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Aula 10

Discursivas p/ PC-PA (Delegado) - Sem Correção

Carlos Roberto, Vinicius Silva

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Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Aspectos teóricos acerca da Identificação Criminal ........................................................ 3
3. Representação por Identificação Criminal do Investigado ............................................ 11
3.1 Legitimação................................................................................................................ 11
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 11
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 13
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 14
1322357
4. Modelo de representação por Identificação Criminal do Investigado ........................... 15
4.1 Endereçamento.......................................................................................................... 15
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 16
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 18
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 19
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 20
5. Questões comentadas.................................................................................................. 24
6. Exercício Proposto ....................................................................................................... 29
7. Respostas e comentários dos exercícios da aula 08. ..................................................... 30
8. Estudos de caso em Legislação Penal Extravagante ...................................................... 41

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1. APRESENTAÇÃO

Olá futuro Delta do Pará,

O nosso curso continua e chega a nossa penúltima aula, é com muito prazer que
apresento a vocês a aula de identificação criminal para fins de investigação criminal. É
uma aula muito tranquila e a probabilidade de cair essa representação em prova é bem
baixa, embora possível a sua cobrança.

Vamos estudar um pouco da Lei n° 12.037/2009, que carrega a regulamentação


acerca da identificação criminal e também traz a nova possibilidade de identificação
criminal para fins de investigação policial, quando for essencial a esta última.

Após os aspectos teóricos sobre a medida, vamos entrar nos aspectos relativos à peça
que o delegado pode produzir sempre que achar necessária e cabível a identificação
criminal do suspeito.

É uma peça que pode até vir misturada com outras cautelares na mesma peça,
principalmente quando estivermos diante de um litisconsórcio em que vários suspeitos
são investigados e em relação a algum ou alguns deles tenha que ser feita uma
identificação criminal para fins de prosseguimento da investigação, principalmente para

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mostrar que há fortes indícios de autoria, ou até mesmo para a comprovação


dela.

É uma matéria que encontra guarida constitucional, ou seja, teremos que comentar
alguns pontos relativos ao art. 5°, LVIII, da CF/88, pois ela prevê um direito
fundamental que merece ser explorado na exposição teórica da aula.

2. ASPECTOS TEÓRICOS ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL

Inicialmente, vale a pena mencionar que estamos diante de uma medida cautelar
probatória, ou seja, é uma medida cautelar que tem a função de meio de obtenção de
prova, ou seja, através da identificação criminal vamos obter alguma fonte de prova,
assim como é a interceptação das comunicações telefônicas e a busca domiciliar, por
meio das quais o delegado de polícia traz para o inquérito mais elementos de
informação que corroboram a sua tese de indiciamento ou a subsidiam.

Primeiro vamos analisar o art. 5°, LVIII, da CF/88:

LVIII - o civilmente identificado não será submetido à


identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
em lei;

Veja que o dispositivo constitucional prevê que a identificação civil suprirá a


identificação criminal, ressalvadas as hipóteses legais.

Professor, e o que
seria a identificação
criminal?

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Identificar criminalmente é identificar


que uma pessoa está ligada a um crime
e esse procedimento pode ser feito por
meio de impressão digital, fotografia e
DNA

Essa identificação criminal não seria feita, em tese, por meio de documento civil, mas
de impressão digital e fotografia.

Na verdade a CF/88 trouxe um novo regramento, prevendo que quando o suspeito ou


investigado trouxer seu documento de identificação civil, não seria necessária a sua
identificação criminal, ressalvadas as hipóteses da lei.

Assim, o procedimento de identificação criminal foi excepcionado, ou seja, se o suspeito


apresentar sua identidade, por exemplo, não seria necessário identifica-lo civilmente.
No entanto, caso não seja apresentado nenhum documento de identificação civil, será
cabível a identificação criminal.

Os documentos que servem para a identificação civil são previstos na Lei n° 12.037/09
e são:

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos


seguintes documentos:

I – carteira de identidade;

II – carteira de trabalho;

III – carteira profissional;

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IV – passaporte;

V – carteira de identificação funcional;

VI – outro documento público que permita a


identificação do indiciado.

Veja que não apenas a carteira de identidade serve para identificar civilmente o
suspeito.
==142d75==

No entanto, o delegado de polícia pode, de ofício, determinar a identificação criminal


mesmo que tenha sido apresentado o documento civil, em algumas hipóteses,
elas estão previstas no art. 3°, da Lei:

Art. 3º Embora apresentado documento de


identificação, poderá ocorrer identificação criminal
quando:

I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de


falsificação;

II – o documento apresentado for insuficiente para


identificar cabalmente o indiciado;

III – o indiciado portar documentos de identidade


distintos, com informações conflitantes entre si;

IV – a identificação criminal for essencial às


investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa;

V – constar de registros policiais o uso de outros nomes


ou diferentes qualificações;

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VI – o estado de conservação ou a distância temporal


ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais.

Veja que as hipóteses acima, em sua maioria são situações em que o próprio
delegado de polícia determina a identificação, de ofício, sem a necessidade de
reportar-se ao juiz por meio de representação.

A maioria; pois temos uma exceção no rol acima, que é a do inciso IV, acima
destacado, cuja transcrição colamos abaixo:

IV – a identificação criminal for essencial às


investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa;

Veja que a hipótese em que o delegado deverá representar ao juiz é a do caso em que
a identificação não se serve para realmente identificar alguém que está na sua frente
sem identificação civil, mas uma hipótese em que o delegado necessita da
identificação para prosseguir nas suas investigações, ou seja, é uma hipótese em
que a identificação se prestará a esclarecer, provavelmente a autoria delitiva.

Trata-se de uma técnica de investigação, que ficou regulamentada pela Lei n°


12.037/09 e temos que verificar como produzir a peça relativa à atividade de polícia
judiciária cabível para proceder a esse tipo de obtenção de prova.

A identificação criminal abrange, como dito acima, os processos dactiloscópico e


fotográfico, no entanto, a identificação pode conter mais um processo de identificação,
que é a coleta de material biológico para traçar o perfil genético.

No entanto, um detalhe precisa ser dito: essa forma de identificação deve ser levada a
efeito apenas quando o juiz determina, ou seja, o delegado de polícia ao determinar a
identificação criminal nos casos especificados em lei, vistos acima, só pode fazê-la por
meio dos dois procedimentos iniciais, e é por isso que você geralmente vê em um
inquérito policial uma folhinha contendo as marcas de impressão digital do investigado,

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bem como as fotografias de frente e de perfil, mas dificilmente você encontra a


identificação biológica, através do DNA do investigado.

Essa hipótese não se faz muito frequente, pois só pode ser realizada por meio de
decisão judicial nesse sentido, oportunidade em que o delegado de polícia irá
representar ao juiz competente para que ele defira a medida identificativa. Essa é a
previsão do art. 5°:

Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo


datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos
autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do
inquérito policial ou outra forma de investigação.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a


identificação criminal poderá incluir a coleta de
material biológico para a obtenção do perfil genético.
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Veja que a hipótese de coleta do material biológico só ocorre no caso do inciso IV do


art. 3°, ou seja, para fins de investigação policial, situação em que a determinação da
identificação será determinada pelo juiz e não de ofício, pelo delegado de polícia.

Pelo delegado de polícia, de Pelo juiz, através de decisão


ofício judicial

I – o documento apresentar
rasura ou tiver indício de
falsificação; IV – a identificação criminal for
essencial às investigações
policiais, segundo despacho da
II – o documento apresentado autoridade judiciária
for insuficiente para identificar competente, que decidirá de
cabalmente o indiciado; ofício ou mediante
representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou
da defesa;
III – o indiciado portar
documentos de identidade
distintos, com informações
conflitantes entre si;

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V – constar de registros policiais


o uso de outros nomes ou
diferentes qualificações;

VI – o estado de conservação ou
a distância temporal ou da
localidade da expedição do
documento apresentado
impossibilite a completa
identificação dos caracteres
essenciais.

As hipóteses da coluna da direita são casos em que o delegado de polícia desconfia da


autenticidade do documento apresentado, ou seja, você não sabe quem é a pessoa e
precisa saber quem é a pessoa que apresenta o documento suspeito, você não quer
obter uma prova contra ela. Nesses casos não há necessidade de decisão judicial e só
abrange os dois métodos, que são a impressão digital e a fotografia.

Por outro lado, a identificação pela qual você vai representar não visa identificar
alguém, na verdade você já conhece a identidade do suspeito, é público e notório que
você sabe quem é o suspeito, você precisa, na verdade, é de um meio que possa
comprovar que aquele suspeito estava na cena do crime, o que corrobora o indício
inicial de autoria delituosa, ou outra forma de obtenção de elementos de informação.

Fique ligado nessa diferença, na identificação criminal determinada pela


autoridade judicial, você precisa obter prova em relação a uma pessoa que
você já sabe de quem se trata, só precisa comprovar sua tese investigativa.

É o caso clássico dos dois copos de cerveja ou qualquer outra bebida que são
encontrados na cena do crime, em que você delegado de polícia tem um suspeito que
estaria com a vítima no momento em que foi morta, mas precisa de uma comprovação
da autoria. Ou seja, você já sabe quem é o suspeito, ou seja, você conhece a identidade
dele, só quer obter prova de que ele bebeu cerveja com a vítima no local do crime
minutos antes de ela ser morta.

Ou então em casos de estupro, nos quais é coletado sêmen no corpo da vítima e você
possui um forte suspeito, que pode até ser um membro da família, o que ocorre com

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frequência nos casos de estupros de vulneráveis, mas precisa comprovar a sua tese de
investigação e a comparação do material biológico contido no sêmen precisa ser
comparado com o material biológico do suspeito.

Veja que se trata de uma medida altamente invasiva na esfera particular do


suspeito/investigado, e por isso é sujeita à reserva de jurisdição, ou seja, só pode
ser determinada pelo juiz, ou seja, depende de decisão judicial nesse sentido.

Professor, essa medida


não viola o princípio do
nemo tenetur se detegere?

Não Aderbal, mais uma vez


vamos usar a técnica da
ponderação. Assim como na
interceptação telefônica, não há
violação ao princípio.

Veja que não podemos utilizar o princípio para acobertar a prática criminosa, o
ordenamento jurídico está aí para proteger a sociedade, ou seja, devemos ter como
objetivo final proteger a coletividade, assim não caberá alegar violação a esse princípio
de modo a acobertar a prática delituosa e macular a prova eventualmente obtida por
meio da coleta do material biológico.

De acordo com a doutrina, o que não pode haver é uma obrigatoriedade para que o
investigado seja submetido à produção de prova contra si mesmo, ou seja, não pode a
autoridade policial, mesmo com decisão judicial favorável, obrigar o investigado a fazer
uma coleta de sangue, por exemplo. Mas a autoridade policial pode se valer de uma
busca domiciliar para conseguir um fio de cabelo ou outro material que carrega o DNA
do investigado; até mesmo a coleta de algum material no local do crime, como a saliva
no copo de cerveja do exemplo acima.

