Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
CORREDORES LOGÍSTICOS
ESTRATÉGICOS: DIAGNÓSTICO
LOGÍSTICO DAS PRINCIPAIS ROTAS
DE ESCOAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO
INTERNA DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES NO BRASIL.
Eimair Bottega Ebeling
eimair.ebeling@transportes.gov.br
Everton Correia do Carmo
evertonccc@hotmail.com
Mariana Campos Porto
marianacamposporto@gmail.com
Ilanna de Souza Rêgo
ilanna_rego@hotmail.com
Bruno de Almeida Ribeiro
brunoribeiroo@gmail.com
1. Introdução
O planejamento do setor de transportes tem o objetivo de dotar o país de um sistema
de transportes adequado, confortável, integrado, seguro, eficiente, acessível e com o
menor custo possível. Para obter esse sistema de transportes efetivo, o planejamento
setorial indica a implantação de novos sistemas, bem como a melhoria dos já existentes,
de modo a aprimorar a infraestrutura, a operação e os serviços de transporte e de logística
de carga e de passageiros. Neste contexto, cabe ao Governo Federal a coordenação e
integração do planejamento nacional de transportes, abrangendo todos os subsetores e
modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário) e todos os
horizontes temporais de planejamento: curto, médio e longo prazo.
Entre as diretrizes do planejamento estratégico do Ministério da Infraestrutura, destaca-se,
como foco de atuação, a eficiência logística, visando otimizar a distribuição dos modos de
transportes na matriz viária brasileira e consolidar o planejamento integrado do setor.Apesar
de algumas iniciativas anteriores terem utilizado o conceito de corredores no Brasil,
percebe-se atualmente a ausência de uma estrutura sólida e consolidada que ofereça
subsídios para o planejamento de transporte a partir de uma visão integrada que esteja
amparada em priorização de investimentos, gestão com foco estratégico e visando a
eficiência dos sistemas de transporte.
Nesse sentido, a Secretaria de Política e Integração do antigo Ministério dos Transportes,
Portos e Aviação Civil, hoje, Ministério da Infraestrutura, desenvolveu um projeto intitulado
de Corredores Logísticos Estratégicos, que tem como objetivo apresentar uma visão
panorâmica e diagnóstica do momento atual da infraestrutura de transportes voltada para o
escoamento das principais cargas do país: Soja e Milho; Minério de Ferro; Veículos
Automotores; Combustíveis; Açúcar; e Carnes. Além do transporte de carga, o estudo
abordará temas estratégicos relacionados ao transporte de passageiros, além de integração e
defesa nacional, os quais o Governo também atua como promotor de infraestrutura.
O presente estudo apresenta a 3ª etapa do Projeto, que identificou os principais corredores
logísticos de distribuição interna de veículos, a partir de uma visão integrada, envolvendo os
diversos modos de transporte que os compõem e procurando levantar quais as necessidades
centrais para o seu adequado funcionamento. Cabe salientar que os veículos automotores
foram selecionados pela relevante contribuição do setor automotivo na economia nacional.
O setor automotivo faturou em 2016, U$ 46,9 bilhões, incluído o setor de autopeças,
gerou R$ 45 bilhões em tributos diretos, sendo responsável por 1,3 milhões de postos de
1
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
trabalho (diretos e indiretos), tendo apresentando, ainda, no ano de 2015, uma participação
de 22% no Produto Interno Bruto (PIB) industrial e 4% no PIB Total. Ainda, valores de
receita de exportação do Brasil do setor representam 19,7 bilhões de reais (ANFAVEA,
2017).
Portanto, trata-se de um setor estratégico para impulsionar a economia e aumentar a
participação brasileira no mercado externo, sendo necessário o apropriado funcionamento
dos sistemas de transportes para atender o setor.
A fabricação de automóveis foi um marco na evolução da indústria. Com a crescente
melhoria nas linhas de produção, milhões de veículos foram fabricados pelas indústrias Ford
e General Motors, durante as décadas de 30 e 40, sendo implantadas novas fábricas em
diversos países, aumentando a indústria automobilística em escala mundial. Um dos pontos
de partida para o aumento da produção automobilística no Brasil foi a ampliação da atuação
da Fábrica Nacional de Motores – FNM para a fabricação de caminhões e automóveis em
1949. Naquele momento a política do Governo era de fomento a indústria do automóvel com
pesadas tarifas para importação destes produtos (ANFAVEA, 2017).
