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AVALIAÇÃO CLÍNICA FACIAL E CORPORAL, ELABORAÇÃO DE

FICHA DE ANAMNESE, ELABORAÇÃO DE TCLE, BIOÉTICA E


RESPONSABILIDADE LEGAL POR CLÍNICA DE ESTÉTICA

1
Sumário
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2

ANAMNESE E AVALIAÇÃO CORPORAL ................................................................. 3


CLASSIFICAÇÕES ERRÔNEAS DA FIBROEDEMA GELOIDE
(CELULITE)..... ......................................................................................................... 5

DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL ............................................................... 6

ESTRUTURAS DA PELE E AVALIAÇÃO FACIAL .................................................. 12

TIPOS DE PELE ....................................................................................................... 16

PELE SECA ............................................................................................................ 16

PELE OLEOSA ...................................................................................................... 17

PELE NORMAL ..................................................................................................... 18

PELE MISTA ............................................................................................................. 19

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ........................ 21

APLICAÇÃO DO TCLE NO BRASIL ........................................................................ 22


ASPECTOS LEGAIS DO TCLE................................................................................ 23
ELABORAÇÃO DO TCLE ........................................................................................ 24
RESPONSABILIDADE CIVIL E REGULAMENTAÇÃO DAS CLÍNICAS DE
ESTÉTICAS .............................................................................................................. 27

DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA E ASPECTOS LEGAIS PARA ABERTURA DE


CLÍNICA DE ESTÉTICA ........................................................................................... 30
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32

1
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível
superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.

2
ANAMNESE E AVALIAÇÃO CORPORAL
Antes de iniciar algum tratamento estético, é necessário que se realize uma
anamnese para avaliar se o paciente encontra-se apto a receber quaisquer forma de
tratamento. A anamnese é também essencial para escolha do tratamento mais
apropriado, local a ser tratado, tempo de sessões, quantidade de sessões e definir o
protocolo a ser utilizado. Também é fundamental que se compare os resultados
obtidos antes e após o tratamento. É necessário destacar ainda, a necessidade de
adoção de alguns cuidados no decorrer da anamnese e avaliação corporal, garantindo
que os dados coletados sejam fidedignos.

BUENO (2015) sugere que é preciso investigar o estilo de vida do cliente, por
exemplo: uma cliente que consome muito açúcar, farinha branca, sal e leite, terá um
processo inflamatório crônico sistêmico, que vai agir contra os tratamentos estéticos;
outro fator que irá contra é o jejum prolongado, que poderá prejudicar no resultado
final do tratamento.

Figura 1: Ficha De Anamnese Corporal: Questionamento

3
Fonte: SOUZA (2016)

No processo de avaliação corporal, o cliente deve ser encaminhado para frente


de um espelho, no qual são apontadas as disfunções estéticas, e suas possíveis
soluções. Nesse momento é também realizado o teste de digitopressão em pernas e
braços, o qual é executado com o polegar, pressionando sobre a pele do indivíduo de
cinco a dez segundos, o que serve para análise da presença de edema no local. A

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coloração da pele pressionada deve retornar ao normal no mesmo tempo da pressão,
caso não retorne verifica-se presença de edema. Neste teste pode-se notar o sinal de
Godet ou cacifo, caracterizado pela depressão da pele pressionada. Nesse momento,
avalia-se também o fibroedema geloide (celulite).

AGNE (2015) destaca a importância do conhecimento profissional sobre o


aspecto celulítico, correspondente à tríade: fibrose, gordura e flacidez. A palpação é
uma técnica essencial para este processo, ou, pelo menos, para diferenciação desta
com a gordura e a flacidez. Para determinação da real situação, o movimento correto
a ser executado pelo profissional é o deslizamento da mão de baixo para cima sobre
a área a ser examinada, esticando a pele e sentindo se realmente há retrações. Caso
não existam, será possível concluir que trata-se simplesmente de gordura localizada
ou flacidez.

Classificações Errôneas da Fibroedema Geloide (Celulite)


Cabe ao profissional avaliar a pele de forma correta, devido a gordura
acumulada e a consequente fibrose cutânea proporcionarem o aspecto “casca de
laranja”, e este, quando visível, é definido de maneira precipitada como celulite. As
crianças, com bastante periodicidade, apresentando acúmulo de gordura,
principalmente nos glúteos. Em diversas situações este acúmulo são designados erroneamente
como celulite, o que só seria correto caso essas crianças possuíssem alguma alteração
vascular, o que nesta idade não é comum.

Levando em conta os exemplos, chega-se ao consenso de que não basta


observar para se fazer uma correta avaliação. Deve-se executar uma avaliação
manual, através da palpação, e utilizar métodos e técnicas mais apropriadas, tais
como os filmes termográficos (AGNE, 2015).

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DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL

Nem todo corpo feminino segue o mesmo padrão de distribuição


de gordura. Existem variantes como idade e etnia, que são
fortemente relacionadas com esta distribuição e, por vezes, são
estas formas que incomodam mais as mulheres do que o próprio
acúmulo de gordura, além da genética familiar, que também
exerce grande influência neste padrão (SUZUKI; SCHNEIDER,
p.40, 2013).

Figura 2: Exemplos de Padrão da Distribuição da Gordura no Corpo Feminino

Figura (A) corpo retângulo, (B) triângulo invertido, (C) pera, (D) Ampulheta.

Fonte: Suzuki; Schneider, p. 41, 2013.

Os autores supracitados destacam ainda que:


A gordura localizada não é difícil de ser notada, tem forte correlação
com as formas do corpo. Utilizar um esquema com figuras corporais e
atentar aos pontos de maior acúmulo é um modo prático e eficaz durante a
anamnese. Uma avaliação detalhada das estrias e flacidez (tissular e
muscular) também é importante. SUZUKI; SCHNEIDER (2013, p. 42).

