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Nos primórdios da civilização, o meio de transporte usado se dava pela tração animal,
carruagens de madeira com duas rodas que eram puxadas por cavalos, um meio arcádio, sem
sistemas de direção, freios ou sequer grandes autonomias, já que os animais cansavam, porém
eficazes para o serviço e uso da época.
Ao longo dos séculos os esforços de homens se davam em aprimorar esse meio de transporte
que até então, era “suficiente” as pessoas da época. Um dos primeiros resultados desses
esforços foi a Máquina a vapor, que se tratava do chamado motor de combustão externa, ao
falarmos de máquinas a vapor, é impossível não remeter a James Watt, (1736-1819) um
engenheiro mecânico e matemático escocês, que aperfeiçoou a máquina a vapor, possibilitando
o emprego de tais máquinas nos veículos da época como: carruagens, bicicletas e triciclos
inaugurando “a era do vapor na Revolução Industrial na Inglaterra”.
Porém, a máquina, ou motor á vapor tinha diversos inconvenientes, que dificultavam seu
uso em maiores períodos de tempo e longas distancias, nos quais se destacam:
Porém, o responsável pelo invento do motor que viria a se tornar o padrão nos dias atuais foi o
Engenheiro, físico e inventor alemão Nicolaus Otto, que em conjunto com o engenheiro
Langen em 1877, desenvolveram uma máquina térmica de quatro tempos, que tinha seu
funcionado baseado na queima controlada e sequencial de combustível dentro de cilindros,
queima essa que gerava força motriz para o movimento de um veículo. A invenção de Otto era
superior em rendimento e praticidade a invenção aprimorada por James Watt, e hoje em dia, é
conhecido como motor de combustão interna de ciclo Otto.
Outra figura importante dessa evolução, é Carl Benz, fundador da marca “Mercedes Benz”,
que em 1885 na Alemanha desenvolveu um motor a combustão interna parecido com o de
Otto, e o adaptou a um triciclo, criando assim, o que é considerado por muitos o primeiro
automóvel do mundo
Henry Ford e seu filho Edsel Ford ao lado de um “Model A”, sucessor do “Model T“
Motor de Combustão
Motor de combustão externa
Esse tipo de motor chama-se assim, pois a combustão ocorre fora de onde é produzido
o trabalho, nos cilindros. Foi muito empregado em grandes locomotivas que eram responsáveis
por todo transporte ferroviário dos EUA no século XX.
Nos motores das locomotivas a vapor, o combustível usado era geralmente carvão, ou
lenha, onde a queima desses combustíveis gerava o calor necessário para aquecer a água que
ficava em uma caldeira, assim, transformando-a em vapor. Conforme esse vapor se expandia, a
pressão do mesmo movimentava os cilindros que acionavam as rodas motrizes da locomotiva,
como no exemplo a seguir:
Quando nos referimos a este tipo de motor, há uma conversão maior de energia
potencial em energia cinética com a quantidade de combustível igual, em relação ao motor de
combustão interna. Portanto, o motor de combustão externa é mais eficiente teoricamente,
podendo ainda ser usado ao mesmo tempo em 2 veículos. Porém, ao comparamos ao início do
desenvolvimento dos veículos automotores pessoais, o emprego deste tipo de motor se tornaria
ineficiente e não traria praticidade.
• Cabeçote
• Bloco
• Conjuntos móveis
O nome “cabeçote” se dá pela posição que esse componente se encontra no motor, sendo
no topo.
O bloco é a estrutura principal de um motor, onde a partir dele são montados os demais
componentes, como por exemplo:
• Cilindros
• Cabeçote
• Conjunto móvel
O pistão se movimenta entre PMI (Ponto Morto Inferior) e PMS (Ponto Morto Superior),
estes são os pontos mais baixos e altos respectivamente, é entre eles que ocorrem os tempos
do motor, cada tempo corresponde a uma meia volta do virabrequim.
A construção desses motores dispensa a necessidade de válvulas, pois nesse tipo de motor
existem as janelas, através das quais entra a mistura e saem os gases resultantes da sua queima,
nesse caso o próprio corpo do pistão se encarrega de vedar as janelas de acordo com os tempos.
