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Controle da função tireóidea

A glândula tireoide é uma estrutura com formato de escudo, que está localizada logo abaixo da laringe
na parte média anterior do pescoço. A glândula é formada de inúmeras estruturas saculares
minúsculas conhecidas como folículos, essas que são as unidades funcionais da tireoide.

Cada folículo é formado por uma camada simples de células epiteliais (foliculares) e é preenchido
por uma substância secretória conhecida como coloide, que consiste basicamente em um complexo de
glicoproteína-iodo (tireoglobulina).2

Produção de Hormonios
A tireoglobulina que preenche os folículos é uma molécula de glicoproteína
grande, que contém cerca de 140 aminoácidos tirosina. No processo de síntese da
tireoide, o iodo se liga a tirosina e é secretado dento dos coloides.

*Para essa junção ocorrer absorção diária de iodo chega a cerca de 50 mg


ingerido No processo de sua remoção do sangue e armazenamento , o iodo é
bombeado para dentro das células foliculares contra um gradiente de concentração.
Assim o iodo vai ser transportado para dentro da membrana basal das células
tireóideas por uma proteína intrínseca chamda de simporter Na+/I (NIS).4 Na
borda apical, uma segunda proteína transportadora chamda de pendrina transfere o
iodo para o coloide, onde é utilizado para produzir hormônio (hormoniogênese). 4
O NIS obtém energia da Na+/K+-ATPase, que regula esse processo.
Consequentemente, a concentração de iodo na glândula tireoide normal é cerca de
40 vezes maior que seu nível sanguíneo.
Depois de entrar no folículo, a maior parte do iodo é oxidada pela enzima
tireóideo-peroxidase (TPO) por uma reação que facilita a combinação com uma
molécula de tirosina para formar monoiodotirosina (MIT) e depois di-iodotirosina
(DIT).4 Duas moléculas de DIT são combinadas para formar tiroxina (T4), ou uma
molécula de MIT é combinada com DIT para formar tri-iodotironina (T 3).2 Apenas
T4 (90%) e T3 (10%) são liberadas na circulação.

Os hormônios tireóideos são ligados à globulina de ligação da tiroxina (GLT) e outras


proteínas plasmáticas para seu transporte no sangue. Apenas o hormônio livre entra
nas células e regula o mecanismo de feedback hipofisário. O hormônio tireóideo
ligado às proteínas forma um reservatório amplo, que é consumido lentamente à
medida que se necessite de mais hormônio tireóideo livre. Existem três proteínas de
ligação principais do hormônio tireóideo: GLT, transtiretina (antes conhecida como
pré-albumina de ligação da tiroxina [PALT]) e albumina.

