada
quase todos os monstros clássicos!
estava amassado, mas afiado, sangue seco ainda
Uma vez, fui convidado para dar ideias manchava a lâmina desde o seu último encontro
para um cenário de “fantasia sombria” para com os Vargr.
um cenário de RPG. Inicialmente eu tive
Aquele encontro tinha parecido pura má
problemas com esse desafio – fantasia é um
sorte no momento, alcatéias de caça nunca
gênero saturado no panorama atual dos RPGs.
tinham estado tão longe do território de sua
Entretanto, após ponderar um pouco sobre a
senhora. As bruxas sempre tiveram ciúmes de
ideia, comecei a pensar em uma visão interes-
seus domínios e não eram favoráveis a visitantes.
sante e única sobre fantasia sombria... Uma
Isso significa que havia uma grande extensão
que girava em torno de monstros. Accursed
de terreno baldio entre os seus reinos. Kergus
cresceu dessa ideia, onde os monstros
não tinha visto uma única alma viva entre Cairn
poderiam se juntar em um grupo com uma
Kainen e Steppengrad até que os Vargr o encon-
meta comum e montar um bando de heróis.
traram. Após escapar do nascido do caldeirão de
Espero que se divirtam criando novas Morrigan tudo parecera tão fácil até agora.
histórias com seus monstros heroicos no
Conforme Kergus se aproximava ele percebia
mundo que John, Jason e eu trabalhamos
que sua cautela era injustificada, os ocupantes da
arduamente para criar.
carroça apodrecida, como tal estava, não represen-
— Ross Watson, Desenvolvedor Chefe tavam ameaça a ninguém. Ossos velhos estavam

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espalhados entre as ruínas e ele os analisou com eu tentarei não machucá-lo. Porque você não
um olho treinado; um boi, um homem e duas tira esse chapéu para que eu possa ver seu rosto
crianças. Não havia sinal de quaisquer Malditos adequadamente?’
entre os caídos, o homem certamente não havia ‘Porque você não desce daí para que eu o veja
sido um soldado. Provavelmente um simples adequadamente,’ replicou Kergus. O rosto na
lenhador e sua família fugindo por suas vidas árvore e a voz que falou com ele foram graciosos
quando foram surpreendidos. o suficiente, mas isso não significava nada. Ele
As hordas das Bruxas que se alastraram tinha visto muitos Malditos com um aspecto de
por Muralhanegra eram horríveis, bestiais e beleza genuína entre suas facetas quiméricas de
monstruosidades deturpadas nascidas dos mais loucura.
insanos pesadelos. As pessoas chamavam os O galho da árvore se curvou enquanto o
monstros de “Malditos” porque sua simples orador escalava para ficar completamente visível
existência era um insulto contra a vida e e sentar-se. Ele era com certeza uma mulher,
sanidade. Só mais tarde que se constatou que as com curvas generosas e uma pele pálida que
criaturas do pesadelo já haviam sido homens e parecia brilhar com a luz da lua. Ela riu de novo e
mulheres comuns; pessoas das terras do Norte balançou longas tranças douradas.
de Muralhanegra. Eles haviam sido arrastados ‘Está vendo?’ ela disse, ‘Eu não sou nada a
pela Grande Congregação e colocados a serviço. temer, não vou te machucar.’
Tenham sido camponeses ou nobres, todos eles
O coração de Kergus se encheu de maus
foram unidos ao exército da Congregação de uma
presságios. A Marca da Bruxa em seu peito estava
vez quando foram transformados pela maldição
dolorida, desconfortável. Não era uma pura e
das bruxas.
simples ameaça. Mas uma advertência inconfun-
Kergus se perguntou o que havia acontecido dível.
com a mãe. Ela não teria abandonado suas crianças
‘Você disse que eles não eram para mim’,
frente ao perigo. A desconfortável conclusão é que
disse ele, apontando para a cesta, ‘para quem são?’
ela havia sido tomada, assim como Kergus. Sua
pele dura e ressecada se esticou com uma careta ‘Sua voz é tão velha e arranhada’, disse a
com a ideia. Outra alma perdida para vingar assim mulher, ‘você parece cansado. Você gostaria de
como aqueles inocentes na carroça. descansar comigo? Eu o pegarei em meus braços
e cantarei as antigas canções que minha mãe me
ensinou quando eu era jovem.’
