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impulsiva
Assinatura:
Aos meus pais, que me deram a oportunidade de estudo e graças a eles pude conquistar mais
uma etapa em minha vida. À minhas irmãs que sempre estiveram incentivando-me e torcendo por
mim.
Às professoras Eti, Lúcia Spegiorin, Ilza e Adelcira, que sempre acreditaram em mim e sempre
me ajudaram para meu egresso da universidade.
Aos professores do ICMC pelo ensino de qualidade e aos funcionários do ICMC pelo excelente
trabalho que é desenvolvido neste instituto.
Aos meus amigos de minha turma de doutorado Aldicio, Andréa, Juliano, Nivaldo, Sandro
e Thiago, pelo companherismo e pelos estudos em grupo. Em especial aos amigos que sempre
estiveram presentes em minha caminhada nos momentos de diversão: Ana Carla, Daniela, Esdras,
Fernando, Graziela, José Paulo, Michele, Nivalda, Sadao, Ricardo, Sandra, Sandro e Tatiane.
Nivaldo e Suelen, obrigado pela amizade sincera que temos. Passamos por ótimos momentos
durante esta temporada em São Carlos.
A todos meus amigos de Derry na Irlanda do Norte. Este último ano de meu doutorado foi
muito gratificante. Tive a oportunidade de conhecer uma nova cultura e valiosas amizades como os
amigos Aaron, Amy Rawle, Brandon Kastner, Chichi, Daiana Webster, Emmet Colton, Erin Smith,
Francis Ward, Kai-Yu Tseng, Karla Muñoz, Kevin e Laura Fowler, meus amigos da igreja Corner-
stone: Abdul, Claire Collins, Claire, Jasper, Jessica, Kirstin, Mappi, Mawusi, Nadege, Stephen
Brown e Wendy. Não posso esquecer de citar Vicent, Pauline, Hilda, Cris, Billy e Anna pela
amizade e hospitalidade.
Estar longe da família e dos amigos é uma situação difícil de se lidar. No entanto, agradeço
a família Graham: Bernie, David, Michael e Richard que me adotaram como um integrante da
família e me proporcionaram uma excelente estadia na Irlanda do Norte.
Ao meu supervisor, o prof Dr. Patrick Muldowney da University of Ulster, Irlanda do Norte.
Pat Muldowney e sua esposa Marie foram grandes amigos e agradeço a eles por tudo o que eles
fizeram por mim.
Sou extremamente grato à minha orientadora, a professora Dra. Márcia Federson, que foi de
fundamental importância para o desenvolvimento deste trabalho. Amizade, paciência e disposição
são poucas das qualidades que ela possui. Com certeza não teria trabalhado em diferentes áreas
simultaneamente com um outro orientador! Obrigado por tudo e por ter aceitado a me orientar.
Agradeço a todos os meus amigos que contribuiram de alguma forma para a realização deste
trabalho.
Resumo
Introdução 1
1 Preliminares 7
1.3 Opções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
11
12 SUMÁRIO
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.3 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.4 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Referências Bibliográficas 99
Introdução
Um ativo financeiro é uma reivindicação por algum pagamento e pode ter a forma física de um
pedaço de papel no qual é escrito um contrato legal que especifique a reivindicação. Tais ativos são
negociados freqüentemente: comprados e vendidos. É importante estabelecer o valor monetário,
aqui e agora, de um ativo financeiro visto que, se seu valor correto não for conhecido, então ele
não pode ser negociado de maneira justa.
Uma nota bancária (dinheiro) também é um pedaço de papel que sinaliza um valor monetário.
E seu valor está escrito sobre ela. Isto também acontece com um cheque. Por outro lado, o valor
monetário de um conjunto de ações de uma empresa pode ser estimado através do número total
de ações emitidas pela empresa e do valor total da empresa dado por seu balancete. Este valor é
determinado pelo mercado de ações e é reportado diariamente em jornais.
Mas existem outros tipos de ativos financeiros cujos valores são mais difíceis de serem deter-
minados. Este é o caso, por exemplo, de contratos futuros e de opções. Os contratos futuros e as
opções são fundamentais no entendimento de derivativos, ou seja, ativos cujos valores dependem
do valor de outros ativos.
1
2 Introdução
ropean call options) usa a integral de Lebesgue e o cálculo de Itô para modelar os processos
envolvidos.
Em geral, assume-se que qualquer contrato escrito será honrado. Em particular, quando um
governo ou empresa possui um título, ignora-se a possibilidade de quebra do contrato na maturi-
dade. Entretanto quebras de contrato acontecem. Há alguns anos este fato foi ilustrado, de forma
dramática, pelas crises de crédito na Ásia, América Latina e Russia. Se uma empresa A possui
uma quantidade substancial de ativos de débitos da empresa B, então uma quebra de B pode im-
plicar numa queda repentina no preço das ações da empresa A. E como é possível incorporar estes
efeitos ou choques de mercado no modelo de Black-Scholes?
Pela sua própria natureza, quebras são imprevisíveis. Se assumirmos que não há qualquer
informação que nos ajude a prever os tempos de quebra ou outros choques do mercado, então tais
tempos podem ser modelados por uma variável randômica de Poisson. Isto significa que o tempo
entre choques é distribuído exponencialmente e o número de choques no tempo t, denotado por
Nt , é uma variável randômica de Poisson, com parâmetro λt para algum λ > 0. Entre os choques,
assume-se que o preço de um ativo segue o movimento browniano geométrico (veja [3] e [9]).
Um modelo típico para a evolução do preço de um ativo de risco com choques ou saltos é dado
por
dSt
= µdt + σdWt − δdNt , (1)
St
onde {Wt }t≥0 e {Nt }t≥0 são independentes e µ, σ e δ são constantes. Aqui, µ é a tendência (drift),
σ é a volatilidade (volatility), {Wt }t≥0 é um movimento browniano geométrico, {St }t≥0 é um
martingale e {Nt }t≥0 é um processo de Poisson.
A fim de dar sentido à equação (1), considera-se sua formulação integral. Neste caso, é preciso
definir a integral estocástica com respeito a {Nt }t≥0 . Escrevendo τ (i) para o i-ésimo tempo de
salto no processo de Poisson, define-se
Introdução 3
Z t n
X
f (u, Su )dNυ = f (τ (i)− , Sτ (i)− ).
0 i=1
Para tratar de modelos mais gerais, é preciso estender a teoria do cálculo estocástico a fim de se
incorporar os processos com saltos. Em [9], isto é feito para a equação (1), onde se usa o cálculo
de Itô.
∂f ∂f 1 ∂2f
+ rx + σ 2 x2 2 = rf,
∂t ∂x 2 ∂x
O modelo básico de Black-Scholes ([5]) assume que a variável randômica, x(t), possui in-
crementos de tempo que são estatisticamente independentes um do outro e têm distribuição log-
′ ′′ ′ ′′
normal tal que ln x(t ) − ln x(t ) é distribuída de forma normal com média µ(t − t ) e variância
′ ′′
σ 2 (t − t ). Estas considerações implicam a existência de uma medida P sobre o espaço amostral
subordinado, Ω, sobre o qual os processos x e f estão definidos.
Um tratamento (veja [3]) para a estimativa do ativo derivativo, em termos dos valores do
ativo subordinado, estabelece a dependência de f sobre x e t como uma esperança: E(f ) =
R
Ω
f (x, t)dQ, onde Q é uma medida sobre Ω para a qual, primeiramente, a tendência µ do pro-
cesso ln x é substituida pela taxa de juros livre de risco r e, em segundo lugar, o processo f é
um martingale sob a medida Q, dando f = E(f ). Este método de análise é conhecido como
precificação de risco neutro (livre de risco) e a teoria matemática relacionada ao método envolve
o Teorema da Extensão de Kolmogorov, o cálculo de Itô para equações diferenciais estocásticas,
o Teorema de Radon-Nikodym e o Teorema de Girsanov. Porém, se usarmos a integral de Hen-
stock em lugar da integral de Lebesgue para calcularmos a esperança, o mesmo resultado pode ser
conseguido por métodos elementares. Veja [32], por exemplo.
onde I = {x : uj ≤ x(tj ) < vj , j = 1, 2, ..., n}, t = t0 < t1 < t2 < ... < tn = T e escrevemos
xj para x(tj ). Quando a integração de Lebesgue é usada nesta etapa, o Teorema da Extensão de
Kolmogorov é aplicado para podermos estender o domínio de P, além dos intervalos cilíndricos
I, a todos os conjuntos mensuráveis do espaço amostral e, quando usamos equações diferenciais
estocásticas para representar o processo de precificação, o Teorema de Girsanov produz a mudança
de medida necessária para alcançarmos a precificação de risco neutro.
Por outro lado, o uso da integral de Henstock requer, somente, que a medida esteja definida
sobre intervalos cilíndricos I. Logo, para se obter a medida Q necessária para a precificação de
risco neutro, tudo que é necessário é um argumento simples dando Q(I) como segue
v1 vn n 2
(ln xj − ln xj−1 ) − r(tj − tj−1 ) dxj
Z Z Y
... exp {2πσ 2 (tj − tj−1 )}−1/2
u1 un j=1 2σ 2 (tj − tj−1 ) xj
(veja [29] e [31]). Desta forma, as expressões para P e Q diferem, somente, na substituição da
tendência, µ, pela taxa de juros livre de risco, r. Um argumento elementar demonstra que a integral
de Henstock com respeito a Q dá uma solução da equação de Black-Scholes, [29]. (Um argumento
análogo é usado em [24] e [28] para se obter soluções de Henstock para equação de difusão e para
equação de Schrödinger.) Mais do que isto, a taxa de juros livre de risco e a volatilidade não
precisam ser contínuas por partes. Basta que sejam contínuas exceto num conjunto de medida
de Lebesgue zero ([29], Prop. 11) e isto aproxima melhor a condição real vivida pelo mercado
financeiro.
Dividimos o Capítulo 4 em três seções. Iniciamos a Seção 4.1 com uma introdução. Na
Seção 4.2, estabelecemos uma equação diferencial parcial com ação impulsiva cuja solução possui
uma representação de Feynman-Kac. Finalizamos o capítulo com a Seção 4.3, apresentando um
exemplo sobre a teoria.
1
Preliminares
Apresentamos, a seguir, um breve resumo de alguns conceitos em Finanças que iremos uti-
lizar posteriormente. O glosário que apresentamos e o uso dos termos técnicos em Finanças têm
como base os glosários de Baxter & Rennie [3], Bernstein [4], Brealey & Myers [6], Downes
& Goodman [7], Gélédan & Brémond [11], Pindyck & Rubinfeld [33], Siqueira [34] e o site
http://www.bertolo.pro.br/Adminfin/HTML/Dicionario. htm#commodities.
7
8 Capítulo 1 — Preliminares
Um ativo ou bem (asset) é algo capaz de produzir fluxo monetário para o proprietário. É
qualquer bem com valor comercial ou valor de troca pertencente a uma sociedade, instituição ou
pessoa física. Exemplos: imóveis, dinheiro aplicado, ações, jóias, etc.
usada para indicar a possibilidade de perda (diminuição) ou manutenção do estado atual, excluindo
a possibilidade de ganho (retorno ou crescimento).
Obrigações ou títulos (bonds) é o reconhecimento formal, por escrito, de uma dívida, pelo
qual uma das partes promete pagar certa importância, em determinada data futura, e mais juros,
em datas pré-fixadas, até o vencimento.
Derivativo (derivative) são ativos financeiros cujos valores e características de negociação es-
tão amarrados aos ativos que lhes servem de referência (chamados ativos-base). A palavra “deriva-
tivo” vem do fato que o preço do ativo é derivado de um outro ativo (ativo-base). Exemplo: opção
da Petrobrás, o preço desta opção é derivado do ativo-base “ação da Petrobrás".
Tendência (drift), que representamos pela letra µ, é a taxa de retorno esperada para um ativo
com relação a uma medida de probabilidade.
Volatilidade (volatility), que representamos pela letra σ, é um indicador que mede o risco de
um determinado investimento. Quanto maior a volatilidade, maior o risco para o investidor, com-
parativamente aos demais fundos do segmento em questão. O cálculo deste indicador considera
a dispersão para cima ou para baixo da rentabilidade diária em relação à média da rentabilidade
em determinado período (desvio padrão). Mede, também, o grau médio de variação das cotações
de um título ou fundo de investimento em um determinado período de tempo. Alta volatilidade
significa que o valor da cotação apresenta forte variação.
O risco óbvio de tal operação é que a expectativa não se cumpra e o preço aumente ao invés de
cair. Se, em nosso exemplo, o preço de A alcançasse os R$ 60,00, João amargaria um prejuízo de
R$ 10.000,00.
Um mercado que é livre de arbitragem não possui oportunidades de lucros certos. Uma opor-
tunidade de arbitragem poderia ser uma estratégia de negociação autoconfiável que iniciasse com
zero e terminasse, numa data futura, com um valor positivo. Um mercado é dito livre de arbitragem
se não houver, de modo algum, tais oportunidades de arbitragem ([3], p. 197).
Custo de transação (transaction costs) são custos da compra e venda de um valor mobiliário,
que consistem principalmente na comissão de corretagem, margem do investidor ou de uma taxa
(como seria, por exemplo, a taxa cobrada por um banco ou por uma corretora para negociar títulos
do governo), mas também inclui tributos diretos, tais como a comissão da SEC nos EUA, bem
como quaisquer impostos de transferência pelo governo e outros impostos diretos.
Banco ideal é o banco onde as taxas de juros de depósito e empréstimo são iguais e não há
taxas de serviço e de transação. As taxas de juros também independem do montante do principal.
Mercado perfeito é um mercado sem custos de transação e leilões; nele todos os acordos
são cumpridos; há possibilidade de comprar/vender qualquer montante de cada valor mobiliário;
as transações ocorrem continuamente e há a possibilidade da venda a descoberto ilimitada; há
ausência de impostos; a liquidação é instantânea, a transação ocorre à vista (sem parcelamento) e
1.2 Mercado de derivativos 11
existe um banco ideal constante. No caso das ações, não se considera o dividendo, e dos bonds, o
cupom.
Portfólio (portfolio) é um conjunto de títulos e valores mantido por um fundo mútuo ou por
um investidor. É uma carteira de títulos, isto é, um conjunto de títulos de rendas fixa e variável, de
propriedade de pessoas físicas ou jurídicas.
A repartição do risco é viabilizada pelo hedge, operação que possibilita a realização de se-
guro contra oscilações de preços. A segunda função corresponde à informação que esse mercado
fornece aos preços a termo dos ativos-base, ou seja, na previsão que esse mercado faz do mercado
à vista.
Assim, pode-se dizer que o mercado de derivativos existe para facilitar a transferência/distri-
buição do risco entre os agentes econômicos, ao mesmo tempo que, pelas expectativas criadas e
graças à lei da oferta e da procura, passa a influir diretamente na formação futura dos preços das
mercadorias e ativos financeiros negociados nestes mercados.
J. C. Hull [17] define derivativos (também chamados de contingent claims) como produtos
financeiros que têm seu valor derivado de outro ativo, conhecido como ativo-base. Existem três
grupos de derivativos: contrato futuro e a termo, opção e swap.
1. Contrato a termo (forward contract) é um acordo que estabelece que um ativo será com-
prado e vendido em uma data futura estabelecida por um preço fixado no presente.
