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AVALIACÃO MORFOFUNCIONAL

Book · August 2021

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1 author:

Carlos Alberto de Azevedo Ferreira


Rio de Janeiro State University
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AVALIACÃO
MORFOFUNCIONAL

autor
CARLOS ALBERTO DE AZEVEDO FERREIRA

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2017
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autor do original  carlos alberto de azevedo ferreira

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gisele lima , paula r. de a. machado e aline karina


rabello

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  estela aita monego

Imagem de capa  isaravut | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

F383a Ferreira, Carlos Alberto de Azevedo


Avaliação morfofuncional / Carlos Alberto de Azevedo Ferreira.
Rio de Janeiro: SESES, 2017.
136 p: il.

isbn: 978-85-5548-480-3

1. Avaliação morfofuncional. 2. Anamnese. 3. Antropometria.


4. Composição corporal. I. SESES. II. Estácio.
cdd 613.7

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7

1. Introdução à avaliação morfofuncional 9


Aspectos e importância da avaliação física 10

Conceitos 13

Critérios de autenticidade científica para a seleção dos protocolos 17


Validade 17
Confiabilidade ou Fidedignidade 19
Objetividade 19

Noções básicas de estatística descritiva e inferencial. 19


Estatística Descritiva 20
Estatística Inferencial 26

Noções básicas do Microsoft Excel® 30

2. Avaliação pré-teste 39
Anamnese 40
Conceitos 40
Etapas da Anamnese 41
Como elaborar um questionário 42
Elaboração da Anamnese 45

Estratificação de Risco 48
Estratificação de risco segundo ACSM e AHA 52

Par-Q (Questionário de Prontidão para a Atividade Física) 57

3. Avaliação antropométrica 63
Conceito de antropometria 64

Padronização das medidas 65

Massa corporal 65
Estatura 66

Circunferências 67
Pescoço 67
Braço relaxado 68
Braço contraído 69
Antebraço 69
Punho 70
Tórax 71
Cintura 72
Quadril 73
Coxa proximal 73
Coxa média 74
Panturrilha 75
Tornozelo 75
Abdome 76

Dobras Cutâneas 77
Tríceps 78
Subescapular 78
Bíceps 79
Crista ilíaca 80
Supraespinhal 80
Abdominal 81
4.7. Coxa 82
Panturrilha medial 82
Peitoral 83
Axilar média 84
Supra-ilíaca 85

Diâmetros ósseos 85
Biepicondilar do Úmero 85
Biepicondilar do Fêmur 86

Indicadores Antropométricos de saúde 87


Índice de massa corporal (IMC) 87
Índice relação cintura quadril 88
Índice de conicidade 89
Circunferência da cintura 89
4. Avaliação da composição corporal 91
Métodos de Avaliação 92
Níveis de abordagem 93
Validade dos métodos 96

Métodos de Avaliação Diretos 97

Métodos de Avaliação Indiretos 98


Métodos Laboratoriais – Pesagem Hidrostática 98
Métodos Laboratoriais – DEXA (absortometria de raio-x de dupla energia)
100
Métodos Laboratoriais – Pletismografia de deslocamento de ar 101
Métodos de Campo – Bioimpedância 102
Métodos de Campo – Dobras Cutâneas 103

Equações utilizadas 106

Somatotipo 108

5. Avaliação da aptidão física relacionada à saúde 115


Aptidão Cardiorrespiratória 116
Procedimentos pré-teste 118
Testes de campo vs. laboratório 120
Testes máximos vs. submáximos 122
Protocolos 123
Protocolos de Campo 124
Protocolos de Esteira Rolante 125
Protocolos de Bicicleta 128
Protocolos de Banco 129

Aptidão muscular 130


Força e Resistência Muscular 130
Teste isométrico: dinamometria 130
Teste Dinâmico: Força, potência e resistência 132
Flexibilidade 134

Testes Lineares 135


Teste sentar e alcançar 136
Teste de flexibilidade com banco de Wells 136
Teste angular - Goniometria 137

Teste adimensional: flexiteste 146


Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

Na avaliação física é onde o aluno/cliente tem o primeiro contato com o pro-


fissional de educação física e com o centro de treinamento onde ele pretende ini-
ciar o seu programa de exercício físico orientado. Neste processo são observados
hábitos e estilo de vida do aluno/cliente, histórico familiar de doenças, predis-
posições para riscos à saúde, valores de variáveis antropométricas como estatura,
massa corporal, dobras cutâneas, perímetros, diâmetros ósseos e segmentos cor-
porais entre outras variáveis morfofuncionais que são observadas, quantificadas
e classificadas.
É necessário ter a consciência que qualquer trabalho de treinamento físico
orientado se inicia pela avaliação física, que esta objetiva fornecer informações do
que é necessário ser realizado no treinamento e que, somente com uma avaliação
física inicial (diagnóstica) e diversas avaliações (formativas) durante o trabalho de
treinamento físico é possível, ao final do processo (avaliação somativa) identificar
o sucesso da prescrição junto ao aluno/cliente. Este sim é um trabalho de qualida-
de e acima de tudo ético.
O trabalho de avaliação física, para o início de um treinamento físico orien-
tado engloba a coleta, quantificação e classificação de variáveis nas mais diversas
áreas, como: Psicossocial, Antropométrica, Neuromuscular, Metabólica, Postural,
Maturacional e Motora. Dentre cada uma desta áreas o universo de protocolos
a serem utilizados é riquíssimo e cabe ao profissional de educação física, respon-
sável pela avaliação física, identificar quais as áreas necessárias a serem avaliadas
e, dentro dessas áreas qual o protocolo que melhor se adequa ao seu trabalho de
treinamento físico e ao tipo de aluno/cliente que será avaliado.
Como foi dito anteriormente saber o que avaliar e qual o protocolo adequado
para usar diante do tipo de aluno/cliente e do treinamento físico a ser realizado
é o que determinará o sucesso do trabalho e principalmente a conduta ética mais
adequada a ser realizada.
Assim este livro tem por objetivo apresentar e explicar alguns procedimentos
dentro da avaliação morfofuncional apresentando as áreas de avaliação e alguns
de seus protocolos, propiciando assim ao leitor um acervo de informações que o
permitirá traçar o seu próprio programa (protocolo) de avaliação física a ser segui-
do no seu trabalho de educador físico. Para tanto, foi subdividido em 5 capítulos

7
que abordarão os conceitos introdutórios de avaliação morfofuncional, a avaliação
pré-teste, antropométrica, da composição corporal e da aptidão física relacionada
à saúde (cardiorrespiratória, muscular e flexibilidade).

Bons estudos!

8
1
Introdução
à avaliação
morfofuncional
Introdução à avaliação morfofuncional
Este capítulo apresenta uma visão geral sobre os conceitos utilizados no pro-
cesso de avaliação física, a antropometria e a importância para o profissional de
educação física, tipos de avaliação, escolha de testes e acompanhamento das variá-
veis medidas através do uso da estatística e programa de computador. Através do
conhecimento desenvolvido você deverá ser capaz de:

OBJETIVOS
•  Conhecer os conceitos utilizados na avaliação física;
•  Compreender a importância de testar, medir e avaliar para o profissional de Educação Física;
•  Conhecer os diferentes tipos de avaliação;
•  Saber que teste estatístico utilizar;
•  Conhecer as noções básicas do software Microsoft Excel®.

Aspectos e importância da avaliação física

A avaliação é o processo de delineamento, obtenção e aplicação de informa-


ções, é o momento mais importante dentro de qualquer processo de intervenção
que se realize. Mediante do uso de técnicas e escolha de protocolos adequados
para os parâmetros que se pretende mensurar é possível avaliar as características
do indivíduo ou grupo de indivíduos com quem se irá trabalhar. Com base nos
resultados a análise realizada no processo de avaliação é possível detectar os pontos
fortes e os pontos fracos do indivíduo ou grupo e assim direcionar de forma muito
mais eficiente o processo de intervenção. Podemos dizer que a avaliação possui
como objetivos (POMPEU, 2004, p. 02; ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013,
p. 19-21; HEYWARD, 2004, p. 45):
•  Avaliar o estado do indivíduo ao se iniciar um programa;
•  Detectar deficiências;
•  Impedir que a atividade física seja fator de agressão ao corpo;
•  Acompanhar crescimento, desenvolvimento e o progresso do indivíduo;
•  Selecionar indivíduos para integrar equipes de competição;
•  Elaborar novos programas;
•  Desenvolver pesquisa.

capítulo 1 • 10
Ao se iniciar o processo da avaliação alguns pontos devem ser observados.
O primeiro ponto é o local da avaliação, onde ela será realizada, o ideal é que este
espaço possua uma dimensão mínima de 2,5 m x 2,5 m, pois deve ser observada a
necessidade de um espaço para o avaliador poder circular ao redor do avaliado de
maneira a ter espaço suficiente para realizar as medições. É importante também
que o espaço seja de preferência bem iluminado e climatizado (um conforto tér-
mico) fatores estes que interferem diretamente na coleta dos dados (MORROW,
2014, p. 25-30).
O segundo ponto a ser observado é o material utilizado para a avaliação que
deve ser verificado sempre antes de realizar a coleta dos dados. Para se verificar
a fidedignidade dos valores medidos, todo o material (equipamento) deve estar
sempre bem calibrado e higienizado assim como as mãos do avaliador, já que este
irá tocar no avaliado para realizar a coleta dos dados.
O terceiro ponto observado é o avaliado. É importante que antes de se iniciar
o processo de avaliação e coleta dos dados que o avaliado seja informado minu-
ciosamente de todo o procedimento, como ele ocorrerá e qual o seu objetivo e,
caso ele discorde ou não se sinta bem no meio do procedimento poderá se retirar
sem nenhum problema. Para as coletas de dados com fins científicos antes de se
iniciar o processo de avaliação o projeto da pesquisa deverá ser encaminhado antes
ao Comitê de Ética da Pesquisa e somente depois de ter sido aceito e emitido a
autorização para a sua realização é que se poderá iniciar a coleta dos dados. Esta
determinação está vinculada à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
de 10/10/1996 das Normas para Realização de Pesquisa em Seres Humanos,
onde por intermédio das Comissões de Ética na Pesquisa supervisiona e autoriza
a realização das mesmas (POMPEU, 2004, p. 2; MORROW, 2014, p. 25-30;
GUEDES; GUEDES, 2006, p. 2-5).
Como todas as tarefas que pessoas fazem, a avaliação pode ser feita de uma
forma boa ou ruim. Quando é bem feita, fornece informações importantes ao exa-
minador e beneficia o examinado, e, para isso podemos seguir algumas diretrizes
éticas listadas a seguir.
99 Não devemos causar danos físicos /ou psicológicos;
99 Devemos utilizar as avaliações de acordo com seus objetivos;
99 Devemos manter a confidencialidade dos dados da avaliação;
99 A avaliação não termina em si mesma e nenhum teste é perfeito;
99 Não devemos confundir os resultados do teste com o valor pessoal.

capítulo 1 • 11
COMENTÁRIO
O melhor teste não pode fornecer a você uma informação adequada se ele for adminis-
trado de forma precária. A administração de forma precisa e eficiente de um instrumento de
avaliação precário também não é capaz de lhe fornecer dados de qualidade.

As etapas para um bom processo de avaliação na área de Educação Física po-


dem ser observadas na figura 1.1.

Finalidade do programa de avaliação

Definições dos atributos

Determinação do referencial

Seleção dos instrumentos

Aplicação dos instrumentos

Análise das informações coletadas

Disseminação dos resultados

Figura 1.1  –  Etapas na elaboração de um programa de avaliação em educação física.


Adaptado de Guedes & Guedes (2006, p. 16)

Ainda com relação ao avaliado, o mesmo deverá no momento da avaliação


estar com o vestuário adequado, respeitando os aspetos culturais, com roupa de
banho, roupas que se ajustem aos contornos do corpo e que permitam realizar
movimentos e exercícios físicos. Não se deve realizar as avaliações caso as medidas
não possam ser corretamente obtidas (consistência da pele, espessura das dobras
adiposas, estado de saúde comprometido).
Aconselha-se que para evitar possíveis problemas de constrangimento na cole-
ta dos dados que a equipe de avaliação seja composta por dois avaliadores (medi-
dor e anotador) e que o medidor possua experiência na realização de avaliações e
de preferência seja do mesmo sexo do avaliado.

capítulo 1 • 12
Conceitos

Dentro do processo de avaliação vários termos têm significados muito específi-


cos, dentre eles encontramos com mais frequência os termos medir, testar e avaliar,
ao primeiro contato parece ser sinônimo, mas cada um deles tem um significado
específico, embora todos os três estejam diretamente relacionados ao processo de
tomada de decisão (POMPEU, 2004, p. 2; PITANGA, 2004, p. 11-14; ROCHA;
GUEDES JUNIOR, 2013, p. 19-25; GUEDES; GUEDES, 2006, p. 2-5).
Testar é fazer uso de instrumento (protocolo), procedimento ou técnica para
se obter uma informação de conhecimento ou de habilidade. Dentro do proce-
dimento de testar utilizamos instrumentos (materiais) para a sua realização. Ex.:
Realizou-se a medição da estatura de um homem adulto jovem seguindo o protoco-
lo estabelecido pela International Society for the Advancement of Kinanthropometry
(ISAK) com a utilização de um estadiômetro portátil da marca Cescorf® com pre-
cisão de 1 mm (material).
Medir é o processo utilizado para coletar as informações obtidas pelo teste, na
medição é atribuído um número, um valor à característica que está sendo avaliada.
Ex.: Foi encontrado na estatura de um homem adulto jovem o valor de 175 cm.
Precisamos ressaltar que para a aplicação adequada da medida deve-se conhe-
cer a resposta para três questões:
1 - O que medir?
2 - Por que medir?
3 - Como medir?

A precisão das medidas depende da exatidão dos instrumentos. Quanto mais


refinado ele for, melhor será o resultado da medida. Existem dois erros mais
comuns:
1. Erro de Medida que pode ser erro de equipamento (quando o equipamento
não é aferido previamente), erro de medidor (quando o medidor erra ao fazer uma
leitura do cronômetro, na leitura da trena etc.) e erro administrativo (quando
existe algo errado na administração do teste);
2. Erro Sistemático (diferenças biológicas como por exemplo medir a estatura
no início e final do dia).

A avaliação é a interpretação dos resultados obtidos, é a atribuição de qua-


lidade, mérito pela medida ou comparação de qualidade do atleta ou do aluno.

capítulo 1 • 13
Uma vez estabelecido o nível da medida compara-se a padrões de referências na-
cionais ou internacionais estabelecidos. Ex.: Comparar o valor do Índice de Massa
Corporal (IMC) de 28 kg/m2 de um homem adulto jovem e compará-lo as tabelas
de IMC da World Health Organization (WHO) e analisar se o homem está na mé-
dia ou padrão de normalidade do IMC ou se ela está acima ou abaixo dos padrões
de referência na distribuição da sua massa corporal em relação a sua estatura.
A avaliação indica se a metodologia utilizada está sendo satisfatória e se os
objetivos estão ou não sendo alcançados.
Na tabela 1.1 podemos observar as diferenças básicas entre testar, medir e
avaliar e na figura 1.2 características de cada uma delas. A principal diferença entre
medida e avaliação é que a medida abrange um aspecto quantitativo e a avaliação
um aspecto qualitativo.

MENOS MAIS ABRANGENTE


ABRANGENTE
TESTAR MEDIR AVALIAR
Interpretar os dados
Verificar o desempenho
quantitativos e qualitati-
mediante situações pre- Descrever os fenôme-
vos para obter parecer
viamente organizadas e nos do ponto de vista
ou julgamento de valores
padronizadas denomina- quantitativo
com bases referenciais
das “testes”
previamente definidos

Tabela 1.1  –  Diferença entre teste, medida e avaliação. Adaptado de Guedes & Guedes
(2006, p. 2)

• Neuromuscular • Antropométrico
• Metabólico • Psicomotor
Teste • Postural • Psicossocial
• Socioeconômico

• Objetividade • Validade
Medida • Reprodutibilidade

• Diagnóstica • Somativa
Avaliação • Formativa

Figura 1.2  –  Relação entre teste, medida e avaliação.

capítulo 1 • 14
Para um bom processo de avaliação alguns princípios devem ser observados
(CASTRO, 2006):
1. As medidas devem ser conduzidas com base nos objetivos do programa;
2. Deve-se lembrar sempre a relação entre teste, medida e avaliação, já que a
avaliação implica em uma tomada de decisão;
3. Os testes e a avaliação devem ser conduzidos e supervisionados por pes-
soas treinadas;
4. A interpretação dos resultados deve levar em consideração o indivíduo como
um todo, abranger os aspectos social, mental, físico e psicológico;
5. Tudo que existe pode ser medido, com testes eficazes ou buscando a reformu-
lação de testes já existentes;
6. Utilizar o teste que mais se aproxima da situação da atividade;
7. Nenhum teste ou medida é perfeito, e por isso deve-se usar sempre o melhor,
mais atual e adequado à população testada;
8. Não existe teste que possa substituir o julgamento profissional, pois as medi-
das irão fornecer os dados para que o profissional faça uma decisão com relação ao
programa de atividade;
9. Deve sempre existir o re-teste para se observar o desempenho.

A Avaliação pode ser classificada de duas formas diferentes:


•  De acordo com o momento em que é realizada;
•  De acordo com o atributo a ser investigado.

De acordo com o momento em que é realizada a avaliação é classificada em


diagnóstica, formativa e somativa (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013, p 19;
FREITAS et al., 2014).
A Avaliação Diagnóstica é aquela realizada no início de qualquer procedi-
mento de intervenção, ela é o ponto de partida. Apresentará ao investigador as
características do indivíduo ou grupo de indivíduos com quem irá trabalhar, seus
pontos fortes e fracos para que possa melhorá-los. A avaliação diagnóstica não se
propõe a existir de forma isolada, ela está inserida no processo de avaliações.
A Avaliação Formativa é a avaliação que permite ao investigador detectar e
identificar deficiências na forma de intervir, orientando-o na reformulação do seu
trabalho, visando aperfeiçoá-lo. Ela é aquela com a função controladora sendo
realizada durante todo o decorrer do processo de intervenção. Seu objetivo é veri-
ficar se o indivíduo ou grupo de indivíduos está atingindo os objetivos previstos,

capítulo 1 • 15
assim o investigador continuará seu trabalho ou irá direcioná-lo, de modo que a
maioria dos indivíduos os alcance. É formativa no sentido em que indica como os
indivíduos estão se modificando em direção aos objetivos desejados.
A Avaliação Somativa tem por função básica a classificação dos indivíduos
que se processa segundo o rendimento alcançado, tendo por parâmetro os obje-
tivos previstos. É realizada ao final do processo de intervenção, classificando os
indivíduos de acordo com os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos.
Essas três formas de avaliação devem ser vinculadas ou conjugadas para se ga-
rantir a eficiência do sistema de avaliação e a excelência do processo de intervenção.
De acordo com o atributo a ser investigado e pelos testes utilizados a avaliação
pode ser antropométrica, neuromuscular, metabólica, psicomotora, postural, psi-
cossocial e socioeconômica.
A avaliação antropométrica é um método de investigação baseado na medi-
da das variações físicas de alguns segmentos ou da composição corporal global
(MINISTÉRIO DA SAUDE, 2011).
Comumente as variáveis de performance avaliadas são:
1. Variável Psíquica:
99 Ansiedade; 99 Inteligência;
99 Motivação; 99 Personalidade.

2. Variável Metabólica:
99 Sistema Aeróbico; 99 Sistema Anaeróbico.

3. Variável Neuromuscular:
99 Força; 99 Flexibilidade;
99 Resistência; 99 Coordenação.
99 Velocidade;

3. Variável Cineantropométrica:
99 Composição Corporal 99 Proporcionalidade
99 Somatotipo 99 Crescimento e desenvolvimento

De certa forma não existe um conjunto fixo de orientações administrativas


a serem aplicadas no processo de avaliação, mas algumas considerações são im-
portantes quando pensamos na divisão deste processo nas fases de (a) prepara-
ção, (b) período de coleta e (c) período pós-coleta (DARIDO, 2012, p. 128-140;
ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2013, p 19)

capítulo 1 • 16
a) Na preparação é importante:
•  Estar familiarizado ao instrumento de avaliação;
•  Estar planejado o esquema físico para o local do teste e a organização dos
examinados para o momento teste;
•  Os assistentes estarem treinados incluindo a forma de anotação e armazena-
mento dos resultados (papel, digital);
•  Equipamento a ser utilizado ser vistoriado;

b) Para o período de coleta:


•  Fornecer informações aos examinados sobre os motivos e objetivos
da avaliação;
•  Ter comportamento apropriado;
•  Inspecionar os pontos relevantes para a exatidão na administração e marca-
ção dos resultados.

c) Para o período pós-coleta:


•  Desmontar adequadamente a área utilizada para o teste;
•  Checar se os resultados foram armazenados corretamente;
•  Tabular os resultados e realizar as análises estatísticas;
•  Informar de forma compreensível os resultados obtidos para os examinados;
•  Arquivar as informações pertinentes para futuras consultas.

Critérios de autenticidade científica para a seleção dos protocolos

Denominam-se Critérios de Autenticidade Científica os fundamentos adota-


dos para assegurar a máxima precisão e firmeza aos testes que irão compor o expe-
rimento. Segundo Pompeu (2006, p. 4-9) tal confiabilidade e segurança podem
ou não ser quantificados estatisticamente.
São considerados Critérios de Autenticidade Científica: Validade,
Confiabilidade ou Fidedignidade e Objetividade. Pompeu (2006, p. 4-9) os clas-
sifica como Critérios de Autenticidade Científica não mensuráveis.

Validade

Propriedade que o teste possui de medir aquele fenômeno ou variável a que ele
se propõe. Em diversas situações a Validade é determinada de forma inquestionável

capítulo 1 • 17
ou empírica, na maioria das situações esta propriedade não é simples de ser apura-
da, diante disto costuma-se dizer que quanto mais simples e direta for à forma de
mediar determinado fenômeno ou variável mais válido será o método. Por exem-
plo, desejamos saber quanto estamos pesando, então subimos em uma balança e
esta nos dará o valor da nossa massa corporal, neste exemplo não há dúvidas de
que o procedimento é válido.
Outro método para se determinar a Validade de um teste é por meio de tra-
tamentos estatísticos, correlacionando ou comparando-o com outros métodos já
considerados válidos para medir aquele fenômeno ou variável, são os chamados na
literatura de “Gold Standard” ou Padrão Ouro, modelo de referência.
Para termos métodos considerados válidos é conveniente considerar diferentes
métodos de medição e procurar avaliar a sua validade comparativa, portanto, os
tipos de validade geralmente observados são vários.
Para Schweigert (1994) existem três tipos de Validade distinta, chamada por
ele de: Validade de Critério, Validade Conceitual ou Constructo e Validade Facial.
•  Validade de Critério ou Empírica - É o grau da correlação entre o méto-
do desenvolvido com o método padrão ou “gold standard” existente na literatura
para medir determinado fenômeno ou variável chama-se Validade de Critério ou
Empírica. Existem dois tipos de Validade de Critério: Validade Preditiva quan-
do há espaço de tempo entre a medida do método desenvolvido e o critério e,
Validade Concorrente quando não há intervalo entre as medidas;
•  Validade Conceitual ou Constructo - A Validade Conceitual ou de
Constructo é quando a validade está direcionada para o conceito, a teoria sobre a
qual determinado fenômeno ou variável encontra-se sustentada, a correlação deste
conjunto de constructos e hipóteses com os de outros métodos já existentes na
literatura deve ser forte;
•  Validade Facial - Pode-se dizer que Validade Facial é a primeira impressão
do teste para o avaliado, é o método aparentar medir o objeto do estudo, não dei-
xando dúvidas quanto o seu objetivo.

Nos estudos de inquérito, onde comumente são utilizados instrumentos como


questionários e entrevistas, exige-se algum tipo de Validade Facial, sob o risco
do avaliado não responder o questionário ou de responder de forma inadequada
por não achar que o instrumento tem a ver com o objeto do estudo. Este tipo de
validade é conceituado na literatura com a que parece ter menos importância na
investigação científica.

capítulo 1 • 18
Confiabilidade ou Fidedignidade

Quando realizamos um teste esperamos que ele possua um grau de constância


e reprodutibilidade dos seus resultados, a diferença entre os resultados encontra-
dos chamamos de erro intrateste, ou erro intra-avaliador e esse critério denomi-
namos Fidedignidade ou Confiabilidade. Através da correlação dos escores de um
teste realizado em dois momentos, buscamos encontrar o coeficiente de variação,
os escores correlacionados devem ser de momentos próximos e que ocorram em
situações idênticas.

Objetividade

O critério da Objetividade está relacionado a reprodutibilidade dos dados, sua


consistência quando medidos por dois ou mais avaliadores (erro interavaliador). É
determinada correlacionando-se os resultados de um indivíduo ou grupo de indi-
víduos obtidos por dois ou mais avaliadores e de preferência no mesmo momento.

Noções básicas de estatística descritiva e inferencial.

Embora diversos profissionais que atuam com o exercício físico visualizem a


estatística como um monte de equações matemáticas complexas e inúteis, a es-
tatística aplicada, às vezes de forma simples pode oferecer um meio objetivo de
avaliar os dados dos seus alunos (NCSA, 2015, p. 4).
Este tópico então tem o objetivo de fornecer ao aluno de educação física as
noções básicas dos fundamentos estatísticos de forma simples e clara, lembrando
que para o tratamento estatístico mais profundo e complexo o aluno deverá se
aprofundar no assunto.
A estatística descritiva é um dos ramos da estatística que aplica técnicas para
descrever e resumir um conjunto de dados, ou seja descreve a amostra de dados
por meio de medidas de posição, de dispersão, de assimetria, de curtose e também
pela apresentação dos resultados em tabelas ou gráficos, sem fazer nenhuma infe-
rência sobre os dados encontrados (COSTA NETO, 2002, p. 20-28).
A estatística inferencial por sua vez tem como objetivo fazer afirmações a
partir de um conjunto de valores representativo (amostra) sobre um universo. Esta
afirmação é acompanhada por uma medida de precisão.

capítulo 1 • 19
Estatística Descritiva

As técnicas usadas na estatística descritiva podem ser classificadas em:


•  Gráficos descritivos: uso de gráficos para visualizar os dados. Exemplo:
Histogramas;

10

Figura 1.3  –  Exemplo de histograma. Fonte: Próprio autor.

•  Descrição Tabular: uso de tabelas para visualizar os dados. Exemplo: tabela


de frequência.

FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA
IDADE ABSOLUTA RELATIVA
19 1 10%

20 2 20%

22 1 10%

23 2 20%

24 1 10%

25 2 20%

26 1 10%

10 100%

Tabela 1.2  –  Exemplo de tabela. Fonte: Próprio autor.

capítulo 1 • 20
•  Descrição Paramétrica: é estimado o valor de um parâmetro, o qual as-
sumimos que completa a descrição do conjunto dos dados. Por exemplo: média.

MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL
1 20 67 157

2 22 92 168

3 23 83 198

4 25 68 170

5 20 94 183

6 19 78 160

7 26 72 180

8 24 102 186

9 25 80 172

10 23 83 165

*Média de idade = 22,70.

Tabela 1.3  –  Exemplo de quadro com cálculo da média de idade. Fonte: Próprio autor.

Dentro da estatística descritiva existem as medidas de tendência central e as


de dispersão.
As medidas de tendência central são aquelas que mostram como as diferen-
tes observações são semelhantes. São elas a média, a mediana e a moda. Algumas
vezes podemos escolher valores específicos da função distribuição acumulada cha-
mados quantis como quartis, decis, ou percentis.
A média aritmética representa o ponto de equilíbrio da distribuição dos dados
visto em um histograma, é o valor que aponta para onde mais se concentram os
dados de uma distribuição. Se n é o número de dados, a média aritmética é a soma
dos valores divididos por n (exemplo na tabela 1.4).
A mediana é um número que separa a metade inferior da amostra, população
ou distribuição de probabilidade, da metade superior quando estes valores estão
ordenados. Quando o número da amostra for ímpar, a mediana será o elemento

capítulo 1 • 21
central. Se for par, a mediana será o resultado da média aritmética entre os 2 ele-
mentos centrais (exemplo na tabela 1.4).
A moda é o valor ou valores mais frequentes, ou seja, é o valor mais comum, o
que mais se repete. Assim a amostra pode ser unimodal (1 valor modal), bimodal
(2 valores modais), polimodal (3 ou mais valores modais) ou amodal (não existem
valor que se repete) (exemplo na tabela 1.4).

MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL
1 20 67 157

2 22 92 168

3 23 83 198

4 25 68 170

5 20 94 183

6 19 78 160

7 26 72 180

8 24 102 186

9 25 80 172

10 23 83 165

MASSA
IDADE ESTATURA
CORPORAL
Média 22,70 81,90 173,90

Mediana 23,00 81,50 171,00

Moda 20, 23, 25 83,00 -

capítulo 1 • 22
MASSA
IDADE ESTATURA
CORPORAL
1o Percentil 26,00 102,00 198,00

1o Quartil 20,50 73,50 165,75

Tabela 1.4  –  Medidas de tendência central de uma amostra. Fonte: Próprio autor.

Quando dividimos os dados em partes iguais quando estão ordenados, cha-


mamos isso de quantil e os mais usados são o percentil (100 partes), decil (10
partes) e quartil (4 partes). Por exemplo o 1º percentil determina o 1 % menor dos
dados; o 9º decil é o limite para 90% dos dados mais baixos e o primeiro quartil é
o valor aos 25% da amostra ordenada.
As medidas de dispersão são aquelas utilizadas para quantificar o grau de
variabilidade dos valores de uma amostra de dados em torno da sua média. Elas
nos mostram como aquelas observações diferem. São elas a amplitude, a variância,
o desvio padrão, o coeficiente de variação, a curtose e a assimetria.
A amplitude é a diferença entre o maior e o menor dos valores da amostra de
dados. A sua utilização além de mostrar o maior desvio, serve para uma avaliação
preliminar dos dados, verificando-se a possibilidade de possíveis erros nas coletas
destes ou nas digitações, já que as variáveis podem apresentar extremos conhecidos.
A variância indica quão longe em geral os seus valores se encontram do valor
esperado (média). A raiz quadrada da variância é o desvio-padrão que é a medida
mais comum da dispersão estatística. Ele mostra o quanto de variação ou "disper-
são" existe em relação à média (ou valor esperado). Um baixo desvio padrão indica
que os dados tendem a estar próximos da média e um desvio padrão alto indica
que os dados estão espalhados por uma gama de valores.
De uma distribuição normal unimodal, gaussiana, simétrica, de afunilamento
médio podemos dizer que:
a) 68% dos valores encontram-se a uma distância da média inferior a um des-
vio padrão.
b) 95% dos valores encontram-se a uma distância da média inferior a duas vezes
o desvio padrão.
c) 99,7% dos valores encontram-se a uma distância da média inferior a três vezes
o desvio padrão.

capítulo 1 • 23
Esta informação é conhecida como a regra dos "68-95-99,7".

0,4
0,3
0,2

34,1% 34,1%
0,1

2,1% 2,1%
0,1% 13,6% 13,6% 0,1%
0,0

–3σ –2σ –1σ µ 1σ 2σ 3σ

Figura 1.4  –  Desvio-padrão – distribuição normal. Fonte: Próprio autor.

O coeficiente de variação é uma medida de dispersão que se presta para a


comparação de distribuições diferentes. É calculado pelo desvio-padrão dividido
pela média. Exemplo: considere uma distribuição x com média igual a 40 e um
desvio-padrão igual a 4 e uma outra distribuição y com média igual a 5 e um des-
vio padrão igual a 4. O coeficiente de variação é respectivamente 0,1 e 0,8, o que
mostra que o desvio-padrão na distribuição y tem um peso muito mais significa-
tivo do que em x, mesmo numericamente sendo o mesmo.
A curtose caracteriza o "achatamento" da curva da função de distribuição. Se
o valor da curtose for = 0, então tem o mesmo achatamento que a distribuição
normal (mesocúrtica); se o valor é > 0, então a distribuição é mais alta (afunilada)
e concentrada que a distribuição normal (leptocúrtica); se o valor é < 0, então a
função de distribuição é mais "achatada" que a distribuição normal (platicúrtica).

0,9
*mesocúrtica
0,8 *leptocúrtica
0,7 *platicúrtica

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5

Figura 1.5  –  Exemplo de curvas de distribuição - curtose. Fonte: Próprio autor.

capítulo 1 • 24
A assimetria é o quanto a curva de frequência se desvia ou afasta da posição
simétrica. É classificada em assimétrica à direita (ou positiva) quando o valor > 0;
assimétrica à esquerda (ou negativa) quando valor < 0; assimetria nula (ou simé-
trica) quando o valor = 0.
Assimetria Positiva
Distribuição Simétrica

Moda Média Moda


Média
Mediana Mediana
Assimetria Negativa

Média Moda
Mediana

Figura 1.6  –  Exemplo de curvas - assimetria. Fonte: Próprio autor.

MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL
1 20 67 157

2 22 92 168

3 23 83 198

4 25 68 170

5 20 94 183

6 19 78 160

7 26 72 180

capítulo 1 • 25
MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL
8 24 102 186

9 25 80 172

10 23 83 165

MASSA
IDADE ESTATURA
CORPORAL
Amplitude 7,00 35,00 41,00

Desvio-padrão 2,41 11,48 12,73

Coef de variação 0,11 0,14 0,07

Curtose -1,27 -0,68 0,24

Assimetria -0,28 0,36 0,56

Tabela 1.5  –  Medidas de dispersão de uma amostra. Fonte: Próprio autor.

Estatística Inferencial

A estatística inferencial preocupa-se em fazer inferências sobre os dados, ou seja,


testar hipóteses. Os tratamentos estatísticos mais utilizados informam se uma va-
riável é estatisticamente diferente de outra ou se duas variáveis tem alguma relação
entre si.
A estatística inferencial é então o segundo passo do processo de tratamento
estatístico. Existe uma imensa possibilidade de testes a serem utilizados, porém
para a disciplina em questão serão abordados os testes mais utilizados no processo
de avaliação morfofuncional: A correlação de Pearson e o teste T de Student.
A correlação de Pearson (representado por ρ) mede o grau da correlação (e
a direção dessa correlação - se positiva ou negativa) entre duas variáveis de escala
métrica (intervalar ou razão) (TRIOLA, 2013, p. 416). Este coeficiente assume
valores entre -1 e 1, onde:

capítulo 1 • 26
•  ρ = 1 - correlação perfeita positiva entre as duas variáveis (as duas aumen-
tam ou diminuem no mesmo sentido);
•  ρ = − 1 - correlação negativa perfeita entre as duas variáveis (se uma aumen-
ta, a outra sempre diminui);
•  ρ = 0 - as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra. No en-
tanto, pode existir uma dependência não linear. Assim, o resultado ρ = 0 deve ser
investigado por outros meios.

Para interpretar o valor modular de ρ, podemos considerar o seguinte:


•  0,70 a 1,0 – correlação forte;
•  0,30 a 0,7 - correlação moderada;
•  0 a 0,30 - correlação fraca.

O Coeficiente de determinação, também chamado de R² é uma medida de


qualidade do modelo econométrico em relação à sua habilidade de estimar corre-
tamente os valores da variável resposta. O R² indica quanto da variância da variá-
vel resposta é explicada pela variância das variáveis explicativas. Seu valor está no
intervalo de 0 a 1: Quanto maior, mais explicativo é o modelo.
No exemplo a seguir queremos saber qual a relação entre massa corporal e
estatura, ou seja, queremos saber se os indivíduos com maior massa corporal pos-
suem a maior estatura. Para isso correlacionamos todas as massas corporais com
sua estatura respectiva. O valor encontrado de 0,47 indica então que as variáveis
massa corporal e estatura se correlacionam de forma moderada.

MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL
1 20 67 157

2 22 92 168

3 23 83 198

4 25 68 170

5 20 94 183

capítulo 1 • 27
MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL
6 19 78 160

7 26 72 180

8 24 102 186

9 25 80 172

10 23 83 165

Correlação de Pearson entre massa corporal e estatura 0,47

R2 0,2176

Tabela 1.6  –  Correlação de Pearson e R2. Fonte: Próprio autor.

O teste t é um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou


não uma hipótese nula quando a estatística de teste segue uma distribuição t de
Student (distribuição de probabilidade teórica - simétrica, campaniforme e seme-
lhante à curva normal padrão). Mas o que são hipóteses? As hipóteses estatísticas
são chamadas de hipótese nula e hipótese alternativa. A hipótese nula (H0) é uma
hipótese tida como verdadeira até que os testes estatísticos indiquem o contrário
e a hipótese alternativa (H1) deve ser contrária, oposta à hipótese nula (COSTA
NETO, 2002, p. 85).
Por exemplo, em um grupo de alunos fizemos a medida da massa corporal em
2 momentos com intervalo de 2 meses e queremos saber se tem diferença entre as
médias da primeira e da segunda medida. Para isso formulamos a hipótese alter-
nativa que afirma que as medidas são diferentes. Então nossa hipótese nula é que
não há diferença entre as duas medidas.
Como as hipóteses são contrárias não podemos aceitar as duas como verda-
deiras, então utilizamos o valor encontrado no teste t para rejeitar a hipótese nula
e poder aceitar a hipótese alternativa. O valor encontrado no teste t é comparado
ao valor de significância estipulado (usualmente 0,05). Este valor de significância
de 0,05 diz que a hipótese nula será rejeitada em 95% dos casos. Quando o valor

capítulo 1 • 28
do teste t é maior que 0,05 aceitamos a hipótese nula e dizemos que não existe
diferença estatisticamente significativa entre as médias. Quando o valor do teste t
é menor que 0,05 dizemos que existe diferença estatisticamente significativa entre
as médias (SOARES; SIQUEIRA, 2002, p. 211-214; DAWSON; TRAPP, 2003,
p. 90; VIRGILLITO, 2006, p. 280).
No exemplo descrito ao realizar o teste t (considerando nível de significância
de 0,05) entre as duas medidas da massa corporal o valor encontrado é de 0,30
o que nos indica que não há diferença estatística entre as médias das duas medi-
das mesmo sendo observado que todos os indivíduos tiveram sua massa corpo-
ral aumentada.

MASSA MASSA
SUJEITO IDADE ESTATURA
CORPORAL 1 CORPORAL 2
1 20 67 157 70

2 22 92 168 94

3 23 83 198 85

4 25 68 170 72

5 20 94 183 96

6 19 78 160 80

7 26 72 180 79

8 24 102 186 103

9 25 80 172 81

10 23 83 165 85

Teste T entre Massa Corporal 1 e 2 0,30

Figura 1.7  –  Teste T de Student. Fonte: Próprio autor.

capítulo 1 • 29
O teste t pode ser utilizado de formas diferentes:
•  Teste t com 1 amostra: Testa se a média de uma única população é igual a
um valor alvo;
•  Teste t com 2 amostras: Testa se a diferença entre as médias de duas popu-
lações independentes é igual a um valor alvo;
•  Teste t pareado: Testa se a média das diferenças entre observações indepen-
dentes ou pareadas é igual a um valor alvo.

Noções básicas do Microsoft Excel®

O Microsoft Excel® é um software da Microsoft® composto por planilhas, as


quais podemos tabular dados coletados e analisá-los com auxílio de comandos
para cálculos usados na estatística descritiva e inferencial (LAPPONI, 2005, p. 5).
Para os exemplos utilizados no tópico anterior sobre estatística foi utilizado a
planilha vista na figura 1.8. Para tabular corretamente os dados, apenas números
e casas decimais separadas por vírgulas (quando for o caso) devem ser digitados.
Caso contrário o programa não reconhecerá o valor que foi digitado.

Figura 1.8  –  Tela do Microsoft Excel® com dados de uma amostra tabulados

A planilha é distribuída em colunas (verticais, definidas por letras, A B C D...)


e linhas (horizontais, definidas por números 1 2 3 4...). Cada “casa” da planilha é
uma célula definida pela coluna e linha respectiva. Por exemplo na Célula A1 foi
digitada a palavra “Sujeito”.

capítulo 1 • 30
Neste exemplo os sujeitos avaliados foram dispostos em linhas e as variáveis
medidas foram dispostas em colunas.
Para o cálculo das medidas de tendência central (média, mediana e moda) são
utilizados os seguintes comandos:

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL


Medida Comando Exemplo

Média =MEDIA(CI:CF) =MEDIA(B2:B11)

Mediana =MED(CI:CF) =MED(B2:B11)

Moda =MODO(CI:CF) =MODO(B2:B11)

=PERCENTIL.INC(CI:CF;percentil
Percentil =PERCENTIL.INC(B2:B11;1)
desejado)

=QUARTIL.INC(CI:CF;quartil
Quartil =QUARTIL.INC(B2:B11;1)
desejado)

Legenda: CI – célula inicial / CF – célula final.


Tabela 1.7  –  Comandos Microsoft Excel® - Medidas de Tendência central. Fonte: Lapponi
(2005) e Ribeiro Junior (2004).

capítulo 1 • 31
Figura 1.9  –  Tela do Microsoft Excel® com comandos e resultados das medidas de tendên-
cia central.

Para o cálculo das medidas de dispersão (amplitude, variância, desvio-padrão,


coeficiente de variação, curtose e assimetria) são utilizados os seguintes comandos:

MEDIDAS DE DISPERSÃO
Medida Comando Exemplo

"=(MÁXIMO "=(MÁXIMO(B2:B11) -
Amplitude
(CI:CF)-MÍNIMO(CI:CF))" MÍNIMO(B2:B11))"

Variância "=VAR(CI:CF)" "=VAR(B2:B11)"

Desvio-padrão "=DESVPAD(CI:CF)" "=DESVPAD(B2:B11)"

Coef. de "=(DESVPAD(CI:CF)/ "=(DESVPAD(B2:B11)/


variação MÉDIA(CI:CF))" MÉDIA(B2:B11))"

Curtose "=CURT(CI:CF)" "=CURT(B2:B11)"

Assimetria "=DISTORÇÃO(CI:CF)" "=DISTORÇÃO(B2:B11)"

Legenda: CI – célula inicial / CF – célula final.

Tabela 1.8  –  Comandos Microsoft Excel® - Medidas de Dispersão. Fonte: Lapponi (2005)
e Ribeiro Junior (2004).

capítulo 1 • 32
Figura 1.10  –  Tela do Microsoft Excel® com comandos e resultados das medidas
de dispersão.

capítulo 1 • 33
Para o cálculo dos testes estatísticos correlação de Pearson, R2 e Teste T de
Student são utilizados os seguintes comandos:

MEDIDAS DE DISPERSÃO
Teste Comando Exemplo

Correlação de
=PEARSON(CI1:CF1;CI2:CF2) =PEARSON(C2:C11;D2:D11)
Pearson

R2 =RQUAD(CI1:CF1;CI2:CF2) =RQUAD(C2:C11; C2:C11)

Teste T de
=TESTET(CI1:CF1;CI2:CF2;a;b) =TESTET(C2:C11; E2:E11;1;2)
Student

Legenda: CI1 – célula inicial 1ª variável / CF1 – célula final 1ª variável / CI2 – célula inicial 2ª
variável / CF2 – célula final 2ª variável / a – número de caudas na distribuição (1=unicaudal
e 2=bicaudal) / b – tipo de variância (0=par; 1=igual; 2=desigual)

Tabela 1.9  –  Comandos Microsoft Excel® - Testes Inferenciais. Fonte: Lapponi (2005) e
Ribeiro Junior (2004).

capítulo 1 • 34
Figura 1.11  –  Tela do Microsoft Excel® com comandos e resultados estatística inferencial

ATIVIDADE
01. Tabule os dados apresentados durante o capítulo no Microsoft Excel® e calcule as me-
didas descritas e observe se os valores encontrados correspondem aos mostrados.
Lembre-se:
a) medidas de tendência central: média, mediana, moda, percentil e quartil.
b) medidas de dispersão: amplitude, variância, desvio-padrão, coeficiente de variação, cur-
tose e assimetria.
c) testes inferenciais: correlação de Pearson entre Massa Corporal 1 e Estatura, teste T
entre Massa Corporal 1 e Massa Corporal 2.

RESUMO
O estudo das características físicas humanas tem sido alvo de estudos ao longo do
tempo, devido principalmente a necessidade de classificação do corpo humano. Neste as-
pecto nasce a cineantropometria, área científica que se preocupa em estudar características
morfológicas atreladas às funcionais. Mas, para que seja possível a identificação de tais ca-
racterísticas de forma adequada, aspectos relacionados ao processo de avaliação devem ser

capítulo 1 • 35
observados e respeitados. Primeiramente é preciso saber diferenciar os termos utilizados no
processo: testar é usar um instrumento (protocolo), procedimento ou técnica para se obter
as informações, medir é o processo utilizado para coletar as informações obtidas pelo teste
e avaliar é interpretar os resultados obtidos. O segundo aspecto a ser observado é referente
a escolha de protocolos, testes e formas de avaliação, e aqui estão inseridos os critérios de
autenticidade científica que são a validade (teste ser capaz de medir o fenômeno ou variável
a que ele se propõe), fidedignidade (grau de constância e reprodutibilidade dos seus resulta-
dos) e objetividade (consistência dos dados quando medidos por dois ou mais avaliadores).
Os critérios de autenticidade científica devem ser observados em todas as avaliações,
sejam elas diagnóstica (realizada no início do processo ou período), formativa (realizada du-
rante o processo) ou somativa (ao término do processo).
A estatística é uma ferramenta de extrema importância no processo de avaliação, pois a
partir de seus resultados podemos descrever a nossa amostra e observar características das
variáveis estudadas e suas relações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COSTA NETO, P.L.O. Estatística. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2002.
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Caderno de formação: formação de professores didática dos conteúdos. Universidade Virtual do
Estado de São Paulo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
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Interamericana do Brasil, 2003.
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16, p. 85-98, jan./abr. 2014.
GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Manual prático para avaliação em educação física. São Paulo:
Manole, 2006.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos
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/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília:
Ministério da Saúde, 2011.

capítulo 1 • 36
MORROW JR., J.R. et al. Medida e avaliação do desempenho humano. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2014.
NSCA – National Strength and Conditioning Association; Todd Miller, editor. Guia para avaliações do
condicionamento físico. São Paulo: Manole, 2015.
PITANGA, F.J.G. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes. 3. ed. São Paulo:
Phorte, 2004.
POMPEU, F.A.M.S. Manual de cineantropometria. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.
POMPEU, F.A.M.S. Guia para estudos em biodinâmica do movimento humano: normas,
referências, procedimentos metodológicos e analises estatísticas no desenvolvimento de pesquisas
cientificas. São Paulo: Phorte, 2006.
RIBEIRO JUNIOR, J.I. Análises estatísticas no excel: guia prático. Viçosa: UFV, 2004.
ROCHA, A.C.; GUEDES JUNIOR, D.P. Avaliação física para treinamento personalizado,
academias e esportes: uma abordagem didática, prática e atual. São Paulo: Phorte, 2013.
SCHWEIGERT, W.A. Research methods and statistics for psychology, Brooks/Cole Publishing
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SOARES J. F.; SIQUEIRA, A. L. Introdução à estatística médica. 2. ed. Belo Horizonte: Coopmed,
2002.
TRIOLA, M.F. Introdução à estatística: atualização da tecnologia. 11.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
VIRGILLITO, S. B. Estatística aplicada. 3. ed. São Paulo: Edicon, 2006.

capítulo 1 • 37
capítulo 1 • 38
2
Avaliação pré-teste
Avaliação pré-teste
Em termos gerais, para que o indivíduo ingresse em um programa de atividade
física ou realize um exercício físico é necessário que ele seja submetido antes a uma
avaliação. Esta avaliação é composta por uma parte pré-teste, onde o professor/
avaliador conhece o avaliado e suas limitações para então poder conduzir os testes
desejados. Assim, este capítulo aborda a primeira etapa da avaliação, a anamnese,
assim como o perfil de risco com uso dos questionários de estratificação de risco.
Através do conhecimento desenvolvido você deverá ser capaz de:

OBJETIVOS
•  Definir anamnese;
•  Conhecer os componentes de uma anamnese;
•  Saber como proceder durante a anamnese;
•  Conhecer os fatores de risco para doenças cardíacas;
•  Aplicar e interpretar corretamente a anamnese, os questionários de estratificação de risco
e Par-Q.

Anamnese

Conceitos

Independentemente de consulta médica antes do início da prática de ativida-


de física, um questionário/entrevista é um documento muito importante para que
o professor de educação física tenha informações e possa identificar a pessoa que
tenha alto risco para a prática da atividade e também conhecer o aluno pelo qual
será responsável (QUEIROGA, 2005, p 1).
A anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) pode ser consi-
derada a parte subjetiva da avaliação, é o momento em que o avaliador conhece o
avaliado, sua história e hábitos (MAGEE, 2005, p. 1-2).
A anamnese envolve a coleta de dois tipos de dados, os dados objetivos e
subjetivos. Os objetivos são colhidos pela observação do avaliador e podem ser
confirmados, já os subjetivos não podem ser confirmados por ninguém além do

capítulo 2 • 40
avaliado, eles são coletados unicamente com base no relato do avaliado como por
exemplo, “minha perna dói” (LWW, 2007, p. 3).
Dentro do processo da Avaliação Diagnóstica um dos instrumentos utilizados
para a diagnose do perfil do avaliado é a Anamnese. Ela pode assumir a caracterís-
tica de uma entrevista ou de um questionário com perguntas pré-concebidas que
é entregue ao avaliado para o seu preenchimento das informações.
A entrevista é uma conversa orientada com objetivo de recolher dados para
a pesquisa. Estabelece-se um roteiro de itens a serem conversados ou ordenam-se
algumas perguntas. O questionário é a forma mais usada para coletarem-se dados.
É uma relação de perguntas que o entrevistado responde sozinho, assinalando ou
escrevendo as respostas.
Durante uma entrevista deve-se manter uma atitude empática estabelecendo
um clima afetivo para que se possa organizar uma relação e dar lugar à confiança
do avaliado. Psicologicamente Empatia não é o mesmo que simpatia é um artifício
para atrair a confiança do avaliado. Uma empatia não se faz apenas com palavras,
mas também com atitudes, gestos e expressões faciais. Ao se usar um questionário
pré-concebido de uma forma de interrogatório sistemático, pode-se perder a con-
fiança do avaliado, na medida em que este vai ver o profissional de educação física
como simplesmente alguém que quer invadir a sua privacidade. O mais indicado
é se trabalhar com o questionário e em conjunto realizar uma entrevista com o
intuito de complementar as informações, já que a entrevista apresenta a caracte-
rística da individualidade, pois a condução desta e as perguntas a serem realizadas
serão confeccionadas de acordo com o perfil apresentado pelo avaliado.

Etapas da Anamnese

Na anamnese é feita a coleta dos dados subjetivos do aluno explorando ca-


racterísticas e problemas passados e atuais, deve-se perguntar sobre sua saúde
física geral e emocional para então investigar os sistemas e estruturas corporais
(FREITAS, 2004, p. 7; LWW, 2007, p. 3).
Para que as respostas do aluno respondam de verdade às suas perguntas algu-
mas observações devem ser levadas em consideração.
1. Durante a entrevista, o aluno deve se sentir bem e, para isso o professor deve
criar um ambiente adequado, tranquilo, que o aluno esteja bem acomodado, asse-
gurando o sigilo de suas informações;

capítulo 2 • 41
2. O professor deve falar com cuidado, de forma lenta e clara, usando lingua-
gem de fácil compreensão e tratar o aluno de modo formal fazendo contato vi-
sual frequente;
3. Verificar se há sinais verbais ou não-verbais que o aluno não está se sentindo
bem ou inseguro sobre algum questionamento feito.

A anamnese usualmente é elaborada com perguntas abertas, fechadas, escala


Likert. As perguntas abertas permitem que o avaliado expresse sentimentos opi-
niões e ideias e permitem uma maior interação entre avaliador e avaliado, as res-
postas devem ser escritas com as mesmas palavras do avaliado.
As perguntas fechadas limitam o desenvolvimento da relação do avaliador e
avaliado, pois são respostas prontas, as quais são escolhidas pelo avaliador de acor-
do que melhor condiz sua situação.

Como elaborar um questionário

Para elaborar um instrumento para coletar dados, precisamos ter atenção a


alguns pontos: devemos listar os aspectos importantes para saber se as perguntas
atendem aos objetivos, visar a linguagem de quem será avaliado, simular as respos-
tas possíveis para saber se há ambiguidade (SILVA, 2005, p. 110).
Todo questionário ou formulário tem forma (estrutura) e conteúdo (objeti-
vos). É estruturado quando tem sequência lógica de perguntas não modificável e
não-estruturado quando pode ocorrer inserção de perguntas durante a coleta das
informações (SILVA, 2005, p. 111).
Ao se elaborar um instrumento de coleta de dados (questionário) deve-se aten-
tar aos seguintes pontos:
•  Listar todos os aspectos importantes e necessários a ser sabido, e verificar se
as perguntas elaboradas estão voltadas para o objetivo final;
•  Se preocupar com a linguagem a ser utilizada, que esta seja simples, direta e
de fácil compreensão do avaliado;
•  Simular as possíveis respostas para cada pergunta, para verificar se há ambi-
guidade (duplo sentido) ou falta de alternativas.

capítulo 2 • 42
Além dos pontos observados, existem algumas precauções que precisam
ser tomadas:
•  Não fazer perguntas embaraçosas;
•  Não obrigar o entrevistado a fazer cálculos;
•  Não incluir perguntas que remetam a um passado distante;
•  Não incluir perguntas que já contenham respostas.