*** ‘Para quem eles são?’ insistiu Kergus,
Kergus encontrou a mãe a menos de um ‘conte-me.’
quilometro depois do vagão. A trilha cortava
A mulher sorriu novamente, desta vez um
um córrego com águas velozes, margeado com
sorriso torto. ‘Ora, eles são para Baba Yaga, é
musgo e plantas vindo da montanha. Havia uma
claro. Dedos para ela contar em sua cabana com
rocha achatada perto da água e uma cesta tosca
pernas de galinha. Ela anda por estas colunas
de tecido e galhos sobre ela. Flores montanhosas
carregando-a para visitar a raça da noite. Ela
ressecadas, frutas murchas e pinhas foram
ficaria orgulhosa de mim...’
empilhados em torno da cesta como um pequeno
santuário. A Marca da Bruxa estava inativa sobre A mulher parou de falar e de repente cheirou,
o peito de Kergus e por isso ele se aproximou para enrugando o nariz. ‘Ugh, você tem cheiro de
inspecionar o conteúdo da cesta. podridão e túmulo sujo,’ ela gritou, ‘você é um
Ossos minúsculos brilhavam com a luz das nascido do caldeirão!’
estrelas. Dedos da mãos e dos pés; alguns frescos Kergus riu amargamente e tirou seu chapéu
e brancos, outros amarelados pelo tempo. Todos antes de se curvar para a mulher na árvore.
sem carne, como se eles tivessem sugados e limpos ‘Nascido do caldeirão?’ disse ele, ‘Em Cairn
por lábios vorazes; Kainem nós o chamamos de caldeirão do renasci-
‘Aqueles não são para você’, avisou uma voz. mento, certamente, mas isso é uma mentira. Nada
Kergus pulou para trás e sacou seu falchion vivo saiu desse lugar, muito menos eu.’
fazendo um arco de aço. Seu olhar se lançou para ‘Renascido!’ sibilou a mulher.
trás e adiante, mas ele não conseguia discernir ‘É o que eu sou,’ disse Kergus, com alguma
quem havia falado. Um riso estridente veio coisa parecida com orgulho em sua voz ‘e você é
de cima e ele olhou para o alto vendo um rosto uma Rusalka, uma cria de Baba Yaga. Eu ouvi
olhando para ele a partir de uma árvore próxima. falar do seu tipo – você quer que eu descanse com
‘Tão feroz!’ o rosto zombou, ‘tão pronto você no fundo do rio? É assim que você mata,
para lutar! Não se preocupe, poderoso guerreiro, não é?’

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O belo rosto da Rusalka foi transformado por desfiladeiro. O caminho deve levar a algum lugar
seu olhar de repulsa. Naquele instante Kergus e enquanto ele se mantivesse nele, sentia que
teve um vislumbre da mulher do lenhador, de havia esperança de se distanciar dos Vargr.
como ela havia sido antes de ser capturada e Sua única vantagem, se é que poderia chamar
amaldiçoada. Então o glamour tomou conta dela assim, era que ele já era um homem morto. Seu
de novo, fazendo com que ela fosse mais e menos coração não bombeava, seus membros não se
humana ao mesmo tempo. cansavam, a fadiga não o derrubava. A dormência
‘Baba Yaga ficará sabendo disso’, ameaçou que ele sentiu mais cedo foi embora e suas pernas
a Rusalka, ‘Quando ela souber que a Morrígan corriam com a eficiência de uma máquina. A
enviou sua cria para Muralhanegra haverá um maldição da Bruxa, a Maldição da Morrígan, é
acerto de contas!’ mais do que uma cicatriz extravagante no peito.
‘Sim,’ disse Kergus enquanto colocava seu O caldeirão do renascimento tomou o corpo de
chapéu negro sobre seu crânio calvo, ‘diga isso a Kergus e regurgitou ele de volta aos vivos, outro
ela, diga a ela que a Morrígan envia sua amargura, Maldito nascido do caldeirão para se juntar as
que ela quer guerra!’ fileiras do exército de Morrigan.
A Rusalka parecia confusa e Kergus riu Suas memórias sobre o evento são confusas,
novamente, deleitando-se em causar uma surreais, tudo que ele pode se lembrar era o ódio
diabrura entre as bruxas, mesmo que mesquinha. ardente que sentira. Um fiapo incandescente
Elas mereciam coisa muito pior, mas isso era um de indignação contra a Morrígan e todas as de
começo. Então a Rusalka olhou a trilha pela qual sua espécie que o trouxeram de volta à terra dos
Kergus se aproximou e sorriu maliciosamente. vivos, uma sede de vingança que nunca poderia
‘É melhor começar a correr, homem-morto,’ ser saciada. Naquele instante ele se perguntava por
ela disse acintosamente, ‘os lobos da ravina que a Bruxa permitiu que alguém com tanto ódio
sentiram seu aroma.’ por ela retornasse para o mundo. Só mais tarde ele
percebeu que na verdade ele era um erro.
Um arrepiante uivo congelante soou vindo da
trilha. De um lado e de outro, mais uivos distantes Kergus logo percebeu que era diferente
soaram em resposta. A Marca da Bruxa no peito dos outros nascidos do caldeirão. Ele viu seus
de Kergus pulsava quando ele se virou para trás e companheiros de clã, seu irmão, suas irmãs, se
para frente, como se ele já estivesse encurralado. arrastando nos corredores de Escudoprotetor.
