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251
UÍ
Q
Capítulo 26................40
es
Módulo 57 ..............44
BI
gu
Capítulo 27................48
Módulo 58 ..............54
Módulo 59 ..............58
rtu
Módulo 60 .............. 62
Po
a
gu
Lín
IS
H
GE
O
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O
C
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LP
S
RE
1. Antecedentes
do Realismo português 30
2. Contexto 31
3. Traços de estilo 31
4. Organizador gráfico 32
Módulo 55 – Realismo: contexto 33
Módulo 56 – Realismo: traços de estilo 36
Realismo 25
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livro foi considerado um escândalo por apresentar uma perso- sua probidade literária, da impudência e miséria de
nagem adúltera do meio burguês. serem independentes e pensarem por suas cabeças.
Um evento específico marcou o fim do Romantismo e o E combatem-se por faltarem às virtudes de respeito
início do Realismo em Portugal: a Questão Coimbrã. Mesmo se humilde às vaidades omnipotentes, de submissão
ela não tivesse acontecido, o Romantismo daria lugar, natu- estúpida, de baixeza e pequenez moral e intelectual.
ralmente, à nova escola. No entanto, os episódios ocorridos
em Coimbra explicitaram o choque entre as duas formas de Ao se referir a Castilho nesse mesmo texto, Antero de
pensar e de escrever – a romântica e a realista. Quental, com 25 anos na época, afirmou:
A Questão Coimbrã é o nome que se deu à desavença
estabelecida entre António Feliciano de Castilho, defensor do Levanto-me quando os cabelos brancos de V.
Romantismo, e os estudantes da Universidade de Coimbra Ex.ª passam diante de mim. Mas o travesso cére-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
que haviam se juntado na Sociedade do Raio, uma associação bro que está debaixo e as garridas e pequeninas
fundada por Antero de Quental, em 1861, com o intuito de le- coisas que saem dele confesso não merecerem
var ao sisudo meio acadêmico a aventura e a insubordinação. nem admiração, nem respeito, nem ainda esti-
O conflito começou quando, ao escrever uma carta sobre obra ma. A futilidade num velho desgosta-me tanto
de Pinheiro Chagas, em 1865, Castilho teceu grandes críticas como a gravidade numa criança. V. Ex.ª precisa
aos jovens de Coimbra, acusando-os de exibicionismo e fal- menos cinquenta anos de idade, ou então mais
ta de bom senso, citando, entre outros, os nomes de Teófilo cinquenta de reflexão.
Braga, autor da obra poética Visão dos tempos, e Antero de SAULO MICHELIN / PEARSON BRASIL
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Durante a segunda metade do século XIX, o continente euro- culo XIX. Enquanto o Romantismo teve lugar no início do sécu-
peu viu a burguesia se consolidando, assim como presenciou o lo, o Realismo apareceu em sua segunda metade. Apesar dis-
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fortalecimento do capitalismo e o avanço industrial e científico. so, são momentos com características radicalmente opostas:
Marcaram esse período o positivismo de Auguste Comte o Romantismo é marcado pela valorização da subjetividade,
(o verdadeiro conhecimento é aquele que advém de compro- dos sentimentos, da fantasia e da imaginação, afastando-se
vação científica), o determinismo de Hippolyte Taine (o com- do condicionamento das regras clássicas; já o Realismo é
Língua Portuguesa
portamento do homem é determinado pelo meio em que se baseado no racional, na objetividade, procurando retratar a
insere, pela raça e pelos fatos históricos) e o evolucionismo sociedade de maneira impassível, com o intuito de criticá-la.
de Charles Darwin (a seleção natural relaciona-se diretamen-
te com a sobrevivência das espécies). Mas a busca de uma visão racional do mundo,
no encalço da “verdade”, impessoal e universal,
TRAVELER1116 / ISTOCKPHOTO.COM
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3. Traços de estilo
REPRODUÇÃO
THE BRIDGEMAN ART LIBRARY / KEYSTONE BRASIL
Resolução
A mulher é retratada sem idealizações: com rugas, ros-
to sofrido, mãos fortes e roupas rústicas. O pintor registra
uma trabalhadora rural de maneira bem próxima da realida-
de, como em uma fotografia; faz, nas artes plásticas, o que
os escritores realistas fazem na literatura.
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Conheça a obra de Gustave Courbet, um dos pioneiros do Realismo na pintura. Sobre esta tela, Enterro em Ornans, que
retratava o funeral de seu tio-avô, o artista declarou que significava também a morte do Romantismo.
Língua Portuguesa
4. Organizador gráfico
THE BRIDGEMAN ART LIBRARY / KEYSTONE BRASIL, TRAVELER1116 / ISTOCKPHOTO.COM, THE BRIDGEMAN ART LIBRARY / KEYSTONE BRASIL, REPRODUÇÃO
Pensamentos científicos:
positivismo,
evolucionismo e determinismo
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Questões
Retrato fiel sociais
à realidade
Olhar científico
e objetivo
Apenas
Tema Tópico Subtópico Subtópico destaque texto Características
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Módulo 55
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Realismo: contexto
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Exercícios de Aplicação
Língua Portuguesa
01. UCS-RS 03.
Sobre o Realismo, considere as afirmações e assinale a Associe as colunas.
alternativa correta. 1. Castilho
I. Em oposição ao Romantismo, cujo idealismo favorecia 2. Comte
o romance histórico, as obras realistas pretenderam 3. Darwin
relatar com objetividade seu próprio momento histó- 4. Quental
rico. 5. Taine
II. Entre os novos ideais defendidos pelos autores realis- ( ) Defensor do Realismo.
tas, encontravam-se ideais antirromânticos, antirreli- ( ) Defensor do Romantismo.
giosos e antiburgueses. ( ) Teoria do ambientalismo determinante: o ser huma-
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02. UFV-MG (adaptado)
Sobre o movimento realista, assinale a alternativa correta.
a. O Realismo teve sua origem na França e foi uma reno-
vação apenas no campo literário.
b. O homem como indivíduo é o centro das preocupa-
ções do autor realista.
c. O ponto mais alto da prosa de ficção, no Realismo bra-
sileiro, encontra-se na obra de Álvares de Azevedo.
d. O escritor realista deve estudar os indivíduos, inter-
rogá-los, analisar o meio e transcrever suas observa-
ções.
e. A prosa de ficção, no Realismo, não é uma obra de ata-
que à mentalidade burguesa, à ordem social clerical e
monárquica.
Resolução
O Realismo é marcado pelo olhar “científico” do autor so-
bre os homens e a realidade que os cerca.
Alternativa correta: D
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Exercícios Extras
252
Seu espaço
Sobre o módulo
Leia com os alunos os trechos de António Feliciano de Castilho e de Antero de Quental, transcritos no início da parte teórica
do capítulo 25. Mostre a eles que, além de a discussão reproduzir o embate entre o Romantismo, que estava acabando, e o Rea-
lismo, que nascia, evidencia o conflito entre representantes de gerações diferentes.
Exercícios Propostos
transformá-la. O autor, ao relatar, baseia-se na docu- Algum tempo hesitei se devia abrir estas memó-
mentação e na observação da realidade. rias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. III. Para o escritor realista, o que importa é o que está fora
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Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, de nós, o objeto captado pelos sentidos.
duas considerações me levaram a adotar diferente IV. O Realismo é uma obra de ataque à mentalidade bur-
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método: a primeira é que eu não sou propriamente guesa, à ordem social, clerical e monárquica.
um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a. Somente I e IV estão corretas.
a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito b. Somente IV está correta.
ficaria assim mais galante e mais novo. [...] c. Somente II, III e IV estão corretas.