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Assim, a autorização judicial será dada no sentido de permitir que se faça o exame
biológico para traçar o perfil genético do investigado, sem que haja a necessidade de
comportamentos ativos deste no sentido de produzir prova contra si mesmo.

Quando vestígios de material biológico são encontrados no próprio local do crime, não
há necessidade de que seja feita uma representação dessa natureza para obtenção do
perfil genético, pois o próprio art. 6°, VII, do CPP autoriza tal prática.

A peça que estamos estudando é mais utilizada no curso da investigação, momento em


que precisamos comprovar que um suspeito, cuja identificação é conhecida, é o
provável autor do delito.

Formas de identificação criminal por decisão


judicial

Datiloscópica

Fotográfica

Biológica

Esse requerimento pode ser feito mediante representação do delegado de polícia,


mediante requerimento do MP ou ainda da defesa, nos termos do art. 4°, IV, da Lei:

IV – a identificação criminal for essencial às


investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa;

Veja que esse dispositivo é que dará a nossa legitimidade para representar e deverá
estar contido no nosso preâmbulo.

Esses são os principais aspectos teóricos envolvendo a peça de representação por


identificação criminal do investigado para fins de investigação policial.

Vamos passar agora aos principais pontos da peça que você deverá produzir.

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3. REPRESENTAÇÃO POR IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DO INVESTIGADO

3.1 LEGITIMAÇÃO

A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no próprio art.
3°, IV, da Lei n° 12.037/09. Vejamos:

IV – a identificação criminal for essencial às


investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa;

Portanto, a legitimidade ao delegado é dada pelo próprio art. 4°, IV, da Lei n°
12.037/09.

Essa legitimação deverá constar no seu preâmbulo, de modo a legitimar a sua


representação.

3.2 FUNDAMENTOS DE FATO OU FATOS

Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores, acostume-se a resumir ou parafrasear um


texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de textos, que você encontra em um
bom livro de produção textual.

Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica.

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Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:

O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.

No caso da representação por identificação criminal, é bom ressaltar nos fatos


que há um suspeito e os elementos que comprovam ser possível o exame e a
posterior identificação.

Cuidado para não entrar na fundamentação nesse tópico, aqui você terá
apenas de relatar os fatos que darão base para a sua fundamentação jurídica.

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3.3 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual
representa.

Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes.

A primeira será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime. Aqui
você mostrará que sabe identificar o crime que ocorreu em meio à historinha que foi
contada no enunciado. Existem provas, como a da PCDF de 2009 e 2015, além do
que o próprio edital da PCPA trouxe essa menção no espelho de correção que será
utilizado para correção da peça, essa previsão mostra que serão atribuídos valiosos
pontos para a definição jurídica do fato delituoso, portanto é de suma importância saber
qual crime ocorreu.

Algumas provas já afirmam no enunciado o crime que ocorreu, o que torna a sua tarefa
mais simples nesse ponto, no entanto, outras em que a história é longa e cheia de
personagens pode levar você a uma dificuldade em tipificar.

Sugiro que você estude o princípio da consunção e também o do ne bis in idem, por
meio do qual você pode sempre se valer para realizar a adequação típica das condutas
apresentadas.

A segunda parte da fundamentação se destina ao fundamento jurídico dos


requisitos cautelares, estamos falando do fumus comissi delicti e do periculum
in mora.

Devemos mostrar que está presente a justa causa, ou seja, que o crime ocorreu, ou
seja, que está comprovada a materialidade delitiva, bem como há indícios de
autoria, no entanto esses indícios precisam ser reforçados, de modo que os indícios de
autoria sejam devidamente comprovados e a justa causa verificada no caso concreto,
ou seja, você tem uma suspeita que pode se tornar praticamente uma prova concreta
da autoria, só precisa que ela seja autorizada pelo juiz para ser realizada.

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Essa é a plausibilidade do bom direito no que diz respeito à persecução penal. Aqui
a ideia é bem parecida com as representações por prisão. Se você aprendeu bem a
parte de requisitos cautelares da prisão, a ideia é a mesma.

Quanto ao periculum in mora, ou seja, da necessidade da medida, você terá de


argumentar, mencionando que a medida de identificação criminal deve ser levada a
efeito por conta do eventual perecimento do direito em relação à própria
investigação, ou seja, o crime ficará sem solução, a menos que você possa realizar o
exame de DNA e comprovar o indício de autoria.

O fundamento legal a ser utilizado é o mesmo art. 4°, IV, da Lei n° 12.037/09.

IV – a identificação criminal for essencial às


investigações policiais, segundo despacho da
autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa;

Ou seja, você deverá comprovar que a medida é essencial às investigações, você vai
provar que a investigação necessita daquele meio de obtenção de prova para que
consiga chegar ao seu fim, ou seja, comprovar a materialidade e os indícios de
autoria.

Em algumas investigações a prova testemunhal não é tão contundente e precisa de um


reforço, por exemplo, se a vítima morreu no apartamento e o suspeito foi visto pelo
porteiro subindo para o local do crime, isso não é suficiente, por exemplo, para a
decretação da temporária, então o delegado de polícia vai procurar dar um reforço
naquele indício, tornando-o um forte indício de autoria, por meio do qual se pode
garantir uma medida cautelar pessoal, ou até mesmo o oferecimento da denúncia.

3.4. PEDIDO

Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, ele é bem
genérico, pois não apresenta prazo, tampouco alguma peculiaridade.

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A base é a mesma; você vai representar ao juiz pela identificação criminal do suspeito
pelos métodos cabíveis ao caso (datiloscópico, fotográfico e biológico) a depender
do caso podemos ter a identificação por um ou mais de um dos métodos apresentados.

Ademais, você deve mencionar o objeto do exame, por exemplo, pode ser que o
elemento a ser submetido a exame seja um fio de cabelo ou a saliva contida em algum
substrato deixado no local do crime.

Enfim, você vai dizer como se dará a medida investigativa, como se realizará o exame
pericial técnico.

Esse ponto é de fundamental importância por conta do caráter invasivo da medida, ou


seja, você não vai pedir para que o investigado seja conduzido coercitivamente e
forçado à coleta de sangue, pois isso feriria o princípio do nemo tenetur se detegere.

4. MODELO DE REPRESENTAÇÃO POR IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DO


INVESTIGADO

Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É uma
representação simples e a fundamentação está totalmente no art. 3°, IV, da Lei n°
12.037/09, basta fundamentar com base nesse dispositivo legal, adequando sempre
ao que foi dito a respeito dos aspectos mais importantes na análise fática do problema.

4.1 ENDEREÇAMENTO

O endereçamento continua sendo muito relevante, no caso de representação por exame


de identificação criminal, podemos ter os mais diversos juízos competentes a depender
do crime cometido, mas como na sua prova não é solicitado o estudo da organização
judiciária, os três endereçamentos possíveis serão o juízo de direito, júri e o juizado
especial criminal, para os crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima até 2
anos).

No entanto, se a questão mencionar que existe o juízo especializado no crime que está
sob investigação, não hesite em mencioná-lo no seu endereçamento.

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Cuidado com crimes de competência do juizado especial criminal, a ele cabe o


julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, que são as contravenções penais
e os crimes cuja pena máxima não excede a 2 (dois) anos. Não há óbice à decretação
da medida investigativa em casos de crimes de juizado especial.

Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, volte para
a parte de processo penal, onde se estuda a competência no CPP, pois lá estarão bem
claras as principais regras para identificar o juízo competente.

Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE


____________

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


DA COMARCA DE ____________.

4.2 PREÂMBULO

Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai fazer
referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a representação por essa
medida, esses são os chamados elementos de referência, que mostram sempre que
você domina a atividade prática, a prática é sempre muito importante e os elementos
de referência sempre permeiam uma peça prática. Vale a pena mencionar o nome do
investigado e o crime que ocorreu, de preferência com sua capitulação.

Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito ou de qualquer outro
elemento de referência, mencione número apenas se for dito no enunciado. Caso
contrário, deixe o bom e velho espaço em branco.

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O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas características dos


preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as modificações relativas às legislações
pertinentes.

“A Polícia Civil do estado do Pará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88; art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09; art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela Lei Complementar do Estado do
Pará n° 22/94, art. 34, IX, vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar pela realização de exame de
identificação criminal do investigado __________________, medida essa
prevista no diploma legal acima, pelos fundamentos de fato e de direito que a
seguir passa a expor”.

Nesse ponto você vai especificar sobre quem a medida será executada, ou seja, você
vai dizer quem será submetido ao exame, o objeto da medida é um exame que se fará
num substrato de material biológico do suspeito, portanto é salutar mostrar qual o
elemento que será submetido a exame e quem será o identificado.

Não há muitos detalhes no preâmbulo dessa medida, lembre-se sempre que deve
constar nele o dispositivo legal que lhe dá a legitimidade para representar pela
medida, esse é o art. 4°, IV, da Lei n° 12.037/09.

Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013 comprova que


você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar as suas atribuições quando
no exercício delas.

Professor, o preâmbulo é sempre


igual, mudando apenas algumas
coisas, nas suas aulas essa parte
parece ser até repetitiva, não tem
outros modelos de preâmbulo não?

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Prezado Aderbal, sua pergunta é muito


boa, e deve ser a pergunta de muitos dos
nossos alunos. A ideia do nosso curso é
condicionar você a memorizar um modelo
cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que
for repetitivo é melhor ainda para você
memorizar. Preocupe-se apenas com as
diferenças entre as peças.

4.3 FATOS

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados, de forma concisa e escorreita.

Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.

Na peça de identificação criminal você vai se deparar com fatos que fortalecem a tese
de que a identificação é essencial para o andamento da investigação, para reforçar a
tese de autoria delitiva.

Lembre-se de que você não pode inventar fatos, isso é terminantemente proibido,
sob pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova.

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4.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 2 pontos, quais sejam, do


crime cometido e da necessidade

A tipificação da conduta delituosa é de fundamental importância, fará você ganhar


pontos, quando não for essencial à peça. Há questões em que você deve tipificar as
condutas e esse ponto é certeiro na peça.

Ademais, na necessidade, você deverá demonstrar para o examinador, que a obtenção


de prova por meio do exame de identificação criminal é indispensável para o deslinde
da investigação.

Aqui você vai ter de provar que se não for feito aquele exame a sua investigação
perecerá, ou seja, não vai atingir a sua finalidade precípua, que é chegar à comprovação
da materialidade do crime e da autoria delitiva.

O exame, como se presta a identificar uma pessoa, vai ser mais incisivo no reforço das
suspeitas sobre quem recai a autoria, ou seja, você vai procurar comprovar uma
suspeita de autoria delitiva com o exame de identificação criminal.

Lembre-se de que o periculum in mora, ou seja, o perigo de demora no deferimento


da medida faz com que a própria investigação se torne eficaz.

