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RECURSOS

ESTÉTICOS E
COSMÉTICOS
CAPILARES

Aline Andressa Matiello


Métodos utilizados para
avaliação capilar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar parâmetros que constituem a ficha de avaliação capilar.


„„ Descrever os métodos de avaliação física dos cabelos e do couro
cabeludo.
„„ Reconhecer os métodos microscópicos para análise capilar.

Introdução
Os cabelos são estruturas que, além de deterem funções importantes
de proteção e saúde para o organismo, estão intimamente relacionadas
com a estética, a aparência e o bem-estar das pessoas.
A presença de disfunções capilares faz com que muitas pessoas pro-
curem por tratamentos preventivos ou curativos, de preferência, que
sejam rápidos, de qualidade e seguros. Para isso, é essencial que o futuro
profissional esteja apto a realizar a avaliação capilar de maneira adequada
para o posterior tratamento.
Neste capítulo, você, aluno da área da estética, aprenderá a realizar
uma avaliação capilar, tão importante antes de qualquer tratamento,
visando a assegurar sua qualidade e a segurança do cliente.

Ficha de avaliação capilar


A análise dos cabelos e do couro cabeludo faz parte do que chamamos de
avaliação capilar, que é importante pelo objetivo primordial de determinar o
estado dos fios de cabelo e do couro cabeludo.
Trata-se do primeiro passo antes de qualquer tratamento, seja ele para
alguma disfunção ou preventivo, ou, ainda, para dar orientações ao cliente.
Para que o tratamento e as orientações sejam mais corretos possíveis, precisam
2 Métodos utilizados para avaliação capilar

ser pautados na avaliação capilar prévia. É por meio dessa avaliação que será
definido o real problema do cabelo ou do couro cabeludo, ou seja, o diagnóstico
capilar (SCHWARZKOPF PROFESSIONAL, 2018).
A avaliação capilar é semelhante a outras da área de estética no que se
refere às suas etapas. Ela é composta pela anamnese, pela avaliação física do
couro cabeludo e dos cabelos, pelo diagnóstico e pelo plano de tratamento
(ANDRADE; CECHINEL, 2017).
Todas essas informações devem ser registradas em um documento, chamado
de prontuário, que recebe a assinatura do cliente, declarando que concorda
com todas as informações e com o plano de tratamento proposto. Esse pron-
tuário deve ser elaborado pelo profissional, não existindo um único modelo.
Entretanto, ele precisa contemplar todas as etapas da avaliação e atender às
necessidades do profissional e do cliente, de modo que facilite o trabalho e
o tratamento.

Lembre-se de que todas as informações que constam no prontuário são confidenciais


e de responsabilidade do profissional da área. Por isso, o documento deve ser sempre
bem guardado e acessível apenas ao cliente e ao profissional.

Anamnese
A primeira etapa de toda avaliação estética é chamada de anamnese, da mesma
forma que na área capilar. Trata-se do primeiro contato entre profissional e
cliente, que dá mediante conversa com perguntas feitas pelo profissional e
direcionadas ao cliente. As perguntas são predefinidas pelo profissional na
ficha de avaliação e tem por objetivo esclarecer informações acerca do cliente
e do seu problema.
Na anamnese, algumas informações são importantes e devem sempre ser
questionadas ao cliente. Há necessidade de explicar ao cliente o motivo das
perguntas, para que ele se sinta à vontade, evitando uma situação invasiva. É
nessa fase que se cria um laço de confiança entre o profissional e o cliente,
muito importante para a realização do tratamento. Por isso, essa etapa precisa
ser realizada com cautela e de maneira individualizada.
Métodos utilizados para avaliação capilar 3

Quanto aos itens que compõem essa primeira etapa da avaliação capilar,
elencam-se alguns essenciais e os motivos pelos quais devem ser questionados.

Dados do cliente

Neste tópico, serão elencadas informações sobre o cliente, como nome com-
pleto, telefone, idade, profissão, endereço, entre outras. Esse cadastro do cliente
servirá para questões administrativas, para conhecer o perfil a ser atendido
e, também, apara a avaliação capilar, uma vez que as informações de idade e
gênero relacionam-se às disfunções capilares.

