Você está na página 1de 28

Transcrição | Aula 01

INSS
DIREITO CONSTITUCIONAL
Profª Alessandra Vieira
Direito Constitucional

AULA 01

Pessoal, em primeiro lugar bom dia a todos, para quem não me conhece, meu nome é
Alessandra Vieira, sou professora aqui da Casa do Concurseiro, ministro a disciplina de direito
constitucional e também sou professora de direito civil, e no concurso de vocês do INSS eu
vou trabalhar duas aulas apenas, referentes às matérias de nacionalidade e direitos políticos,
ambas matérias são conteúdos que caem muito em concursos públicos, então é uma matéria
gostosa de trabalhar e que vocês devem dar uma atenção especial porque sempre aparece
alguma questão, isso eu posso garantir, pelo menos uma questão vai estar lá no concurso que
você pretendem prestar.
A nossa matéria começa a partir do artigo 12 da Constituição (..) e o que nós vamos estudar
nessa nossa aula de hoje? Nós vamos ver quem são os brasileiros natos, quem são os brasileiros
naturalizados; se nato e naturalizado é tudo a mesma coisa ou se tem diferenças; como uma
pessoa se torna um brasileiro nato no nosso país; se ela pode perder essa condição. Eu sempre
comento em sala de aula se um brasileiro nato pode perder, pode deixar de ser brasileiro nato
e ao contrário do que a grande maioria das pessoas imagina, a maioria das pessoas pensa “não,
brasileiro nato não tem como perder essa condição” e na verdade a gente vai ver que sim, eu
Alessandra, brasileira nata posso perder essa condição.
Então pessoal, a primeira questão que eu queria trazer para vocês é: quando a gente trabalha
a matéria nacionalidade, temos que saber o Brasil adota duas classes de nacionalidade, ou
nós somos brasileiros natos ou nós somos brasileiros naturalizados, então se lá na prova eles
perguntarem quais são as classes de nacionalidade que o Brasil adota e classes são apenas
duas, ou tu é brasileiro nato, ou tu é brasileiro naturalizado. A pergunta é: nato a naturalizado é
tudo a mesma coisa ou tem diferenças? Tem diferenças, existem diferenças bem importantes,
por exemplo, no que tange aos cargos, a gente sabe que o brasileiros natos têm acesso a todos
os cargos políticos do nosso país, já o naturalizado não, existem determinados cargos, que
pela importância que têm, são reservados apenas aos brasileiros natos, mas tudo isso a gente
vai estudar, só estou dando uma geral para que vocês tenham uma ideia do que a gente vai
trabalhar.
Outra questão importante, uma outra diferença que nós temos entre natos e naturalizados: o
brasileiro nato ele não pode ser extraditado, o brasileiro naturalizado pode, mediante algumas
circunstâncias.
(...)
Vou colocar um esquema no quadro para a gente poder começar a conversar sobre a matéria
nacionalidade.

www.acasadoconcurseiro.com.br 3
Então pessoal, eu coloquei aqui no quadro um esquema para a gente poder começar a conversar
sobre a matéria nacionalidade, e a primeira questão que eu comente com vocês quando a
gente fala sobre nacionalidade a gente tem que ter presente que o Brasil adota duas classes de
nacionalidade: ou nós somos brasileiros natos ou somos brasileiros naturalizados. Toda pessoa
que é brasileira nata possui o que se denomina nacionalidade brasileira primária ou originária.
Então se lá na prova de vocês cai uma questão dizendo assim: “com relação à nacionalidade
brasileira primária, é possível afirmar” essa questão com certeza trata de brasileiros natos.
Agora a pergunta é: como é que uma pessoa se torna um brasileiro nato no nosso país? Para
que alguém se torne um brasileiro nato, três critérios são levados em consideração, o critério
sanguíneo, mais conhecido por “ius sanguinis”, o critério territorial, mais conhecido como “ius
soli”, que já vou comentar com vocês e por fim temos o chamado critério misto.
(...)
O que seria o critério sanguíneo? Para o Brasil, será brasileiro nato toda pessoa nascida de
pais brasileiros, independentemente do local de nascimento. Então vou colocar um exemplo
aqui para vocês terem uma ideia do que a gente vai trabalhar: nasce uma criança nos Estados
Unidos filha de pais brasileiros, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? A princípio,
ela será considerada brasileira nata, concordam comigo, pelo critério sanguíneo, só que nós
vamos estudar que toda vez que o Brasil adota o critério sanguíneo, acaba exigindo um algo a
mais, então essa história de dizer “para ser brasileiro nato basta ser filho de pais brasileiros”
não é uma verdade absoluta, porque sempre que o Brasil adota o critério sanguíneo, acaba
exigindo um algo a mais, que a gente já vai ver na sequência da aula.
Depois nós temos o chamado critério territorial: para o Brasil, será brasileiro nato toda pessoa
nascida em território brasileiro, não importando a nacionalidade dos pais. Então a questão
da prova diz assim: “nasce uma criança no Brasil, filha de um casal de japoneses, qual é a
nacionalidade dessa criança para o Brasil?” A princípio, ela será brasileira nata, mas a gente vai
estudar que quando o Brasil adota o critério territorial também coloca um detalhe a mais.
E por fim temos o critério misto, ele não é um critério propriamente dito, a única função do
critério misto é dizer que o Brasil adota as duas modalidades; como o Brasil adota tanto o
critério sanguíneo quanto o critério territorial, a gente diz que no Brasil o critério é misto, agora

4 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

o que temos que ter cuidado: nunca uma pessoa será brasileira nata por ter o critério misto,
por exemplo, eu Alessandra nasci no Brasil (critério territorial) e sou filha de pais brasileiros
(critério sanguíneo), então vocês diriam: “professora, você tem o critério misto, porque tem os
dois critérios ao mesmo tempo”; o que é importante dizer para vocês: sempre que os critérios
estiverem presentes na mesma pessoa, ela será brasileira nata pelo critério territorial, ele
é a regra no nosso país. Então ao contrário do que a gente poderia imaginar “o sangue é o
que predomina, o que manda” temos essa tendência, sempre que os dois critérios estiverem
presentes, essa pessoa será brasileira nata pelo critério territorial, ele é a regra do nosso país.
Eu Alessandra sou brasileira nata pelo critério territorial, por ter nascido no Brasil.
(...)
Depois, na sequência da nossa aula, vamos estudar os brasileiros naturalizados, o naturalizado
é o que tem uma nacionalidade secundária, não é originária, não é pelo nascimento, essa
nacionalidade ele adquire por um ato de vontade, isso serve tanto para um brasileiro que
deseja se naturalizar brasileiro, quanto para a pessoa apátrida, pessoa que não tem pátria, que
pode, preenchendo os requisitos legais, se tornar brasileiro naturalizado. Nós vamos estudar
que muito mais importante do que saber de onde essa pessoa é ou filho de quem ela é, o
mais importante é que ela manifeste a vontade de se naturalizar. Obviamente, ela tem que
preencher os requisitos legais, mas ela tem que exteriorizar a vontade dela, porque na prova
eles podem colocar assim: “vem um japonês para o Brasil e ele preenche todos os requisitos
para se naturalizar brasileiro” é certo que ele vai se naturalizar? Não, primeiro porque ele tem
que manifestar a vontade, a gente pode viajar para qualquer lugar do mundo, preencher todos
os requisitos, mas obviamente vai depender da nossa vontade. E segundo, vamos estudar que
a naturalização é um ato discricionário, o poder executivo poderá conceder ou não, não tem
um caráter obrigatório, nós temos uma exceção, mas isso vamos estudar então na sequência
da nossa aula.
(...)
Critérios de atribuição da nacionalidade brasileira primária:
1. Critério sanguíneo ou “ius sanquinis”: por este critério, será brasileiro nato toda pessoa
nascida de pais brasileiros, independentemente do local de nascimento.
2. Critério territorial ou “ius soli”: por este critério, será brasileiro nato toda pessoa nascida em
território brasileiro, independentemente da nacionalidade de seus pais.
3. Critério misto: é a união do critério sanguíneo com o critério territorial.
Mas sempre é importante lembrar vocês de que não existe critério misto propriamente dito,
a única função do critério misto é dizer que o Brasil adota as duas modalidades. Como falei
para vocês, sempre que tivermos os dois critérios numa mesma pessoa, ela será brasileira nata
pela questão territorial, porque aqui no Brasil o critério territorial é mais forte que o critério
sanguíneo, é a regra.
Visto isso, vamos começar a estudar a partir de agora todas as hipóteses que temos de
brasileiros natos, que são três que vou comentar com vocês, e aí na sequência da nossa aula
a gente estuda os brasileiros naturalizados. Então pessoal, na primeira parte do material eu
coloquei um conceito de nacionalidade.

www.acasadoconcurseiro.com.br 5
Então qual é vantagem de a pessoa ter a nacionalidade? Claro que é extremamente vantajoso,
não é bom uma pessoa não ter uma pátria, ser um apátrida, como a gente vai comentar, a
vantagem é que tu tem a proteção do estado em que estás, e ao mesmo tempo, a desvantagem
seria uma série de deveres que a pessoa deve cumprir.
(...)
Na sequência a gente estuda então os naturalizados, que é toda pessoa que tem uma
nacionalidade secundária, adquirida, ela não é de origem, ela não ocorreu com o nascimento
dela, e essa naturalização sempre vai se manifestar através de uma vontade da pessoa, e essa
vontade ela mostra através de requerimento.