12 Capítulo 1 — Preliminares
2. Contrato Futuro (future contract) é semelhante ao contrato a termo com exceção que con-
tratos futuros são transacionados em bolsas e sujeitos à reavaliação diária do preço de referência.
3. Opção (option) são contratos que concedem o direito (não a obrigação) de comprar ou
vender determinado ativo em uma data futura especificada, concedido mediante pagamento de
uma quantia acordada entre as partes. Se o direito não for exercido depois do período especificado,
a opção termina pelo vencimento e o comprador da opção perde a quantia paga para obtenção da
opção.
4. Swap é o jargão utilizado no mercado financeiro para um contrato de troca, seja ele de
moedas, commodities ou ativos financeiros. Exemplo: se obtivermos um ativo que rende uma taxa
pré-fixada, por meio de um contrato de swap, poderemos trocá-lo por um ativo que renda variação
cambial mais um coupom.
Na próxima seção, vamos nos concentrar em Opções, que é nosso objeto de estudo.
1.3 Opções
Vimos que um contrato de opção concede o direito (não a obrigação) de comprar ou vender de-
terminado ativo em uma data futura especificada, concedido mediante pagamento de uma quantia
acordada entre as partes. A data na qual o contrato da opção expira é chamada de data de exercí-
cio ou de maturidade (exercise date or maturity) e o preço estabelecido nesta data é chamado de
preço de exercício da opção (strike price).
Existem diferentes tipos de opções, como a opção americana e a européia. A opção americana
é uma opção que pode ser exercida em qualquer momento até a data final de exercício. Já a opção
européia é uma opção que pode ser exercida só na maturidade.
Opção de Compra (call option) é a opção que assegura a seu titular o direito, mas não obri-
gação, de comprar um ativo em uma data futura (geralmente 3, 6 ou 9 meses), por um preço esta-
belecido. Por esse direito o adquirinte da opção de compra paga ao vendedor da opção, chamado
1.3 Opções 13
lançador, uma comissão denominada prêmio (premium), que será perdida se o comprador não
exercer a opção até a data concordada. Portanto, o adquirente de uma opção de compra especula,
esperando que o preço das ações-objeto suba dentro do período especificado.
O oposto da opção de compra é a Opção de Venda (putt option), que assegura ao comprador o
direito de vender um ativo por um preço estabelecido até a data de vencimento. Os adquirentes de
opções de venda apostam na queda do preço da ação-objeto. Exemplo (Hull [17]): consideremos
um negociante que queira comprar um contrato de opção de venda européia em 100 ações da
Exxon cujo preço de exercício é $70, isto é, ele compra o direito de vender 100 ações da Exxon
por $70 cada. Suponhamos que o preço corrente da ação seja de $66, a data de maturidade seja em
três meses e o preço da opção seja de $7 ($7 por ação). Como a opção é européia, o comprador
poderá exercer a opção somente na data de maturidade. Se na data de maturidade o preço da ação
for menor que $70, o comprador exercerá a opção. Suponhamos, por exemplo, que o preço da ação
seja de $50 na maturidade. Exercendo a opção, o comprador irá comprar 100 ações por $50 cada
14 Capítulo 1 — Preliminares
e, sob os termos da opção de venda, venderá as mesmas ações por $70, realizando um ganho $20
por ação, ou seja, $ 2.000,00 (ignorando custos de transações). Quando o custo inicial da ação é
levado em conta, o lucro líquido para o comprador é de $13 por ação, ou seja, $1.300,00. Caso o
preço da ação seja maior que $70 na maturidade, o comprador não exercerá a opção, pois a opção
não terá valor e o comprador perderá $7 por ação, ou seja $700.
Suponhamos que uma companhia tenha, habitualmente, que negociar em um ativo de risco
intríseco, como o petróleo. A companhia pode, por exemplo, saber que em três meses serão
necessários milhares de barris de petróleo bruto. O preço do petróleo pode flutuar desordenada-
mente. Mas, comprando opções de compra européia, com preço de exercício K, a companhia
sabe a quantia máxima de dinheiro que irá precisar em três meses para comprar milhares de barris.
Podemos pensar na opção como um seguro contra o aumento no preço do petróleo. Seja T a dada
de maturidade. O problema de apreçamento, agora, é determinar, para T e K dados, quanto a
companhia desejaria pagar pelo seguro.
Para este exemplo, existe uma complicação extra, pois custa dinheiro armazenar petróleo. Para
simplificar nossa tarefa, vamos primeiramente precificar derivativos baseados nos ativos que po-
dem ser mantidos sem custos adicionais: tipicamente ações da companhia. Igualmente, podemos
supor que não exista benefício adicional para manter as ações, isto é, nenhum dividendo é pago.
Suponhamos, então, que a companhia entra em um contrato que dê a ela o direito, mas não a
obrigação, de comprar uma unidade do estoque por um preço K em três meses de duração. Quanto
a companhia deveria pagar pelo contrato?
Se ST > K, então a opção será exercida. A opção é, então, dita estar dentro do preço (in
the money): uma opção que vale ST pode ser comprada por apenas K. O valor da opção para a
companhia é, então, (ST − K).
Se, por outro lado, ST < K, então será mais barato comprar ações no mercado aberto e assim
a opção não será exercida. A opção vale menos e ela é dita estar fora do preço (out of money).
O valor de uma opção de compra européia, no momento da expiração (payoff), é dado por
(ST − K)+ := max{(ST − K), 0}.
Na próxima seção, vamos estabelecer o preço adequado para um contrato de opção de compra
européia, isto é, o preço justo do prêmio (premium), utilizando o modelo de F. Black e M. Scholes.
O modelo matemático desenvolvido por Fischer Black e Myron Scholes no início dos anos 70
foi responsável pelo grande avanço na teoria moderna de precificação de derivativos financeiros.
A facilidade de implementação do modelo aliada aos poderosos resultados, tanto na determinação
de preços de opções quanto de seus parâmetros de hedge, fizeram do modelo de Black-Scholes
um dos mais bem sucedidos da Teoria de Finanças. Além disso, o modelo possibilitou que as
instituições financeiras usassem o mercado de opções com muito mais freqüência e segurança, o
que acabou sendo determinante no sucesso e crescimento que este mercado experimentou desde
então.
Definição 1.1. Uma medida de probabilidade, ou simplesmente uma probabilidade P, é uma função
real de conjuntos, definida em uma σ-álgebra F de subconjuntos de um conjunto não-vazio Ω, que
satisfaz:
16 Capítulo 1 — Preliminares
b) P(Ω) = 1 (normalidade);
+∞
! +∞
[ X
c) P An = P(An ), se An ∈ F , n = 1, 2, ... e An ∩ Am = ∅ para n 6= m (σ-
n=1 n=1
aditividade).
Uma classe de eventos ε ⊂ F será chamada uma classe de eventos independentes se, para toda
coleção finita de eventos A1 , A2 , ..., An em ε, tivermos
n
! n
\ Y
P Ak = P(Ak ).
k=1 k=1
Definição 1.4. Se ελ ⊂ F for uma classe de eventos, com λ pertencente a um conjunto de índices
Λ, diremos que {ελ : λ ∈ Λ} é uma família de classes independentes se, para cada seleção de
Aλ ∈ ελ , a classe {Aλ : λ ∈ Λ} contiver somente eventos independentes.
1.4 O Modelo de Black-Scholes 17
′ ′
No que segue, consideraremos (Ω, F , P) um espaço de probabilidade e (Ω , F ) um espaço
mensurável.
′ ′
Definição 1.5. Uma aplicação X : Ω → Ω é F − F mensurável, se
′
X −1 (B) = {ω ∈ Ω : X(ω) ∈ B} ∈ F para todo B ∈ F .
′ ′
Definição 1.6. Uma aplicação X : Ω → Ω que é F − F mensurável é chamada um elemento
′ ′ ′ ′ ′
aleatório com valores em Ω (notação: X : (Ω, F ) → (Ω , F )). Quando Ω = R(Rn ) e F =
B(R)(B(Rn )), o elemento aleatório X é chamado variável aleatória (vetor aleatório).
Definição 1.7. Seja X uma variável aleatória contínua. A função de densidade de probabilidade
de X é uma função fX (x) que satisfaz as seguintes propriedades:
Definição 1.8. Uma variável aleatória contínua X é dita ter distribuição normal, com parâmetros
µ e σ 2 , se sua função densidade de probabilidade for dada por
(x − µ)2
1
fX (x) = exp − ,
2πσ 2 2σ 2
para todo x ∈ R. O valor esperado de X é dado por E(X) = µ e a variância var(X) = σ 2 .
Neste caso, escrevemos X ∼ N(µ, σ 2 ).
18 Capítulo 1 — Preliminares
Para cada t ∈ T, Xt ou X(t) denotará a variável aleatória X(t, ·), isto é, X(t, ·) = X(t) = Xt .
A coleção de variáveis aleatórias {X(t) : t ∈ T} também será denotada por X. T será chamado
espaço de índices ou parâmetros. Para cada ω ∈ Ω, a função X(·, ω) : T → R será chamada
trajetória, ou realização, ou função amostral correspondente a ω.
Em 1828, o botânico Robert Brown observou um movimento irregular de poléns na água. Hoje,
este movimento é chamado de movimento browniano ou processo de Wiener. No início do século
20, aplicações importantes do movimento browniano foram descobertas. A primeira deu-se na
teoria de preços de ações flutuantes por L. Bachelier (1900) [1]. A segunda deu-se na investigação
de propriedades da densidade de partículas em certa posição e tempo por A. Einstein [8]. Detalhes
sobre a teoria de movimento browniano pode ser encontrado em [3], [9], [19] e [21].
3. para 0 ≤ s < t o incremento Wt − Ws tem distribuição normal (gaussiana) com média zero
e variância σ 2 (t − s), isto é,
x2
1
Z
P(Wt − Ws ∈ A) = exp − 2 dx,
2σ (t − s)
p
A 2πσ 2 (t − s)
onde A ∈ Ω.
Definição 1.11. Um processo {Wt }t∈T , T = [0, +∞[ ou T = [0, T ] (T ∈ R+ ), a valores reais
positivo é um movimento browniano geométrico, se {ln(Wt )}t∈T for um movimento browniano.
O preço de uma ação é uma função que depende do preço da ação subjacente e do tempo.
Em geral, dizemos que a função preço de qualquer derivativo é uma função que depende do
preço do derivativo adjacente e do tempo. Um resultado importante nesta área foi descoberto pelo
matemático K. Itô, em 1951, conhecido como o Lema de Itô. Antes de enunciar este resultado,
vamos definir o processo de Itô.
Definição 1.12. Sejam a e b funções que dependem das variáveis x e t, isto é, a = a(x, t) e
b = b(x, t). Um processo de Itô é representado por
onde
Lema 1.13 (Lema de Itô). Suponhamos que a variável x siga um processo de Itô,
Seja f uma função que depende do processo x e do tempo, isto é, f = f (x, t). Assumamos que
f é uma função de classe C 2 (R × R+ ). Então f segue um processo de Itô que satisfaz a seguinte
equação estocástica
1 ∂2f 2
∂f ∂f ∂f
df = a+ + 2
b dt + bdz,
∂x ∂t 2 ∂x ∂x
onde dz é o mesmo processo de Wiener da equação (1.1).
Na hipótese do Lema de Itô, a taxa de drift e a taxa de variância do processo f são dadas por
2
∂f ∂f 1 ∂2f 2 ∂f
a+ + 2
b e b2 respectivamente.
∂x ∂t 2 ∂x ∂x
Para obtenção do modelo, Fischer Black e Myron Scholes admitiram as seguintes hipóteses:
dS = µSdt + σSdz,
4. o mercado é perfeito;
Seja f = f (S, t) uma função que designa o preço de uma opção de compra européia no
tempo t para um certo valor de um ativo adjacente S. A fim de obtermos um modelo ausente de
arbitragem, uma construção para a equação de Black-Scholes é feita a partir da construção de uma
∂f
carteira (portfólio) contendo uma opção e uma certa quantidade de ações:
∂S
−1 : opção
∂f
+ : ações.
∂S
Então o valor do portfólio é dado por
Y ∂f
:= −f + S. (1.2)
∂S
1 ∂2f 2 2
∂f ∂f ∂f
df = µS + + 2
σ S dt + σSdz. (1.5)
∂S ∂t 2 ∂S ∂S
e
1 ∂2f 2 2
∂f ∂f ∂f
∆f = µS + + σ S ∆t + σS∆z. (1.7)
∂S ∂t 2 ∂S 2 ∂S
Substituindo as equações (1.6) e (1.7) na equação (1.3), obtemos
1 ∂2f 2 2
Y ∂f ∂f ∂f ∂f
∆ =− µS + + 2
σ S ∆t − σS∆z + [µS∆t + σS∆z],
∂S ∂t 2 ∂S ∂S ∂S
22 Capítulo 1 — Preliminares
ou seja,
1 ∂2f 2 2
Y ∂f
∆ =− + σ S ∆t. (1.8)
∂t 2 ∂S 2
Como a equação (1.8) não contém o termo ∆z, o portfólio é sem risco durante o intervalo de
tempo ∆t. Assim a carteira é isenta de risco nas condições do modelo. Então, pelo princípio da
não-arbitragem, o valor da variação do portfolio deve ser, instantaneamente, o mesmo valor do
portfólio multiplicado pela taxa de juros livre de risco r, isto é,
Y Y
∆ =r ∆t.
1 ∂2f 2 2
∂f ∂f
− + σ S ∆t = r −f + S ∆t,
∂t 2 ∂S 2 ∂S
resultando em
∂f ∂f 1 ∂2f 2 2
+ rS + σ S = rf. (1.9)
∂t ∂S 2 ∂S 2
A equação (1.9) é a equação diferencial parcial de Black-Scholes. Ela possui várias soluções
dependendo do tipo de derivativo que pode ser definido, com S como a variável subjacente. O
derivativo particular que é obtido quando a equação é resolvida depende das condições de fronteiras
que são usadas. No caso da opção de compra européia, como vimos na subseção 1.3.1, a condição
de contorno é
f (ST , T ) = max{ST − K, 0},
Além dessas condições, quando S = 0, o valor do contrato se torna f (0, t) = 0 para todo t ∈ ]0, T [
f (S, t)
e lim = 1, t ∈ ]0, T [.
S→+∞ S
Podemos observar na equação de Black-Scholes, que o valor esperado do preço da ação não é
apresentado explicitamente. O argumento econômico para esse fato é que, em virtude de existir
um hedge perfeito para a opção, realizado sobre determinada quantidade de ações, nenhum prêmio
por risco deve ser concedido ao investidor, mas somente o retorno de um ativo livre de risco.
1.4 O Modelo de Black-Scholes 23
Um ponto que devemos enfatizar sobre o portfólio utilizado na derivação da equação (1.9)
é que ele não é permanentemente sem risco. Ele é sem risco somente para um período de tempo
∂f
suficientemente pequeno. Como S e t variam, também varia. Para manter o portfólio sem risco,
∂S
é necessário variar frequentemente as proporções relativas do derivativo e da ação no portfólio.
Podemos, agora, determinar o valor de uma opção de compra européia via equação diferencial
de Black-Scholes. Suponhamos que uma ação esteja sendo comercializada por um preço S. Seja
K o preço de exercício da ação, isto é, o direito de comprar a ação pelo preço K na data de
maturidade T . Sejam r a taxa de juros livre de risco e σ a volatilidade, ambas constantes. Vamos
estabelecer o preço da opção no instante t, onde 0 ≤ t ≤ T .