Um exemplo de fundamentação de necessidade do deferimento da medida seria:

A medida de identificação criminal do suspeito XXXXXXX é salutar para a


continuidade das investigações, e até mesmo para possibilitar o indiciamento
dele, uma vez que os demais elementos de informação, como, por exemplo, as
oitivas das testemunhas, uma imagem de um sistema de circuito interno de
TV, apontam para a autoria delitiva a ser atribuída a XXXXXXX, o exame
pericial de identificação seria, portanto, essencial às investigações, para a
corroboração da suspeita que recai sobre XXXXXXXX e seu posterior
indiciamento.

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Assim, nos termos do art. 3°, IV, da Lei 12.037/09, comprova-se ser essencial
às investigações o deferimento do exame de identificação criminal do
investigado suspeito de ser o autor do delito.

4.5 DO PEDIDO.

No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.

Não se esqueça de mencionar especificamente o nome da pessoa sobre a qual


recairá a execução da medida, que, provavelmente, deve ter sido mencionada no
enunciado do problema.

É importante mencionar o tipo de identificação criminal que será feita, se apenas por
meio de impressão digital (dactiloscópica) ou se por meio fotográfico, ou ainda, se por
meio de coleta de material biológico para traçar perfil genético.

Você irá mencionar mais uma vez, como de costume, a oitiva do MP, como titular da
ação penal, é de fundamental interesse do membro do parquet que ele saiba desse
método um tanto invasivo para a comprovação da autoria.

Assim, diante das informações acima, segue um modelo de pedido bem sucinto e direto.

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela realização de exame de identificação
criminal em _________________, a ser realizado por meio de
____________________, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando ao
prosseguimento da investigação policial, por se tratar de medida essencial ao
fim que se destina.

Requer a manifestação do ilustre membro do Ministério Público.

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Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE


____________.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


DA COMARCA DE ____________.

Ref. Inquérito policial n°___


Crime cometido:
Investigado:

“A Polícia Civil do estado do Pará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88; art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09; art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela Lei Complementar do Estado do
Pará n° 22/94, art. 34, IX, vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar pela realização de exame de
identificação criminal do investigado __________________, medida essa

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prevista no diploma legal acima, pelos fundamentos de fato e de direito que a


seguir passa a expor”.

1. Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Do crime cometido

Demonstrar a tipificação do crime cometido, mencionando que você entende


de adequação típica da conduta, em tese, delituosa.
“A conduta perpetrada por ________ adequa-se perfeitamente ao tipo penal
previsto no _________, uma vez que ocorreu __________, estando portanto
inserida em uma conduta típica.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in mora.


Demonstrar que estão presentes os dois requisitos.

Quanto ao primeiro, basta mostrar que o crime existe, ou seja, que a


materialidade delitiva encontra-se devidamente comprovada, bem como que
possui fracos indícios de autoria ou participação, que precisam ser reforçados
por meio da essencial técnica de investigação pela qual você está
representando.

O segundo, por sua vez, reside no periculum in mora. Você deverá demonstrar
ao examinador na sua peça que existe um forte perigo para a própria
investigação, caso não seja deferida a medida cautelar em apreço. Segue um
modelo de fundamentação do periculum:

A medida de identificação criminal do suspeito XXXXXXX é salutar para a


continuidade das investigações, e até mesmo para possibilitar o indiciamento
dele, uma vez que os demais elementos de informação, como, por exemplo, as

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oitivas das testemunhas, uma imagem de um sistema de circuito interno de


TV, apontam para a autoria delitiva a ser atribuída a XXXXXXX, o exame
pericial de identificação seria, portanto, essencial às investigações, para a
corroboração da suspeita que recai sobre XXXXXXXX e seu posterior
indiciamento.

Assim, nos termos do art. 3°, IV, da Lei 12.037/09, comprova-se ser essencial
às investigações o deferimento do exame de identificação criminal do
investigado suspeito de ser o autor do delito.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela realização de exame de identificação
criminal em _________________, a ser realizado por meio de
____________________, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando ao
prosseguimento da investigação policial, por se tratar de medida essencial ao
fim que se destina.

Requer a manifestação do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Vamos agora ao exercício da aula de hoje.

Essa aula não possui questões de prova, nem adaptadas, portanto, as questões
apresentadas são originalmente produzidas pelo Prof. Vinícius Silva.

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5. QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1. (Prof. Vinícius Silva)

No dia 23 de maio de 2015, por volta de 10:00, ouviu-se um disparo de arma de fogo,
que, aparentemente teria sido dado no apartamento 205, do prédio localizado na
Avenida Beira-mar, 55, Meireles, Fortaleza.

Na ocasião, populares acionaram a polícia e militares do batalhão de policiamento


comunitário compareceram ao local. O apartamento estava com a porta principal aberta
e os policiais entraram no local do crime e foi constatado um cadáver de uma mulher
ao solo, identificada como Lívia Maria Alves, com uma lesão por PAF na região da
cabeça.

Os procedimentos de praxe foram realizados no local do crime e foram recolhidos no


local do crime dois copos de cerveja contendo impressões digitais e vestígios de saliva.

A investigação iniciou-se por meio de instauração de inquérito policial (n° 230/2015) e


foram realizadas perícias técnicas nos copos encontrados no local do crime, verificando-
se ao final no exame que um dos copos continha digitais e saliva da vítima e o outro de
pessoa distinta dela.

Algumas pessoas foram ouvidas e o circuito interno de TV do prédio também foi


periciado e foi possível constatar que às 09:50 uma pessoa desconhecida, do sexo
masculino, passou pela portaria, entrou no elevador e apertou o botão correspondente
ao segundo andar, onde se localiza o apartamento 205. A imagem estava muito turva
pela qualidade do equipamento e não foi possível identificar a pessoa.

Ademais, testemunhas afirmaram que o ex-marido da vítima frequentava o local do


crime e sempre havia brigas e ameaças por parte dele, que na noite anterior esteve no
local do crime, conforme relato de vizinhos.

O ex-marido da vítima é uma pessoa conhecida na cidade, pois é um policial militar


atuante na área de segurança pública. Sua identificação é plenamente conhecida pela
autoridade policial, trata-se do subtenente Leandro Falcão. Sabe-se ainda que ele é
fumante compulsivo e costuma descartar pontas de cigarro nas lixeiras do quartel e até
mesmo nas viaturas de polícia em que circula.

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Assim, a fim de comprovar os indícios de autoria, represente ao juiz pela concessão da


medida cautelar adequada a essa finalidade.

Comentário e modelo de peça proposto.

Essa questão deu muito trabalho para ser criada e precisei ler bastante até encontrar
um exemplo que se enquadrasse na representação que estamos estudando.

O que podemos verificar pelo caso apresentado é que se trata de um crime de homicídio
em que temos um suspeito, no entanto a comprovação dos indícios de autoria ainda é
muito fraca, pois as imagens do circuito interno de TV apenas corroboram a tese de
que havia alguém com a vítima no local do crime, minutos antes de ela ser morta.

Os dois copos de cerveja também reforçam a tese de que ela foi morta por alguém que
esteve com a vítima em seu apartamento minutos antes.

Foi coletado no local do crime a saliva contida no copo de cerveja deixado no local do
crime, no entanto, só foi possível estabelecer que havia duas pessoas no local, uma
delas a vítima e a outra, até então desconhecida.

No entanto, há uma forte probabilidade de que tenha sido o seu ex-marido,


notadamente por conta das informações prestadas pelas testemunhas e pelas outras
fontes de prova, como, por exemplo, as imagens do circuito interno de TV.

Assim, precisamos comprovar a autoria ou pelo menos os indícios de autoria em relação


ao ex-marido da vítima.

Para isso vamos nos valer do exame de identificação criminal, determinado pela
autoridade judicial, nos termos do art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09, pois é essencial às
investigações policiais.

Quanto à ofensa ao princípio do nemo tenetur se detegere, não podemos cogitá-la, uma
vez que será utilizada como fonte para o exame o material descartado por ele nas
viaturas e nas lixeiras do quartel, ou seja, as pontas de cigarro, que, provavelmente
possuem extratos de saliva dele, que podem ser comparados geneticamente com
aqueles encontrados no copo de cerveja recolhido do local do crime.

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Assim, não haverá nenhum comportamento ativo do suspeito que possa macular a
prova que será obtida em relação à autoria, sob o pálio de ofensa ao princípio da não
autoincriminação.

Vamos à peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA do TRIBUNAL DO


JÚRI DA COMARCA DE __________.

Ref. Inquérito policial n° 240/2015


Crime: Homicídio
Investigado: Leandro Falcão

A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 3°, IV, da Lei n° 12.037/09; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está
prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa
Excelência, representar pela realização de exame de identificação criminal do
investigado Leandro Falcão, Subtenente da Polícia Militar, medida essa prevista no
diploma legal acima, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos do inquérito policial em epígrafe que no dia 23 de maio de 2015, por
volta das 10:00, ocorreu um crime de homicídio no apartamento 205, do prédio
localizado na Avenida Beira-Mar, 55, Meireles, Fortaleza.

Policiais militares foram acionados para o local e ao chegar lá constataram o óbito da


vítima, que se trata de uma mulher, identificada como Lívia Maria Alves, que teria sido

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alvejada por um projétil de arma de fogo que atingiu a região de sua cabeça, vitimando-
a de morte.

O devido expediente policial foi instaurado e as investigações conseguiram comprovar


inicialmente que um homem teria entrado no prédio e se dirigido para o local do crime
dez minutos antes do fato delituoso, que foram deixados no local do crime dois copos
de cerveja contendo saliva de duas pessoas distintas, uma seria a vítima e a outra não
identificada até o momento.

Verificou-se ainda por meio de depoimentos de testemunhas que o ex-marido da vítima


estava encontrando-se com ela no local do crime dias antes do ocorrido e teria feito-
lhe ameaças.

Sabe-se também que o suspeito acima é fumante e costuma descartar pontas de cigarro
nos locais em que trabalha como policial militar.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Do crime cometido

O crime aqui investigado trata-se, inicialmente, de um homicídio qualificado, por conta


da suposta forma em que se deu a dinâmica dos fatos, estando possivelmente a vítima
impossibilitada de oferecer defesa.

Assim, diante dos fatos, podemos adequar a conduta delituosa como incursa no art.
121, §2°, IV, do Código Penal – CP.

2.2 Dos requisitos cautelares

Quanto ao fumus comissi delicti, o crime existe e disso não há dúvidas, basta verificar
os laudos do IML anexos, que comprovam que o crime de morte ocorreu, ou seja, a
materialidade delitiva encontra-se devidamente comprovada, bem como possuímos
indícios de autoria ou participação, que precisam ser reforçados por meio da essencial
técnica de investigação pela qual se representa.

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O segundo requisito, que é o periculum in mora, é possível notar que existe um forte
perigo para a própria investigação, caso não seja deferida a medida cautelar em apreço.

A medida de identificação criminal do suspeito Leandro Falcão é salutar para a


continuidade das investigações, e até mesmo para possibilitar o indiciamento dele, uma
vez que os demais elementos de informação, como, por exemplo, as oitivas das
testemunhas, as imagens do sistema de circuito interno de TV, apontam para a autoria
delitiva a ser atribuída a ele, o exame pericial de identificação seria, portanto, essencial
às investigações, para a corroboração da suspeita que recai sobre o ex marido da vítima
e seu posterior indiciamento.

