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RESUMO TUTORIAL

Tutorial 01 inicialmente, mais as fibras da fibrina, células


sanguíneas e plasma, formam o coágulo sanguíneo.
Fisiologia da coagulação

- CONCEITO DE HEMOSTASIA (equilíbrio entra


substâncias sanguíneas pró coagulantes x
anticoagulantes).

- A via extrínseca é ativada quando ocorre lesão no


endotélio vascular, havendo liberação de
tromboplastina tecidual ou fator III, que se combina
com o fator VII (acelerador da protrombina) na
presença do fator IV (Cálcio) e atua enzimaticamente
sobre o fator X (anti-hemofílico), para formar o fator X
ativado.

- Na via intrínseca, o fator XII ao contato com qualquer


superfície que não seja o endotélio vascular, é ativado,
e, seguida ativa o fator XI (percursor da tromboplastina
plasmática). Estes dois fatores ativados estimulam a
ativação do fator IX, o fator IX ativado, converte o fator
VIII à forma ativa. O fator VIII ativado se liga ao cálcio e
ao fosfolipídio plaquetário, formando um complexo
ativador do fator X.

- Estímulos diferentes iniciam as vias extrínsecas e


intrínsecas, mas a partir da ativação do fator X, as duas
vias seguem uma via comum. O fator X ativado se
combina com o fator IV(Cálcio), com o fator V (pró-
acelerina) e com as plaquetas ou com os fosfolipídios
teciduais para formar o complexo ativador da
protrombina e convertem o fator II (protrombina) em
trombina. A trombina, por sua vez é uma enzima
proteolítica, que atua sobre o fator I (fibrinogênio),  HEPARINA NÃO FRACIONADA(HNF) –
formando moléculas de monômero de fibrina, essas anticoagulante parenteral inibição indireta da
moléculas se polimerizam, formando longas fibras de TROMBINA (FATOR IIa) atuando como co-fator
fibrina. Assim o tampão de plaquetas, formado da antitrombina (AT) aumentando sua
atividade e, consequentemente, seu efeito
anticoagulante sob a trombina, o fator Xa, e
em menor grau, os fatores XII,XI e IX ativados,
além de tamber inibir o complexo “fator
tecidual-fator VIIa” promovendo alterações
laboratoriais do tempo de trombina (TP), do
tempo de troboplastina parcial ativado (TTPa)
e do Tempo de Trombina (TT).
 HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR
(HBPM) – anticoagulante parenteral tem
baixa atividade antitrombínica mas mantem a
capacidade de inativar o fator Xa. Exerce sua
atividade antitrombótica por inibição seletiva
do Fator Xa mediada pela antitrombina III
(ATIII). Laboratorialmente, somente alteram o
TPPa quando utilizadas em altas doses.