2r
Definindo A1 = , temos
σ2
∂υ(x, τ ) ∂ 2 υ(x, τ ) ∂υ(x, τ )
− + (1 − A1 ) + A1 υ(x, τ ) = 0,
∂τ ∂x2 ∂x
isto é,
∂υ(x, τ ) ∂ 2 υ(x, τ ) ∂υ(x, τ )
= + (A1 − 1) − A1 υ(x, τ ).
∂τ ∂x2 ∂x
onde √ √
1
(A1 +1)(x+y 2τ ) 1
(A1 −1)(x+y 2τ ) x
√
e 2 − e 2 , se y ≥ − √ ,
u0 (x + y 2τ ) = 2τ
x
0,
se y < − √ .
2τ
Substituindo esta expressão em (1.12), obtemos
onde
+∞ √
1
Z 2
1
2τ ) − y2
I1 (x, τ ) = √ √
e 2 (A1 +1)(x+y e dy
2π −x/ 2τ
e
+∞ √
1
Z 2
1
2τ ) − y2
I2 (x, τ ) = √ √
e 2 (A1 −1)(x+y e dy.
2π −x/ 2τ
1 1 2
I1 (x, τ ) = e 2 (A1 +1)x+ 4 (A1 +1) τ N(q1 )
e
1 1 2
I2 (x, τ ) = e 2 (A1 −1)x+ 4 (A1 −1) τ N(q2 ),
e
x 1 √
q1 = √ + (A1 + 1) 2τ ,
2τ 2
x 1 √
q2 = √ + (A1 − 1) 2τ .
2τ 2
Lembrando que
1 1 2
u(x, τ ) = e− 2 (A1 −1)x− 4 (A1 +1) τ u(x, τ ),
S
x = ln ,
K
1
τ = σ 2 (T − t),
2
2r
A1 = 2
σ
26 Capítulo 1 — Preliminares
e
f (S, t) = Kυ(x, τ ),
obtemos
f (S, t) = SN(q1 ) − Ke−r(T −t) N(q2 ),
com Z y
1 1 2
N(y) = √ e− 2 q dq,
2π
−∞
S 1 2
ln + r + σ (T − t)
K 2
q1 = √
σ T −t
e
S 1 2
ln + r − σ (T − t)
K 2
q1 = √ .
σ T −t
Assim, acabamos de provar o resultado seguinte.
Teorema 1.14. O valor de uma opção de compra européia f (S, t), modelada pela equação de
Black-Scholes
∂f (S, t) ∂f (S, t) 1 ∂ 2 f (S, t) 2 2
+ rS + σ S − rf (S, t) = 0,
∂t ∂S 2 ∂S 2
com
condição final: f (ST , T ) = max{ST − K, 0},
condição de fronteira: f (0, t) = 0
condição assintótica: f (S, t) ∼ S, quando S → +∞,
é dada por
f (S, t) = SN(q1 ) − Ke−r(T −t) N(q2 ),
onde Z y
1 1 2
N(y) = √ e− 2 q dq,
2π
−∞
S 1 2
ln + r + σ (T − t)
K 2
q1 = √
σ T −t
e
S 1 2
ln + r − σ (T − t)
K 2
q1 = √ .
σ T −t
C APÍTULO
2
Integração em Espaços de Funções
2.1 Introdução
27
28 Capítulo 2 — Integração em Espaços de Funções
sível ao comportamento local do integrando. Por exemplo, se f for uma função que oscila em uma
vizinhança particular, assumindo muitos valores suficientemente grandes, positivos e negativos,
nesta vizinhança, então podemos forçar os termos locais da soma de Riemann a corresponderem
ao comportamento local de f . Assim, neste cenário onde f tem um valor positivo em um ponto x
e um valor negativo em um ponto próximo x′ , os intervalos da partição I, I ′ podem ser escolhidos
de tal forma que a soma de Riemann . . . + f (x)|I| + f (x′ )|I ′ | + . . . “capte” a variação de f . Com
isto, produzimos, na soma de Riemann, um efeito de cancelamento na vizinhança de x e x′ . Desta
maneira, podemos definir uma integral de f , que será igual a integral de Lebesgue de f , sempre
que esta última existir. Denominamos esta integral de integral de Riemann generalizada, também
conhecida como integral de Henstock ou integral de Henstock-Kurzweil.
Agora, vamos considerar algumas alterações na integral usual de Henstock. Ao invés de usar-
mos a medida de Lebesgue do intervalo I, |I|,
Z podemos utilizar uma função de intervalos cilíndri-
cos µ(I) e a definição resultante da integral f (x)µ(I) por somas de Riemann continuará válida.
Em um caso mais geral, ao invés de integrarmos o produto f (x)µ(I), podemos integrar funções
P
h(x, I), tomando somas de Riemann h(x, I), onde x depende da partição {I} do domínio de
integração.
A discussão feita acima pode ser lida de uma maneira a assumir o domínio de integração
como um intervalo limitado [a, b] tal que cada intervalo particionado I seja um intervalo real li-
mitado. Entretanto, os argumentos feitos na discussão acima, continuam válidos em um domínio
de integração mais geral, como o espaço multi-dimensional Rn , no qual alguns dos intervalos
particionados não são limitados ou compactos.
O problema que estudamos neste trabalho requer que consideremos uma função do desloca-
mento, xt , no tempo t em algum intervalo ]τ ′ , τ [ e, também, que consideremos a possibilidade de
que, em tempos arbitrários τ ′ < t1 < · · · < tn−1 < τ , o deslocamento xtj satisfaz uj ≤ xtj ≤ vj ,
para 1 ≤ j ≤ n − 1; ou xj ∈ Ij (fecho de Ij ), onde escrevemos Ij = [uj , vj [ e xj = xtj , para cada
j = 1, ..., n − 1.
Escrevendo
x = (xt )t∈]τ ′ ,τ [ e I = {x : xj ∈ Ij , 1 ≤ j ≤ n − 1}
P
vamos considerar somas de Riemann como f (x)µ(I). A integral correspondente será denotada
2.2 A integral de Henstock em espaços de funções 29
Z
por f (x)µ(I). O domínio de integração é o conjunto {x}, onde cada x é uma aplicação da
forma
′
Denotamos este domínio por R]τ ,τ [ , o qual pode ser visto como o produto cartesiano de R por ele
mesmo uma quantidade não-enumerável de vezes. Os intervalos particionados I são subconjuntos
′ ′
cilíndricos de R]τ ,τ [ , ou seja, retângulos em R]τ ,τ [ .
Uma partição de R é uma coleção finita de intervalos disjuntos I cuja união é R. Diremos que o
intervalo I é associado a x, se tivermos
x = −∞, x = u ou v, ou x = +∞,
respectivamente.
Denotemos R como sendo a união do domínio de integração R com o conjunto dos pontos
associados x do intervalo real I, isto é, R = R ∪ {−∞, +∞}.
Definição 2.1. Seja δ : R → R∗+ uma função positiva definida para x ∈ R. Se I for associado a
x, diremos que o par (x, I) é δ-fino, se
1 1
v<− , v − u < δ(x), ou u> , (2.2)
δ(x) δ(x)
respectivamente. Chamamos δ de função calibre.
Em outra versão (veja [12]), uma definição equivalente à integral de Lebesgue é construída,
se os intervalos associados a um ponto x forem os intervalos I que satisfazem a condição I ⊆
]x − δ(x), x + δ(x)[. Neste caso, os pontos associados a um intervalo podem estar fora do fecho
de I na topologia dos intervalos abertos. Em qualquer caso, porém, o domínio de integração é o
espaço que é particionado por intervalos.
é dito ser associado em RN , se cada par (xj , Ij ) for associado em R, 1 ≤ j ≤ n, isto é, se x for
N N
o vértice de I em R . Dada uma função δ : R → R+ , um par associado (x, I) do domínio RN
é δ-fino, se cada par (xj , Ij ) satisfizer uma das condições dadas em (2.2), dependendo do tipo de
intervalo Ij (veja (2.1)). Uma coleção finita E = {(xj , Ij )} de pares associados (xj , Ij ), onde
cada par (xj , Ij ) é associado em RN , é uma divisão de RN , se os intervalos Ij forem disjuntos
com união RN . Então a divisão será δ-fina, se cada par (xj , Ij ), 1 ≤ j ≤ n, for δ-fino. Uma prova
da existência de uma divisão δ-fina para uma função calibre δ dada pode ser encontrada em [16],
Teorema 4.1.
2.2 A integral de Henstock em espaços de funções 31
Seja B um conjunto infinito e seja F (B) a família dos subconjuntos finitos de B. No que
Q
segue, consideraremos o espaço produto t∈B Rt , com Rt = R para cada t ∈ B, isto é, o conjunto
de todas as funções definidas em B a valores em R. Preferimos usar, para este produto, a notação
RB que é usual na teoria de processos estocásticos.
B
Denotemos por x = xB um elemento do espaço R . Sendo
N
seja x(N) = x(NB ) um ponto (x1 , ..., xn ) = (x(t1 ), ..., x(tn )) de R . Consideremos a projeção
B N
e, similarmente, a projeção P N : R → R . Então, para cada intervalo I1 × ... × In de RN ,
existem intervalos cilíndricos correspondentes I[N] := PN−1 (I1 × ... × In ), os quais formam um
subconjunto de RB . É conveniente denotarmos I1 × ... × In por I(t1 ) × ... × I(tn ) ou I(N) de
forma que I[N] = I(N) × RB\N . Similarmente, escrevemos
N B
P N (xB ) = x(N) ∈ R , para x = xB ∈ R .
B
Dados x ∈ R e I[N] ⊂ RB , dizemos que (x, I[N]) é associado em RB , se o par (x(N), I(N))
for associado em RN . Nosso domínio de integração é RB e o conjunto dos pontos associados é
B
R .
B
Definição 2.2. Uma coleção finita E = {(xj , I j [N]) : xj ∈ R e N ∈ F (B)} de pares
associados é dita ser uma divisão de RB , se os intervalos I j [N] forem disjuntos com união igual
a RB . Denotaremos essa divisão por E = {(x, I[N])}.
Exemplo 2.3. Seja N = {t1 , t2 } ⊂ F (B). Sejam u11 , u21 , u31 , u41 , u51 , u12 , u22 , u32 , u42 e u52 números
reais tais que
u11 < u21 < u31 < u41 < u51
e
u12 < u22 < u32 < u42 < u52 .
B\{t1 ,t2 }
I 1 [N] = [u11 , u31 [×[u22 , u32 [×R+ ,
B\{t ,t }
I 2 [N] = [u21 , u41 [×[u42 , u52 [×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 3 [N] = [u31 , u51 [×[u12 , u32 [×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 4 [N] = [u31 , +∞[×]0, u12 [×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 5 [N] = [u51 , +∞[×[u12 , u32[×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 6 [N] = [u41 , +∞[×[u42 , +∞[×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 7 [N] = [u21 , u41 [×[u52 , +∞[×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 8 [N] = ]0, u21 [×[u42 , +∞[×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 9 [N] = ]0, u11 [×[u22 , u32 [×R+ 1 2 ,
B\{t ,t }
I 10 [N] = ]0, u31 [×]0, u22 [×R+ 1 2 ,
B\{t }
I 11 [{t2 }] = [u32 , u42 [×R+ 2 .
11
[
Temos I j [N] = RB 1 1 2 2 2 5 3 5 1
+ . Tomando x (N1 ) = (u1 , u2 ), x (N2 ) = (u1 , u2 ), x (N3 ) = (u1 , u2 ),
j=1
x4 (N4 ) = (u31 , u12 ), x5 (N5 ) = (+∞, u32 ), x6 (N6 ) = (u41 , +∞), x7 (N7 ) = (u21, u52 ), x8 (N8 ) =
(0, +∞), x9 (N9 ) = (u11 , u22 ), x10 (N10 ) = (u31 , 0) e x11 (N11 ) = {u32 }, então {(xj , I j [Nj ])}1≤j≤11
é uma divisão de RB
+ , com N1 = ... = N10 = N e N11 = {t2 }. Veja a Figura 2.1.
I7
u52
I6
I8
I2
u42
I11
u32
I9 I1
I3 I5
u22
u12 I10
I4
u11 u21 u31 u41 u51
Agora, vamos nos direcionar para a questão de estabelecermos uma função calibre para RB , isto
é, uma regra que determine quais pares ponto-intervalo associados (x, I[N]) serão considerados,
como elementos de uma divisão, para formarem uma soma de Riemann que aproxime do valor da
integral em um espaço de dimensão infinita RB . Para fazermos isto, definiremos aplicações LB
B
sobre o conjuntos dos pontos associados R do domínio de integração RB , e aplicações δB sobre
B
R × F (B). Isto nos dará uma classe efetiva de funções calibre.
Definimos
B
LB : R → F (B), LB (x) ∈ F (B);
B
δB : R × F (B) → R∗+ , 0 < δB (x, N) < +∞.
γB := (LB , δB ). (2.3)
Vamos descrever, a seguir, a motivação para esta regra de formação dos intervalos que serão
usados na partição do domínio de integração para as somas de Riemann da integral.
No exemplo seguinte, mostramos diferentes maneiras pelas quais um intervalo cilíndrico pode
ser um subconjunto de um intervalo cilíndrico maior e, portanto, procuramos estabelecer regras
com as quais intervalos de partições sucessivas podem ser feitos sucessivamente pequenos.
34 Capítulo 2 — Integração em Espaços de Funções
Y
I 1 = [u11 , u41 [ × Rt = [u11 , u41[ ×RB\{t1 } .
t∈B, t6=t1
que é um subconjunto de I 2 cujos comprimentos dos lados restritos podem ser os mesmos compri-
mentos dos lados restritos de I 2 , mas para o qual existe uma coordenada restrita adicional cor-
respondente ao indíce t2 . Assim, podemos “encolher” sem mudar δ, mas requerendo que o
intervalo em questão contenha coordenadas restritas adicionais. E podemos fazer isso especifi-
cando algum conjunto minimal de coordenadas nas quais o intervalo deve ser restrito. Fazemos
este conjunto minimal L(x) depender do ponto associado x do intervalo em questão, exatamente
como fazemos com a restrição δ(x) do comprimento dos lados. O intervalo pode ser restrito na
coordenada adicional fora do conjunto minimal. Assim os lados podem ser tão pequenos quanto
desejarmos, desde que seus comprimentos sejam limitados por δ(x). Então podemos obter o “en-
colhimento” dos intervalos aumentando, sem limite, o tamanho do conjunto minimal, assim como
podemos obter um “encolhimento” fazendo decrescer o comprimento de δ(x) que limita os com-
primentos dos lados restritos.
B
Definição 2.4. Uma divisão E = {(x, I[N]) : x ∈ R e N ∈ F (B)} do domínio de integração é
γB -fina, ou é uma γB -divisão, se cada um dos pares (x, I[N]) for γB -fino. Neste caso, denotamos
E por EγB .
O espaço RB admite uma γB -divisão, onde γB é dada. Este resultado é enunciado a seguir e
uma prova para ele pode ser encontrada em [14], Teorema 1.
Teorema 2.5. Para qualquer conjunto infinito B e para qualquer função calibre γB dada, existe
uma divisão γB -fina de RB .
