RESUMO
Palavras-chave: Vigas de transição. Teoria Geral da Flexão e Método das Bielas. Taxa de
armadura transversal.
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Eng. Esp. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – PCV, Universidade Estadual de Maringá-
UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC, henriquegimenes@gmail.com
2
Prof. Dr. Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC, rsouza@uem.br
3
Prof. Dr. Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC, vladimirjf@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
Segundo a NBR 6118 (2014) estado limite último é atingido quando a estrutura entra em
colapso, ruína estrutural de qualquer forma e isso resulte na paralisação do uso da estrutura.
Para o dimensionamento adequado é necessário ter ciência das hipóteses básicas dos
elementos sujeitos a solicitações normais e os domínios da seção transversal. Todos esses preceitos
estão expostos na norma NBR 6118 (2014).
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Segundo o mesmo código, a verificação do estado limite último de uma seção transversal de
concreto armado, deve ser considerada satisfatória, quando for verificada força cortante solicitante
de cálculo em relação a força cortante resistente de cálculo da ruína das diagonais comprimidas e
tracionadas.
Neste estudo foi adotado o valor do cortante no centro do apoio, sem a parcela de redução
permitida pela norma do cortante na face do elemento, próximo ao apoio. Foi feito o cálculo das
verificações e armaduras transversais pelo modelo de cálculo I da NBR 6118 (2014).
Para a verificação dos estados limites de serviço é necessário o cálculo dos parâmetros de
verificação da formação de fissuras, deformação excessiva e abertura de fissuras. Todos esses guias
de cálculo estão descritos na norma NBR 6118 (2014)
Segundo Souza (2004) a maioria dos elementos estruturais de engenharia podem ser
dimensionados segundo a Hipótese de Bernoulli, onde seções planas permanecem planas e a
distribuição de deformações é linear ao longo da seção, para todos os casos de carregamento. Tais
elementos têm regiões chamadas Regiões B, beam-like regions ou Bernoulli.
Existe outro grupo de elementos que esta hipótese não pode ser aplicada, neles existem
regiões chamadas de Regiões D, disturbed regions ou descontinuidade. Nessas regiões há mudanças
bruscas de carregamento, geometria e seção transversal, em tais locais, as tensões de cisalhamento
são significativas, sendo então necessária uma abordagem diferente.
A NBR 6118 (2014) apresenta situações típicas de manifestação de regiões D, conforme a
Figura 2.
Figura 2 – Situações típicas de Regiões D
Segundo a NBR 6118 (2014), as tensões de compressão nas escoras assumem os seguintes
valores:
f cd1 0,85 v 2 f cd
f cd 2 0,60 v 2 f cd (1)
(2)
f ck
v2 = 1 - [MPa] (3)
250
De forma simplificada a norma brasileira sugere que para escoras do tipo garrafa o valor de
tensão máxima de compressão f cd 2 e para escoras do tipo prismáticas o valor de tensão máxima de
compressão f cd1 .
Segundo a NBR 6118 (2014), o parâmetro de resistência nos nós é dado pela Equação 4:
f cd 3 0,72 v 2 f cd (4)
Na grande maioria dos casos, os tirantes são representados por barras de aço entalhadas, tais
barras são distribuídas em uma única camada ou em múltiplas, ao longo da seção de concreto.
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Devido a isso, a largura do tirante é considera igual à altura da camada de barras distribuídas,
já na situação de camada única, a largura do tirante é admitido como duas vezes o cobrimento do
concreto mais o diâmetro da barra de aço.
O parâmetro de resistência utilizado é a tensão de escoamento e seu dimensionamento é
obtido pela Equação 5:
R st
AS = (5)
f yd
4.3.1.1 Cálculo da armadura para o controle de fissuração segundo o ACI 318 (2011)
Segundo o ACI 318 (2011) o cálculo da armadura vertical e horizontal para o controle da
fissuração deve seguir as seguintes equações:
a sv 0,25 bw (7)
(8)
a sh 0,15 bw
Simultaneamente deve obedecer a Equação 9:
Asi
b sen( yi ) 0,003 (9)
i
5. EXEMPLO
Para ilustrar as diferentes respostas obtidas, quando feito o cálculo de uma viga de transição
pelo ELU/ELS e confrontado pela Método das Bielas será proposto o cálculo da viga de transição,
ilustrada na Figura 3.