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 BIVALIRUDINA - anticoagulante parenteral - e
acao de inibição DIRETA DA TROMBINA. Tem
como mecanismo de ação o bloqueio da
atividade da trombina em dois sítios, ou seja,
livre no plasma e ligadada ao trombo.
Consequentemente impedindo a conversão de
fribrinogênio em fibrina, interferindo sobre as
fases de amplificação e propagação
estabelecidas pelo modelo celular da
coagulação pela diminuição da geração de Mas quem devemos anticoagular? Em 2001, unindo
trombina. (Ainda não disponível no BR) estudos prévios (SPAF + AFI), foi criado um escore de
 VARFARINA (AVK ) –anticoagulante oral- risco de eventos tromboembólicos – o CHADS2. Se
antagonista da vitamina K tem como pontuação de 2 ou mais, estaria indicada a
mecanismo de ação antagonizar a vit k, anticoagulação plena, pelo alto risco de eventos
interferindo principalmente, sobre os fatores (warfarina, para um INR de 2,0 a 3,0). Se risco
da coagulação II, VII, IX, X. O risco de intermediário (escore de 1), poderiamos antiagregar
complicações hemorrágicas (principalmente ou anticoagular, dependendo do paciente (com
intracraniana) tendência a um
 DABIGATRANA – anticoagulante oral- de ação maior
direta. É um inibidor direto da trombina, benefício da
potente, competitivo, reversível e é o principal anticoagulação
princípio ativo no plasma. Visto que a trombina para esses
possibilita a conversão de fibrinogênio em pacientes).
fibrina durante a cascata de coagulação, a sua
inibição previne a formação do trombo. Uma crítica ao
escore CHADS2
e à outros
O risco de complicações hemorrágicas (principalmente escores
intracraniana) ou a ocorrência de eventos existentes
tromboembólicos são a grande preocupação em (como o
pacientes sob terapia com anticoagulantes. Framingham)
Dependendo dos fatores genéticos, ambientais, é que eles
alimentícios, socioculturais, patologias de base, tinham muitos pacientes em risco intermediário,
interações medicamentosas que influenciam na quando seria questionável a anticoagulação. Por isso,
absorção, farmacocinética e farmacodinâmica, o efeito foi desenvolvido um novo escore de risco – o CHA2DS2-
dos AVK varia de individuo para individuo. VASc. Esse escore foi validado em um estudo
Com isso o monitoramento do efeito dos AVK sobre a apresentado no Chest. Avaliou 5.333 pacientes
coagulação – ex lab de TP é o mais indicado. Este teste ambulatoriais ou internados com FA. Foram incluídos
avalia a via extrínseca da coagulação e indiretamente a aqueles que tinham mais de 18 anos, com FA
via comum, tendo seus valores expressos pelo INR; documentada em ECG ou Holter nos últimos 12 meses.
Foram excluídos aqueles com estenose mitral ou
A fibrilação atrial é a arritmia cardíaca sustentada cirurgia valvar prévia. Foi avaliado mortalidade,
mais comum, acometendo 1-2% da população em eventos adversos (AVC, AIT, embolia periférica, TEP) e
geral. Sabe-se que a FA aumenta consideravelmente o fatores de risco. Dos pacientes que tinham todos dados
risco de eventos tromboembólicos. Assim, a avaliados, 1084 (69%) foram incluídos, com um
anticoagulação é sempre uma preocupação em seguimento de 1 ano.
pacientes que apresentam essa arritmia.

