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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO

Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil


João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

ALINHAMENTO DA LOGÍSTICA
INTERNA COM A ESTRATÉGIA
EMPRESARIAL
Gleison Melhado Matana (UNIMEP )
gleison.matana@gmail.com
Alexandre Tadeu Simon (UNIMEP )
atsimon@unimep.br
Maria Rita Pontes Assumpcao (UNIMEP )
rita@dep.ufscar.br
Andre Luis Helleno (UNIMEP )
alhelleno@unimep.br

No atual mercado global competitivo o desenvolvimento de estratégias


robustas e corretamente desdobradas para toda a organização
diferencia as empresas rumo ao sucesso. Para tanto, deve haver
alinhamento entre as estratégias corporativa, dee negócios e funcional.
A estratégia de operações, como uma estratégia funcional, é composta
pela união organizada de cada uma de suas áreas de manufatura,
logística, qualidade, entre outras, com o propósito de atingir os
objetivos definidos pelas estratégias superiores. A área da logística
interna da empresa pode contribuir diretamente em vários objetivos e
níveis estratégicos, como prazo e custo. Para que isso ocorra, a
logística deve ser alinhada com a estratégia de operações. O
alinhamento entre a logística e a estratégia funcional de operações,
que por sua vez é alinhada com as estratégias de negócios e
corporativa, ocorre quando seus objetivos são comuns. Esse
alinhamento da logística interna da empresa com a estratégia
corporativa, através das estratégias de operações (funcional) e de
negócios, alavanca os resultados dos objetivos empresariais
contribuindo para o sucesso da organização. O objetivo deste trabalho
é identificar as condições necessárias para o alinhamento da logística
interna com a estratégia corporativa. Para atingir o objetivo deste
trabalho, foi utilizado uma pesquisa teórico/conceitual, identificando
os objetivos da estratégia de operações e das atividades-chave da
logística interna, possibilitando a apresentação dos objetivos comuns
quando as condições necessárias de alinhamento são atendidas.

Palavras-chave: estratégia empresarial, logística interna, alinhamento


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1. Introdução

A competição empresarial em um mercado global obriga as organizações a atender as


demandas dos produtos que o cliente quer, na quantidade requerida, na condição desejada,
quando solicitado, onde requisitado e a custos cada vez menores. A estratégia das empresas
em liderança de custo ou diferenciação, propostas por Porter (1980), deixam de ser
conflitantes para se tornarem complementares e igualmente necessárias. As organizações são
obrigadas a reorganizar seus processos e atividades alinhando com uma estratégia global.
Com isso, a estratégia das empresas é desdobrada em corporativa, de negócios e funcional,
hierarquicamente subordinadas para possibilitar uma melhor análise e adequação detalhada
para cada nível estrutural da empresa (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2009).

Para suprir o mercado no âmbito mundial, os processos empresariais devem passar de


centralizados, integrados verticalmente e de produção concentrada para redes de fábricas com
recursos dispersos geograficamente (STOCK, GREIS e KASARDA, 1998). Assim tornam-se
críticos o elevado inventário distribuído e a necessidade de transporte veloz e eficiente dos
materiais para atender as fábricas ao redor do mundo.

Neste contexto, qualquer estratégia de operação (funcional), não é eficiente se não


suportada por um processo logístico robusto e que garanta o valor lugar aos seus materiais. A
competitividade dos processos logísticos é considerada um dos marcos fundamentais das
empresas de classe mundial alcançando uma vantagem sustentável sobre os competidores,
potencializando a satisfação dos clientes com a diminuição dos custos operacionais
(HARRINGTON, 1996).

A logística interna se destaca como um dos processos-chave da corporação por


contribuir significativamente com os resultados operacionais (TOMPKINS, WHITE, et al.,
2010), e é um processo prioritário no alinhamento com a estratégia de operações para se
alcançar a competitividade desejada.

Este trabalho tem por objetivo identificar as condições necessárias para o alinhamento
da logística interna com a estratégia corporativa. Essas condições asseguram que os objetivos
da logística sejam comuns aos objetivos da estratégia funcional de operações, e portanto
alinhados. Para isso, uma pesquisa teórico/conceitual é executada, identificando os objetivos
da estratégia de operações e das atividades-chave da logística interna, possibilitando

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apresentar as condições em que os seus objetivos são comuns e levam à explícita influência
dos processos de logística interna nas estratégias a montante.

