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Curso 65470 Aula 10 v1
Curso 65470 Aula 10 v1
Aula 10
Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Aspectos teóricos acerca da Identificação Criminal ........................................................ 3
3. Representação por Identificação Criminal do Investigado ............................................ 11
3.1 Legitimação................................................................................................................ 11
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 11
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 13
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 14
1322357
4. Modelo de representação por Identificação Criminal do Investigado ........................... 15
4.1 Endereçamento.......................................................................................................... 15
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 16
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 18
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 19
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 20
5. Questões comentadas.................................................................................................. 24
6. Exercício Proposto ....................................................................................................... 29
7. Respostas e comentários dos exercícios da aula 08. ..................................................... 30
8. Estudos de caso em Legislação Penal Extravagante ...................................................... 41
1. APRESENTAÇÃO
O nosso curso continua e chega a nossa penúltima aula, é com muito prazer que
apresento a vocês a aula de identificação criminal para fins de investigação criminal. É
uma aula muito tranquila e a probabilidade de cair essa representação em prova é bem
baixa, embora possível a sua cobrança.
Após os aspectos teóricos sobre a medida, vamos entrar nos aspectos relativos à peça
que o delegado pode produzir sempre que achar necessária e cabível a identificação
criminal do suspeito.
É uma peça que pode até vir misturada com outras cautelares na mesma peça,
principalmente quando estivermos diante de um litisconsórcio em que vários suspeitos
são investigados e em relação a algum ou alguns deles tenha que ser feita uma
identificação criminal para fins de prosseguimento da investigação, principalmente para
É uma matéria que encontra guarida constitucional, ou seja, teremos que comentar
alguns pontos relativos ao art. 5°, LVIII, da CF/88, pois ela prevê um direito
fundamental que merece ser explorado na exposição teórica da aula.
Inicialmente, vale a pena mencionar que estamos diante de uma medida cautelar
probatória, ou seja, é uma medida cautelar que tem a função de meio de obtenção de
prova, ou seja, através da identificação criminal vamos obter alguma fonte de prova,
assim como é a interceptação das comunicações telefônicas e a busca domiciliar, por
meio das quais o delegado de polícia traz para o inquérito mais elementos de
informação que corroboram a sua tese de indiciamento ou a subsidiam.
Professor, e o que
seria a identificação
criminal?
Essa identificação criminal não seria feita, em tese, por meio de documento civil, mas
de impressão digital e fotografia.
Os documentos que servem para a identificação civil são previstos na Lei n° 12.037/09
e são:
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho;
IV – passaporte;
Veja que não apenas a carteira de identidade serve para identificar civilmente o
suspeito.
==142d75==
Veja que as hipóteses acima, em sua maioria são situações em que o próprio
delegado de polícia determina a identificação, de ofício, sem a necessidade de
reportar-se ao juiz por meio de representação.
A maioria; pois temos uma exceção no rol acima, que é a do inciso IV, acima
destacado, cuja transcrição colamos abaixo:
Veja que a hipótese em que o delegado deverá representar ao juiz é a do caso em que
a identificação não se serve para realmente identificar alguém que está na sua frente
sem identificação civil, mas uma hipótese em que o delegado necessita da
identificação para prosseguir nas suas investigações, ou seja, é uma hipótese em
que a identificação se prestará a esclarecer, provavelmente a autoria delitiva.
No entanto, um detalhe precisa ser dito: essa forma de identificação deve ser levada a
efeito apenas quando o juiz determina, ou seja, o delegado de polícia ao determinar a
identificação criminal nos casos especificados em lei, vistos acima, só pode fazê-la por
meio dos dois procedimentos iniciais, e é por isso que você geralmente vê em um
inquérito policial uma folhinha contendo as marcas de impressão digital do investigado,
Essa hipótese não se faz muito frequente, pois só pode ser realizada por meio de
decisão judicial nesse sentido, oportunidade em que o delegado de polícia irá
representar ao juiz competente para que ele defira a medida identificativa. Essa é a
previsão do art. 5°:
I – o documento apresentar
rasura ou tiver indício de
falsificação; IV – a identificação criminal for
essencial às investigações
policiais, segundo despacho da
II – o documento apresentado autoridade judiciária
for insuficiente para identificar competente, que decidirá de
cabalmente o indiciado; ofício ou mediante
representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou
da defesa;
III – o indiciado portar
documentos de identidade
distintos, com informações
conflitantes entre si;
VI – o estado de conservação ou
a distância temporal ou da
localidade da expedição do
documento apresentado
impossibilite a completa
identificação dos caracteres
essenciais.
Por outro lado, a identificação pela qual você vai representar não visa identificar
alguém, na verdade você já conhece a identidade do suspeito, é público e notório que
você sabe quem é o suspeito, você precisa, na verdade, é de um meio que possa
comprovar que aquele suspeito estava na cena do crime, o que corrobora o indício
inicial de autoria delituosa, ou outra forma de obtenção de elementos de informação.
É o caso clássico dos dois copos de cerveja ou qualquer outra bebida que são
encontrados na cena do crime, em que você delegado de polícia tem um suspeito que
estaria com a vítima no momento em que foi morta, mas precisa de uma comprovação
da autoria. Ou seja, você já sabe quem é o suspeito, ou seja, você conhece a identidade
dele, só quer obter prova de que ele bebeu cerveja com a vítima no local do crime
minutos antes de ela ser morta.