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O escore HAS-BLED deve ser utilizado para estimativa
da probabilidade de sangramento (aumento
considerável quando > 3), mas principalmente para se
lembrar dos fatores de risco modificáveis antes do
início da anticoagulação. Por exemplo: se o paciente
apresenta hipertensão arterial mal controlada, ela
deve ser corrigida antes de se iniciar a anticoagulação.
Se faz uso de aspirina, ela deve ser interrompida,
quando possível, antes da introdução do
anticoagulante, etc. Esse escore não deve ser utilizado
de forma isolada para contraindicar a anticoagulação,
pois apresenta modesta capacidade de predizer
eventos hemorrágicos, além de os pacientes que mais
se beneficiam da anticoagulação serem também os que
Foi considerado alto risco se pontuação de 2 ou mais, possuem, muitas vezes, maior risco de sangramento.
risco intermediário se 1 ponto, e baixo risco se sem
A fibrilação atrial é uma das principais causas de AVC
fatores de risco. A comparação entre a distribuição dos
no mundo. Atualmente existem vários escores
riscos e eventos entre esse novo esquema e o CHADS2
diferentes para medir o risco do pcte com esta arritmia
está demonstrado na tabela abaixo.
ter no futuro um evento cerebral (como o CHADS2 ou
Foi considerado alto risco se pontuação de 2 ou mais, o CHA2DS2 VASc). Os pacientes com risco maior
risco intermediário se 1 ponto, e baixo risco se sem geralmente são tratados com anticoagulantes.
fatores de risco. A comparação entre a distribuição dos Contudo, estes protegem o indivíduo de eventos
riscos e eventos entre esse novo esquema e o CHADS2 embólicos mas os coloca em risco de sangramento. O
está demonstrado na tabela abaixo. ideal então seria ter algum escore que dissesse ao
médico de forma mais precisa qual o risco de
A conduta de acordo com a classificação, segundo
determinado pcte apresentar sangramentos
sugerido nesse artigo, seria:
importantes quando do uso de marevan ou outros
 ALTO RISCO (2 pontos ou mais): anticoagulação anticoagulantes. Foi com esse objetivo que criou-se o
plena (warfarina, para INR entre 2,0 e 3,0) escore HAS-BLED, recentemente validado em mais um
 RISCO INTERMEDIÁRIO (1 ponto): estudo. O escore traz 9 fatores de risco para
anticoagulação plena ou antiagregação (AAS sangramento em pctes usando marevan. Cada fator
75 a 325mg/dia) – o algoritmo da ACCP soma 1 ponto na conta final. Quanto maior o número
recomenda anticoagulação plena sempre que de FATORES DE RISCO, maior o risco de sangramento.
possível. Os fatores são os seguintes:
 BAIXO RISCO (0 pontos): antiagregação (AAS)
 Hipertensão – PAS >160 mmHg
ou nada – o benefício do uso do AAS para esse
 Alteração da função renal (1 ponto) ou
grupo não está bem estabelecido. Além disso,
hepática (1 ponto) – Cr>2,6, necessidade de
o uso do AAS pode levar a eventos adversos.
diálise ou transplantado renal; Cirrose ou
Devemos levar em consideração que 31% dos Bilirrubinas >2x normal associado a
pacientes incluídos no início desse estudo não tiveram TGO/TGP/Fosfatase alacalina>3x o normal
a coleta adequada dos dados de eventos  Stroke (AVC prévio)
tromboembólicos, e portanto não foram utilizados na  Bleeding (sangramento prévio ou
análise. O CHA2DS2-VASc classificou uma pequena predisposição a sangramento como
parcela em risco intermediário. Pacientes em baixo coagulopatia)
risco tiveram uma pequena taxa de eventos. O  Labile INRs (RNIs que variam muito ou que
CHA2DS2-VASc mostrou-se então um esquema simples estão em <60% das vezes na faixa terapêutica)
para estratificação de risco, com algumas melhorias em  Elderly (>65 anos)
relação ao escore CHADS2.

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 Drogas (1 ponto) ou alcoolismo (1 ponto) – uso  Substâncias químicas: o benzeno é uma causa
de antiplaquetários, AINES ou corticóide; uso notória de insuficiência da medula óssea;
abusivo de álcool (>8 doses por semana)  Fármacos;
 Infecções: a hepatite é a infecção precedente
De forma geral, pctes com escore maior ou igual a 3 são
mais comum, e a insuficiência medular pós-
considerados de alto risco para sangramento. Um dado
hepatite é responsável por cerca de 5% das
importante estes pctes não possuem contra-indicação
etiologias na maioria das séries. Em geral, os
ao uso de anticoagulantes mas se forem submetidos a
pacientes são homens jovens que se
tal terapêutica têm que ser acompanhados de forma
recuperaram de um episódio de inflamação
mais intensiva. Outro dado importante é que este
hepática há 1 ou 2 meses; a pancitopenia
escore também prediz risco aumentado de
subsequente é muito grave. A hepatite é
sangramento com o uso de aas. Assim, não vale aquele
soronegativa (não A, não B, não C) e
conceito de: Ah, o pcte tem um HAS-BLED alto então
possivelmente causada por um agente
vamos usar aas no lugar do marevan. Isto não se aplica.
infeccioso ainda desconhecido;
O risco de sangramento com o marevan quando bem
 Doenças imunológicas: doença do enxerto
controlado (RNI entre 2 e 3) não é superior ou do pcte
versus hospedeiro, associada a transfusão,
que usa aas e o marevan protege de forma muito mais
fasceíte eosinofílica, lúpus eritematoso
eficaz o indivíduo contra eventos embólicos.
sistêmico;
Outro dado relevante é que este escore não foi  Gestação: rara, resolvendo-se com o parto ou
validado para os novos anticoagulantes (rivaroxaban, aborto espontâneo/induzido;
apixaban, dabigatrana).  Hemoglobinúria paroxística noturna: é
necessária uma mutação adquirida no gene
PIG-A em uma célula-tronco hematopoiética
ANEMIA APLASICA para o desenvolvimento de HPN, porém
mutações em PIG-A provavelmente são
comuns em indivíduos normais. Se a célula-
(HIPOCELULARIDADE, PANCITOPENIA, tronco mutante para o gene PIG-A proliferar, o
MACROCITOSE). resultado será um clone de células deficientes
em proteínas da superfície da membrana
É uma doença rara e heterogênea, caracterizada por celular ligadas ao glicosilfosfatidilinositol (GPI).
pancitopenia no sangue periférico, associada à medula A falência em sintetizar uma molécula madura
óssea hipocelular , e sem evidências de infiltração de GPI gera ausência de todas as proteínas de
neoplásica, mieloproliferativa ou fibrose. Por definição, superfície normalmente ancoradas por ela;
a biopsia de medula será intensamente hipocelular  Distúrbios constitucionais: anemia de Fanconi,
substituída por gordura, e no mielograma serão vistos disceratose congênita, síndrome de
escassos linfócitos, plasmócitos e fibroblastos.
Shwachman-Diamond.

