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Aptidões Físicas
Avaliação da Composição Corporal
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Avaliação da Composição Corporal
• Introdução;
• Anamnese;
• Estimativa de Idade Óssea e Maturação.
OBJETIVO
DE APRENDIZADO
• Conhecer as diversas fórmulas que auxiliam na avaliação da composição corporal e na inter-
pretação dos dados coletados.
UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
Introdução
Olá, estudante, nesta unidade, nós vamos compreender como utilizar os dados an-
tropométricos que estudamos em um conteúdo anterior. Chegou o momento de aplicar
os dados nas fórmulas e, a partir dos resultados, conseguir concluir a avaliação antropo-
métrica, oferecendo indicativos para o avaliado sobre quais são as condições de saúde e
de composição corporal.
Anamnese
A anamnese é um levantamento de informações padronizadas para verificar se existe
algum fator de risco do avaliado para a realização dos testes a que será submetido na se-
quência (SOUZA; PEREIRA, 2019). Isto é, a anamnese pode ser em forma de entrevista,
em que o avaliador faz vários questionamentos ao avaliado, ou em forma de questionário,
em que o avaliado responde diretamente numa folha impressa e assina confirmando a
veracidade das informações (ACSM, 2014).
Dessa forma, o avaliador conseguirá obter informações em relação aos riscos de doenças
cardiovasculares, pulmonares, metabólicas, lesões ortopédicas ou condições de saúde, como
gravidez ou algum tratamento pelo qual esteja passando o avaliado. Assim, o avaliador terá
maior atenção com a segurança do avaliado durante a aplicação dos testes (ACSM, 2014).
Caso na anamnese apareça alguma resposta do avaliado indicando um problema mais
grave, o caso deverá ser encaminhado para a avaliação médica, antes de iniciar a avaliação
física, preservando assim o avaliador em relação a qualquer problema que venha a ocorrer
na sequência.
Basicamente, a anamnese é composta de perguntas sobre hábitos e estilo de vida do
avaliado, bem como busca identificar se há histórico na família de doenças hereditárias
que possam acometer o avaliado. Existem várias formas de realizar a anamnese, uma
delas é um simples questionário amplamente utilizado em diversos países, conhecido
como PAR-Q, criado no Canadá, na década de 1970, pelos pesquisadores Roy Shepard
e Donald Bailey (ACSM, 2014; SOUZA; PEREIRA, 2019).
PAR-Q: é uma sigla do nome em inglês: Physical Activity Readiness Questionnaire. A tradução
para o português é Questionário de Prontidão para a Atividade Física.
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PAR-Q (ACSM, 2014) – Modelo
Questionário para pessoas com idade entre 15 e 69 anos. Responda com honestidade:
Tabela 1
Sim Não 7 Questões
1. Seu médico alguma vez já lhe disse que você tem uma doença cardíaca e que você deveria fazer
apenas atividades físicas recomendadas por ele?
2. Você sente dor no peito quando realiza uma atividade física?
3. No último mês, você sentiu dor no peito quando não estava fazendo atividade física?
4. Você perde seu equilíbrio por causa de tonturas ou você já perdeu a consciência alguma vez?
5. Você tem algum problema ósseo ou de articulação (costas, joelho, quadril) que poderia piorar com
a alteração na sua atividade física?
6. Seu médico atualmente tem receitado remédios para a sua pressão arterial ou doença cardíaca?
7. Você sabe de qualquer outro motivo por que você não deveria fazer atividade física?
Este questionário tem por objetivo identificar a necessidade de avaliação clínica e mé-
dica antes do início da atividade física. Caso você marque um SIM, é fortemente sugerida
a realização da avaliação clínica e médica.
