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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO

CURSO DESIGN GRÁFICO

ISABELLE CAMPOS VENANCIO

AP1 - ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM DESIGN


APLICAÇÃO PRÁTICA REFERENTE AS UNIDADES 01 E 02

RIO DE JANEIRO
2021
ISABELLE CAMPOS VENANCIO

AP1 - ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM DESIGN


APLICAÇÃO PRÁTICA REFERENTE AS UNIDADES 02

Trabalho apresentado no curso de


graduação de Design Gráfico da
Universidade do Grande Rio.
Turma ECS 090-60.

Orientadora: Lorena Braga.

RIO DE JANEIRO
2021
“Currículo cego”: uma ferramenta contra a
discriminação ao trabalhador.

Apesar de estarmos no século XXI e sermos denominados cidadãos


contemporâneos de mente evoluída, sabe-se que no meio da sociedade ainda
existem o preconceito e a discriminação. A discriminação está inserida em diversos
cenários do dia a dia da população, seja em ambientes públicos como cinema,
praça, shopping, seja dentro do ambiente familiar ou no ambiente trabalhista.

De acordo com a Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a Lei, o


que na teoria, nos garante o direito a igualdade, mas, na prática, sabemos que não é
bem assim. Muitas pessoas infringem essa lei através da discriminação, tratando o
próximo com inferioridade, e esse é um comportamento muito comum em ambientes
de trabalho.

A discriminação no meio de trabalho acontece quando há separação no


tratamento ou nas oportunidades dadas a um colaborador por motivos não
relacionados ao desempenho profissional. Ela pode se fazer presente desde o
primeiro contato que o contratante tem com o candidato à vaga, durante a entrevista,
ou durante o tempo de trabalho que o colaborador contratado exercerá.

Infelizmente, os tipos de discriminação mais comuns de vermos no meio do


ambiente de trabalho são pessoas sofrendo devido a cor de sua pele, ou devido ao
seu gênero. Podemos ver empresas que pagam salários diferentes entre homens e
mulheres, ou entre pessoas negras e brancas, que têm a mesma posição. Além da
diferença salarial, diversas mulheres ainda passam dificuldades para conseguirem
alcançar cargos superiores, como de diretoria ou gerência.

A discriminação racial também é muito comum nesse ambiente. Em diversos


lugares pessoas negras apresentam dificuldades de conseguirem um emprego
simplesmente por possuírem uma cor de pele diferente da do padrão estabelecido
pela sociedade. E quando contratados, pessoas negras encontram dificuldades para
conseguirem subir de cargos e crescer profissionalmente.

Certa vez, estava em um restaurante, e vi o caso em que um cliente insistia em


não ser atendido pelo garçom que estava servindo sua mesa. O mesmo garçom,
atendeu a mesa na qual eu estava, com excelência e maestria, sem problema
algum. O cliente então pediu para chamar a gerência do local e alegou que queria
ser atendido por outra pessoa, pois o garçom estava prestando um atendimento
ruim. Após observar o que estava acontecendo ao meu redor, pude perceber que o
cliente que estava exigindo ser atendido por outro servente estava apenas
reproduzindo um ato de racismo, devido ao fato de o garçom ser negro. Esse tipo de
acontecimento é, infelizmente, muito comum em nosso país.

Visando acabar com esses problemas, empresas têm buscado estratégias para
fazer com que o ambiente profissional seja um lugar justo e equânime, onde todas
as pessoas tenham os mesmos direitos e condições de trabalho,
independentemente de suas características físicas, orientação sexual, gênero, raça,
cor, religião e etc.
Com o objetivo de diminuir a discriminação no ambiente de trabalho durante os
processos seletivos, surge em 2014, no Reino Unido, o “CV Blind” (“Currículo Cego”
no Brasil): uma forma de currículo onde se é omitida informações como gênero,
nacionalidade, sexualidade e idade do candidato, a fim de acabar com qualquer
prejulgamento preconceituoso. Através da exclusão desses dados pessoais dos
candidatos, todos os requerentes a vaga começam a disputa com chances iguais,
sem distinção, sendo avaliados única e exclusivamente por suas experiências,
habilidades e qualificações.