Queixa principal

Este item diz respeito àquilo que trouxe o cliente até você. A principal queixa
do cliente pode ser conhecida por meio das perguntas: o que te incomoda no
momento? Qual motivo trouxe você aqui? — elas darão o rumo da avaliação,
do diagnóstico e do tratamento. Vale lembrar que as situações são diferentes,
e cada cliente tem queixas específicas, de maneira que o problema de um
cliente pode não ser o de outro. Por isso, dê importância para ouvir e anotar
as queixas do seu cliente.
A Figura 1 dá um exemplo da disposição de dados pessoais do cliente na
ficha de anamnese.

Dados pessoais do cliente


Nome: ___________________________________________
Idade: ___________________________________________
Data de nascimento: ___________________________________________
Estado civil: ___________________________________________
Profissão: ___________________________________________
Endereço: ___________________________________________
Telefone: ___________________________________________
E-mail: ___________________________________________
Figura 1. Dados pessoais do cliente na ficha de anamnese.
4 Métodos utilizados para avaliação capilar

Tratamentos anteriores

Este item deve apresentar a descrição dos tratamentos que o cliente já realizou
para o problema que ele relata, há quanto tempo e os resultados. Isso possibilita
ao profissional ter um histórico do cliente e conhecer como ele respondeu ao
tratamento — qual era o resultado esperado e qual foi o obtido.

Doenças associadas

Visto que algumas doenças têm relação importante com as disfunções capi-
lares, com os tratamentos a serem realizados e podem ser contraindicações
a algumas modalidades na área da estética, é importante questionar o cliente
sobre a existência delas. Algumas delas são mais influentes na avaliação capilar,
como: alergias, doenças cardíacas, uso de marca-passo, doenças circulatórias,
problema renal e hormonal, diabetes, depressão, câncer e cirurgias recentes.

Uso de medicamentos

O uso de alguns medicamentos pode influenciar nos aspectos do cabelo,


assim como no tratamento a ser realizado, como medicamentos para doenças
psicológicas, e apresentar efeitos colaterais, como alterações nos fios do cabelo.
A Figura 2 apresenta a estruturada dessas duas etapas.

Doenças associadas e uso de medicamentos


Doenças associadas: ( ) Diabetes mellitus ( ) Hipertensão arterial
( ) Alergias. Se sim, quais: __________________
( ) Doença cardíaca. Se sim, quais: ___________
( ) Doenças endócrinas. Se sim, quais: ________
( ) Doenças circulatórias. Se sim, quais: _______
( ) Doença oncológica. Se sim, quais: ________

Em uso de medicação: ( ) Sim. Se sim, quais: ______________________


( ) Não.
Figura 2. Doenças associadas e uso de medicações na ficha de anamnese.
Métodos utilizados para avaliação capilar 5

Hábitos de vida

Os hábitos de vida atuam de maneira positiva ou negativa na saúde capilar,


interferindo direta ou indiretamente nas condições do cabelo. Dentre os hábitos
que devem ser questionados ao cliente, incluem-se: alimentação, atividade
física, estresse, tabagismo, etilismo e rotina de cuidados com o cabelo.
Sabe-se que a prática regular de atividade física e alimentação balance-
ada, rica em alimentos nutritivos, vitaminas e minerais, são essenciais para
manutenção da saúde capilar, assim como não fumar e ter uma rotina de
cuidados com o cabelo, que envolva higiene, hidratação e reconstrução, são
hábitos que devem ser questionados. O uso de cosméticos também deve ser
interrogado, para nortear as orientações e os tratamentos futuros ao cliente.
Na Figura 3, há um exemplo de como podemos estruturar as questões acerca
de hábitos diários.

Hábitos de vida
Exposição solar: ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quais os hábitos de exposição:

Alimentação: ( ) Balanceada ( ) Não balanceada

Tabagismo: ( ) Sim ( ) Não

Etilismo: ( ) Sim ( ) Não


Se sim, com que frequência:

Estresse: ( ) Sim ( ) Não

Atividade física: ( ) Sim ( ) Não


Se sim, qual e com que frequência:

Sono adequado: ( ) Sim ( ) Não


Quantas horas de sono diárias:

Uso de cosméticos ( ) Sim ( ) Não


capilares: Se sim, quais e com que regularidade:

Figura 3. Hábitos de vida na ficha de anamnese.