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Figura 3: Avaliação de Estrias

Fonte: SOUZA (2016)

A avaliação da flacidez tissular (de pele) é realizada pela inspeção


visual, pois o tecido com flacidez apresenta dobras, vincos/marcas. É por
meio do pinçamento que se pode perceber a diminuição da tensão e
consistência do tecido dérmico (GARDIN; CIECKOVICZ, 2011).

Figura 4: Avaliação da Flacidez

Fonte: SOUZA (2016)

Na avaliação de flacidez tissular (de pele) é necessário fazer o teste de


pinçamento. O teste consiste em puxar a pele com os três primeiros dedos da mão,
deixando por cinco segundos. Assim, conta-se o tempo em que a pele demora a voltar
ao seu estado normal, caso o tempo ultrapasse os cinco segundos, há flacidez (SOUZA,
2016).

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Figura 5: Ficha de Anamnese Corporal: Medidas

Fonte: SOUZA (2016)

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FILHO (2003) define a perimetria como a mensuração, geralmente em
centímetros, da circunferência de determinada região corporal. Jardim (2015)
ressalta que uma boa perimetria faz toda a diferença, e as medidas do seu
cliente podem dizer muito sobre ele. Inclua nas medidas (perimetria) braços,
pernas, costas, busto, cintura, panturrilhas.

Para a realização da perimetria é importante ter em mãos:


• Lápis dermatográfico
• Fita métrica
Alguns cuidados descritos pelo autor supracitado devem ser seguidos,
visando que os resultados finais não sejam comprometidos os. São eles:
• Marcar corretamente os pontos dos perímetros, utilizando caneta ou lápis
dermatográfico;
• Medir sempre um ponto fixo, pois a variação aponta erros;
• Medir sempre sobre a pele nua;
• Nunca utilizar fita elástica ou de baixa flexibilidade;
• Nunca esquecer o dedo entre a fita e a pele;
• Não dar pressão excessiva, nem deixar a fita frouxa;
• Realizar três medidas e calcular a média;
• Não medir o avaliado após qualquer tipo de atividade física.

Outro cuidado importante para a realização da perimetria é que ela seja


realizada pela mesma pessoa, com a mesma fita métrica utilizada anteriormente.
GUIRRO; GUIRRO (2002) comentam que com a padronização dos procedimentos
são alcaçados dados mais concretos.
Veja agora o passo a passo de como realizar a perimetria:
É ideal que a cliente esteja de biquíni, no caso das mulheres, e bermuda
no caso dos homens. Pede-se para o cliente ficar em posição ortostática. Nesta
posição, o cliente fica em pé, deixando os pés um pouco afastados e membros
superiores naturalmente estendidos junto ao corpo.
• Perimetria abdômen: marca-se 10 cm acima do umbigo e 5 cm abaixo, para
medição. Lembrando que se deve padronizar a perimetria, então, mede-se com
a fita métrica, acima da marcação ou abaixo. É preciso verificar se a fita está
alinhada e tomar cuidado para não colocar o dedo entre a pele da cliente e a

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fita. Os dados devem ser tomados no mesmo momento da fase inspiratória
do cliente.
• Perimetria Glúteos: o profissional deve posicionar-se e tomar as medidas
lateralmente ao cliente, a fita métrica deverá ser posicionada no ponto de maior
massa muscular das nádegas.
• Culotes: para obtermos a perimetria dos culotes, deve-se colocar a fita métrica
logo abaixo da prega glútea, num plano horizontal.
• Perimetria das coxas: posiciona-se a fita métrica no plano horizontal, em nível
do ponto distal, que é medido a 5 cm da borda superior da patela.
• Perimetria do braço: com o braço flexionado, contração máxima do músculo,
põe-se a fita métrica na região de maior massa muscular.
O registro fotográfico também pode auxiliar na prevenção de alguns erros que
podem ocorrer no decorrer da perimetria. Neste registro é essencial que se adotem
certas precauções, como distância da fotografia, a luminosidade da sala, posição do
cliente, área a ser fotografada, e o fundo da fotografia, devendo ser aplicados os mesmos
em todas as fotos.
Em determinadas situações é interessante desenvolver uma ficha com
alterações posturais do paciente, como por exemplo, no caso de um indivíduo que
possua postura inadequada e queixe de gordura abdominal, o que pode indicar apenas
uma alteração postural.

Há ainda outros métodos avaliativos, como por exemplo a bioimpedância, um


aparelho que possibilita estimar a faixa de peso ideal conforme peso de estrutura
óssea e muscular, idade e sexo. É um método de avaliação corporal bastante
utilizado, devido possuir uma boa precisão, um custo relativamente baixo e por não
ser invasivo.
A adipometria baseia-se na mensuração da dobra cutânea, sendo utilizado
para isto o adipômetro. Equipamento que possibilita uma avaliação com precisão da
redução de gordura em aréas específicas. As medidas devem ser realizadas do lado
direito do paciente, devendo estar íntegra e sem cicatrizes a sua pele. Ao iniciar a
medição das dobras cutâneas, deve-se palpar o local com os dedos indicador e
polegar da mão esquerda, e marcar com um lápis dermatográfico. É necessário que
a dobra cutânea permaneça pinçada com os dedos, não provocando dor ao cliente,
com a palma da mão virada para o mesmo. Observe a forma de pinçamento a cada

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ponto da dobra subcutânea. Coloque o adipômetro perpendicular à dobra cutânea
segurando o cabo com a mão direita. Com o dedo indicador, acione o “gatilho” da
garra móvel e faça a leitura do equipamento. Repita a leitura três vezes no mesmo
local, as leituras maior e menor não devem variar mais do que 5% da leitura média.
Caso isso aconteça, repita por mais três vezes as medidas. Considere a média das
três medidas a medida final.

