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CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE

Cap I – TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1. O Estado, a política, o processo e os direitos humanos : ACESSO A JUSTIÇA


1.1. Estado Liberal: século XVII e XVIII
Direito positivado editado pela burguesia: função proteger/garantir a liberdade e a propriedade.
O processo é caracterizado pelo tecnicismo, legalismo, positivismo jurídico acrítico, formalismo e
neutralismo.
Sujeitos de direito : ricos e brancos
Resultado: diferenças sociais.
Poder fortalecido: legislativo

1.2. Estado Social : adoção de políticas públicas destinadas à melhoria das condições de vida dos
mais pobres, especialmente da classe trabalhadora.
Características: constitucionalismo social, função social da propriedade, participação política dos
trabalhadores, intervencionismo estatal. Igualdade substancial.
Poder fortalecido: executivo – competência para editar políticas públicas de intervenção na
economia.
ACESSO A JUSTIÇA DO ECONOMICAMENTE FRACO
1.2.1. A crise do estado social: WELFARE STATE – choque do petróleo 1970
A expansão desordenada do estado, explosão demográfica envelhecimento populacional crise a saúde
e a previdência
Característica: diminuição do tamanho do estado, abertura dos mercados internos, rígida disciplina
fiscal, reforma tributária, redução drástica dos gastos públicos na área social, desconstrução dos
direitos fundamentais sociais por meio de desregulamentação do mercado, flexibilização e
terceirização das relações de trabalho.

1.3. Estado democrático de direito: estado constitucional, estado pós-social ou estado da pós-
modernidade:
Direitos humanos de primeira geração (direitos civis e políticos)
Direitos humanos de segunda geração (direitos sociais, econômicos e culturais)
Direitos humanos de terceira geração (direitos ou interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos.

Poder fortalecido: judiciário – MANUTENÇÃO DOS DIREITOS


ACESSO A JUSTIÇA: INDIVIDUAL E COLETIVO (DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL)

Constitucionalização do processo: efetividade do acesso.


Característica: inversão dos papéis da lei e da CF: a legislação deve ser compreendida a partir dos
princípios constitucionais de justiça e dos direitos fundamentais.
b) Novo conceito de princípios jurídicos: normas de introdução ao ordenamento jurídico e não mais
meras fontes subsidiárias.
c) Novos métodos de prestação da tutela jurisdicional: impõe ao juiz o dever de interpretar a lei
conforme a Constituição, de controlar a constitucionalidade da lei.
d) Coletivização do processo: instrumentos judiciais para proteção do meio ambiente, patrimônio
público e social e outros interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos) :
ação civil pública, mandado de segurança coletivo, ação popular, mandado de injunção coletivo.
e) ampliação da letigitimação ad causam para promoção das ações coletivas
f) ampliação dos efeitos da coisa julgada (erga omnes ou ultra pars)
g) ativismo judicial: art. 5. XXXV, DCD 84, CPC 273 e 461 do CPC.
h) supremacia das tutelas alusivas à dignidade humana e aos direitos da personalidade: dano moral,
assédio moral.
i) possibilidade de controle judicial de políticas públicas

1.4. Pela formação de uma nova mentalidade:


EFETIVAÇÃO DO ACESSO A JUSTIÇA: individual e metaindividual.
Papel político de agente de transformação social.

2. Teoria geral do direito processual e o direito processual do trabalho

“Sistema de conceitos e princípio elevados ao grau máximo de generalização útil e condensados


indutivamente a partir do confronto dos diversos ramos do direito processual, como o civil, o
trabalhista e o penal.”

Objetivos do sistema processual:


Social: pacificação dos conflitos com justiça e segurança jurídica
Político: participação dos cidadãos nos centros de poder a realização do estado democrático de direito
por meio de um processo justo.
Jurídico: atuação da vontade concreta do ordenamento jurídico, que é constituído de valores, normas,
princípios, regras e institutos.