Suponhamos que h seja uma função que depende dos pares associados (x, I[N]). Às vezes,
B B
h(x, I[N]) não é definida para um certo ponto x ∈ R+ (ou R ) como, por exemplo, para aqueles
x tais que x(t) = 0 ou ∞, para t ∈ N. Neste caso, podemos tomar h(x, I[N]) como sendo zero e
esses termos são omitidos da soma de Riemann.
A integral de Riemann generalizada de uma função h de um par associado (x, I[N]) é definida
como segue (veja [24]).
36 Capítulo 2 — Integração em Espaços de Funções
Z
B
Definição 2.6. A função h é Riemann integrável generalizada sobre R , com integral α = h,
RB
se dado ǫ > 0, existir uma função calibre γB tal que
X
h(x, I[N]) − α < ǫ
(x, I[N ])∈Eγ
B
B
para toda γB -divisão EγB de R .
Às vezes, integramos funções h(I[N]) que não dependem dos pontos associados x das variáveis
I[N]. Em integração de Riemann generalizada, isto deve ser manuzeado com cuidado. Devemos
pensar no integrando como h(I[N]) = h(x, I[N]) para todo x associado a I[N]. Assim, embora a
P
variável x não apareça explicitamente no integrando, os termos h(I[N]) da soma de Riemann
ainda dependem dos x’s da divisão {(x, I[N])} que determina a soma de Riemann.
mais fácil fazermos isto primeiramente para a integral h2 , onde h2 é “equivalente”, no sentido
X
variacional, a h1 .
γ = (L, δ),
para toda γ1 -divisão Eγ1 de E. Então, para esta função calibre, temos
X X ǫ
ah1 (x, I[N]) − aα1
≤ |a|
h1 (x, I[N]) − α1
<
2
(x, I[N ])∈Eγ1 (x, I[N ])∈Eγ1
e o resultado segue.
isto é,
α1 < α2 + ǫ
Proposição 2.8. A função h será integrável em E no sentido da integral Riemann generalizada se,
e somente se, dado ǫ > 0, existir uma função calibre ηǫ tal que, se E1 e E2 forem divisões ηǫ −finas
de E, então teremos
X X
h(x, I[N]) − h(x, I[N]) < ǫ.
(x, I[N ])∈E1 (x, I[N ])∈E2
Demonstração: (⇒) Seja H a integral de h em E. Dado ǫ > 0, existe uma função calibre
γǫ = (Lǫ , δǫ ) tal que
X
ǫ
h(x, I[N]) − H < .
2
(x, I[N ])∈Eγǫ
δǫ
Tomando δ ǫ = e ηǫ = (Lǫ , δ ǫ ), então para quaisquer divisões E1 e E2 ηǫ −finas de E, valem
2
X ǫ
h(x, I[N]) − H <
2
(x, I[N ])∈E1
2.3 Propriedades da Integral 39
e
X
ǫ
h(x, I[N]) − H < .
2
(x, I[N ])∈E2
Portanto,
X X
h(x, I[N]) − h(x, I[N]) < ǫ.
(x, I[N ])∈E1 (x, I[N ])∈E2
(⇐) Para cada n ∈ N, considere a função calibre γn = (Ln , δn ) tal que, se E1 e E2 forem
divisões γn −finas de E, então
X X 1
h(x, I[N]) − h(x, I[N]) < .
n
(x, I[N ])∈E1 (x, I[N ])∈E2
Podemos supor que δn (x, N) ≥ δn+1 (x, N), para todo (x, N) ∈ E × F , n ∈ N, pois caso con-
trário, poderíamos substituir δn por δn′ (x, N) = min{δ1 (x, N), ..., δn (x, N)}. Supomos também
que Ln+1 (x) ⊇ Ln (x), com x ∈ E.
Para cada n ∈ N, seja En uma divisão γn −fina de E. Se m > n, então Em também será uma
divisão γn −fina de E. Logo, vale
X X 1
h(x, I[N]) − h(x, I[N]) < ,
n
(x, I[N ])∈En (x, I[N ])∈Em
X
para m > n. Conseqüentemente, a seqüência h(x, I[N]) é uma seqüência de
(x, I[N ])∈Em
m≥1
Cauchy em R. Seja H1 seu limite. Fazendo m → +∞, obtemos
X
1
h(x, I[N]) − H1 < ,
n
(x, I[N ])∈En
para todo n ∈ N.
2
Logo, dado ǫ > 0, seja K ∈ N satisfazendo K > . Se E for uma divisão γK −fina, então
ǫ
teremos
X
h(x, I[N]) − H1 ≤
(x, I[N ])∈E
40 Capítulo 2 — Integração em Espaços de Funções
X X X
≤
h(x, I[N]) − h(x, I[N]) +
h(x, I[N]) − H1 <
(x, I[N ])∈E (x, I[N ])∈EK (x, I[N ])∈EK
1 1
< + < ǫ.
K K
e a prova está completa.
Proposição 2.9. Se h for Riemann integrável generalizada em E, então h será Riemann integrável
generalizada em P , para cada P ⊆ E.
Demonstração: Como h é integrável em E, dado ǫ > 0, existe uma função calibre γ = (L, δ) tal
que
X
ǫ
h(x, I[N]) − α < ,
2
(x, I[N ])∈Eγ
para toda γ-divisão Eγ de E. Para cada P ⊆ E, temos Eγ = Eγ1 ∪ Eγ2 tal que Eγ1 é uma divisão de P
e Eγ2 é uma divisão de E \ P . Seja, agora, Fγ = Eγ3 ∪ Eγ2 tal que Eγ3 é uma γ-divisão de P . Sejam
X
α= h(x, I[N]),
(x, I[N ])∈Eγ1
X
β= h(x, I[N])
(x, I[N ])∈Eγ3
e
X
ξ= h(x, I[N]).
(x, I[N ])∈Eγ2
Então Z Z
ǫ ǫ
α + ξ − h< β + ξ − h< .
2 e 2
E E
Assim, vale
|α − β| < ǫ,
isto é,
X X
h(x, I[N]) − h(x, I[N]) < ǫ,
(x, I[N ])∈Eγ1 (x, I[N ])∈Eγ3
onde Eγ1 e Eγ3 são quaisquer partições de P . Portanto, o resultado segue pela Proposição 2.3.2.
2.4 A integral de Wiener 41
Teorema 2.10. Suponhamos que, para cada par de associados (x, I[N]), a sequência hj (x, I[N]),
j = 1, 2, 3, ..., seja uma sequência real de funções Riemann integráveis generalizadas em E
que é convergente para a função h(x, I[N]), quando j → +∞. Suponhamos que g0 (x, I[N])
seja uma função real positiva definida em I, x, N, que é Riemann integrável generalizada em
E. Suponhamos ainda que, dado ǫ > 0, existam uma função calibre γ1 e um número inteiro
j0 = j0 (x, I[N]) > 0 tais que
para quaisquer j > j0 e (x, I[N]) ∈ Eγ1 . Se g1 (x, I[N]) e g2 (x, I[N]) forem funções Riemann
integráveis generalizadas em E, e existir uma função calibre γ2 tal que
para cada j e para cada par de associados γ2 -finos, (x, I[N]), então h será integrável no sentido
da integral de Riemann generalizada em E e
Z Z
lim hj (x, I[N]) = h(x, I[N]).
j→+∞ E E
Se 0 = t0 < t1 < ... < tn = τ e xt for uma função de posição de uma partícula que
segue um movimento browniano, então a probabilidade de que esta partícula, com posição inicial
zero, seja encontrada em uj ≤ xj < vj , no tempo tj , 1 ≤ j ≤ n − 1, e em ξ, no tempo τ , é
Z v1 Z vn−1
w(I) = ... ρ(x1 , t1 )ρ(x2 − x1 , t2 − t1 )...ρ(xn − xn−1 , tn − tn−1 )dx1 ...dxn−1 ,
u1 un−1
onde s
(xj − xj−1 )2
1
ρ(xj − xj−1 , tj − tj−1 ) = exp −
4πD(tj − tj−1) 4D(tj − tj−1 )
42 Capítulo 2 — Integração em Espaços de Funções
N. Wiener [35] mostrou que esta função de intervalos, w(I), produz uma medida no espaço C
das funções contínuas x definidas em ]0, τ [, com x(0) = 0 e x(τ ) = ξ.
A seguir, apresentaremos com detalhes este tratamento feito por P. Muldowney em [24].
Consideremos R]0, τ [ o espaço das funções a valores reais x definidas em ]0, τ [, com x(0) = 0
e x(τ ) = ξ, onde ξ ∈ R. Sejam 0 = t0 < t1 < ... < tn = τ , N = {t1 , t2 , ..., tn−1 } e x(tj ) = xj ,
0 ≤ j ≤ n, tal que x0 = 0 e xn = ξ. Definamos I(tj ) = Ij = [uj , vj [ e ∆Ij = vj − uj ,
1 ≤ j ≤ n − 1. Seja y = (y1 , ..., yn−1) ∈ I1 × ... × In−1 . Definamos, agora, as seguintes funções:
n n
1 (xj − xj−1 )2 Y
Y
w(x, N) = exp − [2π(tj − tj−1 )]−1/2 ,
j=1
2 tj − tj−1 j=1
n
Y
w(I, x, N) = w(x, N) ∆Ij
j=1
e Z Z
w(I, N) = ... w(y, N)dy1 ...dyn−1 . (2.4)
In−1 I1
Lema 2.11. Sejam a, b, u, v ∈ R, com a > 0, b > 0, e consideremos, também, a função h(α)
dada por
r r
a −a(u−α)2 b −b(α−v)2
h(α) = e e .
π π
Então h é Riemann integrável e vale
r s
+∞
r
a −a(u−α)2 b −b(α−v)2 ab ab
Z
2
e e dα = exp − (u − v) .
−∞ π π π(a + b) a+b
2.4 A integral de Wiener 43
Observação 2.1. No Exemplo 2.3, apresentado na Seção 2.2 deste capítulo, o conjunto N para o
qual o par associado (x, I[N]) pertence à divisão E não é o mesmo para todos os pares associ-
ados. De fato, temos N = {t2 } para o par (x, I 11 [N]), enquanto {t1 , t2 } é o conjunto N para
os demais intervalos, digamos, I1 , I2 , ..., I10 . Tomando M = ∪{N : (x, I[N]) ∈ E} = {t1 , t2 },
X X
podemos representar a soma de Riemann w(I, N) como w(I, M), onde
(x, I[N ])∈E (x, I[M ])∈E
X
w(I, M) =
(x, I[M ])∈E
2
1 (y2 −y1 )2 1 (y3 −y2 )2
Z +∞ Z exp
+∞ − 12 (yt11−y
−t0
0)
exp − 2 t2 −t1 exp − 2 t3 −t2
= p p p dy1 dy2.
−∞ −∞ 2π(t1 − t0 ) 2π(t2 − t1 ) 2π(t3 − t2 )
De fato, pelo Lema 2.11, temos
2
1 (y3 −y2 )2
Z exp − 12 (yt22−y
Z u42
−t0
0)
exp − 2 t3 −t2
w(I, N) = p p dy2 =
I11 u32 2π(t2 − t0 ) 2π(t3 − t2 )
Z u42 Z +∞ exp − 1 (y1 −y0 )2 exp − 1 (y2 −y1 )2 exp − 1 (y3 −y2 )2
2 t1 −t0 2 t2 −t1 2 t3 −t2
= p p p dy1 dy2.
u32 −∞ 2π(t1 − t0 ) 2π(t2 − t1 ) 2π(t3 − t2 )
Portanto, basta utilizarmos a propriedade de aditividade da integral.
A função w(I, N) dada por (2.4) é Riemann integrável generalizada em todo intervalo ele-
mentar E ⊆ R]0, τ [ , como mostra o próximo resultado.
Teorema 2.12. A função de Wiener w(I, N) definida em (2.4) é Riemann integrável generalizada
em todo intervalo elementar E ⊆ R]0, τ [ . Em particular, vale
2
1 ξ
Z
w(I, N) = √ exp − .
R]0, τ [ 2πτ 2τ
Demonstração: Consideremos uma divisão E = {(x, I[N])} de R]0, τ [ , onde N ∈ F (]0, τ [).
Então a soma de Riemann da função w(I, N) é dada por
X X Z Z
w(I, N) = ... w(y, N)dy1 ...dyn−1.
(x, I[N ])∈E (x, I[N ])∈E In−1 I1
Seja M = ∪{N : (x, I[N]) ∈ E} e enumeremos M como {t1 , ..., tm−1 }, onde τ ′ = t0 , τ = tm e
t0 < t1 < ... < tm−1 < tm .
44 Capítulo 2 — Integração em Espaços de Funções
Cada termo de w(I, N) na soma de Riemann pode ser reescrito como w(I, M). Basta inserir-
mos expressões adicionais “yj ” na expressão de w(y, N) e integrarmos de −∞ a +∞ nos yj ’s
extras. Então a soma de Riemann torna-se
X X Z Z
w(I, M) = ... w(y, M)dy1 ...dym−1 ,
(x, I[M ])∈E (x, I[M ])∈E Im−1 I1
onde M é um conjunto fixo de dimensões. Note que, agora, estamos lidando com uma soma de
Riemann de uma integral em dimensão m − 1. Assim cada termo na soma de Riemann é uma
integral sobre I[M] ⊂ Rm−1 e, pela aditividade finita desta integral em Rm−1 , temos
X Z +∞ Z +∞
w(I, M) = ... w(y, M)dy1 ...dym−1 . (2.5)
(x, I[M ])∈E −∞ −∞
Portanto, dado ǫ > 0, para qualquer função calibre γ, se (x, I[N]) ∈ Eγ , com L(x) ⊆ N, então
teremos
X 2
1 ξ
w(I, N) − √ exp − < ǫ.
(x, I[N ])∈Eγ 2πτ 2τ
2
1 ξ
Z
Portanto w(I, N) = √ exp − e a prova está completa.
R]0, τ [ 2πτ 2τ
Suponhamos que U seja uma função a valores reais definida em R. Para N = {t1 , ..., tn−1 } ⊆
]0, τ [ e x ∈ R]0, τ [ , seja
Definamos !
n
X
u(x, N) = exp − Uj−1 (tj − tj−1 )
j=1
2.4 A integral de Wiener 45
e Z
u(I, N) = u(x, N)w(x, N)dx(N).
I(N )
1 (ζ − xn−1 )2
1
h(ζ, σ) = p exp − − Un−1 (σ − tn−1 ) ,
2π(σ − tn−1 ) 2 σ − tn−1
W1 (I, x, N) =
n−1 n−1 !
Y 1 X 1 (xj − xj−1 )2
= exp − + Uj−1 (tj − tj−1 ) ∆I(N)
−
p
j=1
2π(tj − tj−1 ) j=1
2 tj tj−1
e
W2 (I, x, N; ζ, σ) = h(ζ, σ)W1 (I, x, N).
Z
Em [24], P. Muldowney provou que φ(ξ, τ ) = u(I, N) é uma representação de Feynman-
R]0, τ [
Kac da solução de
∂φ 1 ∂2φ
= − U(ξ)φ,
∂τ 2 ∂ξ 2
desde que U ≥ 0 seja contínua em ξ, W2 (I, x, N; ζ, σ) seja Riemann integrável generalizada em
∂φ
R]0, τ [ para 0 ≤ σ − τ < η, 0 ≤ |ζ − ξ| < η e a derivada parcial exista.