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ESTRUTURAS DA PELE E AVALIAÇÃO FACIAL
O sistema tegumentar é formado pela pele e seus vários órgãos acessórios,
como as glândulas sudoríparas e sebáceas, receptores sensoriais, cabelos e unhas
(GERSON et al., 2011b).

A pele recobre todo o corpo humano, possuindo diversas funções vitais como:

• Proteção contra o atrito, a perda de água, a invasão de micro-organismos e a


radiação ultravioleta;
• Função termorreguladora;
• Função na sensação do tato;
• Auxilia na excreção de substâncias; entre outras.

É o maior órgão do corpo humano, representando cerca de 15% do peso


corporal, possuindo variações estruturais ao longo de sua extensão. A pele é
constituída pelo tegumento e os seus anexos, que são:

• Unhas;
• Glândulas sebáceas;
• Glândulas sudoríparas;
• Glândulas mamárias.

O estrato superior da pele possui metade da espessura de uma folha de papel,


sendo formado por células queratinócitas e melanócitas. As células de melanócitos
possuem como função a proteção contra os raios solares, sendo responsáveis pela
melanina, que é a pigmentação natural da pele. A epiderme tem sua principal função
à proteção contra agentes agressores, tais como bactérias e fungos, e por possuir
espaços reduzidos entre as células, é considerada não totalmente impermeável,
portanto, substâncias de baixo peso molecular podem atravessar a primeira camada,
como corantes, pigmentos e compostos farmacêuticos e cosméticos (GIARETTA,
2015). Ao redor das células da epiderme estão os lipídios, que protegem contra a perda
de água e a desidratação.

A epiderme é constituída por cinco camadas, chamadas de estratos: a camada


superior é o estrato córneo, seguida pelo estrato lúcido, estrato granuloso, estrato
espinhoso e estrato germinativo (GERSON et al., 2011a).

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O estrato córneo é a camada superior e mais externa da pele, muito fino,
embora seja capaz de se regenerar, desintoxicar o corpo e responder a estímulos. É
constituído, principalmente, por queratina, uma proteína fibrilar que fornece proteção
à pele. É encontrada em todas as camadas da epiderme.

As células conhecidas como queratinócitos constituem 95% da epiderme, elas


são perdidas continuamente pela descamação e substituídas por novas células que
vão até a superfície. Esse processo é conhecido como rotatividade celular. A taxa
média de rotatividade é a cada 28 dias ou mais, dependendo da idade.

No estrato córneo, os queratinócitos endurecem e se tornam corneócitos, as


células protetoras. As células e o óleo se combinam para formar uma camada
protetora no estrato córneo. Os desmossomas, que são conexões intercelulares,
geram força para as células.

Encontramos também células escamosas (achatadas) que protegem as outras


camadas (GERSON et al., 2011a). O estrato lúcido é uma camada transparente sob o
estrato córneo, é uma camada translúcida composta por pequenas células que deixam
a luz atravessar. Essa camada é encontrada nas palmas das mãos e sola dos pés. Os
queratinócitos dessa camada contêm queratina transparente.

Essa pele mais grossa é constituída de cadeias epidérmicas que permitem um


atrito melhor quando caminhamos e usamos as mãos. Essa camada forma nossas
impressões digitais e pegadas (GERSON et al., 2011a). O estrato granuloso é composto
de células que se assemelham a grânulos e são cheias de queratina.

A produção de queratina e lipídeos intercelulares ocorre aqui. Na medida em que


as células se tornam queratinizadas, se movem para a superfície e substituem as células
soltas pelo estrato córneo. Substâncias hidratantes naturais como triglicerídeos,
cerâmicas, ceras entre outros lipídeos formam componentes da função de barreira da
pele (GERSON et al., 2011a).

No estrato espinhoso, uma camada espinhosa sobre a camada basal, as células


continuam se dividindo e mudando de formato, e as enzimas continuam gerando
lipídeos e proteínas. Os apêndices das células se assemelham a espinhas cheias de
picos e se tornam desmossomas, estruturas que ajudam a fortalecer e manter as
células juntas, no estrato espinhoso que se encontram células imunes, que protegem o

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corpo contra infecções identificando o material estranho (antígenos). As células imunes
ajudam a destruir esses invasores estranhos (GERSON et al., 2011a).
O estrato germinativo, também conhecido como camada basal da epiderme,
é a camada viva, localizada sobre a camada papilar da derme, constituída das
células basais, é a camada inferior da epiderme. A mitose (divisão celular) ocorre
continuamente na camada basal da célula. Quando as células se dividem, elas
migram até a superfície e se tornam fortes e protetoras. Aqui elas produzem lipídeos,
que a mantêm juntas. O estrato germinativo também contém as células
melanócitos. Que produzem a melanina. As células de Merkel – que são as células
sensoriais, e receptores de toque, também se localizam nessa camada (GERSON
et al., 2011a).
A junção dermoepidérmica é o mecanismo da pele de unir as duas
camadas, pois se ele não existisse nós teríamos a epiderme separada da derme,
ou seja, a epiderme “cairia”. A função da zona da membrana basal é fornecer a
ancoragem e a adesão da epiderme com a derme, mantendo a permeabilidade
nas trocas entre estes dois componentes e atuando como filtro para a
transferência de materiais e células inflamatórias ou neoplásicas. Como a
epiderme não é vascularizada, suas células recebem os nutrientes necessários
devido a esta junção.
A derme é a camada que vem abaixo da epiderme e possui ligação como
estrato germinativo devido à junção dermoepidérmica. Nela encontramos anexos
cutâneos, vasos sanguíneos e linfáticos e redes nervosas. Ela também possui
camadas, porém não são tantas como na epiderme. Apresenta apenas duas
camadas: a derme papilar e a derme reticular. A derme papilar é mais delgada e
altamente vascularizada, formada por feixes delicados de fibras colágenas
(principalmente do tipo III) e elásticas, dispostas em uma rede frouxa, circundada por
abundante gel de mucopolissacarídeos. Já a derme reticular compõe a maior parte
da espessura da derme, e é constituída de fibras colágenas (principalmente do tipo
I) entrelaçadas, além de fibras elásticas que estão dispostas paralelamente à
superfície da pele.
E a última camada é formada pelo tecido adiposo e chamada de tecido
subcutâneo ou hipoderme. É constituída de tecido conjuntivo frouxo e localiza-se
abaixo da derme. Não é considerada parte da pele e tem como principal função
manter a temperatura do corpo, dar forma e contorno ao corpo, armazenamento