Teoria geral do processo: jurisdição, ação, defesa, processo e procedimento.

“Permite o livre trânsito de idéias entre os diversos ramos do direito processual, propiciando uma
fonte permanente de atualização dos diferentes subsistemas processuais.”

3. Direito processual constitucional diz respeito à própria jurisdição constitucional, que reúne os
instrumentos jurídicos destinados à garantia dos direitos humanos fundamentais contidos na
própria constituição (habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, ação civil pública,
ação direta de inconstitucionalidade. Já o direito constitucional processual tem seu ponto de
partida nos princípios constitucionais do devido processo legal e do acesso à justiça e se
desenvolve por meio de outros princípios constitucionais e infraconstitucionais.

4. Fontes do direito processual do trabalho

“As regras de direito surgem da convivência social e da necessidade natural do homem de um


regramento jurídico dessa convivência.

Primária (leis) e Secundárias (costumes, jurisprudência e doutrina).


Mediatas e imediatas
Matérias (fato social) e formais (lei, costume, jurisprudência, analogia, equidade, princípios gerais de
direito).

Preferência do autor: fontes materiais e fontes formais (diretas, indiretas e explicitação)

Direito processual adquire a função instrumental.

Fontes formais diretas: lei (constituição, art. 114 da CF, art. 59 da CF, CLT, Lei 5584/1970, CPC,
6830/1980, 7701/1988 Lei Complementar 75 de 20.05.1993 – LOMPU, 7347/1985, 8078/1990,
8069/1990, 7853/1989, decreto-lei 779/1969 e Decreto-lei 75/1966, regimento interno, súmula
vinculante lei 11417 de 19.12.2006)
Fontes formais indiretas: doutrina e jurisprudência.
Fontes formais de explicitação: fontes integrativas, analogia , princípios e equidade.

5. Princípios:
5.1. princípios constitucionais fundamentais
Normas constitucionais é o gênero que tem como espécies os princípios e as regras.

Função informativa: destinada ao legislador (princípio lógico, princípio jurídico, princípio político,
princípio econômico)
Função interpretativa: destinada ao aplicador do direito
Função normativa: destinada ao aplicador do direito – norma direta.

5.4. Princípios fundamentais


Princípio da igualdade ou isonomia: art. 5º, LV da CF
Princípio do contraditório: art. 5º, LV da CF

Princípio da ampla defesa: art. 5º. LV

Princípio da imparcialidade do juiz: art. 93, IX

Princípio da motivação das decisões: art. 93, IX da CF

Princípio do devido processo legal


Princípio do juiz natural: art. 5º. LII da CF
Princípio do promotor natural: art. 5, XXXV da C
Princípio do duplo grau de jurisdição
Princípio do acesso individual e coletivo a justiça ou inafastabilidade do controle jurisdicional ou
ubiqüidade ou indeclinabilidade da jurisdição : art. 5º. XXXV
Princípio da razoabilidade da duração do processo: art. 5º. LXXVIII da CF.

5.5. Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho


Princípio dispositivo ou demanda: direito subjetivo a ação. Art. 2º do CPC
Princípio inquisitivo ou do impulso oficial : art. 262 do CPC
Princípio da instrumentalidade: quando a lei prescrever ao ato determinada forma, sem cominar
nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Princípio da impugnação especificada: art. 302 do CPC.
Princípio da estabilidade da lide: art. 41 do CPC – pedido realizado não pode modificar a demanda.
Princípio da eventualidade: art. 300 CPC
Princípio da preclusão: andar para a frente
Preclusão consumativa: própria prática do ato processual
Preclusão temporal: prazo legal
Preclusão lógica: perda da prática de um ato, por estar em contradição com atos anteriores. Ex:
exceção de incompetência
Preclusão ordinatória: é a perda da possibilidade de praticar o ato (ou exercer faculdade). Ex:
embargos do devedor
Preclusão máxima: coisa julgada.
Preclusão pro judicato: art. 836 da CLT – veda ao juiz conhecer de questões já decididas.