Língua Portuguesa
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de d. I, II, III e IV estão corretas.
uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na
minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns ses- 14. UFPE (adaptado)
senta e quatro anos, rijos e prósperos, era soltei- Sobre o Realismo, considere as afirmações e assinale V
ro, possuía cerca de trezentos contos e fui acom- para verdadeiro e F para falso.
panhado ao cemitério por onze amigos. Onze ( ) O regionalismo, iniciado com O sertanejo, de José de
amigos! [...] foi assim que me encaminhei para Alencar, é a obra típica do Realismo no Brasil.
o undiscovered country de Hamlet, sem as ânsias ( ) Por razões de dependência cultural, o Realismo, no
nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado Brasil, apresenta muitas das características do Rea-
e trôpego como quem se retira tarde do espe- lismo francês.
táculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas ( ) Uma das correntes de pensamento que servem
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“[...] eu não sou propriamente um autor de- ca e a realista, já que, em ambas, a linguagem, por ser
funto, mas um defunto autor”. de natureza literária, encontra-se sempre figurada.
crever suas observações, procurando ser, rigorosa- c. Por conhecer esse fato, você é capaz de interpretar o
mente, impessoal. trecho destacado no texto? Faça-o.
Módulo 56
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Exercícios de Aplicação
Língua Portuguesa
25
04. Sistema COC do à selva intensa dos romances cavalheirescos,
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Assinale a alternativa correta sobre o Realismo. despertado um momento da legenda morta para
a. É uma fase de transição, em que várias tendências uma entrevista de espectros e recordações. Um
opostas coexistem. jato de luz elétrica, derivado de foco invisível, fe-
b. Inicia-se durante a Idade Média, em meio ao feudalis- ria a inscrição dourada ATHENÆUM em arco
Língua Portuguesa
mo. sobre as janelas centrais, no alto do prédio. A
c. Apresenta exaltação da fantasia e da imaginação. uma delas, à sacada, Aristarco mostrava-se. Na
d. Tem como traço a observação do mundo objetivo e expressão olímpica do semblante transpirava a
exato. beatitude de um gozo superior. Gozava a sensa-
e. Valoriza a musicalidade, ou seja, o ritmo e a sonoridade. ção prévia, no banho luminoso da imortalidade a
que se julgava consagrado. Devia ser assim: – luz
Leia o trecho do romance O Ateneu, de Raul Pompéia, e benigna e fria, sobre bustos eternos, o ambiente
responda às questões 05 e 06. glorioso do Panteão. A contemplação da posteri-
dade embaixo [...]
Na ocasião em que me ia embora, estavam
acendendo luzes variadas de Bengala diante da 05. Sistema COC
Seu espaço
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como a mulher foi pintada nessa obra. ternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseac-
tion=termos_texto&cd_verbete=3639>.
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Exercícios Propostos
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Da teoria, leia o tópico 3. d. Operam uma crítica das leituras romanescas, que con-
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II. Memórias de um sargento de milícias é um romance guma viela do castelo, passou correndo; e das
considerado de transição entre a estética romântica e paredes da Misericórdia saía constantemente o
a estética realista, todavia as características da esté- agudo piar das corujas.
tica realista, no desenvolvimento da história, em sua — É triste isto – disse Amaro.
totalidade, são predominantes. Mas o São Joaneira gritou de cima:
III. O Realismo emerge no Brasil sob o seguinte lema: “A — Pode subir, senhor cônego! Está o caldo
linguagem romântica consegue retratar a realidade da na mesa!
vida tal qual a vida é”. Isso implica dizer que o Realis- — Ora vá, vá, que você deve estar a cair de
mo precisa se aproximar da estética romântica, visan- fome, Amaro! – disse o cônego, erguendo-se
do alcançar seus objetivos literários. muito pesado.
a. Somente I está correta. E detendo um momento o pároco pela manga
b. Somente II está correta. do casaco:
c. Somente III está correta. — Vai você ver o que é um caldo de galinha
d. Somente I e II estão corretas. feito cá pela senhora! Da gente se babar!...
e. Somente II e III estão corretas. No meio da sala de jantar, forrada de papel
escuro, a claridade da mesa alegrava, com a sua
08. UMC-SP (adaptado) toalha muito branca, a louça, os copos reluzin-
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Sobre o Realismo, considere as afirmações e assinale a do à luz forte dum candeeiro de abajur verde.
alternativa correta. Da terrina subia o vapor cheiroso do caldo, e na
I. As linhas diretrizes da escola literária realista fazem larga travessa a galinha gorda, afogada num ar-
notar que o subjetivismo, o nacionalismo ufanista e o roz úmido e branco, rodeada de nacos de bom
sentimentalismo são questões pouco relevantes. paio, tinha uma aparência suculenta, de prato
II. No Realismo, há predomínio da vida concreta e exte- morgado. No armário envidraçado, um pouco
rior sobre a vida interior e abstrata. na sombra, viam-se cores claras de porcelana, a
III. O melhor da produção realista está na poesia. um canto, ao pé da janela, estava um piano, co-
a. Somente I está correta. berto com uma colcha de cetim desbotado. Na
b. Somente II está correta. cozinha frigia-se; e sentindo o cheiro fresco que
c. Somente I e II estão corretas. vinha dum tabuleiro de roupa lavada, o pároco
d. Somente II e III estão corretas. esfregou as mãos, regalado.
e. I, II e III estão corretas.
Sabendo que Eça de Queirós foi o introdutor do Realis-
09. mo em Portugal, explique por que se pode considerar o texto
Sobre os romances realistas, assinale a alternativa transcrito como pertencente a um romance realista.
incorreta.
a. Apoiam-se nos ideais românticos, adaptando-os aos 11.
conceitos positivistas e às descobertas científicas. O Realismo foi um movimento de:
b. Procuram demonstrar a hipocrisia da sociedade a. volta ao passado.
burguesa. b. exacerbação ultrarromântica.
c. Opõem-se às idealizações românticas e observam de c. maior preocupação com a objetividade.
modo crítico a sociedade. d. irracionalismo.
e. moralismo.
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12. UFTM-MG (adaptado) 13.
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Leia o fragmento de “O sentimento dum ocidental”, de Ce- Sobre o Realismo, considere as afirmações e assinale a
sário Verde, e responda à questão. alternativa correta.
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I. Busca o perene humano no drama da existência.
Vazam-se os arsenais e as oficinas; II. Defende a documentação de fatos e a impessoalidade
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; do autor perante a obra.
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, III. Consiste na estética literária restritamente brasileira;
Língua Portuguesa
Correndo com firmeza, assomam as varinas. seu criador é Machado de Assis.
a. Somente II e III estão corretas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas! b. Somente III está correta.
Seus troncos varonis recordam-me pilastras; c. I, II e III estão corretas.
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras d. Somente I e II estão corretas.
Os filhos que depois naufragam nas tormentas. e. Somente I e III estão corretas.
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c. Pode-se dizer que alguns autores românticos já pos-
suem certas características realistas.
d. O cientificismo do século XIX forneceu a base da visão
do mundo adotada, de um modo geral, pelo Realismo.
e. O Realismo apresenta análise social.
ENSINO MÉDIO – TEORIA
Autora: Cristiane Rodrigues de Souza
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1. Poesia do Realismo português 42
2. Antero de Quental 42
3. Guerra Junqueiro 43
4. Organizador gráfico 43
Módulo 57 – Antero de Quental
e Guerra Junqueiro 44
Em Portugal, durante o Realismo, há produção poética de Espectros dos meus próprios pensamentos,
grande qualidade. Como um bando levado pelos ventos,
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riências da juventude, em que coexistem várias tendências; a Antero de Quental também escreveu prosa, considerada
poesia engajada, em tom revolucionário; a poesia metafísica, polêmica e filosófica por seus estudiosos.
ou seja, poemas formulados como resposta às perguntas que
a consciência humana costuma fazer, como “O que sou?” e
“Para onde vou?”. APRENDER SEMPRE 3
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Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850-1923) teve pro- Depois, começa a defender o cientificismo, com o qual
dução significativa em poesia, com a publicação de vários li- não consegue ser totalmente coerente, por causa de sua for-
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vros de poemas, como A morte de D. João (1874), Os simples mação religiosa, além de seu temperamento emotivo.
(1892) e Pátria (1896). Ao lado de Antero de Quental e de no- Na terceira fase de sua carreira, o poeta atinge qualidade
mes como Gomes Leal e Cesário Verde, foi adepto da poesia poética, ao deixar de lado as preocupações realistas.
realista. Em prosa, pouco publicou.