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de energia e dar mobilidade a toda a pele. Sua espessura varia de acordo com
cada indivíduo, pois ela é formada por acúmulo de gordura em suas células, os
adipócitos.
DUARTE (2015) explana que a capacidade de armazenamento
energético é virtude altamente ilimitada. Resulta do aumento das reservas de cada
adipócito (favorecimento da lipogênese relativamente à lipólise) e da replicação e
diferenciação de pré-adipócitos. A ausência de limite representa vantagem
adaptativa em curto prazo, e desvantagem em longo prazo, traduzida em disfunção
endócrino-metabólica.
Hipoderme ou tecido subcutâneo é a terceira camada da pele, a mais
profunda, formada basicamente por células de gordura, sendo assim, sua
espessura é bastante variável, conforme a constituição de cada pessoa. Ela
apoia e une a epiderme e derme ao resto do corpo. Além disso, a hipoderme
mantém a temperatura do seu corpo e acumula energia para o desempenho das
funções biológicas, é isolante térmico, modela a superfície corporal, absorve
choques mecânicos e é responsável pela fixação dos órgãos internos, pois se
posiciona entre eles, fazendo assim um preenchimento (GIARETTA, 2015).

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TIPOS DE PELE
A correta identificação dos tipos de pele é fundamental para selecionar
com sucesso produtos cosméticos eficazes. Embora existam tantas variações
sutis de tipos de pele quanto ao número de seres humanos, certas
características predominantes permitem que os tipos de pele sejam agrupados
em quatro classificações, e as condições em outras seis (MICHALUN;
MICHALUN, 2010).
Segundo Gerson et al. (2011c) as pessoas nascem com um tipo de pele,
que é determinado pela genética e a etnia. O tipo de pele é baseado
principalmente pela quantidade de sebo que é produzido nos folículos das
glândulas sebáceas e na quantidade de lipídios encontrados entre as células.
Os tipos de pele podem ser classificados em quatro categorias: normal, oleosa,
mista e seca. Na maior parte dos casos, os indivíduos têm uma combinação de
tipos de pele, tais como uma zona T (testa nariz e queixo). O metabolismo
celular e a produção de óleo/ lipídios se tornam mais lentos à medida que
envelhecemos.

Pele Seca
A pele seca se desenvolve como resultado de glândulas sebáceas pouco
ativas. Embora hereditária como a pele oleosa, também é consequência do
envelhecimento. Como todas as atividades corporais diminuem com o tempo, o
mesmo acontece com a atividade das glândulas sebáceas. A pele seca tende a
ficar desidratada, poderá tornar-se escamosa, áspera e apresentar pruridos.
Raramente apresenta cravos, e quando aparecem é na região do nariz. A falta
de oleosidade na pele reduz sua capacidade de reter umidade, já que a
oleosidade da pele age como barreira natural contra a perda de umidade. A pele
seca caracteriza-se por ser muito fina, bastante delicada e tênue. A secreção
insuficiente de óleo na pele não gera a ‘cola’ necessária para reter as células na
camada córnea. Como resultado, a pele seca tem menos células na camada
córnea que a pele oleosa (MICHALUN; MICHALUN, 2010).
Produtos oclusivos podem reduzir a perda de água, para conter a umidade e
proteger a camada superior da barreira da pele, que ajudam a combater a
desidratação.

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Biotipo cutâneo – Alípica

• Óstios: muito finos


• Espessura: fina
• Coloração: normal
• Textura: suave ao tato
• Brilho: natural, com tendência ao opaco
• Fatores climáticos: pouco resistentes
• Tendência à descamação, aparecimento de linhas finas.

Embora seja comum para uma pessoa com a pele seca, a desidratação é uma
condição que pode ser observada em todos os tipos de pele. A pele desidratada não tem
água. Isso é diferente de pele seca, que não contém óleo. É muito importante lembrar
essa diferença, porque até mesmo a pele oleosa pode estar desidratada e precisar de
hidratação. A pele desidratada pode ter aspecto fino, descamada, esticada e seca, a pele
que precisa de umidade tende a absorver os produtos rapidamente. A desidratação pode
ser causada por vários fatores internos e externos, como medicamentos e produtos. Beber
muita água e tratar a pele com umectantes e hidratantes pode ajudar a minimizar os
efeitos de uma pele seca (GERSON et al., 2011c).

Pele Oleosa

A pele oleosa é uma condição hereditária que se desenvolve em


consequência da excessiva ativação das glândulas sebáceas, esta atividade é
controlada pelo andrógeno, ou hormônio masculino (MICHALUN; MICHALUN,
2010).
Segundo GERSON et al. (2011c), o tamanho do folículo (estios) é maior e
contém mais óleo. Se os poros forem de tamanhos visível ou grande na maior parte
do rosto, isso geralmente indica pele oleosa, esse tipo de pele requer mais
higienização e esfoliação que os outros tipos, pois é mais propensa a manchas,
porque os poros ficam com maior quantidade de sebo e impedem as células mortas
de saírem, e acabam se acumulando, com esse acúmulo faz a pele parecer mais
grossa e pálida, manchas e comendões são comuns.