Princípio da economia processual

Princípio da perpetuatio jurisdictionis: art. 87 do CPC – princípio da perpetuação da jurisdição.

Princípio do Ônus da prova

Princípio da oralidade

Princípio da imediatidade ou da imediação: partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz, podendo
ser reinquiridas por seu intermédio a requerimento das partes.

Princípio da identidade física do juiz: art. 132 do CPC Súmula 136 do TST
Princípio da concentração:
Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias:

Princípio da lealdade processual

6. Princípios peculiares do direito processual do trabalho


Princípio da proteção: lei
Princípio da finalidade social: quebra do princípio da isonomia entre as partes. Juiz
Princípio da busca da verdade real
Princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material
Princípio da conciliação
Princípio da normatização coletiva
Outros princípios: simplicidade, despersonalização do empregador ou desconsideração da
personalidade jurídica do empregador.

7. Posição enciclopédica do direito processual do trabalho


Direito Público

7. Autonomia:

Monistas: Valentin Carrion

Dualistas: Amauri Mascaro Nascimento, Sérgio Pinto Martins, Mozart Victor Russomano, Humberto
Theodoro Junior, Jose Augusto Rodrigues Pinto, Wagner D. Giglio e Coqueijo Costa.

8. Conceito do direito processual do trabalho: ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema
de normas, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação
justa dos conflitos individuais, coletivos e difusos decorrentes direta ou indiretamente das
relações de empregado e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que
compõem a Justiça do Trabalho.

9. Hermenêutica do direito processual do trabalho

9.1. Interpretação: cuida da determinação do sentido da lei. Colocar a regra objetiva aos casos
concretos.
Gramatical ou literal: alcance das palavras encerradas no texto da lei.
Lógica: (mens legis): conexão entre vários textos a serem interpretados. Ex: preclusão
Histórica: análise do pensamento do legislador da época e sua exposição de motivos.
Sistemática: análise do sistema no qual está inserido, comparação de vários dispositivos.
Teleológica ou finalística: em valoração com o fim objetivado pelo legislador para se constatar que o
legislador pretende dizer (leis diversas). Interpretação conforme a Constituição: Canotilho

10. Integração: art. 8º. Da CLT – ACESSO EFETIVO A JUSTIÇA – PROCESSO SINCRÉTICO – Art
5º. LXXVIII da CF
O intérprete fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma jurídica por meio da utilização de
técnicas jurídicas (analogia – regra semelhante para certo caso, equidade (art. 852-I, § 1º e 766 da CLT),
princípios gerais do direito, direito comparado).

10.1. As recentes reformar do CPC e as lacunas ontológicas axiológicas: necessidade de heterointegração


do sistema processual não-penal brasileiro
Art. 769 da CLT – existência de lacuna no sistema processual trabalhista e compatibilidade da norma a
ser transplantada com os seus princípio peculiares.
a) Lacuna normativa: ausência de norma sobre determinado caso
b) Ontológica: existe a norma mais não corresponde aos fatos sociais (astreintes, antecipação de tutela)
c) Axiológica: há ausência de norma justa ou torna-se insatisfatória (intimação do advogado em lugar de
citação do devedor.
Ex: acesso a justiça metaindividual: Lei 7347/1985 e 7078/1990, Súmula 303 do TST

10.2. Aplicação: adaptação dos preceitos normativos às situações de fato, ou seja, é a subsunção de um
fato à lei.

10.3. Eficácia: aplicação ou a execução da norma jurídica


a. Eficácia social da norma jurídica: cumprimento espontâneo do destinatário.
b. Eficácia jurídica: normas constitucionais de eficácia plena e de aplicabilidade imediata, normas
constitucionais de eficácia contida e de aplicabilidade imediata, normas constitucionais de eficácia
limitada e de inaplicabilidade imediata.

c. Eficácia da norma processual trabalhista no tempo e o problema da eficácia da EC 45/2004 : entrada


da lei em vigor.
Direcionada por dois princípios o da irretroatividade das normas processuais.
A nova regra não pode prejudicar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido.
Súmula 10 STJ
A alteração superveniente de competência, mesmo que determinada por regra constitucional, não atinge a
validade de sentença anteriormente proferida.

