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XVII Semana da Agronomia/I Encontro

Regional dos Estudantes de Agronomia

Produção de dendê (Elaeis guineensis) e a participação do Brasil no mercado


internacional
Marcos Breno Lopes Marques1,5*, Antonio Carlos Costa Linhares2,5, Rayssa Gomes Vasconcelos 3 e
Silfran Rogério Marialva Alves4,5
1
Mestrando em Ciências Florestais e Ambientais. 2Graduando em Agronomia. 3Mestranda em Ciências de Florestas Tropicais.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus, Amazonas, Brasil. 4Professor do Departamento de Engenharia Agrícola
e Solos. 5Universidade Federal do Amazonas – Manaus, Amazonas, Brasil. *marcosmarques44@gmail.com

Resumo – A cultura da palma de óleo responde pela maior parte de todo o óleo vegetal comercializado
mundialmente, estando entre as espécies com maior potencial para produção de biodiesel. O aumento
da busca de produtos que apresentem menor dano ambiental se torna propulsor para investimentos
ligados a fontes renováveis. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi avaliar e quantificar as oscilações
na produção de dendê no mundo, e suas oscilações com o valor de o comportamento da produção de
dendê no Brasil, no período de 2001 a 2017. As informações foram obtidas na base de dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, filtradas e processadas nos programas Microsoft Excel®
v. 2019 e SigmaPlot® v. 11. O estudo identificou que a produção brasileira vem se destacando a cada
ano, apresentando um aumento significativo frente a outros países produtores, isto está ligado
principalmente pelo investimento tecnológico aplicado ao cultivo da espécie e na sua capacidade
produtiva.

Palavras-chave: Dendezeiro; oleaginosas; mercado internacional; agronegócio.

Introdução

O dendê (Elaeis guineensis) é uma palmeira originária da costa ocidental da África


que chegou ao Brasil no século XVI e se adaptou no litoral do sul da Bahia (Carvalho
et al., 2015). Trata-se de uma planta perene, de vida econômica reprodutiva em média
de 25 anos, e com a tendência de produção econômica a partir do oitavo ano do ciclo
de vida. Destaca-se por apresentar melhor desenvolvimento em regiões tropicais,
devido ao seu processo produtivo sofrer influência direta do clima (Müller e Alves,
1997). Seu principal produto é o óleo extraído da polpa do fruto, conhecido como óleo
de palma, e se destaca por possuir elevada produção de óleo por unidade de área
(Brazilio et al., 2012).
A cultura da palma de óleo teve sua primeira produção comercial por volta de 1911
na Indonésia e em 1917 na Malásia (Homma e Furlan Junior, 2001; Corley e Tinker,
2008). Hoje, é cultivada em diversos países na faixa do trópico úmido, como
Indonésia, Malásia, Papua Nova Guiné, Filipinas, Camarões, Uganda, Costa do
Marfim, Tailândia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Guatemala, México, Nicarágua,
Costa Rica, dentre outros (Monteiro e Homma, 2014). No cenário internacional, entre
todas as oleaginosas existentes, ocupa o primeiro lugar, atingindo produção de óleo
acima de 56 milhões de toneladas anuais (USDA, 2012; Monteiro, 2013). No Brasil,
as maiores parcelas de cultivo estão situadas na região amazônica – mais de 60.000
hectares, sendo o Estado do Pará o maior produtor brasileiro, tanto do azeite de
palma, quanto do óleo de palmiste, responsável por 80% da produção nacional
(Carvalho; Baldani; Reis, 2001).
A palma de óleo durante séculos foi plantada apenas para atender às
necessidades da indústria alimentícia (Rist et al., 2010; Wicke et al., 2011). Entretanto,
hoje, entre todas as matérias primas cotadas para a produção de biodiesel, é a que
mais produz óleo por área plantada e apresenta ciclo de produção intenso durante
todo o ano, diferentemente do que ocorre com outras culturas oleaginosas. Estes são
alguns dos fatores atrativos e impulsionadores do mercado internacional para
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investimentos na cultura para a produção de biodiesel em nível mundial (Fedepalma,


2010). Diante do exposto, a tentativa de redução do impacto ambiental dos
combustíveis fósseis, passou a vislumbrar na dendeicultura uma representação
potencial de produção, sendo assim objetivo deste trabalho foi avaliar e quantificar as
oscilações na produção de dendê no mundo, ao longo de 17 anos, e suas ocilações
com o valor de produção global.

Material e Métodos
Este foi um estudo descritivo, qualitativo e quantitativo, em que foram analisados
os dados oficiais da produção da cultura da mandioca no Brasil, em especial na
Região Norte, através da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2019) e no mundo por meio da base de dados da Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2019) gravados no período
compreendido entre os anos de 2001 e 2017. Adicionalmente, foram realizados
levantamentos bibliográficos nas bases de dados: Scielo, Scopus, Mendeley, Elsevier
e Researchgate com os seguintes termos-chave: “mercado de dendê, palmeiras-de-
óleo, palmeira-de-dendê, dendezeiro, dendê no Brasil”.
Os dados obtidos foram organizados e submetidos à análise exploratória
(descritiva), a partir da observação de frequências simples e absolutas, percentuais
para as variáveis categóricas e organização dos resultados em tabelas e gráficos,
cujas técnicas de organização, resumo, descrição e apresentação dos resultados
foram descritas por Andrade e Ogliari (2005). Para o processamento e análise dos
dados, empregaram-se os programas Microsoft Excel® v. 2019 e SigmaPlot® v. 11.
Resultados e Discussão
Entre os anos 2001 e 2017, houveram variações dos fatores: produção (59,30%);
área colhida (49,16%) e produtividade (6,23%) no mundo (Figura 1). Na lista da FAO,
45 países participam da produção mundial de dendê, sendo o continente asiático
responsável por 86,85%. Os principais produtores desta oleaginosa são Indonésia,
Malásia e Tailândia que juntos produziram 49,86%; 32,04% e 4,59% da produção
mundial, respectivamente. Assim como disposto por (USDA, 2012) em avaliação do
período de 2008 a 2013, Indonésia e Malásia concentram cerca de 90% de toda a
produção. O Brasil figura como 13 colocado, produzindo 0,53% da produção mundial.