6 Métodos utilizados para avaliação capilar

É de extrema importância saber as indicações e contraindicações dos tratamentos,


para não causar danos ao cliente e garantir segurança nos tratamentos. Para isso, faça
sempre o preenchimento adequado da ficha de anamnese, questionando o cliente
adequadamente sobre a presença de doenças e o uso de medicamentos.

Métodos de avaliação física dos cabelos e


do couro cabeludo
A segunda etapa da avaliação física dos cabelos e do couro cabeludo é realizada
por meio da inspeção dos cabelos e de testes a serem específicos
A inspeção e os testes do cabelo e couro cabeludo devem ser realizados
com o cliente em posição confortável. Uma maneira de fazer isso é colocando
o cliente sentado em uma cadeira confortável mais baixa e de forma que o topo
da cabeça fique na região do apêndice xifoide do examinador. Isso possibilitará
acesso fácil a todas as áreas do couro cabeludo e aos cabelos do cliente. Para
alguns testes com uso de aparelhos, o cliente deverá ficar deitado. O local da
avaliação física deve ser muito iluminado, e o cabelo do cliente deve ser solto,
sem qualquer prendedor (PEREIRA, 2000).

Inspeção
A inspeção diz respeito àquilo que o profissional encontrará no cabelo do
cliente, por meio da visualização, do toque, do cheiro e da audição. Ela precisa
ter um roteiro e ser sistematizada, de maneira que nenhum item importante
seja esquecido. Todos os itens observados deverão ser anotados no prontuário
do cliente.
A inspeção deve iniciar pelo couro cabeludo e seguir até a extremidade
final da haste capilar, momento em que o profissional ouvirá sons produzidos
pela manipulação dos cabelos, sentirá cheiros e texturas e visualizará o couro
cabeludo e os fios. O uso dos sentidos nessa fase da avaliação é importante,
pois, por exemplo, o cheiro pode indicar algum tratamento químico que o cliente
realizou, o toque possibilita ao profissional conhecer a textura do cabelo, e o
som produzido pela manipulação dos fios pode ser ouvido. O profissional deverá
anotar informações do couro cabeludo, como: mobilidade (normal, reduzida
Métodos utilizados para avaliação capilar 7

ou aumentada) e tipo (sensível, oleoso, normal ou seco). Também devem ser


registradas informações dos fios do cabelo, como: comprimento (longos,
curtos e médios), espessura (finos, grossos, medianos), consistência em cada
região, porosidade (elástico ou poroso), se recebeu algum tratamento (tintura,
descoloração, alisamento, etc.), assim como cor, brilho, textura e oleosidade.
Por último, o profissional deverá procurar por alterações que possam
impactar na estrutura dos fios ou nas disfunções capilares, que devem ser
anotadas com a respectiva localização, sempre comparando com o lado con-
tralateral. As alterações do couro cabeludo e da haste podem ser as seguintes:
descamações, dermatites, fissuras, triconodose, tricoptilose, eritema no couro
cabeludo e cicatrizes.

Testes realizados pelo profissional


A segunda fase da avaliação do couro cabeludo e dos cabelos envolvem testes
para uma análise mais precisa.

Teste de tração

O teste de tração é feito, principalmente, para verificar queda de cabelo e indicar


algum tipo de alopecia, por meio do deslizamento dos dedos pelas mechas de
cabelo de maneira firme e com tração. O objetivo é verificar a quantidade de
fios de cabelo que se desprendem do couro cabeludo, constatando se a queda
é normal ou está acima do normal. Cada mecha deve conter aproximadamente
50 fios, e o desprendimento de até dois fios por área pode ser considerado
normal. Acima disso, indica uma queda anormal (LANE, 2018).