E do princípio do efeito imediato – art. 912 da CLT


Terão aplicação imediata as relações processuais iniciadas não cobertas pela coisa julgada.

Art 1º. Da Lei de Introdução do Código Civil – ausente disposição expressa começa a vigorar quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada, nos países estrangeiros três meses depois de oficialmente
publicada.
Normalmente entram a partir da data da publicação da lei com eficácia imediata.
Art. 912 da CLT e 1211 do CPC.
Lei 9957/2000

d. Eficácia no espaço: território em que vai ser aplicada a norma.


Art. 1º. Do CPC (território nacional)
Execução de sentença estrangeira depende de homologação pelo STJ (art. 105, i, da Constituição). Feita
por ato monocrático do presidente do STJ. Juízo de delibação.

11. Métodos de Solução de conflitos trabalhistas.

11.1. Autodefesa: as próprias partes procedem à defesa de seus interesses.Ex: greve e lock-out.
(imposição)

11.2. Autocomposição:
Unilateral: renúncia de uma das partes a sua pretensão.
Bilateral: transação. Cada uma das partes faz concessões recíprocas ao que se denomina de transação. Ex:
acordos e convenções coletivas
Conciliação pode ser judicial e extrajudicial e é um terceiro que aproxima as partes para uma negociação.
No Brasil é obrigatória: art. 764, 846 e 850 da CLT.
a) Mediação: um terceiro vem solucionar o conflito propondo solução às partes a seu pedido. É um
intermediário sem poder de coação.
Art. 616, § 1º da CLT dispõe que o Delegado Regional do Trabalho pode ser mediador dos conflitos
coletivos
Portaria 3097 de 17/05/1988 estabelece as regras para a mediação exercida pelos delegados regionais do
trabalho que poderão delegá-la a servidores do Ministério do Trabalho mesmo no curso das negociações,
as partes requisitam a mediação indicando a pauta a ser discutida, designada a data com a notificação
postal os representantes legais poderão participar. Deflagrada a greve a convocação será feita de ofício.
Lei 10.101 prevê mediação para solucionar conflitos relativos à participação nos lucros (art. 4º, I)
Lei 10192 prevê mediação para solucionar conflitos coletivos do trabalho (art. 11)
Decreto 1572/1995 estabeleceu regras sobre a mediação na negociação coletiva de natureza trabalhista.
Escolhido pelas partes ou designado pelo Ministério do Trabalho.
O mediador pode ser uma pessoa cadastrada no Ministério do Trabalho com validade de três anos e
comprovação de experiência profissional e técnica.
O prazo é de 30 (trinta) dias para a conclusão do processo de negociação.
Lavrar-se-á termo contendo: causas motivadoras do conflito e as reinvindicações de natureza econômica.
Portaria 817 de 30/8/1995: procedimentos (pauta de reivindicações, rodada de negociação direta, laudo
sobre os efeitos e conseqüências do conflito, propostas ou recomendações)
Portaria 818 do Ministro do Trabalho: credenciamento do mediador

b) Comissão de Conciliação Prévia


Art. 625-A a 625-H da CLT

a) Constituição: art. 625-A


empresa: vale para seus empregados
grupo de empresas (empregados e empresas)
sindical (no sindicato e empresas interessadas.
Intersindical (sindicato dos trabalhadores e sindicato dos empregadores)
Núcleos de Conciliação Intersindical (sindicatos pertencentes a categorias diversas)

b) Composição: art. 625 B


Paritária (representante de empregados e representante de empregadores)
Dois a dez membros
O empregador designa o seu representante e suplente não precisa ser do quadro de funcionários e os
empregados elegem o seu representante e suplente que obrigatoriamente tem registro em carteira.
Período de mandato: um ano permitida uma recondução, máximo dois anos.
A comissão no âmbito do sindicato tem sua constituição e suas normas de funcionamento definidas em
convenção ou acordo coletivo (art. 625-C da CLT).