Após a apresentação desses pontos a serem observados na elaboração de um


questionário, apresentamos alguns tipos de perguntas mais habitualmente usados,
lembrando que cada tipo de pergunta é utilizado para cada tipo de resposta que
se deseja obter.

1. Perguntas de característica Aberta;


Nesse tipo de pergunta o avaliado responde livremente o que pensa sobre o
assunto perguntado. O avaliador faz uso desse tipo de pergunta quando não tem
uma prévia informação ou experiência das possíveis respostas a serem encontradas.
Exemplo: Qual o motivo da sua escolha em iniciar uma prática de atividade
física regular e orientada? _____________________________________

2. Perguntas de característica Fechada;


Nas perguntas fechadas são fornecidas as possíveis respostas ao avaliado, sendo
que apenas urna opção de resposta é possível. O avaliador faz uso desse tipo de
pergunta quando tem uma prévia informação ou experiência das possíveis respos-
tas a serem encontradas.
Exemplo: Qual das opções a seguir é a sua principal escolha de atividade
na academia?
a) Musculação ( )
b) Treinamento Aeróbico ( )
c) Ginástica Localizada ( )
d) Bike Indoor ( )

3. Pergunta de característica Semiaberta;


A pergunta semiaberta é a junção de uma pergunta fechada e uma pergunta
aberta em que, num primeiro momento, o avaliado responde a uma das opções e
depois justifica ou explica a sua resposta.

capítulo 2 • 43
Exemplo: Qual das opções a seguir é a sua principal escolha de atividade
na academia?
a) Musculação ( )
b) Treinamento Aeróbico ( )
c) Ginástica Localizada ( )
d) Bike Indoor ( )
Por quê? ______________________________________________

4. Pergunta de característica Dicotômica;


É a pergunta que tem como resposta apenas Sim ou Não. O avaliador faz uso
deste tipo de pergunta quando deseja saber somente se há ou não determinado
fato, não tendo a preocupação para saber o quanto a presença de determinado fato
pode ou não influenciar na saúde do avaliado.
Exemplo: Você fuma?
Sim ( ) Não ( )

5. Pergunta de característica Encadeada;


A pergunta seguinte depende da resposta da anterior. Neste tipo de pergunta
o avaliador faz uso de uma pergunta dicotômica seguida de uma outra pergunta
que irá complementar, permitindo ao avaliador ter a informação de quanto aquele
fato influência na saúde do avaliado.
Exemplo: Você fuma?
Sim ( ) Não ( )
Quantos cigarros por dia? ________________

6. Perguntas com característica de Ordem de Preferência;


É dada ao avaliado a possibilidade de escolha do 1°, 2° e 3° lugares. O avalia-
dor faz uso deste tipo de pergunta quando deseja saber dentro de um banco de
opções quais são as preferências do seu avaliado.
Exemplo: Das atividades de academia listadas a seguir classifique por ordem
de escolha as três primeiras, colocando respectivamente os 1°, 2° e 3° lugares.
Musculação ( 1 )
Treinamento Aeróbico ( 3 )
Ginástica Localizada ( 2 )
Bike Indoor ( )

capítulo 2 • 44
7. Perguntas com característica de Escala Likert.
O avaliado indica o grau de concordância ou discordância de acordo com
a situação questionada. O avaliador faz uso de pergunta quando necessita saber
a percepção de importância da situação questionada para o avaliado, este tipo
de pergunta permite ao avaliador mensurar o grau de importância da situa-
ção questionada.
Exemplo: o quanto é importante para você à prática diária de uma ativida-
de física?
Muito Importante ( )
Importante ( )
Indiferente ( )
Pouco Importante ( )
Totalmente Sem Importância ( )

Elaboração da Anamnese

Uma anamnese completa precisa de informações sobre o avaliado, incluindo


(a) dados biográficos, (b) objetivos, (c) história clínica, (d) história familiar, (e)
história psicossocial, (f ) atividades da vida diária, (g) atividades da vida laboral
(FREITAS, 2004, p. 7; LWW, 2007, p. 8).
Nos dados biográficos estão inseridos:
99 Nome completo;
99 Endereço;
99 Números de telefone residencial e celular;
99 Data de nascimento;
99 Idade;
99 Estado civil;
99 Nacionalidade;
99 Contato de uma pessoa próxima para eventual emergência.

Os objetivos são os motivos pelos quais o avaliado procurou o serviço. Podem


ser oferecidas opções quando esta pergunta é feita de forma fechada, como exem-
plo, “melhorar força”, “ganhar resistência”, “emagrecer”, “lazer”.

capítulo 2 • 45
Na história clínica são perguntadas as questões relacionadas à saúde do avalia-
do, problemas clínicos passados e presentes (LWW, 2007, p. 9):
99 Tem hipertensão ou diabetes? Usa medicamento?
99 Já foi hospitalizado? Quando foi a última e por quê?
99 Quais as doenças de infância que você teve?
99 Está em tratamento por alguma doença?
99 Tem alergia?
99 Já fez cirurgia? De quê?
99 Quais medicamentos usa?

Na história familiar são descritas as doenças apresentadas pelos pais e avós


que tenham alguma relação hereditária / genética como por exemplo, hipertensão
arterial, diabetes, doenças cardíacas e respiratórias e câncer.
Na história psicossocial o avaliador questiona sobre como o avaliado se sente
em relação a si mesmo, seu lugar na sociedade e sua relação com os outros, as per-
guntas podem incluir (LWW, 2007, p. 11):
99 “Como o (a) senhor(a) lidou com problemas de saúde no passado?”
99 “Você observou alguma mudança no seu comportamento recentemente?”

Em atividades da vida diária é pesquisado o dia típico da pessoa, qual a dieta


usual, quem cozinha na casa, se faz exercícios físicos com e sem orientação de um
profissional, qual o ritmo de sono, se dorme bem, o que faz para lazer, hábitos de
fumo e ingestão de álcool e outras substâncias (LWW, 2007, p. 11).
Em atividades da vida laboral o avaliador deve saber em que o avaliado tra-
balha, se é a atividade estressante, postura (corporal) adotada na maior parte do
tempo no trabalho, se tem horário para refeições e pausa, se tem programa de
ginástica laboral na empresa.
Exemplo de ficha de anamnese pode ser vista na figura 2.1.

capítulo 2 • 46
AVALIAÇÃO - ANAMNESE(ADULTO)

DADOS
Nome completo: Data de nascimento:
Endereço: Idade:
Telefone residencial: Telefone celular:
Email:
Estado civil: Nacionalidade:
Contato:
OBJETIVOS
1.
2.
3.

HISTÓRIA CLÍNICA
Doenças atuais: ( ) Diabetes ( ) Hipertensão arterial ( ) Câncer ( )Asma ( ) _____________
Doenças da infância: ( ) Não ( ) Sim. _________________________________
Medicamentos: ( ) Não ( ) Sim. _________________________________
Alergia? ( ) Não ( ) Sim. _________________________________
Já esteve hospitalizado? ( ) Não ( ) Sim. _________________________________
Cirurgia? ( ) Não ( ) Sim. _________________________________

HISTÓRIA FAMILIAR
Pai ( ) Diabetes ( ) Hipertensão arterial ( ) Câncer ( )Asma/bronquite ( ) _____________
Mãe ( ) Diabetes ( ) Hipertensão arterial ( ) Câncer ( )Asma/bronquite ( ) _____________
Avôs ( ) Diabetes ( ) Hipertensão arterial ( ) Câncer ( )Asma/bronquite ( ) _____________
Avós ( ) Diabetes ( ) Hipertensão arterial ( ) Câncer ( )Asma/bronquite ( ) _____________
HISTÓRIA PSICOSSOCIAL

ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA


Sono:
Atividade de lazer:
Fumo: ( ) Não ( ) Sim
Alcool: ( ) Não ( ) Sim
ATIVIDADES DA VIDA LABORAL
Atividade:
Duraçao

Postura no trabalho: ( ) Sentado ( ) Em pé - parado ( ) Em pé - movimento ( )Maior parte _____________


Possui adaptações ergonômicas: ( )Não ( )Sim ( )Não precisa
A empresa tem ginástica laboral: ( )Não ( )Sim
ATIVIDADE FÍSICA
Já praticou atividade fisica? ( ) Não ( ) Sim. _________________________________
Duração? __________ Qual frequência? ___________________ Está parado(a) a quanto tempo? ________
Está praticando atividade fisica? ( ) Não ( ) Sim. _________________________________
Duração? __________ Qual frequência? ___________________
Quais execícios gosta?
Quais exercícios não gosta?
Disponibilidade:

Figura 2.1  –  Modelo de ficha de anamnese - adulto. Fonte: Próprio autor.

capítulo 2 • 47
COMENTÁRIO
Preste atenção às condições emocionais do aluno durante toda a anamnese! Não deve-
mos esquecer que alterações nos níveis de estresse e bem-estar influenciam os testes que
serão aplicados após a anamnese.

Estratificação de Risco

Com base nos fatores de risco encontrados na avaliação, o objetivo da estra-


tificação de risco é classificar o indivíduo em categorias de acordo com nível de
susceptibilidade ao surgimento de respostas inadequadas a um esforço físico. Para
isso, diferentes sociedades e associações internacionais formularam quesitos dife-
rentes para tal classificação.
Os fatores de risco causais compreendem o fumo de cigarros, colesterol elevado,
LDL elevado, HDL baixo, hipertensão arterial e diabetes. Os fatores de risco con-
dicionais são aqueles associados a um maior risco de doença cardíaca coronariana,
mas cuja conexão causal não foi comprovada com certeza e são a elevação dos níveis
de triglicerídios, lipoproteína-a, fibrinogênio, ativador do plasminogênio e de pro-
teína C reativa. Já os fatores de risco predisponentes intensificam certos fatores de
risco causais, e são a obesidade, inatividade física, características comportamentais
como presença de depressão e/ou estresse por exemplo e estado pós-menopáusico.
Os fatores de risco inalteráveis não são acessíveis a uma intervenção e correspondem
ao sexo masculino, história familial de doença arterial coronariana prematura, baixa
condição socioeconômica e idade (ACSM, 2003, p. 3-12).

COMENTÁRIO
A determinação da pressão arterial (PA) em repouso é um componente integral da ava-
liação dos testes pré-exercício, pois a relação entre a PA e o risco de eventos cardiovascula-
res é “contínua, consistente e independente de outros fatores de risco” (ACSM, 2010, p 30).
A hipertensão arterial sistêmica é uma condição em que ocorre o aumento da pressão
arterial sistólica e/ou diastólica. A pressão arterial sistólica é a maior, é a que está associada
a pressão máxima exercida sobre a parede arterial durante a contração ventricular, já a dias-
tólica é a pressão mínima exercida durante o relaxamento do ventrículo (LWW, 2007, p. 28).

capítulo 2 • 48
A pressão arterial é medida tradicionalmente com o esfigmomanômetro do tipo aneroide
(figura 2.3), mas pode ser medida também com o esfigmomanômetro de mercúrio (figura 2.4)
com auxílio do estetoscópio (figura 2.2) ou os digitais (figura 2.5).

Figura 2.2  –  Estetoscópio. Fonte: Próprio autor.

Figura 2.3  –  Esfigmomanômetro aneróide. Fonte: Próprio autor.

capítulo 2 • 49
Figura 2.4  –  Esfigmomanômetro coluna de mercúrio. Fonte: Próprio autor.

Figura 2.5  –  Aparelho de pressão digital. Fonte: Próprio autor.

capítulo 2 • 50
Como medir a pressão arterial com esfigmomanômetro (aneroide ou de coluna de mer-
cúrio)? (SBC; SBH; SBN, 2006).
1. Primeiramente a pessoa deve estar de repouso por 5-10 minutos para não influenciar
na medida.
2. O avaliado deve estar sentado preferencialmente com o braço na altura do coração e
palma da mão voltada para cima.
3. O manguito (braçadeira) deve estar ajustado a 2,5cm acima do pulso braquial do coto-
velo.
4. Palpe o pulso radial no punho e insufle o manguito até 30mmHg acima do ponto em que
o pulso desaparece.
5. Posicione a campânula do estetoscópio sobre o ponto onde o pulso braquial do cotovelo
é percebido, aproximadamente 1cm abaixo do espaço antecubital.
6. Libere lentamente a válvula (2mmHg/s) e o primeiro som (1º ruído de Korotkoff) apare-
ce, esta é a pressão arterial sistólica.
7. Continue liberando a válvula lentamente e o último som (último ruído de Korotkoff) é a
pressão arterial diastólica.
8. Libere até o final e retire o manguito do braço da pessoa.
9. Geralmente 3 medidas são realizadas para se ter um valor mais preciso da pressão
arterial, com intervalo de 1 minuto.

CONEXÃO
Acesse: <http://www.eerp.usp.br/ope/manual.htm> para visualização de como realizar
a medida da pressão arterial.

CONEXÃO
Para as tabelas de percentis acesse a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial dispo-
nível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/v_diretrizes_brasileira_hipertensao_
arterial_2006.pdf>.

capítulo 2 • 51
Estratificação de risco segundo ACSM e AHA

No presente livro serão abordadas as propostas do American College of Sports


Medicine (ACSM) e da American Heart Association (AHA)
Segundo o American College of Sports Medicine, o processo de estratificação
de risco possibilita a classificação de um indivíduo para a realização de um exame
médico, teste de esforço, atividade física ou exercício, em três categorias: baixo,
moderado e alto que podem ser visualizadas na figura 6 (ACSM 2010, p. 15).

BAIXO Homens e mulheres assintomáticos que possuem ≤ 1


RISCO fator de risco para DCV (tabela 2.2)

RISCO Homens e mulheres assintomáticos que possuem ≥ 2


MODERADO fatores de risco para DCV (tabela 2.2)

Indivíduos que sofrem de doença cardiovascular, pul-


ALTO RISCO monar ou metabólica conhecida ou com um ou mais
sintomas (tabela 2.3)

Tabela 2.1  –  Estratificação de Risco. Fonte: Modificado de ACSM (2010, p. 15).

Um fator de risco positivo é uma condição que, quando presente, aumenta


significativamente a probabilidade da ocorrência de uma doença degenerativa co-
mum, já um fator de risco negativo diminui esta probabilidade. Assim na tabela
2.2 são apresentados os fatores de risco positivos e negativos para DVC.

LIMIARES DOS FATORES DE RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR (DVC)


ATEROSCLERÓTICA A SEREM USADOS COM A ESTRATIFICAÇÃO DOS
RISCOS DO ACSM
FATORES DE RISCO POSITIVOS
Homens ≥ 45 anos
IDADE Mulheres ≥ 55 anos

Infarto do miocárdio, revascularização coronariana ou morte súbita


HISTÓRIA antes de 55 anos de idade no pai ou em outro parente masculino
FAMILIAR de primeiro grau, ou antes de 65 anos de idade na mãe ou em
outra parente feminina de primeiro grau.

capítulo 2 • 52
LIMIARES DOS FATORES DE RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR (DVC)
ATEROSCLERÓTICA A SEREM USADOS COM A ESTRATIFICAÇÃO DOS
RISCOS DO ACSM
FATORES DE RISCO POSITIVOS
Fumante atual de cigarros ou aqueles que deixaram de fumar du-
FUMO DE rante os 6 meses precedentes ou exposição ambiental à fumaça
CIGARROS de tabaco.

ESTILO Não participar em pelo menos 30 min de atividade física de inten-


DE VIDA sidade moderada (40-60% do VO2R) em pelo menos 3 dias da
SEDENTÁRIO semana durante um período de pelo menos 3 meses.

Índice de massa corporal ≥ 30kg/m2 ou circunferência de cintura


OBESIDADE > 102cm para homens e > 88 para mulheres.

Pressão arterial sistólica ≥ 140mmHg e/ou diastólica ≥ 90mmHg,


HIPERTENSÃO confirmadas em pelo menos duas ocasiões separadas.

LDL-C ≥ 130mg/dL ou HDL-C < 40mg/dL ou recebendo medi-


DISLIPIDEMIA cação redutora de lipídios ou colesterol total sérico ≥ 200mg/dL
(se for a única informação).

Glicose plasmática em jejum ≥ 100mg/dL e < 126mg/dL ou


valores de 2 horas no teste de tolerância à glicose oral (TTGO)
PRÉ-DIABETES ≥ 140mg/dL e <200mg/dL confirmadas em duas ocasiões
separadas.

FATORES DE RISCO NEGATIVO


COLESTEROL
HDL SÉRICO ≥ 60 mg/dL
ALTO
Tabela 2.2  –  Fatores de risco positivos e negativos para DVC. Fonte: Modificado de ACSM
(2010, p. 20).

Os sinais e sintomas apresentados no tabela 2.3 precisam ser interpretados


dentro de um contexto clínico, pois eles não determinam especificamente a exis-
tência de uma doença cardiovascular, pulmonar ou metabólica e sim são sintomas
que podem estar relacionados com estas doenças.

capítulo 2 • 53
DOENÇAS CONHECIDAS (DIAGNOSTICADAS PELO MÉDICO)
Doença cardiovascular Doença cardíaca, arterial periférica ou vascular cerebral

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma,


Doença pulmonar
doença pulmonar intersticial ou fibrose cística

Diabetes melito (tipo 1 e 2), distúrbios da tireoide , doen-


Doença metabólica
ça renal ou hepática

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS SUGESTIVOS DE DOENÇA


CARDIOVASCULAR, PULMONAR OU METABÓLICA
Dor, desconforto no tórax
pescoço, maxila, braços Ortopneia ou dispneia pa-
Claudicação intermitente
ou outras áreas que pos- roxística noturna
sam resultar de isquemia

Falta de ar em repouso ou
Edema nos tornozelos Sopro cardíaco conhecido
com um esforço leve

Fadiga incomum ou falta


Tonteira ou síncope Palpitações ou taquicardia de ar com as atividades
habituais

Tabela 2.3  –  Principais sinais e sintomas sugestivos de doença cardiovascular, pulmonar ou


metabólica. Fonte: Modificado de ACSM (2010, p. 17,19).

Quando se estabelece a categoria de risco para um indivíduo (baixa, moderada


ou alta) podem ser feitas recomendações adequadas para:
•  Necessidade de exame e liberação pelo médico responsável antes de iniciar
um programa de atividade física ou para mudança do programa;
•  Necessidade de um teste de esforço antes de iniciar um programa de ativi-
dade física ou para mudança do programa;
•  Necessidade de supervisão médica ao realizar um teste de esforço máximo
ou submáximo.
A American Heart Association (AHA) estratifica o risco em 4 classes (A, B, C
e D) descritas a seguir.

capítulo 2 • 54
Classe A: Indivíduos aparentemente sadios
Estão incluídos nesta classe 1. Crianças e adolescentes, homens < 45 anos e
mulheres < 55 anos sem sintomas de ou sem a presença de doença cardíaca ou de
fatores de risco significativos para doença cardiovascular (DCV) aterosclerótica;
2. Homens ≥ 45 anos e mulheres ≥ 55 anos que não apresentam sintomas nem a
presença conhecida de doença cardíaca e com menos de 2 fatores de risco signifi-
cativos para DCV (Classe A-2); 3. Homens ≥ 45 anos e mulheres ≥ 55 anos que
não apresentam sintomas nem a presença conhecida de doença cardíaca e com 2
ou mais fatores de risco significativos para DCV.
Para esta classe não há restrição além das diretrizes básicas. O monitoramento
eletrocardiográfico (ECG) e da pressão arterial não é necessário e também não é
necessária a supervisão.

Classe B: Presença de doença cardiovascular estável conhecida com baixo


risco para complicações com o exercício vigoroso, porém ligeiramente maior
que para os indivíduos aparentemente sadios.
Esta classe inclui: 1. Indivíduos com doença coronariana cuja condição é es-
tável e possui as características listadas no parágrafo seguinte; 2. Indivíduos com
doenças cardíacas valvulares com as características listadas no parágrafo seguinte;
3. Indivíduos com doenças cardíacas congênitas; 4. Indivíduos com cardiomio-
patias com fração de ejeção ≤30% (incluindo portadores de insuficiência cardía-
ca estável, mas não a miocardite recente nem a cardiomiopatia hipertrófica); 5.
Indivíduos com teste ergométrico anormal que não se incluem na Classe C.
As características clínicas dos indivíduos Classe B são: possuem capacidade
funcional 1 ou 2 da New York Heart Association (NYHA), capacidade de exercício
até 6 MET, sem evidência de insuficiência cardíaca, sem sinais de isquemia no
repouso ou no esforço até 6 MET, com elevação adequada da pressão arterial sistó-
lica durante o exercício, ausência de taquicardia ventricular sustentada percepção
subjetiva do próprio esforço adequada.
As pessoas inseridas na Classe B devem receber prescrição individualizada do
exercício, sob supervisão médica para emergências. Os programas de exercícios
devem ser supervisionados sendo indicado a supervisão inicial médica. O moni-
toramento do ECG e pressão arterial é útil na fase inicial (habitualmente por 6 a
12 sessões).

capítulo 2 • 55
Classe C: Indivíduos com risco moderado a alto para complicações car-
díacas durante o exercício e/ou incapazes de autorregular a atividade ou de
compreender o nível recomendado de atividade.
Incluem os 1. Indivíduos com as características citadas no parágrafo seguinte;
2. Indivíduos com doenças cardíacas valvulares com as características listadas no
parágrafo seguinte; 3. Indivíduos com doença cardíaca congênita; 4. Indivíduos
com cardiomiopatia com fração de ejeção ≤ 30% (incluindo portadores de in-
suficiência cardíaca estável, mas não a miocardite recente nem a cardiomiopatia
hipertrófica); 5. Indivíduos com arritmias ventriculares complexas que não estão
sendo bem controladas.
Os indivíduos da Classe C possuem classificação funcional 3 ou 4 da NYHA,
capacidade de exercício menor do que 6 MET, angina ou depressão do segmento
ST em esforços inferiores a 6 MET, queda da pressão arterial durante o esforço,
taquicardia ventricular não sustentada com o exercício, problemas médicos graves
e episódios anteriores de parada cardíaca.
O programa de atividades físicas para a Classe C deve ser prescrito de forma
individualizada e realizados sob a supervisão médica e com a monitorização dos
do ECG e pressão arterial.

Classe D: Doença instável com restrição da atividade


Nesta categoria estão incluídos 1. Isquemia instável; 2. Estenose ou regurgita-
ção valvular severa e sintomática; 3. Doença cardíaca congênita; 4. Insuficiência
cardíaca não compensada; 5. Arritmias descontroladas; 6. Outras condições médi-
cas que possam ser agravadas pelo exercício.
Para os indivíduos desta classe nenhuma atividade com finalidade de con-
dicionamento é recomendada. A atenção é dada ao tratamento e restauração do
paciente para a Classe C ou condição melhor. A realização das atividades da vida
diária (AVDs) devem ser prescritas com base na avaliação individual feita pelo
médico responsável pelo sujeito.

capítulo 2 • 56
Par-Q (Questionário de Prontidão para a Atividade Física)

Adicionalmente aos questionários de estratificação de risco, podemos utilizar


o Par-Q (Physical Activity Readiness Questionnarie - Questionário de Prontidão
para a Atividade Física) que é um questionário desenvolvido por canadenses e deve
ser aplicado antes que a pessoa inicie um programa de atividade física regular com
o objetivo de saber suas limitações e restrições. Ele é composto por 7 perguntas
com respostas sim ou não, e quando alguma resposta é sim, recomenda-se que a
pessoa procure um médico para investigação e avaliação.
O questionário tem sensibilidade igual 100% (identifica casos positivos cor-
retamente) e especificidade de 80% (identifica casos negativos corretamente)
(ACSM, 2003, p. 358).
As perguntas são basicamente sobre os sistemas cardiovascular, nervoso
e musculoesqueletico.
1. Alguma vez um médico lhe disse que você possui um problema do coração e
lhe recomendou que só fizesse atividade física sob supervisão médica?
2. Você sente dor no peito, causada pela prática de atividade física?
3. Você sentiu dor no peito no último mês?
4. Você tende a perder a consciência ou cair, como resultado de tonteira
ou desmaio?
5. Você tem algum problema ósseo ou muscular que poderia ser agravado com a
prática de atividade física?
6. Algum médico já lhe recomendou o uso de medicamentos para a sua pressão
arterial, para circulação ou coração?
7. Você tem consciência, através da sua própria experiência ou aconselhamento
médico, de alguma outra razão física que impeça sua prática de atividade física
sem supervisão médica?

capítulo 2 • 57
O modelo original do questionário Par-Q pode ser visto na figura 2.6 e um
modelo adaptado na figura 2.7.

Physical Activity Readiness


Questionnaire - PAR-Q
(revised 2002) PAR-Q & YOU (A Questionnaire for People Aged 15 to 69)
Regular physical activity is fun and healthy, and increasingly more people are starting to become more active every day. Being more active is very safe for most
people. However, some people should check with their doctor before they start becoming much more physically active.
If you are planning to become much more physically active than you are now, start by answering the seven questions in the box below. If you are between the
ages of 15 and 69, the PAR-Q will tell you if you should check with your doctor before you start. If you are over 69 years of age, and you are not used to being
very active, check with your doctor.
Common sense is your best guide when you answer these questions. Please read the questions carefully and answer each one honestly: check YES or NO.

YES NO
1. Has your doctor ever said that you have a heart condition and that you should only do physical activity
recommended by a doctor?
2. Do you feel pain in your chest when you do physical activity?
3. In the past month, have you had chest pain when you were not doing physical activity?
4. Do you lose your balance because of dizziness or do you ever lose consciousness?
5. Do you have a bone or joint problem (for example, back, knee or hip) that could be made worse by a
change in your physical activity?
6. Is your doctor currently prescribing drugs (for example, water pills) for your blood pressure or heart con-
dition?
7. Do you know of any other reason why you should not do physical activity?

