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Avaliação e anamnese

aplicadas à estética
corporal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os parâmetros aplicados à avaliação corporal.


„„ Descrever técnicas e procedimentos aplicados à avaliação em estética
corporal.
„„ Reconhecer a aplicabilidade de métodos e técnicas de avaliação.

Introdução
O fato de montar um plano de tratamento estético corporal exige muita
atenção do profissional. Deve ser realizada uma “entrevista” antes de iniciar
os protocolos de tratamento utilizando a ficha de anamnese.
Todo tratamento estético interfere no funcionamento do organismo
do cliente, sendo assim, necessitamos saber um pouco mais sobre o
histórico clínico (doenças, cirurgias, alergias e outros), além dos seus
hábitos diários. Diversas intercorrências podem acontecer quando não
é realizada uma avaliação criteriosa, como, por exemplo, o fato de os
resultados dos protocolos de tratamentos utilizados não estarem surtindo
efeitos benéficos.
Neste capítulo, você irá compreender como é realizada uma ficha de
avaliação, quais são os parâmetros aplicados às técnicas de mensurações
e o quanto as técnicas e os métodos de avaliação são importantes para
os tratamentos estéticos corporais.
14 Avaliação e anamnese aplicadas à estética corporal

1 Parâmetros aplicados à avaliação corporal


Uma avaliação minuciosa é parte importantíssima de qualquer tratamento
estético corporal, sendo assim, é necessário que sejam utilizados métodos
mais adequados para se obter todas as informações necessárias e, assim,
personalizar o plano de tratamento de cada paciente individualmente.
Utiliza-se um questionário chamado ficha de anamnese, que nos auxilia
no registro das informações do cliente, podendo ser utilizado um modelo
pronto ou você pode criar a sua própria ficha baseada nos tratamentos que
você irá realizar individualmente e também baseado na sua experiência como
profissional.
A ficha de anamnese é composta por duas partes: uma onde registramos o
histórico clínico de nossos clientes e outra onde registramos a avaliação física.
É como se você estivesse entrevistando seu cliente. Você vai investigar seus
hábitos diários, com relação à alimentação, à ingestão de água e à prática de
atividade física, além de investigar seu histórico médico, cirurgias, doenças,
medicações, enfim, tudo que possa ser relevante e que influencie no tratamento
estético (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).
Estes são alguns dos itens importantes que devem constar no local da
avaliação clínica:

„„ É fumante?
„„ Ingere bebida alcoólica?
„„ Realiza atividade física? Quantas vezes por semana?
„„ Qual é a quantidade de líquidos ingeridos diariamente?
„„ Faz uso de alguma medicação de uso contínuo?
„„ Toma pílula anticoncepcional?
„„ Faz reposição hormonal?
„„ Encontra-se grávida? Número de gestações?
„„ Hábitos alimentares bons ou ruins? É vegano?
„„ Qualidade do sono? Quantas horas por noite?
„„ Tem algum pino ou placa metálica no corpo?
„„ Realizou algum tratamento estético recentemente? Se sim, qual?
„„ Tem algum tipo de alergia? Se sim, qual?
„„ Faz uso de cosméticos home care? Se sim, quais?
„„ Alguma doença ou cirurgia recente?
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No entanto, na parte física, são necessárias as seguintes informações:

„„ peso;
„„ altura;
„„ índice de massa corporal;
„„ perimetria;
„„ adipometria;
„„ biotipo corporal;
„„ estrias (coloração): rosada ou nacarada?, largura?;
„„ graus da celulite (1 ao 4); compacta, edematosa, flácida ou mista?;
„„ adiposidade; compacta, edematosa ou flácida?;
„„ temperatura da região a ser tratada;
„„ fotodocumentação.

É importante explicar a importância desses dados para que o cliente res-


ponda corretamente aos questionamentos. Esse é o momento de conhecer
mais o seu cliente, deixe-o bem à vontade e fique atento a todas as respostas,
anotando o que mais achar necessário.
Após o preenchimento da avaliação, o cliente deve assiná-la confirmando
todas as informações relatadas, assim como se responsabilizando pela omissão
de qualquer informação importante (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).