c) Condição da ação: 625-D


Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à comissão de conciliação prévia, caso essa
tenha sido criada na empresa ou em negociação coletiva com o sindicato.
Na há inconstitucionalidade por ser uma condição da ação: art. 267 VI do CPC (possibilidade jurídica do
pedido, legitimidade da parte e interesse processual)
Ex: art. 114, § 2 da CF/88 e 616 da CLT, art. 5º. XXXV da CF)

d) Procedimentos: formulado por escrito ou reduzido a termo por qualquer dos membros da comissão (art.
625-D, § 1º da CLT).
Infrutífera: declaração com a descrição de seu objeto (art. 625-D, § 2º da CLT)
Motivo relevante: art. 625-D, § 3º da CLT
Comissão de empresa e comissão sindical: art. 625-D, § 4º da CLT
Prazo para a realização da sessão: 10 dias (625-F da CLT)
Aceita a conciliação ser lavrado termo assinado pelas pessoas envolvidas e fornecida cópia às partes.
Título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral (art. 625-E e 876 da CLT)

e. Eficácia liberatória: art. 625-E da CLT


A quitação envolve apenas as parcelas e os valores pagos e não os títulos. Se não houve o pagamento
integral, o empregado poderá reclamar eventuais diferenças ou até mesmo verbas que não foram pagas e
que, portanto, não foram quitadas.
Cautela em relação a aposição de quitação do contrato de trabalho, salvo se assim for expressamente
indicado.
Exceção: exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
A transação interpreta-se restritivamente (art. 843 do Código Civil) assim como os negócios jurídicos
benéficos interpretam-se estritamente (art. 114 CC) quita-se apenas o que foi pago.

f. Prazo prescricional: art. 625-G


Suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia
Conta o tempo anterior já transcorrido.

11.3. Heterocomposição
Consiste na solução de conflito trabalhista por um terceiro que decide com força obrigatória sobre os
litigantes, que, assim, são submetidos à decisão.
Ex: arbitragem e jurisdição.

Lei 9307/1996, 7783/88, 8630/93, 10101/2000.

11.3.1.Arbitragem: direitos patrimoniais disponíveis


Art. 872 da CLT – ação de cumprimento e não ação de execução.

a. Conceito: “ a arbitragem é uma forma de solução de conflitos, feita por um terceiro estranho à relação
das partes ou por um órgão, que é escolhido por elas, impondo a solução do litígio. É uma forma
voluntária de terminar o conflitos, o que importa em dizer que não é obrigatória.” Sérgio Pinto Martins

Pessoa- árbitro
Decisão – sentença arbitral
Claúsula compromissória é a convenção por meio da qual as partes em um contrato comprometem-se a
submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir relativamente a tal contrato (art. 4º. da Lei
9307/96)
Compromisso arbitral é a convenção por meio da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma
ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial (art. 9º. Da Lei 9307).

b.Natureza Jurídica
Natureza de justiça privada (A sentença arbitral é ato decorrente do compromisso)
Heterocomposição, jurisdição contenciosa.
Natureza jurídica mista: contratual e jurisdicional

Compromisso: cláusula compromissória (conflito eventual ou futuro) o compromisso diz respeito à


solução por meio da arbitragem de um litígio atual.