2. Revisão da literatura

Esse capítulo apresenta a estratégia empresarial e suas vantagens competitivas, o


conceito de logística e suas atividades e o alinhamento com a estratégia operacional.

2.1 Estratégia empresarial

O objetivo de qualquer estratégia é a criação de valor para os clientes com obtenção de


lucro nesta atividade (PORTER, 1989). Porém, uma visão mais completa apresenta que, a
noção de estratégia é muito diversificada e ampla, com algumas concordâncias a respeito dos
seus aspectos, demonstrando que a estratégia deve determinar a direção, focar os esforços da
organização, prover consistência nas ações e definir a organização (MINTZBERG,
AHLSTRAND e LAMPEL, 2010).

Muitas empresas empregaram os modelos de níveis básicos estratégicos de uma


organização: estratégia corporativa, estratégia de negócios e estratégia funcional, sendo estas
hierarquicamente subordinadas para assegurar a complementação dos seus resultados e
possibilitar uma melhor análise e adequação para cada nível estrutural da empresa. A
estratégia corporativa aborda um nível amplo de conceitos, como diversificação dos negócios,
lucratividade e sinergias globais. A estratégia de negócios apresenta a necessidade de
estratégias individuais para cada unidade de negócio da corporação. A estratégia funcional é
determinada no nível e formato da operacionalização da empresa (SLACK, CHAMBERS e
JOHNSTON, 2009).

Entre as estratégias funcionais, destaca-se a estratégia de operações pela sua


importância nos resultados da empresa e grande complexidade de gerenciamento (SWINK e
WAY, 1995). A estratégia de operações é um conjunto de objetivos, políticas e restrições
auto-impostas, que descrevem como a organização se propõe a dirigir e desenvolver todos os
recursos investidos nas operações de forma a melhor executar sua missão (HAYES, et al.,
2004). Os elementos básicos da estratégia de operações são as prioridades competitivas, que
definem um conjunto consistente de objetivos e sua ordem de importância nas operações:
custo, qualidade, flexibilidade e entrega (MINOR, HENSLEY e WOOD, 1994) (DEVARAJ,
HOLLINGWORTH e SCHOEDER, 2004). Outra visão, propõe que as empresas podem

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alcançar um desempenho ótimo em várias prioridades competitivas simultaneamente, com um


resequenciamento: qualidade, entrega, flexibilidade e custo (FERDOWS e DE MEYER,
1990) (ROSENZWEIG, ROTH e DEAN, 2003). Uma das principais concepções de estratégia
de operações, tem como pensamento central “fazer melhor” que a concorrência e está
desdobrada em cinco vantagens competitivas: qualidade, velocidade, confiabilidade,
flexibilidade e custo (SLACK, 1993) (Figura 1). Então, entende-se que as vantagens
competitivas são agrupadas por conceitos similares e que sua priorização depende da
definição do negócio e sua estratégia, sustentada pelos atributos organizacionais básicos.

Figura 1 – Vantagens competitivas e seus objetivos de desempenho estratégico em operações

Fonte: Slack (1993)

A definição do negócio e da estratégia está diretamente relacionada com a


determinação do campo de atuação da empresa (VASCONCELOS e PAGNONCELLI, 2001).
Saber onde competir é uma questão-chave para a formulação da estratégia empresarial
(PORTER, 1989). Então, a atribuição do valor lugar (onde) é de extrema importância para a
organização, subordinando a localização da empresa, tamanho dos estoques e velocidade do
fluxo dos materiais às decisões da logística.

Entende-se que a sobrevivência das organizações está na expansão dos seus limites em
um escopo global da cadeia de valor por meio de uma estratégia fortemente suportada pela
estratégia de operações e que, por sua vez, está sustentada em seus processos logísticos.
Assim, a logística interna deve ser alinhada com a estratégia de operações para fomentar as
vantagens competitivas sobre os concorrentes e uma maior percepção de valor pelos seus
clientes.