Língua Portuguesa
A partir de 1890, o poeta alcança repelir os
asfixiantes compromissos estético-científicos,
desfazer as contradições íntimas, e criar obra
REPRODUÇÃO
43
4. Organizador gráfico
OPACHEVSKY IRINA / SHUTTERSTOCK, REPRODUÇÃO, REPRODUÇÃO
Apenas
Tema Tópico Subtópico Subtópico destaque texto Características
Módulo 57
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Exercícios de Aplicação
Língua Portuguesa
não for atropelado ficará no desemprego, se não nhecer o amor, por isso é válida.
ficar desempregado vai pegar um enfisema, será
abandonado pela mulher que ama – mas ama,
hein? –, arrebentado pelos filhos – pelos pais, se
for filho –, mordido de cobra ou ficará impotente.
E, se escapar de tudo ficará velho, senil, babando
num asilo. Piada, é? Pode ser que haja vida inte-
ligente em outro planeta, neste, positivamente,
não. O homem é o câncer da Terra. Estou me
repetindo? Pois é: corrompe a natureza, fura tú-
neis, empesta o ar, emporcalha as águas, apodre-
ce tudo onde pisa. Fique tranquilo, amigo: o de-
saparecimento do ser humano não fará a mínima
diferença à economia do cosmos.
Millôr Fernandes, Atriz.
Caminhos vãos andamos! Considera O soneto Solemnia verba desenvolve-se como um diálo-
Agora, desta altura fria e austera, go entre duas personagens: o eu poemático e seu coração. O
Os ermos que regaram nossos prantos... que simboliza, no poema, o coração?
Resolução
Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de primavera! O coração representa resistência – “[...] feito valente” –
Olha a teus pés o mundo e desespera diante das desilusões. O penar possibilita ao coração tornar-se
Semeador de sombras e quebrantos! crente de que vale a pena viver, sobretudo pelo amor. Para o
eu lírico desiludido (duas primeiras estrofes), o coração deixa
Porém o coração, feito valente uma mensagem de esperança: “Viver não foi em vão [...]”.
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,
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Guerra Junqueiro pode ser enquadrado no movimento Guerra Junqueiro escreveu poemas de eloquência engajada.
estético realista porque: Alternativa correta: B
252
a. se voltou para a análise das camadas profundas do Habilidade
inconsciente. A partir da leitura de textos literários consagrados do Rea-
b. escreveu poemas de combate social. lismo e de informações sobre concepções artísticas, com-
c. desenvolveu, em seus romances, a crítica social. preender relações entre eles e seu contexto histórico, social,
Língua Portuguesa
d. buscou revitalizar a musicalidade do verso. político ou cultural, inferindo as escolhas dos temas, gêneros
e. procurou as raízes históricas da nação. discursivos e recursos expressivos.
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Lá! Mas onde é lá? – Espera,
Coração indomado! O Céu, que anseia No ano de 1865, em Portugal, inicia-se uma
A alma fiel, o Céu, o Céu da Ideia, grande polêmica. De um lado, António Feliciano
Em vão o buscas nessa imensa esfera! de Castilho (1800-1875); de outro, Antero Tar-
quínio de Quental (1842-1891). Em posfácio ao
O espaço é mudo: a imensidade austera livro Poema da mocidade, de Pinheiro Chagas,
Debalde noite e dia se incendeia… Castilho refere-se com pouco caso e algum de-
Em nenhum astro, em nenhum sol, se alteia boche aos jovens poetas que, em Coimbra, de-
A rosa ideal da eterna Primavera! fendiam ideias novas. Antero, um dos mencio-
nados por Castilho, faz logo publicar uma carta
O Paraíso e o templo da Verdade, em resposta ao velho mestre, na qual retribui as
Ó mundos, astros, sóis, constelações! ironias, ao mesmo tempo que faz ataque cerra-
Nenhum de vós o tem na imensidade… do e contundente a Castilho. Em pouco tempo,
cada um ganha adeptos e com isso se produz
A Ideia, o sumo Bem, o Verbo, e a Essência, uma das mais ricas polêmicas da história da lite-
Só se revela aos homens e às nações ratura portuguesa. Tal episódio ficou conhecido
No céu incorruptível da Consciência! como a Questão Coimbrã e também pelo título
recebido pela publicação de Antero: “Bom senso
O soneto é de autoria de um dos mais importantes inter- e bom gosto”.
venientes na Questão Coimbrã, que é:
a. António Feliciano de Castilho. 05. Vunesp
b. Camilo Castelo Branco. O que representam António Feliciano de Castilho e Antero
c. Guerra Junqueiro. de Quental nessa polêmica?
d. Antero de Quental.
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e. Eça de Queirós.
Seu espaço
26
Exercícios Propostos
26
as afirmações e assinale a alternativa correta. da por seus poemas declamatórios e melodramáticos.
I. Evidente postura religiosa assumida pelo eu lírico, e. assumiu o Realismo desde seus primeiros trabalhos
252
que lhe permite ver a beleza como autêntica alegria poéticos, durante a Questão Coimbrã.
de Deus.
II. Convicção de que o eu lírico é fadado a contemplar a 11.
beleza, o que tem como consequência a sensação de O poeta Guerra Junqueiro não assumiu completamente o
Língua Portuguesa
imperfeição do mundo e o sentimento de melancolia. cientificismo em razão de:
III. Ideia de que a contemplação da beleza depende ex- a. seu ideal romântico.
clusivamente da vontade e da razão do eu lírico, con- b. sua formação religiosa.
forme ditavam os princípios do realismo oitocentista. c. seu apego às pessoas mais simples.
a. Somente III está correta. d. sua obstinação quanto ao ideal poético.
b. Somente II está correta. e. sua resistência às propostas de sua geração.
c. I, II e III estão corretas.
d. Somente I e II estão corretas. 12.
e. Somente II e III estão corretas. A obra Os simples, de Guerra Junqueiro, trata:
a. dos ideais realistas levados ao extremo.
08. Vunesp (adaptado) b. dos estudantes envolvidos na Questão Coimbrã.
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c. Júlio Dinis, Alexandre Herculano e Antero de Quental.
d. António Feliciano de Castilho, Camilo Castelo Branco e 14. Sistema COC
Teófilo Braga. Guerra Junqueiro teve forte influência romântica antes
e. Alexandre Herculano, Oliveira Martins e Júlio Dinis. de aderir ao Realismo. O que isso causou em sua obra?
ZYANKARLO / SHUTTERSTOCK
Eça de Queirós, um
dos mais importantes
escritores portugueses.
Eça de Queirós 27
49
Os autores de contos e de romances da década de 1870, Na primeira fase, o autor ainda estava influenciado pelo
em Portugal, refletiam as condições sociais, analisando-as e Romantismo, principalmente pela obra do francês Victor
252
criticando-as. Eram também alvo de suas críticas o clero e a Hugo. Escreveu O mistério da estrada de Sintra (semelhante a
aristocracia, que eles responsabilizavam pela manutenção um romance policial), As farpas e Prosas bárbaras.
de uma sociedade hipócrita e cheia de vícios.
Eram colocados sobre análise, por exemplo, o casamento A primeira fase da carreira queirosiana come-
Língua Portuguesa
e o adultério. Assim como a obra realista francesa Madame ça com artigos e crônicas publicados entre 1866
Bovary, de Gustave Flaubert, Primo Basílio, do português Eça e 1867, na Gazeta de Portugal, postumamente
de Queirós, mostra a mulher levada ao adultério, sujeita aos coligidos no volume Prosas bárbaras, e termina
desejos carnais e instintos. em 1875, com a publicação de O crime do padre
Eça de Queirós, ao lado de Teófilo Braga e de Ramalho Or- Amaro. Fase de indecisão, preparação e procura,
tigão, foi importante representante da época. dum escritor ainda jovem e romântico, à mercê
duma heterogênea influência, especialmente de
origem francesa [...]