If YES to one or more questions


Talk with your doctor by phone or in person BEFORE you start becoming much more physically active or BEFORE you have a fitness appraisal. Tell
you your doctor about the PAR-Q and which questions you answered YES.
• You may be able to do any activity you want — as long as you start slowly and build up gradually. Or, you may need to restrict your activities to

answered those which are safe for you. Talk with your doctor about the kinds of activities you wish to participate in and follow his/her advice.
• Find out which community programs are safe and helpful for you.

NO to all questions ➔ DELAY BECOMING MUCH MORE ACTIVE:


• if you are not feeling well because of a temporary illness such as
If you answered NO honestly to all PAR-Q questions, you can be reasonably sure that you can: a cold or a fever – wait until you feel better; or
• start becoming much more physically active – begin slowly and build up gradually. This is the • if you are or may be pregnant – talk to your doctor before you
safest and easiest way to go. start becoming more active.
• take part in a fitness appraisal – this is an excellent way to determine your basic fitness so
that you can plan the best way for you to live actively. It is also highly recommended that you PLEASE NOTE: If your health changes so that you then answer YES to
have your blood pressure evaluated. If your reading is over 144/94, talk with your doctor any of the above questions, tell your fitness or health professional.
before you start becoming much more physically active. Ask whether you should change your physical activity plan.

Informed Use of the PAR-Q: The Canadian Society for Exercise Physiology, Health Canada, and their agents assume no liability for persons who undertake physical activity, and if in doubt after completing
this questionnaire, consult your doctor prior to physical activity.

No changes permitted. You are encouraged to photocopy the PAR-Q but only if you use the entire form.
NOTE: If the PAR-Q is being given to a person before he or she participates in a physical activity program or a fitness appraisal, this section may be used for legal or administrative purposes.

"I have read, understood and completed this questionnaire. Any questions I had were answered to my full satisfaction."
NAME ________________________________________________________________________

SIGNATURE _______________________________________________________________________________ DATE______________________________________________________

SIGNATURE OF PARENT _______________________________________________________________________ WITNESS ___________________________________________________


or GUARDIAN (for participants under the age of majority)

Note: This physical activity clearance is valid for a maximum of 12 months from the date it is completed and
becomes invalid if your condition changes so that you would answer YES to any of the seven questions.

© Canadian Society for Exercise Physiology www.csep.ca/forms

Figura 2.6  –  Modelo de ficha de PAR-Q. Fonte: Canadian Society of Exercise Physiology em
2002. Disponível em:<http://www.csep.ca/cmfiles/publications/parq/par-q.pdf>.

capítulo 2 • 58
PAR-Q
Nome completo: Data de nascimento:

Endereço: Idade:
Telefone residencial: Telefone celular:
Email:
Estado civil: Nacionalidade:
Responsável:
O bom senso é o seu melhor guia para você responder a essas perguntas. Por favor, leia
atentamente as questões e responda a cada uma honestamente: escolha SIM ou NÃO.
Este questionário tem objetivo de identificar a necessidade de avaliação clínica e médica
antes do início da atividade física. Caso você marque um SIM, é fortemente sugerida
a realização da avaliação clínica e médica. Contudo, qualquer pessoa pode participar
de uma atividade física de esforço moderado, respeitando as restrições médicas.
Questões* SIM NÃO
1 - Alguma vez um médico lhe disse que você possui
um problema do coração e lhe recomendou que só fi- ( ) ( )
zesse atividade física sob supervisão médica?
2 - Você sente dor no peito, causada pela prática de
( ) ( )
atividade física?
3 - Você sentiu dor no peito no último mês? ( ) ( )
4 - Você tende a perder a consciência ou cair, como
( ) ( )
resultado de tonteira ou desmaio?
5 - Você tem algum problema ósseo ou muscular que
( ) ( )
poderia ser agravado com a prática de atividade física?
6 - Algum médico já lhe recomendou o uso de medica-
mentos para a sua pressão arterial, para circulação ou ( ) ( )
coração?
7 - Você tem consciência, através da sua própria ex-
periência ou aconselhamento médico, de alguma outra
( ) ( )
razão física que impeça sua prática de atividade física
sem supervisão médica?
Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR-Q” e afirmo estar
liberado (a) pelo meu médico para participação em atividades físicas.
Data: ____ / ____ / ________.
______________________________________________
Assinatura (Assinatura do Responsável no caso de menor de 18 anos)

Figura 2.7  –  Modelo de ficha de PAR-Q. Fonte: Próprio autor.


*Questões retiradas da revisão do PAR-Q realizada pela Canadian Society of Exercise Physiology em
2002. Disponível em:<http://www.csep.ca/cmfiles/publications/parq/par-q.pdf>.

capítulo 2 • 59
Caso o aluno preencha pelo menos uma resposta SIM, ele deve ser enca-
minhado para consulta médica, para que então possa iniciar a atividade física
com segurança.
O modelo de carta de encaminhamento do aluno a médico pode ser visto na
figura 2.8.

ENCAMINHAMENTO
Data: ____ / ____ / ________

Prezado (a) Dr.(a) _________________________________________________________


O(A) Sr(a) _______________________________________________ deseja participar
de um programa de exercícios envolvendo treinamento de força e resistência muscular,
flexibilidade e exercícios aeróbios, com progressão de intensidade, frequência e duração.
Ao preencher o teste Par-Q, ele(a) respondeu "sim" a uma ou mais perguntas. Assim,
solicitamos que ele(a) seja submetido a uma avaliação criteriosa para estudar mais pro-
fundamente suas limitações antes de praticar a atividade física.
Pedimos sua atenção a qualquer recomendação ou restrição apropriada à atividade fí-
sica escolhida.
*Favor retornar este formulário ao avaliador.

( ) Não há contra-indicações da participação do paciente no tipo de atividade física


citado acima.
( ) Para este paciente é restrito atividades do tipo:
( ) Recomendo ao paciente a não participar das atividades acima propostas.

Nome do Médico: ____________________________________________


CRM: ___________________________
Endereço:_________________________________________________
Tel:_____________________________
Data: ____ / ____ / ________.
______________________________________________
Assinatura e carimbo

Figura 2.8  –  Modelo de encaminhamento médico. Fonte: Próprio autor.

capítulo 2 • 60
LEITURA
Para aprofundamento no conteúdo aconselhamos a leitura das seguintes referências:
ABESO, Diretrizes brasileiras de obesidade. São Paulo: AC Farmacêutica, 2007.
POULIOT, M.C. et al. Waist circumference and abdominal sagittal diameter: Best simple
anthropometric indexes of abdominal visceral adipose tissue accumulation and related car-
diovascular risk in men and woman. Am Journal of Cardiology, v. 73, p. 460-468, 1994.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPER-
TENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. V Diretrizes Brasileiras de Hiper-
tensão Arterial. Rev. bras. hipertens, v. 13, n. 4, p. 260-312, out.-dez. 2006.

RESUMO
Antes de começar a prática regular de uma atividade física, o professor de educação
física precisa conhecer o aluno e saber dos possíveis riscos que o aluno tem para praticar
tal atividade.
Para isso o aluno passa inicialmente por uma anamnese que o caracteriza e por questio-
nários e medidas que mostram seu perfil.
Quando se trata de perfil de risco para doenças cardiovasculares os principais fatores
são a obesidade, hipertensão arterial e alterações de frequência cardíaca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACSM. Manual de pesquisa das diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua
prescrição. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
ACSM. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.
CANADIAN SOCIETY OF EXERCISE PHYSIOLOGY. Physical Activity Readiness Questionnaire -
PAR-Q. 2002. Disponível em: http://www.csep.ca/cmfiles/publications/parq/par-q.pdf.
FREITAS, R.H. Medida e avaliação para o esporte e a saúde. São Paulo: Rubio, 2004.
LWW. Avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
MAGGE, D.J. Avaliação musculoesquelética. 4.ed. São Paulo: Manole, 2005.
QUEIROGA, M. R. Testes e medidas para avaliação da aptidão física relacionada à saúde em
adultos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

capítulo 2 • 61
SBC; SBH; SBN. V Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. São Paulo, 2006.
SILVA, M. A. F. Métodos e técnicas de pesquisa. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2005.

capítulo 2 • 62
3
Avaliação
antropométrica
Avaliação antropométrica
A antropometria, é a ciência que estuda as proporções e medidas do corpo
humano. Sua evolução culmina em padronizações para medir e caracterizar o ho-
mem em suas diferentes dimensões. Através do conhecimento desenvolvido você
deverá ser capaz de:

OBJETIVOS
•  Relembrar o conceito de antropometria;
•  Aprender a metodologia para a medida de massa corporal, estatura;
•  Aprender a padronização das circunferências de pescoço, tórax, cintura, abdome, quadril,
braço relaxado e contraído, antebraço, punho, coxa proximal, coxa média, panturrilha e torno-
zelo, das dobras cutâneas de tríceps, bíceps, peitoral, subescapular, axilar média, suprailíaca,
supraespinhal, abdominal, coxa e panturrilha e dos diâmetros ósseos biepicondilar do fêmur
e do úmero;
•  Identificar os pontos anatômicos utilizados nas medidas;
•  Conhecer o índice de massa corporal (IMC) como indicador do excesso de peso para adultos;
•  Conhecer o índice de relação cintura quadril (IRCQ), a circunferência da cintura (CC), e o
índice de conicidade (IC) como indicadores de gordura central;
•  Saber calcular e interpretar os dados referentes ao IMC, IRCQ, CC e IC.

Conceito de antropometria

Etimologicamente, a palavra antropometria é formada pela junção de dois


termos de origem grega: ánthropos, que significa "homem" ou "ser humano"; e
métron, que quer dizer "medida".
A origem da antropometria remonta-se à Antiguidade, os egípcios e gregos já
observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. Por mais de um
século a Antropometria tem sido utilizada para avaliar o tamanho e as proporções
dos segmentos corporais, com a utilização das medidas de circunferência e com-
primento dos segmentos corporais.

capítulo 3 • 64
Padronização das medidas

Padronizar as medidas é estabelecer como será a metodologia para se obter o


valor de uma determinada medida.
As descrições para medida de massa corporal, estatura, circunferências (ex-
ceto abdome), dobras cutâneas (exceto peitoral e axilar média) e diâmetros ós-
seos seguem o determinado pelo protocolo definido pela International Society for
Advancement of Kinanthropometry - ISAK (STEWART et al., 2011).
A circunferência de abdome segue o protocolo estabelecido pelo CDC (Centers
for Disease Control and Prevention) e as dobras cutâneas peitoral e axilar média o
protocolo descrito por Heyward e Stolarczyk (2000).

Massa corporal

Para medir a massa corporal utiliza-se uma balança mecânica ou digital. É


importante que a balança esteja devidamente calibrada.
Procedimento em balança mecânica (STEWART et al., 2011):
1. Destravar a balança;
2. Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem es-
tar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente
o calibrador;
3. Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados;
4. Após a calibração da balança, ela deve ser travada e só então o avaliado subirá
na plataforma para ser pesado;
5. Posicionar o avaliado de costas para a balança, descalço, com o mínimo de
roupa possível, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços
estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição;
6. Destravar a balança;
7. Mover o cursor maior sobre a escala numérica, para marcar os quilos;
8 Depois mover o cursor menor para marcar os gramas;
9. Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados;
10. Travar a balança, evitando, assim que sua mola desgaste, assegurando o bom
funcionamento do equipamento;
11. Realizar a leitura de frente para o equipamento posicionando-se atrás da ba-
lança, a fim de visualizar melhor os valores apontados pelos cursores;

capítulo 3 • 65
12. Anotar o peso na ficha ou prontuário;
13. Retirar o avaliado da balança;
14. Retornar os cursores ao zero na escala numérica.

Figura 3.1  –  Massa corporal. (A) Balança mecânica com estadiômetro. (B) Balança digital.
Fonte: Próprio autor.

Estatura

Para medir a estatura utiliza-se um estadiômetro que pode ser fixo à parede ou
estar associado à balança.
Procedimento (STEWART et al., 2011):
1. Posicionar o avaliado descalço e com a cabeça livre de adereços, no centro do
equipamento. Mantê-lo em pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do cor-
po, com a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos (Plano
de Frankfurt);
2. Encostar os calcanhares, ombros e nádegas em contato com o
estadiômetro/parede;
3. Os maléolos mediais devem se tocar, bem como a parte interna de ambos os
joelhos. Unir os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas;
4. Abaixar a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça, com pres-
são suficiente para comprimir o cabelo. Retirar o avaliado, quando tiver certeza de
que o mesmo não se moveu;

capítulo 3 • 66
5. Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do equipamento, estan-
do o avaliado em apneia inspiratória.

Figura 3.2  –  Estatura. (A) Sem auxílio. (B) Com auxílio para leitura. Fonte: Próprio autor.

Circunferências

Pescoço

Procedimento (STEWART, 2011, p. 74):


a) Definição: Circunferência do pescoço imediatamente superior à cartilagem
tireoide e perpendicular ao eixo longitudinal no pescoço;
b) Posição do avaliado: Poderá estar sentado ou em pé com os braços ao longo
do corpo e a cabeça no plano de Frankfort;
c) Método: a trena é posicionada perpendicularmente ao eixo longitudinal do
pescoço e ajustada para que fique em contato com a superfície do pescoço;
d) Atenção: A trena não necessariamente estará paralela ao plano horizontal e
observar para que não exista inclusão do cabelo na medida (sob a trena)

capítulo 3 • 67
Figura 3.3  –  Circunferência de pescoço. Fonte: Próprio autor.

Braço relaxado

Procedimento (STEWART, 2011, p. 75):


a) Definição: Circunferência do braço nível do ponto Mid-acromiale-radiale,
perpendicular ao eixo longitudinal do braço;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo
com braço direito em ligeira abdução para permitir a colocação da trena;
c) Método: Avaliador do lado de fora do sujeito posiciona a trena antropométri-
ca rodeando o braço, ajusta a trena de forma que fique em contato com a superfí-
cie do braço e realiza a leitura.

Figura 3.4  –  Circunferência de braço relaxado (A) Identificação do ponto Mid-acromiale-ra-


diale. (B) Medida e leitura. Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 68
Braço contraído

Procedimento (STEWART, 2011, p. 76):


a) Definição: Circunferência do braço perpendicular ao seu eixo longitudinal
no nível de maior contração do m. bíceps braquial quando o braço é elevado 90°
(paralelo ao solo);
b) Posição do avaliado: Em pé com o membro superior esquerdo ao longo do
corpo e com o direito elevado anteriormente, na horizontal com antebraço supi-
nado e fletido 90º;
c) Método: Avaliador do lado de fora do sujeito segura a trena antropométrica
com a mão direita e com a esquerda traciona a fita rodeando o braço. Solicita a con-
tração do m. bíceps braquial e posiciona a trena no ponto de maior contração visível
e então pede ao avaliado realizar a maior força que é capaz. Neste momento ajusta a
trena de forma que fique em contato com a superfície do braço e realiza a leitura.

Figura 3.5  –  Circunferência de braço contraído. (A) Posicionamento da trena antropomé-


trica. (B) Localização da região de maior volume de contração. (C) Leitura da medida com
contração máxima. Fonte: Próprio autor.

Antebraço

Procedimento (STEWART, 2011, p. 77):


a) Definição: Circunferência máxima do antebraço perpendicular ao seu eixo
longitudinal, distal aos epicôndilos do úmero;

capítulo 3 • 69
b) Posição do avaliado: Em pé com o membro superior esquerdo ao longo do
corpo e com o direito com ombro ligeiramente fletido, cotovelo extendido e ante-
braço supinado;
c) Método: Avaliador à frente do avaliado segura a trena antropométrica com a
mão direita e com a esquerda traciona a fita rodeando o antebraço no ponto de
maior volume de forma que fique em contato com a superfície do antebraço e
realiza a leitura.

Figura 3.6  –  Circunferência de antebraço. Fonte: Próprio autor.

Punho

Procedimento (STEWART, 2011, p. 78):


a) Definição: Circunferência mínima do punho perpendicular ao eixo longitu-
dinal do antebraço, distal aos processos estilóides;
b) Posição do avaliado: Em pé com o membro superior esquerdo ao longo do
corpo e com o direito com ombro ligeiramente fletido, cotovelo extendido, ante-
braço supinado e mão relaxada;
c) Método: Avaliador à frente do avaliado segura a trena antropométrica com a
mão direita e com a esquerda traciona a fita rodeando o punho de forma que fique
em contato com a superfície do mesmo e realiza a leitura.

capítulo 3 • 70
Figura 3.7  –  Circunferência de punho. Fonte: Próprio autor.

Tórax

Procedimento (STEWART, 2011, p. 79):


a) Definição: Circunferência do tórax no nível do ponto Mesoesternale, perpen-
dicular ao eixo longitudinal do tórax;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores relaxados ao longo
do corpo levemente abduzidos;
c) Método: Avaliador à frente do avaliado segura a trena antropométrica
com a mão direita e com a esquerda traciona a fita rodeando o tórax no ponto
Mesoesternale de forma que fique em contato com a superfície do mesmo e realiza
a leitura no final da expiração normal.

capítulo 3 • 71
Figura 3.8  –  Circunferência de tórax. Fonte: Próprio autor.

Cintura

Procedimento (STEWART, 2011, p. 80):


a) Definição: Circunferência do tronco na região de menor dimensão, entre o
bordo inferior do arcabouço costal (10ª costela) e o bordo superior da crista ilíaca,
perpendicular ao eixo longitudinal do tronco;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo;
c) Método: Avaliador de frente para o sujeito coloca a fita à volta do tronco
(cintura). Sujeito faz uma ligeira abdução dos braços para permitir a colocação da
trena. A leitura é feita no final de uma expiração normal.

Figura 3.9  –  Circunferência de cintura. Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 72
Quadril

Procedimento (STEWART, 2011, p. 81):


a) Definição: Circunferência do quadril na região de maior protuberância pos-
terior, perpendicular ao eixo longitudinal do tronco;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores cruzados sobre o
tórax e membros inferiores juntos;
c) Método: Avaliador ao lado do sujeito coloca a fita à volta do quadril e realiza
a leitura.

Figura 3.10  –  Circunferência de quadril. Fonte: Próprio autor.

Coxa proximal

Procedimento (STEWART, 2011, p. 82):


a) Definição: Circunferência da coxa 1 cm distal à prega glútea, perpendicular
ao eixo longitudinal da coxa;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores cruzados sobre o
tórax e membros inferiores ligeiramente separados;
c) Método: Avaliador ao lado do sujeito coloca a fita à volta da coxa e realiza
a leitura.

capítulo 3 • 73
Figura 3.11  –  Circunferência de
coxa proximal. Fonte: Próprio autor.

Coxa média

Procedimento (STEWART, 2011, p. 83):


a) Definição: Circunferência da coxa no nível do ponto Mid-trochanterion-
tibiale laterale, perpendicular ao eixo longitudinal da coxa;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores cruzados sobre o
tórax e membros inferiores ligeiramente separados;
c) Método: Avaliador ao lado do sujeito coloca a fita à volta da coxa e realiza
a leitura.

Figura 3.12  –  Circunferência de coxa média. (A) Identificação e marcação do ponto Mi-
d-trochanterion-tibiale laterale. (B) Posicionamento da trena antropométrica. (C) Leitura da
medida. Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 74
Panturrilha

Procedimento (STEWART, 2011, p. 81):


a) Definição: Circunferência da panturrilha na região de maior dimensão da
perna (mesmo ponto da dobra panturrilha medial), perpendicular ao eixo longi-
tudinal da perna;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo
e membros inferiores ligeiramente separados com peso do corpo adequadamente
distribuído nos dois pés;
c) Método: Avaliador ao lado do sujeito coloca a fita à volta da perna e realiza
a leitura.

Figura 3.13  –  Circunferência de panturrilha. Fonte: Próprio autor.

Tornozelo

Procedimento (STEWART, 2011, p. 85):


a) Definição: Circunferência do tornozelo superiormente ao maléolo medial,
perpendicular ao eixo longitudinal da perna;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo e
membros inferiores ligeiramente separados;
c) Método: Avaliador ao lado do sujeito coloca a fita à volta do tornozelo e rea-
liza a leitura.

capítulo 3 • 75
Figura 3.14  –  Circunferência de tornozelo. Fonte: Próprio autor.

Abdome

Procedimento (Organização Mundial de Saúde – ABESO, 2009):


a) Definição: Circunferência do tronco na região de maior dimensão, entre a
última costela e crista ilíaca.
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores cruzados sobre
o tórax.
c) Método: Avaliador de frente para o sujeito coloca a fita à volta do tronco (ab-
dome). A leitura é feita no final de uma expiração normal.

Figura 3.15  –  Circunferência de abdome. Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 76
Dobras Cutâneas

Para medir as dobras cutâneas algumas observações devem ser levadas em con-
sideração (STEWART, 2011, p. 50-51):
99 Identificar e marcar os locais a serem medidos, sempre no hemicorpo di-
reito do avaliado. Em casos de alterações, amputações ou má-formações poderão
ser realizadas no hemicorpo esquerdo;
99 Destacar o tecido adiposo do tecido muscular utilizando os dedos polegar
e indicador da mão esquerda, e segurar a dobra cutânea até que a leitura da medida
tenha sido realizada;
99 Introduzir as hastes do compasso de dobras cutâneas aproximadamente
um centímetro abaixo dos dedos que estão segurando a dobra, de forma que as
mesmas fiquem perpendiculares à dobra cutânea;
99 Soltar completamente as hastes do compasso, para que toda a pressão de
suas molas possa atuar sobre o tecido medido;
99 Executar a leitura da medida no máximo dois a três segundos após a intro-
dução do compasso;
99 Repetir todo esse processo três vezes não consecutivas, ou seja, mede-se
todas as dobras cutâneas escolhidas, depois mede-se todas novamente, e então
mais uma vez;
99 Adotar o valor mediano (intermediário) como sendo a medida da do-
bra cutânea;
99 Quando, entre o maior e o menor valor obtido em uma dobra cutâ-
nea, houver uma diferença superior a 5%, deverá ser realizada uma nova série
de medidas;
99 O instrumento utilizado para medir as dobras cutâneas chama-se compas-
so de dobras cutâneas, também chamado de adipômetro, plicômetro ou especíme-
tro. A força de compressão varia em torno de 8 a 10 g/mm3, conforme o desenho
do modelo divide-se em dois tipos: os científicos em que a sua leitura da medida
permite uma maior precisão em uma escala de 0,01mm e os clínicos onde a escala
é de 1 mm.

capítulo 3 • 77
Tríceps

Procedimento (STEWART, 2011, p. 61):


a) Definição: Dobra cutânea tomada paralelamente ao eixo longitudinal do bra-
ço no ponto da dobra cutânea tríceps (posteriormente no braço no nível do ponto
Mid-acromiale-radiale - meia distância entre o ponto Acromiale e o ponto Radiale;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo
com antebraço em semi-pronação;
c) Método: É conveniente palpar o local antes de fazer a medição. O avaliador
permanece atrás do sujeito e a dobra cutânea é obtida paralelamente ao eixo lon-
gitudinal do braço.

Figura 3.16  –  Dobra cutânea tríceps. (A) Identificação do ponto mid-acromiale-radiale. (B)
Identificação do local da dobra cutânea tríceps. (C) Medida da dobra cutânea tríceps. Fonte:
Próprio autor.

Subescapular

Procedimento (STEWART, 2011, p. 62):


a) Definição: Dobra cutânea tomada obliquamente no ponto da dobra cutânea
subescapular (2 cm abaixo do ponto Subscapulare sobre linha lateral e obliqua
num ângulo de 45º);
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo
com antebraço em semi-pronação;
c) Método: O avaliador permanece atrás do sujeito e a dobra cutânea é obtida
obliquamente de cima para baixo no local da dobra cutânea subscapular. O ali-
nhamento da dobra é determinado pelo alinhamento natural da prega de pele.

capítulo 3 • 78
Figura 3.17  –  Dobra cutânea subescapular. A) Identificação do ponto subescapulare. (B)
Marcação do ponto subescapulare. (C) Marcação do ponto para dobra cutânea subescapular.
(C) Medida da dobra cutânea subescapular. Fonte: Próprio autor.

Bíceps

Procedimento (STEWART, 2011, p. 63):


a) Definição: Dobra cutânea tomada paralelamente ao eixo longitudinal do bra-
ço no ponto da dobra cutânea Bíceps (anteriormente no braço no nível do ponto
Mid-acromiale-radiale - meia distância entre o ponto Acromiale e o ponto Radiale);
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo
com antebraço em semi-pronação;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obtida
paralelamente ao eixo longitudinal do braço.

Figura 3.18  –  Dobra cutânea biceps. (A) Identificação e marcação do ponto mid-acromiale
-radiale para marcação do ponto de medida da dobra cutânea biceps. (B) Medida do dobra
biceps.Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 79
Crista ilíaca

Procedimento (STEWART, 2011, p. 64):


a) Definição: Dobra cutânea tomada horizontalmente no ponto da dobra cutâ-
nea Crista ilíaca (imediatamente acima do ponto Iliocristale – ponto mais superior
da crista ilíaca na linha axilar média);
b) Posição do avaliado: Em pé com o membro superior direito abduzido ou
cruzado a frente do tronco;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obti-
da horizontalmente.

Figura 3.19  –  Dobra cutânea crista ilíaca. (A) Identificação e marcação do ponto Iliocristale
para marcação do ponto de medida da dobra cutânea crista ilíaca. (B) Medida do dobra crista
ilíaca. Fonte: Próprio autor.

Supraespinhal

Procedimento (STEWART, 2011, p. 65):


a) Definição: Dobra cutânea tomada obliquamente, imediatamente abaixo do
ponto da dobra cutânea Supraespinhal (ponto de interseção entre a linha que co-
necta a prega axilar anterior ao ponto Iliospinale e a linha horizontal no nível do
ponto Iliocristale);

capítulo 3 • 80
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obti-
da obliquamente.

Figura 3.20  –  Dobra cutânea supraespinhal. (A) Identificação e marcação do ponto Iliospi-
nale para marcação do ponto de medida da dobra cutânea crista ilíaca. (B) Medida do dobra
cutânea supraespinhal. Fonte: Próprio autor.

Abdominal

Procedimento (STEWART, 2011, p. 66).


a) Definição: Dobra cutânea tomada verticalmente no ponto da dobra cutânea
Abdominal (5 cm lateralmente ao centro da cicatriz umbilical);
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obti-
da verticalemente.

Figura 3.21  –  Dobra cutânea abdominal. (A) Marcação do ponto de medida da dobra abdo-
minal. (B) Medida do dobra cutânea abdominal. Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 81
4.7. Coxa

Procedimento (STEWART, 2011, p. 67):


a) Definição: Dobra cutânea tomada paralelamente ao eixo longitudinal da coxa
no ponto da dobra cutânea Coxa (meia distância entre ponto Inguinal e Patellare
– borda superior da patela);
b) Posição do avaliado: Sentado com tronco ereto e os braços sustentando is-
quiotibiais, joelho estendido e calcanhar no solo;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obti-
da verticalmente.