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2.2 Logística

A função da logística está além da movimentação dos materiais. A logística trata do


planejamento, organização e controle de todas as operações de movimentação e
armazenagem, bem como dos fluxos de informações paralelas com o propósito de prover um
bom nível de serviços aos clientes (BALLOU, 2006). A logística vem se desenvolvendo de
uma posição de simples processo de operações que onerava o custo do produto, e portanto
deveria ser minimizada, para uma atividade chave na estratégia empresarial (CARTER,
PEARSON e PENG, 1997). Muitos pesquisadores e empresários reconhecem o valor
estratégico da logística na diferenciação das empresas e estabelecimento de vantagem
competitiva sustentável no atendimento dos clientes com baixo custo pelo mesmo serviço
(HARRINGTON, 1996).

Dentro da estratégia corporativa, a logística tem a função de assegurar o fluxo de


materiais, produtos e informações ao longo da cadeia de suprimentos (CHEE, CHEW e
KWAN, 2001). Dentro da estratégia de negócios, a logística contribui para a diferenciação de
serviços para os clientes, criando valores como entrega, prazo e confiabilidade, com redução
de custo, mantendo estoques a níveis baixos e assegurando transportes eficientes (BARBOSA,
MUSETTI e KORUMOTO, 2006). Na estratégia de funcional, o excelente desempenho dos
processos logísticos apresenta resultados significativos nas operações (BOWERSOX, CLOSS
e COOPER, 2006).

A logística interna absorve consideravelmente parte dos empregados, espaço da


fábrica, tempo de produção e custo das operações (TOMPKINS, WHITE, et al., 2010), e é de
extrema relevância para os objetivos estratégicos de operações.

A logística interna da empresa, definida como parte do suprimento físico, é


responsável pela agregação dos valores lugar (onde) e tempo (quando) aos materiais. O
suprimento físico está desdobrado em nove atividades-chave essenciais em que se observa os
objetivos logísticos internos (BALLOU, 2006):

 Transporte: definição do equipamento e das rotas, consolidação dos materiais


 Manutenção de Estoques: política de estocagem, previsão vendas, tamanho e
localização dos lotes, estratégia de fluxo dos materiais

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 Processamento de Pedidos: fluxo de informações acuradas entre clientes, fábrica e


fornecedores
 Compras: seleção das fontes, definição da quantidade e momento da compra
 Embalagem: método de manuseio e estocagem, proteção das peças contra perdas e
danos
 Armazenamento: definição do espaço e leiaute, localização do estoque e sua
configuração
 Controle de Materiais: procedimentos de movimentação, alocação e recuperação
dos materiais
 Manutenção de Informações: coleta, armazenamento e manipulação das
informações, análise dos dados e definição dos controles
 Programação de Suprimentos: organização da quantidade, sequência e prazo dos
materiais para o volume de produção
Com isso, entende-se que as atividades compreendidas pela logística interna oferecem
grande influência na competitividade empresarial global e seu alinhamento com as estratégias
da empresa é de fundamental necessidade para o sucesso da organização.

2.3 Alinhamento com a estratégia operacional

Sob uma perspectiva “de cima para baixo” é possível reconhecer o alinhamento
hierarquizado da estratégia corporativa para a estratégia de negócios e para a estratégia
funcional. A estratégia funcional deve “operacionalizar” a estratégia da empresa, assegurando
os resultados dos objetivos definidos nas estratégias a montante. A estratégia de operações,
sendo uma estratégia funcional, deve garantir a tradução dos objetivos do negócio em
objetivos operacionais demonstrando o seu alinhamento subordinado (Figura 2) (SLACK e
LEWIS, 2015). Adicionalmente, o desempenho de toda a organização depende da extensão do
alinhamento entre a estratégia corporativa e a estratégia das suas principais áreas das
operações (GALUNIC e EISENHARDT, 1994) (BROWN e BLACKMON, 2005).

Figura 2 - Relação entre os níveis estratégicos

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Fonte: adaptado de Slack e Lewis (2015)

Como uma das áreas das operações, a logística apresenta habilidade de conquistar
novos clientes e reter os atuais, com suas dimensões de serviço, como confiabilidade da
entrega, velocidade, acurácia dos pedidos, informações ágeis e grande flexibilidade, quando
alinhadas com os objetivos da organização (MORASH, DRÖGE e VICKERY, 1996). Os
resultados de desempenho esperados dos processos logísticos são conseguidos quando as
competências logísticas são consideradas como parte da própria estratégia empresarial. Então,
as empresas devem examinar frequentemente seus objetivos logísticos procurando assegurar
uma melhor estrutura que possa garantir vantagens competitivas da estratégia de operações
(CHOW, HEAVER e HENRIKSSON, 1995).