2 Técnicas e procedimentos da avaliação


corporal
O biotipo corporal feminino é classificado em dois tipos: androide e ginoide.
O biotipo androide acumula mais gordura nas regiões do tórax, costas e mem-
bros superiores e é comparado ao formato de uma maçã. Todavia, o biotipo
ginoide é comparado ao formato de uma pera e tem maior acúmulo de gordura
nas regiões dos glúteos, quadris, flancos e joelhos. O biotipo androide apre-
senta mais gordura visceral, o que dificulta o tratamento estético, sendo que o
biotipo ginoide tem mais opções de tratamentos estéticos (PEREIRA, 2013).
A perimetria é o conjunto de medidas feitas com o auxílio de uma fita
métrica fina e não elástica em pontos do tronco, abdome, membros superiores
e inferiores. As medidas devem ser feitas somente com roupa de baixo ou
de praia, sendo usado como referência de medidas as protuberâncias ósseas,
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assim, as medidas serão realizadas sempre no mesmo local. Segundo Perez


e Vasconcelos (2014), as regiões a serem aferidas são: no abdome são três
medidas: cintura, abdome superior e inferior; no tórax são duas medidas:
tórax superior e inferior, além das medidas de quadril, culote e braços.

A fita métrica inelástica não deve ser aplicada nem muito apertada nem muito frouxa,
para não diminuir ou aumentar as medidas, as quais devem ser aferidas no dia da
avaliação e podem ser refeitas a cada cinco sessões de tratamento e servirão de
parâmetro de comparações com o avanço do tratamento.

Medição das pregas cutâneas com adipômetro


Primeiramente, você deve posicionar o cliente em pé, vestindo somente as
roupas de baixo ou de praia. As dobras cutâneas a serem analisadas deverão
ser sempre as que se encontram do lado direito do corpo, como forma de
padronização da avaliação. Com os dedos polegar e indicador, o profissional
deverá pinçar a pele de cada dobra cutânea, sempre tomando cuidado para
não pinçar o músculo junto. Após, deve-se colocar o adipômetro na prega
um pouco abaixo de onde os seus dedos se encontram e, então, retirar os
dedos e soltar a pressão do adipômetro. Em 2 ou 3 segundos ele indicará,
por meio de milímetros, a camada de gordura da região avaliada. Como dica
importante, deve-se marcar com uma caneta a região a ser aferida, sempre
tomando como referência as partes ósseas. As pregas cutâneas aferidas
são: do abdome, do tríceps, da região infraescapular e da coxa (PEREZ;
VASCONCELOS, 2014).

Existem dois tipos de adipômetro: clínico e científico. O clínico é ideal para avaliações
estéticas, e sua diferença fica por conta da resolução, que é em milímetros; no científico,
é em décimos de milímetros.
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Como fazer o registro fotográfico?


Para que se tenham fotos que possam ser comparadas posteriormente é necessária
a padronização da imagem com fundo liso, da mesma cor, iluminação e posicio-
namentos iguais das fotos de antes e depois. É interessante você criar um espaço
em sua clínica somente para a fotodocumentação, com a luz e o fundo adequados
e, se possível, com as marcações onde o cliente deve se posicionar e a distância da
câmera (BORGES, 2010). Não é necessário ter iluminação e câmera profissional,
basta ter uma câmera ou celular com boas imagens e uma boa iluminação da sala.
Atualmente, dispomos de muitos celulares no mercado (smartphones) com
qualidade fotográfica muito semelhante às câmeras profissionais, sendo assim,
você consegue documentar com o seu próprio celular.
O fundo fotográfico deve ser liso, podendo ser um tecido de cor neutra ou
uma parede com pintura opaca. É muito utilizado o fundo preto, porém para
clientes de pele negra, os contornos e os cabelos ficam sem definições, sendo
então utilizados os fundos verde-claro ou amarelo.
A iluminação deve ser boa e sempre manter o mesmo padrão ao substituir
alguma lâmpada. Para isso, é importante saber qual tipo de lâmpada usar,
marca, modelo, voltagem e ter um lugar fixo para as fotos serem padronizadas.
Para que se possa montar um comparativo dessas fotos no futuro, é im-
portante o enquadramento correto. Seja qual for a região do corpo, ela deve
estar bem centralizada na câmera, deixando o mínimo de fundo visível na foto
(BORGES, 2010). Quando as fotos da avaliação seguem os mesmos padrões,
podemos observar claramente os sinais da evolução do tratamento (Figura 1).

Figura 1. Fotodocumentação antes e após tratamento de gordura localizada.


Fonte: Dmytro Flisak/Shutterstock.com.
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Como utilizar a bioimpedância?