Ou então em casos de estupro, nos quais é coletado sêmen no corpo da vítima e você
possui um forte suspeito, que pode até ser um membro da família, o que ocorre com
frequência nos casos de estupros de vulneráveis, mas precisa comprovar a sua tese de
investigação e a comparação do material biológico contido no sêmen precisa ser
comparado com o material biológico do suspeito.
Veja que não podemos utilizar o princípio para acobertar a prática criminosa, o
ordenamento jurídico está aí para proteger a sociedade, ou seja, devemos ter como
objetivo final proteger a coletividade, assim não caberá alegar violação a esse princípio
de modo a acobertar a prática delituosa e macular a prova eventualmente obtida por
meio da coleta do material biológico.
De acordo com a doutrina, o que não pode haver é uma obrigatoriedade para que o
investigado seja submetido à produção de prova contra si mesmo, ou seja, não pode a
autoridade policial, mesmo com decisão judicial favorável, obrigar o investigado a fazer
uma coleta de sangue, por exemplo. Mas a autoridade policial pode se valer de uma
busca domiciliar para conseguir um fio de cabelo ou outro material que carrega o DNA
do investigado; até mesmo a coleta de algum material no local do crime, como a saliva
no copo de cerveja do exemplo acima.
Assim, a autorização judicial será dada no sentido de permitir que se faça o exame
biológico para traçar o perfil genético do investigado, sem que haja a necessidade de
comportamentos ativos deste no sentido de produzir prova contra si mesmo.
Quando vestígios de material biológico são encontrados no próprio local do crime, não
há necessidade de que seja feita uma representação dessa natureza para obtenção do
perfil genético, pois o próprio art. 6°, VII, do CPP autoriza tal prática.
Datiloscópica
Fotográfica
Biológica
Veja que esse dispositivo é que dará a nossa legitimidade para representar e deverá
estar contido no nosso preâmbulo.
Vamos passar agora aos principais pontos da peça que você deverá produzir.
3.1 LEGITIMAÇÃO
A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no próprio art.
3°, IV, da Lei n° 12.037/09. Vejamos:
Portanto, a legitimidade ao delegado é dada pelo próprio art. 4°, IV, da Lei n°
12.037/09.
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica.
Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:
O que?
Quem?
Quando? ACONTECEU
Onde?
Por que?
Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.
Cuidado para não entrar na fundamentação nesse tópico, aqui você terá
apenas de relatar os fatos que darão base para a sua fundamentação jurídica.
A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual
representa.
A primeira será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime. Aqui
você mostrará que sabe identificar o crime que ocorreu em meio à historinha que foi
contada no enunciado. Existem provas, como a da PCDF de 2009 e 2015, além do
que o próprio edital da PCPA trouxe essa menção no espelho de correção que será
utilizado para correção da peça, essa previsão mostra que serão atribuídos valiosos
pontos para a definição jurídica do fato delituoso, portanto é de suma importância saber
qual crime ocorreu.
Algumas provas já afirmam no enunciado o crime que ocorreu, o que torna a sua tarefa
mais simples nesse ponto, no entanto, outras em que a história é longa e cheia de
personagens pode levar você a uma dificuldade em tipificar.
Sugiro que você estude o princípio da consunção e também o do ne bis in idem, por
meio do qual você pode sempre se valer para realizar a adequação típica das condutas
apresentadas.
Devemos mostrar que está presente a justa causa, ou seja, que o crime ocorreu, ou
seja, que está comprovada a materialidade delitiva, bem como há indícios de
autoria, no entanto esses indícios precisam ser reforçados, de modo que os indícios de
autoria sejam devidamente comprovados e a justa causa verificada no caso concreto,
ou seja, você tem uma suspeita que pode se tornar praticamente uma prova concreta
da autoria, só precisa que ela seja autorizada pelo juiz para ser realizada.
Essa é a plausibilidade do bom direito no que diz respeito à persecução penal. Aqui
a ideia é bem parecida com as representações por prisão. Se você aprendeu bem a
parte de requisitos cautelares da prisão, a ideia é a mesma.
O fundamento legal a ser utilizado é o mesmo art. 4°, IV, da Lei n° 12.037/09.
Ou seja, você deverá comprovar que a medida é essencial às investigações, você vai
provar que a investigação necessita daquele meio de obtenção de prova para que
consiga chegar ao seu fim, ou seja, comprovar a materialidade e os indícios de
autoria.
3.4. PEDIDO
Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, ele é bem
genérico, pois não apresenta prazo, tampouco alguma peculiaridade.
A base é a mesma; você vai representar ao juiz pela identificação criminal do suspeito
pelos métodos cabíveis ao caso (datiloscópico, fotográfico e biológico) a depender
do caso podemos ter a identificação por um ou mais de um dos métodos apresentados.
Ademais, você deve mencionar o objeto do exame, por exemplo, pode ser que o
elemento a ser submetido a exame seja um fio de cabelo ou a saliva contida em algum
substrato deixado no local do crime.
Enfim, você vai dizer como se dará a medida investigativa, como se realizará o exame
pericial técnico.
Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É uma
representação simples e a fundamentação está totalmente no art. 3°, IV, da Lei n°
12.037/09, basta fundamentar com base nesse dispositivo legal, adequando sempre
ao que foi dito a respeito dos aspectos mais importantes na análise fática do problema.