Assim, nos termos do art. 3°, IV, da Lei 12.037/09, comprova-se ser essencial às
investigações o deferimento do exame de identificação criminal do investigado suspeito
de ser o autor do delito.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, representa,
essa autoridade policial, pela realização de exame de identificação criminal em Leandro
Falcão, a ser realizado por meio de coleta de material biológico contido nas pontas de
cigarro que ele descarta no ambiente, para posterior realização de exame para traçar
perfil genético, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra
na fundamentação exposta, visando ao prosseguimento da investigação policial, por se
tratar de medida essencial ao fim que se destina.

Requer a manifestação do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
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6. EXERCÍCIO PROPOSTO

Três pessoas acusadas de invasões de terra na zona rural de Marabá foram presas pela
Polícia Civil do Pará (Delegacia de Combate a Conflitos Agrários - DCCA), durante
operação de combate aos invasores de terra que já vinham sendo investigados pelo
núcleo policial.

A ação resgatou funcionários de uma fazenda que eram mantidos em cárcere privado,
no entanto, há suspeitas de que um dos reféns foi morto no local.

Segundo o relatório da equipe operacional da DCCA, os suspeitos Raimundo Bastos


Almeida, 53 anos, Eduardo Magalhães Pedrosa, 35 anos, Mauro Sousa Sobreira Costa,
21 anos, e Roberto Moura Salustiano, 33 anos, têm histórico de participar e incentivar
outras invasões nos municípios vizinhos de Marabá.

No entanto, Eduardo Magalhães Pedrosa conseguiu fugir do local mas antes disparou
contra os policiais com a intenção de feri-los.

Os capturados foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma de fogo,


associação criminosa, esbulho possessório e cárcere privado.

A operação foi deflagrada na terça-feira 16/08/2016. Durante a investigação, os quatro


envolvidos foram identificados como os responsáveis por mobilizarem outras pessoas
para invadir a “Fazenda Furacão”, a 70 quilômetros de Marabá.

Durante a diligência no cativeiro onde as pessoas eram mantidas foram encontradas


diversas marcas de sangue, em quantidade compatível com morte, no entanto, nenhum
cadáver foi encontrado.

As pessoas que foram resgatadas em suas declarações afirmaram não ter visto ninguém
ser morto no local onde eram mantidas.

A autoridade policial, no entanto, recebeu recentemente familiares que relataram o


desaparecimento de Ronaldo Mendes Alvarenga, funcionário da fazenda, que exercia as
funções de segurança no local, evitando diretamente as invasões.

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Durante a ação, os investigadores de polícia conseguiram apreender uma pistola calibre


380 com doze munições, uma motocicleta, além de cheques de alto valor, provenientes
de pagamentos para promover a invasão.

Na qualidade de delegado de polícia que preside a investigação, represente ao juiz pela


medida cautelar cabível nesse momento do inquérito policial.

7. RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DOS EXERCÍCIOS DA AULA 08.

Questão 1 (Vinícius Silva):

O inquérito de n°. 12/2015, que tramita na delegacia especializada no combate ao


tráfico de drogas, apura crime de tráfico de drogas na região do interior do estado.

O que foi apurado até agora e consta nos autos do inquérito policial mencionado é que
o tráfico na região norte do estado do Ceará é comandado por uma quadrilha
especializada em tráfico, que tem por mentor Alípio de Souza Maia.

Relatórios investigativos dão conta de que se trata de uma organização criminosa e que
o chefe dela leva uma vida luxuosa, com o dinheiro proveniente do tráfico.

Após diligências e pesquisas em sistemas de informação, constatou-se que no nome da


esposa de Alípio, a Sra. Bernadete de Souza Maia, encontra-se um apartamento de luxo
localizado na Av. Beira Mar, número 42, Apto. 15. O referido imóvel está matriculado
no cartório do 3° ofício da capital (Fortaleza) sob o n° 133145.

Na matrícula consta que o imóvel foi adquirido com uma entrada de R$ 500.000,00 em
espécie e mais 10 pagamentos mensais de R$ 50.000,00, totalizando um valor de R$
1.000.000,00.

O Sr. Alípio de Souza Maia foi indiciado pela prática dos crimes sob investigação e foram
solicitadas suas informações junto ao sistema de informação da Receita Federal, do que
constaram que ele nunca declarou renda auferida.

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As mesmas informações foram solicitadas em relação a sua esposa e a resposta foi


idêntica.

Consta nos autos ainda um relatório fotográfico por meio do qual se constata que o
imóvel encontra-se a venda. Fato esse comprovado após a oitiva da testemunha
Raimundo da Silva, corretor responsável pela venda do imóvel, o qual informou que há
duas pessoas interessadas em adquirir o imóvel.

Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito de n°. 12/2015, represente


pela medida cabível, visando garantir a perda dos bens ilicitamente adquiridos.

Comentário da questão e modelo de peça:

Essa é uma questão muito comum no dia a dia das delegacias de polícia, pois retrata
como o tráfico de drogas utiliza dos mais diversos meios para proceder à lavagem de
capitais, oriundos de atividade delituosa.

Não vamos entrar em detalhes da lei de lavagem, tampouco em celeumas que dizem
respeito à tipificação dos crimes.

Conseguimos vislumbrar que o Sr. Alípio faz parte de uma OC, como o próprio
enunciado menciona, além do que podemos inserir sua conduta nos crimes de tráfico
(art. 33, da lei n° 11.343), associação para o tráfico.

A lavagem de dinheiro também ocorre, uma vez que ele está se utilizando da compra
de imóvel para dar a aparência de licitude ao dinheiro proveniente de atividade ilícita.

Enfim, o Sr. Alípio está “enrolado”, tamanho o número de condutas delituosas nas quais
está incurso. Geralmente no crime de tráfico funciona assim, ele nunca vem sozinho,
sempre está acompanhado de outros crimes.

O juiz competente é o juiz de direito da vara criminal da comarca. E a medida cautelar


cabível nesse momento é o sequestro do bem imóvel, que visa garantir o confisco de
bens oriundo dos proveitos da atividade criminosa.

Veja que se trata de um bem imóvel, portanto, será necessário enviar ofício ao Cartório
de Registro de Imóveis competente, a fim de dar publicidade ao ato constritivo.

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A demonstração do cabimento está muito clara, pois a origem ilícita do imóvel está bem
caracterizada, pois o Sr. Alípio não possui renda fixa, tampouco nunca declarou renda
ao fisco. Há fortes indícios de que ele está praticando tráfico de drogas entre outros
crimes correlatos. Já ouve até o indiciamento dele, sendo, portanto, constatados a
materialidade e os indícios de autoria.

Assim, diante dos comentários acima, caberá ao delegado que conduz o inquérito
representar ao juiz pela medida cautelar de sequestro do bem imóvel, com a finalidade
de resguardar o perdimento dos bens oriundos da atividade criminosa, tendo em vista
a provável venda do apartamento, que já se encontra em negociação.

Vamos produzir.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________.

Ref. Inquérito policial n°12/2015

A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 127, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado
para o qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar pelo sequestro do bem imóvel especificado
no pedido desta, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos do inquérito policial em epígrafe que Alípio de Souza Maia foi indiciado
pela prática dos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização

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criminosa e lavagem de capitais, tendo em vista o decorrer da investigação que


demonstrou a materialidade delitiva e os indícios de autoria.

Consta ainda na investigação que a esposa do indiciado adquiriu imóvel localizado na


Av. Beira Mar, número 42, Apto. 15, matriculado no cartório do 3° ofício da capital
(Fortaleza) sob o n° 133145, no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais),
mediante entrada no valor de R$ 500.000,00 em dinheiro e 10 pagamentos mensais de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Foi oficiada à Receita Federal e nada consta nos cadastros do órgão federal em relação
a eventuais declarações de imposto de renda auferida ou bens declarados em nome do
Sr. Alípio, tampouco em relação a sua esposa.

Foi juntado aos autos um relatório fotográfico onde se verifica que o imóvel supracitado
está à venda. Ouvido, o corretor responsável informou ainda que há duas pessoas
interessadas na compra do bem.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Em relação à tipificação, de acordo com a narrativa dos fatos e demais documentos


investigatórios, notadamente o despacho de indiciamento que segue anexo, o Sr. Alípio
está incurso nas condutas previstas nos art. 33 e 35 da Lei de Drogas, bem como
cometeu ainda o crime de organização criminosa, nos termos doa art. 2°, da Lei n°
12.850/2013 e o crime de lavagem de capitais, da Lei n°. 9.613/1998 com as alterações
da Lei n°. 12.683/2012.

2.2 Do cabimento

A investigação mostra que há indícios veementes de que o bem imóvel de matrícula


133145 é oriundo de atividade criminosa, uma vez que os seus proprietários não
possuem renda fixa declarada, bem como a forma de pagamento demonstra que o bem
foi adquirido com o proveito da atividade ilícita praticada pelo esposo da proprietária,
já tipificada acima.

Em relação aos bem com essa origem o código de processo penal prevê a possibilidade
de o juiz decretar o sequestro do bem de modo a garantir o seu perdimento quando da

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prolação da sentença condenatória em face do réu, com fulcro no arts. 125, do CPP e
91, do CP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, há fortes indícios de que o bem é de origem ilícita, uma vez que
várias são as informações constantes de que o bem não poderia ter sido adquirido
mediante atividade lícita.

O segundo requisito, por sua vez, reside no fato de que a demora inerente ao processo
pode facilitar a disposição do bem por parte do agente criminoso, que pode colocá-lo
no mercado, negociá-lo e praticar atos de disposição que dificultarão a garantia da
execução da pena, no que diz respeito ao art. 91, do CP.

Reforçando a existência do requisito acima podemos citar o relatório fotográfico e o


depoimento da testemunha, que corroboram a forte possibilidade de que o bem seja
disposto caso a medida não seja deferida com urgência.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pelo sequestro do bem imóvel localizado na Av.
Beira Mar, número 42, Apto. 15, matriculado no cartório do 3° ofício da capital
(Fortaleza) sob o n° 133145, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme
se demonstra na fundamentação exposta, visando à garantia do ressarcimento dos
bens auferidos pelo agente com a prática do fato criminoso, após a oitiva do ilustre
membro do Ministério Público.

Requer ainda que seja oficiado o competente registro imobiliário para fins de averbação
da retromencionada medida pela qual se representa, a fim de tornar pública a restrição
judicial, evitando a disposição do bem.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

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Delegado de Polícia
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Questão 2: (Vinícius Silva)

Tramita na 34ª Delegacia de Polícia do Estado do Ceará o inquérito de n° 825/2015


instaurado por meio de portaria, após ofício do presidente do Tribunal de Justiça do
Ceará - TJCE.

A investigação apurou, até o presente momento, que o servidor Antônio de Paula, 25


anos, estava usando da sua qualidade de oficial de justiça avaliador para negligenciar
o cumprimento de mandados de penhora e avaliação.