Do outro lado do rio, seguindo para as montanhas, Nenhum deles o conhecia, nenhum deles
era o único caminho que estava livre do perigo. E devolveu o olhar de reconhecimento quando
isso não duraria por muito tempo, lobos da ravina seus caminhos se cruzaram. Com o tempo ele
correm rápido e eles já devem estar se movendo percebeu que parecia ser único entre os mortos
para cercá-lo. Ele olhou para cima, mas a Rusalka vivos daquele lugar. Ele tinha intelecto, ele tinha
já havido ido embora. um propósito e o resto era um pouco mais do que
marionetes apodrecidas a serviço da vontade da
‘Eu irei vingá-la,’ Kergus prometeu em um
Morrígan. Isso não foi muito antes dele perceber
áspero sussurro, ‘um dia, de alguma forma, eu irei
que tinha como escapar, fugir de Cairn Kainen
vingar todos nós.’
antes de seu segredo ser descoberto. Foi isso que
Então ele se virou e fugiu com suas pernas o condenou.
rangendo. Ele corria como se os cachorros do
Atrás dele os uivos dos lobos da ravina
inferno estivessem atrás dele.
aumentaram e se lançaram sobre a brisa da noite.
Neve começou a cair conforme ele subia mais
*** alto. Leves, os flocos dançantes começaram a
Ele quase conseguiu fugir. Quase. cair dos altos picos, girando como dançarinos
Formações rochosas, coroadas por árvores no ar gelado. Montes de neve se escondiam aqui
começaram a aparecer em ambos os lados da e ali nas bordas da trilha, as últimas lembranças
trilha conforme ele corria dos lobos da ravina. O do inverno anterior. O caminho se tornou mais
caminho serpenteava entre as formações seguindo íngreme e ele se jogou para cima com a energia
sempre para cima na massa escura de Muralha- intacta reduzindo a não mais do que um passo de
negra. Kergus sabia que seguir aquela trilha o caminhada na inclinação.
tornaria estupidamente fácil de ser seguido. O Outro uivo, mais próximo dessa vez – bem
ideal seria ele ter ganhado vantagem no campo e abaixo na trilha atrás dele. Kergus arriscou um
se escondido entre as árvores até que os persegui- olhar para trás e pensou que poderia ter visto uma
dores tivessem passado, mas ele não se arriscaria forma escura entre as sombras, um brilho de olhos
em deixar a trilha por medo de ficar preso em um bestiais. Ele tentou correr mais rápido e quase

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colidiu com a rocha dura de um penhasco que se debatendo inutilmente enquanto os dentes do
erguia a sua frente, bloqueando completamente tamanho de dedos do lobo da ravina atravessavam
seu caminho. sua pele, rasgando músculos e esmagando ossos.
Kergus bateu na rocha, indefeso como um Finalmente, atirou-o no chão, prendendo-o com
animal. Ele pensou errado, a trilha levava a lugar uma pata contra o peito para que ele o segurasse
nenhum e ele ficou preso como temia. Quando ele bem e rasgasse sua garganta.
virou para procurar outro caminho ele escutou a Por algum milagre o falchion ainda conti-
respiração abafada de seu perseguidor subindo a nuava seguro por Kergus. Por um milagre ainda
encosta e o som macio de suas patas pisando as maior a mão e o braço que o seguravam ainda se
agulhas dos pinheiros. A marca da Bruxa em seu moviam conforme sua vontade. Ele enfiou a ponta
peito ardia em brasa com o calor, o perigo estava afiada nas tripas do lobo da ravina com precisão
sobre ele e não havia nenhum lugar para correr. rasgando a pele e permitindo que as tripas serpen-
Ele se virou para enfrentar a ameaça e sacou seu teantes se espalhassem por sua mão.
falchion pelo que podia ser a última vez. As longas mandíbulas do lobo se fecharam a
centímetros do seu rosto, enquanto tentava recuar
*** devido ao ferimento debilitante que ele infligiu.
Havia apenas uma das bestas subindo a Kergus largou o falchion e segurou o pelo tigrado
encosta abaixo dele, mas ela era enorme, um do pescoço do lobo da ravina, alcançando com a
verdadeiro monstro, o ombro dele estava na altura outra mão o interior da barriga através da fenda,
de seu peito, a cabeça era maior que a de um cavalo. as patas o arranhavam com uma força terrível para
Seu pelo grosseiro e malhado estava espetado nos tentar se libertar da dor.
