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METODOLOGIAS DA
LÍNGUA PORTUGUESA
Roberta Spessato
Letramento como
prática social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Letramento e alfabetização, embora mantenham uma relação bastante
íntima, são dois conceitos distintos. Enquanto o letramento é complexo
e abrangente, a alfabetização representa um processo mais mecânico.
Neste capítulo, inicialmente, você vai conhecer a história dos estudos
sobre letramento. Em seguida, vai ver como o conceito de letramento é
utilizado em diferentes áreas. Por fim, vai verificar quais são as distinções
entre letramento e alfabetização.
como um todo organizado de maneira muito diversa daquela que a escola lhes
mostra. No fundo, as cartilhas deixam de lado toda a trama da linguagem,
ficando apenas com o que há de mais superficial (CAGLIARI, 1999, p. 82).
alguém que saiba escrever ou ler qualquer palavra sem a noção do seu signi-
ficado não é um ser crítico. De acordo com a autora, “O indivíduo letrado,
o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler
e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a
leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e
de escrita” (SOARES, 2004, p. 40).
Nesse contexto, surgiram discussões e reflexões teórico-metodológicas
acerca do conceito de letramento. A distinção entre letramento e alfabetiza-
ção começou a ser estudada e enaltecida, pois a noção de que a leitura é a
principal ferramenta para a criticidade social passou a fazer parte do sistema
educacional brasileiro.
Mendonça (2011), baseando-se em Araújo (1996), divide a história da
alfabetização em três períodos, que você pode relacionar com tudo o que já
leu até aqui. Veja a seguir.
3 Letramento e alfabetização
A leitura sempre é feita no sentido de decodificar e compreender um texto,
certo? Dessa forma, o ato de ler ultrapassa as letras e a escrita, porque um
texto, além de manifestar-se de maneira oral ou escrita, pode ser verbal, não
verbal ou misto. Ou seja, um texto é, simplesmente, a concretização de uma
mensagem.
Para que qualquer ato comunicativo atinja o seu objetivo, é necessária uma
leitura textual. A leitura não obtém sucesso se a sintonia entre os interlocutores
não for estabelecida, já que o ato da leitura prevê que um autor/enunciador, ao
falar/escrever, constrói seu discurso em função de um ouvinte/leitor.
Portanto, a leitura representa uma atividade dialógica interacional depen-
dente de um contexto social. De acordo com Bakhtin (2003, p. 323), “[...] as
relações dialógicas são relações (semânticas) entre toda espécie de enuncia-
dos na comunicação discursiva. Dois enunciados, quaisquer que sejam, se
confrontados em um plano de sentido, acabam em relação dialógica”. Desse
modo, o ato de ler não simboliza somente a decodificação de palavras, mas a
assimilação do sentido e do valor que essas palavras carregam num contexto
social e comunicativo.
Por meio da leitura, as pessoas desenvolvem a sua capacidade reflexiva
em distintas esferas sociais. No entanto, saber decodificar signos linguísticos
ou sentenças não assegura que a pessoa seja letrada, apenas atesta que ela é
alfabetizada. O ato de ler não é diretamente proporcional ao ato de decodificar,
já que representa um movimento que proporciona a compreensão do indivíduo
como elemento principal da sua existência numa determinada situação. Na
visão de Freire (2009, p. 11), o ato de ler “[...] não se esgota na decodificação
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[...] poder transitar com eficiência e sem temor numa intrincada trama de
práticas sociais ligadas à escrita. Ou seja, trata-se de produzir textos nos
suportes que a cultura define como adequados para as diferentes práticas,
interpretar textos de variados graus de dificuldade em virtude de propósitos
igualmente variados, buscar e obter diversos tipos de dados em papel ou tela
e também, não se pode esquecer, apreciar a beleza e a inteligência de um
certo modo de composição, de um certo ordenamento peculiar das palavras
que encerra a beleza da obra literária.
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Leituras recomendadas
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Le-
tramento científico. Brasília, DF, 2010. Disponível em: http://download.inep.gov.br/
download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf. Acesso em: 26 fev. 2020.
SOARES, M. B. Alfabetização e letramento. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
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