O servidor recebia determinadas quantias em dinheiro dos executados para lavrar


certidões inverídicas, dando conta de que não encontrava bens passíveis de penhora.

Apurou-se ainda que o servidor teve o seu patrimônio elevado em grande quantia, em
pouco tempo. Relatório da equipe operacional dá conta de que o servidor adquiriu, no
último ano, duas caminhonetes zero quilômetro, em dinheiro, avaliadas em R$
400.000,00; de placas TAM 1234 e GOL 5555.

Os fatos acima foram ratificados pela oitiva dos donos das concessionárias onde foram
adquiridos os automóveis, que afirmaram que o servidor apresentava-se sempre como
oficial de justiça e pagava em dinheiro os veículos adquiridos.

Além dos carros de luxo, o servidor recentemente visitou a Europa nas suas últimas
férias, fato esse comprovado junto a redes sociais nas quais foram postadas fotos dele
em vários pontos turísticos do velho continente.

Foi oficiado ao setor de pessoal do TJCE e pode-se constatar que o servidor possuía um
salário líquido de R$ 3.000,00, em virtude de descontos oficiais e outros oriundos de
empréstimos consignados e pensões alimentícias, além do fato de ele contar com
apenas três anos de serviço no Tribunal.

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Os descontos já vinham sendo efetuados em seu contracheque desde o ano de 2013.

Atualmente a renda do servidor é composta apenas de seu trabalho como oficial de


justiça, ele não é casado, e não recebe ajuda financeira de ninguém, uma vez que é
filho único e seus pais já faleceram.

Diante dos fatos acima, represente pelas medidas cabíveis nesse momento da
investigação, na qualidade de Delegado de Polícia que preside o inquérito.

Comentário da questão e modelo de peça:

Questão muito boa, que retrata uma realidade muito comum no poder judiciário e na
administração pública como um todo, que é a corrupção de seus agentes.

A polícia civil tem o papel importante de atuar na investigação dos crimes contra a
administração pública cometidos por agentes públicos quando em razão da função
cometem ilícitos.

Em relação à conduta delituosa não há dúvidas quanto ao crime tipificado no art. 317,
§1°, do CP. Aqui não podemos enquadrar a conduta em concussão, pois o enunciado
foi claro ao mencionar que o oficial de justiça recebe valores para lavrar certidões
inverídicas.

Assim, a conduta do agente já está tranquilamente tipificada.

Outro fato importante, que estudamos na aula de hoje é que o agente público já vinha
praticando a conduta delituosa há algum tempo e há um grande risco de que ele volte
a delinquir caso não seja afastado de suas funções.

Mais uma vez cumpre ressaltar que a prisão dele é algo extremamente grave e
desproporcional ao caso concreto. Ou seja, para fazer cessar a conduta, basta que o
oficial de justiça seja suspenso de suas funções, nos termos do art. 319, VI, do CPP.
Portanto, vamos representar pela medida cautelar diversa da prisão também.

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O que vamos representar ao juiz também é pelo sequestro dos bens móveis que o
oficial de justiça adquiriu com o proveito da atividade criminosa de corrupção passiva.

Os dois automóveis certamente não foram adquiridos com dinheiro lícito, uma vez que
o oficial de justiça não possui remuneração compatível com as duas compras realizadas,
inclusive pela forma de pagamento utilizada pelo agente público.

Assim, caberá o sequestro dos automóveis com a finalidade de ressarcimento ao final


da sentença condenatória prolatada.

Devemos no pedido fazer referência ao envio de ofício ao DETRAN para que sejam
tomadas as providências de praxe, visando à publicidade da constrição judicial.

Vamos à peça:

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 127, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado
para o qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à
presença de Vossa Excelência, representar por:

a) medida cautelar de suspensão do exercício de função


pública de oficial de justiça avaliador do servidor do Tribunal
de Justiça do Ceará – TJCE Antônio de Paula;

b) sequestro dos automóveis cujas placas são TAM 1234 e


GOL 5555, ambos de propriedade do referido servidor
público;

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pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Chegou ao conhecimento dessa autoridade policial após o envio de ofício da lavra do


presidente do TJCE, denúncia de que o servidor Antônio de Paula, 25 anos, que exerce
o cargo de oficial de justiça avaliador estava cometendo o crime tipificado ao teor do
art. 307, do Código Penal – CP.

De acordo com o documento, o servidor valia-se de sua função pública para lavrar
certidões de cumprimento de mandados de penhora inverídicas, em troca de propina,
que era recebida em dinheiro.

Em virtude do montante recebido o servidor adquiriu duas caminhonetes no valor total


de R$400.000,00 (quatrocentos mil reais), tendo pago em dinheiro diretamente na loja
em que estavam a venda os referidos veículos.

Foi oficiado ao Setor Pessoal do tribunal, e a renda líquida do servidor é totalmente


incompatível com a sua evolução patrimonial.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

A conduta do agente público se amolda perfeitamente ao que foi previsto abstratamente


no art. 317, §1°, do CP, pois o agente recebia quantias em dinheiro para deixar de
cumprir uma diligência de penhora de bens dos executados.

Assim, está caracterizado o crime de corrupção passiva circunstanciado pelo


cumprimento indevido do expediente judicial.

2.2 Do cabimento

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O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, motivo pelo qual
é cabível a decretação de qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do
art. 283, §1°, do CPP.

Quanto ao sequestro do bem imóvel, verifica-se cabível por conta da origem ilícita do
bem, ou seja, quando o bem é oriundo de proveitos da atividade criminosa podemos
proceder ao sequestro dele, nos termos do art. 132, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in mora. Estamos


falando da plausibilidade do bom direito e do perigo que representa a demora no
deferimento, bem como a continuidade do exercício da função pública pelo investigado.

Quanto ao primeiro, está claro que o crime existe, pois o ofício do TJCE mostra que foi
apurada a materialidade dos fatos e comprova-se ser uma conduta típica consumada.

Quanto à autoria, percebe-se pelos elementos juntados aos autos, notadamente os que
compõem o ofício do TJCE, que a autoria do delito atribui-se ao oficial de justiça Antônio
de Paula.

Em relação aos automóveis, pode-se afirmar com uma grande probabilidade de certeza
de que são oriundos de proveito da atividade criminosa de corrupção, pois a renda
mensal do oficial de justiça não justifica duas aquisições de tão grande valor em tão
pouco tempo.

Assim, o direito aqui pleiteado possui um forte fundo de verdade.

O segundo requisito, por sua vez, reside no fato de que a demora inerente ao processo
pode facilitar a disposição do bem por parte do agente criminoso, que pode colocá-lo
no mercado, negociá-lo e praticar atos de disposição que dificultarão a garantia da
execução da pena, no que diz respeito ao art. 91, do CP.

Pode-se ainda dizer que o bem é de fácil deterioração, o que também nos leva a um
requisito de urgência preenchido.

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Quanto à suspensão da função pública ela é necessária e cabível, uma vez que a prisão
preventiva seria uma medida por demais grave ao caso concreto. Levar o oficial de
justiça ao cárcere seria uma medida desproporcional. A medida mais eficaz seria a
suspensão da função pública desempenhada junto ao TJCE para que seja evitada a
reiteração da prática delituosa de corrupção passiva.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pelo sequestro dos automóveis de placas TAM
1234 e GOL 5555, bem como pela medida cautelar diversa de afastamento das funções
públicas desempenhadas por Antônio de Paula junto ao TJCE, por serem as medidas de
direito adequadas ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando
à garantia do ressarcimento dos bens auferidos pelo agente com a prática do fato
criminoso, bem como a garantia da ordem pública, evitando-se assim a reiteração
criminosa.

Requer a oitiva do ilustre membro do Ministério Público, bem como a manifestação


prévia do servidor a título de contraditório prévio.

Requer ainda que seja oficiado o competente órgão executivo de trânsito (DETRAN)
para fins de averbação da retromencionada medida pela qual se representa, a fim de
tornar pública a restrição judicial, evitando a disposição do bem.

Por fim, solicita a comunicação ao setor competente do TJCE acerca da suspensão da


função pública deferida no bojo dessa representação.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

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8. ESTUDOS DE CASO EM LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE

01. (Legislação Penal Extravagante – UEG – PCGO – Delegado de Polícia –


2013) “Magrillo”, conduzindo seu veículo automotor que acabara de ganhar, em razão
de sua aprovação no vestibular para cursar a Faculdade de Direito, ajusta uma viagem
até Caldas Novas para comemorar a exitosa empreitada com seus amigos. No meio da
viagem, faz uma parada na fazenda do pai de um amigo que o acompanhava, de modo
que entra na estrada que dá acesso à sede da propriedade, ocasião em que, ainda
eufórico com a aprovação, e incentivado pelos amigos, efetua vários “cavalos-de-pau”
no pátio da sede da fazenda. Na ocasião é repreendido pelo pai do amigo que a tudo
presenciou da área de lazer, onde ocorria um churrasco com vários convidados. Ao sair
da fazenda rumo a Caldas Novas, “Magrillo” novamente efetua um “cavalo-de-pau”,
quase atingindo uma caminhonete que estava estacionada no pátio em frente à sede.
Em razão disso, o pai do amigo de “Magrillo” aciona a Polícia Militar, que faz a
abordagem do veículo quilômetros à frente e efetua a detenção de “Magrillo”,
verificando que o mesmo não possuía habilitação ou permissão para dirigir. Diante do
problema exposto, dê a solução jurídico-penal para a conduta de “Magrillo” de forma
fundamentada, à luz da legislação de trânsito.

Resposta Comentada:

A questão relata uma série de manobras realizadas por “Magrillo”, que poderiam
caracterizar delito de trânsito, qual seja aquele tipificado ao teor do art. 309, do Código
de Trânsito Brasileiro – CTB:

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública,


sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação
ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Veja que o delito acima é doloso, ou seja, o sujeito ativo deve ter a livre consciência e
vontade de realizar a conduta. Temos ainda um requisito específico para a tipificação
penal acima, que é o fato de a conduta ter o condão de gerar perigo.

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De fato, a conduta de efetuar diversos “cavalos-de-pau” é uma manobra altamente


arriscada e que pode gerar perigo de dano, devendo ser efetuada sempre em ambiente
controlado, o que não era o caso da questão, uma vez que ela foi realizada no âmbito
da propriedade particular.

“...efetua vários “cavalos-de-pau” no pátio da sede


da fazenda....”
“...Ao sair da fazenda rumo a Caldas Novas,
“Magrillo” novamente efetua um “cavalo-de-pau”,
quase atingindo uma caminhonete que estava
estacionada no pátio em frente à sede....”

Ou seja, as condutas que poderiam ensejar a conduta típica do art. 309, do CTB foram
todas praticadas dentro de um ambiente particular.

Um dos requisitos para a configuração do crime acima é que ele seja conduzido da
forma acima em uma via pública, ou seja, em local aberto a qualquer pessoa, cujo
acesso seja sempre permitido e por onde seja possível a passagem de veículos
automotores.