Existem alguns parâmetros que devem ser utilizados para que o exame de
bioimpedância seja o mais preciso possível:

„„ não ter realizado atividade física intensa em até 24 horas antes;


„„ esvaziar a bexiga 30 minutos antes da avaliação;
„„ não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 48 horas;
„„ não estar menstruada;
„„ não ser portador de marca-passo.

Na bioimpedância tetrapolar (Figura 2), o cliente deve posicionar os pés descalços


exatamente na parte de metal, segurar em cada uma das mãos a manopla e afastar os
braços do corpo para que a corrente elétrica possa passar por todo o corpo fazendo a
leitura da composição corporal. Todavia, na bioimpedância vertical (perna – perna),
o cliente somente precisa subir descalço na base da balança de bioimpedância e
aguardar que ela faça a leitura (ALMEIDA; TIENGO; BERNARDES, 2020).

Para a realização da avaliação de bioimpedância não é necessário se despir, somente


são retirados os casacos, acessórios de metal, como corrente, brincos e relógio, que
podem interferir na passagem da corrente elétrica.

Figura 2. Avaliação de bioimpedância tetrapolar.


Fonte: Giorgio Rossi/Shutterstock.com.
Avaliação e anamnese aplicadas à estética corporal 19

Como avaliar o fibroedema geloide?


As conhecidas mais popularmente como celulites devem ser avaliadas conforme
o seu grau de evolução e tipo.

„„ Grau I: o “aspecto casca de laranja” só aparece com a contração da


musculatura ou quando apalpada.
„„ Grau II: o “aspecto casca de laranja” é observado independentemente
de contração muscular e apresenta redução da elasticidade e da tem-
peratura da pele.
„„ Grau III: além do “aspecto casca de laranja”, pode-se observar nódulos,
que ao toque causam dor, redução da elasticidade e da temperatura da pele.
„„ Grau IV: apresenta macronódulos com aderências que causam um
grande ondulamento na pele, além de dor e diminuição da temperatura.

Tipos:

„„ Dura: sem evidências de fibroses ou aderências profundas, comum em


jovens com boa musculatura sem flacidez, na apalpação são identifi-
cados micronódulos.
„„ Flácida: mais comum em mulheres com mais de 30 anos e sedentárias.
Os tecidos são de fácil mobilização e apresentam macronódulos.
„„ Edematosa: pode ser encontrada em mulheres jovens ou adultas, ser
dura ou flácida e apresenta placas rígidas com aspecto enrugado da pele.

Para cada tipo de fibroedema geloide existem protocolos diferentes de


tratamento estético, por isso é fundamental identificá-lo.
As possíveis alterações nos casos de fibroedema geloide podem ser descritas
como “aspecto de casca de laranja”, acolchoamento adipocitário, presença de
pregas cutâneas e aparente espessamento dérmico.

Um recurso também muito utilizado para a avaliação do fibroedema geloide é o uso


de sensor de infravermelho (Celluscan®), que é um aparelho de avaliação cutânea
usado para a determinação do grau de celulite e do nível de retenção de líquidos.
Para entender melhor, leia o artigo Avaliação do grau do fibro edema gelóide utilizando
um sensor de infravermelho, de Silva et al. (2017).
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3 Métodos e técnicas de avaliação


A avaliação do biotipo corporal é muito importante na elaboração dos tra-
tamentos e para controlar as expectativas do cliente. Identificando o formato
do corpo é possível saber onde a gordura será mais resistente e assim escolher
as técnicas mais apropriadas para o tratamento. O profissional que não avalia
o biotipo corporal acaba por muitas vezes não alcançando os objetivos do
tratamento, deixando o cliente insatisfeito. O paciente do tipo ginoide, além
de conter maior acúmulo de gordura nos membros inferiores, também tem
uma tendência maior em desenvolver celulite. No entanto, o paciente do tipo
androide tente a ter mais gordura visceral, o que normalmente ocasiona um
abdome bem saliente (PEREIRA, 2013).

Também conhecidos como formato maçã e formato pera, o formato das frutas indica as
áreas com mais acúmulo de gordura. No formato androide (maçã), a gordura localizada
é predominante na região do abdome, todavia, no formato ginoide (pera), a gordura
localizada predominante está nos membros inferiores (quadril, glúteos e coxas).