ombros, úmido e com aspecto molhado sob a luz Kergus se agarrou mais forte e enfiou sua
das estrelas. Olhos amarelos e inteligentes cheios mão ainda mais no interior quente do lobo, escor-
de uma fome voraz que o encararam de volta. O regando pelas entranhas. Até que ele encontrou
lobo da ravina abriu sua mandíbula gotejante e o que procurava. Ele apertou e arrancou, provo-
vermelha mais do que Kergus poderia estender os cando um agonizante uivo final.
braços e soltou um uivo que fez a própria rocha O lobo monstruoso caiu ao seu lado e Kergus
abaixo dele tremer. rolou para fora, sua mão carmesim até o cotovelo e
Kergus, o Estripador ficou perfeitamente segurando o coração sangrento ainda batendo. Ele
imóvel, seu falchion estendido e inabalável. recuou com o lobo da ravina morrendo puxando
Alguma parte de sua mente registrou o medo, mas descontroladamente o ar.
parecia ser um conceito distante e abstrato. Um ‘E é por isso que eles me chamam de O Estri-
simples mortal poderia ter entrado em colapso pador!’ ele sussurrou inseguro, o chão parecia
pelo terror, ou se virado instintivamente para oscilar sob seus pés. Ele balançou e o coração caiu
correr e então estaria condenado a ser atacado antes dele pensar em procurar seu falchion, o cabo
por trás. Não Kergus. Seu único medo era não gasto, pegajoso devido às vísceras veio a sua mão
sobreviver para perseguir sua vingança, aquela e ele o balançou, maravilhado ao mesmo tempo
fagulha brilhante movida a ódio que dava algum em que sentia a desconexão entre seus ombros e
sentido a sua existência distorcida. costelas. Ambos os braços continuavam funcio-
O lobo da ravina baixou sua cabeça e avançou, nando, ambas as pernas funcionavam, mas entre
com suas mandíbulas estalando. Kergus atirou-se eles ele era uma impressionante coisa quebrada.
para um lado e cortou na altura do pescoço grosso Lentamente ele segurou o falchion com as
da besta quando ela passou por ele. O falchion duas mãos e o levantou antes de descer cortando
mordeu fundo no pelo emaranhado, soltando com toda a sua força. Ele golpeou novamente e
um jato arterial carmesim. O lobo da ravina novamente com a pesada lâmina até que a cabeça
balançou pelo golpe e seu ombro atingiu Kergus do lobo da ravina estava separada de seu corpo.
em cheio com o impacto de um aríete. Ele teve Baseado em suas próprias experiências ele não
uma fração de segundo de uma estranha calma queria ter nenhum risco de a criatura vir atrás
enquanto voava para trás até que a pedra o parou dele de novo.
violentamente. Manchas negras estavam dançando ao redor
Antes que ele pudesse recuperar seus de sua visão, tudo estava se tornando cinza como
sentidos, as mandíbulas do lobo da ravina se se um mar sombrio estivesse caindo sobre ele.
prenderam ao redor de seu tronco apertando Kergus cambaleou mais alguns passos antes de cair
extremamente forte. A besta o levantou do chão sobre seus joelhos e o falchion cheio de sangue cair
e balançou-o tão fácil como uma lebre. Kergus de suas mãos. O chão pareceu girar mais uma vez
estava indefeso em seu aperto, os membros se quando ele tombou e a escuridão o engoliu.

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muito da anterior. Ele se virou e olhou para baixo
*** do penhasco nas colinas cheias de pinheiros
Kergus acordou. Ele estava encarando os marchando ao longo das planícies abaixo. Ele
galhos negros nos primeiros dedos pálidos da capturou um vislumbre de água cintilante – prova-
aurora no céu acima dele. Um uivo de lobo distante velmente o mesmo córrego onde ele encontrou a
o trouxe bruscamente de volta a seus sentidos e ele Rusalka – mas ele não podia ver nenhum sinal de
se colocou de pé dispersando agulhas de pinheiro seus perseguidores.
e sujeira incrustada. Longas sombras o cercavam, A marca da Bruxa queimava em seu peito
as colinas sombrias ainda intocadas pela alvorada. enquanto inspecionava a cena. Os Vargr não iriam
A alguns metros o corpo sem cabeça do lobo da desistir, e com seus sentidos sobrenaturais, seria
ravina permanecia intacto. Os famintos moradores apenas questão de tempo que eles encontrassem o
noturnos da floresta não tinham paladar para carne lobo da ravina abatido e seguissem sua trilha até
maculada – e ao que parece, nem tinham apetite o penhasco. Kergus considerou brevemente se
para a carne ressecada de Kergus. manter em posição no alto antes de desconsiderar a
Ele se colocou de pé tentando ignorar as partes ideia. Provavelmente o tornaria difícil de derrubar
quebradas dentro dele. Não importava, disse ele a por um tempo. Infelizmente seus inimigos não
si mesmo quando se inclinou para recuperar seu eram burros o suficiente para continuar vindo um
chapéu e seu falchion, ele já era uma coisa morta. de cada vez. Os Vargr rapidamente encontrariam
Lentamente, embora muito lentamente, seus outros caminhos para o penhasco e o cercariam.
