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PI 1 - JURÍDICA

Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação


 A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica tem seu início no reconhecimento
da profissão, na década de 1960 – com trabalhos voluntários.
 Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, enfocando estudos acerca de adultos criminosos e
adolescentes infratores da lei. Contudo, foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº
7.210/84) Brasil (1984), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária.
 Inicialmente, a Psicologia era identificada como uma prática voltada para a realização de exames e avaliações,
buscando identificações por meio de diagnósticos. Essa época, marcada pela inauguração do uso dos testes
psicológicos, fez com que o psicólogo fosse visto como um testólogo, como na verdade o foi na primeira metade
do século XX.
 Estudos acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias
simuladas e os testemunhos de crianças impulsionaram a ascensão da então denominada Psicologia do
Testemunho.
 SP – Tribunal de justiça – trabalhos voluntários – 1979; 1º concurso público – 1985.
 Ainda dentro do Direito Civil, destaca-se o Direito da Infância e Juventude, área em que o psicólogo iniciou sua
atuação no então denominado Juizado de Menores. Apesar das particularidades de cada estado brasileiro, a
tarefa dos setores de psicologia era, basicamente, a perícia psicológica nos processos cíveis, de crime e,
eventualmente, nos processos de adoção. Com a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Brasil (1990), em 1990, o Juizado de Menores passou a ser denominado Juizado da Infância e Juventude. O
trabalho do psicólogo foi ampliado, envolvendo atividades na área pericial, acompanhamentos e aplicação das
medidas de proteção ou medidas socioeducativas.
 A criação do Núcleo de Atendimento à Família (NAF), em outubro de 1997, implantado no Foro Central de Porto
Alegre e pioneiro na justiça brasileira. O trabalho objetiva oferecer a casais e famílias com dificuldades de
resolver seus conflitos um espaço terapêutico que os auxilie a assumir o controle sobre suas vidas, colaborando,
assim, para a celeridade do Sistema Judiciário.
 Para que adequar a ECA fez-se necessário o reordenamento institucional em todo Brasil. A FEBEM mesclava
crianças e adolescentes vítimas de violência, maus tratos, negligência, abuso sexual e abandono com jovens
autores de atos infracionais.
 Pela Lei 11.800/02 foram criadas duas fundações: a Fundação de Atendimento Socioeducativo (FASE),
responsável pela execução das medidas socioeducativas, e a Fundação de Proteção Especial (FPE), responsável
pela execução das medidas de proteção.
 Área acadêmica: Universidade do RJ, em 1980, psicodiagnóstico para fins jurídicos.

PRINCIPAIS CAMPOS DE ATUAÇÃO


 Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios,
pressupondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados.
Cabe ressaltar que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode recomendar soluções para os conflitos
apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a
decisão judicial.
 As principais áreas de interface entre Psicologia e Direito discutidas são: Direito da Família, Direito da Criança e
Adolescente, Direito Cível, Direito Penal e Direito do Trabalho.

Psicólogo jurídico e o direito de família:


 Destaca- -se a participação dos psicólogos nos processos de separação e divórcio, disputa de guarda e
regulamentação de visitas.
 Separação e divórcio: os processos de separação e divórcio que envolvem a participação do psicólogo são na
sua maioria litigiosos, ou seja, são processos em que as partes não conseguiram acordar em relação às questões
que um processo desse cunho envolve. Romper com o vínculo afetivo-emocional.
 Regulamentação de visitas: em separações, o psicólogo jurídico contribui por meio de avaliações com a família,
objetivando esclarecer os conflitos e informar ao juiz a dinâmica presente nesta família, com sugestões das
medidas que poderiam ser tomadas. O psicólogo pode atuar como mediador.
 Disputa de guarda: nos processos de separação ou divórcio é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a
guarda dos filhos. Nesse caso, o juiz pode solicitar a perícia psicológica para avaliar qual dos genitores tem
melhores condições de exercer esse direito.
Psicólogo jurídico e o direito da criança e do adolescente:
 Destaca-se o trabalho dos psicólogos junto aos processos de adoção e destituição de poder familiar e também o
desenvolvimento e aplicação de medidas socioeducativas dos adolescentes autores de ato infracional.
 Adoção: os psicólogos participam do processo de adoção por meio de uma assessoria constante para as famílias
adotivas, tanto antes como depois.
 Destituição do poder familiar: o poder familiar é um direito concedido a ambos os pais, sem nenhuma distinção
ou preferência. A partir desta determinação judicial, os pais perdem todos os direitos sobre o filho, que poderá
ficar sob a tutela de uma família até a maioridade civil. O papel do psicólogo nesses casos é fundamental, pois
afeta a vida futura. Possíveis causas de remoção: doença, negligencia, abandono, maus-tratos, abuso sexual,
ineficiência ou morte dos pais.
 Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê medidas
socioeducativas que comportam aspectos de natureza coercitiva. Os psicólogos que desenvolvem seu trabalho
junto aos adolescentes infratores devem lhes propiciar a superação de sua condição de exclusão, bem como a
formação de valores positivos de participação na vida social.