Nesse sentido, podem ser considerados como via pública apenas as ruas dos
condomínios particulares, por força da Lei n°. 6.7966/79, que determina que pertencem
ao Poder Público as vias internas dos condomínios, o que poderia caracterizar o crime
caso tivesse sido cometido nesse tipo de local.

Por sua vez, no caso de interior de fazendas particulares, não é o caso de serem
considerados via pública, de modo que não se pode caracterizar a conduta delituosa
acima, mas apenas uma infração administrativa.

02. (Legislação Penal Extravagante – ACAFE – PCSC – Delegado de Polícia –


2014) Em meio a investigações de homicídio ocorrido nas imediações do Mercado ABC,
o Delegado de Polícia, acompanhado por dois Agentes, observou pessoas em rápidas
conversas com José da Silva na frente de sua residência, local que denúncias
apontavam como ponto de tráfico de drogas, sob investigação a cargo de outra equipe.
Ante a atitude suspeita de José da Silva, foi realizada sua abordagem. Tentando a fuga,
José da Silva adentrou em sua casa, sendo imediatamente seguido pelos policiais. No
banheiro da residência buscou descartar, no vaso sanitário, todo o material que estava
em seu bolso, no que foi impedido pela pronta atuação policial, que retirou dez petecas
de crack da água. Já na cozinha da casa foram encontradas mais duas petecas de
cocaína, além de petrechos relativos à produção e comercialização de entorpecentes,

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dois notebooks e dois aparelhos de telefone celular. Um dos notebooks apreendidos, o


de número 123456, encontrado oculto entre as roupas sujas que estavam numa caixa,
debaixo do tanque, fora furtado, naquele mesmo dia, da residência da vítima Maria de
Souza, que apontara seu sobrinho, João de Souza, usuário de drogas e que fora visto
pelos policiais conversando com José da Silva antes da abordagem, como autor do
furto, conforme consta do boletim de ocorrência e do termo de reconhecimento e
entrega. Considerando a situação apresentada e as disposições da Constituição Federal,
do Código Penal e do Código de Processo Penal, indique e justifique a tipificação penal
da conduta de José da Silva e esclareça, também de forma justificada, se agiu
corretamente o Delegado e se violou preceito constitucional.

Resposta comentada:

A questão trata de importante temática ligada à produção de provas e elementos de


informação em face das garantias constitucionais, principalmente as do art. 5°, da
Constituição Federal de 1988 – CF88.

O que se deve levar em conta é que a própria constituição prevê exceções às garantias
nela prevista, como por exemplo à inviolabilidade domiciliar, veja que o próprio art. 5°,
da CF em seu inciso XI prevê que para fins de prisão em flagrante, o domicílio pode ser
“violado”, trata-se de previsão eu homenageia a ponderação, ou seja, uma técnica
defendida por Robert Alexy, de modo que não há direito fundamental absoluto,
principalmente quando a pessoa se vale dele para realizar condutas criminosas.

Art. 5°, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,


ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;

Assim, o delegado de polícia não violou nenhum preceito constitucional, pois o sujeito
encontrava-se em situação de flagrância, pois portava drogas com o nítido fim de
traficância, incidindo no tipo penal do art. 33, da Lei de Drogas, que é crime
permanente, ou seja, enquanto durar a permanência da droga consigo para essa
finalidade, o agente pode ser preso em flagrante, pois a consumação se protrai no
tempo.

Quanto às condutas delituosas podemos verificar três crimes cometidos no caso


concreto apresentado, quais sejam: Tráfico de Drogas (art. 33, da LD), Petrechos de

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Tráfico de Drogas (art. 34, da LD) e ainda o crime do art. 180, do CP, de receptação,
sendo todos eles delitos permanentes, de acordo com a doutrina majoritária. Vejamos.

1 – Tráfico de Drogas (Art. 33, do CP): O agente mantinha consigo drogas com o fim
de traficância (comércio) e isso pode ser comprovado pela quantidade de “petecas”
tanto de crack, quanto de cocaína, que estavam guardadas em seu domicílio, portanto,
resta caracterizado o crime do art. 33, na modalidade de “trazer consigo” e “ter em
depósito”:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,


produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e


pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.

Em relação ao crime de petrechos, pode-se afirmar que houve a consumação do crime,


também permanente, previsto no art. 34, da LD:

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar,


oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer
título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento
ou qualquer objeto destinado à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e


pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois
mil) dias-multa.

Por fim, em relação ao notebook subtraído por João de Sousa temos dois crimes, o de
furto, aparentemente ele não foi subtraído mediante violência ou grave ameaça, de

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modo que a questão nos remete à tipificação do crime de furto e atrelado a esse furto
temos o crime autônomo de receptação, previsto no art. 180, do CP, praticado pelo
traficante José da Silva.

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou


ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
A procedência criminosa do bem era da esfera de conhecimento de José da Silva, que
no caso concreto tinha condições, como homem médio, de saber que o material era
fruto de atividade delituosa.

Por fim, não houve crime de invasão de domicílio pela própria excludente de tipicidade
prevista no art. 150, §3°, do CP.

Art. 150, § 3º - Não constitui crime a entrada ou


permanência em casa alheia ou em suas
dependências:

I - durante o dia, com observância das formalidades


legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum


crime está sendo ali praticado ou na iminência de o
ser.

03. (Legislação Penal Extravagante – FGV – PCMA – Delegado de Polícia –


2012) Paula, jovem primária e de bons antecedentes, excursionava pela cidade de
Buenos Aires e lá vem a conhecer João, também brasileiro, que residia na Argentina há
vários anos. Paula e João iniciaram um romance, tendo este oferecido à quantia de R$
1.000,00 para que aquela levasse farta quantidade de lança-perfume para o Brasil,
ambos tendo conhecimento de que aquele material é considerado entorpecente no país
destinatário, apesar de ser lícita a sua comercialização no país de origem. Paula aceita
colaborar eventualmente com João e vem de ônibus para o Maranhão, destino final da
droga. Por seu turno, João vem de avião, com parada no Rio de Janeiro, onde recebe

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de pessoa desconhecida certa quantidade de cocaína para ser posteriormente


comercializada. Paula tinha conhecimento que João receberia a cocaína antes de chegar
a cidade de São Luiz e que levaria aquela droga para o destino final, não tendo, porém,
qualquer vínculo com o novo namorado no tocante a tal entorpecente. Próximo à
rodoviária de São Luiz, o ônibus utilizado por Paula é parado pela Polícia Federal e o
material é encontrado no interior da mala que estava no bagageiro próprio de lado de
diversas forma, sendo Paula detida, ocasião em que admitiu o ilícito, disse que pela
primeira vez agira daquela forma, o que fez porque precisava de dinheiro para garantir
o sustento do filho, e apontou João como sendo o dono do material, inclusive indicando
o local no qual ele poderia ser encontrado e que ele estaria com cocaína em seu poder.
Os policiais prosseguiram na diligência e detiveram João no quarto do hotel em que
estava hospedado, sendo lá apreendida farta quantidade de cocaína que também se
destinava a ilícita comercialização, bem como uma arma com numeração raspada, certo
que esta se encontrava no
interior da sacola juntamente com o entorpecente. A partir da hipótese sugerida,
responda aos itens a seguir:

1- Apresente a devida tipificação com a fundamentação necessária.

2- Indique a justiça competente e eventual presença de causas de aumento ou de


diminuição de pena porventura incidente.

3- Apresente qualquer circunstância relevante na dosimetria penal.

4- Analise a legalidade da diligência realizada no quarto do hotel de João, eis que os


policiais lá ingressaram sem mandado judicial e sem o consentimento do legítimo
ocupante.

Resposta Comentada:

A questão apresenta uma longa historia com alguns fatos delituosos que devem ser
levados em consideração para que seja feita a devida tipificação das condutas. As
questões discursivas e de estudos de caso costumam ser assim elaboradas para atribuir
pequena pontuação a cada uma das respostas abordadas na redação definitiva da
questão.

Inicialmente devemos entender que houve a consumação do crime de tráfico de drogas


(art. 33, da LD), porém sem a incidência da causa de aumento de pena prevista no art.
40, III:

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Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta


Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:

I - a natureza, a procedência da substância ou do


produto apreendido e as circunstâncias do fato
evidenciarem a transnacionalidade do delito;

Não houve transnacionalidade do delito pois na Argentina essa conduta não é


considerada crime, pois o lança-perfume não é considerado entorpecente (droga), o
que afasta a transnacionalidade do crime de tráfico de drogas cometido por Paula, que
vai responder perante o Juízo Estadual, de acordo com a Jurisprudência do STJ.

Apesar de o transporte coletivo ter sido utilizado para a realização da conduta delituosa,
não incide no caso concreto a previsão do art. 40, III, da LD:

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta


Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:

(...)

III - a infração tiver sido cometida nas dependências


ou imediações de estabelecimentos prisionais, de
ensino ou hospitalares, de sedes de entidades
estudantis, sociais, culturais, recreativas,
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho
coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou
diversões de qualquer natureza, de serviços de
tratamento de dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades militares ou policiais
ou em transportes públicos;

A referida causa de aumento de pena só pode ficar caracterizada quando fica


comprovado que o tráfico de drogas foi realizado no interior do transporte coletivo, o
que não foi o caso. Esse é o entendimento do STF para a questão.

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O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de


aumento de pena o fato de a infração ser cometida
em transportes públicos. '
Se o agente leva a droga em transporte público, mas
não a comercializa dentro do meio de transporte,
incidirá essa majorante?

NÃO. A majorante do art. 40, 11, da lei 11.343/2006


somente deve ser aplicada nos casos em que ficar
demonstrada a comercialização efetiva da droga em
seu interior. É a posição majoritária no STF e STJ. ·

STF.1ª Turma. HC 122258-MS, Rei. Min. Rosa Weber,


julgado em 19/08/2014.

STF. 2ª Turma. HC 120624/MS, Red. p/ acórdão. Min.


Ricardo Lewandowski, julgado em 3/6/2014 (lnfo
749)

STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.295.786-MS, Rei. Min.


Regina Helena Costa, julgado em 18/6/2014 (lnfo
543).

STJ. 6ªTurma. REsp 1443214-MS, Rei. Min. Sebastião


Reis Júnior, julgado em 22/09/2014.1

Paula, por fim, fará jus ao benefício previsto no art. 33, §4°, da LD, uma vez que todas
as circunstâncias expostas no enunciado leva a crer que a flagranteada insere-se no
chamado tráfico “privilegiado”, que na verdade é uma espécie de tráfico com causa de
diminuição de pena.

§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste


artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto
a dois terços, vedada a conversão em penas
restritivas de direitos, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às

1
Vade mecum de Jurisprudência dizer o direito/Márcio Andre´lopes Cavalcante – 2. Ed. Ver. E ampl. –
Salvador: Juspodivm, 2017

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atividades criminosas nem integre organização


criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)

Em relação à conduta de João, ele também comete tráfico de drogas pois mantinha em
seu quarto de hotel uma farta quantidade de drogas, o que leva a crer que houve a
consumação do mesmo delito perpetrado por sua então namorada, Paula, (art. 33, da
LD).