O edifício estudado foi concebido em concreto armado moldado in-loco, cujas lajes são de
tipologia nervuradas com formas plásticas removíveis, popularmente conhecidas por “cubetas” com
altura de 30 cm e pé-direito estrutural de 3,00 m. O modelo do edifício possui 18 pavimentos, sendo
uma cobertura, 13 pavimentos tipos, dois pavimentos da caixa d’agua, que eram o piso e a cobertura
da mesma e dois pavimentos de embasamento
Esse edifício foi modelado usando o software de cálculo estrutural CAD/TQS (2016), versão
19.1 – Versão Plena. Na concepção dos parâmetros para modelagem da estrutura, foi considerado
um modelo integrado e flexibilizado de pórtico espacial com lajes em um modelo de grelha
nervurada, para os pavimento piso e cobertura.
Em relação aos materiais, foi considerada a classe C30 para concreto, aço CA50A para
armadura longitudinal e CA60 para a transversal em uma estrutura de nós fixos, com classe de
agressividade ambiental II, para ambientes urbanos, como cobrimento de 3,00 cm.
Admitiu-se nas lajes uma carga de uso de 1,50 kN/m² e uma carga permanente, com
revestimento e regularização, de 1,00 kN/m² e alvenaria de parede de tijolos furados sobre as vigas
do piso com 15,00 cm de largura acabadas, 3,00 m de altura e peso específico aparente de 12,00
kN/m³ quando pronta.
Valor de momento fletor obtido no cálculo foi de Mfk = 4.690,57 kN.m, com isso temos a
armadura longitudinal calculada igual a 102,51 cm² e adotada 21 Ø 25,0 mm que resulta em 102,90
cm².
Para o cálculo da ancoragem no apoio foi calculado o número de barras a serem ancoradas
de apoio a apoio e chegou-se a 13 Ø 25,0 mm, totalizando 63,78 cm². Feito isso foi obtido o valor
da decalagem do diagrama, al = 141,71 cm e por fim a cobertura do momento fletor.
Com isso temos as barras de 14-21 com 650 cm de comprimento. A Figura 4 ilustra o
cálculo do comprimento dessas barras:
Valor de esforço cortante obtido no cálculo foi de Vsk = 1.423,79 kN, com isso a taxa
armadura transversal obtida foi de asw = 18,0 cm²/m e o valor mínimo de asw, mín = 19,0 cm²/m.
Com isso tem-se a armadura transversal calculada junto ao apoio igual a 8,99 cm²/m/face e
armadura mínima 9,59 cm²/m/face. Foi adotado Ø 8,0mm a cada 10,0 cm, totalizando 10,05
cm²/m/face, satisfazendo ambas condições. As Figuras 5 e 6 ilustram as armaduras longitudinal e
transversal que devem ser corroboradas e verificadas no ELS.
Para a viga em questão calculou-se que o Estado Limite de Formação de Fissuras (ELS-F)
que se dará para o momento fletor característico de 647,01 kN.m. Ainda na mesma viga, foi
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calculado o Estado Limite de Deformação Excessiva (ELS-DEF) que se manifestará para o
momento fletor característico de 924,30 kN.m.
A flecha imediata foi calculada e obteve-se um valor de 0,56 cm, em seguida foi calculada o
a flecha deferida e foi obtido o valor de 0,80 cm. Com esses valores em posse, foi calculado o valor
da flecha total e obteve-se o valor final de 1,36 cm.