Entende-se que há o alinhamento das estratégias empresariais com a logística quando


os objetivos e resultados forem comuns (HILL, 1999). Entre os modelos de excelência dos
processos logísticos que observam o alinhamento estratégico, destaca-se principalmente o
modelo de Fawcett e Clinton (1997) (Figura 3), onde é possível observar os níveis de
desdobramento desde a orientação estratégica até o desempenho logístico, tendo em comum a
medição de desempenho dos seus objetivos e os sistemas de informação. Por este modelo
entende-se que o alinhamento da logística com a estratégia é conseguido quando os objetivos
de desempenho são comuns, medidos e difundidos em todos os níveis estruturais da
organização.

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Figura 3 - Modelo de alinhamento logístico

Fonte: Fawcett e Clinton (1997)

Sendo assim, o alinhamento da logística com a estratégia de operações é conseguido


por meio de objetivos comuns, sendo que os benefícios das atividades logísticas são somados
e escalados até o nível corporativo.

3. Método

A condução de uma revisão bibliográfica de forma sistemática e metodológica,


contribui para o desenvolvimento de uma sólida base de conhecimento, simplificando a
construção de teorias em áreas de pesquisas já existentes ou com necessidade de pesquisas
inéditas (WEBSTER e WATSON, 2002). A revisão bibliográfica foi realizada para buscar
dentro das publicações existentes a identificação dos objetivos da estratégia de operações e
das atividades-chave da logística interna. Foi adotado o modelo de revisão bibliográfica de
Levy e Ellis (2006) para análise da literatura por sua garantida confiabilidade e rigor
científico (Figura 4).

Figura 4 - Etapas da revisão bibliográfica

Fonte: traduzido de Levy e Ellis (2006)

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No modelo de Levy e Ellis (2006), a etapa de entrada é compreendida pela definição


do problema de pesquisa e estabelecimento dos objetivos. Na etapa de processamento há a
necessidade da execução de ciclos, aumentado o conhecimento até que os objetivos sejam
atendidos. A etapa de saída é caracterizada pela confecção do relatório das informações
pesquisadas.

Na etapa de entrada as fontes primárias de pesquisa foram estabelecidos os parâmetros


de busca dos documentos conforme tabela 1.

Tabela 1 - Parâmetros de busca dos documentos

Fonte: elaborado pelos autores

No processamento foram executadas as 6 fases propostas sobre os documentos


encontrados na etapa de entrada, de forma cíclica, para selecionar esses documentos conforme
os critérios definidos na etapa inicial e incluir os demais documentos relevantes selecionados
a partir da compreensão da literatura. Obteve-se com essa busca 838 documentos.

Na etapa de saída, os documentos selecionados foram analisados para a extração dos


conceitos de estratégia e logística interna. Com as informações da etapa de saída foi possível a
elaboração deste trabalho apresentando os resultados para a sociedade acadêmica com o
devido rigor através de um método confiável.

4. Resultados e discussões

Os 838 documentos encontrados na revisão da literatura demonstram a vasta


amplitude e a importância da logística na estratégia das organizações. Classificando os
documentos encontrados é possível obter 99 proceedings, 596 artigos e 143 livros ou
capítulos de livros, demonstrando a solidez e relevância desse tema pela quantidade de
publicações ao longo dos anos (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Publicações dos documentos por ano

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Fonte: elaborado pelos autores

Dos 838 documentos encontrados, foram retirados os com menos de 30 citações (5%
do documento mais citado). Assim, os 127 documentos com mais de 30 citações,
apresentando maior relevância acadêmica, foram analisados e selecionados os 26 documentos
que contribuem para o tema e que compõem o capítulo da revisão da literatura.

Com a análise dos documentos foi possível verificar que há existência de objetivos
comuns entre os processos de logística interna e a estratégia de operações quando condições
são estabelecidas (Tabela 2).