Psicólogo jurídico e o direito civil:


 O psicólogo atua nos processos em que são requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também
nos casos de interdição judicial.
 Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a sequela, na esfera emocional ou psicológica de um
fato particular traumatizante.
 Interdição: a interdição refere-se à incapacidade de exercício por si mesmo dos atos da vida civil.

Psicólogo jurídico e o direito penal:


 O psicólogo pode ser solicitado a atuar como perito para averiguação de periculosidade, das condições de
discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento.
 A criação da Lei de Execução Penal (LEP), em 1984, foi um marco no trabalho dos psicólogos no sistema
prisional, pois a partir dela o cargo de psicólogo passou a existir oficialmente.
 Junto aos doentes mentais que cometeram algum delito.
 Realização de pericias oficiais na área criminal e pelo atendimento psiquiátrico à rede penitenciária.

Psicólogo jurídico e o direito do trabalho:


 O psicólogo pode atuar como perito em processos trabalhistas.
 A perícia a ser realizada nesses casos serve como uma vistoria para avaliar o nexo entre as condições de
trabalho e a repercussão na saúde mental do indivíduo.
 Cabe ao psicólogo a elaboração de um laudo, no qual irá traduzir, com suas habilidades e conhecimento, a
natureza dos processos psicológicos sob investigação.

OUTROS CAMPOS DE ATUAÇÃO


 Vitimologia: objetiva a avaliação do comportamento e da personalidade da vítima. Cabe ao psicólogo atuante
nessa área traçar o perfil e compreender as reações das vítimas perante a infração penal.
 Psicologia do testemunho: os psicólogos podem ser solicitados a avaliar a veracidade dos depoimentos de
testemunhas e suspeitos, de forma a colaborar com os operadores da justiça.
 Depoimento sem Dano, que objetiva proteger psicologicamente crianças e adolescentes vítimas de abusos
sexuais e outras infrações penais que deixam graves sequelas no âmbito da estrutura da personalidade.

DEMANDAS DA P. JUR
 Acompanhamentos, orientações familiares, participações em políticas de cidadania, combate a violência,
participação em audiências, entre outros.

ALIENAÇÃO PARENTAL
CONCEITO:
 A descreve como a desconstituição da figura parental de um dos genitores ante a criança. É uma campanha de
desmoralização, de marginalização do genitor.
 Consiste em uma forma de abuso emocional, geralmente, iniciado após a separação conjugal, no qual um
genitor (o guardião) passa a fazer uma campanha desqualificadora e desmoralizadora do outro genitor, visando
afastar dele a criança e destruir o vínculo afetivo existente entre os dois.
O genitor alienante:
 Exclui o outro genitor da vida dos filhos 
 Interfere nas visitas 
 Ataca a relação entre filho e o outro genitor 
 Denigre a imagem do outro genitor 

A Criança Alienada:
 Apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado e sua família. 
 Se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor. 
 Guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou
inverossímeis com a realidade. 

SÍNDROME DA ALIENCAÇÃO PARENTAL


 A alienação pode persistir por anos, gerando severas sequelas de ordem psíquica e comportamental,
geralmente ocorre à reparação quando o filho se torna consciente, após certo desligamento desse pai guardião
 Como a Alienação Parental, geralmente sucede-se dentro do âmbito familiar, com seus efeitos devastadores a
todos envolvidos principalmente aos infantes, aqueles que deveriam estar protegidos nesse momento de
conflito, no caso objeto em discussão, o restabelecimento da guarda, inicia-se uma dinâmica para denegrir a
imagem, a personalidade do outro genitor, fazendo com que a criança passe a odiá-lo, querendo a sua distância,
muitas vezes podendo agravar-se até a Síndrome de Alienação Parental.
 A Alienação Parental é um processo que consiste em programar uma criança para que odeie um de seus
genitores sem justificativa. Quando a síndrome está presente a criança dá a sua própria contribuição na
campanha para desmoralizar o genitor alienado.

Crianças Vítimas de SAP são mais propensas a:


 Apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico. 
 Utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação. 
 Cometer suicídio. 
 Apresentar baixa autoestima. 
 Não conseguir uma relação estável, quando adultas. 
 Possuir problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado. 

REALIDADE PSÍQUICA
 Elaborada pelo indivíduo a partir dos conteúdos armazenados na mente.
 É a sua verdade, a sua realidade.