4.1 ENDEREÇAMENTO
No entanto, se a questão mencionar que existe o juízo especializado no crime que está
sob investigação, não hesite em mencioná-lo no seu endereçamento.
Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, volte para
a parte de processo penal, onde se estuda a competência no CPP, pois lá estarão bem
claras as principais regras para identificar o juízo competente.
Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova.
4.2 PREÂMBULO
Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai fazer
referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a representação por essa
medida, esses são os chamados elementos de referência, que mostram sempre que
você domina a atividade prática, a prática é sempre muito importante e os elementos
de referência sempre permeiam uma peça prática. Vale a pena mencionar o nome do
investigado e o crime que ocorreu, de preferência com sua capitulação.
Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito ou de qualquer outro
elemento de referência, mencione número apenas se for dito no enunciado. Caso
contrário, deixe o bom e velho espaço em branco.
“A Polícia Civil do estado do Pará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88; art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09; art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela Lei Complementar do Estado do
Pará n° 22/94, art. 34, IX, vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar pela realização de exame de
identificação criminal do investigado __________________, medida essa
prevista no diploma legal acima, pelos fundamentos de fato e de direito que a
seguir passa a expor”.
Nesse ponto você vai especificar sobre quem a medida será executada, ou seja, você
vai dizer quem será submetido ao exame, o objeto da medida é um exame que se fará
num substrato de material biológico do suspeito, portanto é salutar mostrar qual o
elemento que será submetido a exame e quem será o identificado.
Não há muitos detalhes no preâmbulo dessa medida, lembre-se sempre que deve
constar nele o dispositivo legal que lhe dá a legitimidade para representar pela
medida, esse é o art. 4°, IV, da Lei n° 12.037/09.
4.3 FATOS
Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados, de forma concisa e escorreita.
Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.
Na peça de identificação criminal você vai se deparar com fatos que fortalecem a tese
de que a identificação é essencial para o andamento da investigação, para reforçar a
tese de autoria delitiva.
Lembre-se de que você não pode inventar fatos, isso é terminantemente proibido,
sob pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova.
Aqui você vai ter de provar que se não for feito aquele exame a sua investigação
perecerá, ou seja, não vai atingir a sua finalidade precípua, que é chegar à comprovação
da materialidade do crime e da autoria delitiva.
O exame, como se presta a identificar uma pessoa, vai ser mais incisivo no reforço das
suspeitas sobre quem recai a autoria, ou seja, você vai procurar comprovar uma
suspeita de autoria delitiva com o exame de identificação criminal.
Assim, nos termos do art. 3°, IV, da Lei 12.037/09, comprova-se ser essencial
às investigações o deferimento do exame de identificação criminal do
investigado suspeito de ser o autor do delito.
4.5 DO PEDIDO.
No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.
É importante mencionar o tipo de identificação criminal que será feita, se apenas por
meio de impressão digital (dactiloscópica) ou se por meio fotográfico, ou ainda, se por
meio de coleta de material biológico para traçar perfil genético.
Você irá mencionar mais uma vez, como de costume, a oitiva do MP, como titular da
ação penal, é de fundamental interesse do membro do parquet que ele saiba desse
método um tanto invasivo para a comprovação da autoria.
Assim, diante das informações acima, segue um modelo de pedido bem sucinto e direto.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
“A Polícia Civil do estado do Pará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88; art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09; art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela Lei Complementar do Estado do
Pará n° 22/94, art. 34, IX, vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar pela realização de exame de
identificação criminal do investigado __________________, medida essa
1. Dos fatos
O segundo, por sua vez, reside no periculum in mora. Você deverá demonstrar
ao examinador na sua peça que existe um forte perigo para a própria
investigação, caso não seja deferida a medida cautelar em apreço. Segue um
modelo de fundamentação do periculum:
Assim, nos termos do art. 3°, IV, da Lei 12.037/09, comprova-se ser essencial
às investigações o deferimento do exame de identificação criminal do
investigado suspeito de ser o autor do delito.
3. Do pedido
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
Essa aula não possui questões de prova, nem adaptadas, portanto, as questões
apresentadas são originalmente produzidas pelo Prof. Vinícius Silva.
5. QUESTÕES COMENTADAS
No dia 23 de maio de 2015, por volta de 10:00, ouviu-se um disparo de arma de fogo,
que, aparentemente teria sido dado no apartamento 205, do prédio localizado na
Avenida Beira-mar, 55, Meireles, Fortaleza.
Essa questão deu muito trabalho para ser criada e precisei ler bastante até encontrar
um exemplo que se enquadrasse na representação que estamos estudando.
O que podemos verificar pelo caso apresentado é que se trata de um crime de homicídio
em que temos um suspeito, no entanto a comprovação dos indícios de autoria ainda é
muito fraca, pois as imagens do circuito interno de TV apenas corroboram a tese de
que havia alguém com a vítima no local do crime, minutos antes de ela ser morta.
Os dois copos de cerveja também reforçam a tese de que ela foi morta por alguém que
esteve com a vítima em seu apartamento minutos antes.
Foi coletado no local do crime a saliva contida no copo de cerveja deixado no local do
crime, no entanto, só foi possível estabelecer que havia duas pessoas no local, uma
delas a vítima e a outra, até então desconhecida.
Para isso vamos nos valer do exame de identificação criminal, determinado pela
autoridade judicial, nos termos do art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09, pois é essencial às
investigações policiais.