ferimentos iriam se remendar e sua pele dura iria Kergus se voltou e começou a mancar pela encosta.
se espalhar para cobri-los. A próxima linha do cume estava a poucas centenas
Então ele disse a si mesmo quando percebeu de metros dele e ele se focou no seu próximo
o brilho opaco de suas costelas quebradas saindo objetivo. A única vantagem que ele ainda tinha era
de seu gibão, e então ele disse a si mesmo quando o vigor sobrenatural de seu corpo imortal. Se ele
sentiu a rachadura escancarada na parte de trás de pelo menos pudesse continuar forçando enquanto
seu crânio. Toda vez uma voz interior persistente os Vargr deveriam ter que parar eventualmente
lhe lembrava que ele já fora ferido antes, mas para descansar enquanto ele continuava em
nunca tão gravemente. movimento. Tempo precioso já havia sido perdido
Ele olhou para o precipício que tão traiçoeira- enquanto ele estava desmaiado sem sentidos, agora
mente bloqueou seu caminho. Ele não era muito ele tinha que forçar e aumentar sua distância o
alto, não mais do que a altura de três homens. Ele máximo possível.
decidiu que poderia ser capaz de escala-lo durante Ele parou de repente, os planos acumulados
o dia, apesar de seus ferimentos terem tornado em sua cabeça de repente evaporaram quando ele
essa ideia incerta. Quando ele olhava para a viu algo a sua frente. A trilha estava praticamente
parede de pedra e tentava planejar uma rota ele imperceptível agora, pouco mais do que uma
viu algo que o fez praguejar. referência no gelo fino debaixo das árvores. Um
Marcas irregulares meio cobertas pelas monte de neve velha estava no caminho a frente
agulhas dos pinheiros cortavam a face do e nele Kergus pode ver um conjunto claro de
penhasco. A trilha continuava adiante tranquila- pegadas.
mente, ele apenas não tinha sido capaz de vê-la Ele mancou até mais perto. Os rastros eram
na escuridão. Outro uivo de lobo cortou o ar do recentes e distintivamente de alguém de duas
inicio do amanhecer estimulando Kergus a agir pernas. Pequenas pegadas de botas, pensou Kergus,
mais uma vez. Esse tinha soado mais próximo de alguém novo talvez. Ele olhou ao redor acentua-
que o último, os caçadores devem ter se espalhado damente, meio que esperando um ataque, mas não
bastante procurando por ele a noite. Agora o laço havia novos agressores a vista. Os rastros levavam
estava apertando novamente. na direção que ele seguia até desaparecerem sob um
A marca da bruxa não indicava perigo a trecho de rocha exposta. Um de seus perseguidores
frente, a trilha ainda estava o guiando. Kergus Vargr poderia saber mais; precisamente o quão
cambaleou seus primeiros passos e começou a recentes eram essas pegadas e que criatura as tinha
força-los severamente, um de cada vez. Apesar de deixado. Tais mistérios eram ilegíveis para Kergus.
todo o movimento enviar choques através de seu Tudo que ele sabia era que alguém estava viajando
corpo ele persistiu até finalmente, no primeira luz a sua frente.
cinza do amanhecer, ele alcançou o topo. Outro uivo agudo afastou-se das colinas
Outra encosta estava a sua frente, as árvores abaixo. Kergus praguejou e mancou adiante. Ele
eram mais esparsas, a neve era muito mais não tinha tempo para mistérios agora. A Marca
frequente, mas a nova vista de Kergus tinha da bruxa estava inativa em sua carne rasgada. O

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que quer que esteja a sua frente não apresentava Kergus fez uma careta. Ela estava certa, esta
ameaça ou já tinha indo embora. De qualquer misteriosa mulher, sua Marca da Bruxa estava
maneira os caçadores estavam se aproximando completamente dormente. Ele deu uma pequena
dele e ele tinha que fugir ou morrer de novo. gargalhada e se rendeu à loucura, arrastando-
Ele não tinha nenhum desejo de ser destruído -se para a cadeira vazia. Ele viu de relance que
ou devolvido ao caldeirão do renascimento se a mesa estava com um jogo de tabuleiro. Um
isso viesse a ser seu destino. Não desejava a campo de quadrados brancos e pretos incrustados
ninguém. que continham uma variedade de combatentes
monocromáticos – torres e soldados, reis e
*** rainhas, padres e heróis. Ele deu-lhes pouca
O velho castelo parecia bastante sólido atenção enquanto desabava na cadeira e as
à distância – mesmo sendo recebido naquela perguntas saíam diante de seus lábios rachados.
extensão congelada de pedra esculpida pelo vento. ‘Quem é você? Como cheguei neste local?’