Quando o pistão desce, cria-se uma pressão menor que a pressão atmosférica, que insere
para dentro da câmara de combustão a mistura a ser queimada, porém, devido a sua construção
conjunta com o virabrequim, é característica desse motor queimar o óleo lubrificante.
Outra caraterística desse motor, é sua capacidade de atingir altas rotações mais
rapidamente, devido necessitar de menos movimento do virabrequim para um ciclo. Esses
motores são normalmente empregados em: Moto serras, motos de moto cross e scooters.
Motores de Quatro Tempos
São os mais vistos e usados, esses motores realizam os tempos já citados, com quatro
movimentos do pistão, o equivalente a duas voltas do virabrequim.
Como já sabemos os tempos do motor, vejamos uma explicação mais aprofundada sobre
eles:
Compressão – ambas as válvulas permanecem fechadas aqui, o pistão se desloca de PMI para
PMS, comprimindo ao máximo a mistura ar/combustível admitida.
Combustão – Com as válvulas fechadas, e a mistura comprimida em PMS, uma centelha elétrica
incendeia a mistura, causando uma explosão que empurra o pistão para baixo, contribuindo
para o movimento do virabrequim.
Exaustão – após a combustão da mistura, restam os gases resultantes da mesma, que não
podem permanecer dentro do cilindro, e não, nesse tempo somente a válvula de escape se abre
gradativamente, e o pistão se descola de PMI para PMS, empurrando os gases para fora do
cilindro, e assim, o cilindro está pronto para um novo ciclo.
É chamado de ordem de ignição a sequência das expansões que ocorrem nos cilindros
do motor. Tem como objetivo o equilíbrio térmico e dinâmico do motor. O equilíbrio térmico
evita que ocorra uma concentração de calor em determinada parte do motor. O equilíbrio
dinâmico diminui as vibrações decorrentes das forças das expansões sobre a árvore de
manivelas. Além de preservar a vida útil de peças e componentes internos do motor, bem como
dos coxins e outros componentes externos ligados ao propulsor.
Os parâmetros utilizados para a construção do quadro da ordem de ignição são: ângulo para o
motor completar o ciclo (α), ângulo de frequência das expansões (β) e Ciclo do motor (α). Esse
ângulo é de 360º para motores 2T e 720° para motores 4T.
β=
α
𝑛
Onde na equação:
β= ângulo de frequência das expansões, graus;
α= ângulo correspondente ao ciclo, graus;
n= número de cilindros do motor.
Vejamos por exemplo um motor com a configuração de quatro tempos. quatro cilindros em
linha por exemplo, com ordem de ignição 1243:
• controlar, através das válvulas, a entrada da mistura e a saída dos gases produzidos na
combustão;
• permite a passagem do líquido de arrefecimento e do óleo lubrificante pelos dutos;
• forma as câmaras de combustão mantendo-as vedadas para garantir a compressão e
o máximo aproveitamento da energia produzida na queima do combustível.
São fabricados geralmente em ferro fundido ou ligas leves. Um motor pode funcionar com um
ou mais cabeçotes dependendo do modelo e tipo do veículo, como no caso dos motores em “V”,
que utilizam dois cabeçotes.
Entre o bloco e o cabeçote, existe uma vedação chamada de “junta do cabeçote”, que é
responsável por garantir que cada fluído fique apenas no seu determinado duto, evitando
mistura de fluidos, e garante a compressão dos cilindros. Essa vedação é normalmente feita
por uma junta fabricada em amianto e recebe reforços metálicos para resistir às altas
temperaturas e pressões causadas pela combustão da mistura. Como a junta sofre
esmagamentos durante a instalação do cabeçote, deve ser substituída toda vez que ele for
retirado
Tipos de cabeçote
Cabeçote Flathead (Side Valve)
Durante muitos anos, nos motores a combustão interna mais antigos, o cabeçote tinha
como principal função, apenar “cobrir” o conjunto do motor, alojando apenas as velas de
ignição, agindo basicamente como uma mera tampa, sem maiores responsabilidades. Nesse
âmbito, as válvulas de admissão e escapamento, que hoje são comuns no cabeçote, na época se
encontravam no bloco do motor, assim a cabeça da válvula ficava praticamente ao lado dos
pistões.