REPRODUÇÃO
27
que cuida de dona Josefa descobre a gravidez de Amélia. cai doente. Nesse período, Jorge encontra uma das cartas
Após o nascimento do filho, a jovem morre, apesar da assis- comprometedoras e pede explicações à esposa. Luísa sofre
252
tência do médico. Amaro deixa o filho com uma ama que tem um choque com o fato de ter sido descoberta e, alguns dias
fama de matar as crianças que lhe são entregues, mas exige depois, morre.
que ela cuide do recém-nascido até que seja encontrada ou- Na terceira fase, que vai de 1888 até a morte de Eça de Quei-
tra pessoa a quem o encaminhar. Mesmo assim, quando volta rós, o escritor renunciou ao pessimismo das análises da socieda-
Língua Portuguesa
a procurá-la, o bebê já está morto. O padre Amaro então es- de que tinha feito na fase anterior, optando pelo otimismo e pela
creve ao cônego contando o que ocorreu, e é transferido para esperança. São dessa época A ilustre casa de Ramires, A corres-
Lisboa, onde continua sua carreira religiosa, assumindo uma pondência de Fradique Mendes e A cidade e as serras.
nova paróquia. A cidade e as serras foi o último romance escrito por Eça
Em Os Maias, a alta sociedade de Lisboa é analisada. O de Queirós, publicado em 1901, um ano depois de sua morte. A
romance gira em torno do caso de incesto que só é revelado história mostra a exaltação inicial da vida na cidade por Jacinto.
no final da história. No entanto, o lugar em que vive, Paris, aos poucos, revela-lhe
Da mesma fase, o romance O primo Basílio trata de um sua futilidade. Saindo de lá, em retorno a Portugal, Jacinto per-
casal burguês, Jorge, funcionário publico, engenheiro de mi- cebe o valor da vida no campo. Leia um trecho em que Eça de
nas, e Luísa, que vive em boas condições financeiras, sem Queirós revela o espaço idílico da parte rural de Portugal.
nenhum problema aparente. Durante a ausência de Jorge,
APRENDER SEMPRE 4
51
Para responder às questões 01 e 02, leia um trecho de O primo Basílio, de Eça de Queirós, em que Luísa conversa com seu
primo, na primeira visita que ele lhe faz, após a viagem do marido dela.
Luísa voltava entre os dedos o seu medalhão de ouro, preso ao pescoço por uma fita de veludo preto.
— E estiveste então um ano em Paris?
— Um ano divino. Tinha um apartamento lindíssimo, que pertencera a Lord Flamouth, rue Saint
Florentin; tinha três cavalos...
E recostando-se muito, com as mãos nos bolsos:
— Enfim, fazer este vale de lágrimas o mais confortável possível!... Dize cá, tens algum retrato nesse
medalhão?
— O retrato de meu marido.
— Ah! Deixa ver!
Luísa abriu o medalhão. Ele debruçou-se; tinha o rosto quase sobre o peito dela. Luísa sentia o aroma
fino que vinha de seus cabelos.
— Muito bem, muito bem! – fez Basílio.
Ficaram calados.
— Que calor que está! – disse Luísa. — Abafa-se, hein!
Levantou-se, foi abrir um pouco uma vidraça. O sol deixara a varanda. Uma aragem suave encheu as
pregas grossas das bambinelas.
— É o calor do Brasil – disse ele. — Sabes que estás mais crescida?
Luísa estava de pé. O olhar de Basílio corria-lhe as linhas do corpo; e com a voz muito íntima, os
cotovelos sobre os joelhos, o rosto erguido para ela:
— Mas, francamente, dize cá, pensaste que eu te viria ver?
— Ora essa! Realmente, se não viesses zangava-me. És o meu único parente... O que tenho pena é
que meu marido não esteja...
EMI-15-10
— Eu – acudiu Basílio – foi justamente por ele não estar...
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Ela interrompeu:
— Tolices! Éramos duas crianças. Onde isso vai!
— Eu tinha vinte e sete anos – observou ele, curvando-se.
Ficaram calados, um pouco embaraçados. Basílio cofiava o bigode, olhando vagamente em redor.
— Estás muito bem instalada aqui – disse.
Língua Portuguesa
Não estava mal... A casa era pequena, mas muito cômoda. Pertencia-lhes.
— Ah! Estás perfeitamente! Quem é esta senhora, com uma luneta de ouro?
E indicava o retrato por cima do sofá.
— A mãe de meu marido.
— Ah! Vive ainda?
— Morreu.
— É o que uma sogra pode fazer de mais amável...
Bocejou ligeiramente, fitou um momento os seus sapatos muito aguçados e, com um movimento
brusco, ergueu-se, tomou o chapéu.
— Já? Onde estás?
— No Hotel Central.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
— E até quando?
— Até quando quiseres.
— Não disseste que vinhas amanhã com o rosário?
Ele tomou-lhe a mão, curvou-se:
— Já se não pode dar um beijo na mão de uma velha prima?
— Por que não?
Pousou-lhe um beijo na mão, muito longo, com uma pressão doce.
— Adeus! – disse.
E à porta com o reposteiro meio erguido, voltando-se:
— Sabes que eu, ao subir as escadas, vinha a perguntar a mim mesmo como se vai isto passar?
— Isto quê? Vermo-nos outra vez? Mas, perfeitamente. Que imaginaste tu?
Ele hesitou, sorriu:
— Imaginei que não eras tão boa rapariga. Adeus. Amanhã, hein?
No fundo da escada acendeu o charuto, devagar.
— Que bonita que ela está! – pensou.
E arremessando o fósforo, com força:
— E eu, pedaço de asno, que estava quase decidido a não a vir ver! Está de apetite! Está muito me-
52
Vocabulário
Causeuse – pequeno sofá de dois lugares.
Reposteiro – cortinado que se sobrepõe à porta.
01.
Ao receber o primo, Luísa tem entre os dedos o medalhão que contém a foto do marido. Qual o intuito de Basílio ao pedir
para ver a foto?
Resolução
Apesar de o medalhão conter a foto do marido de Luísa, o que poderia reforçar a Basílio o fato de ela ser casada e fazê-lo
se afastar dela, ele usa a desculpa de querer ver a fotografia e aproxima-se da prima.
02.
Após a proximidade do primo, Luísa resolve abrir as janelas, alegando calor. O que o calor significa nesse contexto?
Resolução
O calor de Luísa representa seus sentimentos com relação ao primo.
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27
252
DIVULGAÇÃO
Língua Portuguesa
Conheça o filme Madame Bovary, produção francesa de 1991, dirigida por
Claude Chabrol. O filme baseia-se no romance homônimo, de Gustave Flaubert,
considerado o marco inicial do Realismo na Europa.
53
Eça de Queirós
Segunda fase
O primo Basílio
Apenas
Tema Tópico Subtópico Subtópico destaque texto Características
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Módulo 58
27
Eça de Queirós I
252
Exercícios de Aplicação
Língua Portuguesa
de viver nas serras de Tormes, segundo a vida simples que b. Apresenta como tema central o adultério cometido pe-
anteriormente criticava. Essa nova fase conscientiza o prota- los personagens Juliana e Basílio.
gonista dos problemas sociais, levando-o a procurar conciliar c. Critica a pequena burguesia do fim do século XIX em
os avanços tecnológicos e o modo de vida local. Lisboa.
Alternativa correta: E d. Critica a Igreja e sua influência sobre a personagem
Luísa, que se aliena da vida real.
e. Critica a maneira como o verdadeiro amor é reprimido
02. Sistema COC pela falsa moral da sociedade.
Leia os fragmentos de textos e responda à questão.
Resolução
Havia doze dias que Jorge tinha partido e, A obra ironiza os ideais românticos; o adultério se dá
apesar do calor e da poeira, Luísa vestia-se para entre Luísa e Basílio; Luísa não se mostra como religiosa, e
ir à casa de Leopoldina. Se Jorge soubesse não a Igreja não aparece como entidade relevante no desenvolvi-
havia de gostar, não! Mas estava tão farta de es- mento das ações dos personagens; o caso entre Luísa e Ba-
tar só! Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha sílio não é um caso de amor, mas de sedução e realização de
os arranjos, a costura, a toilette, algum romance... desejos reprimidos.