Com a determinação das condições de alinhamento entre as vantagens competitivas e


as respectivas atividades-chave da logística interna é possível ainda observar a relação comum
entre os objetivos logísticos com os objetivos da estratégia de operações e como a logística
interna pode alavancar toda a estratégia da empresa.

Tabela 2 – Condições para a existência de objetivos comuns entre Logística Interna e Estratégia de Operações

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Vantagens Competitivas da Condição de


Atividades-chave da Logística Interna e objetivos
Estratégia de Operações e objetivos Alinhamento
Transporte selecionar o equipamento de transporte adequado
Manutenção de Estoques determinar política de estoque (perecíveis)

Vantagem da Compras selecionar fornecedores com qualidade assegurada


objetivo: entregar o
Embalagem proteger materiais contra danos
Qualidade fazer certo material intacto
Armazenamento determinar condições e leiaute do estoque
Controle de Materiais movimentar materiais sem avarias
Manutenção de Informações garantir acuracia dos registros dos materiais
Transporte selecionar o equipamento de transporte adequado
Transporte capacitar os operadores
Manutenção de Estoques determinar os materiais disponíveis no estoque
Manutenção de Estoques definir tamanho e localização dos estoques
Manutenção de Estoques determinar política de estoque
assegurar o Processamento de Pedidos garantir fluxo informações acuradas
Vantagem da objetivo:
fluxo contínuo Compras determinar a política de entrega dos fornecedores
Velocidade fazer rápido
dos materiais Embalagem definir o método de manuseio e estocagem
Armazenamento determinar a localização do estoque
Controle de Materiais estabelecer o método de transporte
Controle de Materiais reduzir o tempo e distâncias de transporte
Manutenção de Informações monitorar a localização dos materiais
Programação de Suprimentos reduzir os prazos de entrega
Transporte entregar materiais no local e momento correto
Transporte selecionar o equipamento de transporte adequado
Transporte capacitar os operadores
Manutenção de Estoques determinar política de estoque
Manutenção de Estoques prever demanda de curto prazo
objetivo: garantir a
Vantagem da Processamento de Pedidos assegurar fluxo informações acuradas
fazer disponibilidade
Confiabilidade pontualmente do material
Compras determinar quantidade e momento da entrega
Embalagem proteger materiais contra perdas
Armazenamento determinar condições e leiaute do estoque
Controle de Materiais alocar materiais na demanda correta
Manutenção de Informações monitorar a localização dos materiais
Programação de Suprimentos organizar quantidade e prazo de entrega dos materiais
Transporte elaborar rota de transporte ajustáveis
Transporte definir equipamentos versáteis de transporte
Manutenção de Estoques controlar a quantidade de materiais nos estoques
Manutenção de Estoques ajustar estoque para demanda de curto prazo
permitir Processamento de Pedidos comunicar os pedidos entre áreas das operações

Vantagem da objetivo: alterações Compras selecionar fornecedores parceiros e capazes


ser ágil na rápidas dos Embalagem atender a necessidade de manuseio do cliente
Flexibilidade mudança processos e Armazenamento elaborar estoques distribuídos flexíveis
informações Controle de Materiais agilizar a alocação e recuperação dos materiais
Manutenção de Informações garantir fluxo veloz de informações acuradas
Manutenção de Informações definir junto aos clientes internos os níveis de serviço
Programação de Suprimentos organizar sequência de entrega
Programação de Suprimentos facilitar o manuseio dos materiais
Transporte reduzir custos de movimentação do material
Transporte selecionar equipamentos de transporte adequado
Transporte elaborar rota de transporte
Manutenção de Estoques determinar política de estoque
Manutenção de Estoques otimizar investimentos em estoque
executar Processamento de Pedidos assegurar comunicação rápida (efeito chicote)
Vantagem do objetivo:
operações de Compras estabelecer custo dos materiais
Custo fazer barato
baixo custo Embalagem definir custo da embalagem
Armazenamento determinar a localização e tamanho do inventário
Controle de Materiais estabelecer movimentação sem perdas
Manutenção de Informações assegurar informações de custo acuradas
Programação de Suprimentos reduzir o estoque em trânsito
Programação de Suprimentos otimizar a capacidade do transporte

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Fonte: elaborado pelos autores