João ainda cometera o crime de associação ao tráfico, prevista no art. 35, pois é delito
autônomo e vê-se nítida associação entre os dois para o tráfico, uma vez que havia um
liame subjetivo entre os agentes, que se uniram para praticar o crime de tráfico de
drogas, com distribuição no destino final (São Luís - MA).

Assim, ambos cometeram o crime do art. 35, da LD em concurso material, uma vez
que o bem jurídico protegido pelo tipo penal do art. 35 é diverso daquele protegido pelo
art. 33, o que nos faz optar pela incidência do concurso material de crimes no caso
concreto.

João ainda cometera o crime previsto no art. 16, do estatuto do Desarmamento:

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,


receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito,
sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

(...)

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou


fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado;

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Veja que poder-se-ia pensar na causa de aumento de pena prevista no art. 40:

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta


Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:

(...)

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave


ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer
processo de intimidação difusa ou coletiva;

Porém, de acordo com o que foi narrado, não se vislumbra uma nítida associação da
arma de fogo à traficância, principalmente pelo que foi informado em relação à atitude
de João, ou seja, não se poderia afirmar com convicção de que ele fazia uso da arma
de fogo para realizar atos de traficância, de modo que o crime aqui é autônomo do
Estatuto do Desarmamento.

Quanto à diligência realizada no quarto de hotel, primeiramente, vale ressaltar que esse
ambiente goza de proteção constitucional de inviolabilidade domiciliar, nos termos do
art. 5°, XI, da CF88.

Contudo, o ambiente privado estava sendo utilizado por João para fins de guarda da
droga e da arma de fogo encontrada com ele.

Assim, não houve violação de domicílio ou abuso de autoridade quando da realização


da busca no quarto de hotel, uma vez que a suspeita era fundada de que havia uma
situação de flagrância de crime permanente no local em que foi realizada a diligência.

04. (Legislação Penal Extravagante – UEG – PCGO – Delegado de Polícia –


2013) A empresa Balaco Baco Ltda., representada pelo sócio proprietário Chapolin
Pitanga, compareceu na Delegacia de Polícia do pequeno município Céu Azul-GO e
narrou que a prefeitura concluiu processo licitatório para aquisição de merenda escolar,
e que parte dos licitantes, juntamente com o presidente da comissão de licitação,
orquestraram um esquema por meio do qual a empresa Tribuzana Ltda. foi escolhida
para ser contratada. Chapolin Pitanga informou ainda que o prefeito e o presidente da
comissão de licitação superfaturaram o preço do contrato, a fim de que a empresa
vencedora partilhasse com eles a quantia superfaturada. Diante do fato narrado, e na

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condição de Delegado de Polícia, registre as providências que podem ou devem ser


tomadas, exceto aquelas relativas à esfera criminal.

Resposta comentada:

A conduta acima possui natureza criminal, motivo pelo qual incorreram em crime
previsto na lei de licitações, porém dentre as providências a serem tomadas pelo
Delegado de Polícia excetuando-se aquelas decorrentes das condutas previstas como
crime, podemos citar o dever de comunicar o fato ao Ministério Público, face ao teor do
artigo 6º da Lei nº 7.347/85

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público


deverá provocar a iniciativa do Ministério Público,
ministrando-lhe informações sobre fatos que
constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os
elementos de convicção.

Na mesma toada, o Delegado de Polícia poderá cientificar o Tribunal de Contas dos


Municípios, pois se trata de processo licitatório viciado, e a Corte de Contas atua na
sustação de atos administrativos ilegais que implicam perda patrimonial, conforme
preconiza o inciso IX, do artigo 71 da Constituição Federal.

Por fim, a autoridade policial ainda tem a faculdade de cientificar a Câmara de


Vereadores, pois a este órgão do legislativo compete controlar a Administração Pública
e julgar o prefeito nas situações de infrações político-administrativas, ao teor do inciso
X, do artigo 4º, do Decreto-lei nº 201/67.
05. (Legislação Penal Extravagante – IBDH – PCRS – Delegado de Polícia –
2009) O cidadão João, em conflito doméstico, prevalecendo-se de sua forca física,
agride sua mulher, causando-lhe lesões corporais leves. Maria, a esposa agredida,
dirige-se a Delegacia de Polícia, comunicando a autoridade policial a agressão sofrida.
Conforme o disposto no art. 88 da Lei 9.099/95, "... dependerá de representação a
ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas". Todavia,
pela leitura da Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), no seu art.
41, está determinado que "aos crimes praticados com violência doméstica e familiar-
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n°9.099, de
26 de setembro de 1995" (Lei dos Juizados Especiais Criminais). A Lei Maria da Penha
refere em outros dispositivos a representação. Comente sobre esta (aparente)
contradição e indique, fundamentadamente, qual a solução para ela, sem dispensar o
entendimento sobre a natureza da ação penal (pública incondicionada, publica
condicionada ou privada), que resultara da ação de João. A ocorrência de lesões leves

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em conflito doméstico de que resulte a aplicação da Lei Maria da Penha, resultara em


ação penal pública incondicionada ou dependera ela de representação? Quais as
providencias que a autoridade policial deverá tomar ao receber a notícia criminis da
agressão?

Resposta comentada:

Inicialmente, havia uma relativa controvérsia doutrinária e jurisprudencial acerca do


tema, pois existem dois dispositivos que regulam a matéria, aparentemente de forma
distinta.

Vejamos o que diz o art. 88, da Lei n°. 9.099/95 (Juizados Especiais):

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da


legislação especial, dependerá de representação a
ação penal relativa aos crimes de lesões corporais
leves e lesões culposas.

Assim, as infrações acima, quando cometidas em ambiente doméstico e familiar


dependeriam de representação para que fosse possível dar início à ação penal. No
entanto, a Lei Maria da Penha em eu art. 41 afasta a incidência da Lei n° 9,099/95 para
os casos em que estejamos diante de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência


doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica
a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Portanto, como a Lei dos Juizados não se aplica aos casos regulados pela Lei Maria da
Penha, justamente para trazer uma punição mais severa e à altura do que se espera
para esse tipo de crime, não coaduna com essa ideia a aplicação dos institutos
despenalizadores da Lei n°. 9.099/95.

A conclusão é que nos casos em que a lesão corporal leve ou culposa for praticada em
ambiente doméstico e familiar afasta-se a incidência da Lei n°. 9.099/95, sendo a ação
penal pública incondicionada.

Inclusive o STJ e o STF já tiveram a oportunidade de se manifestar sobre o tema e o


entendimento majoritário e de que a ação penal é pública incondicionada, para casos
em que ocorre lesão corporal leve e/ou culposa no âmbito doméstico e familiar contra
a mulher.

O STJ entende que a ação é publica condicionada à representação, e que o afastamento


da incidência da Lei nº. 9.099/95 deve ser interpretado apenas como restrição à

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aplicação do procedimento sumaríssimo e das eventuais medidas despenalizadoras


cabíveis ao caso.

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO REPRESENTATIVO


DA CONTROVÉRSIA. PROCESSO PENAL. LEI MARIA
DA PENHA. CRIME DE LESÃO CORPORAL LEVE. AÇÃO
PENALPÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
DA VÍTIMA. IRRESIGNAÇÃO IMPROVIDA. 1. A ação
penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos
em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e
familiar, é pública condicionada à representação da
vítima. 2. O disposto no art. 41 da Lei 11.340/2006,
que veda a aplicação da Lei 9.099/95, restringe-se à
exclusão do procedimento sumaríssimo e das
medidas despenalizadoras. 3. Nos termos do art. 16
da Lei Maria da Penha, a retratação da ofendida
somente poderá ser realizada perante o magistrado,
o qual terá condições de aferir a real espontaneidade
da manifestação apresentada. 4. Recurso especial
improvido. (STJ - REsp: 1097042 DF 2008/0227970-
6, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
Data de Julgamento: 24/02/2010, S3 - TERCEIRA
SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 21/05/2010)

Noutro giro, o STF também já se manifestou sobre o tema, em sede de ADIN e seu
entendimento é de que a natureza da ação penal em casos de lesões corporais leves
e/ou culposas praticadas em ambiente doméstico e familiar é incondicionada,
justamente por conta da coação que a mulher sofre depois de seu primeiro ato perante
a autoridade policial e sua necessidade de regressar ao local onde vive, onde acaba
recebendo várias ameaças por parte do agressor e fazem com que ela se retrate no
futuro.

AÇÃO PENAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A


MULHER. LESÃO CORPORAL. NATUREZA. A ação
penal relativa a lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública
incondicionada. (STF - ADI: 4424 DF, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 09/02/2012,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-148 DIVULG
31-07-2014 PUBLIC 01-08-2014)

Após o julgamento dessa ação o STJ mudou seu entendimento, demonstrado estar em
consonância com a jurisprudência do Supremo nesses casos (STJ, 6ª Turma, HC

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145.577, Rel. Assussete Magalhães, Julgado em 18/09/2012, Publicação:


11/10/2012).

Assim, de acordo com o exposto acima a ação penal decorrente do crime de lesões
corporais ainda que de natureza leve, é de natureza incondicionada.

A autoridade policial deverá instaurar a competente expediente policial, e informar ao


MP acerca da notícia de crime de ação penal pública incondicionada.

06. (Legislação Penal Extravagante – Vinícius Silva) A lei de drogas, Lei


11.343/06 é uma lei que veio revogar a antiga lei de tóxicos, que regulava os crimes
de tráfico de drogas até a edição da primeira. Considerando o que menciona a lei de
drogas, bem como a jurisprudência pacífica dos tribunais superiores, analise a situação
prática a seguir e após em um texto dissertativo, responda às perguntas que se fazem.

João, maior e capaz, foi flagrado por Matias, agente de polícia federal, que estava de
folga e passava em uma rua quando verificou que João carregava consigo um cigarro
de maconha. João realizou a condução de Matias até a autoridade policial e ali o
entregou para que fossem realizados os procedimentos de praxe. Acerca da situação
acima, responda às seguintes perguntas:

1. Houve conduta delituosa perpetrada por João?


2. Qual o procedimento a ser adotado pela autoridade policial quando recebeu João?
3. Há possibilidade de imposição de pena de multa em face de João?

Resposta Comentada:

Trata-se de uma questão simples, versando sobre o crime previsto no art. 28, da Lei
de Drogas, que tipifica a conduta de porte de drogas para consumo próprio.

Essa conduta não foi descriminalizada, houve, de acordo com a doutrina majoritária
uma descarceirização, uma vez que não há mais pena privativa de liberdade cominada
no tipo penal.

A prisão em flagrante é vedada, inclusive por determinação da própria lei no seu art.
48, §2°, porém isso não significa que João não possa ser conduzido à delegacia por
meio de uma prisão condução que é o que foi feito pelo policial federal, que como
qualquer cidadão poderia fazê-lo.

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As penas impostas ao crime em comento são as previstas no próprio art. 28, que
mencionam as seguintes:

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo.

Contudo, a multa pode ser utilizada como forma de garantir o cumprimento das penas
impostas, e não como pena inicial prevista para a conduta.