6 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Agora vamos estudar todas as hipóteses de brasileiros natos, então o artigo 12, I, a diz assim:
Art. 12. São brasileiros:
I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;
Se esta dizendo que a criança nasceu na República Federativa do Brasil, que ela nasceu em
território nacional, qual foi o critério adotado na alínea a? Ius soli, então temos aqui a primeira
hipótese de brasileiros natos, que é pelo critério territorial.
Então vou fazer algumas perguntas para vocês e a gente vai aplicar isso aqui que está na
nossa lei. Primeira pergunta: nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de americanos que
estavam a passeio, qual é a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Brasileira nata porque a
Constituição diz que para a criança ser estrangeira, os pais devem estar a serviço do seu país,
sempre que os pais não estiverem a serviço de seu país, estiverem aqui no Brasil a passeio, essa
criança, para o brasil, é brasileira nata.
Segunda questão: nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de americanos, cujos pais
estavam a serviço do EUA, qual é a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Estrangeira. Mas
e se a prova dissesse assim: “nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de americanos,
cujos pais estavam a serviço da Alemanha, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil?”
Brasileira nata, porque a Constituição diz que eles devem estar a serviço do seu país, sempre
que estiverem a serviço de outro país que não é o seu, essa criança é, para o Brasil, brasileira
nata.
Então de novo: nasce uma criança no Brasil filha de um casal de chineses que estavam a
passeio, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Brasileira nata. Nasce uma criança
no Brasil filha de um casal de chineses, cujos pais estavam a serviço da China, o que a criança é
para o Brasil? Estrangeira. Nasce uma criança no Brasil filha de um casal de chineses cujos pais
estavam a serviço da França, o que a criança é? Brasileira nata, porque os pais não estavam a
serviço do seu país.
Agora algumas questões que eu queria comentar com vocês. Primeira questão, quando a gente
lê a nossa Constituição, ficamos com a impressão de que os dois pais que são estrangeiros,
que os dois devem estar a serviço de seus países, porque a Constituição diz “desde que estes
não estejam a serviço de seu país” então temos essa impressão. Não é necessário, e é muito
importante comentar isso com vocês porque eles perguntam assim na prova: “nasce uma
criança no Brasil, filha de um casal de americanos, cujo pai é um embaixador a serviço dos
EUA” aí o candidato fica em dúvida porque ele pensa “eu lembro que era ‘desde que estes”,
não é obrigatório que os dois estejam, os dois precisam ser estrangeiros, mas basta que um só
esteja a serviço do seu país, porque a interpretação que se faz é que quando está a serviço, é
um serviço diplomático, é um serviço consular, é um serviço público do outro país e a pessoa
acompanhante, a esposa ou marido, mesmo que nada mais faça do que apenas acompanhá-
lo, a gente entende que há uma extensão daquela função, então o marido é o embaixador, a
esposa seria a embaixatriz, é como se a pessoa levasse uma extensão da função, por isso que
não é obrigatório que os dois estejam a serviço do seu país.
(...)

www.acasadoconcurseiro.com.br 7
Outra questão que eu queria comentar com vocês, o que a gente considera território nacional.
Território nacional não é apenas as terras que são delimitadas pelas fronteiras, território
nacional é um conceito que vai muito além disso, território nacional é todo local em que o
país exerce a sua soberania, então são os rios, os lagos, os mares, o espaço aéreo, é todo
local em que o país exerce a sua soberania; os navios brasileiros, as aeronaves brasileiras são
extensões do nosso território. É muito difícil aparecer, eu já dou essa matéria há 20 anos, então
é muito tempo mesmo, e essa matéria, de todas as oportunidades que eu já vi em concurso
público, e que são muitas, raramente eles colocam questões envolvendo navios ou aeronaves,
então quando aparece uma questão envolvendo navio, eles poderiam colocar assim: “nasce
uma criança a bordo de um navio brasileiro, bandeira brasileira, e esse navio está em águas
internacionais, o casal que está dentro do navio é um casal de americanos a passeio, o que
que interessa? O casal é americano, está a passeio, mas está dentro de um navio brasileiro, o
que interessa é o navio, o navio é uma extensão do nosso território, então se a criança nasceu
dentro do navio, ela é considerada brasileira nata. Mas isso é muito raro de aparecer, eu
comento mais por descargo de consciência.
Seguindo adiante então, vamos dar uma olhada agora no artigo 12, I, b.

Art. 12. São brasileiros:


I – natos:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
Então, na alínea b, a criança nasceu no estrangeiro, mas ela é filha de pai brasileiro ou mãe
brasileira, ou até os dois brasileiros. A pergunta é: qual foi o critério adotado na alínea b? Ius
sanguinis, porque a criança nasceu no estrangeiro, então critério territorial não tem como ser,
então aqui é o critério sanguíneo. E aí pessoal, vocês vão observar que como eu disse para
vocês no início da aula, sempre que o Brasil adota o critério sanguíneo, acaba exigindo um
algo a mais, então a questão é a seguinte: nasce uma criança nos EUA, filho de pai brasileiro e
mãe americana, pai brasileiro a serviço da República Federativa do Brasil, qual a nacionalidade

8 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

dessa criança para o Brasil? Brasileira nata, por quê? Primeiro que não precisam os dois ser
brasileiros, basta que um só seja brasileiro, e esse que é brasileiro, obrigatoriamente tem que
estar a serviço do nosso país, esse é o algo a mais, quando a criança nasce no exterior, filha
de pais brasileiros, para ser brasileira nata, o pai ou a mãe brasileiro deve estar a serviço do
nosso país. Agora a pergunta é: que tipo de serviço é considerado serviço do nosso país? Não
é qualquer tipo de serviço, nós temos três tipos de serviços que são considerados próprios
do nosso país, estar a serviço do nosso país: serviço público de qualquer natureza, da União,
estado, município, não importa, serviço diplomático, que são os embaixadores brasileiros, e
também o serviço consular. Isso é importante porque, como a gente sabe, tem muito brasileiro,
por conta da crise econômica que nossos país enfrenta, tem muito brasileiro indo morar
no exterior e vai trabalhar lá fora, enfim, tentando buscar uma vida melhor, essas pessoas
obviamente não estão a serviço do nosso país, então são apenas esses 3 serviços que eu disse.
Quando o nosso país manda uma tropa de militares brasileiros, que é bastante comum, para
outro país naquelas missões de pacificação social, esse militar está a serviço do nosso país,
então, por exemplo, se vai um militar brasileiro para o Haiti, se envolve lá com uma haitiana,
e essa haitiana fica grávida, para o Brasil, essa criança é brasileira nata e aí pode ter dupla
nacionalidade dependendo do critério que é adotado pelo Haiti.
Bom, visto isso aqui então, como eu coloquei ali, não precisa os dois ser brasileiros, basta que
um só seja brasileiro e também é importante dizer, esse que é brasileiro tanto faz se ele é nato
ou naturalizado, porque ele é brasileiro e ele tem que estar a serviço do nosso país.
Bom, visto isso, nós vamos ver agora a terceira possibilidade de brasileiros natos.