Quanto à ofensa ao princípio do nemo tenetur se detegere, não podemos cogitá-la, uma
vez que será utilizada como fonte para o exame o material descartado por ele nas
viaturas e nas lixeiras do quartel, ou seja, as pontas de cigarro, que, provavelmente
possuem extratos de saliva dele, que podem ser comparados geneticamente com
aqueles encontrados no copo de cerveja recolhido do local do crime.
Assim, não haverá nenhum comportamento ativo do suspeito que possa macular a
prova que será obtida em relação à autoria, sob o pálio de ofensa ao princípio da não
autoincriminação.
Vamos à peça.
A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está
prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa
Excelência, representar pela realização de exame de identificação criminal do
investigado Leandro Falcão, Subtenente da Polícia Militar, medida essa prevista no
diploma legal acima, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.
1. Dos fatos
Narram os autos do inquérito policial em epígrafe que no dia 23 de maio de 2015, por
volta das 10:00, ocorreu um crime de homicídio no apartamento 205, do prédio
localizado na Avenida Beira-Mar, 55, Meireles, Fortaleza.
alvejada por um projétil de arma de fogo que atingiu a região de sua cabeça, vitimando-
a de morte.
Sabe-se também que o suspeito acima é fumante e costuma descartar pontas de cigarro
nos locais em que trabalha como policial militar.
Assim, diante dos fatos, podemos adequar a conduta delituosa como incursa no art.
121, §2°, IV, do Código Penal – CP.
Quanto ao fumus comissi delicti, o crime existe e disso não há dúvidas, basta verificar
os laudos do IML anexos, que comprovam que o crime de morte ocorreu, ou seja, a
materialidade delitiva encontra-se devidamente comprovada, bem como possuímos
indícios de autoria ou participação, que precisam ser reforçados por meio da essencial
técnica de investigação pela qual se representa.
O segundo requisito, que é o periculum in mora, é possível notar que existe um forte
perigo para a própria investigação, caso não seja deferida a medida cautelar em apreço.
Assim, nos termos do art. 3°, IV, da Lei 12.037/09, comprova-se ser essencial às
investigações o deferimento do exame de identificação criminal do investigado suspeito
de ser o autor do delito.
3. Do pedido
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela realização de exame de identificação criminal em Leandro
Falcão, a ser realizado por meio de coleta de material biológico contido nas pontas de
cigarro que ele descarta no ambiente, para posterior realização de exame para traçar
perfil genético, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra
na fundamentação exposta, visando ao prosseguimento da investigação policial, por se
tratar de medida essencial ao fim que se destina.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
6. EXERCÍCIO PROPOSTO
Três pessoas acusadas de invasões de terra na zona rural de Marabá foram presas pela
Polícia Civil do Pará (Delegacia de Combate a Conflitos Agrários - DCCA), durante
operação de combate aos invasores de terra que já vinham sendo investigados pelo
núcleo policial.
A ação resgatou funcionários de uma fazenda que eram mantidos em cárcere privado,
no entanto, há suspeitas de que um dos reféns foi morto no local.
No entanto, Eduardo Magalhães Pedrosa conseguiu fugir do local mas antes disparou
contra os policiais com a intenção de feri-los.
As pessoas que foram resgatadas em suas declarações afirmaram não ter visto ninguém
ser morto no local onde eram mantidas.
O que foi apurado até agora e consta nos autos do inquérito policial mencionado é que
o tráfico na região norte do estado do Ceará é comandado por uma quadrilha
especializada em tráfico, que tem por mentor Alípio de Souza Maia.
Relatórios investigativos dão conta de que se trata de uma organização criminosa e que
o chefe dela leva uma vida luxuosa, com o dinheiro proveniente do tráfico.
Na matrícula consta que o imóvel foi adquirido com uma entrada de R$ 500.000,00 em
espécie e mais 10 pagamentos mensais de R$ 50.000,00, totalizando um valor de R$
1.000.000,00.
O Sr. Alípio de Souza Maia foi indiciado pela prática dos crimes sob investigação e foram
solicitadas suas informações junto ao sistema de informação da Receita Federal, do que
constaram que ele nunca declarou renda auferida.
Consta nos autos ainda um relatório fotográfico por meio do qual se constata que o
imóvel encontra-se a venda. Fato esse comprovado após a oitiva da testemunha
Raimundo da Silva, corretor responsável pela venda do imóvel, o qual informou que há
duas pessoas interessadas em adquirir o imóvel.
Essa é uma questão muito comum no dia a dia das delegacias de polícia, pois retrata
como o tráfico de drogas utiliza dos mais diversos meios para proceder à lavagem de
capitais, oriundos de atividade delituosa.
Não vamos entrar em detalhes da lei de lavagem, tampouco em celeumas que dizem
respeito à tipificação dos crimes.
Conseguimos vislumbrar que o Sr. Alípio faz parte de uma OC, como o próprio
enunciado menciona, além do que podemos inserir sua conduta nos crimes de tráfico
(art. 33, da lei n° 11.343), associação para o tráfico.
A lavagem de dinheiro também ocorre, uma vez que ele está se utilizando da compra
de imóvel para dar a aparência de licitude ao dinheiro proveniente de atividade ilícita.
Enfim, o Sr. Alípio está “enrolado”, tamanho o número de condutas delituosas nas quais
está incurso. Geralmente no crime de tráfico funciona assim, ele nunca vem sozinho,
sempre está acompanhado de outros crimes.