Declaração de Responsabilidade
Após realizar a anamnese, o PAR-Q ou algum outro questionário, caso tudo esteja
de acordo para o início da avaliação física, o avaliador deverá explicar tudo que fará
na avaliação, tranquilizando o avaliado e solucionando eventuais dúvidas. É comum
que a pessoa que será avaliada prefira que o avaliador seja do mesmo sexo. Caso seja
essa a opção da pessoa que será avaliada, ela deverá ser respeitada e o(a) avaliador(a)
substituído(a). Além disso, é essencial que a avaliação antropométrica ocorra em local
reservado, mantendo a privacidade da pessoa avaliada.
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UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
serem encontradas. Por fim, existe o método duplamente indireto, ou seja, que foi
validado por um método indireto, como, por exemplo, bioimpedância elétrica e a an-
tropometria, sendo esta última a mais comum na educação física (TELLES; BARROS
FILHO, 2003).
kg PesoCorporal ( kg )
IMC 2 =
m Estatura m 2 ( )
Por exemplo, um homem com 75kg de peso e 1,80m de altura, o cálculo será assim:
kg 75 75
IMC =2
= = 23,14
m 1,80² 3, 24
Você deve-se lembrar que, no conteúdo anterior, vimos que, para cada teste, cos-
tuma haver parâmetros que orientam o avaliador se o resultado está dentro ou fora da
normalidade. No caso do IMC, os parâmetros estão na Tabela 2. Deve-se identificar a
idade e o sexo.
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Vamos supor que, no nosso exemplo anterior, o homem avaliado possui 30 anos de
idade e IMC de 23,14. Isso significa que ele está dentro da normalidade, mesmo que o
peso dele varie um pouco para cima ou para baixo. Caso ocorra grande variação de
peso, ele sairá da normalidade. Por exemplo, o mesmo homem de 30 anos com 1,80m,
mas com variação de peso:
• Com 60 kg, o IMC será de 18,51, que é inferior a 20 e estará abaixo do peso
ideal (subnutrido);
• Com 85 kg, o IMC será de 26,23, que é superior a 25 e estará acima do peso
ideal (sobrepeso);
• Com 100 kg, o IMC será de 30,86, que é 5 pontos superior a 25 e estará obeso.
ICQ: é a sigla de Índice Cintura Quadril, que também é citado na literatura como RCQ, ou
seja, Relação Cintura Quadril e é calculado assim:
Pc Perímetro de cintura ( cm )
ICQ =
Pq Perímetro de quadril ( cm )
Por exemplo, para uma mulher com 40 anos de idade, 79 cm de perímetro da cintura
e 100 cm de perímetro do quadril, o cálculo será assim:
Pc 79
ICQ = = 0, 79
Pq 100
Novamente, teremos valores de referência que nos ajudarão a interpretar esse dado
(Tabela 3).
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UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
No nosso exemplo, é possível constatar que uma mulher com 40 anos e ICQ de 0,79
está no limite máximo da classificação moderada de risco para a saúde. Caso ela venha
a emagrecer, provavelmente irá baixar o ICQ, diminuindo a gordura abdominal e conse-
quentemente, diminuirá os riscos de complicações de saúde.
Pc Perímetro de cintura ( cm )
RCEst =
Est Estatura ( cm )
Pc 87
RCEst = = 0, 47
Est 182
Nesse caso, a única referência será que o resultado menor do que 0,50 é considerado
peso normal, enquanto se o resultado for acima de 0,50 será considerado acima do peso.
Esse parâmetro não depende da idade e nem do sexo do avaliado. Então, lembre-se que
para avaliar homens ou mulheres, jovens ou adultos, o corte será sempre assim:
• RCEst: Peso < 0,50 = Peso Normal;
• RCEst: Peso > 0,50 = Excesso de Peso.
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Você deve ter reparado que, até agora, utilizamos apenas fórmulas simples (IMC, ICQ
e RCEst) e poucos dados coletados para termos noção em relação à saúde dos avaliados.
No entanto, é possível realizar uma avaliação mais precisa, como já falamos em outro
conteúdo, sobre os perímetros segmentares, diâmetros ósseos e dobras cutâneas.