O artigo 12, I, c diz o seguinte:


Art. 12. São brasileiros:
I – natos:
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira

www.acasadoconcurseiro.com.br 9
Então o que importa aqui? A criança nasceu no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira,
então a primeira pergunta é: qual foi o critério adotado na alínea c, ius sanguini ou ius soli?
Ius sanguinis, porque ela nasceu no estrangeiro, então não tem como ser o critério territorial,
mas ela é filha de pais brasileiros, portanto aqui temos o nosso critério sanguíneo. Agora
preciso conversar um pouco melhor a respeito dessa alínea c, o que nós precisamos pensar,
imaginem vocês a seguinte situação: nasce uma criança nos EUA, filho de pais brasileiros
que estavam a passeio, e a prova não diz absolutamente mais nada para vocês, o que essa
criança é para o Brasil? Estrangeira, porque para ser brasileira nata, obrigatoriamente o pai
brasileiro ou a mãe brasileira deveriam estar a serviço da República Federativa do Brasil, então
se não está a serviço, essa criança é estrangeira. Mas a pergunta é: existe possibilidade dela se
tornar um brasileiro nato? Existe, desde que os pais levem essa criança lá exterior a registro,
numa embaixada brasileira ou no consulado brasileiro situado no exterior, se essa criança for
registrada na Embaixada ou no Consulado, não precisa fazer mais nada, automaticamente ela
será considerada brasileira nata. Só que acontece que tem uma situação: podem esses pais,
através de um exemplo que vou citar para vocês, podem esses pais não terem interesse em
registrar o filho na embaixada ou no consulado, porque eles não querem, naquele momento,
que o filho se torne brasileiro nato, vou dar um exemplo para vocês: nasceu uma criança lá nos
EUA, filho de pais brasileiros que não estavam a serviço do nosso país, essa criança para o Brasil
é estrangeria e para se tornar brasileira nata é só os pais registrarem na embaixada brasileira ou
no consulado brasileiro situado lá nos EUA, só que os EUA adotam o critério territorial, e essa
criança, para os EUA, é americana, e os pais pensam assim: “não vamos registrar em embaixada
nem consulado, o nosso filho nasceu aqui, ele é americano, por que a gente vai arriscar de
registrar em embaixada ou consulado e ele ainda perder a nacionalidade americana” porque
cada país tem sua própria regra, então os pais não registraram, porque o filho já é americano,
aí tudo bem, passaram-se 10 anos, os pais voltaram com o filho a morar no Brasil, agora eles
desejam que o filho se torne um brasileiro nato, porque eles estão morando aqui, a pergunta
é: essa criança ainda pode se tornar um brasileiro nato? Pode, a nossa Constituição diz, basta
que a criança, na verdade não precisa nem ser criança, basta vim morar aqui com qualquer
idade, basta que a pessoa venha morar no Brasil, ela tem que fixar residência no Brasil e após a
maioridade ela deve fazer uma opção pela nacionalidade brasileira, então vocês podem pensar
assim: “então quer dizer que até 18 anos ela vai ser estrangeira?” Porque ela só pode fazer
opção a partir dos 18. Na verdade não, quando essa criança vem morar no Brasil, ela adquire
aqui, ela vai ser registrada aqui também e ela adquire no Brasil uma nacionalidade provisória;
provisoriamente, como ela não pode optar, porque ela é menor, o Brasil concede a ela uma
nacionalidade provisória, a partir dos 18 anos ela vai ter que procurara a Justiça Federal e vai
ter que dizer que deseja se tornar um brasileiro nato. Então o que é importante? Na alínea c,
nós temos duas opções: ou a criança é registrada na embaixada ou consulado brasileiro e não
precisa fazer mais nada, já é brasileira nata, não precisa fazer mais nada, é como se tivesse
sido registrada num cartório do Brasil lá no exterior, pronto, é brasileira nata; se ela não for
registrada, ela tem que vir morar no Brasil, fixar residência aqui, e após a maioridade, ela faz
uma opção pela nacionalidade brasileira.
Então a pergunta que eu faço a vocês é: tem prazo para vir morar no Brasil? Não tem, pode
ser com 10, 20, 30, 50 anos, uma pessoa que é filho de brasileiros e nasceu no exterior pode
vir com 60 anos para o Brasil e ainda pode se tornar um brasileiro nato, não tem idade para
vir morar no Brasil, só que a opção pela nacionalidade só pode ser feita após a maioridade e aí
após a maioridade é a qualquer tempo. Só que é óbvio, enquanto não fizer a opção, não será
brasileiro nato, porque a partir dos 18 aquela nacionalidade provisória fica suspensa, até os 18

10 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

o Brasil concede, a partir dos 18, a própria pessoa tem que procurar a Justiça Federal e fazer
essa opção.
Então terminando essa parte dos brasileiros natos e aí a gente vai estudar os brasileiros
naturalizados, então eu vou faze algumas perguntas para vocês para ver se ficou claro essa
primeira pare da nossa matéria. Nasce uma criança no Brasil, filha de um casal de Chilenos
que estavam a passeio, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Brasileira nata. Nasce
uma criança no Brasil, filha de um casal de Chilenos, cujos pais estavam a serviço da Alemanha,
qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Brasileira nata, porque os pais não estavam a
serviço do seu país, sempre que estiverem a serviço de outro país que não é o seu, essa criança
é brasileira nata. Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de chilenos, cujos pais estavam
a serviço do Chile, qual a nacionalidade da criança para o Brasil? Estrangeira. Nasce uma
criança na Alemanha, filho de pai alemão e mãe brasileira a serviço da República Federativa
do Brasil, o que essa criança é? Brasileira nata. Nasce uma criança na Alemanha, filho de pais
brasileiros que estavam a passeio, qual a nacionalidade da criança para o Brasil? Estrangeira.
Existe possibilidade dessa criança se tornar um brasileiro nato? Sim, desde que seja registrada
na embaixada brasileira ou consulado brasileiro situado no exterior, se ela não for registrada
em nenhum desses locais, ainda pode se tornar um brasileiro nato? Sim, desde que ela venha
morar no Brasil e que após a maioridade faça a devida opção. Tem prazo para vir morar no
Brasil? Não, é a qualquer tempo. Tem prazo para fazer a opção? Não tem, mas a opção só pode
ser feita após a maioridade e após a maioridade a qualquer tempo.
Visto isso aqui, terminamos a primeira parte dos brasileiros natos e vamos estudar agora os
chamados brasileiros naturalizados. (Pergunta de aluno) Isso que tu tem anotado é porque eu
sempre comento em sala de aula que nós tivemos em 2007 uma Emenda Constitucional que
alterou a alínea c, até 2007, quem nascesse no exterior filho de pais brasileiros, para se tornar
brasileiro nato, tinha que vir morar no Brasil, não tinha a opção do registro na embaixada
ou no consulado, isso alterou com a Emenda Constitucional nº 54, porque o que acontece,
a gente sabe que temos uma grande quantidade de brasileiros que moram no exterior, uma
quantidade imensa, aí essas pessoas não estavam, por exemplo, a serviço do Brasil, olhem o
problema que isso acarretava, e a criança nascia, por exemplo, no Japão, o casal é brasileiro,
foram morar no Japão e tiveram um filho no Japão, qual é o problema, o Japão adota apenas o
critério sanguíneo, então o que a criança era para o Japão? Estrangeira. O brasil, até 2007 dizia:
para ser brasileiro nato tem que vir morar no Brasil, então enquanto a criança não viesse residir
no Brasil, o que ela era para o brasil? Estrangeira, então o que essa criança era? Apátrida, não
tinha nacionalidade nem do país em que nasceu nem do país de origem dos pais, então ela era
o que a gente chama de apátrida, heimatlos ou apólidos, pessoa que não tem pátria.
Aí o que aconteceu, essa comunidade de brasileiros que mora no exterior começou uma
campanha muito forte na época dizendo que era um absurdo a nossa Constituição não ter
uma forma de regularizar a situação dessas crianças que nasciam fora do Brasil, a campanha
recebeu o nome de “brasileirinhos sem pátria” e aí a nossa Constituição foi alterada e a partir
de 2007 surgiu a possibilidade do registro na embaixada ou no consulado brasileiros situado
lá, então é muito difícil uma criança que nasce de pais brasileiros não ter mais nacionalidade,
porque basta os pais pegarem a criança e levarem a registro na embaixada ou no consulado e
não precisa fazer mais nada. (...)

www.acasadoconcurseiro.com.br 11
Vamos ver a partir de agora os brasileiros naturalizados.

Os brasileiros naturalizados são todas aquelas pessoas que tem uma nacionalidade secundária,
adquirida, não é uma nacionalidade originária, ela se adquire por vontade da própria pessoa
mediante o cumprimento de alguns requisitos legais.
Nós temos duas formas de naturalização: a chamada naturalização ordinária, aquela normal,
aquela via comum, que todos os estrangeiros naturalmente passam para se naturalizar no
nosso país; e temos outra via que é chamada extraordinária, porque ela é fora do comum, não
é para todo e qualquer estrangeiro que recém chegou no Brasil, ela exige uns requisitos um
pouco mais criteriosos.