Veja que se trata de um bem imóvel, portanto, será necessário enviar ofício ao Cartório
de Registro de Imóveis competente, a fim de dar publicidade ao ato constritivo.
A demonstração do cabimento está muito clara, pois a origem ilícita do imóvel está bem
caracterizada, pois o Sr. Alípio não possui renda fixa, tampouco nunca declarou renda
ao fisco. Há fortes indícios de que ele está praticando tráfico de drogas entre outros
crimes correlatos. Já ouve até o indiciamento dele, sendo, portanto, constatados a
materialidade e os indícios de autoria.
Assim, diante dos comentários acima, caberá ao delegado que conduz o inquérito
representar ao juiz pela medida cautelar de sequestro do bem imóvel, com a finalidade
de resguardar o perdimento dos bens oriundos da atividade criminosa, tendo em vista
a provável venda do apartamento, que já se encontra em negociação.
Vamos produzir.
A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 127, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado
para o qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar pelo sequestro do bem imóvel especificado
no pedido desta, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.
1. Dos fatos
Narram os autos do inquérito policial em epígrafe que Alípio de Souza Maia foi indiciado
pela prática dos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização
Foi oficiada à Receita Federal e nada consta nos cadastros do órgão federal em relação
a eventuais declarações de imposto de renda auferida ou bens declarados em nome do
Sr. Alípio, tampouco em relação a sua esposa.
Foi juntado aos autos um relatório fotográfico onde se verifica que o imóvel supracitado
está à venda. Ouvido, o corretor responsável informou ainda que há duas pessoas
interessadas na compra do bem.
2.2 Do cabimento
Em relação aos bem com essa origem o código de processo penal prevê a possibilidade
de o juiz decretar o sequestro do bem de modo a garantir o seu perdimento quando da
prolação da sentença condenatória em face do réu, com fulcro no arts. 125, do CPP e
91, do CP.
Quanto ao primeiro, há fortes indícios de que o bem é de origem ilícita, uma vez que
várias são as informações constantes de que o bem não poderia ter sido adquirido
mediante atividade lícita.
O segundo requisito, por sua vez, reside no fato de que a demora inerente ao processo
pode facilitar a disposição do bem por parte do agente criminoso, que pode colocá-lo
no mercado, negociá-lo e praticar atos de disposição que dificultarão a garantia da
execução da pena, no que diz respeito ao art. 91, do CP.
3. Do pedido
Requer ainda que seja oficiado o competente registro imobiliário para fins de averbação
da retromencionada medida pela qual se representa, a fim de tornar pública a restrição
judicial, evitando a disposição do bem.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
Apurou-se ainda que o servidor teve o seu patrimônio elevado em grande quantia, em
pouco tempo. Relatório da equipe operacional dá conta de que o servidor adquiriu, no
último ano, duas caminhonetes zero quilômetro, em dinheiro, avaliadas em R$
400.000,00; de placas TAM 1234 e GOL 5555.
Os fatos acima foram ratificados pela oitiva dos donos das concessionárias onde foram
adquiridos os automóveis, que afirmaram que o servidor apresentava-se sempre como
oficial de justiça e pagava em dinheiro os veículos adquiridos.
Além dos carros de luxo, o servidor recentemente visitou a Europa nas suas últimas
férias, fato esse comprovado junto a redes sociais nas quais foram postadas fotos dele
em vários pontos turísticos do velho continente.
Foi oficiado ao setor de pessoal do TJCE e pode-se constatar que o servidor possuía um
salário líquido de R$ 3.000,00, em virtude de descontos oficiais e outros oriundos de
empréstimos consignados e pensões alimentícias, além do fato de ele contar com
apenas três anos de serviço no Tribunal.
Diante dos fatos acima, represente pelas medidas cabíveis nesse momento da
investigação, na qualidade de Delegado de Polícia que preside o inquérito.
Questão muito boa, que retrata uma realidade muito comum no poder judiciário e na
administração pública como um todo, que é a corrupção de seus agentes.
A polícia civil tem o papel importante de atuar na investigação dos crimes contra a
administração pública cometidos por agentes públicos quando em razão da função
cometem ilícitos.
Em relação à conduta delituosa não há dúvidas quanto ao crime tipificado no art. 317,
§1°, do CP. Aqui não podemos enquadrar a conduta em concussão, pois o enunciado
foi claro ao mencionar que o oficial de justiça recebe valores para lavrar certidões
inverídicas.
Outro fato importante, que estudamos na aula de hoje é que o agente público já vinha
praticando a conduta delituosa há algum tempo e há um grande risco de que ele volte
a delinquir caso não seja afastado de suas funções.
Mais uma vez cumpre ressaltar que a prisão dele é algo extremamente grave e
desproporcional ao caso concreto. Ou seja, para fazer cessar a conduta, basta que o
oficial de justiça seja suspenso de suas funções, nos termos do art. 319, VI, do CPP.
Portanto, vamos representar pela medida cautelar diversa da prisão também.
O que vamos representar ao juiz também é pelo sequestro dos bens móveis que o
oficial de justiça adquiriu com o proveito da atividade criminosa de corrupção passiva.
Os dois automóveis certamente não foram adquiridos com dinheiro lícito, uma vez que
o oficial de justiça não possui remuneração compatível com as duas compras realizadas,
inclusive pela forma de pagamento utilizada pelo agente público.