Ainda para a mesma viga, foi calculado o Estado Limite de Abertura de Fissuras (ELS-W)
que ocorrerá com as medidas de fissuras de w1 = 0,13 mm e w2 = 0,48 mm, sendo adotado o menor
valor das duas, w1 = 0,13 mm.
Para o cálculo da viga V16 pelo Método das Bielas foram adotados e calculados os seguintes
dados de entrada:
I. Dados geométricos:
H = 180,0 cm; bw = 54,0 cm; cobrimento = 3,00cm;
X = 60,58 cm; a = 32,40 cm; d = 133,51cm.
α = 38,9°; β = 49,31°; γ = 35,67°; θ =31,77°
bw pilar = 25,0 cm; L pilar = 40,0 cm.
Os valores de “X” e “a” são valores obtidos mediantes ao cálculo de uma seção de concreto
armado na flexão simples. A variável “X” equivale a altura da zona de compressão, ilustrada na
Figura 7, na parte superior, preenchida com a textura similar ao concreto armado, com a inscrição
“ZONA DE COMPRESSÂO”. Já por sua vez “a” é a altura da zona de tração, ilustrada na mesma
figura com o preenchimento de linhas vermelhas inclinadas para esquerda, com a inscrição “ZONA
DE TRAÇÃO”.
Fd (10)
wnec
f cdi bw
em que: Fd : Força de cálculo, obtida pela multiplicação de Fk pelo coeficiente γc = 1,40
f cdi : Parâmetro de resistência do elemento verificado;
bw : Largura da viga.
Com isso em mão pode-se fazer a verificação das escoras, nós e tirantes. As Tabelas 1,2 e 3
mostram parâmetros de resistência e suas verificações:
5.3.1.1 Cálculo da armadura para o controle de fissuração segundo o ACI 318 (2011)
Com isso temos as barras de 13-24 com 545 cm de comprimento. A Figura 9 ilustra o
cálculo do comprimento dessas barras:
Os resultados mostram que no quantitativo de aço existe uma diferença sutil no consumo de
armadura total e longitudinal, em comparação da Teoria Geral da Flexão e o Método das Bielas,
cerca de 5% de variação. Essa diferença é menor ainda quando é comparado o consumo de
armadura longitudinal somente, pois o Método das Bielas tem o consumo dessa armadura cerca de
7. CONCLUSÃO
Com isso podemos concluir que mesmo o elemento de viga sendo dimensionado pelo ELU e
verificado pelos ELS, respaldado na Teoria Geral da Flexão, não estará seguro, as luzes do Método
das Bielas. Também é compreensível que existe uma pequena variação no cálculo de armadura,
quando tomamos com referência o consumo total e longitudinal, significando que o cálculo de
estruturas em vistas da flexão está bem definido, uma vez que os diferentes métodos convergiram
para um resultado comum.
Porém há grande discrepância nos resultados de cálculo de armadura transversal de uma
método para outro, quando o foco é o força cortante. Isso salienta um grande perigo, sendo
necessário uma armadura transversal significativa em tais vigas. É necessário uma revisão no
cálculo de armaduras transversais de cisalhamento no ELU para a NBR 6118 (2014) visto que o
cálculo de armaduras transversais de cisalhamento feito de acordo com a norma vigente resultara
em taxas de armadura singelas, que estão distantes da realidade física apresentada em vigas de
transição.
8. REFERÊNCIAS
COLLINS, P. M.; KUCHMA, D. How Safe Are Our Large, Lightly Reinforced Concrete Beamns,
Slabs, and Footings. ACI Strucutral Journal, Farmington Hills, v. 96, n. S54, p. 482-490, Julho
1999.
MACGREGOR, J. Derivation or strut-and-tie models for the 2002 ACI Code. Examples for design
of strucutural concrete with strut-and-tie models, 2002.
MARTHA, L. F. Ftool: A Frame Analysis Educational Software. TECGRAF PUC - RIO, 2002.
Disponivel em: <http://webserver2.tecgraf.puc-rio.br/~lfm/>. Acesso em: 15 Novembro 2017.