Em 1953, a Volkswagen iniciou a montagem de automóveis e utilitários e a Mercedes-Benz,
implantou sua fábrica. No final do ano de 1957, a indústria automobilística brasileira atingiu
30.542 veículos produzidos, dobrando esse número no ano posterior e em 1959 chegou a
96.114 veículos, de acordo com os dados do Anuário ANFAVEA – 2017.a indústria
automobilística se desenvolveu principalmente em Santo André, São Bernardo do Campo e
São Caetano – ABC Paulista – um polo sólido de produção, onde se desenvolveram as
indústrias de autopeças e insumos necessários. Na década de 70 sugiram novas montadoras,
estabelecendo-se em outras regiões do país, com destaque para a Fiat Automóveis S.A, em
Minas Gerais; a Agrale no Rio Grande do Sul e a Volvo no Paraná.
A produção de veículos no país obteve um crescimento contínuo dos anos 50 até 1980,
quanto houve uma forte diminuição na produção de automóveis no país. Em 1981, a
quantidade de veículos produzidos anualmente já apontava uma queda da ordem de 30,7%
em relação a 1979, ou seja, de uma produção anual de 1,127 milhões, caiu para apenas 780
mil unidades. A produção somente voltou a crescer, acima de um milhão de unidades, no ano
de 1986, quando atingiu a marca de 1.056 milhões de unidades produzidas, mas, uma nova
queda ocorreu em 1990 (ANFAVEA, 2017).
Nos anos seguintes ocorreram algumas variações, no entanto sempre acima de um milhão de
veículos produzidos. Devido a políticas incentivadoras da indústria juntamente com o
2
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
3
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
3. Metodologia
Para avaliar os corredores como instrumentos de planejamento, primeiramente, fez-se
necessário identificar os corredores logísticos utilizados na distribuição dos veículos
automotores. Para tanto, foi realizado um levantamento de dados e de bibliografias e
estabelecida um a metodologia, englobando uma as informações do setor produtivo e a
identificação dos diversos agentes públicos e privados envolvidos com o processo e as
etapas (Figura 1) descritas a seguir:
4
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
4. Resultados
Primeiramente, cabe observar que optou-se por analisar os dados do exercício de 2015,
pois o ano de 2016 se caracterizou como um período atípico em relação aos volumes de
produção e licenciamento de veículos, e quanto aos dados de 2017, estes não se
encontravam totalmente disponíveis quando se iniciou este estudo.
Com base nos dados, constatou-se que os automóveis e os veículos comerciais leves
representam cerca de 96% do total. Assim, optou-se por limitar a análise do estudo a
estes volumes, pois são representativos em termos de quantidade transportada para
identificação de corredores. Contudo, acredita-se que o escoamento de caminhões e
6
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
ônibus utiliza grande parte das mesmas vias identificadas para automóveis e comerciais
leves. A seguir, foram levantados os volumes de importação e exportação – Tabela 2:
Tabela 2 - Produção e licenciamento / 2015
Em função dos volumes transportes, optou-se, para este estudo, avaliar os fluxos de
transportes que tem como destino o mercado interno, representando os fluxos mais
relevantes em termos de volume de carga. Dessa forma as próximas etapas tiveram como foco
7
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
8
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
11
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
Elaboração autores
12
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
Ainda acerca da infraestrutura rodoviária federal, foi verificado que nos corredores de
consumo interno, 21% das vias são duplicadas e não há existência de trechos sem pavimento.
Sobre o tipo de gestão, identificou-se que 67% da malha utilizada pelos corredores de
consumo interno está sob gestão do DNIT (rodovias federais não concedidas) e 33% sob
gestão da ANTT (rodovias federais concedidas). Outra informação analisada foi a condição da
via, sendo 63% no estado bom (Gráfico 2):
Elaboração autores
Analisando a infraestrutura em termos de extensão da malha por modo (Gráfico 3), constatou-
se que:
Corredores Nordeste, Centro-Norte e Sul são exclusivamente rodoviários.
Já no Corredor Norte existe a intermodaldade com o uso hidrovia. No entanto, este
modo representa apenas 18% da extensão total da rede de transporte.