Figura 3.22  –  Dobra cutânea coxa. (A) Identificação e marcação do ponto de medida da
dobra cutânea coxa. (B) Medida do dobra cutânea coxa. Fonte: Próprio autor.

Panturrilha medial

Procedimento (STEWART, 2011, p. 68):


a) Definição: Dobra cutânea tomada verticalmente no ponto da dobra
cutânea Panturrilha medial (ponto no aspecto medial da perna na região de
maior circunferência).

capítulo 3 • 82
b) Posição do avaliado: Em pé com o joelho direito fletido a 90º e pé apoiado
sobre banco.
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obti-
da verticalmente.

Figura 3.23  –  Dobra cutânea panturrilha medial. Fonte: Próprio autor.

Peitoral

Procedimento (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 31):


a) Definição: Dobra cutânea tomada diagonalmente na linha entre prega axi-
lar anterior e mamilo, sendo no ponto médio nos homens e no terço proximal
nas mulheres;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obtida
digonalemente ao eixo longitudinal do corpo.

capítulo 3 • 83
Figura 3.24  –  Dobra cutânea peitoral. (A) Identificação e marcação do ponto de medida da
dobra cutânea peitoral em mulheres. (B) Identificação e marcação do ponto de medida da do-
bra cutânea peitoral em homens. (C) Medida do dobra cutânea peitoral. Fonte: Próprio autor.

Axilar média

Procedimento (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 31):


a) Definição: Dobra cutânea tomada horizontalmente na linha axilar média no
nível da junção xifoesternal;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores ao longo do corpo;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obtida
horizontalmente ao eixo longitudinal do corpo.

Figura 3.25  –  Dobra cutânea axilar mé-


dia. (A) Identificação e marcação do ponto
de medida da dobra cutânea axilar média.
(B) Medida do dobra cutânea axilar média.
Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 84
Supra-ilíaca

Procedimento (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 31):


a) Definição: Dobra cutânea tomada obliquamente posteriormente à linha axi-
lar média e sobre a crista ilíaca, ao longo da linha natural da pele;
b) Posição do avaliado: Em pé com os membros superiores cruzados à frente
do corpo;
c) Método: O avaliador permanece ao lado do sujeito e a dobra cutânea é obtida
obliquamente ao eixo longitudinal do corpo.

Figura 3.26  –  Dobra cutânea suprailíaca. (A) Identificação e marcação do ponto de me-
dida da dobra cutânea supra-ilíaca. (B) Medida do dobra cutânea supra-ilíaca. Fonte: Pró-
prio autor.

Diâmetros ósseos

Biepicondilar do Úmero

Procedimento (STEWART et al., 2011, p. 107):


a) Definição: Medida entre os dois epicôndilos medial e lateral do úmero;
b) Posição do avaliado: Em pé ou sentado, relaxada, com ombro e cotovelo
fletidos a 90º;
c) Método: O avaliador permanece à frente do sujeito e o valor da medida é lido
quando as duas pontas do paquímetro comprimem ligeiramente o úmero em sua
porção distal, lateralmente aos côndilos.

capítulo 3 • 85
Figura 3.27  –  Diâmetro ósseo biepicondilar do úmero. Fonte: Próprio autor.

Biepicondilar do Fêmur

Procedimento (STEWART et al., 2011, p. 109):


a) Definição: Medida entre os dois epicôndilos medial e lateral do fêmur;
b) Posição do avaliado: Sentado com joelhos à 90º e pés apoiados no solo;
c) Método: O avaliador permanece à frente do sujeito e o valor da medida é lido
quando as duas pontas do paquímetro comprimem ligeiramente o fêmur em sua
porção distal, lateralmente aos côndilos.

Figura 3.28  –  Diâmetro ósseo biepicondilar do fêmur. Fonte: Próprio autor.

capítulo 3 • 86
Indicadores Antropométricos de saúde

Os indicadores de saúde são parâmetros utilizados para mapear a saúde de


uma população. São utilizados índices que nada mais são do que razões entre
duas grandezas (proporções corporais) tais que uma não inclui a outra. Exemplo:
Índice Cefálico = (diâmetro transverso do crânio)/(diâmetro longitudinal de crâ-
nio) ×100.
Tais índices sofrem modificações com o crescimento físico (alterações progres-
sivas observadas nas dimensões integrais do corpo ou em suas partes e segmentos
específicos), alterando os padrões relacionados à proporcionalidade corporal (que
procura reunir elementos quanto às proporções ou às relações que se estabelecem
entre as dimensões antropométricas dos distintos segmentos do corpo humano).

Índice de massa corporal (IMC)

Desde o início da antropometria existia a necessidade de se estabelecer um


índice para o peso corporal relativo. Quetelet (1796-1874) observou, em tabe-
las publicadas na época que apresentavam para ambos os gêneros, pesos corpo-
rais médios para a idade e estatura específicas, que a massa corporal de adultos é
proporcional à estatura, verificando ser a relação existente igual à massa corporal
(kg)/estatura2(m).
Massa Corporal ( kg )
IMC =
Estatura 2 (m )

De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Obesidade (ABESO, 2009), o IMC


é um bom indicador, mas não totalmente correlacionado com a gordura corporal.
Este índice possui limitações como:
•  Não distinguir massa gorda e massa magra (pode ser subestimado em idosos
e superestimado nos indivíduos musculosos);
•  Não reflete, necessariamente, a distribuição da gordura corporal;
•  Não indica, necessariamente, o mesmo grau de gordura em populações di-
versas por causa das diferentes proporções corporais.

Combinar o IMC com medidas da distribuição de gordura pode ajudar a


resolver algumas destas limitações.

capítulo 3 • 87
RISCO DE
CLASSIFICAÇÃO IMC (KG/M2) COMORBIDADES
Baixo peso < 18,5 Baixo

Peso normal 18,5 - 24,9 Médio

Sobrepeso ≥ 25 -

Pré-obeso 25,0 – 29,9 Aumentado

Obeso I 30,0 – 34,9 Moderado

Obeso II 35,0 – 39,9 Grave

Obeso III ≥ 40 Muito grave

Tabela 3.1  –  Classificação do IMC. Fonte: ABESO (2009)

Índice relação cintura quadril

A OMS considera a IRCQ um dos critérios para caracterizar a síndrome meta-


bólica, com valores de corte de 0,90 para homens e 0,85 para mulheres. Na popu-
lação brasileira, o IRCQ também demonstrou associar-se a risco de comorbidades.
Circunferência de Cintura(cm)
IRCQ =
Circunferência de Quadril(cm)

MUITO
IDADE BAIXO MODERADO ALTO ALTO
Até 29 < 0,83 0,83 – 0,88 0,89 – 0,94 > 0,94

30 – 39 < 0,84 0,84 – 0,91 0,92 – 0,96 > 0,96

40 – 49 < 0,88 0,88 – 0,95 0,96 – 1,00 > 1,00

50 – 59 < 0,90 0,90 – 0,96 0,97 – 1,02 > 1,02

> 59 < 0,91 0,91 – 0,98 0,99 – 1,03 >1,03

Tabela 3.2  –  Classificação do IRCQ para homens. Fonte: Bray e Gray (1988)

capítulo 3 • 88
MUITO
IDADE BAIXO MODERADO ALTO ALTO
Até 29 < 0,71 0,71 – 0,77 0,78 – 0,82 > 0,82

30 – 39 < 0,72 0,72 – 0,78 0,79 – 0,84 > 0,84

40 – 49 < 0,73 0,73 – 0,79 0,80 – 0,87 > 0,87

50 – 59 < 0,74 0,74 – 0,81 0,82 – 0,88 > 0,88

> 59 < 0,76 0,76 – 0,83 0,84 – 0,90 >0,90

Tabela 3.3  –  Classificação do IRCQ para mulheres. Fonte: Bray e Gray (1988)

Índice de conicidade

Recentemente o Índice de Conicidade (IC) foi desenvolvido por Valdez,


Seidell, Ahn e Weiss (1993), e pode ter valor clínico no empenho de medir a
distribuição de gordura (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 91; FERREIRA
et al, 2004).
O IC modela o corpo humano no formato de um cilindro, do extremo mais
estreito (IC = 1,00), em dois cones perfeitos com uma base comum na cintu-
ra, para o extremo mais gordo, ao redor do abdome (IC = 1,73) (HEYWARD;
STOLARCZYK, 2000, p. 91; FERREIRA et al, 2004).
Circunferência de Cintura(m)
IC =
Massa Corporal(kg)
0.109 x
Estatura(m)

Circunferência da cintura

O perímetro de Cintura vem sendo utilizado para avaliar a distribuição da


gordura corporal e o risco cardiovascular associados com a adiposidade. Petroski
(2011) observa que uma maior adiposidade visceral independente da adiposidade
total é vista como um fator de risco para a saúde em crianças e em adultos.
De acordo com Hasselmann et. al (2008), a literatura é controversa, pois exis-
tem estudos que apontam a circunferência abdominal e de cintura, e não o IMC
como os principais fatores associados ao risco de desfechos adversos em saúde
relacionados à obesidade.

capítulo 3 • 89
RESUMO
A antropometria é a ciência que estuda as proporções e medidas do corpo humano.
Essas medidas são utilizadas para acompanhar o crescimento e desenvolvimento infantil e
servem também como indicadores para a saúde da população.
Para coleta das medidas alguns materiais são necessários, tais como balança, estadiô-
metro, trena antropométrica, paquímetro e adipômetro. Cada um com seu objeto de medi-
da específica.
Não podemos esquecer que o material deve estar devidamente calibrado e limpo.
A avaliação deve ser explicada de forma clara ao avaliado para que então possam ser
coletadas as medidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABESO. Diretrizes brasileiras de obesidade. 3. ed. Itapevi: AC Farmacêutica, 2009.
BRAY, G. A.; GRAY, D.S. Obesity. Part I Pathogenesis. Western Journal of Medicine, v. 149, p. 429-
441, 1988.
FERREIRA, C. A. A. et al. Correlação entre o Índice de Conicidade, % de Gordura, Endo e Ectomorfismo
de Atletas Brasileiros de Natação. In: 19º Congresso Internacional de Educação Física - FIEP/2004,
2004, Foz do Iguaçu. Fiep Bulletin, v. 74. p. 82-82, 2004.
HASSELMANN, M. H. Associação entre circunferência abdominal e hipertensão arterial em mulheres:
Estudo Pró-Saúde. Cad. Saúde Pública, v. 24, n; 5, p. 1187-1191, 2008.
HEYWARD, V. H.; STOLARCZYK, L. M. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo:
Manole, 2000.
PETROSKI, E.L. Antropometria: técnicas e padronizações. 5 ed. São Paulo: Fontoura, 2011.
STEWART, A. et al. International standards for anthropometric assessment. New Zeland: ISAK,
2011.

capítulo 3 • 90
4
Avaliação da
composição
corporal
Avaliação da composição corporal
A avaliação da composição corporal se faz necessária em diversas áreas da saú-
de como medicina, antropologia, ergonomia, desempenho desportivo e cresci-
mento infantil. Muito do interesse ainda se concentra na quantificação da gordura
corporal em relação ao estado de saúde e desempenho desportivo, mas existem
outras diversas boas razões para medir as quantidades de outros constituintes do
corpo. Como resultado, o interesse em técnicas para avaliar a composição corporal
tem crescido significativamente nos últimos anos à medida que novas tecnologias
foram aplicadas a problemas de composição.
Neste capítulo apresentamos os métodos importantes, investigamos sua hie-
rarquia de validação, fornecemos detalhes práticos para avaliar muitos constituin-
tes do corpo e sugerimos orientações para futuras pesquisas. Através do conheci-
mento desenvolvido você deverá ser capaz de:

OBJETIVOS
•  Compreender a importância da análise da composição corporal para saúde;
•  Diferenciar método direto e indireto;
•  Conhecer os diferentes métodos indiretos laboratoriais e de campo;
•  Identificar a técnica adequada para avaliar a composição corporal em diferentes indivíduos;
•  Analisar a composição corporal e seus dois principais componentes, massa gorda e massa
corporal magra;
•  Conhecer o método de dobras cutâneas;
•  Conhecer as equações recomendadas para calcular o percentual de gordura em adultos;
•  Classificar o percentual de gordura em função da idade e gênero;
•  Conhecer a origem do somatotipo e suas relações com a tendência comportamental;
•  Calcular e interpretar cada componente do somatotipo (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia);
•  Interpretar o somatotipo através da somatocarta.

Métodos de Avaliação

É comum explicar a estrutura humana em termos de complexidade organiza-


cional crescente, desde átomos e moléculas até o anatômico, descrito como uma

capítulo 4 • 92
hierarquia de células, tecidos, órgãos, sistema e organismo. A composição corporal
pode ser vista como um problema fundamental da anatomia quantitativa, que
pode ser abordada em qualquer nível organizacional, dependendo da natureza
dos constituintes. O conhecimento da inter-relação de constituintes dentro de
um dado nível ou entre níveis também é importante e pode ser útil para estimar
indiretamente o tamanho de um compartimento particular (WANG; PIERSON
Jr; HEYMSFI, 1992).
O método tradicional de densitometria já não é considerado como o "pa-
drão-ouro" para determinar o percentual da gordura corporal. Apesar do número
crescente de métodos para avaliar a composição corporal, a validação é ainda a
questão mais séria, e por isso há confusão sobre se um método é mais preciso do
que outro (ESTON; REILLY, 2009).
As medidas de composição corporal podem ser usadas para acompanhar as
alterações que ocorrem ao longo do processo de desenvolvimento e crescimento,
servindo também para acompanhar parâmetros de saúde e a classificação dos ní-
veis de gordura corporal.
Para analisar a composição corporal podemos utilizar a classificação em mé-
todos diretos (estudos in vitro), indiretos e duplamente indiretos (estudos in
vivo) que serão abordados no decorrer do capítulo, mas inicialmente falaremos
dos níveis de abordagem e validade destes métodos (GUEDES; GUEDES, 2006;
PETROSKI, 2011).

Níveis de abordagem

No primeiro nível de composição estão as massas de aproximadamente 50


elementos que compreendem o nível atômico. A massa corporal total é 98% de-
terminada pela combinação de oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio
e fósforo, com os restantes 44 elementos compreendendo menos de 2% da massa
corporal total (KEYS; BROZEK, 1953). A tecnologia está disponível para medida
in vivo de todos os principais elementos encontrados em humanos. Os métodos
atuais envolvem geralmente a exposição do sujeito à radiação ionizante, o que
coloca severas restrições à utilidade desta abordagem. A importância primordial
do nível atômico é a relação de elementos específicos com outros níveis de orga-
nização, como na estimativa das reservas de proteína total do corpo a partir de
seu conteúdo de nitrogênio, por exemplo. A grande escassez da instrumentação

capítulo 4 • 93
necessária o que torna este nível inacessível a todos, exceto a alguns pesquisadores
(ESTON; REILLY, 2009).
O nível molecular de organização é composto por mais de 100.000 compos-
tos químicos, que podem ser reduzidos a cinco grupos químicos principais: lipí-
deos, água, proteínas, carboidratos (principalmente glicogênio) e minerais. Surge
alguma confusão com o termo lipídeo, que pode ser definido como aquelas mo-
léculas que são insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos tais como
o éter. Embora existam muitas formas de lipídios encontrados no corpo humano,
de longe o mais comum é triglicerídeo, o principal reservatório calórico do corpo,
com uma densidade relativamente constante de 0,900 g. ml-1. Outras formas de
lipídeos compreendem tipicamente menos de 10% do lipídeo corporal total e têm
densidades variáveis, por exemplo fosfolipídios (1.035 g.ml-1) e colesterol (1.067
g.ml-1) (KEYS; BROZEK, 1953). O lipídeo é frequentemente catalogado como
'essencial' ou 'não essencial' com base na função. Os lipídeos essenciais (ou não
adiposos) são aqueles sem os quais outras estruturas não poderiam funcionar, por
exemplo os lipídeos encontrados nas membranas celulares e no tecido nervoso.
O termo "gordura" é usado às vezes para se referir ao tecido adiposo. Para
evitar confusões, o termo "gordura" será utilizado indistintamente com o termo
"lipídeo" e não se referirá ao tecido adiposo.
Qualquer medida de gordura corporal total (como percentual de gordura por
pesagem hidrostática ou método de dobra cutânea) dá um único valor toda a
gordura corporal, independentemente da função ou localização. Todo o restante,
após a remoção de toda a gordura, é chamado de massa livre de gordura (MLG),
composto de músculo livre de gordura, osso sem gordura e assim por diante.
A massa corporal magra (MCM) é a MLG com a inclusão dos lipídios essen-
ciais (não adiposos); no entanto, MCM é, por vezes erroneamente utilizada como
um sinônimo de MLG. Deve ficar claro que não há meios de medição direta in
vivo do compartimento de gordura, portanto a gordura deve sempre ser estimada
indiretamente, como por exemplo, pela medição da densidade corporal. Outros
compartimentos moleculares podem ser estimados por diluição de isótopos (água
corporal total), absormetria de raios X de dupla energia (DXA, principalmente
mineral ósseo), análise de nitrogênio por ativação de nêutrons (proteína total do
corpo) (ESTON; REILLY, 2009).
Ao nível celular, o corpo é dividido em massa celular total, fluido extracelular
(FEC) e sólidos extracelulares (SEC). A massa celular total é composta por todos
os tipos diferentes de células incluindo adipócitos, miócitos e osteócitos. Não há

capítulo 4 • 94
método direto de medição de massas de células discretas ou massa total de células
(ESTON; REILLY, 2009).
O FEC inclui plasma intravascular e plasma extra vascular (fluido intersticial).
Este compartimento de fluidos é predominantemente água e atua como um meio
para a troca de gases, nutrientes e resíduos e pode ser estimado por métodos de
diluição de isótopos. O SEC inclui substâncias orgânicas tais como fibras de colá-
geno e elastina (ESTON; REILLY, 2009).
O quarto nível de organização inclui tecidos, órgãos e sistemas, que, embo-
ra de diferentes níveis de complexidade, são arranjos funcionais dos tecidos. As
quatro categorias de tecido são conectivas, epiteliais, musculares e nervosas. Os
tecidos adiposo e ósseo são formas de tecido conjuntivo, que, juntamente com
o tecido muscular, representam cerca de 75% da massa corporal total. O tecido
adiposo consiste em adipócitos juntamente com fibras de colágeno e elastina, que
suportam o tecido. Encontra-se predominantemente na região subcutânea do cor-
po, mas também é encontrado em menor quantidade ao redor dos órgãos, dentro
do tecido, como músculo (intersticial) e na medula óssea (medula amarela). A
densidade do tecido adiposo varia de cerca de 0,92 g.ml-1 a 0,96 g.ml-1 de acordo
com as proporções dos seus principais constituintes, lipídeos e água, e diminui
com o aumento da gordura corporal (ESTON; REILLY, 2009).
Não há método direto para a medição in vivo da massa do tecido adiposo,
mas os avanços na tecnologia de imagem médica (ultrassom, ressonância mag-
nética, tomografia computadorizada) permitem uma estimativa precisa das áreas
de tecido adiposo e outros por imagens transversais do corpo. As áreas teciduais
de varreduras adjacentes podem ser combinadas por modelação geométrica para
prever volumes regionais e mesmo volumes totais, se todo o corpo for digitalizado
(ESTON; REILLY, 2009).
Embora haja acesso limitado e alto custo associado a estas técnicas, eles têm o
potencial de servir como métodos de critério alternativos para a validação de mé-
todos mais acessíveis e menos onerosos para a avaliação da composição corporal
(ESTON; REILLY, 2009).
O osso é um tecido conjuntivo especializado com uma matriz de proteína
elástica, secretada por osteócitos, sobre a qual é depositado um mineral à base de
fosfato de cálcio, hidroxiapatita, que fornece resistência e rigidez. A densidade
do osso varia consideravelmente de acordo com fatores como idade, sexo e nível
de atividade. O intervalo de densidade óssea fresca em indivíduos cadáveres foi
relatado como 1,18-1,33 g.ml-1 (MARTIN et al., 1986). A massa de mineral

capítulo 4 • 95
ósseo pode ser estimada com precisão por absormetria de raios-X de energia dupla
(DXA), mas as densidades ósseas derivadas de DXA são densidades areais (isto é
g.cm-2) e são, portanto, sujeitas a artefatos de tamanho ósseo.
O tecido muscular é encontrado em três formas, esquelética, visceral e cardía-
ca. Sua densidade é relativamente constante a cerca de 1,065 g.ml-1 (MENDEZ;
KEYS, 1960; FORBES; COOPER; MITCHELL, 1953), embora a quantidade
de tecido adiposo intersticial dentro do tecido introduza alguma variabilidade.
Surpreendentemente, existem poucos métodos para quantificar a massa muscular
do corpo; destes, as técnicas de imagem laboratorial parecem ser as mais exa-
tas, enquanto a antropometria e a excreção de creatinina urinária têm sido am-
bas utilizadas.
Os outros tecidos, nervosos e epiteliais, foram considerados tecidos menos sig-
nificativos na análise da composição corporal. Como resultado, não foram feitas
tentativas para quantificar estes tecidos; eles são geralmente considerados como
tecidos residuais (ESTON; REILLY, 2009).
O corpo inteiro ou o nível orgânico da organização considera o corpo como
uma única unidade que trata do tamanho total, da forma, da área de superfí-
cie, da densidade e das características externas. Claramente estas características
são as mais prontamente medidas e incluem estatura, massa corporal e volume
(ESTON; REILLY, 2009).
Os cinco níveis de organização do corpo fornecem uma estrutura útil dentro
da qual as diferentes abordagens à composição corporal podem ser situadas.

Validade dos métodos

A validade de um método é a medida em que ele mede com precisão uma


quantidade cujo verdadeiro valor é conhecido. A análise da composição corporal é
incomum, pois apenas a dissecação de cadáver pode dar medidas verdadeiramente
válidas, mas quase nenhuma validação foi realizada dessa forma. Na verdade, não
há um único sujeito para quem a densidade corporal e gordura corporal (por dis-
secção e extração de éter) foram medidos. Isso resultou na aceitação de um méto-
do indireto, a densitometria, como critério para a estimação da gordura (ESTON;
REILLY, 2009).
Além dos cinco níveis de organização, há três níveis de validação na compo-
sição corporal, como na avaliação da gordura corporal, por exemplo. No nível I,
a massa gorda total é medida diretamente por dissecação de cadáveres, isto é, a

capítulo 4 • 96
extração com éter de lipídeo é realizada para todos os tecidos do corpo (ESTON;
REILLY, 2009).
No nível II, determina-se uma quantidade diferente da gordura (por exemplo,
densidade corporal ou atenuação de um feixe de raios X em DXA) e estabelece-se
uma relação quantitativa para permitir estimar a massa gorda a partir da quantida-
de medida (ESTON; REILLY, 2009).
No nível III, é novamente tomada uma medida indireta (por exemplo, es-
pessura de dobras cutâneas ou impedância bioelétrica) e é derivada uma equação
de regressão contra um método de nível II, tipicamente densitometria. Assim, os
métodos de nível III são duplamente indiretos, na medida em que incorporam
todas as suposições do método de nível II que são calibradas, bem como possuem
suas próprias limitações inerentes (ESTON; REILLY, 2009).
A abordagem de regressão também significa que métodos, como a medição de
espessura de dobras, são altamente específicos da amostra, uma vez que a relação quan-
titativa entre espessura da pele e densidade corporal depende de muitas variáveis, in-
cluindo hidratação corporal, densidade óssea, muscularidade relativa, compressibilida-
de cutânea e espessura, padrão de gordura corporal e a quantidade relativa de gordura
intra-abdominal. Isto, juntamente com o uso de diferentes subconjuntos de locais de
dobras cutâneas, é por isso que existem várias centenas de equações na literatura para
estimar a gordura de dobras cutâneas (ESTON; REILLY, 2009).
A calibração dos métodos do nível III contra a densitometria também exclui a
possibilidade de validar qualquer método de nível III contra a densitometria, pois
trata-se meramente de um argumento circular (ESTON; REILLY, 2009).