Teste de elasticidade

Este teste determinará o estado do córtex capilar. Em condições normais de


um cabelo saudável, o cabelo é elástico. O teste é realizado com um fio de
cabelo, que será esticando cerca de 1/3 a mais do comprimento normal. Ao
soltá-lo, ele deverá retornar ao comprimento anterior. Se isso não acontecer
ou quebrar durante o procedimento, o cabelo se encontra danificado. O teste
pode ser feito com o fio de cabelo ainda preso na cabeça do cliente ou depois
de retirado. Cabelos secos normalmente se quebram durante o procedimento
(SCHWARZKOPF PROFESSIONAL, 2018).
8 Métodos utilizados para avaliação capilar

Teste de porosidade

A porosidade é referente à presença de poros, ou seja, de pequenas fendas na


haste capilar e diz respeito à capacidade que o fio tem de absorver a umidade. O
cabelo se encontra poroso quando suas cutículas (que são a camada externa da
haste capilar e responsáveis pela proteção das camadas internas) se encontram
muito abertas, muito porosas, fazendo com que percam a função de proteção,
assim, deixando o fio mais exposto a danos externos, como água quente,
radiação, agentes químicos, etc., adquirindo aspecto ressecado.
A principal característica de um cabelo muito poroso é a demora para
secar e o aspecto áspero. Dessa maneira, um cabelo com porosidade acima
ou abaixo do normal não deve receber tratamentos químicos sem antes ser
feito o tratamento para normalizar a porosidade.
O teste é feito com o toque dos dedos do profissional sobre a haste capilar,
de uma extremidade à outra. Com uma das mãos, segure o cabelo e com a outra
deslize o polegar sobre os fios, e avalie a maneira como ocorre o deslizamento.
O Quadro 1 apresenta a classificação do deslizamento do cabelo.

Quadro 1. Classificação do deslizamento do cabelo

Porosidade Características

Baixa porosidade O cabelo se encontra suave e brilhante:


neste caso, a cutícula é forte e densa.

Média porosidade O cabelo se encontra ligeiramente áspero:


indicativo de cabelos saudáveis e normais.

Alta porosidade O cabelo se encontra poroso, extremamente


áspero, seco e pode apresentar quebra:
indica situações de cabelos danificados.

Fonte: Adaptado de Schwarzkopf Professional (2018, documento on-line).

O teste de porosidade é essencial antes da realização de qualquer tratamento,


uma vez que ele determinará o tipo de agente químico a ser utilizado e a sua
absorção no fio de cabelo.
Métodos utilizados para avaliação capilar 9

Teste com uso de tricômetro

O tricômetro é um dispositivo que pode ser utilizado na análise capilar e


permite medir a quantidade de fios e a espessura, além de definir a quantidade
de perda capilar em cada região avaliada. O teste é utilizado para avaliar e
diagnosticar a calvície precoce, além de ser utilizado para acompanhar a evo-
lução de um tratamento. Ele é feito de maneira bastante rápida e não invasivo,
caracterizando um método acessível.
Na Figura 4, há um exemplo de tricômetro.

Figura 4. Aparelho tricômetro.


Fonte: Clínica Block (2018, documento on-line).

Teste com lâmpada de Wood

A lâmpada de Wood é um recurso utilizado nas avaliações de estética facial


e que pode ser empregado também na avaliação do couro cabeludo. Trata-se
de uma lâmpada que emite um comprimento de luz entre 340 e 450 mm. Essa
radiação é conseguida posterior à emissão da luz ultravioleta por um arco de
mercúrio, a qual é filtrada por uma chapa de vidro composto por silicato de
bário e 9% de óxido de níquel (PEREIRA, 2000).
A lâmpada de Wood é mostrada na Figura 5.
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Figura 5. Lâmpada de Wood.


Fonte: Andrade e Cechinel (2017, p. 18).

Diagnóstico capilar
Após a realização dos testes, é possível definir um diagnóstico capilar, que será
o resultado de sua avaliação completa, ou seja, após realizar a anamnese, a
inspeção e os testes, é que você dará um diagnóstico para o cabelo. Um exemplo
de diagnóstico pode ser: um cabelo oleoso, liso e muito poroso. Nem sempre o
diagnóstico capilar deve apresentar uma disfunção diagnosticada, sendo que
as características do cabelo também são importantes, pois é a partir delas que
você, enquanto profissional da área da estética, planejará o tratamento a ser
realizado e as orientações a serem passadas ao cliente.
Baseando-se na anamnese, na inspeção e nos testes realizados na fase de
avaliação física do cabelo, o profissional poderá dar seu diagnóstico capilar.
Veja, a seguir, um breve resumo das características que se encontram no cabelo
e que farão parte do diagnóstico capilar.