A vantagem competitiva de qualidade tem como objetivo a execução “certa” das


atividades, com condição de entregar os materiais intactos. Para isso, nas atividades logísticas,
é necessário proteger os materiais de danos inerentes às atividades logísticas, selecionar
corretamente o equipamento de transporte, determinar a localização e tipo de estoque,
controlar os materiais perecíveis, assegurar a acurácia dos registros do inventário, validar a
qualidade do trabalho dos fornecedores, entre outros. Porém, ainda como propriedade da
qualidade, entende-se que a ausência de defeitos no processo logístico faz com que o fluxo de
materiais seja mais rápido. Adicionalmente, as atividades da determinação da embalagem, a
elaboração de processos validados de movimentação dos materiais e a acurácia dos registros
evitam danos e falta do material para a operação, elevando inclusive o nível de confiabilidade
e velocidade da empresa a custos mais baixos.

A velocidade é uma vantagem competitiva em que sua dimensão base é o tempo. Com
a logística tendo como condição assegurar o fluxo contínuo dos materiais é possível contribuir
para fazer “rápido” as operações. A execução das atividades logísticas com menores tempos
torna mais rápido o fluxo dos materiais e informações através da empresa, diminuindo o
inventário (em processo e em trânsito), com maior disponibilidade dos materiais e redução do
efeito chicote nos fornecedores mais afastados. Desta forma, a seleção adequada do
equipamento e método de transporte, determinação dos estoques e sua política, definição da
entrega dos fornecedores, definição do método de manuseio dos materiais e capacitação dos
operadores, tornam-se essenciais para a redução do tempo das operações e o aumento da
velocidade das informações acuradas. A propriedade da velocidade ainda acrescenta
benefícios para a confiabilidade, com maior disponibilidade dos materiais, para a
flexibilidade, com agilidade dos processos e informações, e para o custo, com reduções no
inventário.

Fazer “pontualmente” as operações é comum à condição da logística de garantir a


disponibilidade dos materiais e é atribuído à vantagem competitiva da confiabilidade. Sua
característica é a de assegurar as entregas comprometidas em cada fase do processo produtivo,
junto com a velocidade, permitindo o pleno funcionamento da empresa sem perdas nas
atividades logísticas internas. A garantia de uma entrega confiável é o resultado da correta
seleção do equipamento de transporte, da determinação da política do estoque, da previsão de
demanda de curto prazo com fornecedores, da alocação correta dos materiais evitando perdas

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e da garantia das informações acuradas entre cliente e fábrica. Com uma excelente
confiabilidade, as outras vantagens competitivas também são beneficiadas, como a qualidade
que garante a satisfação das operações com um material integro no momento e local correto, a
velocidade que evita perda de tempo com a garantia da disponibilidade de materiais e
informações, a flexibilidade com entregas confiáveis a prazos curtos no local solicitado e o
custo com a materialização do valor lugar, entregando o material no local e tempo correto.

A flexibilidade é um uma vantagem competitiva que se baseia na condição da logística


de permitir rápidas alterações nos processos e informações, ou seja, ser “ágil” na mudança,
atendendo às necessidades dos clientes em um mercado turbulento com concorrentes cada vez
mais hábeis e competitivos. Com a grande variedade de produtos requisitados pelos clientes,
oscilação das demandas e prazos de entrega cada vez mais curtos, a empresa deve se adaptar o
mais rápido possível para se beneficiar do objetivo de desempenho de flexibilidade. Para essa
flexibilidade, as atividades logísticas devem elaborar rotas flexíveis, selecionar equipamentos
versáteis, definir estoques distribuídos para as vendas de curto prazo, escolher fornecedores
parceiros, entender as necessidades da operação e garantir um fluxo rápido e acurado das
alterações necessárias em todos os processos da operação, permitindo que as organizações se
privilegiem da ágil capacidade de mudança da logística como forma de destaque da
concorrência. Ainda, a flexibilidade permite que os processos tratem as interferências
inesperadas com habilidade e agilidade necessária para minimizar as perdas, beneficiando os
objetivos de velocidade, confiabilidade e custo.