Métodos de Avaliação Diretos

Os métodos de avaliação chamados diretos são aqueles que os componentes


corporais são medidos diretamente e até hoje a dissecação de cadáveres é conside-
rada a única maneira direta de medir os principais componentes do corpo huma-
no (CATTRYSSE et al., 2002; OLIVEIRA, 2013)
Matiegka em 1921 fracionou o corpo humano em quatro componentes: gor-
dura corporal, massa óssea, massa muscular e massa residual (órgãos, sangue, tecido
epitelial e sistema nervoso) e a massa corporal seria a soma desses quatro compo-
nentes. Drinkwater em 1986 a partir da revisão e aprofundamento deste estudo,
produziu dados para a validação de métodos in vivo para estimativa da composição
corporal e desenvolver novos métodos antropométricos (CATTRYSSE et al., 2002).

capítulo 4 • 97
Métodos de Avaliação Indiretos

Os métodos indiretos são aqueles em que são estimados os componentes cor-


porais, estes não são medidos diretamente. Os primeiros trabalhos foram realiza-
dos por volta de 1940, com Behnke e Brozek que obtiveram dois resultados ainda
válidos atualmente: a pesagem hidrostática é o padrão-ouro para validar os outros
métodos indiretos (classificados como duplamente indiretos) e o modelo que divi-
de o corpo em massa gorda e massa magra (dois componentes) é a base de estudos
sobre composição corporal (SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).
Essas técnicas indiretas apesar de precisas têm seu uso maior na validação du-
plamente indiretas, pois além do custo financeiro alto têm uma limitada aplicação
prática. (SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009)

Métodos Laboratoriais – Pesagem Hidrostática

É um dos métodos de densidade corporal mais difundido atualmente. Na


Hidrodensitometria a densidade do corpo inteiro (D) é determinada, geralmen-
te medindo o volume do corpo por pesagem subaquática ou técnica similar.
Subaquática, ou hidrostática, a pesagem é baseada no princípio de Arquimedes,
que afirma que a subida de um corpo totalmente submerso em um fluido é igual
ao peso de fluido que desloca. Portanto, o peso da água deslocada por um corpo
submerso é o seu peso no ar menos seu peso em água. Dividindo isso pela densida-
de da água, fornece o volume bruto do corpo (CARRON; GUIMARÃES, 1997).
Isto deve ser corrigido para o volume pulmonar e gás gastrointestinal. Se o
peso subaquático é obtido quando o indivíduo expirou completamente (volume
residual), então este valor deve ser subtraído do volume bruto do corpo, jun-
tamente com uma correção para o gás gastrointestinal, geralmente considerado
100 ml.
Embora alguns sistemas meçam o volume residual ao mesmo tempo que o
peso subaquático, ele é tipicamente determinado fora do tanque de pesagem suba-
quático, pelo expirar do sujeito maximamente e respirando dentro de um sistema
fechado que contém uma quantidade conhecida de oxigênio puro (WILMORE
et al. 1980).
Este método foi então desenvolvido, para medir o volume corporal e assim
determinar a gordura corporal (percentual de gordura). Em essência, a teoria é

capítulo 4 • 98
baseada nos seguintes pressupostos e procedimentos: Um corpo (de massa M) é
dividido em um componente de massa gorda (MG) com densidade (dMG) e um
componente de massa livre de gordura (MLG) e densidade (dMLG). As massas
dos dois componentes são a massa do corpo (M) e os volumes (massa/densida-
de) dos dois componentes é o volume do corpo. Se D é a densidade do corpo
inteiro, então a combinação destes pressupostos dá o percentual de gordura, G
(MARTIN; DRINKWATER, 1991).
Em outras palavras, o volume corporal é igual à perda de peso na água com a
devida correção da temperatura para a densidade da água (LEITE, 2004).
Massa Corporal ( kg )
Densidade corporal (g / cm3 ) =
Volume Corporal (L )

A densidade da água é influenciada pela temperatura e impurezas, e a densi-


dade corporal pelo volume de ar nos pulmões e no sistema gastrointestinal. Por
isso, o cálculo da densidade corporal é realizado pela equação proposta por Brozek
(LEITE, 2004).
Massa Corporal (g )
Densidade corporal =
Massa Corporal − Massa corporal submersa
− ( V . Re sidual + V . Gastro int estinal )
Densidade da água na temperatura

Onde: V. Residual e V. gastrointestinal = 100 ml (BUSKIRK, 1961)

Procedimento para coleta e cálculo:


•  Primeiramente, verifica-se a massa do indivíduo fora da água;
•  Em seguida dentro de água;
•  Na pesagem subaquática, o avaliado deve realizar uma expiração máxima
para eliminar o máximo possível de ar dos pulmões;
•  Calcula-se a densidade corporal;
•  Este valor pode ser convertido em percentual de gordura corporal usando
as equações que assumem que a gordura corporal apresenta densidade constante
a 37°C. As equações mais utilizadas são a de Siri e a de Brozek, que assumem as
densidades para a gordura corporal de 0,9 (g/cm3) e 0,9007 (g/cm3), respectiva-
mente (LEITE, 2004).

capítulo 4 • 99
Siri (1961):
 4, 95 
%Gordura =  − 4, 5 x100
 densidade corporal 

Brozek et al (1963):
 4, 57 
%Gordura =  − 4,142  x100
 densidade corporal 

Figura 4.1  –  Modelo de formulário para coleta – pesagem hidrostática. Fonte: Adaptado de
Heyward (2004).

Métodos Laboratoriais – DEXA (absortometria de raio-x de dupla energia)

O DEXA (ou DXA - absortometria de raio-x de dupla energia) foi desen-


volvida inicialmente para avaliação do conteúdo mineral ósseo e é considerada
atualmente, um método de boa precisão e reprodutibilidade para avaliar a com-
posição corporal. É de rápida execução, não invasiva e não necessita de nenhum
preparo ou requisito especial para a execução do exame (LEITE, 2004; GUPTA
et al., 2011)
É uma técnica baseada no “escaneamento” corporal e verifica diferentes ate-
nuações de dois raios X que passam pelo corpo. O princípio básico da absorto-
metria é o uso de uma fonte de raio-x que passa por baixo do indivíduo (que fica

capítulo 4 • 100
em posição supina sobre a mesa) com um filtro que converte o feixe de raio-X em
picos fotoelétricos de baixa e alta energia (que atravessam o corpo do indivíduo).
A obtenção dos compartimentos corporais é feita pela medida da atenuação desses
picos fotoelétricos (LEITE, 2004; HEYWARD, 2004; SANT’ANNA; PRIORE;
FRANCESCHINI, 2009).
O DEXA analisa o corpo transversalmente em intervalos de 1cm (cabeça aos
pés) e pode medir a massa de gordura, massa livre de gordura e massa óssea (LEITE,
2004; SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009; HEYWARD, 2010).
Suas limitações são o custo elevado do equipamento, exposição à radiação e
a incapacidade de detectar a quantidade de água contida na massa magra (pois as
proteínas e os fluidos corporais apresentarem coeficientes de atenuação similares),
assim este método estima a água corporal total como equivalente a uma fração fixa
de 73,2% da massa magra do indivíduo (LEITE, 2004; SANT’ANNA; PRIORE;
FRANCESCHINI, 2009).

Métodos Laboratoriais – Pletismografia de deslocamento de ar

A plestimografia é um método recente para avaliação da composição corporal


que estima o volume corporal por meio do deslocamento de ar. Este método uti-
liza a relação inversa entre pressão e volume com base na lei de Boyle para deter-
minar o volume corporal. O aparelho é feito de fibra de vidro e é acoplado a um
computador que determina as variações no volume de ar e de pressão no interior
para a câmara vazia e ocupada, fazendo ajustes para variáveis pulmonares necessá-
rias na estimativa do volume corporal (LEITE, 2004; SANT’ANNA; PRIORE;
FRANCESCHINI, 2009).
O volume corporal é medido quando o sujeito se senta dentro da câmara e
ocorre o deslocamento de um volume de ar igual ao volume do seu corpo e, a
diferença de pressão do ar é registada. Ele é calculado indiretamente subtraindo o
volume de ar restante dentro da câmara quando o sujeito se encontra lá dentro, do
volume de ar na câmara quando está vazia (LEITE, 2004).
Durante a avaliação, o indivíduo deverá estar descalço e usando o mínimo de
roupa possível. Suas vantagens a simplicidade, segurança, cooperação mínima do
avaliado e rapidez (o procedimento leva em torno de 3-5 minutos). Sua limitação
é basicamente a necessidade do equipamento que é complexo, sofisticado e de alto
custo cujo modelo mais utilizado na atualidade é o BOD POT- Body Composition
System (LEITE, 2004; SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).

capítulo 4 • 101
Métodos de Campo – Bioimpedância

A bioimpedância (BIA) determina a quantidade total de água corporal, massa


magra (ossos, músculos e órgãos) e massa gorda. É indolor, precisa, rápida, segura,
não invasiva e portátil, substituindo na prática outros métodos mais sofisticados,
complexos e caros, que não justificam a relação custo/benefício (SANT’ANNA;
PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).
Este método é baseado na condução de uma corrente elétrica de baixa inten-
sidade através do corpo, cerca de 1 mA a uma frequência de 50 kHz, e posterior
registo da oposição diferencial dos tecidos (impedância) ao percurso da mesma
(LEITE; 2004; HEYWARD, 2004; SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI,
2009).
Os tecidos com pouca água e eletrólitos (tecido adiposo e ósseo), são maus
condutores da corrente elétrica e oferecem grande oposição à passagem da mes-
ma. Já os tecidos com conteúdo elevado de fluidos e eletrólitos (sangue, vísceras e
músculos) são bons condutores. Logo, pessoas com uma grande musculatura têm
uma impedância menor do que aquelas com uma grande quantidade de tecido
adiposo e pode-se dizer que a impedância é diretamente proporcional ao por-
centual de gordura corporal (ELLIS, 2001; LEITE; 2004; HEYWARD, 2004;
SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).
A estimativa da composição corporal por este método é fundamentada no
princípio que a impedância é diretamente proporcional à estatura, e inversamente
proporcional à área selecionada. A sua expressão matemática, em termos de volu-
me (água corporal total) é dada pela seguinte equação: (LEITE; 2004)
RTxB2
V= , onde
z

V = volume dos tecidos condutores (área corporal total, ACT, ou massa


não gorda)
RT = resistência dos tecidos por unidade de estatura, que é um valor constante
E = estatura
Z = impedância

Para estimar o volume de água corporal são usados três pressupostos:


•  Todo o corpo atua como um cilindro condutor;
•  O comprimento do condutor é proporcional à altura do sujeito;

capítulo 4 • 102
•  O termo reatância que contribui para a impedância total é pequena, tal que,
o componente resistência pode ser considerado equivalente à impedância corporal.

Quando estes pressupostos são combinados, pode ser mostrado que o volume
2
condutor é proporcional ao termo Estatura , chamado índice de impedância
(LEITE; 2004). Resistência
Diversas equações foram desenvolvidas e validadas com um r variando de 0,60
a 0,98 e um erro padrão estimado de 1,37 a 3,47. Assim, para que não ocorra o com-
prometimento do resultado, algumas orientações são dadas ao avaliado (LEITE;
2004; HEYWARD, 2004; SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).
•  Não deve ingerir nada até 4h antes do teste;
•  Não deve praticar exercício físico moderado ou vigoroso até 12h antes
do teste;
•  Deve evacuar completamente no período de 30 minutos antes do teste;
•  Deve abster-se do consumo de álcool até 48h antes do teste;
•  Não deve ingerir diuréticos e cafeína antes da avaliação, a não ser que seja
prescrito pelo seu médico;
•  Deve-se adiar o teste de mulheres que percebem que estão retendo água
durante o período menstrual.

As vantagens da bioimpedância são o baixo custo, resultado imediato, não


requerimento de pessoal altamente especializado, presença de equações específicas
para diferentes grupos populacionais e limitações a dependência da colaboração
por parte do avaliado no que diz respeito à fase pré-medição (hidratação, ali-
mentação, atividade física) e esta avaliação não pode ser realizada em indivíduos
portadores de marca-passos (LEITE; 2004; HEYWARD, 2004; SANT’ANNA;
PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).

Métodos de Campo – Dobras Cutâneas

A espessura do tecido adiposo subcutâneo passou a ser utilizada por volta de


1915 medindo-se as dobras cutâneas. Essa técnica promoveu nos anos 60 e 70 o
desenvolvimento de diversos modelos matemáticos de predição de composição
corporal, principalmente estimando-se a densidade corporal total e a gordura cor-
poral, subdividindo a massa corporal em dois ou mais compartimentos. O modelo
de dois compartimentos é considerado o modelo clássico, dividindo massa de

capítulo 4 • 103
gordura, composta por todos os lipídios que possam ser extraídos e massa livre de
gordura composta por água, proteínas e componentes minerais.
A medida das pregas cutâneas vem sendo muito utilizada para estimar a gordu-
ra corpórea em avaliações de campo e clínicas devido à sua fácil utilização, elevada
precisão e custo relativamente baixo quando comparada às outras técnicas como
DEXA e pletismografia (SANT’ANNA; PRIORE; FRANCESCHINI, 2009).
Sua exatidão e precisão dependem do tipo de plicômetro (compasso de dobras
cutâneas) usado, da familiarização do avaliador com as técnicas de medida e da
perfeita identificação do ponto anatômico a ser medido. Por isso, é tão importan-
te a calibragem do equipamento e o treinamento do avaliador (SANT’ANNA;
PRIORE; FRANCESCHINI, 2009; HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p.
24).

Figura 4.2  –  Tipos de plicômetros. Fonte: Próprio autor.

A dobra cutânea mede indiretamente a espessura do tecido gorduroso sub-


cutâneo e por isso algumas relações básicas são assumidas para estimar a densi-
dade corporal total para se obter o percentual de gordura corporal (HEYWARD;
STOLARCZYK, 2000, p. 23).
99 A dobra cutânea é uma boa medida da gordura subcutânea;
99 A distribuição da gordura subcutânea e interna é similar para todos os
indivíduos do mesmo sexo;

capítulo 4 • 104
99 Devido à existência de uma relação entre gordura subcutânea e gordura
corporal total, a soma de várias dobras cutâneas pode ser utilizada para estimar a
gordura corporal total;
99 Há uma relação entre o somatório das dobras cutâneas e a densida-
de corporal;
99 A idade é uma variável de predição independente da dobra cutânea tanto
para o gênero masculino quando para feminino.

Figura 4.3  –  Anatomia da dobra cutânea. Fonte: Heyward; Stolarczyk (2000)

De acordo com Heyward e Stolarczyk (2000), para a medida das dobras cutâ-
neas alguns cuidados devem ser tomados:
99 As medidas são feitas no lado direito do corpo.
99 O local da dobra cutânea deve ser identificado de acordo com o protoco-
lo escolhido.
99 A dobra deve ser pinçada com firmeza entre o polegar e o indicador sendo
destacada por aproximadamente 1 cm.
99 Manter a dobra pressionada enquanto a medida é realizada.
99 As hastes do adipômetro devem ficar perpendiculares à dobra cutânea.

capítulo 4 • 105
99 A leitura do valor é feita no máximo em 4 segundos após a pressão ter
sido aplicada.
99 As hastes do adipômetro são afastadas e somente após deixa-se de exercer
pressão sobre a dobra cutânea.

Equações utilizadas

As equações de predição de dobras cutâneas foram desenvolvidas usando modelos


de regressão nas quais são relacionados os valores encontrados das dobras e outras
medidas antropométricas com a densidade corporal. A maioria das equações utilizam
no mínimo 3 dobras cutâneas para predizer a densidade corporal. A densidade corpo-
ral é convertida no percentual de gordura com a utilização de uma equação que seja
apropriada às características do avaliado (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 26).

•  Jackson e Pollock - 3DC (1978)


99 Mulheres (18 a 55 anos)
densidade corporal
= 1,0994921-0,0009929 × (∑3DC) + 0,0000023 × (∑3DC)2 - 0,0001392 × idade
Obs.: ∑3DC = tríceps + supra-ilíaca + coxa (mm)

99 Homens (18 a 61 anos)


densidade corporal
= 1,109380-0,0008267 × (∑3DC)+0,0000016 ×(∑3DC)2 - 0,0002574 × idade
Obs.: ∑3DC = peitoral + abdome + coxa (mm)

•  Jackson e Pollock - 7DC (1980)


99 Mulheres (18 a 55 anos)
densidade corporal
= 1,0970-0,00046971 × (∑7DC) + 0,00000056 × (∑7DC)2 - 0,00012828 × idade
Obs.: ∑7DC = peitoral + abdome + coxa + tríceps + subescapular + supra-ilía-
ca + axilar média (mm)

99 Homens (18 a 61 anos)


densidade corporal
= 1,1120-0,00043499 × (∑7DC) + 0,00000055 × (∑7DC)2 - 0,00028826 × idade
Obs.: ∑7DC = peitoral + abdome + coxa + tríceps + subescapular + supra-ilía-
ca + axilar média (mm)

capítulo 4 • 106
•  Guedes (1985)
99 Mulheres
densidade corporal = 1,16650 - 0,07063 log (∑3DC)
Obs.: ∑3DC = coxa + supra-ilíaca + subescapular

99 Homens
densidade corporal = 1,17136 - 0,06706 log (∑3DC)
Obs.: ∑3DC = tríceps + supra - ilíaca + abdome

•  Petroski (1995)
99 Mulheres (18 a 51 anos)
densidade corporal = 1,03465850-0,00063129 × (∑4DC) + 0,00000187 ×
(∑4DC)2 - 0,00031165 × idade - 0,00048890 × massa corporal + 0,00051345 =
× estatura
Obs.: ∑4DC = axilar média + supra-ilíaca + coxa + panturrilha medial

99 Homens (18 a 66 anos)


densidade corporal = 1,10098229-0,00145899 × (∑2DC) + 0,00000701 ×
(∑2DC)2 - 0,00032770 × idade
Obs.: ∑2DC = tríceps + axilar média

•  Faulkner (1968)
99 Mulheres e Homens
% de gordura = [(tríceps + supra-ilíaca + subescapular + abdome) x 0,153 + 5,783]

Para predizer o % de gordura a partir das equações que fornecem a densidade


corporal usamos as fórmulas a seguir.

Siri (1961):
 4, 95 
% Gordura =  − 4, 5 x100
 densidade corporal 

Brozek et al (1963):
 4, 57 
% Gordura =  − 4,142  x100
 densidade corporal 

capítulo 4 • 107
Somatotipo

Para o cálculo dos componentes do somatotipo são necessárias as seguintes


medidas antropométricas: estatura, massa corporal, diâmetros biepicondilianos
do úmero e do fêmur, circunferência do braço contraído e panturrilha e as dobra
cutâneas tricipital, subescapular e supraespinhale (HEATH; CARTER, 2005).
Após a aferição das medidas antropométricas, deve-se realizar o cálculo dos 3
componentes do somatotipo: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia.
Para o cálculo da Endomorfia usa-se: a estatura, as dobras cutâneas de tríceps
(TR), subescapular (SB) e supraespinhale (SE), corrigidas pelo valor 170,18 (altu-
ra ou estatura do Phantom) (HEATH; CARTER, 2005).

Endomorfia = -0,7182 + 0,1451 (x) - 0,00068 (x)2 + 0,0000014 (x)3

170,18 cm
x = (SB) x100(mm ) + SE(mm ) + TR (mm )) ⋅
EST(cm )

Para o cálculo da Mesomorfia usa-se: a estatura, diâmetro do úmero (UM),


diâmetro do fêmur (FM), perímetro de braço contraído (PBC), perímetro de per-
na corrigido (PPC). Deve-se efetuar a correção dos perímetros de braço contraído
e perna subtraindo destes os valores das dobras cutâneas de tríceps e panturrilha
medial, respectivamente (HEATH; CARTER, 2005).

Mesomorfia = [(0,858 ∙ UM(cm)) + (0,601 ∙ FM(cm)) + (0,188 ∙ PBC(cm))


+ (0,161 ∙PPC(cm))] - (EST(cm) ∙ 0,131) + 4,5

Para o cálculo da Ectomorfia usa-se: a estatura e a massa corporal, calculando-


se o Índice Ponderal (IP) (HEATH; CARTER, 2005).
estatura(cm )
IP =
8 massa corporal( kg )

Se IP ≥ 40,75:

Ectomorfia = (0,732 ∙ IP) - 28,58

capítulo 4 • 108
Se 38,25 < IP < 40,75:

Ectomorfia = (0,463 ∙IP) - 17,63

Se X ≤ 38.25:

Ectomorfia = 0,1

Para visualizar como os componentes somatotípicos se distribuem no interior


de uma amostra, deve-se utilizar a sua representação gráfica do somatograma que
é um triângulo de lados curvos com a designação de “Triângulo de Reuleaux”;
este triângulo possui 3 eixos que se intersectam no seu centro, estes eixos são de-
nominados pelo nome de cada componente. No vértice inferior esquerdo temos
a primeira componente (endomorfia), no vértice superior a segunda componen-
te (mesomorfia), e no vértice inferior direito a terceira componente (ectomorfia)
(HEATH; CARTER, 2005).

Figura 4.4  –  Triângulo de Reuleaux.

capítulo 4 • 109
Para realizar a plotagem do somatotipo neste triângulo, de acordo com
as coordenadas X e Y usam-se as equações abaixo e classificação é conforme
tabela 4.1 (HEATH; CARTER, 2005).

X = Ectomorfia - Endomorfia

Y = 2 × Mesomorfia - (Endomorfia + Ectomorfia)

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
A 1ª componente é dominante; a 2ª e a
Endomorfo equilibrado
3ª são iguais ou não diferem mais de 0,5.
A 1ª componente é dominante; a 2ª é
Meso-Endomorfo
maior que a 3ª.
A 1ª e a 2ª componentes são iguais ou
Mesomorfo-Endomorfo não diferem mais que 0,5; a 3ª compo-
nente tem o valor mais baixo.
A 2ª componente é dominante; a 1ª é
Endo-Mesomorfo
maior do que a 3ª.
A 2ª componente é dominante; a 1ª e a
Mesomorfo equilibrado
3ª são iguais ou não diferem mais de 0,5.
A 2ª componente é dominante; a 3ª é
Ecto-Mesomorfo
maior que a 1ª.
A 2ª e a 3ª componentes são iguais ou
Mesomorfo-Ectomorfo não diferem mais que 0,5; a 1º compo-
nente tem o valor mais baixo.
A 3ª componente é dominante; a 2ª é
Meso-Ectomorfo
maior que a 1ª.
A 3ª componente é dominante; a 1ª e a
Ectomorfo equilibrado
2ª são iguais ou não diferem mais de 0,5.
A 3ª componente é dominante; a 1ª é
Endo-Ectomorfo
maior que a 2ª.
A 1ª e a 3ª componentes são iguais ou
Endomorfo-Ectomorfo não diferem mais que 0,5; a 2ª compo-
nente tem o valor mais baixo.
Nenhuma componente excede em mais
Central de um ponto qualquer das outras; todas
as componentes têm valores entre 3 e 4.

Tabela 4.1  –  Classificação do somatotipo.

capítulo 4 • 110
A análise dos dados encontrados pode ser realizada através de: Somatotipo
Médio, Distância de Dispersão do Somatotipo (DDS) e Índice de Dispersão do
Somatotipo (IDS). O Somatotipo Médio é obtido através da média aritmética
de cada uma das componentes. A Distância de Dispersão do Somatotipo (DDS)
permite verificar a distância entre um somatotipo estudado e outro considerado
padrão. A diferença é estatisticamente significativa se o resultado for maior que
2,0. Para calcular o valor da DDS, utiliza-se a seguinte equação:

 2
( endo A − endoB ) + ( meso A − mesoB ) + ( ecto A − ectoB )
2 2
DDS =  

Onde: endoA = endomorfia; endoB = endomorfia; mesoA = mesomorfia;


mesoB = mesomorfia; ectoA = ectomorfia; ectoB = ectomorfia.

A Média Posicional do Somatotipo (ou Índice de Dispersão do Somatotipo -


IDS) é a média das DDS de um grupo, em relação ao somatotipo padrão, para o
seu cálculo utilizamos a equação (HEATH; CARTER, 2005):
ΣDDS
IDS =
N

Onde: ∑DDS = somatório dos valores de DDS, N = número de elemen-


tos analisados.

RESUMO
A composição corporal sofre modificações com o crescimento e desenvolvimento do
indivíduo e é usada também para acompanhar parâmetros de saúde nas crianças como a
classificação de obesidade. Diversos métodos são utilizados, dentre eles estão os indiretos e
duplamente indiretos, como pesagem hidrostática, bioimpedância elétrica, DEXA e pletismo-
grafia. Mesmo com a existência de métodos modernos e sofisticados a mais utilizada ainda é
a avaliação da composição corporal a partir das dobras cutâneas.

capítulo 4 • 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LEITE, M. J. C. I. C. Métodos de avaliação da composição corporal. Monografia-Faculdade de
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capítulo 4 • 112
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capítulo 4 • 113
capítulo 4 • 114
5
Avaliação da
aptidão física
relacionada à saúde
Avaliação da aptidão física relacionada à
saúde

A aptidão física, diferente da atividade física pode ser descrita como um atri-
buto referindo-se à habilidade para o desempenho de um determinado trabalho
físico, considerada um estado adaptativo e, em parte, geneticamente determinada
(RODRIGUES et al., 2007). A avaliação das diferentes aptidões é necessária tanto
para critérios de boa condição de saúde quanto para determinar a performance
em determinados esportes. Através do conhecimento desenvolvido você deverá
ser capaz de:

OBJETIVOS
•  Definir aptidão cardiorrespiratória, aptidão muscular e flexibilidade;
•  Diferenciar os testes de esforço de campo e laboratório, máximo de submáximo;
•  Aplicar, de forma segura, um teste de esforço submáximo, utilizando diferentes ergômetros;
•  Calcular o consumo máximo de oxigênio previsto em função da idade e gênero;
•  Estimar o consumo máximo de oxigênio com os diferentes protocolos e interpretar, através
de valores tabelados, a aptidão cardiorrespiratória;
•  Controlar as seguintes variáveis durante o teste, frequência cardíaca, pressão arterial e
sensação de esforço;
•  Identificar a necessidade de avaliação da força em diferentes indivíduos;
•  Medir e avaliar a força muscular utilizando testes dinâmicos e estáticos;
•  Conceituar flexibilidade, compreender a sua importância para saúde e identificar a neces-
sidade de avaliação da flexibilidade em diferentes indivíduos;
•  Conhecer a metodologia dos testes lineares, adimensionais e angulares para avaliar
a flexibilidade.

Aptidão Cardiorrespiratória

A capacidade cardiorrespiratória pode ser definida como a capacidade de


realizar exercícios dinâmicos com grandes grupos musculares em intensidade

capítulo 5 • 116
moderada a alta por períodos prolongados (ACSM, 2000, p. 57; ACSM, 2003, p.
18; ANDRADE et al., 2013).
A aptidão cardiorrespiratória é, então, um componente relacionado à saúde
e pode ser medida direta ou indiretamente, com protocolos máximos (> 90%
frequência cardíaca) ou submáximos. Podem ser realizados em laboratório ou em
campo. Estes testes estimam o consumo de oxigênio e assim classificam o nível de
aptidão cardiorrespiratória do sujeito (ANDRADE et al., 2013).
De acordo com Hespanha (2004, p. 65) é o componente de maior impor-
tância para aptidão física relacionada com saúde e compreende a resistência ao
exercício submáximo, a potência aeróbia máxima, a função cardiorrespiratória e a
pressão arterial.
•  A resistência ao exercício submáximo é o nível de tolerância às demandas
energéticas de baixa intensidade e longa duração;
•  A potência aeróbia máxima é medida pelo VO2máx (consumo máximo de
oxigênio), ou seja, é o maior volume de oxigênio que se pode absorver do ar atmos-
férico e transportar aos tecidos durante o exercício máximo na unidade de tempo;
•  A função cardiorrespiratória é avaliada a partir das respostas da frequên-
cia cardíaca, frequência respiratória e outras variáveis do sistema cardiovascular
e respiratório;
•  A pressão arterial, como já abordada no capítulo 2, é a força exercida pela
coluna de sangue contra as paredes das artérias possuindo dois componentes, a
pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica.

LEITURA
Leia mais sobre o assunto em:
SOUZA, E. C. M. S. et al.Teste cardiopulmonar do exercício na prática clínica. Rev Bras
Med Esporte, v. 6, n. 6,p. 249-254, nov/dez, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/rbme/v6n6/v6n6a05.pdf>.
NEDER, J. A.; NERY, L. E. Teste de Exercício Cardiopulmonar. J Pneumol,v. 28, supl. 3,
p. 166-206, outubro, 2002. Disponível em: <http://www.jornaldepneumologia.com.br/PDF/
Suple_140_45_99%20Teste%20do%20exercicio%20cardiopulmonar.pdf.>

capítulo 5 • 117
CONEXÃO
Vejam as novidades sobre a hipertensão arterial.
7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial - 2016
<http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_
ARTERIAL.pdf>.