As águas do pequeno lago ao redor dele refletiam a mandíbula de Kergus trabalhava enquanto
o céu de chumbo como um espelho negro. No ele tentava articular a verdadeira questão que
fundo, os picos brancos de Muralhanegra subiam queimava em sua mente, ‘... como você sabe de
enormes e com um aspecto cruel. Eles pareciam minha Marca da Bruxa?’
perto o suficiente para se tocarem. ‘Você pode me chamar de Ariane e eu vou
Uma figura desgrenhada mancando, chamá-lo de... Kergus. Não é isso? Respondendo
cambaleou através da grama pintada de gelo ao a sua segunda pergunta – você encontrou seu
longo da margem do lago, fazendo seu caminho caminho até aqui por vontade própria, eu apenas
dolorosamente em direção a uma ponte que ligava esperei você chegar,’ disse a mulher encapuzada,
a margem ao castelo. Aves carniceiras circun- se esticando para mover uma peça com sua mão
davam em seu rastro, chamando uma a outra enluvada. ‘Quanto ao por que eu saber sobre
com vozes ásperas enquanto esperavam que ele sua Marca... porque não me conta como você a
tropeçasse e caísse pela última vez. Elas pareciam conseguiu com suas próprias palavras?’
frustradas, Kergus tinha sido extremamente Kergus encarou a mulher que se chamava a si
persistente em seu progresso, apesar das horríveis mesmo de Ariane. O rosto por baixo do capuz era
feridas que marcavam seu corpo. pálida, perfeitamente oval e com lábios vermelhos
Mais próximo, Kergus pode ver que mais da perfeitos. Ela parecia uma nobre ou uma clériga e
metade do castelo estava em ruínas e as águas do tinha um sotaque para combinar. Sulista, talvez
lago estavam minando o resto. Ele foi atraído a até mesmo da velha e amaldiçoada Manreia. Isso
frente pela visão de uma luz solitária queimando não a valorizou nem um pouco para Kergus,
no alto da única torre sobrevivente. mas ele entregou sua curiosidade em poucos
Escadas caracóis inclinadas o levaram ao topo momentos, frases amargas.
da torre e onde uma vez foi o solário do castelo. ‘O exército da congregação veio para Cairn
Seus espessos vidros estavam rachados e quebrados Kainen, e seu Alto Rei, Gaelen, perdeu sua
em muitos lugares, mas o teto estava em sua mente para uma Bruxa que conhecemos como
maioria intacto e dava a ilusão de proteger contra Lady Mancha’, disse Kergus, ‘e mais tarde como
o vento frio. Kergus parou quando viu a fonte de Morrígan. Nós continuamos lutando, mas nós
luz. Um braseiro de cobre que foi recuperado dos perdemos. Depois disso Morrígan nos colocou em
móveis quebrados espalhados pelo chão e agora seu caldeirão e nos trouxe de volta para lutar por
mantinha uma chama alegre. Ao lado havia uma ela. Cada cadáver que ela fazia se tornava outro
mesa e duas cadeiras com a mesma aparência soldado em seu exército. A Marca da Bruxa estava
recuperada. Em uma das cadeiras, uma figura de em mim quando eu... eu... acordei pela primeira
capuz estava sentada esperando por ele próximo a vez.’
um samovar fumegante. ‘Você está sendo modesto,’ disse Ariane
‘Venha, sente-se. Jogue um pouco,’ a voz da gentilmente, ‘você emergiu como algo maior do
figura sentada era feminina e acolhedora. que os outros.’
‘Você me acha idiota?’ rosnou Kergus com ‘Coisas mortas,’ murmurou Kergus, conti-
uma voz dura como a dos abutres, ‘que loucura é nuava meio perdido em memórias, ‘ela enviou
essa? Quem é você? O que é você?’ coisas mortas contra aqueles que ainda viviam. Ela
Porque não se senta e descobre?’ replicou a nos matou, eu posso me lembrar do golpe que me
mulher, ‘você deveria ser capaz de dizer se sou matou.’ Rostos esqueléticos e garras deslizaram
uma ameaça – não é isso que sua Marca da Bruxa através de seu olho, sangue quente espirrando
lhe diz? Venha e se sente antes que você desabe.’ em ossos frios. Ele podia sentir uma lâmina

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enferrujada enfiando-se sobre suas costelas, terra ‘Você é uma dos Malditos da Bruxa de
carmesim subindo de encontro a seu rosto. Sangue,’ disse Kergus, se ajeitando em sua
‘É a sua vez, Kergus,’ solicitou Ariane. cadeira, ‘Eu sabia que seu sotaque era sulista. Você
Kergus se sentiu grato pela distração e tentou deve ser completamente louca para atravessar
focar sua mente no tabuleiro xadrez. Preto e Steppengrad. Como...’