O custo é considerado uma vantagem competitiva essencial pelo seu objetivo de fazer
“barato” com uma condição em que a logística deve operar a baixo custo, tendo fundamental
importância na estratégia de qualquer empresa, pois aufere maiores margens financeiras ou
preços mais baixos elevando a competitividade e posicionamento no mercado. Como o custo
é influenciado pela alteração da demanda e variação da quantidade de modelos de produtos
ofertados e é consequência da execução dos demais objetivos de desempenho (qualidade,
velocidade, confiabilidade e flexibilidade), a administração com excelência e redução dos
custos de todos objetivos da logística interna citados anteriormente são indispensáveis para o
sucesso da empresa. Analisando os processos da logística interna, entende-se que as
atividades logísticas primárias são as que mais incorporam custo ao produto, e por isso, o
transporte e a manutenção de estoques devem prioritariamente serem analisados minimizando
ou eliminando perdas.

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Pela duplicidade dos objetivos logísticos influenciando mais de uma vantagem


competitiva é observado que há relação entre as próprias vantagens competitivas, onde uma
melhor qualidade com processos rápidos e confiáveis de resposta flexível reduz os custos
operacionais, já comprovado pelo modelo do cone de areia do melhoramento da manufatura
(Figura 5). Com isso, é possível entender que a melhoria ou alteração de um processo
logístico não influencia somente uma única vantagem competitiva estratégica de operações,
mas beneficia todas a que se estende. Então, o desenvolvimento das atividades logísticas
apresenta benefícios cumulativos e abrange todas as vantagens competitivas multiplicando os
resultados alcançados.

Portanto, por meio das condições de alinhamento, uma clara relação é estabelecida
entre cada um dos objetivos das atividades logísticas internas com os objetivos de
desempenho estratégicos de operações, correlacionando com a respectiva vantagem
competitiva. Sendo assim, cada atividade logística deve ser executada com excelência para
assegurar os resultados essenciais da organização.

Figura 5 - Cone de areia do melhoramento em manufatura

Fonte: Slack (1993)

5. Conclusão

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As estratégias empresariais de liderança de custo ou diferenciação, propostas por


Porter (1980), não mais atendem ao globalizado e exigente mercado, que imprime
necessidades de altas variabilidades de demanda com menores prazos e preços mais baixos.
Com isso, uma estratégia empresarial robusta com subordinação alinhada das estratégias
corporativa, de negócios e funcional é de extrema importância para o sucesso da organização.
A estratégia de operações, como uma estratégia funcional, deve então, traduzir os objetivos do
negócio em objetivos operacionais, demonstrando seu alinhamento com estratégias a
montante.

Dentre as áreas de operações, a logística interna se destaca com sua grande influência
nos resultados e objetivos atribuindo valor de lugar aos materiais. Portanto, as atividades
logísticas internas devem ser alinhadas com a estratégia empresarial para garantir vantagens
competitivas elevando a posição da organização no mercado.

Este trabalho teve como objetivo identificar as condições necessárias para o


alinhamento da logística interna com a estratégia corporativa. Essas condições asseguram que
os objetivos da logística sejam comuns aos objetivos da estratégia funcional de operações, e
portanto alinhados.

Foram identificadas as condições de alinhamento das atividades logísticas internas


(transporte, manutenção de estoques, processamento de pedidos, compras, embalagem,
armazenamento, controle de materiais, manutenção de informações e programação de
suprimentos) com a estratégia de operações e suas vantagens competitivas (qualidade,
velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo), sendo que essas condições (entregar
material intacto, assegurar o fluxo contínuo dos materiais, garantir a disponibilidade do
material, permitir alterações rápidas dos processos e informações, executar operações de
baixo custo) garantem que os objetivos sejam comuns. Ainda, foi apresentado a influência
cumulativa de benefícios entre as atividades logísticas com suas vantagens competitivas e das
próprias vantagens competitivas entre si, como demonstrado pelo modelo do cone de areia do
melhoramento em manufatura.

6. Referências

BALLOU, R. Gerenciamento da cadea de suprimentos / Logística empresarial. Porto alegre: Bookman, 2006.
BARBOSA, D.; MUSETTI, M.; KORUMOTO, J. Sistema de medição de desempenho e a definição de
indicadores de desempenho para a área logística. SIMPEP. Bauru: [s.n.]. 2006.

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