Tipo de cabelo

Quanto ao tipo, os cabelos podem ser classificados em: secos, oleosos, nor-
mais, frágeis ou mistos. A avaliação, nesse caso, se dará pela visualização da
quantidade de sebo presente no cabelo. Lembre-se de que o sebo é a substância
produzida pelas glândulas sebáceas que estão anexas ao folículo piloso.
Métodos utilizados para avaliação capilar 11

„„ Cabelos secos: a produção de sebo não está suficiente para lubrificar


toda a haste capilar, fazendo com que ela fique seca, quebradiça e sem
brilho. A cutícula se abre facilmente, tornando o fio de cabelo susce-
tível à ação de agentes lesivos externos, como sol, agentes químicos
e água quente, por exemplo. Os fios podem apresentar-se como secos
em virtude de fatores hereditários, hábitos alimentares e exposição
excessiva à água e ao sol.
„„ Cabelos oleosos: ao contrário dos cabelos secos, nesse caso, há quan-
tidade de sebo exagerada, tornando o cabelo brilhoso, pesado e com
aspecto de sujo, mesmo que devidamente higienizado.
„„ Cabelos normais: quando o cabelo não se encaixa em oleoso nem seco,
o cabelo é normal, apresentando uma quantidade de sebo adequada.
„„ Cabelos frágeis: são cabelos finos, com pouca resistência, cujas causas
podem ser diversas, como: genéticas, metabólicas e nutricionais.
„„ Cabelos mistos: apresentam-se com características de oleosidade na
raiz e de ressecamento nas pontas.

Para facilitar o entendimento, normalmente os fios ondulados tendem a


ser mais secos pelo formato que dificulta a hidratação. O cabelo que passou
por um procedimento químico, como a coloração, também tende a ser seco,
uma vez que sofreu processo de oxidação, que reduz a oleosidade dos fios.

Densidade do cabelo

A densidade do cabelo pode ser definida como sendo baixa ou alta. Essa
análise é feita com base apenas na visualização das áreas. Vale ressaltar que
ela dependerá do tipo e da quantidade de fios. Uma densidade normal é aquela
que praticamente impossibilita a visualização do couro cabeludo. Do contrário,
significa que a densidade se encontra reduzida e pode ser um indicativo de
alguma disfunção capilar. Uma densidade maior também pode ser encontrada,
mas não está relacionada a nenhuma disfunção. No couro cabeludo sadio, a
densidade varia de 175 a 300 fios por centímetro quadrado e sofre influência
de características pessoais, como idade e gênero. A Figura 6 mostra graus de
densidade capilar.
12 Métodos utilizados para avaliação capilar

Figura 6. Graus de densidade capilar.


Fonte: Clínica Ruston (2018, documento on-line).

Elasticidade do cabelo

Em condições normais, o cabelo tem características elásticas, ou seja, depois


de tracionado, ele retorna ao seu comprimento normal sem alterações na
estrutura e sem quebrar.
Em condições em que o cabelo perde sua estrutura ou rompe ao ser esticado,
isso significa que a elasticidade se perdeu e existem disfunções (Figura 7).
Métodos utilizados para avaliação capilar 13

Figura 7. Elasticidade do fio de cabelo.


Fonte: Adaptada de Oliver (2013, documento on-line).

Espessura do cabelo

Os cabelos podem ser classificados, conforme a espessura, em finos ou grossos.

„„ Cabelos finos: normalmente são mais lisos e macios, nos quais os


tratamentos capilares agem mais rapidamente.
„„ Cabelos grossos: têm uma espessura maior, normalmente são mais
ásperos e demoram mais para a penetração dos produtos de tratamento.

Porosidade do cabelo

Quanto à porosidade, os cabelos podem ser classificados em baixa, média e alta.