Mas de tarde! Alternativa correta: C
À hora em que Jorge costumava voltar do Habilidade
ministério, a solidão parecia alargar-se em torno Perceber a presença dos diferentes elementos que es-
dela. Fazia-lhe tanta falta o seu toque de campa- truturam o texto narrativo literário de Eça de Queirós: perso-
inha, os seus passos no corredor!... nagens, marcadores de tempo e de localização, sequência
Ao crepúsculo, ao ver cair o dia, entristecia-se lógica dos fatos narrados, modos de narrar (1ª e 3ª pessoa);
sem razão, caía numa vaga sentimentalidade: [...] adjetivação na caracterização de personagens, cenários e ob-
O que pensava em tolices então! jetos.
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27
04. a. apresenta um narrador que se recorda de uma viagem
252
Sobre o romance O primo Basílio, de Eça de Queirós, assi- feita há algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa,
nale a alternativa correta. de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia ve-
a. Jorge é um personagem romântico; Luísa é realista e lha, beata e rica.
dominadora. b. caracteriza uma narrativa em que se analisam os me-
Língua Portuguesa
b. Jorge, ao perceber que está sendo traído, vinga-se de canismos do casamento e o comportamento da pe-
Basílio. quena burguesia da cidade de Lisboa.
c. Luísa, mulher romântica, deixa-se seduzir por Basílio, c. apresenta uma personagem que detesta inicialmente
acreditando que viverá com ele um grande amor. a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tec-
d. Basílio conhece Luísa por meio de Jorge, que o apre- nológico da cidade, mas que ao final regressa à vida
senta à esposa sem imaginar que essa convivência se campesina e a transforma com a aplicação de seus
tornaria uma paixão incontida. conhecimentos técnicos e científicos.
e. Luísa começa a trair o marido por se sentir entediada d. revela uma narrativa cujo enredo envolve a vida de-
e, numa dessas aventuras, conhece Basílio, seu gran- vota da província e o celibato clerical e caracteriza a
de amor. situação de decadência e alienação de Leiria, toman-
do-a como espelho da marginalização de todo o país
Seu espaço
Sobre o módulo Estante
Incentive os alunos a lerem textos de Eça de Queirós. Ini- MARCATTI. A relíquia. São Paulo: Conrad, 2007.
cialmente, uma maneira interessante de eles estabelecerem Trata-se de uma adaptação para história em quadrinhos
contato com a obra do autor é ler adaptações para história em da obra A relíquia, de Eça de Queirós.
quadrinhos.
55
EMI-15-10
Exercícios Propostos
27
Sobre o romance O primo Basílio, de Eça de Queirós, assi- cientificistas, revalorizando os valores espiritualistas.
nale a alternativa incorreta. c. O escritor realista caracteriza-se pela linguagem vul-
a. A obra não romantiza a paixão entre Jorge e Luísa; ao gar com que critica a hipocrisia romântica.
contrário, ironiza a hipocrisia que é típica dos meios d. Para o autor realista, a decadência dos valores da so-
burgueses da época. ciedade burguesa deveria ser combatida com exem-
b. O Romantismo é criticado na personagem Luísa, cheia plos de conduta moral e religiosa.
de futilidades e devaneios. e. O Realismo denuncia a degradação da aristocracia, tra-
c. Luísa se sente seduzida por Basílio, que a encanta tando da sociedade estabelecida, sem a necessidade
contando histórias e vivências de Paris. de descrever traços psicológicos das personagens.
d. Luísa é influenciada por ideias românticas, e sua inge-
nuidade facilita o objetivo de Basílio, que é seduzi-la. 10. Poli-SP
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
e. Juliana, a empregada, sente ciúmes de Luísa e tenta Leia o trecho do romance O primo Basílio, de Eça de Quei-
impedir seu relacionamento com Basílio. rós, que descreve a personagem Juliana, e responda à questão.
e. a fala do jornalista pressupõe um total desinteresse da b. uma relação erótica entre um padre e uma jovem in-
mídia pela vida de pessoas da classe rica da sociedade. teriorana.
c. um crime de pedofilia que escandaliza a alta hierar- Leia o fragmento do romance O primo Basílio, de Eça de
27
quia da Igreja. Queirós, referente à personagem Luísa, e responda às ques-
d. um assassinato encoberto pela Igreja do século XIX, tões de 14 a 16.
252
envolvendo a classe burguesa.
Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na
e. um caso de corrupção envolvendo a Igreja e a burgue-
Baixa, ao mês. Em solteira, aos dezoito anos, entu-
sia portuguesa do século XIX.
siasmara-se por Walter Scott e pela Escócia; deseja-
ra então viver num daqueles castelos escoceses, que
Língua Portuguesa
12.
têm sobre as ogivas os brasões do clã, mobilados
A personagem Amélia, do romance O crime do padre Ama-
com arcas góticas e troféus de armas, forrados de
ro, de Eça de Queirós:
largas tapeçarias, onde estão bordadas legendas he-
a. vive um amor proibido, pelo fato de ser uma mulher
roicas, que o vento do lago agita e faz viver; e amara
casada.
Ervandalo, Morton e Ivanhoé, ternos e graves, ten-
b. deixa o convento para se unir ao jovem padre por
do sobre o gorro a pena de águia, presa ao lado pelo
quem se apaixona.
cardo de Escócia de esmeraldas e diamantes. [...]
c. é uma mulher atraente, que seduz o jovem padre em Ia encontrar Basílio no Paraíso pela primeira
início de carreira. vez. E estava muito nervosa: não pudera domi-
d. é seduzida pelo padre de sua paróquia, que se encon- nar, desde pela manhã, um medo indefinido que
tra com ela clandestinamente.
57
do corpo? E quem inventou isso? Um concílio e. “... que lhe fizera pôr...” e “...que lera tantas vezes...”.
de bispos decrépitos, vindos do fundo dos seus
claustros, da paz das suas escolas, mirrados como 15. FGV
pergaminhos, inúteis como eunucos! Que sabiam Das características da escola literária a que pertence
eles da Natureza e das suas tentações? Que vies- esse romance, a mais perceptível no fragmento é a apresen-
sem ali duas, três horas para o pé da Ameliazinha, tada na alternativa:
e veriam, sob a sua capa de santidade, começar a a. O homem está submetido às mesmas leis universais
revoltar-se-lhes o desejo! Tudo se ilude e se evita, que os demais seres vivos.
menos o amor! E se ele é fatal, por que impediram b. Assim como o cientista, o ficcionista pretende provar
então que o padre o sinta, o realize com pureza e com sua obra uma teoria.
com dignidade? É melhor talvez que o vá procurar c. As massas emergiram ao plano histórico, buscando a
pelas vielas obscenas! Porque a carne é fraca! posse dos progressos materiais e políticos.
d. O sentimentalismo e a imaginação podem ser fatores
Este trecho é o pensamento do padre Amaro Vieira, prota- condicionantes das atitudes humanas.
gonista do romance O crime do padre Amaro. É correto afirmar e. A arte pode ser um instrumento para a reforma das
que, no texto, o escritor registra: condições sociais.
a. a burguesia degenerada a conduzir a formação dos
padres católicos. 16.
b. a noção comum de que o pecado da carne é o único De acordo com o fragmento, Luísa pode ser vista como
aceitável entre os religiosos. uma personagem:
c. a percepção científica de que homens e animais são dife- a. vulnerável a fantasias românticas.
rentes porque aqueles são educados pela moral religiosa. b. bem adaptada à rotina da vida conjugal.
d. o traço determinista do positivismo de Auguste Comte, c. influenciável pelo modismo da sociedade burguesa.
admitindo a motivação sexual como algo comum a todos. d. inquieta e nostálgica, leitora de romances antigos.
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e. a promiscuidade das vielas obscenas como o pecado e. promíscua e dominadora, com forte influência sobre
a afligir os padres jovens. o marido.