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A limpeza excessiva pode piorar a situação, porque remove o manto ácido da
pele e irrita, se ela ficar sem óleo perde seu equilíbrio, com isso pode ocorrer do
organismo se defender e acabar produzindo mais sebo para tentar proteger o tecido
da pele, independentemente do tipo de pele, o objetivo é equilibrar a função da
barreira. É muito importante equilibrar a produção do sebo por meios de tratamentos
e produtos (GERSON et al., 2011c).

Biotipo cutâneo – Lipídica normal


• Óstios: profundos e visíveis
• Espessura: espessa
• Coloração: normal
• Textura: mais áspera ao tato
• Brilho: intenso
• Fatores climáticos: resistentes
• Predominante em indivíduos jovens. Suporta sabões e detergentes.
MICHALUN; MICHALUN (2010) afirmam que não são raros os indivíduos
com pele oleosa concluírem que não precisem de hidratante porque têm a pele
oleosa, mas é muito importante diferenciar, a oleosidade vem das glândulas
sebáceas e a umidade dos canais intercelulares.

Pele Normal

A pele normal tem um bom equilíbrio entre a água e o óleo, às vezes, ela
pode oscilar entre seca e oleosa. Os folículos têm um tamanho normal e a pele
geralmente não apresenta manchas (GERSON et al., 2011c).

A pele normal tem hidratação, tônus muscular e resiliência perfeitos,


produzidos pela umidade e pelos tecidos adiposos, há uma intensa atividade biológica
na camada basal, a circulação sanguínea é ativa e o metabolismo equilibrado, a
pele normal tem uma aparência macia, hidratada, carnuda, suave e nova, além de
apresentar brilho e cor saudáveis. A camada córnea tem uma textura fina e não há
rugas, linhas ou poros abertos visíveis (MICHALUN; MICHALUN, 2010).

O envelhecimento em virtude da passagem do tempo, exposição ao sol e


outros elementos externos, como clima rigoroso, desidratação e cuidados

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insuficientes constituem o principal fator de deterioração da pele normal. Existem
outros fatores que incluem como, consumo insuficiente de água, dieta inadequada
etc. É apropriada proteção contra a oxidação causada pelos radicais livres, o uso
consistente de hidratantes e protetores durante o dia ajudam a impedir a perda de
umidade.
Biotipo cutâneo – Eudérmica

• Óstios: finos
• Espessura: normal
• Coloração: normal
• Textura: normal
• Brilho: natural
• Fatores climáticos: resistentes
• Suporta contato com sol, sabões e detergentes.

Pele Mista
A pele mista pode ser oleosa e seca, ou oleosa e normal ao mesmo tempo. A
zona T no centro do rosto é mais oleosa. Essa área possui maior número de
glândulas sebáceas e óstios maiores. As áreas externas do rosto podem ser normais
ou secas e apresentar descamação por causa da desidratação ou do acúmulo de
células mortas (GERSON et al., 2011c).

Biotipo cutâneo – Mista


• Óstios: profundos e visíveis na zona T e pouco visíveis no resto do rosto
• Espessura: normal
• Coloração: normal
• Textura: suave
• Brilho: normal
• Fatores climáticos: resistentes
• Níveis de hidratação aparentemente e uniformes.

As características descritas acima são de grande utilidade para você


conseguir avaliar corretamente a pele de seu cliente. No início, você pode questionar

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sobre estas características ao seu cliente para confirmar a sua avaliação.

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
O documento intitulado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
foi criado nos primórdios da bioética, devido à preocupação que existia com as
pesquisas realizadas com seres humanos. Essa apreensão perdura até os dias
atuais e ocupava lugar de destaque nas discussões das pesquisas cientificas.
(SAKAGUTI, TRINDADE, 2007). O primeiro relato sobre a utilização do TCLE foi um
documento elaborado para estabelecer uma relação entre o pesquisador e o
pesquisado. O registro é datado em 19 de outubro de 1833. O médico
estadunidense, Willian Beaumount (1785-1853) realizou seus trabalhos com o
consentimento de Alexis St. Martin. Esse apresentava um ferimento provocado por
arma de fogo, no qual era possível observar o seu estômago (SAKAGUTI;
TRINDADE, 2007).
No documento firmado entre as partes, ficou estabelecido que o médico fosse
custear todas as despesas do pesquisado, além disso, forneceria uma remuneração
no valor de U$ 150,00. O estudo durou um ano e sofreu fortes críticas éticas pela
forma como foi desenvolvido, pois o pesquisado não recebeu todas as informações
necessárias e o seu envolvimento com o experimento não aconteceu de forma
voluntária. No entanto, esse relato é considerado o vanguardista do TCLE
(MINOSSI, 2011).
Durante a história da bioética, observamos que nem sempre houve uma
preocupação com o participante de um experimento ou até mesmo de um
procedimento médico. Existe uma infinidade de relatos com o desrespeito causado
por cientistas ou médicos que não se preocupavam com a autonomia das pessoas.
Esses fatos envolviam dor, sofrimento, humilhação e até mesmo mortes. O perfil
das pessoas que tinham sua autonomia privada eram prisioneiros de guerra, pobres,
escravos e condenados à morte (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007).
Foi somente a partir do Código de Nuremberg que o consentimento voluntário
passou a ser tratado com uma prerrogativa dos pesquisados. Em seu artigo 1º, o
código destaca que o consentimento voluntário do ser humano é extremamente
essencial para o desenvolvimento de uma pesquisa. No entanto, vários médicos e
cientistas não respeitam essa diretriz. O motivo seria a associação que muitos
profissionais faziam com os crimes cometidos durante a guerra, com isso, suas

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penalidades ou exigências não valeriam para as pesquisas realizadas no pós-guerra
(SAKAGUTI; TRINDADE, 2007).