c.Admissibilidade:
O acesso aos tribunais não são excluídos (art. 5º. XXXV da CF) muito menos é obrigatório (art. 5º LV).
Há um controle em relação à forma e estrutura da sentença arbitral (art. 33 da Lei 9307).
Arbitragem para a solução de conflitos coletivos trabalhistas (art. 114, parágrafo primeiro e segundo) que
tem natureza constitutiva ou declaratória e nos direitos patrimoniais disponíveis (art. 1º. da Lei 9307)
A Lei 9307 é aplicada por força do art. 769 da CLT.
Lei 8630/1993 para trabalhador avulso deve constituir comissão paritária no âmbito do órgão gestor de
mão-de-obra para a solução de litígios do trabalhador avulso.
Lei 7839 em seu art. 3º dispõe sobre a sentença arbitral.
Lei 10101/2000 prevê arbitragem de ofertas finais para solucionar os conflitos relativos à participação nos
lucros ou resultados.
Lei complementar 75, art, 83, XI permite ao Ministério Público do Trabalho atuar como árbitro.

d. Vantagens e desvantagens: rapidez e segredo, custas (desvantagens)

e. Procedimentos: o árbitro deve ser capaz de respeitar os princípios do contraditório, igualdade das
partes, imparcialidade e do livre convencimento. A decisão expressa deve ser apresentada em seis meses,
com estrutura (relatório, fundamentação da decisão, dispositivos, data e lugar em que foi proferida).
A sentença poderá ser nula no prazo de 90 (noventa) dias quando apontadas nos arts. 32 a 33, caput, e seu
parágrafo primeiro e segundo da Lei 9307/1996.
A sentença arbitral caso não ocorra seu cumprimento tem valor de título executivo judicial (art. 584, VI
do CPC).
Já na Justiça do trabalho prevalece o art. 876 da CLT o que impe a sua execução, não há omissão.
A sentença arbitral estrangeira para ser executada está sujeita unicamente à homologação do Superior
Tribunal de Justiça.

f. Jurisdição
Solução de conflitos por meio de intervenção estatal através do processo judicial, os dissídios individuais
são interpostos pelas Varas do Trabalho já os dissídios coletivos são ajuizados nos Tribunais superiores.

12. História e evolução do processo do trabalho

12.1. Em alguns países

Vinculada a métodos de solução de conflitos trabalhistas.


TRABALHO – MALDIÇÃO OU BENÇÃO
Revolução industrial: conflito de interesses (greves, boicotes)
Intervenção estatal inexistente – conciliação obrigatória – mediação obrigatória – árbitro

A) As primeiras normas processuais foram inspiradas na França: 1426 até 1776 - Conselho dos Homens
Prudentes (1806) – funções extrajudiciais e posteriormente funções judiciais. SISTEMA PARITÁRIO
Fabricantes da seda e comerciantes e industriais e seus operários.
1803 – Código Municipal e de polícia – conflitos entre industriais e operários eram resolvidos pela
polícia.
18.3.1806 – Conselhos de Prud’hommes – até sessenta francos
Participavam cinco negociantes-fabricantes e quatro chefes de oficinas a partir de 28-5-1848 os
trabalhadores passaram a fazer parte integrante dos Conselhos através de sufrágio universal.
1880 – Presidente e vice-presidente passam a ser eleitos pelo próprio conselho.
1907- admissão de mulheres
Determinadas pela atividade principal do empregador (indústria, comércio, agricultura).
O conselho é renovado a cada três anos pela metade e não há remuneração
Matérias: conflitos individuais decorrentes do contrato de trabalho
Procedimento: Bureaus de conciliação preside audiência de conciliação – frustrada segue para o Bureau
de julgement produção de provas – sentença votada na hora pelos participantes se houver empate na
decisão designa-se o juiz de carreira. Recurso de oposição se a causa for maior que um valor (13.000
francos) apela-se para a Câmara Social da Corte de Apelação – Recurso extraordinário para a corte de
cassação.
Na ausência do Conselho de Prud’homme há o tribunal de Instância. Não tem poder para executar seus
julgados
Dissídios coletivos – conciliação obrigatória em sua ausência arbitragem por terceiro escolhido e na falta
o ministro.