Por conta dessa construção, a taxa de compressão dos cilindros era muito baixa, o que
resultava em um motor menos eficiente. Esses tipos de cabeçote se chamavam “Flathead”, que
na tradução ficaria algo como “cabeça chata”, uma alusão ao fato de o cabeçote ser liso. Esse
modelo foi lançado pela Ford em 1932 e equipou os V8 da época.
Exemplo em
Henry Ford em pessoa ajustando um motor flathead
corte de um flathead
Em motores com esse tipo de acionamento o eixo comando fica próximo ao virabrequim, e as
válvulas ficam na lateral do bloco, acionadas diretamente pelo eixo comando (ver imagem
acima). Por serem mais simples e baratos foram muito comuns até a década de 1950, quando
os motores OHV começaram a se popularizar.
Cabeçote OHV (Over Head Valve)
Over Head Valve, do inglês, significa “válvula em cima do cabeçote”. Aqui, pelo fato
das válvulas ficarem acima das câmaras de combustão, é possível agora obter uma taxa de
compressão muito maior em relação ao seu antecessor flathead.
No sistema OHV as válvulas são acionadas através do contato dos cames, que ao
rotacionarem, acionam tuchos, que exercem um movimento vertical sobre as varetas, que por
sua vez acionam os balancins, acionando assim a abertura das válvulas. Esse sistema
representou uma grande evolução em relação ao sistema de válvulas laterais, pois com o
posicionamento das válvulas no cabeçote foi possível adotar geometrias otimizadas para a
câmara de combustão, permitindo aumentar a taxa de compressão sem o risco de detonação,
além de permitir dutos de admissão e exaustão mais curtos, melhorando a eficiência
volumétrica com menor perda de carga no fluxo de gases.
Over Head Camshaft, do inglês significa “Comando de Válvulas no Cabeçote”, podendo ser
único SOHC (Single Over Head Camshaft) ou duplo, com dois comandos de válvulas DOHC
(Double Over Head Camshaft). Agora, finalmente o comando de válvulas não se encontra mais
no bloco do motor, ficando agora em praticamente contato direto com as válvulas. Com esse
posicionamento do comando de válvulas, além de um motor mais compacto, direto e eficiente,
agora existem menos partes móveis em relação a construção OHV, basicamente, quanto mais
partes móveis e componentes, maior será a manutenção e degradação das mesmas.
Distribuição Mecânica
Para que o motor funcione em perfeitas condições, é necessário que as válvulas
exerçam suas respectivas funções somente no momento necessário, em outras palavras, que a
válvula de admissão de um cilindro abra somente quando o motor estiver no ciclo de admissão
pronto para receber a mistura, e que a válvula de exaustão se abra somente quando estiver na
hora exata dos gases resultantes da combustão saírem
Basicamente, a abertura das válvulas deve estar sincronizadas com o giro do motor. Para
isso, existe o sistema de distribuição mecânica, que se trata exatamente disso, da relação de
sincronismo entre o virabrequim e o comando de válvulas.
Tanto o comando de válvulas quanto o virabrequim possuem cada uma, uma engrenagem,
estas, servem para criar uma ponte de conexão, transmitindo os giros do virabrequim para o
comando de válvulas. E existem diversas formas de proporcionar esse sincronismo entre os
componentes, sendo eles:
Além de sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas com o movimento dos cames, a
árvore do comando de válvulas:
• Tuchos
• Hastes
• Balancins
haste
Cruzamento de válvulas – Overlap
Loby Center
É chamado de loby center, o ângulo entre os pontos máximos dos cames de admissão
e escapamento. O loby center é um ponto crucial no desempenho do motor, porém
considerado apenas por preparadores experientes. Para cada cilindro, há cames de admissão e
escape. E loby center é exatamente a diferença em graus entre os picos dos dois ressaltos
(imagem de exemplo na próxima página).