Marins e Giannichi (2003) citam que essas fórmulas simples bastavam para classificar
se havia obesidade ou não até os 40 anos. No entanto, a avaliação corporal modificou
esse conceito ao permitir a medição da quantidade, assim como da localização da gor-
dura corporal, o monitoramento de mudanças corporais associadas ao crescimento, ao
desenvolvimento, à maturação e à idade, a eficiência de intervenções nutricionais e de
exercícios físicos, além de estimar o peso ideal de atletas.
As equações são longas e parecem complicadas. Por isso, vamos fazer o cálculo
passo a passo, com base nesse exemplo: uma mulher, com 20 anos e medida de tríceps
de 19,2 mm, abdome de 31,0 mm e suprailíaca de 23,6 mm. Ao inserir esses dados na
fórmula, teremos:
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UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
DC = 1,033163
%GC = 29,1
Podemos, então, concluir que o percentual de gordura corporal de 29,1 para uma
mulher de 20 anos está bem próximo do que é o recomendado para a faixa etária dela
(%GC de 28 = médio). Vale lembrar que, se o avaliado fosse homem, seriam outras dobras
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cutâneas e outra equação, conforme foi descrito no Tabela 4. Agora veremos outro exemplo
de protocolo na Tabela 6, mas, nesse caso, específico para crianças e adolescentes.
Repare que, no exemplo da Tabela 6, apenas duas dobras cutâneas são solicitadas
e o resultado já será o percentual de gordura, não sendo necessário usar a fórmula de
conversão da densidade corporal. Além dos protocolos apresentados aqui (JACKSON;
POLLOCK, 1985; SLAUGHTER et al., 1988), existem vários outros disponíveis na
literatura, com maior número de dobras cutâneas, que especificam se são atletas ou se-
dentários, outras etnias e faixas etárias (HEYWARD, 2011, p. 224; SOUZA; PEREIRA,
2019, p. 113 - 114).
Por exemplo, a mulher que já estimamos o %GC em 29,1, pesa 60 kg. Então o cál-
culo será:
PG = 1746 / 100
PG = 17,46 kg
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UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
MCM = PCT – PG
Em que MCM significa massa corporal magra, PCT significa peso corporal total e PG
significa peso da gordura. Seguindo no mesmo exemplo, teremos:
Por que é importante saber a quantidade de massa gorda e de massa magra no corpo de
uma pessoa?
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composição do corpo é diferenciada pela condutividade elétrica, em que a massa
magra é um bom condutor, enquanto a massa gorda oferece maior resistência.
Importante!
Para conhecer melhor esses métodos de avaliação corporal mais tecnológicos e avança-
dos, veja, no final dessa unidade, os vídeos sugeridos em Material Complementar.
O mesmo exemplo serve para crianças e adolescentes com maturação tardia, que são
excluídos de equipes esportivas por apresentarem desempenho abaixo dos demais, mas,
na realidade, só possuem o mesmo ano de nascimento, pois estão passando por matura-
ção mais lenta. Ao serem excluídos, acabam abandonando o esporte. No entanto, esses
atletas com maturação tardia, caso tenham algum talento, são os que mais interessam
para as equipes esportivas profissionais, pois se sabe que eles continuarão evoluindo até
o início da fase adulta, por volta dos 21 anos de idade. Resumindo esses dois exemplos,
no primeiro caso, a equipe esportiva seleciona equivocadamente um jogador precoce
que só irá evoluir até o início da adolescência e, no segundo caso, exclui equivocadamen-
te um jogador com potencial para chegar até a categoria profissional.
Para não incorrerem nesse tipo de erro, clubes esportivos com muitos recursos finan-
ceiros costumam utilizar o método da radiografia da mão das crianças e adolescentes.