Módulo 59
27
Eça de Queirós II
252
Exercícios de Aplicação
Língua Portuguesa
ceram, fazendo o mal inocentemente, em parte d. Ataca instituições sociais como a família, a Igreja, a es-
porque não entendem mais nem melhor, em par- cola e o Estado, sempre com a preocupação de fazer
te porque os arrasta a paixão, o instinto, como um vasto inquérito da sociedade portuguesa e morali-
pobres seres espontâneos, sem a menor trans- zar os costumes da época.
cendência. e. Caracteriza-se por ironia fina e humor na composição
das personagens.
Vocabulário
Longanimidade – generosidade, paciência.
Resolução
01. Unicamp-SP Eça de Queirós não realiza crítica à escola em sua obra
Em qual ato reside o “crime” do padre Amaro? O primo Basílio.
Alternativa correta: D
Resolução Habilidade
O “crime” do padre Amaro reside na entrega do filho bas- Relacionar características discursivas e ideológicas de
tardo, que teve com Amélia, para uma ama de leite. A quebra obras realistas em prosa ao contexto histórico de sua produ-
dos votos, o cinismo e o assassinato são uma série de trans- ção, circulação e recepção.
gressões feitas pelo padre.
58
02.
Explique se a carta de Antero de Quental critica o romance
de Eça de Queirós ou se compactua com ele.
Resolução
A carta elogia a maneira como Eça de Queirós apresenta
as personagens do povo mais simples, que, segundo Quental,
não podem ser responsabilizadas por suas ações, visto que
são produto da confusão moral de seu meio.
EMI-15-10
Exercícios Extras
27
04. UEL-PR deliciosa em ser assim levada rapidamente para o
252
Sobre a forma encontrada por Eça de Queirós, no roman- seu amante, e mesmo olhava com certo desdém
ce O primo Basílio, para criticar a sociedade burguesa de Lis- os que passavam, no movimento da vida trivial
boa, é correto afirmar: – enquanto ela ia para uma hora tão romanesca
a. A crítica encontra-se espalhada por todo o romance, da vida amorosa! Todavia à maneira que se apro-
Língua Portuguesa
presente nos comentários do narrador e na forma de ximava vinha-lhe uma timidez, uma contração de
pensar e agir das personagens. acanhamento, como um plebeu que tem de su-
b. A crítica está presente nas reflexões realistas da per- bir, entre alabardeiros solenes, a escadaria de um
sonagem Luísa sobre seu casamento e sua posição palácio. Imaginava Basílio esperando-a estendido
na sociedade. num divã de seda; e quase receava que a sua sim-
c. Juliana é a personagem responsável pela crítica do plicidade burguesa, pouco experiente, não achas-
escritor à sociedade, ao revelar para Jorge que sua se palavras bastante finas ou carícias bastante
mulher o trai. exaltadas. Ele devia ter conhecido mulheres tão
d. A crítica aparece nos debates dos grupos políticos de belas, tão ricas, tão educadas no amor! Desejava
Lisboa que frequentam as igrejas protestantes. chegar num cupê seu, com rendas de centos de
e. Basílio é a personagem que representa a crítica aos mil réis, e ditos tão espirituosos como um livro...
59
mo, todas as palpitações do perigo! Porque o apa- — Estou aqui desde a uma hora, filha! Imagi-
rato impressionava-a mais que o sentimento; e a nei que te tinhas esquecido da rua...
casa em si interessava-a, atraía-a mais que Basílio! Empurrou uma cancela, fê-la entrar num quarto
Como seria? Era para os lados de Arroios, adiante pequeno, forrado de papel às listras azuis e brancas.
do Largo de Santa Bárbara; lembrava-se vagamen- Luísa viu logo, ao fundo, uma cama de ferro
te que havia ali uma correnteza de casas velhas... com uma colcha amarelada, feita de remendos
Desejaria antes que fosse numa quinta, com arvo- juntos de chitas diferentes; e os lençóis grossos,
redos murmurosos e relvas fofas; passeariam as de um branco encardido e mal lavado, estavam
mãos enlaçadas, num silêncio poético; e depois impudicamente entreabertos...
o som da água que cai nas bacias de pedra daria Fez-se escarlate, sentou-se, calada, embaraça-
um ritmo lânguido aos sonhos amorosos... Mas da. E os seus olhos, muito abertos, iam-se fixan-
era num terceiro andar – quem sabe como seria do – nos riscos ignóbeis da cabeça dos fósforos,
dentro? Lembrava-lhe um romance de Paulo Féval ao pé da cama; na esteira esfiada, comida, com
em que o herói, poeta e duque, forra de cetins e uma nódoa de tinta entornada; nas bambinelas da
tapeçarias o interior de uma choça; encontra ali a janela, de uma fazenda vermelha, onde se viam
sua amante; os que passam, vendo aquele casebre passagens; numa litografia, onde uma figura, co-
arruinado, dão um pensamento compassivo à mi- berta de uma túnica azul flutuante, espalhava flo-
séria que decerto o habita – enquanto dentro, mui- res voando... Sobretudo uma larga fotografia, por
to secretamente, as flores se esfolham nos vasos cima do velho canapé de palhinha, fascinava-a:
de Sèvres e os pés nus pisam gobelins veneráveis! era um indivíduo atarracado, de aspecto hílare e
Conhecia o gosto de Basílio – e o Paraíso decerto alvar, com a barba em colar, o feitio de um piloto
era como no romance de Paulo Féval. ao domingo; sentado, de calças brancas, com as
Mas no Largo de Camões reparou que o sujei- pernas muito afastadas, pousava uma das mãos
to de pêra comprida, o do Passeio, a vinha seguin- sobre um joelho, e a outra, muito estendida, as-
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do, com uma obstinação de galo; tomou logo um sentava sobre uma coluna truncada; e, por baixo
cupê. E ao descer o Chiado, sentia uma sensação do caixilho, como sobre a pedra de um túmulo,
pendia de um prego de cabeça amarela uma co- criança doente que tinha crostas grossas de cha-
27
sílio. — E foi um acaso; é muito retirado, é muito Então nós de dedos bateram discretamente à
discreto... Não é muito luxuoso... porta. Ela assustou-se, desceu rapidamente o véu.
— Não – fez ela, baixo. Levantou-se, foi à Basílio foi abrir. Uma voz adocicada, cheia de ss
janela, ergueu uma ponta da cortininha de cas- melífluos, ciciou baixo. Luísa ouviu vagamente:
Língua Portuguesa
Seu espaço
Sobre o módulo Cinemateca
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Leia com os alunos um trecho de O primo Basílio. Indique aos alunos o filme O primo Basílio, produção na-
Conte-lhes que, quando Juliana, que trabalha na casa de Luí- cional de 2007, dirigida por Daniel Filho.
sa, descobre sua traição, começa a chantageá-la e exige que
a patroa cumpra os afazeres domésticos em seu lugar.
Exercícios Propostos
bre o local do encontro de Luísa e Basílio, ocorre uma oposi- movida ao pé do seu amante, do que ao pé do seu
ção entre o devaneio da personagem e a realidade. Explique marido! Um beijo de Jorge perturbava-a mais, e
essa oposição. viviam juntos havia três anos! Nunca se secara ao
pé de Jorge, nunca! E secava-se positivamente ao
08. Sistema COC pé de Basílio! Basílio, no fim, o que se tornara para
Comente o trecho “[...] e a casa em si interessava-a, atraía- ela? Era como um marido pouco amado, que ia
-a mais que Basílio!”. amar fora de casa! Mas então valia a pena?