Também podemos destacar a Declaração Universal dos Direitos do Humanos


que foi assinada em dezembro de 1948, na cidade de Paris, representando a primeira
tentativa da humanidade em estabelecer paramentos humanitários válidos para todos
os habitantes do planeta, independente de cor, sexo, classe social, religião, língua,
entre outros. (SAKAGUTI, TRINDADE, 2007).

No fim dos anos 1950, nos Estados Unidos, vários pacientes começaram a
denunciar pesquisadores que omitiram informações a respeito dos procedimentos.
Porém, foi somente a partir da década de 1960 com a Declaração de Helsinque que
os consentimentos passaram a receber uma análise mais detalhada (SAKAGUTI,
TRINDADE, 2007).
Por fim, em 1993, ocorreu à criação das “Diretrizes Éticas Internacionais para
Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos”. Esse documento promoveu
uma valorização dos TCLE em todas as pesquisas com seres humanos (SAKAGUTI,
TRINDADE, 2007).

Aplicação do TCLE no Brasil


No Brasil, a regulamentação do TCLE começou com a produção de 2
documentos elaborados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) – Resolução no
1.081, de 12 de março de 1982 – e pelo Ministério da Saúde na década de
1980 – Portaria no 16, de 27 de novembro de 1981. Esses documentos
estabeleceram as normas para a utilização do TCLE nos primórdios na década de
1980 (MINOSSI, 2011).
Durante a primeira Conferência Brasileira de Bioética, realizada em julho de
1996, foi confirmado que na pesquisa brasileira muitos pesquisados raramente eram
informados ou até mesmo perguntados se gostariam de participar de um estudo.
Devido a isso, o Conselho Nacional de Saúde revisou as normas éticas para a
realização de pesquisas com seres humanos no país, estabelecidas pela Resolução
no 1/1988. Essa resolução foi formulada no ano de 1988 e estabelece que todas
as pessoas que participavam de pesquisa em território brasileiro deveriam ser
informadas por escrito de todos os riscos e objetivos do estudo. Coloca também que

22
os participantes teriam a sua autonomia respeitada, para decidir se iriam ou não
participar do estudo. (HARDY et al., 2002).
Com isso, uma comissão do Conselho Nacional de Saúde foi formada e ouviu
diferentes nichos da população para elaborar um documento detalhado e
abrangente. Ao fim do processo, a Resolução no 196/1996, sobre Pesquisas
Envolvendo Seres Humano, foi publicada e encontra-se atualmente em vigor
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).
A expressão termo de consentimento livre e esclarecido é uma tradução dos
termos da língua francesa consentement livre et ésclaire, que por sua vez deriva da
expressão inglesa informed consent (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007).
As instruções presentes na Resolução no 196/1996 relata que todas as
pesquisas que utilizam seres humanos, independente da área de atuação, devem
submeter seu estudo a um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Devido a isso, todas
as instituições brasileiras que realizam esse tipo de pesquisa foram obrigadas a
construir um CEP. Na impossibilidade de uma instituição construir um CEP, ela
deve submeter seus trabalhos ao CEP de outro centro, preferencialmente, o CEP de
uma faculdade, universidade, instituto de pesquisa ou outro órgão que possui
indicação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/MS) para
realização dos seus trabalhos (Hardy et al., 2002).
Ademais, o TCLE deve ser submetido ao CEP de acordo com as diretrizes da
resolução no 196/1996. O comitê irá avaliar se o TCLE esclarece os pontos
principais da pesquisa e se permite que o indivíduo pesquisado apresente autonomia
e voluntariedade para tomar sua decisão.
No entanto, em procedimentos médicos ou biomédicos que são realizados
dentro do consultório, não se faz necessário que o TCLE passe pela aviação de um
CEP, porque não está sendo realizada uma pesquisa cientifica. Porém, é de extrema
importância que o documento seja avaliado por um advogado especialista em ética,
para garantir que esteja redigido de acordo com os princípios éticos, além de garantir
a idoneidade do documento.

Aspectos legais do TCLE


De acordo com a resolução no 196/1996, o TCLE deve ser preenchido em 2
vias. O documento deve conter a identificação do participante de uma pesquisa
e/ou paciente, do representante legal (caso haja), nome do pesquisador e/ou

23
biomédico(a) esteta, data e assinatura de todos em todas as folhas. Uma via
fica com paciente e/ou pesquisado e a outra é arquivada pelo profissional
(SAKAGUTI; TRINDADE, 2007).
Uma das finalidades do TCLE é servir como uma peça contratual entre o
profissional e o paciente, conforme os princípios jurídicos, defendendo os direitos
das partes envolvidas na causa junto à justiça e no conselho de classe do
profissional (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007).
Por outro lado, de acordo com uma vertente, o TCLE é um documento
informativo e esclarecedor. Por isso, não deveria ser utilizado com instrumento de
defesa do profissional, pois, para muitos profissionais da saúde que trabalham com
procedimentos minimamente invasivos (injetáveis), essas táticas são vistas como
um desvio da prática sensata, induzida principalmente por profissionais
incompetentes, devido ameaça de processos por negligência profissional. Além
disso, apesar de o paciente ter assinado o TCLE concordando com o tratamento,
nada impede que ele entre na justiça e processe o esteta em casos de erros ou falta
de assistência por parte do profissional (MINOSSI, 2011).
Caso o biomédico queira utilizar as imagens do paciente em algum congresso
ou artigo cientifíco, é necessário uma autorização especial ou “Autorização do
Uso de Imagem”, que pode estar embutida em um item dentro do TCLE. Nessa
autorização, deve estar escrito a maneira pela qual as imagens serão utilizadas e
como a identidade do paciente será preservada (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007).