O adipômetro, também conhecido como plicômetro, é a ferramenta uti-


lizada para medir a espessura das dobras cutâneas e, a partir delas, mensurar
o percentual de gordura corporal. É um dos recursos mais utilizados para
avaliar o regresso da gordura localizada ao longo do tratamento (PEREZ;
VASCONCELOS, 2014).
A bioimpedância é um equipamento que realiza a análise da composição
corporal por meio de correntes elétricas e fornece dados como: peso, percen-
tual de água corporal, percentual de gordura, percentual de massa muscular,
massa óssea, minerais, proteínas, taxa metabólica basal, gordura segmentar e
massa magra segmentar, indicando os índices esperados. Existem dois tipos de
bioimpedância, a tetrapolar e a vertical (perna – perna). A tetrapolar fornece
mais informações e tem um eletrodo emissor e um receptor. No entanto, a
do tipo vertical tem somente um eletrodo e se parece muito com as balanças
digitais comuns, fornecendo informações como peso, percentual de água
corporal, percentual de gordura e percentual de massa magra (ALMEIDA;
TIENGO; BERNARDES, 2020).
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A fotodocumentação é muito importante para acompanhar a evolução antes


e após dos tratamentos e observar as mudanças do contorno corporal. Além
disso, os registros de antes e depois dos tratamentos estéticos são importantes
para a divulgação do seu trabalho. Porém, mais importante do que ter os
registros de antes e de após o tratamento é ter registros feitos com o mesmo
padrão, somente assim poderão ser utilizados para mensurar os resultados,
possibilitando muitas vezes observar evoluções que não são possíveis somente
por meio das medidas (BORGES, 2010).
Sendo assim, a forma como são realizados os registros se torna de muita
importância. O uso de um tripé, por exemplo, garante que as fotos não fiquem
tremidas e que sempre sejam realizadas na mesma altura, além de sempre
posicionar o cliente na mesma posição.

A autorização do uso de imagem se faz necessária, pois o direito à própria imagem é


um dos direitos fundamentais da Constituição vigente. Ainda que seja feito o termo
de autorização de imagem, o profissional de estética deve preservar seus clientes,
usando tarjas pretas para a ocultação dos olhos e, sempre que possível, não identificar
o cliente (BORGES, 2010).

É muito importante que você tenha conhecimentos básicos de anatomia


para realizar uma boa avaliação e em caso de dúvida com relação a doenças ou
tratamentos médicos relatados pelo cliente, peça autorização do médico para a
realização dos tratamentos estéticos. Na dúvida, não realize sem a autorização.
O profissional da estética pode criar sua própria ficha de anamnese baseado
nos tratamentos que oferece, incluindo informações mais pertinentes que irão
auxiliá-lo e facilitar a elaboração dos planos de tratamento cada vez mais
personalizados e com resultados visíveis para seus clientes, mas não esqueça
de salientar para o seu cliente o quanto o comprometimento dele (hábitos
saudáveis e disciplina) é importante para que os resultados esperados sejam
alcançados (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).
Sempre que possível, evite que as medições sejam feitas na semana antes
e durante a menstruação, pois normalmente se retém muito líquido nesse
período, gerando medidas aumentadas fora da realidade (PEREZ; VASCON-
CELOS, 2014).
22 Avaliação e anamnese aplicadas à estética corporal

Um tratamento para fibroedema geloide pode ser prejudicado devido à falta de


circulação sanguínea da região a ser tratada. Na anamnese é relatado que o cliente é
fumante, então você já terá em mente que a circulação desse paciente se encontra
deficiente. Portanto, indica-se trabalhar inicialmente a melhora da circulação local,
sendo muito mais assertivo na escolha do tratamento.

ALMEIDA, R. A.; TIENGO, A.; BERNARDES, A. C. B. Medidas de composição corporal


com adaptómetro e bioimpedância - comparação entre resultados. Nutrição Brasil, v.
19, n. 1, p. 1–8, 2020. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/
nutricaobrasil/article/download/1113/6173. Acesso em: 9 ago. 2020.
BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas: dermato-funcional. 2.
ed. rev. e amp. São Paulo: Phorte, 2010.
PEREIRA, M. F. L. (org.). Recursos técnicos em estética. São Paulo: Difusão, 2013. v. 2.
PEREZ, E.; VASCONCELOS, M. G. Técnicas estéticas corporais. São Paulo: Saraiva, 2014.

Leitura recomendada
SILVA, R. M. V. et al. Avaliação do grau do fibro edema gelóide utilizando um sensor de
infravermelho. Revista da Saúde & Biotecnologia, v. 1, n. 1, p. 18–30, jul./out. 2017. Dispo-
nível em: https://core.ac.uk/download/pdf/268082331.pdf. Acesso em: 9 ago. 2020.

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