∂τ
No próximo capítulo, vamos estender estes resultados para processos com impulsos.
C APÍTULO
3
Integral de Wiener para um processo
com impulsos
3.1 Introdução
47
48 Capítulo 3 — Integral de Wiener para um processo com impulsos
Neste capítulo, consideraremos a função volume µ(I) para um processo impulsivo {zt } cor-
respondente à função de Wiener w(y, N), provaremos que esta função é integrável no sentido da
integral de Riemann generalizada em um espaço de funções e estudaremos algumas propriedades
de funções que dependem de um processo com impulsos.
Seja {xt }t≥0 um movimento browniano. Suponhamos que, no instante tj−1 > 0, a função de
posição seja xj−1 = x(tj−1 ). Assim, para um instante posterior tj , o incremento xj − xj−1 é dado
por uma distribuição normal, com média zero e variância tj − tj−1 . Portanto a probabilidade de
que xj = x(tj ) ∈ [uj , vj [ será
vj
1 (yj − xj−1 )2
1
Z
exp − dyj .
2 tj − tj−1
p
2π(tj − tj−1 ) uj
No que segue, apresentaremos uma versão para as expressões (3.1) e (3.2), quando o movi-
mento browniano estiver sujeito a condições de impulsos em alguns momentos de tempo.
′ ′
Dado x ∈ R]τ , τ [ , definamos um processo z ∈ R]τ , τ [ da seguinte forma
onde τp+1 := τ . A Figura 3.1, ilustra o comportamento do processo impulsivo z(t), τ ′ < t < τ ,
′
onde x ∈ C(]τ ′ , τ [), sendo C(]τ ′ , τ [) o subconjunto de todas as funções contínuas em R]τ , τ [ .
x(t)
z(t)
◦
◦
τ′ τ1 τp τ t
′
Figura 3.1: Processo z ∈ R]τ , τ [ .
Definamos, agora, a função volume para um processo impulsivo. Para isso, definamos, primeira-
mente, a função para um processo impulsivo correspondente à função de Wiener w(y, N), repre-
sentada por gI (y, N) e dada por
(yj −yj−1 )2 (yj −(yj−1 −J(yj )))2
Y exp − 12 tj −tj−1 Y exp − 12 tj −tj−1
p p
j∈N \J
2π(tj − tj−1 ) j∈J 2π(tj − tj−1 )
que é igual a
(yj −yj−1 )2 (J(yj )+yj −yj−1 )2
Y exp − 21 tj −tj−1 Y exp − 12 tj −tj−1
p p . (3.5)
j∈N \J
2π(tj − tj−1 ) j∈J
2π(t j − tj−1 )
Definição 3.1. Sejam I(tj ) = Ij = [uj , vj [, ∆Ij = vj −uj , 1 ≤ j ≤ n−1 e I(N) = I1 ×...×In−1 .
A função volume para um processo com impulsivos nos instantes τ1 , ..., τp é definida por
Z
QI (I[N]) = gI (y, N)dy(N).
I(N )
50 Capítulo 3 — Integral de Wiener para um processo com impulsos
Seja C(R, R) o conjunto das funções contínuas definidas em R a valores reais. Consideremos
o seguinte conjunto
Z +∞ exp − 1 (J(yj )+yj −yj−1 )2
tj −tj−1
2
Z = J ∈ C(R, R) : p dyj = 1, j = 1, 2, ..., p .
−∞ 2π(tj − tj−1 )
Definição 3.2. Sejam J ∈ Z e z um processo impulsivo dado pelas equações (3.3) − (3.4). Então
QI (I[N]) será uma função distribuição de probabilidades, ou seja, a probabilidade de xj ∈ Ij ,
para 1 ≤ j ≤ n − 1, com x(τ ′ ) = ξ ′ e x(τ ) = ξ.
E nosso objetivo, agora, é mostrar que a função GI (x, I[N]) é integrável no sentido da integral de
′
Riemann generalizada em R]τ , τ [ . Para provarmos isso, vamos mostrar um resultado auxiliar.
i) f é mensurável em J;
ou Z Z
A2 = g(x, y)dx dy < ∞,
K H
então f será Riemann integrável generalizada em J e
ZZ Z Z
f= f (x, y)dy dx.
J H K
3.2 A Função volume para um processo com impulsos 51
1 (yk − ξ ′ )2
1
φ1 (yk , tk ) = p exp − ,
2π(tk − τ ′ ) 2 tk − τ ′
1 (ξ − yip )2
1
φ2 (yip , tip ) = p exp −
2π(τ − tip ) 2 τ − tip
e
1 (yij+1 −1 − yij )2
1
Φj (yij , yij+1 −1 , tij , tij+1 −1 ) = p exp − ,
2π(tij+1 −1 − tij ) 2 tij+1 −1 − tij
para j = 1, 2, ..., p − 1.
A seguinte Proposição 3.5 diz que, dado y = (y1 , . . . , yn−1) ∈ Rn−1 , a função gI (y, N)
definida pela equação (3.5) é Riemann integrável generalizada com respeito a y em Rn−1 .
Demonstração: Seja I = {τ1 , τ2 , ..., τp } = {ti1 , ti2 , ..., tip }, com ij ∈ {1, 2, ..., n − 1} para
1 ≤ j ≤ p. Consideremos
1 (yj − yj−1)2
1
ψj (yj , yj−1) = p exp − , j ∈ N \J,
2π(tj − tj−1 ) 2 tj − tj−1
e
1 (J(yj ) + yj − yj−1)2
1
ϕj (yj , yj−1 ) = p exp − , j ∈ J.
2π(tj − tj−1 ) 2 tj − tj−1
1 (yi1 −1 − ξ ′ )2
1
=p exp − = φ1 (yi1 −1 , ti1 −1 ), (3.6)
2π(ti1 −1 − τ ′ ) 2 ti1 −1 − τ ′
Z +∞ Z +∞
... ψij +1 (yij +1 , yij )...ψij+1 −1 (yij+1 −1 , yij+1 −2 )dyij +1 ...dyij+1 −2 =
−∞ −∞
1 (yij+1 −1 − yij )2
1
=p exp − = Φj (yij , yij+1 −1 , tij , tij+1 −1 ), (3.7)
2π(tij+1 −1 − tij ) 2 tij+1 −1 − tij
j = 1, 2, ..., p − 1, e
Z +∞ Z +∞
... ψip +1 (yip +1 , yip )...ψn (yn , yn−1 )dyip +1 ...dyn−1 =
−∞ −∞
1 (ξ − yip )2
1
=p exp − = φ2 (yip , tip ). (3.8)
2π(τ − tip ) 2 τ − tip
Assim, tomando tip +ℓ := tn−1 , ℓ ∈ N, das equações (3.6), (3.7) e (3.8), obtemos
"i −2 # "p−1 # ℓ
Z +∞ Z +∞ Y1 Y Y
... gI (y, N) dyj dyij +1 ...dyij+1 −2 dyip +j = (3.9)
−∞ −∞ j=1 j=1 j=1
"p−1 #
Y
= φ1 (yi1 −1 , ti1 −1 ) ϕij (yij , yij −1 )Φj (yij , yij+1 −1 , tij , tij+1 −1 ) ϕip (yip , yip −1 )φ2 (yip , tip ).
j=1
3.2 A Função volume para um processo com impulsos 53
e Z +∞
Φj (yij , yij+1 −1 , tij , tij+1 −1 )ϕij+1 (yij+1 , yij+1 −1 )dyij+1 −1 = (3.11)
−∞
"p−1 #
Y
= φ1 (J(yi1 ), ti1 ) Φj (yij , J(yij+1 ), tij , tij+1 ) φ2 (yip , tip ). (3.12)
j=1
e
F (yi1 , ..., yip ) = φ1 (J(yi1 ), ti1 )f (yi1 , ..., yip ).
f (yi , ..., yip )
Então F é contínua, |F (yi1 , ..., yip )| ≤ p 1 e
2π(ti1 − τ ′ )
+∞ +∞
f (yi , ..., yip ) 1
Z Z
... p 1 dyi1 ...dyip = p .
−∞ −∞ 2π(ti1 − τ ′ ) 2π(ti1 − τ ′ )
Pelo Corolário do Teorema de Tonelli (Corolário 3.4), podemos concluir que gI (y, N) é integrável
com respeito a y em Rn−1 e vale
Z
gI (y, N)dy1 ...dyn−1 =
Rn−1
Z +∞ Z +∞
= ... gI (y, N)dy1 dy2 ...dyn−1 =
−∞ −∞
"p−1 # p
Z +∞ Z +∞ Y Y
= ... φ1 (J(yi1 ), ti1 ) Φj (yij , J(yij+1 ), tij , tij+1 ) φ2 (yip , tip ) dyij ,
−∞ −∞ j=1 j=1
Teorema 3.6. A função GI (x, I[N]) é Riemann integrável generalizada, isto é, a integral
Z
GI (x, I[N])
′, τ [
R]τ
existe.
′
Demonstração: Consideremos uma divisção E = {(x, I[N])} de R]τ , τ [ , onde cada N escolhido
é tal que I ⊆ N ∈ F (]τ ′ , τ [). Então a soma de Riemann de GI é dada por
X X
GI (x, I[N]) = QI (I[N]).
(x, I[N ])∈E (x, I[N ])∈E
Seja M = ∪{N : (x, I[N]) ∈ E} e enumeremos M como {t1 , ..., tm−1 }, onde τ ′ = t0 , τ = tm e
t0 < t1 < ... < tm−1 < tm . Cada termo QI (I[N]) da soma de Riemann pode ser reescrito como
QI (I[M]); basta inserirmos yj ’s adicionais na expressão de gI , j ∈ N \ J , e integrarmos de −∞
a +∞ sobre os yj ’s extras. Então a soma de Riemann torna-se
X
QI (I[M]),
(x, I[M ])∈E
com M sendo um conjunto fixo de dimensões. Desta maneira, estamos lidando com uma soma
de Riemann de uma integral em m − 1 dimensões. Logo, cada termo da soma de Riemann é uma
3.2 A Função volume para um processo com impulsos 55
integral sobre I[M] ⊂ Rm−1 e, pela propriedade de aditividade finita desta integral em Rm−1 ,
temos
X Z +∞ Z +∞
QI (I([M]) = ... gI (y, M)dy1 ...dym−1 . (3.13)
(x, I[M ])∈E −∞ −∞
como
"p−1 # p
Z +∞ Z +∞ Y Y
... φ1 (J(yi1 ), ti1 ) Φj (yij , J(yij+1 ), tij , tij+1 ) φ2 (yip , tip ) dyij . (3.14)
−∞ −∞ j=1 j=1
Seja β o valor da integral em (3.14). Assim, dado ǫ > 0, para qualquer função calibre γ escolhida
tal que L(x) ⊇ I, para todo (x, I[N]) ∈ Eγ , I ⊆ L(x) ⊆ N implica que
X
G I (x, I[N]) − β < ǫ.
(x, I[N ])∈Eγ
Z
Portanto GI (x, I[N]) = β e a prova está completa.
R]τ ′ , τ [
n−1
Y
Mostraremos, a seguir, que as expressões gI (x, N) ∆Ij e GI (x, I[N]) são variacional-
j=1
′
mente equivalentes em R]τ , τ [ . Este resultado será conseqüência da Proposição 3.7, que apresenta-
mos na seqüência.
Proposição 3.7. Seja k(x(N)) = k(x(t1 ), ..., x(tn−1 )) uma função real que depende das var-
iáveis (x(t1 ), ..., x(tn−1Z)). Se k for contínua em cada xj , 1 ≤ j ≤ n − 1, então as expressões
′
k(x(N))qI (x, I[N]) e k(y(N))gI (y, N)dy(N) serão variacionalmente equivalentes em R]τ , τ [ ,
I(N )
sempre que a integral de uma delas existir.
56 Capítulo 3 — Integral de Wiener para um processo com impulsos
Demonstração: Seja ǫ > 0 dado. Como o operador impulso J é uma função contínua, para
]τ ′ ,τ [
x ∈ R , podemos escolher L(x) e δ(x, N) tais que, se N ⊇ L(x) ⊇ I, (I(N), x(N)) for
δ−fina e se y ∈ I(N), então teremos
ǫp
|k(x(N))gI (x, N) − k(y(N))gI (y, N)| < 2π(ti1 − τ ′ )gI (x, I)
4
e
1
gI (y, N) > gI (x, N).
2
Logo, Z
k(x(N))qI (x, I[N]) − k(y(N))gI (y, N)dy(N) =
I(N )
n−1
Y Z
= k(x(N))gI (x, N) ∆Ij − k(y(N))gI (y, N)dy(N) =
I(N )
j=1
Z
= [k(x(N))gI (x, N) − k(y(N))gI (y, N)] dy(N) ≤
I(N )
ǫp
Z
≤ ′
2π(ti1 − τ ) gI (y, N)dy(N).
2 I(N )
Assim, podemos escolher uma função calibre γ tal que, para toda divisão Eγ , vale
Z
X
k(x(N))qI (x, I[N]) − k(y(N))g I (y, N)dy(N) ≤
(x, I[N ])∈Eγ I(N )
ǫp X Z
≤ 2π(ti1 − τ ′ ) gI (y, N)dy(N) =
2 I(N )
(x, I[N ])∈Eγ
ǫp
Z
= 2π(ti1 − τ ′ ) gI (y, N)dy(N) < ǫ.
2 Rn−1
Portanto,
Z Z Z
k(x(N))qI (x, I[N]) = k(y(N))gI (y, N)dy(N)
′ ,τ [ ′ ,τ [
R]τ R]τ I(N )
Corolário 3.8. As expressões qI (x, I[N]) e GI (x, I[N]) são variacionalmente equivalentes em
′
R]τ , τ [ .
3.2 A Função volume para um processo com impulsos 57
Definição 3.10. Seja M = {T1 , ..., Tm } ⊂ ]τ ′ , τ [. Dizemos que um funcional h que satisfaz
′
h(x) = h(x(M)) para todo x ∈ R]τ , τ [ é um funcional cilíndrico.
Note que h depende somente dos valores das coordenadas de x em T1 , ..., Tm , e podemos tratar
′
isso como uma função de x(M) ∈ Rm ou como uma função de x ∈ R]τ ,τ [ .
Se τi < T1 < T2 < τi+1 para algum i ∈ {0, 1, 2, ..., p}, τ0 = τ ′ e τp+1 = τ , definamos
1 (xτj + J(xτj ) − xτj−1 )2
i exp −
Y 2 τj − τj−1
H1 (x, M) = h(x(M)) ×
p
j=1 2π(τj − τj−1 )
O próximo teorema estabelece condições sobre H1 (x, M) e H2 (x, M) para que a função
′
HI (I[N]) seja Riemann integrável generalizada em R]τ ,τ [ .
Teorema 3.11. Suponhamos que h, uma função de x(M) = (x(T1 ), x(T2 )) ∈ R2 , seja positiva e
contínua em quase toda parte.
1. Se τi < T1 < T2 < τi+1 para algum i ∈ {0, 1, ..., p} e H1 (x, M) for Riemann integrável
generalizada em Rp+2 com respeito às variáveis xτ1 , ..., xτi , xT1 , xT2 , xτi+1 , ..., xτp , então
′
HI (I[N]) será Riemann integrável generalizada em R]τ ,τ [ , e
Z Z
HI (I[N]) = H1 (x, M)dxτ1 ...dxτi dxT1 dxT2 dxτi+1 ...dxτp .
