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Como Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho acreditado pela ACT – “Autoridade Para as
Condições do Trabalho”, senti-me no dever deontológico de partilhar uma parte dos meus conhecimentos,
relativamente à temática da “Higiene e Segurança no Trabalho”, com todos aqueles que possam ter uma maior
necessidade de serem sensibilizados, ou por serem Gerentes de Micro ou Pequenas Empresas, Empresários em Nome
Individual e, principalmente todos os particulares que trabalham no sector Agroflorestal e Construção Civil que, a
meu ver, são aqueles que estão menos informados no que diz respeito a esta temática.
Embora a legislação, hoje em dia, seja mais adequada que no passado, e a informação prestada pelas
Autoridades seja muita, e apresentada de variadas formas, reparamos que ainda existe uma cultura do facilitismo.
Ou por falta de recursos monetários ou mesmo por desinformação para implementar medidas de prevenção de
sinistros.
É do conhecimento público que a carga fiscal é elevada e que o tecido empresarial nas zonas do Interior, que
é muito desertificado, tem mais dificuldades em manter a sua sustentabilidade. Tudo isto leva as empresas a
canalizarem todos os recursos para a produção em detrimento da questão da Higiene e Segurança no Trabalho. Por
vezes ignorando que um sinistro fatal pode ser mesmo razão suficiente para o encerramento do negócio, visto que
estamos a falar de uma maioria de micro e pequenas empresas de caracter familiar com uma sustentabilidade muito
frágil. Julgo até que o Estado deveria assumir uma posição mais ativa nesta área criando alguns incentivos, baixando
por exemplo o IRC, os custos da energia, etc., de forma a permitirem às empresas apostarem um pouco mais na
Higiene e Segurança no Trabalhos.
No seguimento da razão de querer sensibilizar um pouco mais os leitores do Defesa da Beira, tenciono
escrever um artigo mensal sobre a temática HST. Colocando-me desde já á disposição para esclarecer, através do
jornal, algumas dúvidas que possam surgir e que os leitores queiram ver esclarecidas.
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Neste primeiro artigo vamos dar mais importância a algumas questões de base:
Um empregador deve oferecer toda a segurança necessária para os seus colaboradores, a fim de que eles
consigam exercer as suas funções sem nenhum tipo de prejuízo à sua saúde. O conceito de higiene foi criado para
assegurar a Higiene e Segurança no Trabalho, que visa oferecer um ambiente mais seguro para os trabalhadores em
diversos aspetos.
A palavra higiene deriva do nome da deusa grega da saúde conhecida como “Hygeia”. Ela era filha de
“Asklepios” e irmã de “Panacea”. Enquanto o pai e a irmã se preocupavam com o tratamento de doenças existentes,
“Hygeia” preocupava-se com a preservação da boa saúde e a prevenção de doenças. Daí vem o significado utilizado
na expressão higiene ocupacional, que é diferente do conceito que utilizamos no dia a dia. Higiene Ocupacional é a
ciência que tem como principal função antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os perigos para a saúde no ambiente
de trabalho com o objetivo de proteger a higidez e o bem-estar dos trabalhadores e da comunidade em geral. Atua
na identificação de agentes perigosos, sejam eles químicos; físicos ou biológicos, no local de trabalho e que possam
causar doenças ou desconforto. Visa cuidar do trabalhador em três aspetos: 1º Aspeto: Saúde Física: Cuidados para
que os movimentos realizados durante o trabalho não causem lesões ao colaborador; 2º Aspeto: Saúde
Mental: Preocupa-se com o bem-estar mental do colaborador, a fim de que ele não seja exposto a situações
altamente stressantes ou até constrangedoras que possam prejudicá-lo. 3º Aspeto: Saúde Social: Promove uma boa
relação entre todos os funcionários, para que eles convivam de forma pacífica e harmoniosa.