12 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Coloquei aqui no quadro duas formas de naturalização, sendo que essa primeira modalidade já
está revogada, só coloco aqui porque se ela aparecer na prova para vocês, vocês devem saber
que deve riscar, porque eles colocam para confundir. Vou explicar, a naturalização tácita, que
já está revogada, estava prevista no art. 69, § 4º da Constituição de 1891 e essa naturalização,
a gente tem que lembrar que ela reflete um momento histórico do nosso país aonde o nosso
país tinha o maior interesse em que os estrangeiros que aqui estivessem se naturalizassem
brasileiros, porque era uma época de colonização, então aqui tinham muitos italianos,
japoneses, alemães e o Brasil desejava que essas pessoas se tornassem brasileiras, então a
Constituição da época tinha uma disposição que eu acho muito curiosa, ela dizia assim: “todos
os estrangeiros que estiverem no Brasil na data da promulgação desta Constituição tem o prazo
de 6 meses para manifestar o desejo de permanecer com sua nacionalidade de origem”, então
olha só, a Constituição da época dizia o contrário do que temos hoje, se a pessoa não dissesse
nada, automaticamente ela se naturalizava brasileira, não precisava nem requerimento, era só
ela ficar quieta, por isso que a gente chamava ela de naturalização tácita, porque o silêncio da
pessoa a tornava um brasileiro.
Isso acabou sendo revogado um tempo depois e hoje, após muitos anos, temos apenas
a chamada naturalização expressa, que é aquela que vai depender de um requerimento da
pessoa, ela sempre depende de um ato de vontade. A naturalização expressa, com a gente
vai observar é divida em duas modalizes, a via ordinária que todo estrangeiro passa para se
naturalizar e a extraordinária que é fora do comum.
Vamos dar uma olhada no artigo 12, II, a:
Art. 12. São brasileiros:
II – naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Então essa alínea a, primeira informação importante é que aqui trata-se da naturalização
ordinária, que é aquela comum, aquela normal, aquela que qualquer estrangeiro passa como
um procedimento normal para se naturalizar aqui no Brasil. Essa alínea a precisa ser dividida
em dois aspectos, primeiro é importante dizer para vocês que o nosso legislador quis dar
um benefício a todas as pessoas que são de origem portuguesa e a gente sabe que não é só
português de Portugal, nós temos vários países que são de origem portuguesa como é o caso
de Angola, Moçambique, Timor leste, Cabo Verde, Guiné Bissau, Porto Príncipe, todos esses
países são de origem portuguesa, então nosso legislador quis dar um benefício por conta da
proximidade da língua e eles vão perguntar para vocês no concurso “quais são os requisitos
para os originários de países de língua portuguesa se naturalizarem brasileiros” o que diz a
nossa lei: residência por um ano ininterrupto e tem que provar que tem idoneidade moral.
Idoneidade moral é a pessoa não estar foragida aqui no Brasil, correndo contra ela pedido de
extradição, ou uma pessoa que esteja aqui de forma ilegal, não tem visto para poder estar
aqui em território brasileiro, então é aquele conceito de uma pessoa que não tem nada que
desabone a sua conduta, uma pessoa idônea. Então isso é importante, todas as pessoas que
são de origem portuguesa, os requisitos para se naturalizar são bem simplificados, só tem que
provar que tem residência por um ano ininterrupto no Brasil e que preenche o requisito da
idoneidade moral.

www.acasadoconcurseiro.com.br 13
Agora a pergunta é, e quem não é de origem portuguesa, pode se naturalizar pela via ordinária?
Pode, só que daí os requisitos estão na forma da lei e essa lei antigamente era o chamado
Estatuto do Estrangeiro, mas ele acabou sendo revogado, de pois vou comentar o porquê, hoje
a lei que tem todos os requisitos para se naturalizar brasileiro para quem não é de origem
portuguesa é o Estatuto do Imigrante. Por que foi revogado o estatuto do estrangeiro? O
estatuto do estrangeiro é uma lei que era da época da ditadura, bem antiga, e essa lei era
muito rigorosa nos requisitos da concessão da naturalização, era uma lei que tinha por objetivo
não conceder a naturalização, então ela era bem criteriosa só que a gente sabe que o nosso
país é muito extenso e que as fronteiras não têm o devido cuidado como deveria ter, então
nós recebemos muitas pessoas da Bolívia, da Venezuela, desses países que fazem fronteiras
com nosso país e nem sempre essas pessoas estão aqui de uma forma legalizada, então o que
resolveram fazer? Melhorar essa lei, revogaram o estatuto do estrangeiro, criaram o estatuto
do imigrante e facilitaram a concessão das naturalizações. Se a gente não tem como proteger
a fronteira de forma correta, pior é a gente receber um monte de estrangeiros que ficam aqui
no Brasil em uma situação legalizada, isso por um lado é bom, por outro lado é um pouco
problemático porque a gente está acompanhando todo o problema que está acontecendo na
região norte do nosso país por conta da entrada em massa dos venezuelanos aqui no nosso
território por conta da crise.
Então é importante dizer que essa alínea a tem que ser dividida em duas partes, a nossa alínea
a tem que ser lida assim: são brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a
nacionalidade brasileira. Exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Então nós temos dois critérios aqui,
para quem não é de origem portuguesa, onde estão os requisitos? Na forma da lei. Para todas
as pessoas que são de origem portuguesa, os requisitos estão na Constituição: residência por
um ano ininterrupto e idoneidade moral.
Também importante comentar com vocês que sempre, embora, por exemplo, quem é de
origem portuguesa, os requisitos sejam mais facilitados, que é só morar aqui no Brasil por
um ano e provar que tem idoneidade moral, isso não afasta a obrigatoriedade de a pessoa
fazer requerimento. Ela vai fazer requerimento ao Ministério da Justiça e a concessão não é
obrigatória, se o nosso poder executivo entender que não estamos em um momento adequado
para conceder naturalizações, pode não conceder.
Mas nós temos uma exceção, que vamos estudar na sequência.

14 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Art. 12. São brasileiros:


II – naturalizados:
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil
há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.
Essa naturalização é chamada extraordinária porque é apenas para o estrangeiro que prova
que já está no Brasil a mais de 15 anos, então a pessoa está aqui há um tempão, ela deseja
muito se naturalizar, então ela vai pedir, desde que ela tenha mais de 15 anos de residência
no Brasil e ela não pode ter qualquer condenação penal nesse período. Então aqui eu coloco
um exemplo para ficar mais claro: um português de Portugal vem para o Brasil e deseja se
naturalizar brasileiro pela via ordinária, quais são os requisitos para esse português? Residência
por um ano ininterrupto no Brasil e ele tem que provar idoneidade moral e tem que fazer
o requerimento. É certo que ele vai conseguir? Não, e ele não conseguiu, mas ele tem um
visto, ele pode morar aqui no Brasil de uma forma legal, aí ele ficou morando por 15 anos, não
fez nada de errado naquele período, não tem qualquer condenação penal e ele fez o pedido
para se naturalizar, por que essa via é chamada extraordinária? Porque nesse caso aqui, a
concessão é obrigatória, porque seria muito antipático por parte do nosso país o estrangeiros
ficar morando aqui por 15 anos, fez o pedido, e ele leva uma recusa de novo, então por isso
que ela é chamada extraordinária.
Vamos estudar agora o artigo 12, § 1º que é bem importante porque na matéria direitos
políticos, que é a sequência da nossa aula, a gente vai tratar dos portugueses equiparados
novamente.

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de


brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.