branco. Parecia simples. Ele avançou um de seus ‘Como você?’ zombou Ariane, ‘Não sou eu
soldados para desafiar o lobo que Ariane movera quem está sendo caçado pelo Vargr nas terras de
e então sabia que peça usar. Ariane moveu outra Baba Yaga. Eu vim porque vi você em perigo neste
peça no tabuleiro de jogo, derrotando o soldado lugar e eu sabia que você precisaria da minha
de Kergus. ajuda para sobreviver. Eu não sou um Maldito e
‘Vida e morte são apenas reinos separados, nem você, não mais.’
países diferentes,’ Ariane disse a ele, ‘como os Kergus abriu sua boca para replicar e depois a
quadrados do tabuleiro. Espíritos são entidades fechou de novo quando escutou algo nas escadas.
transitórias se movendo entre esses espaços. Uma pisada, um arranhar de garras... o som estava
Êxtase. Entropia. Bem. Mal. Preto. Branco. muito fraco para ter certeza, mas aquilo enviou
Vivo. Morto. Isso não importa quando nos uma descarga elétrica pelo seu corpo. Ele deu um
referíamos aos quadrados, eles são apenas pulo, a cadeira caiu de costas atrás dele.
elementos no jogo que nos usamos para definir ‘Sua vadia!’ Kergus praguejou enquanto
o progresso das peças através do tabuleiro. É arrancava seu falchion. Ariane sequer teve a
sua vez novamente.’ decência de recuar diante de sua indignação. Ela
Kergus ruminou sobre aquele pedaço peculiar apenas sentou, ajustando calmamente suas luvas
de filosofia conforme ele estudava novamente sua de volta.
posição. Ele descobriu que sua peça derrotada ‘Cuidado com as escadas’, disse ela. Alguma
havia recuado para um quadrado branco. Sem coisa no jeito que ela disse isso o fez se virar
pensar ele trouxe uma torre para frente para a tempo de encontrar o primeiro Vargr que
fechar o espaço em sua defensa conforme Ariane apareceu saltando.
continuava. Ele parecia como um homem, atarracado e
‘A Morrígan sabia como manter as peças musculoso com um queixo protuberante e um
– espíritos – pegos entre os espaços, tanto vivos pescoço grosso escondido por uma barba eriçada.
como mortos, ou mortos-vivos para ser mais O Vargr tinha uma aparência feroz sobre ele; sujo,
precisa. A imobilidade fez deles... perigosos em descalço, seminu apesar do frio, um cutelo de ferro
caminhos inesperados.’ Ariane avançou uma em cada mão. Ao ver Kergus ele uivou em triunfo
peça para pressionar o exército em miniatura de e saltou direto sobre ele. Mais rosnados e uivos
Kergus em uma parte diferente no tabuleiro. vieram das escadas e o resto da alcateia dos Vargr
‘Você está dizendo que minha morte desabafou sua raiva por não estar na matança.
prematura e renascimento amaldiçoado é uma A Marca da Bruxa queimava como ferro
afronta ao Criador?’ os lábios de Kergus se derretido, o fogo dela inundava-o da cabeças aos
racharam em um sorriso pela primeira vez. ‘Eu pés. A corrida e o esconde-esconde intermináveis
acho que os príncipes, heróis e clérigos podem estavam chegando ao fim e algo nele se deleitava
reivindicar tal distinção, mas eu não. Eu sou com a sensação de alívio. O primeiro Vargr estava
apenas um servo, um açougueiro, e pouco digno confiante demais. O falchion de Kergus girou
de um peido do meu senhor.’ para baixo entre os cutelos e dividiu a cabeça que
‘Eu estou dizendo que você se mover por sua rosnava com seus dentes atrás deles. Mais dois
própria vontade é notável,’ disse Ariane séria, Vargr abriram seu caminho pelas escadas nos
‘notável o suficiente para me fazer cruzar meio calcanhares do primeiro. Kergus ainda tentava
continente procurando por você.’ libertar seu falchion de seu primeiro golpe
‘Como...?’ Kergus começou a perguntar antes quando o primeiro golpe de machado desceu
que Ariane levantasse uma mão para silencia-lo. assobiando até ele.