R]τ ′ ,τ [ Rp+2
2. Se T1 = τi e T1 < T2 < τi+1 para algum i ∈ {1, 2, ..., p} e H2 (x, M) for Riemann
integrável generalizada em Rp+1 com respeito às variáveis xτ1 , ..., xτi , xT2 , xτi+1 , ..., xτp ,
′
então HI (I[N)] será Riemann integrável generalizada em R]τ ,τ [ , e
Z Z
HI (I[N]) = H2 (x, M)dxτ1 ...dxτi dxT2 dxτi+1 ...dxτp .
R]τ ′ ,τ [ Rp+1
′
Demonstração: Provemos o item 1. Seja E = {(x, I[N])} uma divisão de R]τ , τ [ , onde cada N é
tal que I ⊆ N ∈ F (]τ ′ , τ [)}. Seja
Z
HI (I[N]) = h(x(M))gI (x, N)dx1 ...dxn−1 .
I(N )
Tomemos O = ∪{N : (x, I[N]) ∈ E} e enumeremos O como {t1 , ..., tr−1 }, onde τ ′ = t0 , τ = tr
e t0 < t1 < ... < tr−1 < tr . Como na prova do Teorema 3.6, cada termo HI (I[N]) da soma de
Riemann pode ser reescrito como HI (I[O]). Assim, pela aditividade finita da integral, a soma de
3.2 A Função volume para um processo com impulsos 59
Riemann torna-se
X X X Z
HI (I[N]) = HI (I[O]) = h(x(M))gI (x, O)dx1 ...dxr−1 .
(x, I[N ])∈E (x, I[O])∈E (x, I[O])∈E I(O)
Mas, Z
X
h(x(M))gI (x, O)dx1 ...dxr−1 =
(x, I[O])∈E I(O)
Z +∞ Z +∞
= ... h(x(M))gI (x, O)dx1 ...dxr−1 =
−∞ −∞
Z +∞ Z +∞
(∗)
= ... H1 (x, M)dxτ1 ...dxτi dxT1 dxT2 dxτi+1 ...dxτp ,
−∞ −∞
Dado ǫ > 0, podemos escolher uma função calibre γ tal que, para toda divisão Eγ , tenhamos
X
H I (I[N]) − β < ǫ.
(x, I[N ])∈Eγ
Z
Portanto HI (I[N]) = β.
R]τ ′ , τ [
j ]τ ′ , τ [ 1 1
X = x∈R : ≤ lim sup |x(T2 ) − x(T1 )|2 ≤ ,
j T2 →T1 j−1
j = 2, 3, ....
r
[ +∞
[
j
Lema 3.13. Sendo D = r
X , temos D1 = Dr .
j=1 r=1
60 Capítulo 3 — Integral de Wiener para um processo com impulsos
Provaremos, a seguir, que GI (x, I[N]) é Riemann integrável generalizada em D r , com integral
igual a zero e, então, concluiremos que esta função é Riemann integrável generalizada em D1 , com
integral igual a zero.
Z
Lema 3.14. Para r = 1, 2, 3, ..., GI (x, I[N]) existe e é igual a zero.
Dr
1 (xτ − xτp )2
exp −
2 τ − τp
× p dxτ1 ...dxτi dxT1 dxT2 dxτi+1 ...dxτp
2π(τ − τp )
|T2 − T1 |
≤ς= p ,
2π(τ1 − τ ′ )
onde a última desigualdade segue do Teorema de Tonelli (Teorema 3.3).
X Z
j
≥ χ(X , x) (xT2 − xT1 )2 gI (x, O)dx1 ...dxr−1 ≥
(x, I[O])∈Eγ I(O)
1 X Z
j
≥ χ(X , x) gI (x, O)dx1 ...dxr−1 =
j I(O)
(x, I[O])∈Eγ
1 X
= χ(X j , x)GI (x, I[O]).
j
(x, I[O])∈Eγ
Z símbolo O na passagem (∗) é dado por O = ∪{N : (x, I[N]) ∈ Eγ }. Como ǫ é arbitrário,
O
χ(X j , x)GI (x, I[N]) = 0 para todo j = 1, 2, .... Então, pela propriedade de aditividade
]τ ′, τ [
R Z
finita da integral, χ(D r , x)GI (x, I[N]) = 0.
R]τ ′ , τ [
Se T1 ∈ {τ1 , ..., τp }, então T1= τi para algum i∈ {1, 2, ..., p}. Consideremos T1 < T2 < τi+1 .
Z +∞
|xT − xτi |2 1 (xT2 − xτi )2
Como p 2 exp − dxτi = |T2 − T1 |, então
−∞ 2π(T2 − τi ) 2 T2 − τi
1 (xτj + J(xτj ) − xτj−1 )2
Z +∞ Z +∞ i exp −
|xT2 − xT1 |2 Y 2 τj − τj−1
... ×
p p
′
2π(τ1 − τ ) j=2 2π(τj − τj−1 )
−∞ −∞
62 Capítulo 3 — Integral de Wiener para um processo com impulsos
com h(x(M)) = (xT2 − xT1 )2 na expressão de H2 (x, M). O resto da prova segue por um argu-
mento análogo.
Z
Teorema 3.15. A integral GI (x, I[N]) existe e é igual a zero.
D1
+∞
[
Demonstração: Note que D1 = D r e D r ⊂ D r+1 . Para cada par de associados (x, I[N]),
r=1
definamos
fk (x, I[N]) = χ(D k , x)GI (x, I[N]), k = 1, 2, 3....
k→+∞
fk (x, I[N]) −→ f0 (x, I[N]),
|f0 (x, I[N])| ≤ GI (x, I[N]) e |fk (x, I[N])| ≤ GI (x, I[N]), k = 1, 2, 3, . . . .
para k > k1 e para todo par de associados (x, I[N]). Pelo Teorema 3.6, GI (x, I[N]) é Riemann
′
integrável generalizada em R]τ , τ [ . Pelo Teorema 2.10, f0 é Riemann integrável generalizada em
′
R]τ , τ [ e vale Z Z
f0 (x, I[N]) = lim fk (x, I[N]).
R]τ
′, τ [ k→+∞ R]τ
′, τ [
4
Uma equação diferencial do tipo
Schrödinger com impulsos
4.1 Introdução
X
z = {zt } = {z(t) : t ∈ ]τ ′ , τ [}, onde z(t) = x(t) + Ji ,
τi ≤t
está sujeito a uma força externa que produz uma manifestação adicional no processo em questão.
Representaremos esta força externa pela função potencial V , que depende da função de posição
z(t) em qualquer momento de tempo t.
Uma função de estado, φ(ξ, τ ), que descreve a evolução desde sistema, com ξ := x(τ ), é
freqüentemente obtida como uma solução de uma equação de difusão parabólica apropriada e, às
65
66 Capítulo 4 — Uma equação diferencial do tipo Schrödinger com impulsos
Nossa investigação é restrita a uma função impulso J, que é determinística e depende da função
de posição z(t). Os impulsos ocorrem em tempos pré-fixados τi , i = 1, 2, . . . , p. Finalizaremos
este capítulo apresentando um exemplo que ilustra a teoria em questão, exibindo o valor explícito
de φ quando os impulsos e a função V são constantes.
Iniciaremos esta seção apresentando o conceito de solução para uma equação diferencial par-
cial com impulsos. Tais conceitos, que apresentamos a seguir, foram inspirados nos conceitos
apresentados por J. Luo em [22].
Suponhamos que 0 = τ0 < τ1 < τ2 < ... < τp < τ sejam números dados e τ ∈ ]0, +∞[.
Definamos
∆ = R × [0, τ ],
Γp = {(ψ, t) : ψ ∈ R, t ∈ ]τp , τ [} ,
Γp = {(ψ, t) : ψ ∈ R, t ∈ [τp , τ [} ,
p p
[ [
Γ= Γk e Γ = Γk .
k=0 k=0
ii) para cada k, k = 1, ..., p, o limite lim u(ν, t) = u(ψ, τk− ), ψ ∈ R, existe.
(ν, t)→(ψ, τk− )
iii) para cada k, k = 1, ..., p, o limite lim u(ν, t) = u(ψ, τk+ ), ψ ∈ R, existe.
(ν, t)→(ψ, τk+ )
Consideremos a seguinte equação diferencial parcial do tipo Schrödinger definida para todo
(ψ, t) ∈ Γ
∂ 1 ∂2
u(ψ, t) − u(ψ, t) + V (ψ)u(ψ, t) = 0, (4.1)
∂t 2 ∂ψ 2
e sujeita à condição de impulso
Definição 4.1. Diremos que uma função u : ∆ → R é uma solução do problema (4.1) − (4.2) se
as seguintes condições estiverem satisfeitas
i) u ∈ K(∆, R);
ii) as derivadas ut (ψ, t), uψψ (ψ, t) existem para cada (ψ, t) ∈ Γ;
Consideremos UI como sendo uma função com valores reais defina em R que admite derivada
de segunda ordem.
e
r−1
Y
qI (x, N (s) , I (s) ) = gI (x, N (s) ) ∆Ij .
j=1
Pela prova que P. Muldowney fez na Proposição 41, [24], podemos concluir que as expressões
′
WI (x, N (s) , I (s) ; ς, s), vI (N (s) , I (s) ; ς, s) e e−UI (xr−1 )(s−τ ) GI (x, I[N (s) ]) são variacionalmente
′
equivalentes em R]τ , s[ . Portanto, temos o resultado seguinte.
I(ξ1 , τ1 , u(ξ1 , τ1 )) = A1 ,
com
(x +J(x )−ξ ′ )2 (x −ξ ′ )2
exp − 12 i1 τ1 −τi1′ − UI (ξ1 )(τ1 − τ ′ ) exp − 12 τi11 −τ ′ − UI (ξ1)(τ1 − τ ′ )
A1 = p − p
2π(τ1 − τ ′ ) 2π(τ1 − τ ′ )
e Z +∞ Z +∞
I(ξk , τk , u(ξk , τk )) = ... A × Bdxi1 ...dxik−1 , if 2 ≤ k ≤ p
−∞ −∞
4.2 Uma equação de difusão para um processo impulsivo 69
com
)2
(xi +J(xi )−xi
k−1
Y exp − 21 j ti −tj i j−1
j j−1
A= ,
p
2π(tij − tij−1 )
j=1
e 2
(xi +J(xi )−xi )
exp − 21 k ti −tk i k−1
− UI (ξk )(τk − τ ) ′
k k−1
B= p +
2π(tik − tik−1 )
(x −x )2
i i
exp − 12 tik −tik−1 − UI (ξk )(τk − τ ′ )
k k−1
− p .
2π(tik − tik−1 )
Nosso objetivo é provar que a função φI (ς, s) é solução do problema (4.3) − (4.4), para τ ′ <
s < τ e ς ∈ R.
Antes, porém, vamos provar a integrabilidade da função WI (x, N (s) , I (s) ; ς, s) e estudar a
continuidade da função φI (ς, s).
Proposição 4.3. Sejam τ ′ < s < τ e x(s) = ς. Então a função WI (x, N (s) , I (s) ; ς, s) é Riemann
′
integrável generalizada em R]τ , s[ e
Z
WI (x, N (s) , I (s) ; ς, s) =
′
R]τ , s[
2
(xi +J(xi )−xi )
Z +∞ Z +∞ exp
r(s)+1 − 12 j ti −tj i j−1
′) Y
= e−UI (ς)(s−τ ... j j−1
dxi1 ...dxir(s) ,
p
2π(tij − tij−1 )
−∞ −∞ j=1
Demonstração: Como UI é contínua em ς, dado ǫ > 0, o Teorema 3.15 nos diz que, para x ∈
′
R]τ , s[ contínuo em s, podemos escolher L(x) de maneira que
Pela Proposição 3.5, 0 < ϕ(ς, s) < +∞, para todo s ∈ ]τ ′ , τ [ e todo ς ∈ R. Pelo Teorema 3.6,
temos Z
GI (x, I[N (s) ]) = ϕ(ς, s).
′
R]τ , s[
Então podemos escolher uma função calibre γ tal que, para cada divisão γ-fina, Eγ , vale
h i
X ′) ′)
−U (x )(s−τ (s) −U (ς)(s−τ (s)
e I r−1
G I (x, I[N ]) − e I
G I (x, I[N ]) <
(x,I[N (s) ])∈Eγ
ǫ X ǫ
< GI (x, I[N (s) ]) < (ǫ + ϕ(ς, s)),
ϕ(ς, s) ϕ(ς, s)
(x,I[N (s) ])∈Eγ
Proposição 4.5. Sejam s ∈ ]τ ′ , τ [\{τ1 , ..., τp } e ς ∈ R. Dado ǫ > 0, existe δ > 0 tal que, se
|s1 − s| < δ e |ς1 − ς| < δ, então |φI (ς1 , s1 ) − φI (ς, s)| < ǫ.
Demonstração: Seja s ∈ ]τ ′ , τ [\{τ1 , ..., τp }. Podemos supor, sem perda de generalidade, que
τk < s < τk+1 , para algum k ∈ {0, 1, ...., p}, onde τ0 = t0 = τ ′ e τp+1 = τ . Então existe um δ > 0
tal que ]s − δ, s + δ[ ⊂ ]τk , τk+1 [. Pela Proposição 4.3, vale
(x +J(x )−x )2
1 ij ij ij−1
′
Z +∞ Z +∞ k+1 Y exp − 2 tij −t ij−1
φI (ψ, β) = e−UI (ψ)(β−τ ) ... dxi1 ...dxik ,
p
2π(t − t )
−∞ −∞ j=1 ij ij−1
e (x +J(x )−x )2 2
1 ij ij ij−1 1 (ψ−xik )
′
Y k exp − 2 tij −tij−1 exp − 2 β−tik
ωI (ψ, β) = e−UI (ψ)(β−τ ) .
p p
j=1
2π(t ij
− t ij−1
) 2π(β − tik
)
Como UI é contínua, então ωI (ψ, β) → ωI (ς, s) quando ψ → ς e β → s. Note que ωI (ς, s) > 0.
Assim, dado ǫ > 0, existe δ1 > 0, δ1 < δ, tal que
sempre que 0 < |ψ − ς| < δ1 e 0 < |β − s| < δ1 . Pelo teorema da convergência dominada
(Teorema 2.10), obtemos
φI (ψ, β) → φI (ς, s),
O próximo resultado diz que φI admite limites laterais nos pontos τ1 , ..., τp .
Demonstração: Seja s = τk para algum k ∈ {1, 2, ..., p}. Seja δ > 0 suficientemente pequeno, tal
que, τk−1 < s − δ < s + δ < τk+1 . Pela Proposição 4.3, temos
(x +J(x )−x )2
ij ij ij−1
Z +∞ Z +∞ Y k exp − 1
′ 2 tij −tij−1
φI (ς, τk + δ) = e−UI (ς)(τk +δ−τ ) ... ×
p
2π(t − t )
−∞ −∞ j=1 ij ij−1
2
exp − 12 (ς−ξδ k )
× √ dxi1 ...dxik .