Onde estava o defeito? No amor mesmo tal-
09. Uniban-SP (adaptado) vez! Porque, enfim, ela e Basílio estavam nas
Por meio dos personagens de O primo Basílio, Eça de condições melhores para obterem uma felicidade
Queirós, sendo fiel às teses realistas, critica a sociedade de excepcional: eram novos, cercava-os o mistério,
seu tempo. Assinale a alternativa em que a caracterização do excitava-os a dificuldade... Por que era então que
personagem não ganha dimensão de crítica social. quase bocejavam? É que o amor é essencialmen-
a. Luísa é o protótipo da mulher burguesa que, por alimen- te perecível, e na hora em que nasce começa a
tar sonhos, frustra-se com a vida conjugal entediante. morrer. Só os começos são bons. Há então um
b. Jorge, funcionário público, orienta-se por princípios delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu.
conservadores e preocupa-se com a preservação das Mas depois!... Seria pois necessário estar sempre
aparências. a começar, para poder sempre sentir? E, pela lógi-
c. Juliana é uma pessoa ressentida por sua condição so- ca tortuosa dos amores ilegítimos, o seu primeiro
cial e vê nas circunstâncias que se formam uma chan- amante fazia-a vagamente pensar no segundo!
ce de ganhar dinheiro.
d. Basílio é um homem sedutor, que se aproveita da vulne- O amor é visto, predominantemente, como um sentimento:
rabilidade de Luísa para conduzi-la a encontros eróticos. a. eterno, pois Luísa não deixa de amar seu marido, Jor-
e. Tanto Jorge quanto Basílio sabem lidar com as opor- ge, apesar da distância que os separa.
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tunidades de conquistar mulheres, que eles cativam b. passageiro e frágil, pois, para Luísa, só os começos
pelo poder do discurso bem articulado. são bons.
c. intenso, pois Luísa se mostra profundamente dividida 15. Fuvest-SP
27
entre o amor de Basílio e Jorge. Leia o fragmento de A ilustre casa de Ramires, de Eça de
d. terno e carinhoso, como se pode notar na boa lem- Queirós, e responda à questão.
252
brança que Luísa tem do beijo de Jorge.
e. sofrido, pois Luísa e Jorge sofrem por se amarem de- As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gár-
mais e por não poderem ficar juntos. rulas como cigarras, desde longos anos, em Oli-
veira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as
Língua Portuguesa
12. PUC-SP (adaptado) vidas, as espalhadoras de todas as maledicências,
A obra O primo Basílio, escrita por Eça de Queirós em as tecedeiras de todas as intrigas. E, na desditosa
1878, é considerada uma das mais representativas do ro- cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado,
mance realista português. Assinale a alternativa que não con- coração dorido, algibeira arrasada, janela entrea-
firma o conteúdo desse romance. berta, poeira a um canto, vulto a uma esquina,
a. Esse romance de tese apresenta os mecanismos do bolo encomendado nas Matildes, que seus olhi-
casamento e analisa o comportamento da pequena nhos furantes de azeviche sujo não descortinas-
burguesia de Lisboa. sem e que sua solta língua, entre os dentes ralos,
b. Luísa, personagem central do romance, é caracteriza- não comentasse com malícia estridente.
da como uma mulher romântica, sonhadora e frágil,
comportamento que a predispõe ao adultério. No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de
61
e. linguagem cinematográfica. ção de um dos personagens, o literato Ernesto Ledesma:
c. II, III, IV, V e VIII repolhudos” e “pontas afiadas como agulhas”, na ten-
tativa de enaltecer o caráter do personagem escritor.
Módulo 60
27
Exercícios de Aplicação
Língua Portuguesa
Resolução
O comentário de Machado demonstra que ele não aceita-
02. UFRGS-RS va a maneira como Eça de Queirós usava as descrições, em
Considere o enunciado e as três possibilidades para com- qualquer situação.
pletá-lo e assinale a alternativa correta. Alternativa correta: B
Em A cidade e as serras, de Eça de Queirós, percebe-se Habilidade
uma: Relacionar características discursivas e ideológicas de
I. visão irônica da modernidade e do progresso median- obras realistas em prosa ao contexto histórico de sua produ-
te descrições de inventos reais e fictícios; ção, circulação e recepção.
II. consciência dos conflitos que a vida moderna traz aos
indivíduos que vivem nas grandes cidades;
III. mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a
vida junto à natureza, percebendo seus benefícios.
a. Somente I está correta.
b. Somente II está correta.
c. Somente III está correta.
d. Somente I e II estão corretas.
e. I, II e III estão corretas.
Resolução
Todas as afirmações correspondem ao que apresenta o
romance A cidade e as serras.
Alternativa correta: E
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Exercícios Extras
27
04. UFV-MG d. O Realismo foi marcado por forte espírito crítico e as-
252
Leia o fragmento de texto de Eça de Queirós e responda sumiu atitude mais combativa diante dos problemas
à questão. sociais contemporâneos.
e. O sentido de observação e análise vigente no Realis-
O Romantismo era a apoteose do sentimento; mo exigiu do escritor postura racional e crítica diante
Língua Portuguesa
o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do das contradições do homem como ser social.
homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios
olhos – para nos conhecermos, para que saiba- 05. UFRS
mos se somos verdadeiros ou falsos, para conde- Sobre a obra de Eça de Queirós, considere as afirmações
nar o que houve de mau na nossa sociedade. e assinale a alternativa correta.
I. O crime do padre Amaro é um romance com que o au-
Assinale a alternativa que não está em conformidade tor pretende defender uma tese.
com as definições do romancista português. II. A ironia é um recurso literário frequentemente usado
a. As preocupações psicológicas da prosa de ficção realista pelo autor para exercer a crítica social.
levaram o romancista a uma conscientização do próprio III. O romance A cidade e as serras valoriza Portugal.
eu e à manifestação de sua mais profunda interioridade.
Seu espaço
Sobre o módulo
Reforce para os alunos a importância da obra de Eça de Queirós e o posicionamento do autor como uma voz crítica da socie-
dade portuguesa de sua época. Indique a leitura dos romances da segunda fase de sua obra, como O primo Basílio e O crime do
padre Amaro, que são retratos contundentes da hipocrisia presente nas instituições consagradas pela burguesia.
63
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Exercícios Propostos
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Exercícios de tarefa reforço aprofundamento ridade do marido, nem encanto dum filho no seu
berço. Só a amparavam o orgulho, certo respeito
religioso pelo nome de Ramires, o medo da peque-
06. na terra espreitada e mexeriqueira.
Língua Portuguesa
não se atira água suja aos governadores civis. Que Ao apresentar cônego Dias, o narrador o faz de forma irô-
ele não é político, é só malandro! Além disso... nica e sarcástica:
Mas terminou por encolher os ombros, emu- I. pelo uso sistemático de adjetivos que, pelo contexto,
decer, diante do pobre bacoco de bochechas assumem conotação pejorativa;
pasmadas, que, naquelas rondas do Cavaleiro II. pela caracterização psicológica do personagem;
pelos Cunhais, só notava o “lindo cavalo” ou “o III. pelo uso da palavra beiço (para designar lábio).
caminho mais curto para as Lousadas!”... a. Somente II está correta.
— Bem! – resumiu. — Agora larga, que me b. Somente III está correta.
quero vestir... Do bigodeira me encarrego eu. c. Somente I e II estão corretas.
— Então, até logo... Mas, se ele passar, nada d. Somente I e III estão corretas.
de asneiras, hein? e. Somente II e III estão corretas.
— Só justiça, aos baldes!
E bateu com a porta nas costas resignadas do 09. UFTM-MG
bom Barrolo que, pelo corredor, suspirando, lamen- No fragmento, há importantes características da literatu-
tava o assomado gênio do Gonçalinho, às cóleras ra de Eça de Queirós:
desproporcionadas em que o lançava “a política”. a. idealismo, linguagem coloquial e tom sarcástico.