§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas


educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e
III, a que injustificadamente se recuse o agente,
poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

I - admoestação verbal;
II - multa.

Portanto, a multa não é uma espécie de pena para o crime de porte de drogas para
consumo próprio.

Diante do exposto,

João cometeu o crime de porte de drogas para consumo próprio, uma vez que conduzia
consigo um cigarro de maconha em situação típica de consumo próprio, não se devendo
falar em crime de tráfico de drogas, uma vez que as circunstâncias fáticas não levam a
crer que o objetivo dele era a mercância, elemento subjetivo específico do crime de
tráfico de drogas.

Além disso, apesar de não ser possível a prisão em flagrante de João, é plenamente
possível a prisão condução para que a autoridade policial possa realizar os

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procedimentos de praxe e assim seja possibilitada a persecução penal em face do


sujeito ativo da conduta.

Por fim, a pena de multa não é prevista no preceito secundário do aludido tipo penal,
apenas como forma de garantir a execução das penas não privativas de liberdade
previstas no art. 28, da Lei n° 11.343/06.

07. (Legislação Penal Extravagante - Vinícius Silva) Amanda foi denunciada por
ter cometido o crime de incêndio, porém em sua modalidade culposa, nos termos do
art. 250, §2º, do Código Penal.

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida,


a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

Incêndio culposo

§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de


seis meses a dois anos.

Acerca da situação acima, responda aos itens abaixo:

a) Como é classificada pela doutrina, quanto ao seu potencial lesivo, o crime acima?

b) Qual a medida despenalizadora cabível ao caso?

c) Caso o MP deixe de oferecer a medida acima, qual o procedimento a ser adotado


pelo juiz?

Resposta Comentada:

A questão versa sobre uma lei muito relevante para o processo penal brasileiro, que é
a Lei 9.099/95, Lei que criou o regramento para os juizados especiais criminais.

Esse dispositivo legal nos leva às importantes medidas despenalizadoras, notadamente


você deve estudar com todos os seus detalhes, em um livro de apoio, como os sugeridos
a título de bibliografia no nosso curso, a transação penal e a suspensão condicional do
processo.

Na maioria dos concursos esses dois institutos são perguntados com muita frequência.

Comentando item por item:

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a) o crime acima é classificado pela doutrina como infração de menor potencial


ofensivo, nos termos do art. 61, da Lei 9.099/95:

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor


potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313,
de 2006)

Como a pena máxima cominada a esse crime é de 2 anos, então assim será classificado
de acordo com a doutrina e com a própria lei. Ressalta-se que apesar de a pena mínima
cominada ser inferior a um ano, prevalece que o crime é de menor potencial ofensivo,
sendo de médio potencial ofensivo apenas se se tratar de crime cuja pena mínima é de
no máximo um ano e a máxima é maior que dois.

b) A medida que se impõe ao caso é a transação penal, através da qual será


relativizado o princípio da obrigatoriedade e o MP vai ofertar a proposta de
transação penal, de modo que sequer a denúncia será recebida, caso a proposta
seja aceita e as condições cumpridas, de modo que durante o chamado período
de prova o acusado terá de cumprir as condições estabelecidas e ao final será
declarada extinta a sua punibilidade.

c) No caso de não ser ofertada a transação penal por parte do membro do MP, caso
ao juiz a aplicação analógica do art. 28, do CPP, remetendo o feito ao procurador
geral (de justiça) que procederá na forma abaixo descrita.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de


apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do
inquérito ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.

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Esse é inclusive entendimento sumulado pelo STF no enunciado de n°. 696, para os
casos de suspensão condicional do processo, que é utilizado por analogia ao caso da
transação penal:

Reunidos os pressupostos legais permissivos da


suspensão condicional do processo, mas se
recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-
Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código
de Processo Penal.

08. (Legislação Penal Extravagante – Vinícius Silva) João foi preso pela polícia
militar em uma abordagem de rotina dentro de um ônibus, oportunidade em que foram
apreendidas cerca de 15 papelotes de cocaína, e uma quantia de R$ 600,00 em notas
de dez e vinte reais. Levado até a delegacia, o delegado plantonista procedeu aos
tramites legais.

Com base na situação acima, responda fundamentadamente, com base na


jurisprudência do STJ e do STF sobre o tema:

• A apreensão da droga é necessária para a caracterização do crime de tráfico de


drogas (art. 33, da Lei n°11.343/06)?

• Incide no caso a causa de aumento de pena prevista no art. 40, III, da Lei n
11.343/06 (infração cometida em transportes públicos).

• Caso seja devidamente processado, qual o primeiro ato judicial a ser realizado?

Resposta Comentada:

A questão versa sobre uma das leis que mais são cobradas em provas objetivas de
delegado de polícia, que é a Lei de Drogas, 11.343/06, que tem um arcabouço
jurisprudencial muito forte e precisa ser estuda de forma completa, envolvendo tanto
os termos da Lei, como a jurisprudência do STJ e do STF acerca do tema.

Em relação à questão apresentada, vale a pena ressaltar o entendimento do STJ acerca


da necessidade de apreensão da droga para a caracterização do delito de tráfico de
drogas.

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A ausência de apreensão da droga não torna a conduta


atípica se existirem outros elementos de prova aptos a
comprovarem o crime de tráfico. STJ. 6ª Turma. HC
131.455-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 2/8/2012.

Assim, para que seja comprovada a traficância, podemos nos valer de outras provas,
ainda que diferentes da apreensão da droga, por exemplo, podemos ter como prova
imagens e áudios de conversas ocorridas durante a venda de drogas.

As pessoas responsáveis pelo comércio de drogas podem ser responsabilizadas pelo


crime ainda que não haja a apreensão das drogas.

Em relação à segunda pergunta, deve ser respondido de forma negativa em relação à


incidência da causa de aumento de pena, uma vez que só deve ser caracterizada tal
situação caso tenhamos a caracterização do veículo de transporte coletivo como lugar
onde ocorre a traficância, e não apenas quando ele é utilizado como meio de locomoção
do traficante.

É esse inclusive o entendimento do STJ e do STF já pacificado, a respeito da incidência


da causa de aumento de pena.

O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de


aumento de pena o fato de a infração ser cometida
em transportes públicos. Se o agente leva a droga em
transporte público, mas não a comercializo dentro do
meio de transporte, incidirá essa majorante? NÃO. A
majorante do art. 40, 11, da Lei 11.343/2006
somente deve ser aplicada nos casos em que ficar
demonstrada a comercialização efetiva da droga em
seu interior. É a posição majoritária no STF e STJ.
STF. 1ª Turma. HC 122258-MS, Rei. Min. Rosa
Weber,julgado em 19/08/2014.

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STF. 2ª Turma. HC 120624/MS, Red. p/ o acórdão,


Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 3/6/2014
(lnfo 749).

STJ. 5ªT urma.AgRg no REsp 1.295·786-MS, Rei. Min.


Regina Helena Costa,julgado em 18/6/2014 (lnfo
543).

STJ. 6ª Turma. REsp 1443214-MS, Rei. Min.


Sebastião Reis Júnior,julgado em 22/09/2014.

Por sua vez, em relação ao procedimento previsto na lei de drogas, ela possui um
regramento especial, segundo o qual será realizado primeiramente a o interrogatório
do réu, não ocorrendo a incidência da reforma processual de 2008 em relação aos atos
processuais após o recebimento da denúncia.

O rito previsto no art. 400 do CPP NÃO se aplica à Lei


de Drogas. Assim, o interrogatório do réu processado
com base na Lei 11.343/2006 deve observar o
procedimento nela descrito (arts. 54 a 59). O art. 57
da lei 11.343/2006 estabelece que o interrogatório
ocorre em momento anterior à oitiva das
testemunhas, diferentemente do que prevê o art.
400 do CPP, que dispõe que o interrogatório seria
realizado ao final da audiência de instrução e
julgamento. No confronto entre as duas leis, aplica-
se a lei especial quanto ao procedimento, que, no
caso, é a lei de Drogas. Logo, não gera nulidade o
fato de, no julgamento dos crimes previstos na lei
11.343/2006, a oitiva do réu ocorrer antes da
inquirição das testemunhas. Segundo regra contida
no art. 394, § 2°, do CPP, o procedimento comum
será aplicado no julgamento de todos os crimes,
salvo disposições em contrário do próprio CPP ou de
lei especial. Logo, se para o julgamento dos delitos
disciplinados na lei 11.343/2006 há rito próprio (art.
57, da lei 11.343/2oo6), no qual o interrogatório
inaugura a audiência de instrução e julgamento, é de
se afastar o rito ordinário (art. 400 do CPP) nesses
casos, em razão da especialidade.

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STF.2ª Turma. HC 1219s3/MG, Rel. Min. Ricardo


Lewandowski, julgado em 10/6/2014 (lnfo 750).

STJ. 6ª Turma. HC 24S-752-SP, Rel. Min. Sebastião


Reis Júnior, julgado em 20/2/2014 (lnfo 535).

Não gera nulidade o fato de, no julgamento dos


crimes previstos na lei 11.343/ 2006, a oitiva do réu
ocorrer antes da inquirição das testemunhas.
Segundo regra contida no art. 394, § 2°, do CPP, o
procedimento comum será aplicado no julgamento
de todos os crimes, salvo disposições em contrário
do próprio CPP ou de lei especial. logo, se para o
julgamento dos delitos disciplinados na Lei
11.343/2006 há rito próprio (art. 57, da Lei
11.343/2oo6), no qual o in interrogatório inaugura a
audiência de instrução e julgamento, é de se afastar
o rito ordinário (art. 400 do CPP) nesses casos, em
razão da especialidade.

STJ. 5ª Turma. HC 275.070-SP, Rel. Min. Laurita Vaz,


julgado em 18/2/2014 (lnfo 536).

STJ. 6ª Turma. HC 245.752-SP, Rel. Min. Sebastião


Reis Júnior, julgado em 20/2/2014 (lnfo 535).

Assim, devemos proceder primeiramente ao interrogatório do réu, sem


necessariamente gerar prejuízo para sua defesa.

Modelo de Resposta:

O crime de tráfico de drogas pode ser caracterizado mesmo que não se tenha
conseguido a apreensão das drogas objeto da traficância, quando é possível comprovar-
se por outros meios de prova que houve de fato o tráfico de drogas, sendo esse o
entendimento do STJ desde 2012 acerca do tema.

Em relação à incidência da causa de aumento de pena prevista na lei para o caso de


tráfico ocorrido por meio de transporte coletivo, para a caracterização da causa de
aumento devemos ter a comprovação de que a traficância ocorrera no interior do

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transporte coletivo, não sendo suficiente para caracterização de tal causa de aumento,
a simples prisão do traficante no interior de transporte coletivo.

Por fim, quanto ao primeiro ato processual a ser realizado no caso de tráfico de drogas,
é entendimento tanto do STF quanto do STJ que o réu é citado para seu interrogatório,
que ocorrerá antes da oitiva das testemunhas, não necessariamente gerando nulidade
essa oitiva antecipada.

Abraços. Até a próxima aula.

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