www.acasadoconcurseiro.com.br 15
Primeira questão importante, o que vou explicar só serve para português de Portugal e
segunda coisa, o Português tem no Brasil 3 opções: ele pode tentar se naturalizar brasileiro
pela via ordinária, e aí vocês já disseram que ele só tem que preencher residência por um ano
ininterrupto e ele tem que provar idoneidade moral, mas a gente sabe que não é certo que ele
vai conseguir se naturalizar. A segunda opção para o português é tentar se naturalizar brasileiro
pela via extraordinária, mas aí ele vai ter que provar que mora aqui há 15 anos e que não teve no
período qualquer condenação penal. Mas ele leu a nossa Constituição e descobriu que tem uma
terceira possibilidade: Brasil tem um acordo com Portugal, que recebe o nome de Tratado da
Amizade ou Tratado da Reciprocidade. De acordo com esse tratado, todos os direitos que Brasil
der aos portugueses que aqui estão, Portugal deve conceder aos Brasileiros que estão lá, então
é na base da amizade e entre estes direitos está o de adquirir uma equiparação, significa dizer,
o português pode ter todos os direitos de um brasileiro naturalizado, sem perder a condição
de português, ai professora, como assim? A nossa lei diz que para o português conseguir uma
equiparação ele só precisa provar duas coisas: que ele tem residência permanente no Brasil,
então ele tem um visto de permanência que não dá a ele o direito de ficar 5 ou 10 anos, dá
o direito de ele ficar a vida inteira. Se ele tiver no Brasil um visto de permanência e se esse
acordo entre Brasil e Portugal ainda estiver em vigor, ele pode conseguir uma equiparação,
significa dizer, ele continua português, mas ele ganha uma carteira, como se fosse uma carteira
de identidade, de equiparado, significa dizer, ele é português mas ele se torna equiparado ao
brasileiro naturalizado, ele tem todos os direitos do naturalizado, inclusive o direito de votar e
o direito de ser votado.
Então está escrito assim no § 1º:
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor
de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
Mas essa equiparação que ele tem não é a todo e qualquer brasileiro, ele não se equipara ao
brasileiro nato, porque se ele fosse equiparado ao brasileiro nato, ele poderia, por exemplo,
concorrer a Presidente do país, sendo um estrangeiro, isso é completamente proibido, ele se
equipara, mas se equipara aos brasileiros naturalizados.
Até eu vi uma notícia, faz um mês, mas eu acabei esquecendo de olhar ela novamente, são
muitos os brasileiros que estão indo embora para Portugal, é muita gente mesmo, só de pessoas
que eu conheço são 3 casais (...) porque a gente sabe que o Brasil está com uma crise, uma
situação que a gente fica um pouco inseguro, então quem não tem nada a perder vai embora
para outro país e tem pessoas que é o caso de um casal que conheço, que são pessoas muito
ricas e aí eles podem morar em qualquer lugar do mundo (...) e aí o que acontece, Portugal está
recebendo muito mais brasileiros do que o Brasil está recebendo portugueses, isso é óbvio, aí eu
escutei no rádio que Portugal não estava mais concedendo os vistos aos brasileiros, que tinha
fechado essa possibilidade, ainda que fosse de forma temporária. Aí eu acabei esquecendo de
ver que fim a notícia deu, porque é óbvio que se Portugal começar a não conceder vistos, a gente
vai ter um atrito diplomático entre Brasil e Portugal, tendo em vista que nós temos um acordo
internacional dizendo dessa reciprocidade, então Portugal obviamente está um pouco assustado
com a quantidade de brasileiros que estão indo para lá e suspendeu temporariamente os
vistos. Eu acredito que essa situação já tenha regularizado, porque senão a gente estaria vendo
mais notícias (...) mas a ideia é essa, brasileiro que vai para Portugal pode ter direitos de um
português naturalizado e esse português que vem para o Brasil pode ter direitos de um brasileiro
naturalizado porque é um tratado que esses dois países têm.

16 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Para terminar, é importante que vocês saibam, de acordo com nosso § 2º, nenhuma lei pode
estabelecer diferenças entre brasileiros natos e naturalizados, todas as diferenças que nós
temos, que na verdade são apenas 4, estão previstas na Constituição. Então é importante
dizer, não pode uma lei ordinária, não pode uma medida provisória, não pode uma lei
complementar, lei delegada, não pode nenhum tipo de lei pode estabelecer diferenças entre
natos e naturalizados.

Quais são as diferenças que nós temos? A primeira diferença que a gente vai ver é a diferença
no que tange aos cargos, essa é disparado a mais perguntada em concursos públicos, esse artigo
12, §3º vocês precisam saber de cor, é o que mais cai, eles adoram perguntar em concurso quais
são os cargos privativos de brasileiros natos, então vamos estudar que determinados cargos,
pela importância que têm, por exemplo, Presidente, Vice-Presidente da República, eles são
obrigatoriamente exclusivos de brasileiros natos porque se um brasileiro naturalizado pudesse
ser Presidente da República, ele poderia usar o cargo para favorecer interesses do país de
origem dele, então é proibido, tem que ser brasileiro nato. Tem vários cargos, tanto Presidente
quanto Vice-presidente e todas as pessoas que podem substituir o Presidente numa situação
de impedimento, todos eles são exclusivos de brasileiros natos. Depois nós vamos estudar a
segunda diferença, que é o Conselho da República, que está lá no artigo 89. Esse conselho é o
conselho no qual o Presidente da República se reúne sempre que o Brasil estiver passando por
uma situação grave (...).
A terceira diferença que nós vamos estudar é a chamada extradição, vamos ver que brasileiros
natos não podem ser extraditados e que o naturalizado pode, mas vamos ver em quais
situações. E a quarta e última diferença é de um artigo que dificilmente cai em concurso
público, eu comento mais por descargo de consciência, mas normalmente os editais não pedem
o artigo 222, esse artigo trata da propriedade dos meios de comunicação, aí vamos estudar
que brasileiros natos podem ser proprietários imediatamente de um meio de comunicação,
enquanto que o naturalizado tem que ter no mínimo 10 anos de naturalização.

www.acasadoconcurseiro.com.br 17
Comentei com vocês que nós veríamos agora as diferenças entre brasileiros natos a
naturalizados, então a primeira diferença que vamos estudar é aquela que está no artigo 12, §
4º da CF, que trata dos cargos que são privativos de brasileiros natos.

As figuras dos políticos estão desatualizadas.


Então o que vamos ver a partir de agora? Como comentei com vocês, determinados cargos,
pela importância que têm, são reservados exclusivamente aos brasileiros natos, porque o
nosso legislador tem medo que se o naturalizado pudesse assumir o cargo de Presidente, Vice-
presidente da República, poderia acabar usando o cargo para representar o interesse do país
de origem dele, por isso que o Presidente, Vice-presidente como todas as pessoas que podem
substituir o Presidente numa situação de impedimento, todos eles são brasileiros natos.
Então temos aqui até o inciso IV é o que gente chama de linha sucessória, que são todas as
pessoas que podem substituir o Presidente numa situação de impedimento. Então a nossa Lei
diz ali: será brasileiro nato o Presidente porque a gente sabe que o Presidente é a figura que
representa o nosso país, mas a gente sabe que no caso de impedimento do Presidente quem é
que vai assumir? O Vice-Presidente da República, que obrigatoriamente tem que ser brasileiro
nato. Se o Presidente e o Vice-Presidente da República por alguma razão se tornam impedidos,
quem é que vai assumir? O Presidente da Câmara dos Deputados, que obrigatoriamente
tem que ser brasileiro nato. Se o Presidente, o Vice-presidente da República e o Presidente
da Câmara dos Deputados não podem assumir, quem vai assumir é o Presidente do Senado
Federal, isso não é possível de acontecer aqui no Brasil, o Presidente do Senado Federal vai
assumir e ele precisa ser brasileiro nato e se nenhum deles puder assumir, nem o Presidente,
o Vice-Presidente, o Presidente da Câmara dos Deputados e o Presidente do Senado Federal,
quem vai assumir é o Presidente do STF, que obrigatoriamente tem que ser brasileiro nato,
mas a nossa Constituição fala nos Ministros do STF, todos os Ministros do STF podem ser
presidentes do STF, e todos eles, obrigatoriamente são brasileiros natos.