Figura 1: Série histórica de produção internacional de dendê


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No ano de 2017, os estados que apresentaram a maior representatividade de


produção foram Pará, Amazonas e Roraima contribuindo para economia nacional com
cerca de R$393,914; R$2,099; R$208 mil, respectivamente (IBGE, 2019). O valor
obtido pelo estado do Pará demonstra um crescimento quando comparado ao valor
informado pelo relatório de 2010, onde o volume comercializado estava na ordem de
R$232,269 milhões (IBGE, 2012). O crescimento na produtividade da indústria
brasileira pode ser notado pela Tabela 1, onde a mesma supera a produtividade
mundial ficando bem próxima ao maior produtor atual, Ásia.

Tabela 1: Produção, área colhida e produtividade mundial, continental e brasileira de dendê (Elaeis
guineensis).
Produção (t) Área colhida (ha) Produtividade (t/ha)
Região
2016 2017 2016 2017 2016 2017
Mundo 296.821.515 317.571.419 20.988.582 21.354.321 11,12 11,38
Ásia 256.426.168 275.821.444 14.936.870 15.255.928 14,68 15,47
África 19.569.619 19.940.486 4.583.406 4.624.825 9,52 9,57
Américas 18.193.955 19.089.070 1.278.147 1.275.789 12,03 12,53
Oceania 2.631.773 2.720.419 190.159 197.779 14,11 13,99
Brasil 1.647.417 1.676.421 142.246 111.233 11,58 15,07
Fonte de dados: (IBGE, 2019).

A inovação tecnológica dos sistemas agroindustriais na dendeicultura deve ser


um fator a ser considerado como estratégico do ponto de vista da competitividade e
sustentabilidade da cadeia de valor para o mercado, como relatado pela (EMBRAPA,
2011) pois a significativa contribuição da cultura da palma de óleo como recuperadora
de áreas alteradas e com inclusão socioeconômica de agricultores familiares, faz
desta atividade uma excelente alternativa de investimento e diversificação produtiva
na Amazônia (Banco da Amazônia, 2012; Monteiro, 2013).
Conclusão
O crescimento da produção e consequentemente na produtividade do cultivo
do dendê, destaca a competividade e o investimento do país no mercado ligado a
agricultura de energia, atendendo questões relacionadas a sustentabilidade ecológica
com produtos oriundos da biotecnologia vegetal, focando em um segmento de grande
demanda no mercado internacional, com pouca mecanização e reduzida aplicação de
defensivos agrícolas.

Referências

Banco da Amazônia. 2012. Balanço do número de contratos PRONAF ECO no


período de 2002 a 2012 no estado do Pará. Relatório
Brazilio, M., Bistachio, N. J., de Cillos silva, V., & do Nascimento, D. D. 2012. O
Dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.)-Revisão. Bioenergia em Revista: Diálogos
(ISSN: 2236-9171), 2(1), 27-45.
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Carvalho, A. R. V. de; Baldani, V. L. D.; Reis, V. M. 2001. O Dendê (Elaeis


guineenses Jacq.). Seropédica, RJ: Embrapa Agrobiologia, Documentos, 138.
ISSN 1517-8498.
Carvalho, N. B.; Santos, W. M.; Soares, N. S. 2015. Padrão de variação estacional
dos preços do dendê no Brasil, de 2009 a 2014. Observatorio de la Economía
Latinoamericana, (211).
Corley, R.H.V.; Tinker, P.B. 2008.The Oil Palm. Fifth edition. Blackwell Science. 592p.
Andrade, D. F., Ogliari, P. J. (2007). Estatística para as ciências agrárias e biológicas:
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EMBRAPA. 2011.Palmas para o Dendê. Revista Agroenergia. nº 2, Brasília.
FAO. 2019. Crops and livestock products. (http://www.fao.org/faostat/en/#data/TP).
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Homma, A. K. O.; Furlan Junior, J. 2001. Desenvolvimento da dendeicultura na
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Accessed on 04 Jan 2019.
Monteiro, K. F. G. 2013. Análise de indicadores de sustentabilidade socioambiental
em diferentes sistemas produtivos com palma de óleo no Estado do Pará. Tese
(Doutorado em Ciências Agrárias/Agroecosistemas da Amazônia) –
Universidade Federal Rural da Amazônia/Embrapa Amazônia Oriental, Belém,
205 p.
Monteiro, K. F. G.; Homma, A. K. O. 2014. Diferentes sistemas de produção com
palma de óleo (Elaeis guineensis Jaq.) e a participação do Brasil no cenário
internacional. Embrapa Amazônia Oriental-Artigo em periódico indexado
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Müller, A. A.; Alves R. M. 1997. A dendeicultura na Amazônia brasileira. Belém:
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Rist, L.; Feintrenie, L.; Levang, P. 2010. The livelihood impacts of oil palm:
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