Gráfico 3 - percentual dos modos por extensão (km) nos corredores de exportação
13
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
78% 33%
3 Pontos de
Fronteira
Porto Privado Porto Público Ponto de Fronteira
Elaboração Autores
5. Conclusões
Diante dos resultados, contatou-se que a avaliação da infraestrutura por meio de corredores
logísticos se apresenta como um eficiente instrumento para melhoria do planejamento no
setor de transportes com foco na eficiência logística, na medida que permite analisar os eixos
estruturantes e consolidados de escoamento de carga, possibilitando uma visão integrada
das ações governamentais de curto e médio prazo e fornecendo subsídios para a
formulação e avaliação de políticas públicas relacionadas à infraestrutura, na busca de
soluções que gerem eficiência no transporte de cargas. O planejamento por meio de
corredores logísticos tem como base a identificação das principais vias e componentes
14
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
de escoamento, dessa forma, apresenta a principal infraestrutura que está sendo utilizada
no escoamento das cargas.
Os mapeamentos das necessidades de curto e médio prazo dos corredores subsidiam a
constituição de planos de melhoramento e manutenção das principais vias de transporte
de carga. Ainda, a definição dos corredores logísticos subsidia a projeção e elaboração
de cenários estratégicos destinados à alteração da configuração atual do escoamento de
carga – com vistas a aprimorar e racionalizar a logística de deslocamento das cargas –,
fornecendo, portanto, informações para o planejamento estratégico de longo prazo.
Nesse contexto, os corredores logísticos fornecem importantes subsídios para as ações
setoriais, priorização de vias e investimentos, baseados nas necessidades observadas no
âmbito das rotas de escoamento. Com o mapeamento dos principais corredores logísticos
do País, verifica-se, ainda, a possibilidade de implantação de um modelo de
governança dos corredores logísticos, com foco estratégico, que possa contribuir para
otimizar a eficiência da logísticas nos escoamentos de cargas do país.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – ANFAVEA. Linha
do Tempo de 1898 a 2017. Disponível em:
http://www.anfavea.com.br/linha-do-tempo.html
15
XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
Kunaka, C.; Carruthers, R. Trade and Transport Corridor Management Toolkit. Washington,
DC: World Bank. P. 411. 2014.
16
BR 010/TO-PA, BR 153/GO-TO
BR 174/AM-RR
• Estudos em andamento no Programa Avançar Parceiras para a BR • Tratamento de pontos com risco de deslizamento.
153. • Alargamento de pontes em alguns segmentos.
• Melhoramento da sinalização em alguns segmentos.
• Contratos ativos de BR-Legal, aguardando implantação em
alguns trechos. Hidrovia do Rio Amazonas
• Dispositivos de controle de velocidade e de pesagem. • Rio Amazonas: EVTEA em desenvolvimento,
• Contratos ativos de dispositivos de controle de velocidade; com conclusão para dez/2018.
• Contratos em fase de reativação para implantação de PIAFs e
PPVs.
• Melhoramento da manutenção;
• Contratos ativos de manutenção. BR 040/GO-MG-RJ e BR 381/MG
• Adequação da capacidade viária e alargamento de pontes em
alguns segmentos. • Implantação da fiscalização eletrônica Canal
• Tratamento de pontos críticos de acidentes e com risco de Verde Brasil em alguns pontos.
alagamento/inundação em alguns segmento e pontos com risco
de deslizamento em alguns segmentos na BR 010.
• Adequação da capacidade viária em alguns
segmentos;
• Implantação de ações para coibir furtos/roubos.
• Podas de árvores em alguns segmentos.
• Previsão de duplicação na BR 040;
• Projeto em fase de análise de 3ª faixa para a
BR 381.
• Em alguns segmentos: melhoramento da
BR 060/GO , BR 153/MG-GO, BR 050/MG-GO e BR 262/MG sinalização vertical, dispositivos de controle de
velocidade e pesagem, tratamento de pontos
• Implantação da fiscalização eletrônica Canal Verde Brasil em alguns críticos de acidentes;
pontos.
• O contrato de concessão prevê: elementos
• Adequação da capacidade viária em alguns segmentos nas de sinalização adequados; a instalação de
rodovias: BR 153, BR 050, BR 262; dispositivos de controle de vel ocidade;
• Previsão de duplicação na BR 153, BR 050, BR 262; monitoramento de acidentes.
• Duplicação em andamento na BR 050, com previsão de término • Implantação de ações para coibir furtos/roubos
no 1° sem/2018.
nas BR 381.
ANEXO I-Necessidades e ações realizadas – corredor norte
17
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”