Elaboração do TCLE
De acordo com as normas da resolução no 196/1996, o TCLE é um
documento elaborado pelo pesquisador ou biomédico(a) e precisa ter a assinatura
ou impressão digital do paciente e/ou responsável legal e visto do profissional.
Em alguns casos, também é utilizado a assinatura de uma testemunha para dar
mais credibilidade ao documento. Além disso, o termo precisa ser elaborado em uma
linguagem acessível, de preferência sem a utilização de termos técnicos, e deve
apresentar os seguintes itens: (SILVA et al., 2005; SAKAGUTI; TRINDADE, 2007;
MINOSSI, 2011).

24
• Título (nome do procedimento que será realizado).
• Introdução do experimento ou tratamento.
• Objetivos (finalidade do procedimento).
• Metodologia (descrever a técnica que será utilizada).
• Complicações ou riscos que o tratamento possui (pré-tratamento, durante,
após).
• Benefícios esperados.
• Orientações para o pós-procedimento.
• Informações do profissional, tais como: nome completo, telefone, endereço
da clínica, número do CRBM.
• Identificação do paciente (nome, CPF, RG, endereço).
• Data, cidade e estado em qual foi realizado o tratamento;
• Garantia de esclarecimento a qualquer momento sobre o tratamento ao
paciente.
• Preservação da identificação do paciente, caso o profissional queira usar
as imagens do tratamento em revistas, artigos, congressos, entre outros,
Mediante autorização do uso de imagem.
• Assinatura ou impressão digital das partes envolvidas (paciente, biomédico(a)
e testemunha).
• Declaração que as informações prestadas foram efetivamente entendidas.

Para tornar a compressão do texto do TCLE mais fácil, é imprescindível seguir


as seguintes orientações (ARAUJO et al., 2010):
• Elaborar frases curtas, com palavras de fácil entendimento, Facilitando dessa
maneira a localização do paciente sobre temática do TCLE.
• Ser direto e breve na redação do texto, Para que o paciente possa ler todo o
TCLE e absorver todas as informações necessárias.
• Formular todo o texto em linguagem leiga. Ou seja, utilizar expressões que
são comuns à população e a linguagem biomédica.
• Colocar as informações mais importantes no começo do parágrafo, facilitando
a absorção do conteúdo mais importante.
• Elaborar frases na ordem direta e na voz ativa.
• Citar os benefícios do tratamento antes dos malefícios que ele pode causar.

25
• Evitar o uso de adjetivos e eufemismo.
• Utilizar títulos e subtítulos em destaque, para introduzir melhor o assunto
abordado no TCLE e facilitar a compreensão.

26
RESPONSABILIDADE CIVIL E REGULAMENTAÇÃO DAS CLÍNICAS
DE ESTÉTICAS
A responsabilidade civil é definida como um direito de reparar um dano
que uma pessoa causa a outra. O causador do dano sofrido pode pedir na justiça
reparação pelo malefício causado a ele. Essa norma é baseada pelo princípio de
que ninguém pode lesar o interesse ou direito de outro indivíduo. Isto é descrito no
artigo 927 do Código Civil, que diz: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Já os artigos 186 e 187
relatam (OLIVEIRA, 2008):
• Art 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito (ANGHER, 2015).
• Art 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes (ANGHER, 2015).

Além disso, o parágrafo único do artigo 927 do Código Civil relata que: “haverá
obrigação de reparar o dano independentemente de culpa”. Ou seja, a culpa não é um
fator primordial do código, essenciais são a conduta humana, o dano ou lesão
realizada e vínculo de causalidade entre a conduta e o dano (ANGHER, 2015).

Na responsabilidade civil, a culpa é designada quando o executor do malefício


não possuía a intenção de provocá-lo, porém, devido à imprudência, imperícia e
negligência, causou um dano e deve repará-lo. A imprudência acontece devido à
precipitação do profissional, quando por falta de medidas de prevenção e atenção na
realização de determinado procedimento, causa um dano ou lesão ao paciente. A
imprudência ocorre quando o biomédico(a) esteta não possui prática ou conhecimento
teórico para a realização do procedimento. Já a imperícia acontece quando o executor
acredita que possui todos os conhecimentos teóricos e práticos para a execução do
tratamento, no entanto, ele não está preparado pela inexistência de conhecimento,
aptidão, capacidade e competência. Por fim, a negligência é definida quando o
biomédico(a) esteta não toma os cuidados necessários, não assiste a realização do
procedimento com a devida cautela e diligência, agindo com total descuido
(OLIVEIRA, 2008).

27
Quando a existência de um dos fatores supracitados for comprovada em algum
procedimento estético, fica caracterizada a culpa do agente. Ou seja, o biomédico(a)
deverá reparar o malefício causado ao paciente, pois sem a intenção acabou por
provocar um dano ou lesão.

Por outro lado, há a possibilidade de a responsabilidade civil ser excluída


quando a culpa pelo malefício for do próprio paciente, a lesão adquirida ter sido
ocasionada por terceiros, por caso fortuito ou força maior e cláusula de não indenizar
(OLIVEIRA, 2008).

Isto é, a culpa do paciente acontece quando o dano realizado for ocasionado


pelo próprio paciente. Exemplo: o biomédico(a) esteta recomenda que o paciente não
tome sol após o CO2 fracionado ou peeling para evitar manchas, não obstante, o
paciente não segue as recomendações. Terceiros causam algum tipo de maléfico ao
paciente que compromete o tratamento. E caso fortuito ou de força maior sucede
quando procede de efeitos imprevistos ou inevitáveis. Esses princípios estão listados
no Código Civil, artigo 393 (OLIVEIRA, 2008).

• Art 393: o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caos fortuito
ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado
(ANGHER, 2015).
➢ Parágrafo único do Art 393: o caso fortuito ou força maior verifica-se no
fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir
(ANGHER, 2015).