Um fato curioso a se citar é que, na Europa, era do costume de recrutadores


descartarem candidatos imediatamente após a análise do nome completo dos
candidatos a emprego. Hoje em dia, felizmente as coisas evoluíram e países como
Inglaterra, Holanda, Suécia e França já adotaram a política que o Currículo Cego
oferece as empresas. A regra é que, pelo menos, 50 funcionários de cargos
públicos devem ter sido contratados pela metodologia do currículo cego pelo
governo.

A empresa Ikea Blind foi uma das primeiras grandes multinacionais a


implementarem o uso do currículo cego em seus processos de seleção. Em 2018, a
companhia lançou um projeto piloto em Madrid e Sevilha, com o objetivo de ver se o
projeto geraria bons resultados antes de implementá-lo em outros locais.
“O primeiro teste que eles executaram obteve resultados mais do que adequados.
Depois de selecionar 18 pessoas por meio de sua pesquisa cega de currículo, 15
delas passaram na fase de entrevista e em todo o processo de seleção. A empresa
aceitou mais de 80% dos candidatos em sua empresa, sem que o recrutador
soubesse sua idade, sexo, aparência, etc.”

No Brasil, a política do CV Blind ainda é algo novo, uma ideia que precisa ser
amadurecida no meio corporativo, portanto, prevalece no meio das empresas o
currículo tradicional. Mas sabe-se que empresas que contratam e possuem uma
cadeia diversa vêm se destacando. Elas estão, inclusive, melhorando os lucros e
contribuição para o mercado.

Em 2019, a empresa Nestlé apostou nesse método de seleção em seu programa


de Trainee, recrutando novos jovens para trabalhar na empresa. Nesse período os
recrutadores só tiveram contato com os candidatos durante a última etapa da
seleção.

Seria importante estudar as particularidades do currículo cego que podem ser


aplicadas ao nosso país. Isso faria com o que o processo de recrutamento e seleção
fosse mais diverso, evitando a contratação de pessoas do mesmo padrão, seja ele
físico ou cultural. Desta forma, o ambiente empresarial seria a cara do Brasil: diverso
e acolhedor.
Pode-se concluir que, além de beneficiar a população, facilitando na hora de os
cidadãos serem selecionados para entrevistas de emprego, o currículo cego possui
diversos benefícios para o recrutamento, como: o aumento da diversidade no
ambiente de trabalho; ter funcionários que são realmente qualificados e talentosos; a
diminuição de preconceitos; aumento de contratação de acordo com o fit cultural,
mudança na mentalidade dos funcionários da empresa, dentre outros.

Ter o currículo cego em uma empresa não é apenas uma forma de inovar, mas
também uma forma de diversidade, inclusão, conscientização e agregação de
valores. O mundo vem avançando, e as empresas que têm buscado uma forma de
inclusão e diversidade, são as que mais têm obtido resultados e crescimento.

É importante que as empresas tenham consciência de que o ambiente de


trabalho deve ser um lugar agradável, onde os funcionários possam se sentir à
vontade para serem quem são, independentemente de quaisquer adjetivos que eles
carreguem consigo mesmos. Aprender a respeitar o próximo e respeitar as
diferenças é de suma importância para o crescimento individual e coletivo. Além
disso, seria fundamental que as empresas pudessem dar e criar todos os recursos
necessários para que seus funcionários se sintam seguros. E, ainda, oferecer
possibilidades de desenvolvimento e carreira.
REFERÊNCIAS:

A BLIND CV: EVERYTHING YOU NEED TO KNOW! Factorial Blog, 2021.


Disponível em: https://factorialhr.co.uk/blog/blind-cv/. Acesso em: 15 de Setembro de
2021.

GAMA, Ligia. VOCÊ SABE O QUE É BLIND HIRING? Appus HR Analytics, 2021.
Disponível em: https://www.appus.com/blog/recrutamento/blind-hiring/. Acesso em:
15 de Setembro de 2021.

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