Devemos no pedido fazer referência ao envio de ofício ao DETRAN para que sejam
tomadas as providências de praxe, visando à publicidade da constrição judicial.
Vamos à peça:
A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 127, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado
para o qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar por:
1. Dos fatos
De acordo com o documento, o servidor valia-se de sua função pública para lavrar
certidões de cumprimento de mandados de penhora inverídicas, em troca de propina,
que era recebida em dinheiro.
2.2 Do cabimento
O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo qual
é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do
art. 283, §1°, do CPP.
Quanto ao sequestro do bem imóvel, verifica-se cabível por conta da origem ilícita do
bem, ou seja, quando o bem é oriundo de proveitos da atividade criminosa podemos
proceder ao sequestro dele, nos termos do art. 132, do CPP.
Quanto ao primeiro, está claro que o crime existe, pois o ofício do TJCE mostra que foi
apurada a materialidade dos fatos e comprova-se ser uma conduta típica consumada.
Quanto à autoria, percebe-se pelos elementos juntados aos autos, notadamente os que
compõem o ofício do TJCE, que a autoria do delito atribui-se ao oficial de justiça Antônio
de Paula.
Em relação aos automóveis, pode-se afirmar com uma grande probabilidade de certeza
de que são oriundos de proveito da atividade criminosa de corrupção, pois a renda
mensal do oficial de justiça não justifica duas aquisições de tão grande valor em tão
pouco tempo.
O segundo requisito, por sua vez, reside no fato de que a demora inerente ao processo
pode facilitar a disposição do bem por parte do agente criminoso, que pode colocá-lo
no mercado, negociá-lo e praticar atos de disposição que dificultarão a garantia da
execução da pena, no que diz respeito ao art. 91, do CP.
Pode-se ainda dizer que o bem é de fácil deterioração, o que também nos leva a um
requisito de urgência preenchido.
Quanto à suspensão da função pública ela é necessária e cabível, uma vez que a prisão
preventiva seria uma medida por demais grave ao caso concreto. Levar o oficial de
justiça ao cárcere seria uma medida desproporcional. A medida mais eficaz seria a
suspensão da função pública desempenhada junto ao TJCE para que seja evitada a
reiteração da prática delituosa de corrupção passiva.
3. Do pedido
Requer ainda que seja oficiado o competente órgão executivo de trânsito (DETRAN)
para fins de averbação da retromencionada medida pela qual se representa, a fim de
tornar pública a restrição judicial, evitando a disposição do bem.
Local, data.
Delegado de Polícia
Matrícula.
Resposta Comentada:
A questão relata uma série de manobras realizadas por “Magrillo”, que poderiam
caracterizar delito de trânsito, qual seja aquele tipificado ao teor do art. 309, do Código
de Trânsito Brasileiro – CTB:
Veja que o delito acima é doloso, ou seja, o sujeito ativo deve ter a livre consciência e
vontade de realizar a conduta. Temos ainda um requisito específico para a tipificação
penal acima, que é o fato de a conduta ter o condão de gerar perigo.
Ou seja, as condutas que poderiam ensejar a conduta típica do art. 309, do CTB foram
todas praticadas dentro de um ambiente particular.
Um dos requisitos para a configuração do crime acima é que ele seja conduzido da
forma acima em uma via pública, ou seja, em local aberto a qualquer pessoa, cujo
acesso seja sempre permitido e por onde seja possível a passagem de veículos
automotores.
Nesse sentido, podem ser considerados como via pública apenas as ruas dos
condomínios particulares, por força da Lei n°. 6.7966/79, que determina que pertencem
ao Poder Público as vias internas dos condomínios, o que poderia caracterizar o crime
caso tivesse sido cometido nesse tipo de local.
Por sua vez, no caso de interior de fazendas particulares, não é o caso de serem
considerados via pública, de modo que não se pode caracterizar a conduta delituosa
acima, mas apenas uma infração administrativa.
Resposta comentada:
O que se deve levar em conta é que a própria constituição prevê exceções às garantias
nela prevista, como por exemplo à inviolabilidade domiciliar, veja que o próprio art. 5°,
da CF em seu inciso XI prevê que para fins de prisão em flagrante, o domicílio pode ser
“violado”, trata-se de previsão eu homenageia a ponderação, ou seja, uma técnica
defendida por Robert Alexy, de modo que não há direito fundamental absoluto,
principalmente quando a pessoa se vale dele para realizar condutas criminosas.
Assim, o delegado de polícia não violou nenhum preceito constitucional, pois o sujeito
encontrava-se em situação de flagrância, pois portava drogas com o nítido fim de
traficância, incidindo no tipo penal do art. 33, da Lei de Drogas, que é crime
permanente, ou seja, enquanto durar a permanência da droga consigo para essa
finalidade, o agente pode ser preso em flagrante, pois a consumação se protrai no
tempo.
Tráfico de Drogas (art. 34, da LD) e ainda o crime do art. 180, do CP, de receptação,
sendo todos eles delitos permanentes, de acordo com a doutrina majoritária. Vejamos.