A Segurança no Trabalho é um termo mais conhecido e que já deixa claro do que se trata. É basicamente
prevenir sinistros/acidentes de trabalho. Mas e quando falamos a respeito da higiene no trabalho? A interpretação
inicial costuma ser em relação à higiene pessoal dos funcionários, como lavar bem as mãos, manter o local de
trabalho limpo, etc. Entretanto, neste contexto o significado de higiene é um pouco diferente. Estamos a falar de
Higiene Ocupacional.
A preocupação com a saúde e o bem-estar dos trabalhadores surgiu por volta da década dos anos Cinquenta.
Antes disso, a produtividade era sempre colocada em primeiro lugar e a saúde dos funcionários ficava em segundo
plano. Com o passar do tempo, foi-se percebendo que, além de desumano, não oferecer boas condições de trabalho
afetava a saúde e, consequentemente, a produtividade do trabalhador. Uma pessoa com problemas de saúde, mais
cedo ou mais tarde terá que se ausentar da empresa para se tratar. Da mesma forma que um funcionário saudável
consegue trabalhar com muito mais eficiência. Atualmente, a higiene e segurança no trabalho são vistas com muito
mais seriedade pelas empresas.
Obrigações Gerais do Empregador
Na Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro, encontra-se previsto um conjunto de obrigações para o trabalhador,
entre as quais:
1. Cumprir as prescrições legais de segurança e de saúde, bem como as instruções determinadas pelo
empregador;
2. Zelar pela sua segurança e saúde, bem como pela segurança e saúde de outros que possam ser afetados
pelas suas ações ou omissões no trabalho;
3. Utilizar corretamente, de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador, máquinas,
equipamentos, materiais e substâncias de trabalho;
4. Utilizar corretamente, de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador, os meios e
equipamentos de proteção coletiva e individual;
5. Comparecer aos exames determinados pelo médico do trabalho;
6. Comunicar, de imediato, quaisquer avarias e deficiências que possam originar perigo grave e iminente;
7. Comunicar, de imediato, quaisquer defeitos verificados nos sistemas de proteção;
8. Em caso de perigo grave e iminente, adotar as medidas e instruções previamente estabelecidas para tais
situações.
Mesmo que uma empresa não seja obrigada a ter serviços de Higiene e Segurança no Trabalho, deve colocar
em prática medidas para oferecer um ambiente mais seguro aos seus colaboradores. Todas as atividades
relacionadas com a temática podem ser bastante úteis e trazer muitos benefícios, tanto para a empresa como para
os colaboradores.
Glossário
Empresa
Organização que conjuga o capital com o trabalho com o objetivo de produzir bens ou serviços.
Fonte: RODRIGUES, Germano. Segurança na Construção: Glossário. 1.ª Edição, Lisboa, Instituto de Desenvolvimento
e Inspeção das Condições de Trabalho, 1996
Empregador
Pessoa singular ou coletiva com um ou mais trabalhadores ao seu serviço e responsável pela empresa ou pelo
estabelecimento ou, quando se trate de organismos sem fins lucrativos, que detenha competências para a
contratação de trabalhadores. Fonte: Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro [Regime Jurídico da promoção da
segurança e saúde no trabalho]; Decreto-Lei n.º 273/2003, de 29 de Outubro
Empresário
Pessoa física ou jurídica que recebe a prestação de serviço de trabalhadores sendo o responsável pela organização
da produção e das condições em que é efetuada. Fonte: RODRIGUES, Germano. Segurança na Construção: Glossário.
1.ª Edição, Lisboa, Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho, 1996
Trabalhador
Pessoa singular que, mediante retribuição, se obriga a prestar serviço a um empregador e, bem assim, o tirocinante,
o estagiário e o aprendiz que estejam na dependência económica do empregador em razão dos meios de trabalho e
do resultado da sua atividade. Fonte: Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro [Regime jurídico da promoção da
segurança e saúde no trabalho]
(Tudo o que um Empregador precisa de saber sobre a Higiene e Segurança no Trabalho continua no próximo
artigo… )
Observação: Este artigo tem, apenas, como objetivo sensibilizar as entidades empresariais, organizações assim como
as pessoas em geral. Não tem de todo a intenção de julgar ou criticar empresas, organizações ou pessoas em geral.
ACT