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Prof.

Ricardo Wallace das Chagas Lucas


CBO 2236-05

BASES DA CONSULTA FISIOTERAPÊUTICA GENERALIZADA

1º PASSO - AGENDAMENTO DA CONSULTA:


 As consultas devem ser agendadas para duração de 01 (uma) hora.
 Informe ao cliente que a cobrança será realizada previamente. Deve possuir o valor mínimo de
R$ 64,50 de acordo com a Resolução COFFITO 428/2013 – Referencial Nacional de
Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF):

 De acordo com seu adicional de especialização, ou valores de mercado, você poderá


estipular valor maior para sua consulta.
 Informe a data e a hora disponível para o cliente.
 Dê prazo de 24 horas para o cliente realizar o pagamento da consulta.
 Convém que a cobrança seja feita via meios de pagamento online, com envio para e-mail
do cliente ou botão de pagamento em site do profissional. (Moip, Pagseguro, PayPal, etc.).
 Após confirmação do pagamento faça contato com o cliente, reafirmando a data e o
horário.
 Solicite ao cliente que compareça com os “exames” mais recentes e relevantes e que não
modifique a sua rotina.
2º PASSO – PROCEDIMENTOS INICIAIS:
 Preencha uma Ficha de Identificação do cliente, preferencialmente digitalizada em seu
computador ou em software específico. Deve possuir número de registro do cliente para
início da formação do Prontuário de acordo com a Resolução COFFITO 414/2012.
 A Ficha de identificação deve possuir dados do Local, data (dia, mês, ano), nome e registro
profissional consultor e no mínimo os seguintes dados do cliente:
1. Nome Completo;
2. Data de nascimento;
3. Idade atual;
4. Gênero;
5. Perfil Étnico;
6. Estado Civil;
7. Escolaridade;
8. Profissão/Ocupação (há quanto tempo);
9. Endereço Completo (Rua....Número....Bairro...Cidade...País);
10. Contatos Diretos (e-mails, telefones e redes sociais).

3º PASSO – ENTREVISTA (anamnese)

 Seu prontuário deve conter espaço para Informações Relevantes levantadas pela
entrevista inicial. (Recomendamos a leitura do livro “Métodos de Avaliação Clínica e
Funcional”, de Silvia Maria Amado João).
 A primeira parte da entrevista (anamnese) consiste em fazer perguntas ao cliente sobre
alguns aspectos de sua vida diária como:
1. Qualidade do sono;
2. Alimentação (tipo, quantidade);
3. Habitação (local, tipo);
4. Parâmetros da Atividade Física (“sedentarismo”, atleta, frequência, intensidade);
5. Informação sobre o perfil emocional (estressado, calmo, ansioso)
6. Vícios (álcool, fumo, drogas ilícitas);
7. Condições culturais e escolaridade.
 A segunda parte da entrevista (anamnese) é direcionada para a situação clínica do cliente,
com perguntas direcionadas à especialidade fisioterapêutica:
1. Queixa Principal (QP);
2. HPMA (História Pregressa da Moléstia Atual);
3. HPP (História Patológica Pregressa);
4. HFP (História Fisiológica Pregressa);
5. História Familiar relacionada ao problema;
6. Medicamentos (prescrição) e Dosagem atual e pregressa (prescrito por qual
profissional e desde quando);
7. Diagnósticos e Exames complementares (identificando seus emitentes e datas);
8. Movimentos prejudicados para realizar atividades de lazer/trabalho;
9. Características da dor:
a. Início: súbito ou insidioso;
b. Local principal: Região anatômica;
c. Tipo: queimante, agulhada, latejante, cansada, irradiada;
d. Intensidade Geral da dor pela Escala Visual Analógica (EVA);
10. Sintomas associados à dor ou à disfunções sensoriais:
a. Sente calor, hiperemia, formigamento, edema, peso, cansaço, tontura, dor
de cabeça, enjoo, outros;
b. Caráter: migratório, permanente, progressivo, cíclico;
c. Período: manhã, tarde, noite, indiferente;
d. Fatores agravantes: Frio, calor, atividade física intensa, imobilização,
mobilização, outros.
e. Fatores de Alívio: Repouso, mobilização, frio, calor, gelo, bolsa quente,
banho, outros.
11. Realizou tratamento fisioterapêutico?
a. Onde e com quem?
b. Frequência?
c. Em que período?
d. Tipo de tratamento?
e. Resultado?
4º PASSO - EXAME SUBJETIVO