Ela tirou suas luvas e mostrou-lhe sua palma. Sua De repente Ariane estava ao lado de Kergus
Marca da Bruxa era diferente da dele, um trans- com uma espada longa e fina em sua mão que
bordamento de espirais avermelhadas e runas zunia conforme balançava para um lado e para o
como uma marca de nascença. outro. Ela aparou o machado para o lado e estocou
‘Toda a Marca é diferente,’ Ariane lhe disse, ‘a contra o rosto barbado, forçando o homem-besta
minha me faz ver outros Amaldiçoados em meus de volta para seu compatriota.
sonhos, outros que se tornaram independentes da O falchion rasgou livremente com sua sede
influência das Bruxas. Você não está sozinho.’ de sangue e Kergus cortava com selvageria contra

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o Vargr mais próximo forçando-o a defensiva. inflamaram tão facilmente como um barril de
Instintivamente os dois Vargr dividiram suas pólvora. Os Vargr ignoravam as chamas dançantes
atenções, um cuidando de Kergus enquanto o enquanto caminhavam avidamente para frente
outro se concentrava em Ariane. Atrás deles para cercar sua presa. Kergus e Ariane foram
Kergus podia ver mais rostos raivosos tentando forçados para trás contra uma parede de vidro com
forçar seu caminho subindo pelas escadas, prati- vista para o lago. Eles estavam cercados.
camente usando suas garras e mordendo um ao ‘Seus sonhos mostraram como sair desta?’
outro em sua ansiedade para atacar. rosnou Kergus.
Inimigos de cabeça mais fria formariam um ‘Não...’ admitiu Ariane, trêmula, ‘Eu vi você
círculo para permitir que mais de seus números sozinho neste lugar, sendo arrastado pelos Vargr...’
participassem da luta, mas os dois Vargr no topo ‘Que resultado esplendidamente diferente,’
das escadas se mantiverem firmes e lutaram como disse Kergus, sua voz amarga.
bersekers bêbados. Kergus oscilou para o lado As chamas rugiram de repente, a onda de
com um golpe sobre a cabeça e contra atacou calor rachou todas as janelas intactas do solário.
com um corte estripador. Ele trouxe a ponta do Os Vargr hesitaram com a dúvida em seu rosto
falchion contra o pulso do Vargr em seu próximo animal quando eles perceberam que eles também
aparar , cortando cartilagem e osso tão facilmente estavam presos naquele inferno.
como um tronco de pinheiro. O Vargr uivou e o
‘Malditos sejam!’ exclamou Kergus enquanto
cortou com a outra mão, Kergus avançou contra o
agarrava Ariane pela cintura.
golpe e cortou com o falchion através da barriga
do Vargr espalhando suas entranhas pelo chão. ‘Vão todos vocês para o inferno!’ ele gritou
enquanto saltava pela janela trincada atrás deles.
Kergus mal teve tempo de olhar para Ariane
antes que o Vargr seguinte surgisse livre da O peso combinado dos dois foi mais do que
escada. Ele estava prestes a atacar com uma suficiente para passar através do vidro, embora
cabeçada para jogar o Maldito em direção a seus os cacos perfurarem Kergus como uma dúzia de
companheiros quando ele percebeu que a escada facas. O mundo lá fora girava loucamente entre
agora estava vazia. a escuridão do lado e o acinzentado do céu uma,
duas, três vezes. Acima deles a torre queimava
‘Cuidado Ariane!’ gritou Kergus desespera- como um tição incandescente, os uivos dos Vargr
damente, ‘eles têm–‘ perdidos entre o rugido das chamas e o trovão das
Duas formas atarracadas e escuras se jogaram pedras caindo. Então a escuridão das águas do
através do telhado quebrado em uma tempestade lago chegou e os engoliu.
de vidro. Ariane recuou diante de seus machados
que desceram ceifando e disparou para trás da
frágil proteção da mesa de jogo. O tabuleiro ***
incrustado de preto e branco junto com seu Kergus acordou na borda do lago para
exército de combatentes em miniatura estavam encontrar Ariane arrancando os cacos de vidros
em pedaços um instante depois. de sua carne ressecada.
Kergus girou e chutou o braseiro para cima ‘É tão bom quando você não pode se afogar,
do rosto do Vargr para cega-lo com uma nuvem ’ disse ela com um alivio evidente, ‘levou muito
de cinzas incandescentes. Ele foi levado para tempo para te trazer até a margem. ’
trás antes de fazer um ataque contra o Maldito Kergus agarrou seu pulso e tossiu fracamente.
pulguento pelos outros Vargr que já estavam ‘você continua tentando me salvar, por quê? O
no cômodo. Quatro dos Malditos já estavam no que você quer de mim?’
Solário. Mesmo com a ajuda de Ariane a batalha ‘Eu disse que você não está sozinho’, disse-lhe
só poderia terminar de uma forma. Ariane, ‘há outros Amaldiçoados, como você e
Como se para ressaltar a falta de esperança como eu, que trabalham juntos para trazer um
de sua situação, chamas brilhantes começaram a fim à maldição das Bruxas em Morden. Nos nós
crepitar e se espalhar do braseiro caído. A velha chamamos de a Ordem dos Penitentes, e você
madeira desgastada do chão e os móveis quebrados Kergus, seria bem vindo em nossas fileiras.’

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