Das sentenças arbitrais cabe recurso a Corte Superior de Arbitragem

1.1. B) Itália
1878- Conselhos de probiviu inicialmente para o setor econômico da sede e posteriormente em 1893 em
outras categorias possuía um presidente e um vice, nomeado pelo Ministro da Agricultura, da Indústria ou
do Comércio com dois representantes para a conciliação e o tribunal possuía 04 (quatro) membros além
do Presidente e vice-presidente. O recurso era cabível para o juiz de paz da cidade e outro para a Corte de
Cassação.

1925 a 1928 – surge a magistratura do trabalho (órgão jurisdicional estatal) com poder normativo para
dirimir controvérsias trabalhistas quer individual que coletiva.
Dissídios coletivos: uma turma especial do tribunal de apelação, três membros assistidos por dois peritos.
Dissídios individuais: Tribunal com assistência de dois cidadãos peritos.

1928 – MAGISTRAURA ESPECIAL DO TRABALHO ABOLIDA PASSA PARA A ORDINÁRIA


Atualmente: dissídios individuais julgados por juízes togados, dissídios coletivos: greves, convenções
coletivas, arbitragem e mediação.
1º. Grau: Juiz
2º. Grau: Tribunal Comum de apelação
3. Grau: Corte “di Cassazione”
4º. Grau: Tribunal Constitucional

C) Espanha
1908 – Tribunais industriais (01 juiz de carreira, 01 presidente, seis jurados) – extinto em 1912
Comitês Paritários – questões individuais e coletivas entre patrões e operários extintos em 1931
1931 – Juizados Mistos – um presidente, um secretário e representante dos empregados e empregadores
extinto em 1935.
1940 - Justiça do Trabalho
1966 e 1973 – Juntas de conciliação sindical – órgão administrativo (obrigatório)
Magistratura do Trabalho – primeira instância e na falta juízes municipais.
Tribunal Central do Trabalho – segunda instância
Tribunal Supremo – última instância
Competência: dissídios individuais e coletivos quando remetidos pelo Poder Executivo julga acidente do
trabalho e previdência social.

1979 – Instituto de Mediação, arbitragem e conciliação

D) Alemanha possui o Código de Processo Civil


1808 surgem os tribunais industriais com a competência de resolver conflitos individuais e coletivos
ampliado em 1904 para o Comércio.
Autoridade administrativa nomeia um presidente e um vice-presidente.
As partes poderiam ser representadas por qualquer pessoa.
Lei 10-4-1934 – Arbitragem estatal
Tribunal de trabalho de primeira instância – Tribunais de Trabalho de apelação – Tribunais de Trabalho
do Reich
O processo passa pela fase da tentativa de conciliação – instrução com a sentença em audiência – recurso
no Tribunal de Apelação e se o valor é alto Tribunal do trabalho do Reich
Composição atual: Tribunais do Trabalho (estaduais) – Tribunais Regionais do Trabalho (estaduais) e
Tribunal Federal do Trabalho e Superior Tribunal Constitucional (não é órgão colegiado)
Estrutura: Câmaras (juiz de carreira e membros classistas)
Dissídios coletivos (o presidente da câmara mais quatro juízes classistas)

12.2. No Brasil
1ª. FASE: FEIÇÃO ADMINISTRATIVA
a) Feição administrativa na solução de conflitos
1907 – Conselhos Permanentes de Conciliação e arbitragem

b) Feição regional jurisdicional na solução de conflitos


1922 – Tribunais Rurais em São Paulo

c) Feição nacional jurisdicional na solução de conflitos


1932 – Juntas de Conciliação e Julgamento para resolução de dissídios individuais.
Competência: poder de conhecer e julgar os dissídios mas não podia executar (Justiça Comum).
1932 – órgão executivo – Comissões Mistas de Conciliação: conflitos coletivos (01 presidente), 01 (um)
representante do empregado e empregadores
Primeira reunião – quarenta e oito horas da comunicação do dissídio para conciliação
Segunda reunião – três dias depois – nova proposta conciliatória
Laudo pericial – cinco dias – processo remetido ao Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio para
proferir a solução.
1933 – Jurisdição administrativa relativa a férias