FUNÇÕES MENTAIS SUPERIORES


 Constituem uma espécie de programação por meio da qual os indivíduos desenvolvem imagens mentais
de si mesmos e do mundo que os rodeia, interpretam os estímulos que recebem, elaboram a realidade
psíquica e emitem comportamentos.
 O cérebro é o palco da FMS.
 FMS: sensações, percepções, atenção, memoria, pensamento, linguagem e a emoção (que afeta/controla
todas).

SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO
 Pode-se pensar na sensação como a operação por meio da qual as informações relativas a fenômenos do
mundo exterior ou ao estudo do organismo chegam ao cérebro.
 A percepção realiza a interpretação da imagem mental resultante da sensação.
 Características da sensação: decorrentes de mínimas transformações fisiológicas em seus interlocutores;
tem limiar inferior e superior; informações em excesso deixam de ser registradas; o estado emocional afeta
a sensação; o álcool altera a interpretação dela; o estresse aumenta a sensibilidade.
 A sensação dependo do estimulo e da capacidade de captá-lo;
 A percepção depende dos acontecimentos anteriores que envolveram o estimulo e que afetam a
interpretação da sensação.
 Fatores que afetam a percepção: captura visual, características particulares do estimulo, experiências
anteriores com estímulos iguais, conhecimentos do indivíduo, crenças e valores, emoções ou expectativas
envolvendo o estimulo, a situação que a percepção acontece.
 Fenômenos da percepção: organização perceptiva figura-fundo, ilusões perceptivas (interpretações
errôneas).

ATENÇÃO
 Possibilita selecionar ou descartar alguns estímulos;
 Tudo que modifica a situação chama a atenção;
 A emoção ativa a atenção;
 Fenômenos da falta de atenção: não compreender o que acontece; mecanismo inconsciente de defesa,
concentração em outra atividade.
 Obtenção e permanência da atenção: características do estimulo e fatores internos do indivíduo.

MEMÓRIA
 Faculdade de reproduzir conteúdo inconscientes, é desencadeada por sinais, informações recebidas pelos
sentidos, que despertam a atenção.
 Possibilita reconhecer o estimulo.
 Questões dolorosas tendem a ser esquecidas.
 A vivacidade de uma lembrança não prova que algo realmente aconteceu. A memória é tanto uma
reconstrução quanto uma reprodução, destacando que não se pode ter certeza de que algo é real por
parecer real, as memorias irreais também parecem reais, por causa das imagens mentais (formados
somente por algo que é falado).
 Tem que se levar em conta os conteúdos emocionais da lembrança.
 São particularmente não confiáveis as memorias relativas a períodos anteriores aos 3 anos de idade e
aquelas recuperadas sob hipnose ou influência de drogas.
 As falsas lembranças podem ser induzidas e ocorrem em diferentes situações. (Ex: alienação parental).
 Melhorar memoria: associações e analogias, criação de imagens mentais.

LINGUAGEM E PENSAMENTO
 O homem transforma o outro;
 Possibilita representar o mundo;
 Condiciona o registro dos acontecimentos na memória;
 Influencia e é influenciada pelo pensamento;
 PST: atividade mental associada com o processamento, a compreensão e a comunicação da informação.
 Desenvolvimento do pensamento - fases de Piaget: estágio sensório motor, pré-operacional e operações
formais.
 Operações formais: do concreto para o abstrato; do imaginário para o real; da análise para a síntese; do
emocional para o racional.

EMOÇÃO
 Um complexo estado de sentimentos, com componentes somáticos, psíquicos e comportamentais,
relacionados ao afeto e ao humor.
 Emoções básicas: felicidade, surpresa, raiva, tristeza, medo e repugnância;
 Emoções sociais: simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, ciúme, inveja, gratidão,
admiração, espanto, indignação e desprezo;
 Emoções de fundo: felicidade, tristeza, bem-estar, mal-estar;
 Emoções positivas: prazer;
 Emoções negativas: dor ou desagrado;
 Influenciam TODAS as FMS.
o Modifica a sensação e a percepção;
o Provoca o fenômeno da predisposição perceptiva;
o Ocasiona a atenção;
o Inibe ou estimula a memoria;
o O pensamento é ingrediente da emoção;
o As negativas empobrecem a percepção;
o As positivas predispõe a enfrentar novos desafios;
o Produz seletividade na percepção;
 Manifestações das emoções: medo (função protetora); raiva (motiva crimes); paixão (força interior que
domina o individuo); inveja (relatividade da alegria); alegria (sensação de felicidade);
 Explosão emocional: choro compulsivo, depressão profunda, sinais fisiológicos de ansiedade,
comportamentos agressivos; emoção represada rompe os diques de contenção que o psiquismo estabelece.

SINDROME DE PIRANDELLO
 Assim é, se lhe parece;
 A maneira como percebo;
 A realidade psíquica;
 Os mesmos estímulos; múltiplas atenções, variadas percepções, memorias diversas; cada qual com um
pensamento. O que é a verdade? Aquela que lhe parece...

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