Para os preparadores, a melhor faixa de loby center está entre 104º e 115º. Como
regra geral, as graduações mais baixas resultam em maior pressão no cilindro, pioram a
marcha lenta, elevam o pico de torque e melhoram o desempenho em altas rotações. Valores
altos geram torque em baixas rpm, suavizam a lenta e mantêm a cura de torque plana.
Motores aspirados usam loby center baixo, enquanto motores turbo agradecem valores acima
de 110º.
Diagrama de válvulas
O diagrama de válvulas é composto por uma figura de 360 graus que representa o
movimento do pistão de TDC para BDC em todos os cursos do ciclo do motor, que é medido em
graus e a abertura e o fechamento das válvulas são controlados de acordo com esses graus.
• uma de suas extremidades tem uma sapata que se assenta sobre a haste ou sobre o
tucho;
• na outra extremidade, há um orifício roscado para alojar o dispositivo de regulagem.
O eixo deve manter bem ajustados todos os componentes do conjunto dos balancins. O
eixo deve garantir grande durabilidade ao conjunto. Por isso, é fabricado de aço e sua superfície
submetida a um tratamento especial no processo de fabricação.
Essa transmissão dos movimentos podem ser, dos cames da árvore de comando de
válvulas para as hastes de comando de balancins ou, diretamente, às hastes das válvulas, de
acordo com a construção do motor.
Válvulas
As válvulas de admissão e escape, já apresentadas anteriormente, são hastes com uma
das extremidades achatadas, em formato de disco, e que se assentam perfeitamente em suas
sedes no cabeçote.
Pelo fato de ficarem instaladas no cabeçote, são produzidas para serem altamente
resistentes contra:
• corrosão - que pode ser causada pelas misturas e gases resultantes da combustão
• Altas temperaturas - pelo fato do interior do motor trabalhar em elevadíssimas
temperaturas
• Desgaste físico - Já que as válvulas se movimentam milhares de vezes por minuto
Os dois tipos de válvulas, obtêm como função além de permitir a passagem de seus devidos
fluidos presentes em seus nomes, vedar completamente a câmara de combustão do motor
quando fechadas, evitando assim que ocorra a perca de compressão dos cilindros.
Porém, por mais parecidas que elas sejam, cada uma possui suas diferenças com seus
respectivos motivos. A válvula de admissão por exemplo, geralmente possui um diâmetro maior
do que a válvula de escape, com a finalidade de permitir a passagem da mistura ar/ combustível
mais facilmente. Enquanto a válvula de escape, é produzida de material mais resistente a
temperaturas elevadas do que a de admissão. Isto acontece porque os gases resultantes da
queima da mistura têm temperaturas mais elevadas do que a mistura que entra pela válvula de
admissão.
• cabeça
• margem
• face de assentamento
• haste
• canalete
• pé de válvula
Quando as válvulas não estão sendo acionadas, e as válvulas se encontram fechadas, é
extremamente necessário que não haja nenhuma folga, a cabeça da válvula deve acasalar-se
perfeitamente na sua sede, na câmara de combustão.
Para isso, a cabeça da válvula possui em suas laterais, uma área inclinada chamada face de
assentamento. A inclinação da face de assentamento da válvula é, e deve ser igual a da sede da
válvula para vedar completamente a saída de mistura ou de gases, quando a válvula se encontra
fechada.
Quando ocorre a abertura entre a sede e a face de assentamento da válvula, isso ocorre
pelo deslocamento da haste de guias das válvulas. Esse deslocamento ocorre quando o pé
da válvula é pressionado pelo balancim ou pelo came da árvore de comando de válvulas. E seu
fechamento ocorre pela ação de uma mola de aço calibrada, que por ação de sua própria
resistência realiza a ação de retornar a válvula sua posição inicial.
• Molas - fabricada em aço especial. A função da mola é fazer com que a face de
assentamento da válvula fique pressionada de encontro a sede sempre que o
balancim não estiver pressionando o conjunto.