 Você deve fazer a Inspeção visual direcionada à especialidade fisioterapêutica relacionada


ao exame, identificando fotograficamente imagens relevantes. Caso o rosto do cliente seja
identificado deve adicionar mascaramento do mesmo:
1. Postura Estática Geral: Frente, costas, lateral direita, lateral esquerda...;
2. Postura Estática Segmentar: Observar posturas antálgicas ou posturas irregulares
nos segmentos corporais, devendo no exame objetivo analisar e nominar os
grupamentos musculares potencialmente comprometidos.
3. Ectoscopia segmentar: Descrever cicatrizes, edemas, colorações anormais
(hiperemia, hematomas, palidez) e deformidades, identificando os locais (regiões
anatômicas ou segmentos corporais). Quando possível, no exame objetivo, deve
quantificar as deformidades, além de qualificá-las comparativamente ou de acordo
com referenciais/parâmetros pré-estabelecidos.
4. Padrão Qualitativo da Marcha: Identificar a existência de marchas patológicas ou
marcha claudicante/álgica ou anormal, devendo no exame objetivo correlacioná-la
com os déficits de mobilidade articular ativa, mobilidade articular passiva e força.

5º PASSO – EXAME OBJETIVO

 Seu prontuário deve utilizar um espaço separado para Exame Físico-funcional, realizado
após a entrevista (anamnese).
 Inicie analisando e mensurando sinais vitais e oximetria (se for relevante):
1. Adapte o monitor de frequência cardíaca (relógio com ou sem cinta), e
eventualmente o oxímetro e verifique os valores em repouso deitado, sentado e
de pé;
2. Mensure a frequência respiratória (inspiração e expiração) em cada posição,
juntamente à análise da frequência cardíaca;
3. Mensure a PA (Pressão Arterial) também em cada posição da frequência cardíaca;
4. Mensure a TCC (Temperatura Corporal Central) e a TCP (Temperatura Corporal
Periférica).
 Devem ser registrados/mensurados dados antropométricos:
1. Massa Corporal Total;
2. Estatura;
3. Envergadura;
4. Perímetro da Cervical;
5. Menor Perímetro Toracoabdominal;
6. Perímetro Abdominal;
7. Perímetro de Quadril/Glúteo;
 Determine o DP (Duplo Produto).
 Se houver relevância determine o percentual de gordura, utilizando protocolo ou
equipamento adequado e verifique o tipo físico.
 Deve ser analisada a função Mobilidade Articular Ativa dos complexos articulares
envolvidos, quantificando, qualificando e codificando a incapacidade físico-funcional
presente, de acordo com Resolução COFFITO 370/2009, que se refere a CIF – Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Você deve solicitar ao cliente que
permaneça alguns segundos na amplitude máxima alcançada e pergunte qual o grau de
dor que o mesmo sente nesta posição, de acordo com a EVA. Se o grau de dor for
determinante de grau superior à incapacidade de a mobilidade articular ativa, este grau
será o determinante da incapacidade do movimento analisado.
 Caso seja relevante a análise da mobilidade articular do sistema respiratório
(ventilatório), deve identificar o padrão respiratório predominante (costal ou
diafragmático), registrando a presença de postura patológica característica e registrar o
padrão auscultatório.
 Deve identificar fotograficamente os padrões de movimento que apresentem
incapacidades com percentuais moderados e graves pela CIF, inserindo em espaços
específicos na folha de Exame Físico-funcional.
 Caso seja relevante proceda a análise da função Mobilidade Articular Passiva dos
complexos articulares envolvidos.
 Caso seja relevante proceda a análise da função dos Reflexos Motores dos segmentos
corporais comprometidos.
 Caso o quadro álgico (dor) não se caracterizar como fator comprometedor ao movimento,
você deve analisar a função Força Muscular dos grupamentos musculares dos complexos
articulares envolvidos.
 Caso a função respiratória/ventilatória esteja comprometida, e haja relevância, deve
mensurar a Força Muscular Inspiratória e Expiratória (Manovacuometria), mensurar
volumes e capacidades (espirometria) e PFE (Pico de Fluxo Expiratório).
 Independentemente do método utilizado para aferição dos parâmetros físico-funcionais,
estes devem ser quantificados, qualificados e codificados por equiparação à CIF. Desta
forma é fundamental o conhecimento dos padrões de normalidade referenciados à
função analisada.