Enquanto se ensaboava com veemência, de- b. psicologismo, linguagem prolixa e tom retórico.
pois se vestia numa pressa irada, Gonçalo ruminou c. criticismo, linguagem concisa e tom reflexivo.
aquele intolerável escândalo. Fatalmente, apenas d. elitismo, linguagem rebuscada e tom aristocrático.
se apeava em Oliveira, encontrava o homem da e. anticlericalismo, linguagem mordaz e tom descritivo.
grande guedelha, caracolando por sob as janelas
do palacete [...] E o que o desolava era perceber no Leia o fragmento do romance O primo Basílio, de Eça de
coração de Gracinha, pobre coração meigo e sem Queirós, e responda às questões 10 e 11.
fortaleza, uma teimosa raiz de ternura pelo Cava-
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leiro, bem enterrada, ainda vivaz, fácil de reflorir... Luísa, ao voltar para casa, veio a refletir na-
E nenhum outro sentimento forte que a defendes- quela cena. Não – pensava –, já não era a pri-
meira vez que ele mostrava um desprendimento Luísa ergueu-se bruscamente; encarou-o,
27
muito seco por ela, pela sua reputação, pela sua teve um movimento desdenhoso dos lábios.
saúde! Queria-a ali todos os dias, egoistamente. — Tu estás doida, Luísa?
252
Que as más-línguas falassem; que as soalheiras — Estou farta. Faço todos os sacrifícios por
a matassem, que lhe importava? E para quê?... ti; venho aqui todos os dias; comprometo-me, e
Porque enfim, saltava aos olhos, ele amava-a me- para quê? Para te ver muito indiferente, muito
nos... As suas palavras, os seus beijos arrefeciam secado...
Língua Portuguesa
cada dia, mais e mais!... Já não tinha aqueles ar- — Mas meu amor...
rebatamentos do desejo em que a envolvia toda Ela teve um sorriso de escárnio.
numa carícia palpitante, nem aquela abundância — Meu amor! Oh! São ridículos esses fingi-
de sensação que o fazia cair de joelhos com as mentos!
mãos trêmulas como as de um velho!... Já se não Basílio impacientou-se.
arremessava para ela, mal ela aparecia à porta, — Já isso cá me faltava, essa cena! – excla-
como sobre uma presa estremecida!... Já não mou impetuosamente. E cruzando os braços
havia aquelas conversas pueris, cheias de risos, diante dela: — Mas que queres tu? Queres que
divagadas e tontas, em que se abandonavam, te ame como no teatro, em São Carlos? Todas
se esqueciam, depois da hora ardente e física, sois assim! Quando um pobre diabo ama natu-
quando ela ficava numa lassitude doce, com o ralmente, como todo o mundo, com o seu co-
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ta, que apenas conhece o seu bairro. E um modo
de passear, fumando, com a cabeça alta, falando 10. Ibmec-SP (adaptado)
no “espírito de madame de tal”, nas “toaletes da Assinale V para verdadeiro e F para falso.
condessa de tal”! Como se ela fosse estúpida, e ( ) Luísa demonstra estar decepcionada com as atitu-
os seus vestidos fossem trapos! Ah, era secante! des frias e grosseiras de Basílio, por isso revela sua
E parecia, Deus me perdoe, parecia que lhe fa- intenção de pôr fim à relação extraconjugal.
zia uma honra, uma grande honra em a possuir... ( ) Em “...venho aqui todos os dias; comprometo-me, e
Imediatamente lembrava-lhe Jorge, Jorge que a para quê?”, Luísa emprega uma pergunta retórica
amava com tanto respeito! Jorge, para quem ela para deixar claro que esperava do amante um com-
era decerto a mais linda, a mais elegante, a mais portamento mais romântico.
inteligente, a mais cativante!... E já pensava um ( ) Habilidoso, Basílio conhece as fraquezas da amante
pouco que sacrificara a sua tranquilidade tão fe- e, teatralmente, joga-se ao chão de joelhos, fazendo-
liz a um amor bem incerto! -lhe juras de amor, embora julgue que tal atitude seja
Enfim, um dia que o viu mais distraído, mais uma tolice.
frio, explicou-se abertamente com ele. Direita, ( ) Em “Meu amor! Oh! São ridículos esses fingimen-
sentada no canapé de palhinha, falou com bom tos!”, Luísa explicita que está consciente da indife-
senso, devagar, com um ar digno e preparado: rença do amante, apesar de ele negar isso.
Que percebia bem que ele se aborrecia; que o ( ) Na passagem “Trazias isso decorado!”, Basílio de-
seu grande amor tinha passado; que era portan- monstra perceber que a fala de Luísa é artificial e
to humilhante para ela verem-se nessas condi- ironiza a solenidade do desabafo.
ções, e que julgava mais digno acabarem...
Basílio olhava-a, surpreendido da sua soleni- 11.
dade; sentia um estudo, uma afetação naquelas Assinale a alternativa que comprova, com a citação do
frases; disse muito tranquilamente, sorrindo: fragmento, a desilusão de Luísa quanto a seu relacionamento
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c. “... como num restaurante ao fim do jantar!” ro, incorruptível, [...] passou a vigiar atentamen-
d. “Às vezes até olhava o relógio!” te o jornal, o livro, o teatro.
e. “... percebia bem que ele se aborrecia...”
Vocabulário
Língua Portuguesa
mas, tinha-lhe dito: é homem para te dar uma pu- b. produz uma inversão: o narrador, caracterizando o
nhalada. Ela, que não conhecia ainda o tempera- Realismo sob a perspectiva de Tomás Alencar, deixa
mento plácido de Jorge, acreditou, e isso mesmo transparecer as convicções do realista Eça de Queirós
criou uma exaltação no seu amor por ele. sobre o Romantismo.
c. cria um discurso de natureza metalinguística: o tema
Vocabulário é a arte de Tomás Alencar, que, embora romântico, pro-
Brio – honra. cura compor segundo o estilo das obras de Zola.
Dengueiro – delicado, carinhoso. d. propicia que sejam citadas, pela voz da personagem,
Romanesca – influenciada por romances. as razões do juízo desfavorável de Eça de Queirós
acerca das propostas da geração de 1870.
No fragmento, Luísa reconhece certas características de e. cria referências (tédio no casamento, maridos como
Jorge que se confirmam no curso do romance, exceto uma: figuras bestiais, amantes apolíneos) que aproximam
a. a extrema violência. Tomás Alencar do autor de Madame Bovary, o que jus-
b. a delicadeza no trato. tifica sua aversão ao Realismo.
c. o bom humor.
d. o rigor profissional. 14. Sistema COC
e. o temperamento tranquilo. Como o narrador imagina que Tomás Alencar entende o
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naturalismo?
Leia o fragmento do romance Os Maias, de Eça de Quei-
rós, e responda às questões de 13 a 15. 15. Enade
O crítico José Guilherme Merquior, ao analisar a questão
Pobre Alencar! O naturalismo; [...] essas ru- da literatura na modernidade, afirma: “[...] a partir de Flaubert
des análises, apoderando-se da Igreja, da reale- e Baudelaire, instala-se nas letras o senso da ‘vacuidade do
za, da burocracia, da finança, de todas as coisas ideal’; emerge a tradição moderna como literatura crítica.”. O
santas, dissecando-as brutalmente e mostran- ideal esvaziado de conteúdo, assinalado pelo crítico, no texto
do-lhes a lesão, [...] apanhando em flagrante de Eça de Queirós:
[...] a palpitação mesma da vida; tudo isso [...], a. constitui a busca do “paladino da moral”.
caindo assim de chofre e escangalhando a cate- b. é considerado causa da ação de celebrar missa duran-
dral romântica, sob a qual tantos anos ele tive- te tantos anos.
ra altar e celebrara missa, tinha desnorteado o c. pode ser associado à escangalhada catedral românti-
pobre Alencar [...]. O naturalismo, com as suas ca.
aluviões de obscenidade, ameaçava corromper d. está tomado como sinônimo de “palpitação mesma da
o pudor social? Pois bem. vida”.
Ele, Alencar, seria o paladino da moral [...]; e. é tido como consequência da “propaganda do amor
então o romancista de Elvira, que, em novela e ilegítimo”.
drama, fizera a propaganda do amor ilegítimo,
representando os deveres conjugais como mon- 16. Sistema COC
tanhas de tédio, dando a todos os maridos for- Considerando o texto da questão anterior, como pode ser
mas gordurosas e bestiais, e a todos os amantes entendida a expressão “vacuidade do ideal”?
a beleza, o esplendor e o gênio dos antigos Apo-
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