„„ Baixa porosidade: os fios são resistentes, impedindo que líquidos


penetram com facilidade, nos quais se pode fazer uso de produtos
químicos mais agressivos, pois a situação do cabelo é saudável.
„„ Média porosidade: as cutículas se encontram mais abertas que no caso
anterior, e, por isso, é importante aplicar produtos químicos mais leves.
„„ Alta porosidade: os fios absorvem e perdem água facilmente, e os
cabelos normalmente se encontram com volume aumentado — por
isso, utilizar produtos químicos menos agressivos.
14 Métodos utilizados para avaliação capilar

Um exemplo de cabelo poroso, com uma quantidade grande de cutículas abertas, é


o cabelo que passou recentemente por muitos processos químicos, como tinturas,
descolorações e alisamentos. Nesse caso, trata-se de um cabelo que necessita de
tratamento, visando a reduzir a porosidade para, posteriormente, passar por novo
procedimento químico.

Formato do cabelo

Os cabelos podem ser classificados quanto ao formato em lisos, ondulados ou


crespos, determinados pela forma do folículo capilar.

Lisos

Originam-se de folículos redondos, são mais oleosos na raiz e apresentam


maior fragilidade. O sentido de crescimento é sempre bem definido desde a
raiz, e a angulação folicular é vertical. Também é simétrico na sua porção
externa e tem aproximadamente 14 camadas de cutículas. A Figura 8 mostra
as camadas do cabelo liso, a disposição das células, o formato do bulbo capilar
e como os fios se apresentam em relação ao couro cabeludo.

Figura 8. Cabelos lisos.


Fonte: Adaptada de Motta (2016, documento on-line).
Métodos utilizados para avaliação capilar 15

Ondulados

Originam-se de folículos ovais, são normalmente mais secos e dão a impressão


de boa densidade capilar pelo volume que apresentam. A característica desse
tipo de cabelo é a ondulação ao longo da haste capilar e assimetria nas camadas
externas, o que o torna um pouco mais frágil. A Figura 9 mostra as camadas
da haste, o arranjo celular, o formato do bulbo e como o fio se apresenta em
relação ao couro cabeludo.

Figura 9. Cabelos ondulados.


Fonte: Adaptada de Motta (2016, documento on-line).

Crespos

Originam-se de bulbos no formato elíptico. Há grande assimetria entre as


camadas e cutículas ao longo do fio, o córtex é menos espesso, e a lubrificação
do fio fica prejudicada em virtude do formato. É o tipo de fio mais frágil.
A Figura 10 mostra as camadas da haste, o arranjo celular e o formato
do bulbo.
16 Métodos utilizados para avaliação capilar

Figura 10. Cabelos crespos.


Fonte: Adaptada de Motta (2016, documento on-line).

Cor do cabelo

A cor dos cabelos varia de preto a loiro e depende da quantidade de grânulos


de melanina presentes no córtex do fio. Existem basicamente dois tipos de
melanina: a eumelanina e o feomelanina. A primeira delas é o tipo de pigmento
responsável pelas cores castanhas e pretas, e a feomelanina é responsável pelas
cores avermelhadas e louras.
Além disso, há o cabelo que tem pouca melanina ou ausência dela, decor-
rente do processo natural de envelhecimento — mas também pode acontecer
em alguma disfunção capilar. O aparecimento dos cabelos brancos ocorre em
diferentes idades de acordo com as condições genéticas e com a exposição a
agentes lesivos, como cigarro, alimentação inadequada e radiação, que podem
antecipar o surgimento deles.
O Quadro 2 mostra a classificação dos cabelos depois da sua avaliação
física.
Quadro 2. Como classificar um cabelo após sua avaliação física

Tipo de cabelo Densidade Elasticidade Espessura Porosidade Formato Cor

Seco Normal Normal Fino Normal Liso Branco

Oleoso Aumentada Pouco elástico Grosso Pouco poroso Ondulado Eumelanina

Normal Reduzida Muito poroso Crespo Feomelanina

Frágil

Misto
Métodos utilizados para avaliação capilar
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18 Métodos utilizados para avaliação capilar