6º PASSO – CONCLUSÃO – DIAGNÓSTICO FÍSICO-FUNCIONAL

 Seu prontuário deve utilizar um espaço separado para Diagnóstico Fisioterapêutico,


realizado após o exame objetivo, ou o mesmo pode ser elaborado à parte em pasta
específica.
 O Diagnóstico Fisioterapêutico deve conter o referencial bibliográfico ao qual você se
baseou para emiti-lo.
 No mesmo espaço da elaboração do referido diagnóstico você deve tecer
considerações a respeito do seu Plano de Tratamento e de seu Prognóstico.

CONSIDERAÇÕES

 O Prognóstico deve se basear no seu diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas,


acerca da duração, da evolução e eventual alta fisioterapêutica parcial ou total.
 Normalmente as diversas incapacidades físico-funcionais determinadas na consulta não
evoluem no mesmo tempo para sua resolução. Sendo assim há possibilidade de se
emitir altas parciais, relacionadas às incapacidades que são saneadas 100%. Ou seja, o
cliente pode, por exemplo, receber alta para a função mobilidade articular, mas não
receber ainda para a função força muscular, ou quaisquer outras diagnosticadas.
 Caso o cliente tenha solicitado somente o Diagnóstico Fisioterapêutico, você emitirá o
mesmo em pasta separada para que seja entregue ao cliente. Neste deverá constar as
sugestões terapêuticas gerais.
 Eventualmente é necessário que você solicite pareceres de outros profissionais, ou
solicite exames que não estão disponíveis no seu espaço e que sejam relevantes. Nesta
situação a consulta deve ser interrompida e concluída quando o cliente retornar com
os exames solicitados ou os pareceres dos profissionais. Caso o objetivo do cliente não
seja tratar com você, poderá concluir a consulta sem os pareceres de outros
profissionais, reforçando na conclusão que convém que os mesmos sejam
providenciados antes de iniciar tratamento fisioterapêutico.
 A CIF é a norteadora de sua consulta fisioterapêutica, marcadamente para o Capítulo 7-
Funções Neuromusculoesqueléticas e relacionadas com o movimento, e para o
Capítulo 7- Estruturas relacionadas com o movimento. Mas, qualquer capítulo da CIF
que possua funções que possam interferir com o diagnóstico do movimento, deve ser
utilizado. Como exemplo citamos o Capítulo 2 - Funções Sensoriais e Dor, que possui
muita relação com o movimento.
 Funções comuns da CIF utilizadas em consultas fisioterapêuticas:
1. b710 Funções da mobilidade das articulações
2. b730 Funções da força muscular
3. b750 Funções de reflexos motores
4. b770 Funções relacionadas com o padrão de marcha
5. b540 Funções metabólicas gerais
6. b530 Funções de manutenção do peso
7. b440 Funções da respiração
8. b445 Funções dos músculos respiratórios
9. b280 Sensação de dor
10. b260 Função proprioceptiva
11. b235 Funções vestibulares

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