1 – Tráfico de Drogas (Art. 33, do CP): O agente mantinha consigo drogas com o fim
de traficância (comércio) e isso pode ser comprovado pela quantidade de “petecas”
tanto de crack, quanto de cocaína, que estavam guardadas em seu domicílio, portanto,
resta caracterizado o crime do art. 33, na modalidade de “trazer consigo” e “ter em
depósito”:
Por fim, em relação ao notebook subtraído por João de Sousa temos dois crimes, o de
furto, aparentemente ele não foi subtraído mediante violência ou grave ameaça, de
modo que a questão nos remete à tipificação do crime de furto e atrelado a esse furto
temos o crime autônomo de receptação, previsto no art. 180, do CP, praticado pelo
traficante José da Silva.
Por fim, não houve crime de invasão de domicílio pela própria excludente de tipicidade
prevista no art. 150, §3°, do CP.
Resposta Comentada:
A questão apresenta uma longa historia com alguns fatos delituosos que devem ser
levados em consideração para que seja feita a devida tipificação das condutas. As
questões discursivas e de estudos de caso costumam ser assim elaboradas para atribuir
pequena pontuação a cada uma das respostas abordadas na redação definitiva da
questão.
Apesar de o transporte coletivo ter sido utilizado para a realização da conduta delituosa,
não incide no caso concreto a previsão do art. 40, III, da LD:
(...)
Paula, por fim, fará jus ao benefício previsto no art. 33, §4°, da LD, uma vez que todas
as circunstâncias expostas no enunciado leva a crer que a flagranteada insere-se no
chamado tráfico “privilegiado”, que na verdade é uma espécie de tráfico com causa de
diminuição de pena.
1
Vade mecum de Jurisprudência dizer o direito/Márcio Andre´lopes Cavalcante – 2. Ed. Ver. E ampl. –
Salvador: Juspodivm, 2017
Em relação à conduta de João, ele também comete tráfico de drogas pois mantinha em
seu quarto de hotel uma farta quantidade de drogas, o que leva a crer que houve a
consumação do mesmo delito perpetrado por sua então namorada, Paula, (art. 33, da
LD).
João ainda cometera o crime de associação ao tráfico, prevista no art. 35, pois é delito
autônomo e vê-se nítida associação entre os dois para o tráfico, uma vez que havia um
liame subjetivo entre os agentes, que se uniram para praticar o crime de tráfico de
drogas, com distribuição no destino final (São Luís - MA).
Assim, ambos cometeram o crime do art. 35, da LD em concurso material, uma vez
que o bem jurídico protegido pelo tipo penal do art. 35 é diverso daquele protegido pelo
art. 33, o que nos faz optar pela incidência do concurso material de crimes no caso
concreto.
(...)
Veja que poder-se-ia pensar na causa de aumento de pena prevista no art. 40:
(...)
Porém, de acordo com o que foi narrado, não se vislumbra uma nítida associação da
arma de fogo à traficância, principalmente pelo que foi informado em relação à atitude
de João, ou seja, não se poderia afirmar com convicção de que ele fazia uso da arma
de fogo para realizar atos de traficância, de modo que o crime aqui é autônomo do
Estatuto do Desarmamento.
Quanto à diligência realizada no quarto de hotel, primeiramente, vale ressaltar que esse
ambiente goza de proteção constitucional de inviolabilidade domiciliar, nos termos do
art. 5°, XI, da CF88.
Contudo, o ambiente privado estava sendo utilizado por João para fins de guarda da
droga e da arma de fogo encontrada com ele.
Resposta comentada:
A conduta acima possui natureza criminal, motivo pelo qual incorreram em crime
previsto na lei de licitações, porém dentre as providências a serem tomadas pelo
Delegado de Polícia excetuando-se aquelas decorrentes das condutas previstas como
crime, podemos citar o dever de comunicar o fato ao Ministério Público, face ao teor do
artigo 6º da Lei nº 7.347/85
Resposta comentada:
Vejamos o que diz o art. 88, da Lei n°. 9.099/95 (Juizados Especiais):
Portanto, como a Lei dos Juizados não se aplica aos casos regulados pela Lei Maria da
Penha, justamente para trazer uma punição mais severa e à altura do que se espera
para esse tipo de crime, não coaduna com essa ideia a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n°. 9.099/95.
A conclusão é que nos casos em que a lesão corporal leve ou culposa for praticada em
ambiente doméstico e familiar afasta-se a incidência da Lei n°. 9.099/95, sendo a ação
penal pública incondicionada.
Noutro giro, o STF também já se manifestou sobre o tema, em sede de ADIN e seu
entendimento é de que a natureza da ação penal em casos de lesões corporais leves
e/ou culposas praticadas em ambiente doméstico e familiar é incondicionada,
justamente por conta da coação que a mulher sofre depois de seu primeiro ato perante
a autoridade policial e sua necessidade de regressar ao local onde vive, onde acaba
recebendo várias ameaças por parte do agressor e fazem com que ela se retrate no
futuro.
Após o julgamento dessa ação o STJ mudou seu entendimento, demonstrado estar em
consonância com a jurisprudência do Supremo nesses casos (STJ, 6ª Turma, HC
Assim, de acordo com o exposto acima a ação penal decorrente do crime de lesões
corporais ainda que de natureza leve, é de natureza incondicionada.
João, maior e capaz, foi flagrado por Matias, agente de polícia federal, que estava de
folga e passava em uma rua quando verificou que João carregava consigo um cigarro
de maconha. João realizou a condução de Matias até a autoridade policial e ali o
entregou para que fossem realizados os procedimentos de praxe. Acerca da situação
acima, responda às seguintes perguntas:
Resposta Comentada:
Trata-se de uma questão simples, versando sobre o crime previsto no art. 28, da Lei
de Drogas, que tipifica a conduta de porte de drogas para consumo próprio.