18 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Depois nós temos carreira diplomática, que são os embaixadores brasileiros, todos eles
obrigatoriamente são brasileiros natos porque eles representam o Brasil no exterior, então
uma das funções que o diplomata tem é celebrar acordos, fechar acordos, tratados, se ele
pudesse ser um naturalizado, ele poderia celebrar um acordo beneficiando o país de origem
dele, então por isso que diplomata brasileiro tem que ser brasileiro nato.
E depois temos aqui Oficiais das forças armadas e Ministro do Estado da Defesa, aqui, a questão
de ser brasileiro nato é de segurança nacional. A grande preocupação do nosso legislador é que
o Brasil pudesse sofrer uma guerra e a pessoa, por ser naturalizada, poderia acabar fugindo
para seu país de origem, então a ideia do nosso legislador é que tenhamos na organização do
nosso país Oficiais das forças armadas e o próprio Ministro da Defesa que sejam brasileiros
natos, que estejam dispostos a morrer pela pátria.
A gente precisa aqui tomar o cuidado porque todos os cargos que não estão previstos no
artigo 12, § 3º é porque o naturalizado tem acesso, então se eles perguntassem na prova:
“um vereador pode ser brasileiro naturalizado?” Pode. Um prefeito pode ser brasileiro
naturalizado? Pode, não tem problema. Um Governador pode ser brasileiro naturalizado?
Pode. Um Deputado Federal, pode? Pode, ele só não pode concorrer à Presidência da Câmara.
Um senador pode ser um naturalizado? Pode, mas ele não vai poder concorrer à presidência do
Senado. Então são esses detalhes que você deve cuidar e eu sempre comento em aula porque
esse é o ponto que eles mais perguntam em concurso na matéria nacionalidade. O que a gente
precisa observar, que eles gostam de colocar nomes de casos pomposos que é justamente
para o aluno ficar em dúvida, então eles vão colocar lá na prova para vocês: Advogado Geral
da União, aí o aluno olha e pensa “Advogado geral da União, bah, não é qualquer advogado”
ele está aqui como se ele fosse um brasileiro nato? Claro que não, então Advogado Geral da
União, Procurador Geral da República, Ministro da Justiça, Ministro do STJ, todos eles podem
ser naturalizados, porque os cargos que não estão no artigo 12, §3º é porque o naturalizado
tem acesso.
Isso vocês têm que decorar, e tem uma informação que eu quero que vocês anotem no
caderno de vocês, que aí quando sair o edital a gente vai ver o que tem lá no edital e essa
informação ela pode ser bem importante, coloquem assim: vide artigo 119, parágrafo único
da Constituição, Presidente e Vice Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, então esse artigo
119, parágrafo único diz que Presidente e Vice Presidente do Tribunal Superior Eleitoral são
ministros do STF então eles só podem ser brasileiros natos, mas o que a gente tem que cuidar:
eles não são brasileiros natos em virtude do cargo, eles são brasileiros natos em virtude de
quem ocupa a função, porque o que o artigo 12, § 3º está nos dizendo? Todas as pessoas que
em virtude do cargo precisam ser brasileiras natas, porque são cargos que ou é o Presidente ou
é quem substitui o Presidente ou pessoas que têm a incumbência da segurança nacional, então
são brasileiros natos. No caso do TSE, não é pelo cargo de Presidente do TSE, mas é por quem
ocupa, como a pessoa que ocupa é ministro do STF, obrigatoriamente ele vai ser brasileiro
nato.
E tem mais uma coisa que eu queria que vocês anotassem: artigo 103-B, § 1º, esse artigo diz
que o presidente do CNJ é o presidente do STF e, portanto, ele só pode ser brasileiro nato
porque todos os Ministros do STF são brasileiros natos.
Visto isso aqui, nós vamos ver a partir de agora a segunda diferença que nós temos. A primeira
é no que tange aos cargos e a segunda diz respeito ao Conselho da República, que está lá no
artigo 89, VII da nossa Constituição.

www.acasadoconcurseiro.com.br 19
Como eu falei para vocês, o Conselho da República é um órgão de consulta do Presidente da
República que ele consultará todas as vezes que o Brasil estiver passando por uma situação
grave, então se nós temos uma necessidade de se decretar uma intervenção federal num
estado, isso vários estados já passaram por intervenção federal, como teve no Rio de Janeiro;
ou se nós temos a necessidade de se decretar um estado de defesa ou estado de sítio, que são
aquelas hipóteses em que o país passa por um estado de exceção, sempre o Presidente precisa
consultar o Conselho para ver qual é a melhor atitude a ser tomada. Imaginem que o Brasil está
sofrendo uma ameaça de agressão de um país estrangeiro, o Presidente tem que consultar
o Conselho para ver qual é a atitude que vai ser tomada, ou aquele exemplo que eu falei:
calamidades de grandes proporções, lá no Rio de Janeiro tivemos uma calamidade em virtude
das fortes chuvas, também é uma situação que pode levar o Presidente a chamar o conselho
para ver qual é a atitude que vai ser tomada.
Agora a pergunta é quem participa desse conselho, então vou ler para vocês o artigo 89 e
vamos ver quem é que participa desse conselho.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele
participam:
I – o Vice-Presidente da República; (obrigatoriamente brasileiro nato)
II – o Presidente da Câmara dos Deputados; (obrigatoriamente brasileiro nato)
III – o Presidente do Senado Federal; (obrigatoriamente brasileiro nato)
IV – os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; (tanto faz, podem ser natos
ou naturalizados)
V – os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; (tanto faz, podem ser natos ou
naturalizados)
VI – o Ministro da Justiça; (tanto faz, pode ser nato ou naturalizado, apenas o Ministro da Defesa
precisa ser brasileiro nato, os demais ministérios podem ser ocupados por naturalizados)
VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Então a pergunta que eu faço a vocês é: a gente pode afirmar categoricamente que o brasileiro
naturalizado não tem acesso ao Conselho da República? Não, ele tem acesso, mas o acesso
dele é menor, mais limitado, porque ele só pode participar como líder da maioria ou da minoria
da Câmara ou do Senado ou como Ministro da Justiça, todos os demais cargos são exclusivos
de brasileiros natos. Então ele tem participação, mas a participação dele, pela importância que
o Conselho tem, é uma participação mais limitada.
A terceira diferença que temos é no que tange à extradição, que está lá no artigo 5º, LI e LII, a
matéria extradição cai muito tanto na parte do artigo 5º da Constituição, quanto na parte da
matéria nacionalidade, então vou ler para vocês esses dispositivos:
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

20 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Então aqui temos bastante coisa para conversar. Em primeiro lugar, brasileiro nato não pode
ser extraditado, essa é uma regra geral, e o brasileiro nato não pode ser extraditado porque a
gente vai mandá-lo para onde? Então não existe extradição de brasileiro nato. Vou comentar
um detalhe com vocês que vocês vão ouvir e deletar, mas é só para que a informação seja
mais correta: quando a gente diz que não existe extradição de brasileiro nato, é no sentido
de mandar a pessoa para outro país, porque existe extradição de brasileiro nato no sentido
de trazer a pessoa de volta para o Brasil, então eu sempre cito como exemplo o caso de um
brasileiro que foi acusado aqui no Brasil de ter matado o enteado de três anos de idade com
uma dose fortíssima de glicose (...) e ele fugiu para a Espanha, e aí o Brasil descobriu que ele
estava na Espanha e negociou com as autoridades espanholas que conseguiram encontrar ele
lá, saiu toda a reportagem na televisão, ele foi atraído com a falsa proposta de emprego, e
conseguiram pegar ele na Espanha e a Espanha extraditou ele (...) a reportagem mostrou que
as autoridades brasileiras pediram extradição para as autoridades espanholas e que agora seria
enfim encaminhado para o Brasil, então nesse caso é uma extradição, mas é uma extradição no
sentido de mandar uma pessoa de volta para o brasil. Isso não tem problema, quando a gente
diz que não pode a extradição de brasileiro nato, é no sentido de mandar essa pessoa para fora,
como no concurso eles não dizem qual é o sentido, a gente vai sempre colocar que brasileiro
nato não pode ser extraditado. Aí diz a nossa lei que o naturalizado pode ser extraditado se ele
tiver cometido um crime comum antes da naturalização, aí não tem problema, porque como
ele cometeu o crime enquanto ainda era estrangeiro, ele pode ser extraditado.
Se ele cometer crime comum após a naturalização, ele não pode ser extraditado, aí ele fica aqui
no Brasil, não vou dizer que seja livre leve e solto, porque vai depender se o Brasil tem algum
tratado com o país onde ele teria cometido o crime, mas o que eu estou dizendo para vocês
é: se o naturalizado praticou crime comum após a naturalização, ele não é extraditado. Se ele
cometer tráfico de drogas antes da naturalização ou se ele cometer tráfico de drogas após a
naturalização, ele pode ser extraditado. Tráfico de drogas é o único crime que não depende do
momento em que a pessoa o cometeu, sempre pode extraditar o naturalizado.
(...)
Agora vamos ver o estrangeiro, e aí eu pergunto para vocês: o estrangeiro deve ser extraditado?
Ele deve, mas tem alguma exceção? Tem, a nossa lei diz que não será concedida extradição de
estrangeiro se ele tiver cometido crime político ou de opinião, isso está no artigo 5º, LII:
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
Então pessoal, o nosso país entende que quando um estrangeiro foge para cá, e tem um
exemplo dos mais conhecidos, se esse estrangeiro, se aqui no Brasil for entendido que o
crime que ele cometeu foi motivado por razões políticas, perseguição política ou motivado
por questões de opinião, lá no país dele, por exemplo, não tem liberdade de expressão e aí
ele fugiu para cá, o Brasil não extradita. Então nós temos um caso que ficou muito conhecido,
embora agora a criatura finalmente foi embora, que é o caso do Cesare Battisti, que cometeu o
crime de homicídio na Itália e fugiu para o Brasil, e a Itália pediu para o Brasil a sua extradição,
o STF é o órgão que tem a incumbência de todo o processo da extradição, e o STF deu OK,
pode extraditar. Na época, o presidente era o Lula, e a palavra final é sempre do Presidente
da República, e aí o Lula entendeu, no seu último dia de governo, que o crime que teria sido
cometido pelo Cesare Battisti teria sido cometido por perseguição política, e concedeu a ele
uma proteção, coisa que a Itália nunca aceitou, aí a gente teve um atrito diplomático bem forte
entre Brasil e Itália, porque uma coisa, como é que vou dizer para vocês, o problema é a questão