2πδ
(x +J(x )−x )2
i i i 1 (ς−ξk )2
exp − 12 j ti −tj i j−1 exp −
! k
1 Y j j−1 2 δ
≤ √ .
p p
2π(tij − tij−1 )
2π(ti1 − ti0 ) j=2 2πδ
1 1
existe e seu valor é igual a p =p . Assim,
2π(ti1 − ti0 ) 2π(τ1 − τ ′ )
′
e−UI (ς)(τk +δ−τ )
φI (ς, τk + δ) ≤ p .
2π(τ1 − τ ′ )
2
exp − 21 (τ(ς−ξk−1 )
k −δ−τk−1 )
×p dxi1 ...dxik−1 .
2π(τk − δ − τk−1 )
para τ ′ < s < τ tal que s 6= τj , para cada j = 1, 2, ..., p, ς ∈ R. Notemos, também, que
Z +∞ Z +∞
φI (ς, s) = ... ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s)
−∞ −∞
Proposição 4.7. Sejam τ ′ < s < τ , com s 6= τj para todo j = 1, 2, ..., p, e x(s) = ς. Então a
função ρ(ς, s)ωI (ς, s) é Riemann integrável generalizada e
Z +∞ Z +∞
... ρ(ς, s)ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s) =
−∞ −∞
1h ′ ′ 2
i
= ÜI (ς)(s − τ ) − [U̇I (ς)(s − τ )] − 2UI (ς) φI (ς, s).
2
2
! exp − 1 (ς−xir(s) )
Z +∞ ς − xir(s) 2 s−tir(s)
dxir(s) = 0.
s − tir(s)
q
−∞ 2π(s − tir(s) )
Definamos
)2
(xi +J(xi )−xi
exp
r(s)−1 − 12 j ti −tj i j−1
!
′) ς − xir(s) Y
κ(ς, s) = e−UI (ς)(s−τ j j−1
×
s − tir(s)
p
2π(tij − tij−1 )
j=1
(ς−xir(s) )2
exp − 21 s−ti
1 r(s)
×q q .
2π(tir(s) − tir(s)−1 ) 2π(s − tir(s) )
Como
! !
ς − xir(s) ς − xir(s)
0≤ ωI (ς, s) ≤ κ(ς, s) ou κ(ς, s) ≤ ωI (ς, s) ≤ 0,
s − tir(s) s − tir(s)
!
ς − xir(s)
segue do Teorema de Tonelli (Teorema 3.3) que ωI (ς, s) é Riemann integrável ge-
s − tir(s)
neralizada e !
Z +∞ Z +∞ ς − xir(s)
... ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s) = 0.
−∞ −∞ s − tir(s)
1h ′ ′ 2
i
= ÜI (ς)(s − τ ) − [U̇I (ς)(s − τ )] − 2UI (ς) φI (ς, s).
2
4.2 Uma equação de difusão para um processo impulsivo 75
e
+∞ +∞ +∞ +∞
∂ 2 ωI (ς, s) ∂2
Z Z Z Z
... dxi1 ...dxir(s) = ... ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s)
−∞ −∞ ∂ς 2 ∂ς 2 −∞ −∞
∂φI 1 ∂ 2 φI 1h ′ ′ 2
i
(ς, s) − (ς, s) − ÜI (ς)(s − τ ) − [U̇I (ς)(s − τ )] − 2UI (ς) φI (ς, s) = 0
∂s 2 ∂ς 2 2
para cada (ς, s) ∈ Γ. Para provarmos isso, introduziremos algumas notações adicionais a seguir.
1 1
Dabc f (ς, s) = fa (ς, s) − fbc (ς, s),
a 2bc
onde
fa (ς, s) = f (ς, s + a) − f (ς, s)
e
fbc (ς, s) = f (ς + b + c, s) − f (ς + b, s) − f (ς + c, s) + f (ς, s)
∂ωI 1 ∂ 2 ωI
lim Dabc ωI (ς, s) = (ς, s) − (ς, s) = ρ(ς, s)ωI (ς, s). (4.6)
a,b,c→0 ∂s 2 ∂ς 2
76 Capítulo 4 — Uma equação diferencial do tipo Schrödinger com impulsos
Pela Proposição 4.7, o limite lim Dabc ωI (ς, s) é Riemann integrável generalizado e
a,b,c→0
Z +∞ Z +∞
... lim Dabc ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s) =
−∞ −∞ a,b,c→0
1h ′ ′ 2
i
= ÜI (ς)(s − τ ) − [U̇I (ς)(s − τ )] − 2UI (ς) φI (ς, s). (4.7)
2
∂φI ∂ 2 φI
então concluiremos que e existem.
∂s ∂ς 2
∂φI ∂ 2 φI
O próximo teorema mostra a existência das derivadas e .
∂s ∂ς 2
Teorema 4.8. Sejam τ ′ < s < τ , onde s 6= τj para todo j = 1, 2, ..., p, e x(s) = ς. Então as
∂φI ∂ 2 φI
derivadas parciais (ς, s) e (ς, s) existem para cada (ς, s) ∈ Γ.
∂s ∂ς 2
Demonstração: Seja ǫ > 0 dado. Pela equação (4.6), podemos escolher µ > 0 tal que se 0 <
|α| < µ, 0 < |β| < µ e 0 < |γ| < µ, então
Dados x, N, I, escolhamos α0 , β0 e γ0 satisfazendo 0 < α0 < µ, 0 < β0 < µ e 0 < γ0 < µ e tais
que
sup |Dαβγ ωI (ς, s) − ρ(ς, s)ωI (ς, s)| < ωI (ς, s).
0<|α|<α0
0<|β|<β0
0<|γ|<γ0
Como 0 < |α| < α0 , 0 < |β| < β0 e 0 < |γ| < γ0 , então
Z +∞ Z +∞
= ... ρ(ς, s)ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s) =
−∞ −∞
1h ′ ′ 2
i
= ÜI (ς)(s − τ ) − [U̇I (ς)(s − τ )] − 2UI (ς) φI (ς, s) =
2
Z +∞ Z +∞
(4.7)
= ... lim Dαβγ ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s) .
−∞ −∞ α, β, γ→0
E, como
+∞ +∞
∂φI (ς, s) 1 ∂ 2 φI (ς, s)
Z Z
lim ... Dαβγ ωI (ς, s)dxi1 ...dxir(s) = − ,
α, β, γ→0 −∞ −∞ ∂s 2 ∂ς 2
o teorema está provado.
4.3 Exemplo
Então
(x +α −x )2 (̺(ς)−xir(s) )2
1
r(s) exp − 1 ij j ij−1
exp − 2 s−ti
−β(s−τ ′ )
Y 2 tij −tij−1 r(s)
ωI (ς, s) = e .
p q
2π(tij − tij−1 )
j=1 2π(s − ti ) r(s)
′
e−β(s−τ ) 1 (̺(ς) − ξ ′ + α1 + ... + αr(s) )2
=p exp − .
2π(s − τ ′ ) 2 s − τ′
∂ 1 ∂2
u(τ, ξ) − u(τ, ξ) + βu(τ, ξ) = 0,
∂τ 2 ∂ξ 2
5
A equação de Black-Scholes com ação
impulsiva
5.1 Introdução
No modelo de Black-Scholes (veja [5]), o preço de um ativo econômico é uma função randômica
temporal e é considerado um movimento browniano geométrico. Isto implica que, se o valor xj−1
ocorrer no tempo tj−1 , então a probabilidade de que em tj o processo tenha valor xj , uj ≤ xj < vj ,
é dada por
vj
(ln xj − ln xj−1 )2
1
Z
exp − dxj ,
uj xj Aj 2σ 2 (tj − tj−1 )
p
onde Aj é o fator normalizador 2πσ 2 (tj − tj−1 ), para j = 1, 2, ..., n.
Quando precificamos um ativo derivativo, tal como uma opção de compra européia (veja [3]),
cujo valor depende do movimento do valor do ativo adjacente, a probabilidade envolvida é dada
79
80 Capítulo 5 — A equação de Black-Scholes com ação impulsiva
por
" 2 #
vj
ln xj − ln xj−1 − (µ − 12 σ 2 )(tj − tj−1 )
1 1
Z
exp − 2 (tj − tj−1 ) dxj ,
uj xj Aj 2σ tj − tj−1
onde σ é a volatilidade e µ é a tendência (drift rate) do movimento browniano.
onde
" 2 #
ln xj − ln xj−1 − (r − 12 σ 2 )(tj − tj−1 )
1 1
Bj = exp − 2 (tj − tj−1 )
xj Aj 2σ tj − tj−1
p
e Aj = 2πσ 2 (tj − tj−1 ), 1 ≤ j ≤ n.
A teoria de apreçamento requer que o espaço amostral para os eventos ocorridos seja estendido
usando o Teorema de Kolmogorov para uma sigma álgebra de conjuntos mensuráveis em um es-
paço amostral de dimensão infinita, cujos elementos representativos são funções contínuas, requer
que o processo envolvido seja representando por uma equação diferencial estocástica apropriada,
que uma medida adequada para o espaço amostral seja encontrada por meio dos teoremas de Gir-
sanov e Radon-Nikodym e requer, também, que o valor do ativo derivativo seja determinado por
meio de um valor esperado (esperança) usando a integral de Lebesgue.
Neste capítulo, estenderemos o trabalho feito por P. Muldowney em [29], para um processo
sujeito a uma ação impulsiva em tempos pré-determinados. Utilizaremos a teoria moderna de
integração não-absoluta baseada na teoria de integração de Riemann generalizada de Henstock e
Kurzweil.
5.2 A função distribuição de probabilidades para um processo impulsivo 81
Seja J : R → R∗+ o operador impulso que consideraremos uma função contínua. Sejam τ ′ , τ
números reais tais que 0 < τ ′ < τ e N = {t1 , ..., tn−1 , tn } ⊂ ]τ ′ , τ ], onde τ ′ = t0 e τ = tn , e
consideremos o conjunto I = {τ1 , ..., τp } ⊂ N, τ1 < τ2 < ... < τp .
]τ ′ , τ ]
Denotaremos o espaço de funções R+ como sendo o espaço de todas as funções definidas
em ]τ ′ , τ ] com valores em R∗+ .
]τ ′ , τ ]
Seja σ ∈ R+ uma constante positiva. Dado y ∈ R+ , assumamos que o preço do ativo
adjacente seja dado por uma distribuição log-normal com volatilidade σ. Seja ̺ a função definida
no exemplo da Seção 4.3 do Capítulo 4. Definamos hI (y, N) por
1 (ln ̺(yj ) − ln yj−1)2
n exp −
Y 2σ 2 tj − tj−1
hI (y, N) = p . (5.1)
2πσ 2 (t − t )
j=1 j j−1
Para provarmos que KI (x, I[N]) representa uma função distribuição de probabilidade, pre-
]τ ′ , τ ]
cisamos impor alguma condição sobre o operador de impulso J. Assim, para y ∈ R+ , conside-
remos o conjunto de operadores de impulsos
2
1 [
ln J (yi )+ln yi −ln yi
j−1 ]
j j
−
e 2σ2
Z +∞ ti −ti
j j−1
L = J ∈ C(R, R) : p dyij = 1, j = 1, 2, ..., p .
0
y
ij 2πσ 2 (tij − tij−1 )
82 Capítulo 5 — A equação de Black-Scholes com ação impulsiva
Note que L =
6 ∅, tendo em vista que uma função constante pertence a este conjunto. Assumiremos,
neste capítulo, que o operador de impulso J ∈ L.
Nosso interesse, agora, é verificar se a função KI (x, I[N]) é integrável no sentido da integral
]τ ′ , τ ]
de Riemann generalizada em R+ .
1 (yk − ξ)2
1
φ1 (yk , tk ) = p exp − 2 ,
2πσ 2 (tk − τ ′ ) 2σ tk − τ ′
1 (yn − yip )2
1
φ2 (yip , tip ) = p exp − 2
2πσ 2 (τ − tip ) 2σ τ − tip
e
1 (yij+1 −1 − yij )2
1
Φj (yij , yij+1 −1 , tij , tij+1 −1 ) = p exp − ,
2πσ 2 (tij+1 −1 − tij ) 2σ 2 tij+1 −1 − tij
para j = 1, 2, ..., p − 1.
Proposição 5.1. Seja N = {t1 , t2 , ..., tn } ⊂ ]τ ′ , τ ], com t0 = τ ′ e tn = τ . Seja hI (y, N) dada por
(5.1), onde y(τ ′ ) = y(t0) = ξ. Então a função hI (y, N) é Riemann integrável generalizada com
respeito a y em Rn+ e
dy1 dyn
Z
hI (y, N) ... = 1.
Rn
+
y1 yn
Como
1 (xn − yip )2
+∞ +∞ exp − 2
2σ τ − tip
Z Z
φ2 (yip , tip )dxn = p dxn = 1,
−∞ −∞ 2πσ 2 (τ − tip )
podemos concluir que Z
gI (x, N)dx1 ...dxn−1 dxn =
Rn
"p−1 # p
Z +∞ Z +∞ Y Y
′ ′
= ... φ1 (J (yi1 ), ti1 ) Φj (yij , J (yij+1 ), tij , tij+1 ) dyij .
−∞ −∞ j=1 j=1
e temos o resultado.
]τ ′ , τ ]
Agora, podemos obter a integrabilidade de KI (x, I[N]) no espaço de dimensão infinita R+ .
]τ ′ , τ ]
Teorema 5.2. A função KI (x, I[N]) é Riemann integrável generalizada em R+ , isto é, a inte-
gral Z
KI (x, I[N])
]τ ′ , τ ]
R+
existe e vale 1.
]τ ′ , τ ]
Demonstração: Consideremos uma divisão E = {(x, I[N])} de R+ , onde cada N escolhido é
tal que I ⊆ N ∈ F (]τ ′ , τ ]). Então a soma de Riemann de KI é dada por
X
KI (x, I[N]).
(x, I[N ])∈E
X
KI (x, I[M]),
(x, I[M ])∈E
com M sendo um conjunto fixo de dimensões. Desta maneira, estamos lidando com uma soma de
Riemann de uma integral em m dimensões. Logo, cada termo da soma de Riemann é uma integral
sobre I[M] ⊂ Rm e, pela propriedade de aditividade finita desta integral em Rm , temos
+∞ +∞
dy1 dym
X Z Z
KI (x, I[M]) = ... hI (y, M) ... . (5.2)
0 0 y1 ym
(x, I[M ])∈E
Pela Proposição 5.1, a integral (5.2) existe e seu valor é igual a 1. Assim
X
KI (x, I[M]) = 1.
(x, I[M ])∈E
Então dado ǫ > 0, para qualquer função calibre γ, escolhida tal que L(x) ⊇ I, para todo
(x, I[N]) ∈ Eγ , I ⊆ L(x) ⊆ N implica que
X
K I (x, I[N]) − 1 < ǫ.
(x, I[N ])∈Eγ
Z
Portanto KI (x, I[N]) = 1 e a prova está completa.
R]τ ′ , τ ]
Assim, KI (x, I[N]) é uma função distribuição de probabilidades, ou seja, se um ativo finan-
ceiro tiver valor x(tj−1 ) := xj−1 no momento de tempo tj−1 , então a função KI (x, N, I; ξ, τ ′ )
nos dará a probabilidade de que, no tempo tj , o preço tenha um valor xj = x(tj ) entre uj e vj .