No caso do biomédico (a) esteta, o tipo de dano mais evidente que pode
provocar é o dano estético que lesa a beleza física do paciente, comprometendo a
harmonia corporal. Este tipo de lesão pode ser permanente, o que impossibilita a
correção do malefício. Ademais, o dano estético em muitos casos, vem acompanhado
de lesões morais ou materiais, por isso elas são consideradas eventos complexos que
devem ser analisadas não somente no âmbito estético, mas também em relação à
expectativa criada pelo procedimento que não foi correspondida (OLIVEIRA, 2008).

A lesão estética no paciente provoca sofrimento, pois esse esperava uma


alteração positiva da sua aparência sem a modificação física maléfica. Não obstante,
essa modificação ocasiona no paciente uma dor moral, além de uma alteração física

28
desagradável (OLIVEIRA, 2008). Exemplos: cicatrizes, hipercromias, hipocromias,
entre outros.

Com a publicação do Código de Defesa do Consumidor, pela Lei no


8.078/1990, os profissionais liberais da saúde e estabelecimentos que prestam
serviço, tais como: clínicas, consultórios, hospitais e laboratórios, passaram a ser
equiparados a prestadores de serviços da saúde. O biomédico(a) prestador de
serviços liberais é aquele que presta serviços diretamente ao paciente no consultório.
Já o prestador de serviços empresarial é aquele que presta serviços em ambientes
empresariais, tais como: clínicas, hospitais, laboratórios. O artigo 14, § 4º, relata a
responsabilidade civil desses profissionais (OLIVEIRA, 2008).

• Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos (ANGHER, 2015).
➢ § 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação da culpa (ANGHER, 2015).

Logo, há a necessidade de provar que existiu culpa por parte do profissional.


Não obstante, fica implícita a possibilidade de inversão do ônus de prova devido à
hipossuficiência do paciente em relação ao profissional da saúde (CDC, Art. 6 o, inciso
VIII) (OLIVEIRA, 2008).

• Art. 6o São direitos básicos do consumidor (ANGHER, 2015):


✓ VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências
(ANGHER, 2015).

Por fim, ressaltamos que é de extrema importância que o biomédico(a) esteta


consulte um advogado especializado nesta área antes de começar a exercer sua
profissão, para que as dúvidas do âmbito jurídico sejam elucidadas. Ademais, as
informações repassadas nesta unidade são baseadas nas sanções empregadas aos

29
médicos, tendo em vista que até o presente momento não existem condutas
específicas aos biomédicos(as) estetas.

Documentação exigida e aspectos legais para abertura de clínica de estética


O primeiro passo para abertura de uma clínica de estética é a contratação de
um contador. Esse profissional está devidamente habilitado para elaborar os atos
constitutivos da empresa, além de auxiliar o biomédico(a) esteta na escolha da forma
do tipo de empresa que mais se adequada para o projeto, no preenchimento dos
formulários exigidos pelos órgãos que realizam a inscrição de pessoas jurídicas e
ceder informações sobre a legislação tributária pertinente ao negócio.
Ademais, para legalizar uma clínica de estética, faz-se necessário procurar os
órgãos governamentais específicos que regulamentam o funcionamento desses
estabelecimentos. As fases do registro empresarial são os seguintes:

1) Registrar a empresa nos órgãos:


• Junta comercial;
• Corpo de Bombeiros Militar;
• Secretária da Receita Federal (CNPJ); ›Secretária Estadual da Fazenda;
Cadastramento na Caixa Econômica Federal no sistema “Conectividade Social
– INSS FGTS;
• Cadastramento na prefeitura do município onde a empresa a clínica será
sediada para obtenção do alvará de funcionamento;
• Enquadramento na Entidade Sindical Patronal (a empresa ficará obrigada
ao recolhimento anual de Contribuição Sindical Patronal).

2) Visitar a prefeitura da cidade sede da clínica para fazer a consulta local.


3) Obter o alvará de licença sanitária e adequar às instalações físicas do imóvel
de acordo com as regulamentações do Código Sanitário. No âmbito federal, a
fiscalização das normatizações do código de responsabilidade é da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), já na esfera estadual a
responsabilidade é da Secretária Estadual e da Secretária Municipal de Saúde.
4) Registrar a clínica no Conselho Regional de Biomedicina responsável pela

30
jurisdição do estado no qual o empreendimento foi fundado.

O biomédico(a) esteta também deve consultar as portarias municipais e


estaduais que fiscalizam e regularizam o setor de clínicas de estéticas na cidade e
estado de origem. A fiscalização federal é realizada pela ANVISA e a seguir estão
listadas algumas portarias federais:

• Resolução no 5.186, de 20 de novembro de 2009: determinar, como medida


de interesse sanitário, a suspensão, em todo território nacional, de
propagandas de equipamentos para bronzeamento artificial PARADISO E
DORATA, com registros vencidos junto à ANVISA, veiculados pelo site.
• Resolução no 5.185, de 20 de novembro de 2009. D.O.U no 222, de
20/11/2009: determinar, como medida de interesse sanitário, a suspensão, em
todo território nacional, das propagandas do produto PLATAFORMA POWER
PLATE, sem registro junto à ANVISA, veiculadas pelo site.
• Resolução nº 51, de 24 de março de 2003: classifica os aparelhos ativos, eletro
estimuladores, para utilização em educação física, embelezamento e correção
estética na classe de risco II, regra nove, conforme previsto pelo parágrafo
único do art. 1º da RDC no 185, de 22 de outubro de 2001.
• Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976: dispõe sobre a vigilância sanitária de
medicamentos, drogas, cosméticos, saneantes e outros.

Além disso, toda empresa que presta serviços ou fornece algum tipo de produto
precisam observar e respeitar as regras que compõem o Código de Defesa do
Consumidor (CDC), que foi publicado em 11 de setembro de 1990, e regulariza as
regras que compõe a relação entre consumidor e fornecedores.

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