Essa conduta não foi descriminalizada, houve, de acordo com a doutrina majoritária
uma descarceirização, uma vez que não há mais pena privativa de liberdade cominada
no tipo penal.
A prisão em flagrante é vedada, inclusive por determinação da própria lei no seu art.
48, §2°, porém isso não significa que João não possa ser conduzido à delegacia por
meio de uma prisão condução que é o que foi feito pelo policial federal, que como
qualquer cidadão poderia fazê-lo.
As penas impostas ao crime em comento são as previstas no próprio art. 28, que
mencionam as seguintes:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
Contudo, a multa pode ser utilizada como forma de garantir o cumprimento das penas
impostas, e não como pena inicial prevista para a conduta.
I - admoestação verbal;
II - multa.
Portanto, a multa não é uma espécie de pena para o crime de porte de drogas para
consumo próprio.
Diante do exposto,
João cometeu o crime de porte de drogas para consumo próprio, uma vez que conduzia
consigo um cigarro de maconha em situação típica de consumo próprio, não se devendo
falar em crime de tráfico de drogas, uma vez que as circunstâncias fáticas não levam a
crer que o objetivo dele era a mercância, elemento subjetivo específico do crime de
tráfico de drogas.
Além disso, apesar de não ser possível a prisão em flagrante de João, é plenamente
possível a prisão condução para que a autoridade policial possa realizar os
Por fim, a pena de multa não é prevista no preceito secundário do aludido tipo penal,
apenas como forma de garantir a execução das penas não privativas de liberdade
previstas no art. 28, da Lei n° 11.343/06.
07. (Legislação Penal Extravagante - Vinícius Silva) Amanda foi denunciada por
ter cometido o crime de incêndio, porém em sua modalidade culposa, nos termos do
art. 250, §2º, do Código Penal.
Incêndio culposo
a) Como é classificada pela doutrina, quanto ao seu potencial lesivo, o crime acima?
Resposta Comentada:
A questão versa sobre uma lei muito relevante para o processo penal brasileiro, que é
a Lei 9.099/95, Lei que criou o regramento para os juizados especiais criminais.
Na maioria dos concursos esses dois institutos são perguntados com muita frequência.
Como a pena máxima cominada a esse crime é de 2 anos, então assim será classificado
de acordo com a doutrina e com a própria lei. Ressalta-se que apesar de a pena mínima
cominada ser inferior a um ano, prevalece que o crime é de menor potencial ofensivo,
sendo de médio potencial ofensivo apenas se se tratar de crime cuja pena mínima é de
no máximo um ano e a máxima é maior que dois.
c) No caso de não ser ofertada a transação penal por parte do membro do MP, caso
ao juiz a aplicação analógica do art. 28, do CPP, remetendo o feito ao procurador
geral (de justiça) que procederá na forma abaixo descrita.
Esse é inclusive entendimento sumulado pelo STF no enunciado de n°. 696, para os
casos de suspensão condicional do processo, que é utilizado por analogia ao caso da
transação penal:
08. (Legislação Penal Extravagante – Vinícius Silva) João foi preso pela polícia
militar em uma abordagem de rotina dentro de um ônibus, oportunidade em que foram
apreendidas cerca de 15 papelotes de cocaína, e uma quantia de R$ 600,00 em notas
de dez e vinte reais. Levado até a delegacia, o delegado plantonista procedeu aos
tramites legais.
• Incide no caso a causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei n
11.343/06 (infração cometida em transportes públicos).
• Caso seja devidamente processado, qual o primeiro ato judicial a ser realizado?
Resposta Comentada:
A questão versa sobre uma das leis que mais são cobradas em provas objetivas de
delegado de polícia, que é a Lei de Drogas, 11.343/06, que tem um arcabouço
jurisprudencial muito forte e precisa ser estuda de forma completa, envolvendo tanto
os termos da Lei, como a jurisprudência do STJ e do STF acerca do tema.
Assim, para que seja comprovada a traficância, podemos nos valer de outras provas,
ainda que diferentes da apreensão da droga, por exemplo, podemos ter como prova
imagens e áudios de conversas ocorridas durante a venda de drogas.
Por sua vez, em relação ao procedimento previsto na lei de drogas, ela possui um
regramento especial, segundo o qual será realizado primeiramente a o interrogatório
do réu, não ocorrendo a incidência da reforma processual de 2008 em relação aos atos
processuais após o recebimento da denúncia.
Modelo de Resposta:
O crime de tráfico de drogas pode ser caracterizado mesmo que não se tenha
conseguido a apreensão das drogas objeto da traficância, quando é possível comprovar-
se por outros meios de prova que houve de fato o tráfico de drogas, sendo esse o
entendimento do STJ desde 2012 acerca do tema.
transporte coletivo, não sendo suficiente para caracterização de tal causa de aumento,
a simples prisão do traficante no interior de transporte coletivo.
Por fim, quanto ao primeiro ato processual a ser realizado no caso de tráfico de drogas,
é entendimento tanto do STF quanto do STJ que o réu é citado para seu interrogatório,
que ocorrerá antes da oitiva das testemunhas, não necessariamente gerando nulidade
essa oitiva antecipada.
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