www.acasadoconcurseiro.com.br 21
da soberania, porque vocês imaginam, lá na Itália a criatura foi condenada, aí foge para um país
e o país diz “não não, não é crime, tem que ser protegido” então isso cria um atrito diplomático
entre os países, tanto é verdade que um brasileiro cometeu um crime aqui no Brasil e fugiu
para a Itália, o Brasil pediu a extradição e a Itália disse não, vocês não nos deram o Cesare
Battisti, vocês não vão ter os brasileiros de vocês. Aí o que acontece, quando mudou o governo,
aí saiu a Dilma e acabou entrando o Temer no lugar, o Temer sinalizou, porque a Itália, como
falei para vocês, nunca se conformou, e o Temer sinalizou que sim, que extraditaria no Cesare
Battisti, aí terminou o governo dele e entrou o Bolsonaro, e o Bolsonaro também sinalizou que
extraditaria, só que o Cesare Battisti, que já estava vendo essa movimentação, se mandou, se
não estou equivocada, para a Bolívia. A Itália descobriu que ele fugiu para a Bolívia e pediu
para a Bolívia a extradição, e a Bolívia concedeu, então o Brasil ficou com aquela sensação
de “perdemos a oportunidade” porque, vejam só, os dois últimos presidentes concedera, aí a
criatura fugiu e o Brasil ainda não conseguiu extraditar, porque ele foi para outro país que, de
imediato, extraditou.
(...)
Então é importante que vocês saibam que a regra é que o estrangeiro deve ser extraditado,
mas a gente pode ter um impedimento se o crime que ele cometeu, aqui no Brasil, for
considerado crime político ou de opinião. E eu aproveito, a gente vai fazer uma diferença entre
extradição, expulsão e deportação, mas eu sempre aproveito para comentar que ao contrário
do que a gente imagina, a gente tem a tendência de pensar assim: “o Brasil, quando vem um
estrangeiro para cá e o outro país pede, salvo se for crime político ou de opinião, o Brasil deve
extraditar” e não é bem assim. O Brasil tem critérios para extraditar que acabam dificultando
essa extradição, só para vocês saberem, o Brasil, em primeiro lugar, só extradita se entre o
nosso país e o país que pede, existir algum tipo de tratado/acordo, então se a criatura foge
do país dela para o Brasil e o Brasil não tem acordo com aquele país, essa pessoa não será
extraditada, isso eu cito como exemplo um caso que se tornou filme, que foi o caso do Ronald
Biggs, que foi um grande bandido da Inglaterra, mas isso é muito antigo, ele assaltou lá um
trem na década de 60 e ele fugiu para o Brasil, a Inglaterra pediu extradição, e o Brasil não
concedeu porque entre Inglaterra e Brasil não existia na época qualquer tipo de acordo. Então
o cara foi inteligente, ele estudou, deve ter visto quais países tem acordo e não tem o Brasil,
e ele fugiu justamente para um país que não tinha acordo internacional com a Inglaterra e ele
não foi extraditado.
Outra questão importante, até o Ronald Biggs que, pelo que me lembro já faleceu, ele morou
a vida inteira no Brasil, ele até teve um filho aqui no Brasil, que foi muito conhecido na minha
geração, que trabalhou na turma do Balão Mágico, que era o Mike, então ele teve um filho,
porque de acordo com a nossa legislação, o casamento, ou tu ter um filho no Brasil te dá visto
de permanência, então, além dele não ser extraditado, ele ganhou um documento dizendo
“pode ficar aí a vida inteira, fica à vontade” e aí ele ficou aqui a vida toda dele, só que alguns
anos atrás, antes dele morrer, ele estava muito adoentado e disse que voltaria para a Inglaterra,
porque na Inglaterra o crime não prescreve, então ele voltaria porque ele queria tratar a saúde
dele, porque aqui no Brasil não dá, o sistema de saúde é muito precário.
Outra coisa importante de comentar, o Brasil só extradita se o crime cometido lá no exterior
também é crime no Brasil, então a gente sabe que tem países em que se a mulher trair o
marido, por exemplo, e, portanto, cometer adultério, ela é penalizada com a pena de morte, e
se essa mulher consegue fugir para o Brasil, ela não é extraditada porque nós não temos mais
no Brasil, desde 2005, vejam que não é tão antigo assim, o crime de adultério no Código Penal.

22 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

E outra questão, para finalizar, o Brasil não extradita se o país em que a pessoa cometeu
o crime, adota uma penalidade que não é adota por nós. Então o Brasil não extradita se a
pena aplicada for prisão perpétua, se for pena de morte, porque no Brasil pena de morte é
só em caso de guerra declarada, se for, por exemplo, penas de caráter cruel, enforcamento,
açoitamento, fuzilamento, nada disso o Brasil extradita. A gente teve um caso, só para ilustrar,
daquele traficante colombiano que fugiu para o Brasil, o Juan Carlos Abadia, eu não sei se vocês
lembram da história dele, ele fez um monte de cirurgias para alterar o rosto e os EUA pediram a
extradição dele porque ele cometeu tráfico internacional, e o Brasil, em um primeiro momento
não concedeu, porque para o estado americano que ele iria, ele pegaria prisão perpétua, e no
Brasil não tem prisão perpétua, só que a vontade dos EUA de levar ele era tanta, que os EUA
assinou um acordo com o Brasil e se comprometeu a transformar a prisão perpétua em, no
máximo, 30 anos de prisão, então ele está preso nos EUA, e ele vai cumprir no máximo 30 anos,
só que 30 anos nos EUA é muito diferente de 30 anos no Brasil, então pode ser que ele ainda
saia bem da prisão e ainda deve ter um monte de dinheiro escondido.
(...)
A gente só teve um bandido, pelo que eu sei, que é o bandido da luz vermelha, que ficou
realmente 30 anos, e ele saiu da prisão e morreu logo em seguida (...). Mas lá nos EUA
realmente são trinta anos cumpridos, só que também a prisão americana é muito diferente da
prisão brasileira, então a pessoa, ainda que fique 30, tem condições de sair viva, porque aqui
no Brasil é difícil sair vivo, porque a nossa prisão sabemos que é muito precária.
Bom, pessoal, antes da gente ir para o último ponto, só quero que vocês anotem a diferença
entre extradição, expulsão e deportação, que aí a gente vai ver a propriedade dos meios de
comunicação e o último ponto da nossa aula que é a perda da nacionalidade brasileira.
Extradição é o ato pelo qual um estado entrega um indivíduo acusado de um delito ou já
condenado como criminoso à justiça do outro, que é competente para julgá-lo e puni-lo. Então
aqui, pelo que vocês observam, na extradição, ela sempre está vinculada à ocorrência de um
crime, então um estrangeiro cometeu um crime lá no seu país, fugiu para o Brasil, ele pode ser
extraditado? Pode, salvo se for crime político ou de opinião. Um brasileiro naturalizado, antes
de se naturalizar, cometeu, lá no seu país, um crime comum, ele pode ser extraditado? Pode,
porque daí foi praticado antes da naturalização. Então extradição é sempre crime, e é nesse
ponto que nós temos a diferença de nato para naturalizado, só na extradição.
Expulsão é uma medida tomada pelo Estado que consiste em retirar de seu território um
estrangeiro que tenha praticado atos contrários ao interesse nacional. Então pessoal na
expulsão nós não temos diferença entre natos e naturalizados, porque brasileiro, não importa
se ele é nato ou naturalizado, não pode ser expulso do nosso país, porque configura a chamada
pena de banimento, isso é proibido pela nossa Constituição. A expulsão é dos estrangeiros,
então a gente sabe que às vezes vem algum estrangeiro aqui para o Brasil, comete algum ato
(...).
E a última, pessoal, é a deportação, que consiste em devolver o estrangeiro ao exterior.
Fundamenta-se no fato do estrangeiro ter entrado ou permanecido de forma ilegal no país.
Então tanto a expulsão quanto a deportação é só para estrangeiros, e a deportação são
aquelas pessoas que ingressam em território brasileiro e não tem visto, não está numa situação
legalizada, ou a pessoa pode até ter o visto mas o visto venceu, então ela se tornou ilegal e,
portanto, ela é deportada.

www.acasadoconcurseiro.com.br 23
Terminando então as diferenças, a última diferença que temos é na propriedade dos meios de
comunicação, que está lá no artigo 222 da CF e esse artigo diz que brasileiros natos podem ser
proprietários de meios de comunicação a qualquer momento, o naturalizado é que tem que
ter no mínimo 10 anos de naturalização. Isso porque o nosso legislador entende, embora eu
particularmente ache uma grande bobagem, que 10 anos é um tempo suficiente para a pessoa
não querer usar o meio de comunicação para propaganda política, religiosa, ideológica do país
de origem dele. Então a gente poderia receber aqui no Brasil uma pessoa de outro país que
se naturalizasse e já, por exemplo, tivesse a intenção de adquirir um meio de comunicação
para começar a espalhar a sua ideologia aqui no Brasil, então o Brasil diz “não, tu tem que ter
10 anos de naturalização, que daí é um tempo razoável para a pessoa já se acostumar com
nosso país”. Eu acho isso bobagem porque não são 10 anos que mudam a cabeça de uma
pessoa, ele pode ter 20 anos de naturalização, se o objetivo dele for esse, ele vai usar o meio
de comunicação para isso, mas a nossa lei coloca 10 anos para tentar minimizar essa questão
que acabei de comentar.
Então agora vamos para o último ponto da nossa aula que é o artigo 12, § 4º, que trata da
possibilidade da perda da nacionalidade brasileira.