2ª. FASE PERÍODO DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO: 1934 a 1937 ÓRGÃO NÃO INTEGRANTE


DO PODER JUDICIÁRIO
1934 – Conselho Nacional de Trabalho – competência do tribunal arbitral prolatando decisões
irrecorríveis em dissídios coletivos e de último grau de jurisdição para os empregados estáveis ou
questões atinentes à previdência social.
1937 – Defesa da decisão das Juntas, restrita a nulidades, prescrição ou pagamento da dívida (Decreto-lei
39)

Órgãos que decidiam questões trabalhistas

Decreto-lei 1237 de 02/05/1939 – órgão autônomo

Primeira instância:
Juntas de Conciliação e Julgamento ou Juízes de Direito

Segunda instância:
Conselhos Regionais do Trabalho: Justiça do Trabalho
Previdência Social

Julgar os recursos e originariamente os dissídios coletivos

Terceira instância:
Conselho Nacional do Trabalho

Procuradoria de Justiça do Trabalho (Conselho Nacional do Trabalho)

Instalação: 01 de maio de 1941

3ª FASE RECONHECIMENTO DA JUSTIÇA DO TRABALHO COM ÓRGÃO INTEGRANTE DO


PODER JUDICIÁRIO
Decreto-lei nº 9797 de 09/09/1946 – juízes togados trabalhistas garantias à magistratura.

RECEPCIONADA PELA CF/1946 – art. 94, V .


Pertencem ao Poder Judiciário da União os tribunais e juízes do trabalho
Juntas de Conciliação e Julgamento
Tribunais Regionais do Trabalho (1/3 dos classistas)
Tribunal Superior do Trabalho – irrecorrível salvo matéria constitucional –
06 (seis) classistas e 10 (dez) na CF/1988

Decreto 779/1969 – normas processuais trabalhistas


Lei 5584/1970

4ª. FASE CONTEMPORÂNEA


Emenda Constitucional nº 24 de 09/12/1999 – extinguiu-se a representação classista e a nova
denominação é Vara do Trabalho

Lei 9957/2000 – procedimento sumaríssimo

Lei 9958/2000 – Comissões de Conciliação Prévia

Emenda Constitucional 45/2004 – competência

13. Relações transdisciplinares do direito processual do trabalho


1. Direitos Humanos: instrumento de proteção e de realização dos direitos da pessoa humana que trabalha.
2. Direito Processual: art. 769 e 889 da CLT, ação, defesa, processo, jurisdição.
3. Direito constitucional: arts. 111 a 116 da CLT.
4. Direito do trabalho: instrumento que vai assegurar a concretização e a efetivação das normas do direito
do trabalho.
5. Direito civil: fonte subsidiária do direito do trabalho: pessoas naturais e jurídicas, capacidade civil,
conceito de parentesco para ser testemunha, art. 8º da CLT.
6. Direito das relações de consumo: título III do CDC – ações civis públicas e coletivas
7. Direito administrativo: organização da própria Justiça do Trabalho e do regime jurídico de seus
servidores.
8. Direito penal: justa causa para a despedida do empregado (ilícito penal), falso testemunho, coação no
curso do processo
9. Direito tributário: Lei 6830/1980 e art. 889 da CLT (execuções fiscais), as custas são taxas, verbas
trabalhistas preferem crédito tributário (art. 186 da CTN) Súmula 368 do TST.
10. Direito previdenciário: art, 114, VIII da CF.

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