Métodos microscópicos para análise capilar


Além da avaliação capilar composta por anamnese, avaliação física e diagnós-
tico, atualmente, o mercado dispõe de inúmeras modalidades de diagnóstico
capilar microscópico.
Esta modalidade de diagnóstico atua de maneira a realizar um estudo mais
aprofundado do couro cabeludo e da haste capilar, indicado em situações em
que há suspeita de alguma disfunção capilar.
A maioria desses testes é realizada por médicos dermatologistas ou tri-
cologistas, entretanto conhecer esses métodos, suas indicações e como são
realizados também é importante para você que precisa estar apto a encaminhar
o cliente de maneira correta para o profissional habilitado.
Dentre as avaliações microscópicas realizadas atualmente e que forne-
cem resultados satisfatórios, pode-se citar: videodermatoscopia, tricograma,
fototricograma computadorizada, microscopia da fibra capilar, microscopia
óptica do bulbo capilar e biópsia do couro cabeludo.

Videodermatoscopia
O exame capilar que faz uso de um equipamento denominado videodermatos-
cópio proporciona um aumento de até 300 vezes na visualização. Ele permite
que o profissional verifique as condições do couro cabeludo, identifique os
tipos de alopecias, assim como disfunções do couro cabeludo, como a caspa,
dermatite seborreica e psoríase.
Além disso, esse exame possibilita a verificação do estado da fibra capilar,
determinando se ela está desidratada, quebradiça ou com tricoptilose ou
tricorrexe nodosa, que são disfunções comuns que os fios.

Tricograma
Um dos exames da área capilar que permite uma avaliação especializada por
meio da análise das hastes pilosas e do bulbo folicular, por meio do aumento
da imagem de até 200 vezes, com a utilização de uma lupa. O tricograma
permite analisar lesões da haste capilar causadas principalmente por agentes
lesivos químicos, encontrados em tratamentos para coloração, descoloração
e alisamentos dos cabelos.
Métodos utilizados para avaliação capilar 19

Além dessa função, a análise por meio do tricograma permite avaliar as


fases de crescimento dos fios de cabelo, determinando a quantidade deles
que se encontra na fase anágena e telógena — a primeira referente à fase de
desenvolvimento do fio, e a segunda referente à queda. O tricograma é indicado
para os casos em que há queda excessiva.
Para a análise no microscópio, são extraídos 50 fios de cabelo — geral-
mente a região escolhida é diferente da repartição normal dos cabelos. Após
a avaliação, os fios são classificados quanto à fase em que se encontram e,
também, à espessura do fio.
O exame é indicado para diagnósticos de alopecias, como eflúvio telógeno,
eflúvios agudos e crônicos, síndromes do crescimento muito lento do cabelo
ou dos fios frouxos, que é uma disfunção em que os fios se desprendem fa-
cilmente da região do bulbo folicular. Além disso, o exame permite analisar
outras disfunções e características do fio do cabelo, como obstruções no couro
cabeludo, descamações, vermelhidão, espessura do fio, afinamento capilar,
padrão de quantidade de fios por região, e realizar cálculos microscópicos
dessa região, a fim de auxiliar no diagnóstico.
O exame pode ser feito em pacientes de qualquer idade ou gênero, com
qualquer tipo de queda de cabelo. A tricoscopia também pode ser utilizada
para identificar a resposta do tratamento orientado por profissional médico.
A Figura 11 mostra uma imagem ampliada de uma das fases do crescimento
do cabelo fornecida pelo tricograma.

Figura 11. Fio de cabelo na fase anágena visualizado


por meio do tricograma.
Fonte: Clínica Bloch (2018, documento on-line).
20 Métodos utilizados para avaliação capilar

No link ou no código a seguir, você pode assistir a uma


entrevista com uma médica dermatologista e tricologista
sobre o diagnóstico de queda capilar, a partir do uso da
microscopia, com uso do videodermatoscópio.

https://goo.gl/deSw4Q

Fototricograma computadorizada
Este exame permite a avaliação da velocidade do crescimento do cabelo, além
de avaliar a espessura dos fios e a fase em que eles se encontram sem que seja
necessário extraí-los. O equipamento utiliza um software e permite a análise
por meio de fotos microscópicas de uma área de 1 ou 2 cm2 de cabelo. Ele
é indicado para acompanhamento da evolução do tratamento. A Figura 12
mostra um equipamento de fototricograma computadorizada.