Procedimentos pré-teste

Para a realização de testes da aptidão cardiorrespiratória, alguns procedimen-


tos são necessários anteriormente à execução do teste para garantir a segurança do
avaliado, a boa execução do teste para obtenção do resultado.
Inicialmente o sujeito é submetido à avaliação pré-teste composta pela
anamnese e estratificação de risco, conforme descrito no capítulo 2 deste livro.
Adicionalmente pode ser visto na tabela 5.1 as contra-indicações relativas e ab-
solutas para a realização do teste de esforço. As contra-indicações relativas são
aquelas em que o sujeito pode ser submetido ao teste após uma análise cuidadosa
da relação risco-benefício, já as absolutas são aquelas que impedem a realização do
teste (ACSM, 2000).

ABSOLUTAS RELATIVAS
•  Alteração significativa no ECG em re- •  Pressão diastólica >115mmHg
pouso que sugira infarto ou outro episó- ou pressão sistólica >200mmHg
dio agudo em repouso
•  Infarto do miocárdio recente complicado •  Cardiopatia valvular moderada
•  Angina instável •  Anormalidades eletrolíticas conhecidas
•  Arritmia ventricular não controlada •  Marca-passo de frequência fixa
•  Arritmia atrial não controlada com com- •  Ectopia ventricular complexa
prometimento da função cardíaca ou frequente
•  Bloqueio cardíaco AV de terceiro grau •  Aneurisma ventricular
sem marca-passo •  Doença metabólica não controlada
•  Insuficiência cardíaca congestiva aguda •  Doença infecciosa crônica
•  Estenose aórtica grave

capítulo 5 • 118
ABSOLUTAS RELATIVAS
•  Suspeita ou certeza de aneuris- •  Distúrbios neuromusculares, muscu-
ma dissecante loesqueléticos ou reumatoides exacerba-
•  Miocardite ou pericardite suspeita dos pelo exercício
ou ativa •  Gravidez avançada ou complicada
•  Tromboflebite ou trombo intracardíaco
•  Êmbolo pulmonar ou sistêmico recente
•  Infecções agudas
•  Distúrbio emocional significativo
(psicose)

Tabela 5.1  –  Contraindicações absolutas e relativas para o teste de esforço. Fonte: Modifi-
cado de ACSM (2000, p. 35).

Após a triagem inicial e o sujeito sendo considerado apto para a realização do


teste de esforço, é entregue a ele o termo de consentimento livre e esclarecido (ou
também chamado de consentimento informado). Este termo é uma consideração
ética e legal, em diferentes modelos e itens, porém com toda a informação que
assegure que o participante conhece e compreende os objetivos, riscos e benefícios
do teste. De forma geral, é estruturado da seguinte maneira (ACSM, 2000, p.
40-41):
1. Explicação sobre o teste;
Neste tópico é explicado qual o teste e como ele será realizado.
2. Riscos e desconfortos resultantes;
Descritos os riscos e desconfortos proporcionados pelo teste (por exemplo,
alteração da pressão arterial, desmaio etc.)
3. Responsabilidade do participante;
Aqui se pede ao participante que forneça informações verdadeiras durante
o teste (por exemplo nível de cansaço, falta de ar, etc.) e que não tenha omitido
dados nos questionários anteriores fornecidos na anamnese).
4. Benefícios esperados;
Descritos a utilidade dos resultados obtidos no teste
5. Perguntas/dúvidas;
Aqui é informado ao indivíduo que qualquer dúvida que este possua será es-
clarecida a qualquer momento do teste.

capítulo 5 • 119
6. Liberdade de consentimento.
Informa que a participação no teste é voluntária e o mesmo pode pedir a in-
terrupção a qualquer momento.

Para a realização dos testes deve ser fornecida ao participante um documento


com as orientações para a realização do teste. Os pontos a seguir devem ser consi-
derados, mas instruções específicas podem variar com o tipo e finalidade do teste
(ACSM, 2000, p. 44).
•  Evite ingerir comida, álcool, cafeína ou fumar 3 horas antes do teste;
•  Evite esforço significativo ou exercício no dia da avaliação;
•  Sua roupa deve permitir liberdade de movimento e deverá calçar tênis;
•  Se possível, levar um acompanhante, pois o teste poderá ser cansativo e você
queira alguém que o leve de volta para casa;
•  Leve uma lista com os medicamentos que utiliza;
•  Interrompa medicação APENAS por solicitação médica.

Testes de campo vs. laboratório

Os testes de campo são uma forma de estimar o VO2máx. São realizados em


pistas, quadras e piscinas por meio de testes de corrida (ou nado) de forma con-
tínua ou intervalada com espaço demarcado e tempo cronometrado. Este tipo
de teste permite a avaliação de um número grande de pessoas simultaneamente
(QUEIROGA, 2005, p. 149).
Os testes de pista/quadra apresentam uma das 3 características a seguir, já
os testes de piscina seguem a primeira ou a segunda, o que confere característica
específica de cada um (McNAUGHTON; HALL; COOLEY, 1998):
99 Percorrer a maior distância em um tempo determinado. Exemplo: Teste de
Cooper de 12 minutos (1968);
99 Percorrer uma distância determinada no menor tempo possível. Exemplo:
Teste de 2.400m de Cooper (1968);
99 Realizar uma corrida de ida-e-volta com aumento progressivo de intensi-
dade em cada estágio, na forma de redução dos intervalos de tempo até a exaustão
voluntária. Exemplo: Shuttle Run de Léger e Lambert (1982).

A escolha destes testes é justificada geralmente por não se dispor de ergôme-


tro, a necessidade de avaliar grandes grupos populacionais ou pelo envolvimento

capítulo 5 • 120
das atividades motoras comuns do repertório de habilidades do homem (cami-
nhar, correr) (QUEIROGA, 2005, p. 150).
Os testes realizados em laboratório necessitam de instrumentos específicos, os
ergômetros (esteira rolante, cicloergômetro/bicicleta e banco). Estes instrumentos
identificam a capacidade do indivíduo em gerar trabalho mecânico por unidade
de tempo, e possuem diferentes vantagens e desvantagens conforme pode ser vista
na tabela 5.2 (QUEIROGA, 2005, p. 144; HESPANHA, 2004, p. 92).

COMPARAÇÃO BANCO BICICLETA ESTEIRA


PREÇO + ++ +++

RUÍDO + ++ +++

MANUTENÇÃO + ++ +++

ESPAÇO FÍSICO + ++ +++

REGISTROS PA E FC +++ + ++

REGISTRO DO ECG +++ + ++

OBTENÇÃO DO VO2MÁX +++ ++ +

FACILIDADE PARA EXERCÍCIO +++ ++ +


Legenda: PA – Pressão Arterial; FC – Frequência Cardíaca; ECG – Eletrocardiograma; VO2
máx – Consumo Máximo de Oxigênio.

+, ++, +++ = do melhor para o pior

Tabela 5.2  –  Comparação entre banco, bicicleta e esteira. Fonte: Hespanha (2004, p. 92)

A esteira rolante é um ergômetro elétrico onde a intensidade pode ser con-


trolada pela velocidade e elevação (ângulo de inclinação). A bicicleta ergométrica
pode ser mecânica ou eletromagnética onde a resistência ao trabalho é gerada pela
fricção de uma correia na roda livre e o incremento da carga na bicicleta mecânica
pode ser por adição direta de anilhas em unidade de tempo (kpm = kp x d x rpm)
ou por uma barraque é girada para alterar a intensidade. Dependendo do proto-
colo de banco utilizado é utilizado banco de altura pré-determinada ou com altura
ajustada para a estatura do avaliado conforme tabela 5.3 (QUEIROGA, 2005, p.
144-148; SOUSA; PELLEGRINOTTI, 1998).

capítulo 5 • 121
ESTATURA DO AVALIADO (CM) ALTURA DO BANCO (CM)
Até 151,9 32
152,0 a 161,9 34
162,0 a 171,9 38
172,0 a 181,9 40
182,0 a 191,9 42
Acima de 192 45

Tabela 5.3  –  Relação entre estatura do avaliado e altura do banco. Fonte: Sousa e Pellegri-
notti (1998)

LEITURA
Leia mais sobre o assunto em:
MILANO, G. E.; LEITE, N. Comparação das variáveis cardiorrespiratórias de adoles-
centes obesos e não obesos em esteira e bicicleta ergométrica. Rev Bras Med Espor-
te, v. 15, n. 4, p. 251-254,jul/ago, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rbme/v6n6/v6n6a05.pdf>.
STEIN, R.; VILAS-BOAS, F. Normatização de técnicas e equipamentos para realização
de exames em ergometria e ergoespirometria. In: STEIN, R.; VILAS-BOAS, F. Diretriz de
Técnicas e Equipamentos para Realização de Exames em Ergometria e Ergoespirometria.
Arq. Bras. Cardiol, v. 80, supl IV, abr, 2003. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/
consenso/2003/site/016.pdf>.

Testes máximos vs. submáximos

Os protocolos para execução do teste de esforço podem ser subdivididos em


máximos e submáximos, considerando máximo aqueles que sujeitam o indiví-
duo à frequência cardíaca maior que 90% da frequência cardíaca máxima. Os
testes máximos fornecem informações mais precisas e permitem o diagnóstico de
eventuais distúrbios coronarianos, porém expõe a maiores riscos. Já os testes sub-
máximos oferecem menores riscos para o avaliado e geralmente requerem menor
tempo para finalização, embora não alcancem respostas idênticas aos dos testes
máximos (QUEIROGA, 2005, p. 139).

capítulo 5 • 122
Na realização no teste, devem ser observadas situações que indiquem a inter-
rupção do mesmo, e são elas (ELLESTAD, 1984, p. 79).
99 Extra-sístoles ventriculares que se desenvolvam aos pares ou com uma fre-
quência crescente, à medida que o exercício aumenta, ou quando aparece taqui-
cardia ventricular (salvas de 3 ou mais extra-sístoles ventriculares);
99 Quando sobrevêm taquicardia, fibrilação ou flutter atrial;
99 Início de bloqueio cardíaco, de segundo ou terceiro grau;
99 Dor anginosa progressiva (dor grau três se o grau quatro for a mais grave
na experiência do sujeito);
99 Depressão do segmento ST;
99 Queda progressiva do pulso ou pressão arterial sistólica com a continuação
do exercício;
99 Incapacidade do sujeito em continuar o teste por causa de dispneia, fadiga
ou tonteira;
99 Dor musculoesquelética intensa;
99 Aspecto de vasoconstrição (palidez e sudorese);
99 Elevação excessiva na pressão arterial sistólica e diastólica associadas com
cefaleia ou visão turva;
99 Quando o paciente atinge ou excede a frequência cardíaca máxima previs-
ta, pode-se ficar ciente que ele obteve desempenho satisfatório, mas se ele sente--se
capaz e quer continuar, é seguro continuar o teste na ausência de outras indicações
para interrupção.

Protocolos

Com o passar dos anos, diversos protocolos foram elaborados para identi-
ficar a capacidade cardiorrespiratória do indivíduo levando-se em consideração
faixa etária, sexo e perfil de atividade física. Para este livro foram selecionados
os protocolos mais utilizados na prática do profissional de educação física. Vale
ressaltar que dependendo da característica do avaliado, outros protocolos podem
ser utilizados.
Para compararmos o VO2 máx obtido no teste e saber se é o adequado para o
indivíduo podemos utilizar a equação de predição de VO2 máx que prevê com base

capítulo 5 • 123
Protocolos de Campo

Os protocolos de campo conforme dito anteriormente verificam a distância


percorrida em um tempo, o tempo usado para percorrer uma distância, ou impõe
aumento de intensidade no percurso.
O teste de 12 minutos de Cooper verifica a distância em metros que o in-
divíduo percorre em 12 minutos e o VO2máx é calculado a partir da equação a
seguir e classificação de acordo com a tabela 5.4 (QUEIROGA, 2005, p. 174;
HESPANHA, 2004, p. 73):
distância (metros) - 504,094
V O 2 máx (mL / kg / min) =
44,783

CATEGORIA FAIXA ETÁRIA – DURAÇÃO DO TESTE (MINUTO)


DA APTIDÃO
FÍSICA 13-19 20:29 30-39 40-49 50-59 > 60
H < 35 < 33 < 31,5 < 30,2 < 26,1 < 20,5
MUITO FRACA
M < 25 < 23,6 < 22,8 < 21,0 < 20,2 < 17,5

H 35,0-38,3 33,0-36,4 31,5-35-4 30,2-33,5 26,1-30,9 20,5-26,0


FRACA
M 25,0-30,9 23,6-28,9 22,8-26,9 21,0-24,4 20,2-22,7 17,5-20,1

H 38,4-45,1 36,5-42,4 35,5-40,9 33,6-38,9 31,0-35,7 26,1-32,2


MÉDIA
M 31,0-34,9 29,0-32,9 27,0-31,4 24,5-28,9 22,8-26,9 20,2-24,4

H 45,2-50,9 42,5-46,4 41,0-44,9 39,0-43,7 35,8-40,9 32,3-36,4


BOA
M 35,0-38,9 33,0-36,9 31,5-35,6 29,0-32,8 27,0-31,4 24,5-30,2

H 51,0-55,9 46,5-52,4 45,0-49,4 43,8-48,0 41,0-45,3 36,5-44,2


EXCELENTE
M 39,9-41,9 37,0-40,9 35,7-40,0 32,9-36,9 31,5-35,7 30,3-31,4

H > 56,0 > 52,5 > 49,5 > 48,1 > 45,4 > 44,3
SUPERIOR
M >42,0 > 41,9 > 40,1 > 37,0 > 35,8 > 31,5

Tabela 5.4  –  Classificação da aptidão aeróbia de acordo com o desempenho no teste de


12 minutos de Cooper. Fonte: Modificado de Hespanha (2004, p. 73).

capítulo 5 • 124
O teste de corrida/caminhada de 2.400 metros de Cooper identifica o tem-
po gasto para percorrer esta distância e classifica a aptidão aeróbia do indivíduo de
acordo com a tabela 5.5.
CATEGORIA FAIXA ETÁRIA – DURAÇÃO DO TESTE (MINUTO)
DA APTIDÃO
FÍSICA 13-19 20:29 30-39 40-49 50-59 > 60
H > 15:31 > 16:01 > 16:31 > 17:31 > 19:01 > 20:01
MUITO
FRACA M > 18:31 > 19:01 > 19:31 > 20:01 > 20:01 > 21:01

H 12:11-15:30 14:01-16:00 14:44-16:30 15:36-17:30 17:01-19:00 19:01-20:00


FRACA
M 16:55-18:30 18:31-19:00 19:01-19:30 19:31-20:00 20:01-20:30 21:00-21:31

H 10:49-12:10 12:01-14:00 12:31-14:45 13:01-15:35 14:31-17:00 16:16-19:00


MÉDIA
M 14:31-16:54 15:55-18:30 16:31-19:00 17:31-19:30 19:01-20:00 19:31-20:30

H 9:41-10:38 10:46-12:00 11:01-12:30 11:31-13:00 12:31-14:30 14:00-16:15


BOA
M 12:30-14:30 13:31-15:54 14:31-16:30 15:56-17:30 16:31-19:00 17:31-19:30

H 8:37-9:40 9:45-10:45 10:00-11:00 10:30-11:30 11:00-12:30 11:15-13:59


EXCELENTE
M 11:50-12:29 12:3013:30 13:00-14:30 13:45-15:55 14:30-16:30 16:30-17:30

Tabela 5.5  –  Classificação da aptidão aeróbia de acordo com o tempo gasto para percorrer
2400 metros. Fonte: Hespanha (2004, p. 74).

Para este teste o consumo máximo de oxigênio pode ser estimado pela equa-
ção do American College of Sports Medicine (HESPANHA, 2004, p. 74):
distância (metros)
V O 2 máx (mL / kg / min) = x 0, 2 + 3,5
tempo (minuto)

Protocolos de Esteira Rolante

O teste de Bruce é considerado um protocolo contínuo e máximo utilizado


para homens e mulheres saudáveis, homens com problemas cardíacos com inten-
sidade determinada pela velocidade e inclinação da esteira conforme tabela 5.6.

capítulo 5 • 125
DURAÇÃO VELOCIDADE ESCALONADA
TEMPO
ESTÁGIO DO ESTÁGIO ELEVAÇÃO
(MIN)
(MIN) mph Km/h m/min
1 3 3 1,7 2,7 45,6 10

2 3 6 2,5 4,0 67,0 12

3 3 9 3,4 5,5 91,1 14

4 3 12 4,2 6,8 112,6 16

5 3 15 5,0 8,1 134,0 18

6 3 18 5,5 8,9 147,4 20

7 3 21 6,0 9,7 160,8 22

Tabela 5.6  –  Teste de Bruce. Fonte: Modificado de Queiroga (2005, p. 151).

Após a finalização do teste o VO2máx é determinado de acordo com a tabela 5.7.

INDIVÍDUO VO2MÁX (ML/KG/MIN)


HOMENS ATIVOS VO2máx = 3,778 x (tempo em minuto) + 0,19

HOMENS SEDENTÁRIOS VO2máx = 3,288 x (tempo em minuto) + 4,07

HOMENS CARDÍACOS VO2máx = 3,227 x (tempo em minuto) + 9,48

HOMENS SADIOS VO2máx = 0,056 x (tempo em segundo) + 3,88

MULHERES SADIAS VO2máx = 0,056 x (tempo em segundo) + 1,06

Tabela 5.7  –  Cálculo do VO2máx a partir do Teste de Bruce. Fonte: Queiroga (2005, p.
151-152).

O protocolo de rampa permite a individualização do teste de esforço com au-


mento de carga ocorrendo de forma contínua. Neste protocolo existe um estágio
inicial de carga baixa para aquecimento com duração entre 1 a 3 minutos e depois
a carga é aumentada de forma progressiva de acordo com a capacidade individual
estimada previamente, com o objetivo de alcançar o VO2máx entre 8 a 12 minutos
de teste (HESPANHA, 2004, p. 89).

capítulo 5 • 126
Para este protocolo o VO2máximo pode ser estimado a partir da equação
(HESPANHA, 2004, p. 89):

VO2 máx (mL/kg/min) = 3,9 × tempo (minuto) - 7

LEITURA
Recomenda-se a leitura da diretriz do Departamento de Ergometria, Exercício e
Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia para estabelecimento
da velocidade e inclinação da esteira em protocolo de rampa. Para isso acesse: <http://
departamentos.cardiol.br/sbc-derc/revista/2014/20-1/pdf/06-atualizacao.pdf>.

O protocolo de Balke destina-se a pessoas bem condicionadas e à em como


desvantagem o grande tempo de execução do teste. O VO2máx é obtido pela
equação (HESPANHA, 2004, p. 86)

VO2 máx (mL/kg/min) = 1,75 x % elevação + 10,6

O protocolo de Ellestad também é considerado máximo, com incrementos


de trabalho realizados em 8 estágios de acordo com a tabela 5.8 e o VO2máx cal-
culado a partir da equação do ACSM (tabela 5.9).

ESTÁGIO MPH KM/H % ELEVAÇÃO VO2MAX METS MIN


1 1,7 2,7 10 16,1 4,6 3

2 3,0 4,8 10 25,8 7,4 5

3 4,0 6,4 10 33,2 9,6 7

4 5,0 8,0 10 42,0 12,0 9-10

5 5,0 8,0 15 48,3 13,8 11-12

6 6,0 9,6 15 56,8 16,1 13-14

7 7,0 11,2 15 66,5 19,0 15-16

8 8,0 12,8 15 75,2 21,5 17-18

Tabela 5.8  –  Protocolo de Ellestad. Fonte: Hespanha (2004, p. 88).

capítulo 5 • 127
VELOCIDADE DA ESTEIRA VO2MÁX (mL/kg/min)
VO2máx = (2,68 mph + 3,5) + (48,28 mph x
MARCHA (ATÉ 4mph) %inclinação)

VO2máx = (5,36 mph + 3,5) + (24,14 mph x


CORRIDA (ACIMA DE 5mph) %inclinação)

Tabela 5.9  –  Cálculo do VO2máx pela inclinação atingida.

Protocolos de Bicicleta

O protocolo de Balke é um teste máximo escalonado sem intervalos que


pode alcançar vários estágios para homens e mulheres. Em ambos os casos se inicia
com uma carga de 25watts (0,5kg) e ocorre aumento de carga em 25watts a cada
2 minutos até a exaustão. A velocidade de pedalada é constante a 60 rpm (rotações
por minuto) equivalentes a 21,6 (km/h). A carga final do teste é então utilizada na
equação para estimativa do VO2máx (QUEIROGA, 2005, p. 156).
300 + (12 x carga final)
VO2 máx (mL/kg/min)=
massa corporal

O protocolo de Åstrand e Rhyming (1954) é um teste submáximo com


utilização de carga única de trabalho para homens e mulheres. Após aquecimento
o avaliado pedala durante 6 minutos em uma velocidade de 50-60 rpm. A car-
ga é ajustada entre 100-150 watts para homens e 50-100 watts para mulheres.
A frequência cardíaca é aferida no 5º e 6º minuto e calculada a média (FCmédia).
Este valor deverá estar entre 120-170bpm e preferencialmente acima de 140 para
jovens (HESPANHA, 2004, p. 82; MOTEIRO; LOPES, 2009, p. 126-127).
Calcula-se, então, o VO2 de carga para poder calcular o VO2máx. Em indi-
víduos acima de 35 anos é necessário utilizar um fator de correção para ajuste
conforme a tabela 5.10.

VO2 de carga = (0,014 × carga em watts) + 0,129

195-61 
VO2 máx homens =   × VO2 de carga
 FCmédia -61 
VO2 máx mulheres =  198-72  × VO2 de carga
 FCmédia -72 

capítulo 5 • 128
VO2 máx (acima de 35 anos) = VO2 máx × fator de correção

IDADE FATOR IDADE FATOR IDADE FATOR IDADE FATOR


36-38 0,87 45-48 0,78 54 0,72 61 0,66

39 0,86 49 0,77 55 0,71 62-65 0,65

40-42 0,83 50-51 0,75 56 0,70

43 0,82 52 0,74 57-58 0,69

44 0,81 53 0,73 59-60 0,68

Tabela 5.10  –  Fator de correção do VO2máx de acordo com a idade em anos. Fonte: Mon-
teiro e Lopes (2009, p. 127).

Protocolos de Banco

O protocolo de Katch e McArdle (1984) é constituído de carga única com


banco de 40,6cm de altura e duração de 3 minutos com frequência de passada
determinada por gênero. Após 5 segundos (e no máximo 20) de término de teste,
a frequência cardíaca (FC) é aferida com o avaliado ainda de pé e então calcula-
do o VO2 de acordo com as equações da tabela 5.11 (Monteiro, 2009, p. 122;
HESPANHA, 2004, p. 79).

FREQUÊNCIA DA
GÊNERO METRÔNOMO VO2MÁX
PASSADA

MASCULINO 24 96 VO2máx = 111,13 a (0,42 x FC)

FEMININO 22 88 VO2máx = 65,81 a (0,1847 x FC)

Tabela 5.11  –  Cálculo do VO2máx pela frequência cardíaca ao término do teste.

O protocolo de Balke é um teste escalonado máximo com estágios que du-


ram 2 minutos e usa 5 bancos com alturas progressivas (10, 20, 30, 40 e 50 cm).
O ritmo de subida é selecionado de acordo com a condição física do avaliado (18,
24, 30 ou 40 passos por minutos). Permite-se a adaptação do avaliado ao banco

capítulo 5 • 129
inicial por um período de 3 minutos e repouso de 5 minutos para início do teste.
O teste inicia-se com o banco de 10 cm e a cada 2 minutos troca-se o banco pelo
próximo sem que prejudique a cadência do avaliado. Para este teste calcula-se o
VO2max utilizando a seguinte equação (QUEIROGA, 2005, p. 159-160).:
(1,33 x 1,78 x altura do banco x ritmo) + (0,35 x ritmo)
VO2 máx (mL/kg/min)=
massa corporal

Aptidão muscular

Força e Resistência Muscular

A força muscular é a capacidade do grupo muscular de desenvolver força con-


trátil máxima contra uma resistência em uma única contração. Já a resistência
muscular está relacionada à capacidade para realizar força submáxima por perío-
dos prolongados (HEYWARD, 2004, p. 107; HESPANHA, 2004, p. 91-92).
Tanto a força quanto a resistência podem ser avaliadas de forma dinâmica ou
estática. Quando a resistência faz com que não haja movimento articular aparente
diz-se que é uma contração isométrica (estática). Quando existe movimento arti-
cular visível considera-se uma contração dinâmica, classificada em concêntrica e
excêntrica. Na contração concêntrica a resistência é menor que a forca muscular
produzida e na excêntrica a resistência é maior. Existe um terceiro tipo de contra-
ção que é a isocinética. Neste tipo a velocidade do movimento é constante em toda
a amplitude do movimento e controlada mecanicamente (HEYWARD, 2004, p.
107-108; HESPANHA, 2004, p. 91-92).

Teste isométrico: dinamometria

A força isométrica é medida com uso de dinamômetros e tensiômetros de cabo.


A dinamometria manual mede a força das mãos em uma escala de 0 a 100 kg
em ambos os gêneros (HESPANHA, 2004, p. 93-94) (tabela 5.12).
Posição do avaliado (FESS, 1992): Em pé com o braço ao longo do corpo com
cotovelo fletido a 90º e antebraço em posição neutra. Segura-se o dinamômetro
apoiando-se a base da tração na falange distal do 2º ao 5º dedo e a barra de apoio
próxima às cabeças do 2º ao 5º metacarpos.

capítulo 5 • 130
Procedimento: O ponteiro deve estar no ponto zero da escala. O polegar não
participa da realização da força. O avaliado deve realizar tensão máxima possível
de flexão dos dedos. Podem ser realizadas 3 tentativas com intervalo de 1 minuto
e utiliza-se o maior valor obtido ou o valor médio das 3 tentativas.

ESQUERDA (KG) DIREITA (KG)


CLASSIFICAÇÃO
M F M F
EXCELENTE > 68 > 37 > 70 > 41

BOM 56 – 67 34 – 36 62 – 69 38 – 40

MÉDIO 43 – 55 22 – 33 48 – 61 25 – 37

ABAIXO DA 39 – 42 18 – 21 41 – 47 22 – 24
MÉDIA
FRACO < 39 < 18 < 41 < 22

Tabela 5.12  –  Classificação dinamometria manual. Fonte: Modificado de Heyward (2004,


p. 110).