A secreção do hormônio tireóideo é regulada pelo sistema de feedback


hipotalâmico-hipofisário-tireóideo. Nesse sistema, o hormônio de liberação
da tirotrofina (TRH) – produzido pelo hipotálamo – controla a secreção de TSH
pela adeno-hipófise. O TSH aumenta a atividade geral da tireoide aumentando a
decomposição da tireoglobulina e a secreção de hormônio tireóideo pelos folículos
na circulação sanguínea, através da ativação da bomba de iodo e ampliando a
quantidade e o tamanho das células foliculares.
Ações do hormônio tireóideo
Os níveis alterados de hormônio tireóideo afetam todos os órgãos principais do
corpo. Esse hormônio tem duas funções principais – ele aumenta o metabolismo e
a síntese de proteínas e é necessário ao crescimento e ao desenvolvimento das
crianças, inclusive desenvolvimento mental e maturidade sexual. Essas ações são
mediadas principalmente pela T3. Na célula, esse hormônio liga-se a um receptor
nuclear, resultando na transcrição dos genes de resposta hormonal específicos da
tireoide.
Taxa metabólica. O hormônio tireóideo aumenta o metabolismo de todos os
tecidos do corpo, exceto retina, baço, testículos e pulmões. A taxa metabólica basal
pode aumentar entre 60 e 100% acima do normal quando há quantidades grandes
de T4.2 Em consequência do metabolismo mais acelerado, as taxas de utilização da
glicose, das gorduras e das proteínas aumentam. Os lipídios são mobilizados do tecido
adiposo e o catabolismo do colesterol pelo fígado aumenta. Os níveis sanguíneos de
colesterol diminuem nos pacientes com hipertireoidismo e aumentam nos casos de
hipotireoidismo.2 As proteínas musculares são decompostas e usadas como combustível e
isto provavelmente explica parte da fadiga muscular associada ao hipertireoidismo.
Função cardiovascular. As funções cardiovascular e respiratória são
profundamente afetadas pela função da tireoide. Com o aumento da taxa
metabólica, o consumo de oxigênio e a produção de subprodutos metabólicos
aumentam e há vasodilatação crescente. Em especial, o fluxo sanguíneo da pele é
aumentado como modo de dissipar calor corporal resultante da taxa metabólica
mais alta. Volume sanguíneo, débito cardíaco e ventilação aumentam como modo
de manter o fluxo sanguíneo e o fornecimento de oxigênio aos tecidos do corpo. A
frequência e a contratilidade cardíacas também aumentam como modo de manter o
débito cardíaco necessário. A pressão arterial tende a alterar-se pouco porque a
vasodilatação acentuada tende a anular o aumento do débito cardíaco.
Função gastrintestinal. O hormônio tireóideo estimula a função gastrintestinal,
causando aumentos da motilidade e da produção de secreções gastrintestinais, que
frequentemente causam diarreia. Aumentos do apetite e da ingestão de alimentos
acompanham a taxa metabólica mais alta, que ocorre quando os níveis do
hormônio tireóideo estão elevados. Ao mesmo tempo, o paciente perde peso
porque utiliza mais calorias.
Efeitos neuromusculares. O hormônio tireóideo tem efeitos acentuados no
controle neural da função e do tônus musculares. Elevações discretas dos níveis
desse hormônio estimulam os músculos esqueléticos a reagir mais vigorosamente,
enquanto a redução dos seus níveis torna a reatividade muscular mais lenta. Com o
hipertireoidismo, os pacientes têm tremor muscular delicado. A causa desse tremor
é desconhecida, mas pode ser atribuída à hipersensibilidade das sinapses neurais da
medula espinal que controlam o tônus muscular. Nos bebês, o hormônio tireóideo é
necessário ao desenvolvimento normal do encéfalo.

Calcitonina As células parafoliculares, ou células C, estão dispersas entre os


folículos da tireoide por toda a glândula tireoide. Essas células secretam o
hormônio calcitonina em resposta ao aumento do nível de cálcio no sangue. O
tecido-alvo primário para a calcitonina é o osso (ver Cap. 6). A calcitonina liga-se
aos receptores de membrana, diminui a atividade dos osteoclastos e prolonga a
vida útil dos osteoblastos. Por isso, a deposição do osso leva à diminuição dos
níveis de cálcio e fosfato no sangue.

Glândulas paratireoides
Em geral, a paratireoide está embutida na parte posterior de cada lobo da tireoide e
é composta por dois tipos celulares: células chefe e oxifílicas. As células-chefe
secretam o hormônio paratireoide, mas a função das células oxifílicas é incerta.
Normalmente, quatro glândulas paratireoides estão presentes, com suas células
organizadas em pacotes de densas massas, ou cordões, em vez de folículos
O hormônio paratireoide (PTH, do inglês, parathyroid hormone), também chamado de parato-
hormônio, é um hormônio polipeptídico importante para a regulação do nível de cálcio nos fluidos
corporais (ver Tab. 18.3). Seus maiores tecidos-alvo são ossos, rins e o intestino delgado. O PTH liga-
se a receptores de membrana e ativa o mecanismo de proteínas G que aumenta o nível intracelular
de cAMP nos tecidos-alvo. A ausência de glândulas paratireoides funcionais provoca a perda da
habilidade adequada de regular o nível sanguíneo de cálcio.