Figura 12. Aparelho de fototricograma computadorizada.


Fonte: Clínica Bloch (2018, documento on-line).
Métodos utilizados para avaliação capilar 21

Microscopia da fibra capilar


Este exame permite uma avaliação a níveis qualitativo e quantitativo dos
danos existentes na fibra capilar depois da realização de tratamentos químicos
e físicos. Os danos físicos dizem respeito ao uso excessivo de chapinhas,
escovas ou tratamentos térmicos, enquanto os danos químicos são causados
por tinturas, descolorações e, principalmente, realização de alisamentos.
Quanto aos equipamentos utilizados nesse exame, pode-se citar o uso de
aparelhos de microscopia eletrônica de varredura (MEV) ou microscopia
de transmissão (MIT), com a finalidade de diagnosticar diferentes níveis
de fissuras e danos proteicos, tanto nas cutículas quanto nas camadas mais
internas do fio de cabelo (córtex). A Figura 13 mostra dois equipamentos de
microscopia da fibra capilar.

a) b)
Figura 13. Aparelho de microscopia MEV e aparelho de microscopia MIT.
Fonte: Adaptada de Clínica Bloch (2018, documento on-line).
22 Métodos utilizados para avaliação capilar

Microscopia óptica do bulbo capilar


Neste exame, o fio de cabelo é exposto para análise com microscópio, sendo
possível visualizar a mucina da haste capilar, que se trata daquela pontinha
branca que aparece na extremidade do fio. A mucina é uma proteína do cabelo
que, dependendo do formato em que se encontra, pode indicar a fase em que
está ocorrendo a queda do cabelo.

Biópsia do couro cabeludo


Este exame constitui uma avaliação histológica e patológica da fibra capilar,
mostrando a composição celular dos tecidos e também a presença de algum
agente patológico na haste capilar.
É um exame um pouco mais complexo e indicado em casos em que o
diagnóstico de disfunções é duvidoso. Para tanto, depois de receber anestesia,
é retirada uma pequena amostra do couro cabeludo para se realizar a análise. É
um excelente método de diagnóstico para casos de alopecias cicatriciais ou para
disfunções em que se tenha suspeita de causas patológicas por microrganismos.
23 Métodos utilizados para avaliação capilar

ANDRADE, G.; CECHINEL, l. R. Anatomofisiologia aplicada à estética. Porto Alegre: Sagah,


2017.
CLÍNICA BLOCH. Diagnóstico. [2018]. Disponível em: <http://www.clinicabloch.com.br/
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CLÍNICA RUSTON. Volume e densidade. [2018]. Disponível em: <http://www.clinica-
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MOTTA, E. Tipos de cabelos e seus significados. 2016. Disponível em: <http://blog.folyic.
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cabelo-e-confira-as-dicas/>. Acesso em: 20 ago. 2018.
OLIVER, F. Cabelos com elasticidade: tratamento. 2013. Disponível em: <http://nanda-
belezagenuina.blogspot.com/2013/06/cabelos-com-elasticidade-tratamento.html>.
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PEREIRA, J. M Dermatologia: propedêutica da queda de cabelos. [2000]. Disponível
em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=865>. Acesso
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Métodos utilizados para avaliação capilar 24

SCHWARZKOPF PROFESSIONAL. Como analisar o cabelo do seu cliente. [2018]. Disponível


em: <http://www.schwarzkopf-professional.com.br/skp/br/pt/home/educacao/ask/
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Leituras recomendadas
CLÍNICA DA PELE. O que é cabelo poroso? 2017. Disponível em: <http://dermatologiaca-
pilar.med.br/o-que-e-cabelo-poroso/>. Acesso em: 20 ago. 2018.
FASSHEBER, D. et al. Disfunções dermatológicas aplicadas à estética. Porto Alegre: Sagah,
2018.
LEITE JÚNIOR, A. C. Exames utilizados em tricologia para avaliação das quedas de cabelo.
[2018]. Disponível em: <http://www.blogtricologiamedica.com.br/2013/10/exames-
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RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.

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