Assim, conseguem verificar a quantidade de cartilagem ainda presente nas extremidades
dos ossos, tornando possível estimar a idade biológica e o nível de maturação do jovem
atleta. Quanto maior for a presença de ossos e menor for a de cartilagem, mais matura-
do biologicamente é o avaliado. Na Figura 1, as imagens superiores são de crianças e as
inferiores do final da adolescência.
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UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
No entanto, a maioria das escolas e das equipes esportivas não possuem recursos
financeiros para realizarem esses tipos de testes com seus atletas. Para esses casos,
existem equações com medidas antropométricas, que possuem validade científica para
fazer o mesmo tipo de diagnóstico em relação ao estágio de maturação das crianças e
adolescentes, como a equação a seguir (CABRAL et al., 2013).
Idade Óssea = -11,620 + 7,004 (estatura) + 1,226 (Dsexo) + 0,749 (idade) – 0,068 (Tr)
+ 0,214 (Pcb) – 0,588 (Du) + 0,388 (Df)
Legenda:
• Estatura (m);
• Sexo masculino: Dsexo = 0; Sexo feminino: Dsexo = 1;
• Idade (anos);
• Tr (dobra cutânea triciptal, mm);
• Pcb (perímetro corrigido do braço, cm). Para obter esse valor “corrigido”, é necessário
obter o perímetro do braço (cm), subtraído pelo valor da dobra cutânea tricipital (Tr),
transformado em cm (ex. 5mm = 0,5cm).
• Du (diâmetro de úmero, cm);
• Df (diâmetro de fêmur, cm).
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O resultado dessa equação indicará qual é a idade biológica do avaliado, que poderá
ser comparada com a idade cronológica. Por exemplo, o avaliado possui 15 anos de
idade, devido à sua data de nascimento, mas, pela equação, o resultado aparece como
14 anos, isto quer dizer que ele está com a maturação atrasada em um ano (tardia). Caso
a equação resultasse em 16 anos, significaria que ele está com a maturação precoce, ou
seja, antecipada em um ano em relação aos demais da mesma faixa etária. Essa é uma
informação valiosa obtida simplesmente pela antropometria.
Em Síntese
• Antes de iniciar a avaliação física, o ideal é fazer uma anamnese para conhecer
melhor o avaliado. Recomenda-se também o uso de questionários (ex.: PAR-Q) ca-
pazes de identificar situações de maior risco, que deverão ser encaminhadas para
avaliação médica prévia;
• A avaliação corporal pode ser feita de diversas formas. Entre as mais simples, estão
o IMC, com base apenas no peso e estatura; o ICQ, com base nas medidas de cintura
e quadril; e o RCEst, com base na medida de cintura e estatura;
• A avaliação com base nas medidas de dobras cutâneas possibilita maior aprofunda-
mento na avaliação corporal, pois consegue definir o percentual de gordura corporal
do avaliado. Caberá ao avaliador conhecer bem os diversos protocolos existentes,
utilizando os mais adequados para seu público-alvo;
• Existem outras formas de avaliação corporal que dependem de equipamentos tec-
nológicos e recursos financeiros, como a Pesagem Hidrostática, a Pletismogra-
fia, a DEXA e a Bioimpedância Elétrica (BIA);
• A antropometria possibilita também estimar a idade óssea e a maturação do ava-
liado, com base em perímetros segmentares, diâmetros ósseos e dobras cutâneas.
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UNIDADE Avaliação da Composição Corporal
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Bod Pod - Pletismografia - Instituto Vita - Dra. Patricia Campos
https://youtu.be/GbDVNyFifxM
Clinica Especialmed #2 - Exame DEXA, Densitometria de avaliação composição corporal
https://youtu.be/l3oIqlzh4xM
Leitura
Exame pré-participação esportiva e o PAR-Q, em praticantes de academias
https://bityl.co/9086
Métodos de avaliação da composição corporal em crianças
Artigo interessante com uma revisão de literatura sobre as diversas formas de avaliação
corporal para crianças.
https://bityl.co/9087
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Referências
ACSM. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 9. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. (e-book)
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