 O PTH estimula a atividade dos osteoclastos no osso e pode causar o aumento do número de
osteoblastos. O aumento da atividade dos osteoclastos resulta na reabsorção óssea e na
liberação de cálcio e fosfato, induzindo o aumento do nível de cálcio no sangue.
 O PTH induz a reabsorção de cálcio nos rins e, portanto, menos cálcio sai do corpo pela
urina. Ele também aumenta a formação enzimática da vitamina D ativa nos rins. O cálcio é
ativamente absorvido pelas células epiteliais do intestino delgado, e a síntese e o transporte
nas células do intestino requerem vitamina D ativada

Glândulas paratireoide inativas resultam em hipocalcemia, nível baixo anormal de cálcio no sangue.
O reduzido nível extracelular de cálcio causa a abertura dos canais voltagem dependentes de Na+ na
membrana plasmática que aumentam a permeabilidade da membrana plasmática ao Na+. Por
conseguinte, o Na+ difunde-se para dentro das células e causa despolarização (ver Cap. 11). Os
sintomas de hipocalcemia são nervosismo, espasmos musculares, arritmia cardíaca e convulsões. Em
casos extremos, pode levar à tetania dos músculos esqueléticos, incluindo os respiratórios, que pode
levar à morte.
TIREOIDITE

A tireoidite, ou inflamação da glândula tireoide, engloba um grupo diversificado de


distúrbios caracterizado por alguma forma de inflamação tireoidiana. Essas
doenças incluem condições que resultam em doença aguda [de Quervain]) ou
crônica (Hashimoto) e distúrbios nos quais relativamente há pouca inflamação
como por exemplo [Riedel]).
Ela se caracteriza por gradual falência da glândula tireoide secundária à destruição
autoimune da glândula tireoide. É mais prevalente nas idades de 45-65 anos, sendo
mais comum em mulheres do que em homens.
PATOGENIA A tireoidite de Hashimoto é provocada pela ruptura da
autotolerância (Capítulo 4) aos antígenos tireoidianos. Desse modo, os
autoanticorpos circulantes contra os antígenos tireoidianos estão presentes na
imensa maioria dos pacientes, que demonstram depleção progressiva das células
epiteliais tireoidianas (tireócitos) e a sua substituição por infiltrado celular
mononuclear e fibrose. Os eventos desencadeadores que levam à ruptura da
autotolerância não foram plenamente elucidados, mas múltiplos mecanismos
imunológicos que podem contribuir para a lesão dos tireócitos foram identificados
(Fig. 19-7), incluindo: • Morte celular mediada por células T citotóxicas CD8+: As
células T citotóxicas CD8+ podem provocar a destruição dos tireócitos. • Morte
celular mediada por citocinas: A ativação excessiva das células T leva à produção
de citocinas inflamatórias como, por exemplo, o interferon g na glândula tireoide,
com o resultante recrutamento e ativação de macrófagos e lesão dos folículos. •
Ligação de autoanticorpos antitireoidianos (anticorpos antitireoglobulina e
antiperoxidase tireoidiana), acompanhados por citotoxicidade anticorpo
dependente mediada por células (Capítulo 4). Um significativo componente
genético para a patogenia dessa doença é sustentado pela sua concordância em até
40% dos gêmeos monozigóticos, assim como a presença de anticorpos
antitireoidianos circulantes em, aproximadamente, 50% dos irmãos de pacientes
afetados. Suscetibilidade aumentada para a tireoidite de Hashimoto está associada
a polimorfismos em múltiplos genes associados à regulação imune, sendo a mais
significativa a vinculação ao gene do antígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico
(CTLA4), que codifica um regulador negativo da função da célula T (Capítulo 4).

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