A dinamometria de membros inferiores mede a força de membros inferiores


em ambos os gêneros (tabela 5.13) (HESPANHA, 2004, p. 93-94; HEYWARD,
2004, p. 109).
Posição do avaliado: Em pé sobre a plataforma com os joelhos semi-fletidos
(130 a 140º). Segura-se a barra do dinamômetro com pegada pronada e a posicio-
na sobre as coxas ajustando o comprimento da corrente.
Procedimento: O ponteiro deve estar no ponto zero da escala e a corrente ajus-
tada. O avaliado deve realizar tensão máxima possível com intenção de estender os
joelhos. Podem ser feitas de 2 até 5 tentativas com intervalos de 1 minuto e utilizar
o valor máximo obtido ou média das tentativas realizadas.
A dinamometria dorsal mede a força lombar em ambos os gêneros (tabela
5.13) (HESPANHA, 2004, p. 93-94; HEYWARD, 2004, p. 109).
Posição do avaliado: Em pé sobre a plataforma com os joelhos estendidos e
corpo ereto. Segura-se a barra do dinamômetro com pegada pronada com mão
direita e supinada com a mão esquerda e a posiciona sobre as coxas ajustando o
comprimento da corrente.

capítulo 5 • 131
Procedimento: O ponteiro deve estar no ponto zero da escala e a corrente
ajustada. O avaliado deve realizar tensão máxima possível com intenção de elevar
a barra utilizando os músculos das costas e é instruído a forçar os ombros para
trás durante a puxada. Podem ser feitas de 2 até 5 tentativas com intervalos de
1 minuto e utilizar o valor máximo obtido ou média das tentativas realizadas.

MMII (KG) DORSAL (KG)


CLASSIFICAÇÃO
M F M F
EXCELENTE > 241 > 136 > 209 > 111

BOM 214 – 240 114 – 135 177 – 208 98 – 110

MÉDIO 160 – 213 66 – 113 126 – 176 52 – 97

ABAIXO DA 137 – 159 49 – 65 91 – 125 39 – 51


MÉDIA
FRACO < 137 < 49 < 91 <39

Tabela 5.13  –  Classificação dinamometria de membros inferiores (MMII) e dorsal. Fonte:


Modificado de Heyward (2004, p. 110).

Teste Dinâmico: Força, potência e resistência

O teste de força dinâmica geralmente realizado é o teste de uma repetição


máxima (1 RM) que é o peso levantado em uma repetição completa do movi-
mento. Os seguintes passos básicos são recomendados para a realização do teste de
1 RM (HEYWARD, 2004, p. 111; KRAEMEE; FRY, 1995):
1. O avaliado deve realizar no aquecimento, 5 a 10 repetições do exercício com
40-60% da 1 RM estimada.
2. Após o aquecimento, repouso de 1 minuto com alongamento e realização de
3-5 repetições com 60-80% da 1 RM estimada.
3. Realização de uma repetição com a carga total da 1 RM estimada. Se o levan-
tamento for bem sucedido, o avaliado deve repousar de 3 a 5 minutos e realizar
nova tentativa com incremento na carga. Este procedimento deve ser realizado até
que o avaliado não seja mais capaz de levantar a carga.
4. O valor obtido no teste de 1 RM é o peso máximo levantado na última tenta-
tiva bem sucedida.

capítulo 5 • 132
A força explosiva (potência) dos membros inferiores pode ser avaliada pelos
testes de impulsão vertical e horizontal (HESPANHA, 2004, p. 96).
No teste de impulsão vertical o sujeito é instruído a saltar para cima o mais
alto possível (HESPANHA, 2004, p. 96).
Posição do avaliado: Em pé ao lado da parede com os braços estendidos aci-
ma da cabeça e dedos sujos de giz. Na parede está fixada uma fita métrica de forma
descendente a 1 metro do solo.
Procedimento: Solicita que o avaliado salte o mais alto possível com toque
do dedo sujo de giz na parede. Podem ser feitas mais de 1 tentativa e utiliza-se o
maior valor obtido ou o valor médio das tentativas realizadas.
Cálculo da potência: A potência é calculada utilizando o valor do salto, ou
seja a diferença entre altura do salto e estatura do indivíduo (D).

Potência (kgm/s) = 2,21 × massa corporal (kg) × D

No teste de impulsão horizontal o sujeito é instruído a saltar para frente o


mais longe possível (HEYWARD, 2004, p. 111; HESPANHA, 2004, p. 97).
Posição do avaliado: Em pé com pés paralelos em uma linha demarcada
no solo.
Procedimento: Solicita que o avaliado salte o mais longe possível para frente
a partir da linha demarcada. Não é permitida a corrida pré-salto. Podem ser feitas
mais de 1 tentativa e utiliza-se o maior valor obtido ou o valor médio das tentati-
vas realizadas.
Cálculo da potência: A potência é calculada utilizando o valor do salto, ou
seja a diferença entre altura do salto e estatura do indivíduo (D)

Potência (kgm/s) = 2,21 × massa corporal (kg) × D

A resistência muscular pode ser avaliada pelo teste de flexão de frente ao solo
(membros superiores) e flexão abdominal (abdome).
O teste de flexão de frente ao solo pode ser realizado tanto em homens
quanto mulheres com diferença no posicionamento (HESPANHA, 2004, p. 98).
Posição do avaliado: Homem - Deitado em prono com as mãos e pés apoia-
dos no solo, corpo em extensão e cotovelos estendidos.
Mulher - Deitada em prono com as mãos e joelhos apoiados no solo, corpo
em extensão e cotovelos estendidos.

capítulo 5 • 133
Procedimento: Em ambos os gêneros o movimento é realizado até que o
tórax toque o solo e repetido no período de 1 minuto.

O teste de flexão abdominal pode ser realizado tanto em homens quanto


mulheres (HESPANHA, 2004, p. 98).
Posição do avaliado: Deitado em supino com os braços cruzados a frente do
corpo, flexão de joelhos e pés apoiados no solo seguros pelo avaliador.
Procedimento: Em ambos os gêneros o movimento é realizado até que os
cotovelos toquem os joelhos com retorno total ao solo. Este movimento é repetido
no período de 1 minuto.

Flexibilidade

A avaliação da postura pode ser realizada de forma subjetiva apenas com a


observação do avaliador, ou podemos utilizar materiais e softwares que auxiliam
na coleta de medidas corporais e ângulos articulares.
A mobilidade é um requisito do movimento humano, é necessário um míni-
mo para a realização adequada das tarefas do dia a dia ou esportiva. A flexibilidade
diz respeito a mobilidade articular, ou seja, a amplitude articular de um determi-
nado movimento (NSCA, 2015, p. 319).
O movimento articular individual pode ser fragmentado didaticamente em
dois tipos: movimento osteocinemático e artrocinemático (NSCA, 2015, p. 321).
Os movimentos osteocinemáticos são os movimentos clássicos da diáfise ós-
sea. São os movimentos realizados voluntariamente, observados externamente e
que ocorrem de acordo com os planos cardeais do corpo em um determinado eixo
(flexão, extensão, adução, abdução, rotação lateral e medial, pronação, supinação,
inversão, eversão, dorsiflexão e flexão plantar). Já os movimentos artrocinemáticos
são os movimentos que ocorrem involuntariamente entre as superfícies articulares
e podem ser visualizados internamente na cápsula articular (giro, rolamento, tra-
ção, compressão e deslizamento) (NSCA, 2015, p. 321).
A amplitude do movimento de uma articulação relaciona-se com a quantida-
de de rotação disponível ou graus de liberdade. Ou seja, se uma articulação possui
1 grau de liberdade, ela é capaz de realizar rotação em um eixo, originando 2 mo-
vimentos antagônicos (NSCA, 2015, p. 321-322).

capítulo 5 • 134
A avaliação da flexibilidade é componente importante para as atividades da
vida diária, laborais e desportivas e pode ser realizada por testes funcionais (por
exemplo teste de sentar e alcançar), testes angulares (goniometria) ou adimensio-
nais (flexiteste).

Testes Lineares

Os testes lineares fornecem resultados em comprimentos, ou seja, centímetros,


utilizando fita métrica, réguas, trenas ou banco específicos (ROCHA; GUEDES
JUNIOR, 2009, p. 184).
Os principais testes lineares são o teste de sentar e alcançar e o teste com
banco de Wells, e para ambos podemos utilizar a média populacional contida na
tabela 5.14 com o objetivo de comparação com o resultado obtido.

IDADE 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69


Excelente > 39 > 40 > 38 > 35 > 35 > 33

Acima da
34-38 34-39 33-37 29-34 28-34 25-32
MASCULINO

média

Média 29-33 30-33 28-32 24-28 24-27 20-24

Abaixo da
24-28 25-29 23-27 18-23 16-23 15-19
média

Ruim < 23 < 24 < 22 < 17 < 15 < 14

Excelente > 43 > 41 > 41 > 38 > 39 > 35

Acima da
38-42 37-40 36-40 34-37 33-38 31-34
média
FEMININO

Médio 34-37 33-36 32-35 30-33 30-32 27-30

Abaixo da
29-33 28-32 27-31 25-29 25-29 23-26
média

Ruim <2 < 27 < 26 < 24 < 24 < 22

Tabela 5.14  –  Classificação dos níveis de flexibilidade

capítulo 5 • 135
Teste sentar e alcançar

Quando a pessoa nasce, toda a coluna vertebral é flexionada, formando um


“C”, esta curva que é observada no nascimento é a curvatura primária. Conforme
a criança cresce, regiões da coluna começam a apresentar inversão desta curvatura,
originando as curvaturas secundárias. Assim na coluna vertebral temos 2 curva-
turas primárias (torácica e sacral) e 2 curvaturas secundárias (cervical e lombar)
(MAGEE, 2005, p. 869).
O teste de sentar e alcançar avalia a flexibilidade da cadeia muscular posterior,
principalmente aqueles que cruzam posteriormente as articulações do quadril e
coluna lombar (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2009, p. 184).
Montagem da estrutura para o teste (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2009,
p. 188)
1. Estende-se uma fita métrica e a fixa no chão;
2. Marca-se o ponto 0 (zero);
3. Marca-se o ponto referente a 38,1cm com uma fita de 30 cm que deve fica
perpendicularmente à fita métrica fixada no solo.

Posição do avaliado: Sentado no solo com membros inferiores estendidos e


calcanhares posicionados próximos à fita separados pelos 30cm (da fita) e mãos
sobrepostas acima da marca 0 (zero) da fita métrica.
Procedimento: O avaliado deve inspirar profundamente e no momento da
expiração flexionar o tronco à frente, deslocando as mãos sobre a fita métrica fixa-
da no solo (com a escala) com o objetivo de atingir a maior distância possível. O
avaliado poderá realizar três tentativas com 30 segundos de intervalo.

Teste de flexibilidade com banco de Wells

O teste de flexibilidade com o banco de Wells também a flexibilidade da ca-


deia muscular posterior e utiliza um banco com um marcador na região superior
que é deslocado durante o teste (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2009, p. 184).
Posição do avaliado: Sentado no solo com membros inferiores estendidos e
pés encostados completamente no banco e mãos sobrepostas com dedo médio no
marcador deslizante.
Procedimento: O avaliado deve inspirar profundamente e no momento
da expiração flexionar o tronco à frente, deslocando com as mãos o marcador

capítulo 5 • 136
deslizante com o objetivo de atingir a maior distância possível. O avaliado poderá
realizar três tentativas com 30 segundos de intervalo.

Teste angular - Goniometria

O teste angular fornece o resultado em graus e é mais utilizado na avaliação de


atletas e para reabilitação devido ao tempo necessário e complexidade de execução
(ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2009, p. 152).
É possível com a goniometria avaliar cada articulação de forma isolada. De
forma geral é utilizado um goniômetro que possui um eixo e duas hastes. O eixo
(centro do aparelho) é colocado no eixo da articulação (fulcro), uma das hastes é
posicionada paralelamente sobre a peça óssea que permanecerá imóvel e a outra
haste sobre a que se movimentará. A leitura da medida é feita no maior ângulo
alcançado (ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2009, p. 152-153).
O procedimento para medição do ângulo articular está sumarizado nas
tabelas 5.15 a 5.21 (MARQUES, 2003).

OMBRO
Posição Eixo de Braço
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão

Superfície la-
teral do braço
Sentado, em
Linha axilar voltado para
pé ou deitado Acrômio 0-180
média o epicôndi-
em DD
lo lateral do
úmero

Extensão

Superfície la-
Eixo láte- teral do braço
Sentado, em
rolateral da Linha axilar voltado para
pé ou deitado 0-180
articulação média o epicôndi-
em DV
glenoumeral lo lateral do
úmero

capítulo 5 • 137
OMBRO
Abdução

Superfície
posterior do
Sentado ou Linha axilar
Acrômio braço, voltado 0-180
em pé posterior
para o dorso
da mão

Adução

Sentado ou Eixo antero-


Paralelo à li- Superfície
em pé com posterior da
nha mediana lateral do 0-40
ombro fletido articulação
anterior úmero
a 90º glenoumeral

Rotação medial e lateral

Deitado em
DD, braço Superfície
apoiado no do antebraço
Paralelo ao
solo, ombro Olécrano voltado para 0-90
solo
abduzido 90º o terceiro
e cotovelo a dedo
90º

DD – decúbito dorsal; DV – decúbito ventral.

Tabela 5.15  –  Goniometria de ombro.

ARTICULAÇÃO UMEROULNAR
Posição Eixo de Braço
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão e Extensão

Sentado, em Face late-


pé ou deitado ral do rádio
Epicôndi- Ao longo da
em DD com apontando
lo lateral do face lateral 0-145
membro su- para o pro-
úmero do úmero
perior junto cesso estiloi-
ao corpo de do rádio

capítulo 5 • 138
ARTICULAÇÃO RADIOULNAR PROXIMAL
Pronação do antebraço

Sentado, em
pé ou deitado Face dorsal Alinhado ao
em DV, braço Articulação dos metacar- eixo do po-
junto ao cor- metacarpo- pos paralelo legar acom-
0-90
po e cotovelo falângica do ao eixo lon- panhando o
a 90º e ante- dedo médio gitudinal do movimento
braço em po- úmero de pronação
sição neutra

Supinação do antebraço

Sentado, em
pé ou deitado Face dorsal Alinhado ao
em DV, braço Articulação dos metacar- eixo do po-
junto ao cor- metacarpo- pos paralelo legar acom-
0-90
po e cotovelo falângica do ao eixo lon- panhando o
a 90º e ante- dedo médio gitudinal do movimento
braço em po- úmero de supinação
sição neutra

ARTICULAÇÃO RADIOULNAR DISTAL


Flexão da mão

Em pé ou
sentado com Face me-
Face medial Face medial 0-90 (FL)
antebraço dial do 5º
do punho da ulna 0-70 (EXT)
pronado e co- metacarpo
tovelo a 90º

Abdução (desvio radial) e adução (desvio ulnar) da mão

Face poste-
Sentado com
rior do ante-
antebraço em Face dor-
Articulação braço apon- 0-20 (ABD)
posição neu- sal do 3º
radiocárpica tando para 0-45 (ADD)
tra e cotovelo metacarpo
o epicôndilo
a 90º
lateral

Tabela 5.16  –  Goniometria de cotovelo (umeroulnar e radioulnar proximal) e punho (radiou-


lnar distal).

capítulo 5 • 139
ARTICULAÇÃO METACARPAL DO POLEGAR
Posição Eixo de B r a ç o
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão

Sentado com Face lateral


Articulação
antebraço Face late- da articula-
carpome-
apoiado na ral do 2º ção carpome- 0-15
tacarpal do
mesa em metacarpo tacarpal do
polegar
supinação polegar

Extensão

Sentado com
Articulação
antebraço Face late-
carpome- Face lateral
apoiado na ral do 1º 0-70
tacarpal do do rádio
mesa em metacarpo
polegar
supinação

Abdução

Sentado com Alinhado


Articulação
antebraço e paralelo Face dor-
carpome-
apoiado na à face la- sal do 1º 0-70
tacarpal do
mesa em teral do 2º metacarpo
polegar
pronação metacarpo

ARTICULAÇÕES METACARPOFALÂNGICAS
Flexão dos dedos

Sentado com
cotovelo a Com a lateral
Articulação
90º e ante- da haste na
metacarpo- Face dorsal
braço em po- face dorsal 0-90
falângica do do metacarpo
sição entre a da falange
dedo avaliado
pronação e proximal
supinação

capítulo 5 • 140
Extensão dos dedos

Sentado com Com a lateral


Articulação
cotovelo a da haste na
metacarpo- Face dorsal
90º e an- face dorsal 0-30
falângica do do metacarpo
tebraço em da falange
dedo avaliado
pronação proximal

Abdução dos dedos

Sentado com
Articulação
cotovelo a Face dorsal
metacarpo- Face dorsal
90º e an- da falange 0-20
falângica do do metacarpo
tebraço em proximal
dedo avaliado
pronação

ARTICULAÇÕES INTERFALÂNGICAS
Flexão

Sentado com
Lateral da
antebraço Lateral da
haste na
apoiado e Linha ar- haste na face
face dorsal
punho fle- ticular da dorsal da fa-
da falange 0-110
tido em po- articulação lange distal
proximal à
sição entre avaliada à articulação
articulação
pronação e avaliada
avaliada
supinação

Extensão

Sentado com
antebraço Lateral da
Lateral da
apoiado e haste na
Linha ar- haste na face
punho fle- face dorsal
ticular da dorsal da fa-
tido em po- da falange 0-10
articulação lange distal
sição entre proximal à
avaliada à articulação
pronação e articulação
avaliada
supinação ou avaliada
pronação

Tabela 5.17  –  Goniometria de mão e dedos.

capítulo 5 • 141
QUADRIL
Posição Eixo de B r a ç o
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão

Face lateral
Deitado em da coxa em
Tr ô c a n t e r Linha axilar
DD com joe- direção ao 0-125
maior média
lho fletido côndilo late-
ral do fêmur

Extensão

Face lateral
do braço vol-
Deitado em Tr ô c a n t e r Linha axilar
tado para o 0-10
DV maior média
côndilo late-
ral do fêmur

Abdução

Eixo antero- Sobre uma Face anterior


Deitado em posterior da linha traceja- da coxa ao
0-45
DD articulação da entre as longo da diá-
do quadril EIASs fise do fêmur

Adução

Deitado em Eixo antero- Sobre uma Face anterior


DD com o MI posterior da linha traceja- da coxa ao
0-15
contralateral articulação da entre as longo da diá-
em abdução do quadril EIASs fise do fêmur

Rotação medial e lateral

Paralelo so-
Sentado com Ao longo da
Face anterior bre a linha
quadril e joe- tuberosidade 0-45
da patela média ante-
lho a 90º da tíbia
rior da tíbia

Tabela 5.18  –  Goniometria de quadril.

capítulo 5 • 142
JOELHO
Posição Eixo de B r a ç o
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão

Deitado em Linha arti-


Paralelo à su- Paralelo à
DD com qua- cular da ar-
perfície late- face lateral 0-140
dril e joelho ticulação do
ral do fêmur da fíbula
fletido joelho

TORNOZELO
Flexão dorsal

Sentado ou
Paralelo á
deitado em Paralelo à
Articulação face late-
DD e pé face lateral 0-20
do tornozelo ral do 5º
em posição da fíbula
metatarso
anatômica

Flexão plantar

Sentado ou
deitado em
Paralelo á
DD, joelhos Paralelo à
Articulação face late-
com 20-30º face lateral 0-45
do tornozelo ral do 5º
de flexão e pé da fíbula
metatarso
em posição
anatômica

Inversão

Alinhado e
Sentado, joe-
paralelo so- Superfície
lho a 90º e Articulação
bre a mar- dorsal do 2º 0-40
pé em flexão tibitársica
gem anterior metatarso
plantar
da tíbia

capítulo 5 • 143
Eversão

Sentado, joelho Sobre a mar- Superfície


Articulação
a 90º e pé em gem anterior dorsal do 3º 0-20
tibitársica
flexão plantar da tíbia metatarso

DD – decúbito dorsal.

Tabela 5.19  –  Goniometria de joelho e tornozelo.

ARTICULAÇÃO METATARSOFALÂNGICAS
Posição Eixo de B r a ç o
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão dos dedos

Deitado em
DD com o Linha ar-
Face dor- Face dorsal
tornozelo, ticular da 0-40
sal do da falange
pé e dedos articulação 0-45 (hálux)
meatatarso proximal
em posição avaliada
anatômica

Extensão dos dedos

Deitado em
DD com o Linha ar-
Face plan- Face plantar
tornozelo, ticular da 0-45
tar do da falange
pé e dedos articulação 0-90 (hálux)
meatatarso proximal
em posição avaliada
anatômica

ARTICULAÇÕES INTERFALÂNGICAS
Flexão

Deitado em Linha ar-


0-90 (hálux)
DD com o ticular da Face dorsal Face dorsal
0-35 (IP)
joelho leve- articulação do dedo do dedo
0-60 (ID)
mente fletido avaliada

DD – decúbito dorsal; IP – art. interfalângica proximal; ID – art. interfalângica distal.

Tabela 5.20  –  Goniometria de pé e dedos.

capítulo 5 • 144
COLUNA VERTEBRAL
Posição Eixo de B r a ç o
Braço móvel ADM
corporal rotação estacionário

Flexão lombar

Em pé, joe- Perpendicu-


lhos exten- lar ao solo no Linha axilar
EIAS 0-95
didos e pés nível da crista média
juntos ilíaca

Extensão lombar

Face lateral
Em pé, joe-
da coxa em
lhos exten- Linha axilar
EIAS direção ao 0-35
didos e pés média
côndilo late-
juntos
ral do fêmur

Flexão lateral lombar

Em pé, joe- Entre as EIP- Em direção


lhos exten- Ss sobre a Nivelado com ao processo
0-40
didos e pés crista sacral as EIPS espinhoso da
juntos mediana C7

Flexão e Extensão cervical

No nível do
acrômio pa-
ralelo ao solo
Dirigido ao
no plano 0-65 (FL)
Sentado - lóbulo da
transverso 0-50 (EXT)
orelha
do processo
espinhoso de
C7

Flexão lateral cervical

Em direção a
Paralelo ao protuberân-
Sentado - 0-40
solo cia occipital
externa

capítulo 5 • 145
COLUNA VERTEBRAL
Rotação lomba e cervical

Sobre a sutu- Sobre a sutu-


Centro da 0-35 (L)
Sentado ra sagital (po- ra sagital (po-
cabeça 0-55 (C)
sição inicial) sição final)

EIAS – espinha ilíaca anterosuperior; EIPSs – espinhas ilíacas posterosuperiores; C7 – 7ª


vértebra cervical; L – lombar; C – cervical.

Tabela 5.21  –  Goniometria da coluna vertebral.

Teste adimensional: flexiteste

Quando a pessoa nasce, toda a coluna vertebral é flexionada, formando um


“C”, esta curva que é observada no nascimento é a curvatura primária. Conforme
a criança cresce, regiões da coluna começam a apresentar inversão desta curvatura,
originando as curvaturas secundárias. Assim na coluna vertebral temos 2 curva-
turas primárias (torácica e sacral) e 2 curvaturas secundárias (cervical e lombar)
(MAGEE, 2005, p. 869).
O flexiteste é classificado como um teste adimensional que mede a faixa mí-
nima de movimentos passivos envolvendo 20 diferentes posturas das principiais
articulações do corpo de acordo com a tabela 5.22 (ARAÚJO, 2005, p. 70) ser-
vindo como uma alternativa para avaliar o nível geral de flexibilidade do indivíduo
(ROCHA; GUEDES JUNIOR, 2009, p. 160).

MOVIMENTO I II III IV
F l e x ã o F l e x ã o
Flexão do Extensão do
Descrição dorsal do plantar do
joelho joelho
tornozelo tornozelo

MOVIMENTO V VI VII VIII


Flexão do Extensão do Adução do Abdução do
Descrição
quadril quadril quadril quadril

capítulo 5 • 146
MOVIMENTO IX X XI XII
Flexão do Extensão do Flexão lateral Flexão do
Descrição
tronco tronco do tronco punho

MOVIMENTO XIII XIV XV XVI


Adução pos-
terior a partir
Extensão do Flexão do Extensão do
Descrição da abdução
punho cotovelo cotovelo
de 180º no
ombro

MOVIMENTO XVII XVIII XIX XX


Rotação late- Rotação me-
ral do ombro dial do ombro
Extensão Extensão
com abdução com abdução
Descrição ou adução posterior do
de 90º e fle- de 90º e fle-
posterior ombro
xão de coto- xão de coto-
velo a 90º velo a 90º

Tabela 5.22  –  Descrição dos movimentos do Flexiteste.

Neste protocolo o avaliador conduz o movimento até o ponto máximo e as


medidas são comparadas visualmente com as figuras/fotos de cada movimen-
to contidas no mapa graduando-os de 0 a 4 e podendo classificá-los conforme
tabela 5.23(ARAÚJO, 2005, p. 72-91).

CLASSIFICAÇÃO DA MOBILIDADE
0 1 2 3 4
M u i t o
Pequena Média Grande Muito grande
pequena

Tabela 5.23  –  Classificação da mobilidade dos movimentos do Flexiteste.

Após a verificação de cada movimento calcula-se o flexíndice que é um índice


interpretável da flexibilidade global. Corresponde ao somatório dos escores indi-
viduais obtidos nos 20 movimentos variando entre 0 e 80 pontos, o que permite

capítulo 5 • 147
comparações intra e inter-sujeitos e classificar o nível de flexibilidade (tabela 5.24)
(ARAÚJO, 2005, p. 93).

CLASSIFICAÇÃO DA FLEXIBILIDADE
Somatório ≤ 20 21-30 31-40

Classificação Deficiente Fraco Médio (-)

Somatório 41-50 51-60 > 60

Classificação Médio (+) Bom Excelente

Tabela 5.24  –  Classificação da flexibilidade a partir do flexíndice.

RESUMO
Para uma boa postura, algumas características são importantes: A cabeça deve ser man-
tida ereta numa posição de bom equilíbrio, os membros superiores devem estar relaxados,
ombros, escápulas, ilíacos e joelhos nivelados, a coluna deve preservar as quatro curvaturas
fisiológicas, os pés devem manter os arcos longitudinais e leve abdução.
A avaliação da aptidão física relacionada ao esporte e saúde engloba as diferentes ap-
tidões. A aptidão cardiorrespiratória é avaliada pelo consumo máximo de oxigênio, a aptidão
muscular pela força, potência e resistência muscular e a flexibilidade pela mobilidade. Os
testes podem ser conduzidos em campo ou laboratório e serem feitos em diferentes popula-
ções. Vale lembrar que os testes selecionados

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ANOTAÇÕES

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