Como conseqüência do Corolário 3.8 (veja também a Proposição 3.7), obtemos o resultado a
seguir.
n
Y ∆Ij
Proposição 5.3. As funções hI (x, N) e KI (x, I[N]) são variacionalmente equivalentes.
j=1
xj
5.3 A equação de Black-Scholes com impulsos 85
Em uma aproximação usual, usando o cálculo de Itô e a integração de Lebesgue, Qµσ (I[N])
pode ser vista como uma pré-medida que é usada para gerar uma medida de probabilidade PQµσ
sobre um espaço amostral Ω, e que pode determinar o valor esperado de funcionais h definidos no
espaço amostral Ω.
Consideremos h(x) como sendo a função desconto e−r(T −t) max{x(T ) − K, 0}, r > 0. Pela
fórmula de Black-Scholes, o preço de uma opção de compra do tipo européia Zno tempo t, com
preço de exercício K na maturidade T , é dada pelo valor esperado E(h) = hdPQµσ ,
C(]τ ′ , τ ])
desde que µ seja tomado como sendo a taxa de juros livre de riscos r. O espaço C(]τ ′ , τ ]) na
′
integral denota o espaço das funções contínuas em R]τ , τ ] .
Sejam xk−1 , xk , xk+1 números reais estritamente positivos e tk−1 < tk < tk+1 . Pelo Lema
2.11, temos
1 [ln xj − {ln(xj−1 ) + (µ − 12 σ 2 )(tj − tj−1 )}]2
Y exp − 2σ 2
Z +∞ k+1
tj − tj−1
p dxk =
x 2πσ 2 (t − t )
0 j=k k j j−1
p−1
!
Z +∞ Z +∞ Y
= ... φ1 (ξ, τ ′ ) Φj (yij , J ′ (yij+1 ), tij , tij+1 ) ×
−∞ −∞ j=1
p
!
Y
× φ2 (yip , tip ) dyij dyτ , (5.3)
j=1
onde J ′ = ln ◦ J ◦ exp,
!
σ2
1 1 [J ′ (yi1 ) + yi1 − ln ξ ′ − (µ − )(ti1 − τ ′ )]2
φ1 (ξ, τ ′ ) = p exp − 2 2
,
2πσ 2 (ti1 − τ ′ ) 2σ ti1 − τ ′
5.3 A equação de Black-Scholes com impulsos 87
+∞ +∞ n
dxj
Z Z Y
... HI1 (x, N; µ, σ) = 1.
0 0 j=1
xj
Como apresentado no Capítulo 1, uma opção de compra européia assegura a seu titular o di-
reito, mas não obrigação, de comprar um ativo em uma data futura T (maturidade), por um preço
estabelecido K (preço de exercício da opção).
Vamos estabelecer o preço de uma opção de compra em um tempo t < T , admitindo que entre
t e T hajam momentos de impulsos nos instantes τ1 , ..., τp , com t < τ1 < ... < τp < T .
e a função Z
f (ξ, t) = h(x)Qµσ
I (I[N])
]t, T ]
R+
88 Capítulo 5 — A equação de Black-Scholes com ação impulsiva
Proposição 5.5. Seja h(yT , t) = e−r(T −t) max{eyT − K, 0} e µ(ξ, t) dada por
p
Y
h(yT , t)φ1 (ξ, t) Φj (yij , J ′ (yij+1 ), tij , tij+1 ),
j=1
onde Φp (yip , J ′ (yip+1 ), tip , tip+1 ) := φ2 (yip , tip ). Se µ(ξ, t) for Riemann integrável generalizada
]t, T ]
em Rp+1 , então h(x(tn−1 ))Qµσ
I (I[N]) será Riemann integrável generalizada em R+ e f (ξ, t)
será dada por
p
!
Z +∞ Z +∞ Y
f (ξ, t) = ... µ(ξ, t) dyij dyT .
−∞ −∞ j=1
O resultado seguinte diz que f (ξ, t) é contínua para ξ > 0 e t 6= τj , j = 1, ..., p. A prova deste
fato segue da Proposição 5.5 e da demonstração feita na Proposição 4.5.
Proposição 5.6. Sejam s ∈ ]τ ′ , τ [\{τ1 , ..., τp } e ξ > 0. Dado ǫ > 0, existe δ > 0 tal que, se
|s1 − s| < δ e |ξ1 − ξ| < δ, então |f (ξ1 , s1 ) − f (ξ, s)| < ǫ.
Para que o preço de uma ação não tenda ao infinito em momentos de tempo suficientemente
próximos de um tempo em que o mercado de ações sofre uma queda, vamos impor mais uma
condição sobre a função impulso J. Assim, diremos que a função J ∈ L, satisfaz a condição C,
se para cada k = 1, 2, ..., p, o limite
′ σ2 2
1 [J (ξik )+ξik −ς−(µ− 2 )δ]
Z +∞ exp − 2σ2 δ
lim+ √ ×
δ→0 −∞ 2πδ
σ2
[J ′ (ξik+1 )+ξik+1 −ξik −(µ− 2 )(tik+1 −tik )]2
exp − 2σ12 tik+1 −tik
× p dxik
2πσ 2 (tik+1 − tik )
existir, com ς ∈ R e J ′ = ln ◦ J ◦ exp, e seu valor será uma função κ(xik+1 ) tal que a função
p−1
Y
κ(xik+1 ) Φj (yij , J ′ (yij+1 ), tij , tij+1 )φ2 (yip , tip )
j=k+1
5.3 A equação de Black-Scholes com impulsos 89
Com a condição C estabelecida acima, temos que a função f (ξ, t) admite os limites laterais
em τj , j = 1, 2, ..., p, como mostra o resultado seguinte.
Demonstração: Seja τk arbitrário, onde k ∈ {1, 2, ..., p}. Consideremos as seqüências reais
{tℓ }ℓ≥1 e {ςℓ }ℓ≥1 tais que
ℓ→+∞ ℓ→+∞
tℓ −→ τk e ςℓ −→ ξk ,
com tℓ > τk para cada ℓ = 1, 2, .... Assim, existe ℓ0 > 0 tal que tℓ < τk+1 , para todo ℓ > ℓ0 .
Denotemos τp+1 = tip+1 = τ e J ′ (yip+1 ) = 0.
e p
Y
µ(ςℓ , tℓ ) = h(yT , tℓ )φ1 (ςℓ , tℓ ) Φj (yij , J ′ (yij+1 ), tij , tij+1 ),
j=k+1
onde
h(yT , τk )φ1 (ξk , τk ) = max{eyT − K, 0}×
!
σ2
e−r(T −τk ) 1 [J ′ (yik+1 ) + yik+1 − ln ξk − (µ − 2
)(τk+1 − τk )]2
×p exp − 2
2πσ 2 (τk+1 − τk ) 2σ τk+1 − τk
e
h(yT , tℓ )φ1 (ςℓ , tℓ ) = max{eyT − K, 0}×
!
σ2
e−r(T −tℓ ) 1 [J ′ (yik+1 ) + yik+1 − ln ςℓ − (µ − 2
)(τk+1 − tℓ )]2
×p exp − 2 .
2πσ 2 (τk+1 − tℓ ) 2σ τk+1 − tℓ
90 Capítulo 5 — A equação de Black-Scholes com ação impulsiva
Então,
ℓ→+∞
µ(ςℓ , tℓ ) −→ µ(ξk , τk ).
para todo ℓ > ℓ1 . Daí, pelo teorema da convergência dominada (Teorema 2.10), concluímos o
resultado, isto é,
lim f (ς, s) = f (ξk , τk ).
(ς, s)→(ξk , τk+ )
( 2 )
1 ln x1 − ln ξ
exp − 2 − (µ − 12 σ 2 ) (t1 − t) − r(T − t)
2σ t1 − t
p ,
2πσ 2 (t1 − t)
Então,
2
!
2 σ2 2
µ(µ − σ2 ) − σ2 )
(µ
∂w w w ln x1 − ln ξ 2
= − 2 +w − + rw,
∂t 2(t1 − t) 2σ t1 − t 2σ 2 2σ 2
σ2
∂w w ln x1 − ln ξ
= 2 − µ−
∂ξ ξσ t1 − t 2
e 2
∂2w
w ln x1 − ln ξ 2µw ln x1 − ln ξ w ln x1 − ln ξ
= − 2 4 + 2 2 +
∂ξ 2 ξ 2σ4 t1 − t ξ σ t1 − t ξ σ t1 − t
σ2 σ2
w w w ln x1 − ln ξ
+ 2 4µ µ − − 2 2 µ− − 2 2 +
ξ σ 2 2ξ σ 2 ξ σ t1 − t
σ2
w w
+ 2 2 µ− − 2 2
ξ σ 2 ξ σ (t1 − t)
Portanto,
∂w ∂w σ 2 ξ 2 ∂ 2 w
+ µξ + = rw. (5.4)
∂t ∂ξ 2 ∂ξ 2
5.3 A equação de Black-Scholes com impulsos 91
e
∂ 2 w′w ∂2
Z Z
= ww ′.
]t, T ]
R+ ∂ξ 2 ∂ξ 2 ]t, T ]
R+
fb (ξ, t) = f (ξ + b, t) − f (ξ, t)
e
fbc (ξ, t) = f (ξ + b + c, t) − f (ξ + b, t) − f (ξ + c, t) + f (ξ, t)
∂ww ′ ∂ww ′ σ 2 ξ 2 ∂ 2 ww ′
lim Dabc ww ′ = + µξ + = rww ′. (5.5)
a,b,c→0 ∂t ∂ξ 2 ∂ξ 2
isto é, Z +∞ Z +∞
... lim Dabc ww ′dxi1 ...dxip dxT = rf (ξ, t) (5.6)
−∞ −∞ a,b,c→0
Dado ǫ > 0, pela equação (5.5), podemos escolher µ > 0 tal que se 0 < |α| < µ, 0 < |β| < µ
e 0 < |γ| < µ, então
|Dαβγ ww ′ − rww ′| < Qµσ
I (I[N])ǫ.
Dados x, N, I, escolhamos α0 , β0 e γ0 satisfazendo 0 < α0 < µ, 0 < β0 < µ e 0 < γ0 < µ tais
que
sup |Dαβγ ww ′ − rww ′| < Qµσ
I (I[N]).
0<|α|<α0
0<|β|<β0
0<|γ|<γ0
Como 0 < |α| < α0 , 0 < |β| < β0 e 0 < |γ| < γ0 , então
−Qµσ ′ ′ µσ
I (I[N]) ≤ Dαβγ ww − rww ≤ QI (I[N]).
5.3 A equação de Black-Scholes com impulsos 93
A função Qµσ
I (I[N]) é Riemann integrável generalizada com valor da integral igual a 1, como
apresentamos no início desta seção. Daí, pelo teorema da convergência dominada (Teorema 2.10),
obtemos Z +∞ Z +∞
lim ... Dαβγ ww ′dxi1 ...dxip dxT =
α, β, γ→0 −∞ −∞
Z +∞ Z +∞
= ... rww ′dxi1 ...dxip dxT = rf (ξ, t) =
−∞ −∞
Z +∞ Z +∞
(5.6)
= ... lim Dαβγ ww ′ dxi1 ...dxip dxT .
−∞ −∞ α, β, γ→0
E, como Z +∞ Z +∞
lim ... Dαβγ ww ′dxi1 ...dxip dxT =
α, β, γ→0 −∞ −∞
∂f ∂f 1 ∂2f
= (ξ, t) + µξ (ξ, t) + σ 2 ξ 2 2 (ξ, t).
∂t ∂ξ 2 ∂ξ
concluímos que
∂f ∂f 1 ∂2f
+ µξ + σ 2 ξ 2 2 = rf.
∂t ∂ξ 2 ∂ξ
Pela definição de solução de uma equação diferencial parcial com impulsos (Definição 4.2.1),
acabamos de provar o resultado seguinte.
Teorema 5.8. A função f = f (ξ, t) satisfaz a equação diferencial parcial em Γ
5.4 Exemplo
Suponhamos que uma ação esteja sendo comercializada por um preço S e seja t = 0 o tempo
correspondente. Seja K o preço de exercício da ação, ou seja, o direito de comprar a ação pelo
preço K na data de maturidade T . Sejam r a taxa de juros livre de risco e σ a volatilidade, ambas
constantes. Suponhamos que entre t = 0 e t = T , digamos τ1 , ...., τp , com 0 < τ1 < ... < τp < T ,
haja choques do mercado de ações. Seja J : R → R∗+ o operador impulso, que representa os
choques do mercado, tal que
J(x(τj )) = αj ,
para j = 1, 2, ..., p.
Vamos determinar o valor de uma opção de compra européia no tempo t = 0, via equação
diferencial de Black-Scholes com impulsos.
Então,
+∞
e−rT
Z
f (ξ, 0) = √ max{exT − K, 0}×
−∞ 2πσ 2 T
!2
2
p
1 σ X
× exp − xT − ln ξ − r − T+ αj dxT =
2σ 2 T 2 j=1
!2
+∞ −rT
2
p
e 1 σ
Z X
= √ (exT − K) exp − xT − ln ξ − r − T+ αj dxT .
ln K 2πσ 2 T 2σ 2 T 2 j=1
p
σ2
X √
Tomemos A = (r − 2
)T − αj e B = σ 2 T . Assim, fazendo a seguinte mudança de
j=1
variável
xT − ln ξ − A
u=− ,
B
5.4 Exemplo 95
obtemos
a
e−rT
Z
1 2
f (ξ, 0) = √ (ξe−Bu+A − K)e− 2 u du,
2π −∞
ξ
ln K
+A
onde a = .
B
Como
Z a Z a Z a+B
− 12 u2 −Bu+A A+ 12 B 2 − 12 [u+B]2 A+ 12 B 2 1 2
e du = e e du = e e− 2 u du
−∞ −∞ −∞
p
σ2
X √
e lembrando que A = (r − 2
)T − αj e B = σ 2 T , obtemos
j=1
√
p
! !
a+σ T a
1 1
Z Z
− 12 u2 − 12 u2
X
−rT
f (ξ, 0) = ξ exp − αj √ e du −Ke √ e du , (5.8)
j=1
2π −∞ 2π −∞
onde
p
σ2
X
ln(ξ/K) + (r − 2
)T − αj
j=1
a= √ .
σ T
Portanto f (ξ, 0), obtida na equação (5.8), nos dá o valor de uma opção de compra européia.
Notemos que, quando αj = 0 para todo j = 1, 2, ..., p, obtemos a clássica fórmula de Black-
Scholes para o apreçamento para uma opção de compra.
Notemos, também, que o valor da opção de compra européia no tempo t, 0 ≤ t < T , digamos
f (ξ, t), é dado por
√ !
b+σ (T −t) b
1 1
Z Z
− 12 u2 − 12 u2
X
−r(T −t)
ξ exp − αj √ e du − Ke √ e du
t≥τj
2π −∞ 2π −∞
onde
σ2
X
ln(ξ/K) + (r − 2
)(T − t) − αj
t≥τj
b= √ .
σ T −t
A função f (ξ, t) é solução da equação diferencial parcial com impulsos dada pelo Teorema
5.8, onde µ é substituído por r.
96 Capítulo 5 — A equação de Black-Scholes com ação impulsiva
Todavia, em mercados financeiros, assim como acontece com o fenômeno tempo, eventos ex-
cepcionais e extremos ocorrem e em larga escala. Às vezes, tais eventos podem ser representados
por eventos impulsivos os quais podem ser resultados de decisões políticas, guerras ou desastres
naturais. Ou, eles podem ser fenômenos atípicos de mercados, como a recente crise das hipotecas
nos EUA.
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