Posso eu Alessandra perder a nacionalidade brasileira nata? Posso. A gente vai ver em quais
circunstâncias. Então pessoal, o artigo 12,4º, I diz assim:
§ 4º – Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
Essa primeira possibilidade de perda é só para brasileiros naturalizados. Pode um naturalizado
perder essa condição? Pode, basta que ele pratique uma atividade nociva, contrária ao
interesse nacional. Então aqui temos fotos, a gente sabe que aqui no Brasil, infelizmente se
tem muito ainda a utilização do trabalho escravo, não é uma realidade do Brasil colônia, isso
ainda temos, lá na região do Pará é muito comum, e se o Ministério Público Federal descobrir
que um brasileiro naturalizado, que é fazendeiro, usa mão de obra escrava nas suas fazendas,

24 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

além dele responder a um processo criminal por isso, ele vai responder a um outro processo
cujo objetivo é o cancelamento da sua naturalização por atividade contrária ao interesse
nacional. Então se eles perguntarem na prova como o naturalizado perde a condição, é por
uma sentença judicial transitada em julgado.
Vamos ver agora a segunda hipótese de perda, que é chamada de naturalização voluntária
e essa hipótese se aplica tanto ao brasileiro nato quanto ao naturalizado. Então a pergunta
é: quando é que eu Alessandra, brasileira nata, posso perder a condição de brasileira? Basta
que eu me naturalize em outro país por vontade própria, que eu não tenho motivo para me
naturalizar. Então acordei com vontade de ser mexicana, por nada, porque estou com vontade
(...) então a nossa lei diz, sempre que a pessoa se naturaliza em outro país, mas ela não tem
um motivo para se naturalizar, o Brasil entende que a pessoa está abrindo mão da pátria dela,
isso serve para o nato e para o naturalizado, a nossa lei entende “a gente não pode ter tudo na
nossa vida, ou tu é brasileiro, ou tu é mexicano, vai ter que escolher” e se eu Alessandra quero
me tornar mexicana, eu perco a nacionalidade brasileira por decreto presidencial.
Eu sempre conto em sala de aula, há muitos anos eu dei aula em Santana do Livramento e
eu lembro que foi uma das aulas mais curiosas porque fui muito metralhada de pergunta
porque eu estava numa região de fronteira, então muitos alunos que eu tinha no Brasil eram
alunos que moravam no Uruguai e vice-versa. No final da aula, vários alunos brasileiros me
procuraram e disseram assim: “a gente está apavorado” porque se tinha 30 alunos em aula,
29 eram naturalizados uruguaios, e aí eu perguntei “mas por que vocês se naturalizaram
uruguaios, vocês moram no Uruguai?” Eles responderam: não, a gente mora aqui em Santana
do Livramento. E eles disseram que o sistema de saúde do Uruguai era muito melhor do que o
brasileiro, então eles se naturalizaram para ter acesso à saúde de uma maneira melhor. E eles
estavam ansiosos porque eles descobriram que quando tu te naturaliza em outro país porque
tu quer, tu perde a nacionalidade brasileira, então eles perguntaram: “a gente pode perder?”
Sim, pode perder, vocês não perderam porque o Brasil não sabe que vocês se naturalizaram
uruguaios. Sabe como o Brasil descobre? É tão fraco o nosso sistema de fiscalização nesse
sentido, que a pessoa que se naturaliza em outro país, ela preenche um documento no site
do Ministério da Justiça, ela se entrega, ela preenche um documento dizendo “me naturalizei”
porque o Brasil não tem como controlar, como é que ele vai saber que tu te naturalizou em
outro país, isso é muito difícil, então a grande preocupação era essa, perder a nacionalidade
brasileira.
(...)

www.acasadoconcurseiro.com.br 25
Nós tivemos um caso de uma brasileira que por vontade própria... na verdade vou começar
do início, ela casou com um americano, por ela ter casado com um americano, ela conseguiu
o Green Card, então ela não precisava fazer mais nada, casou com americano, conseguiu
direitos nos EUA e ela poderia se dar satisfeita com isso, mas não bastasse ela conseguir o
Green Card, ela pediu a naturalização americana, aí como ela se naturalizou americana por
vontade própria, o Brasil entendeu que ela não tinha mais a nacionalidade brasileira, só que ela
matou o marido americano e ela fugiu para o Brasil, os EUA pediram a extradição e ela alegou
que não poderia ser extraditada porque era brasileira nata. O STF disse; “não querida, um dia
tu foi brasileira nata, mas no momento em que tu te naturalizou americana porque tu quis, tu
perdeu a nacionalidade brasileira” e ela foi extraditada para os EUA. Isso caiu numa questão de
prova da CESPE, porque é um entendimento que o STF teve (...).

26 www.acasadoconcurseiro.com.br
INSS (Superação) – Direito Constitucional – Profª Alessandra Vieira

Então para terminar nossa aula temos aqui também casos de dupla nacionalidade, a nossa lei
diz que quando a gente adquire a nacionalidade de outro país, mas porque esse outro país
nos reconhece como um cidadão nato naquele local, que é o que acontece com a Itália, a
Itália adota o critério sanguíneo, então dando um exemplo aqui, eu Alessandra nasci no Brasil,
vamos supor que meus pais são italianos, eu sei que a Itália adota o critério sanguíneo e eu sei
que posso ser reconhecida como italiana por conta do critério deles e eu vou pedir porque é
um direito que eu tenho em outro país. Nesse caso, o Brasil não tira a nacionalidade brasileira,
porque é o reconhecimento de uma nacionalidade originária por uma lei estrangeira, então o
que eu estou querendo dizer: quando tu pede a nacionalidade de outro país, mas é porque tu
vai ser considerado nato no outro país, tu pode ter dupla nacionalidade. Isso acontece direto.
E a letra b diz ali que também pode ter dupla nacionalidade quando a pessoa adquire uma
outra nacionalidade por ser uma imposição do país onde a pessoa está.

Então a gente sabe, tem pessoas, jogadores de futebol vão jogar em outros países e o país
onde a pessoa está obriga ele a se naturalizar, se não ele não pode ficar morando lá pelo tempo
do contrato, então eu não estou me naturalizando porque eu quero, é uma imposição do país
em que eu estou, nesse caso o Brasil permite que a pessoa fique com dupla nacionalidade. Isso
acontece com jogador de futebol, acontece com pessoas que vão estudar em outros países,
uma amiga minha foi fazer doutorado na Espanha e ela foi toda faceira porque tinha sido
aprovada no doutorado na Espanha, só que quando ela chegou lá, descobriu que só poderia
ficar 6 meses, e o doutorado eram anos, aí ela teve que se naturalizar espanhola, porque é uma
imposição do país onde ela está.
Terminando então, o último artigo, eu sempre brinco que eu não entendo porque esses artigos
estão na parte da nacionalidade, o artigo 13 até tem a ver...

www.acasadoconcurseiro.com.br 27
Teve um concurso que eles colocaram que era a língua brasileira e um monte de gente errou,
não existe a língua brasileira, o nosso idioma é o português, ainda que não seja o mesmo
português de Portugal. Mas não entendo porque isso aqui (símbolos) estão na parte da
nacionalidade, a impressão que eu fico é que o legislador estava escrevendo a Constituição e
pensou “eu não posso esquecer de dizer que são símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais e não dá para esquecer que os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios, então vou escrever aqui e depois eu
coloco em outro capítulo” e aí ficou.
(...)
Então saibam vocês que nossos símbolos são a bandeira, o hino, as armas e o selo nacional,
isso deveria estar na abertura da nossa Constituição, mas enfim.
Terminamos por aqui, na próxima aula vamos trabalhar direitos políticos.

28 www.acasadoconcurseiro.com.br

Você também pode gostar