FISIOPATOLOGIA

A anemia aplásica ocorre geralmente devido a uma


lesão da célula-tronco (stem cell) – injúria tipo I. A
aplasia idiopática, a anemia de Fanconi, a lesão por
radiação ionizante, benzeno e cloranfenicol são
exemplos deste mecanismo.

Outras drogas e as infecções virais provavelmente


ETIOLOGIA: acometem os progenitores mais tardios, isto é, que já
sofreram algum grau de maturação – injúria tipo II. Em
 Irradiação: a aplasia de medula é a principal qualquer dos dois tipos, o mecanismo de injúria parece
sequela aguda da radiação. A radiação causa ser de natureza autoimune, dependente de linfócitos T
lesões no DNA; os tecidos dependentes de ricos em interferon-gama. A resposta ao tratamento
mitose ativa são particularmente suscetíveis; imunossupressor corrobora tal impressão. O
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interferon-gama é uma citocina capaz de induzir GAMA E TNF-ALFA) quando foram expostos a
apoptose nas células progenitoras da medula óssea. apresentação de antígenos (ex: vírus) o que atuam na
medula induzindo apoptose, além disso inibem as
células formadoras de colônias hematopoiéticas. A
medula deveria manter se proliferando para manter os
índices hemantimetricos, não consegue se proliferar
devido a condição inflamatória o que diminui o número
de células da MO.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O quadro clínico da anemia aplásica é semelhante ao


de uma leucemia aguda, caracterizado pela tríade: (1)
astenia; (2) hemorragia; (3) febre.

A maior evidência da participação do sistema imune A maioria dos pacientes procura auxílio médico devido
na fisiopatologia da anemia aplástica é a melhora da aos sintomas resultantes da queda dos valores
função hematopoética após tratamento hematimétricos. As três séries podem estar
imunossupressor e, na maioria dos transplantes diminuídas (eritrócitos, neutrófilos e plaquetas),
singènicos, a pega do enxerto somente é obtida porém a intensidade delas pode diferir e, por isso, a
utilizando o condicionamento prévio com sintomatologia relacionada a uma linhagem
ciclofosfamida. hematopoética pode ser mais expressiva.

Monócitos do sangue ou da medula óssea de  PLAQUETOPENIA= manifestações


pacientes com anemia aplásica inibem a formação de hemorrágicas secundárias à
colônias hematopoiéticas de células obtidas de uma TROMBOCITOPENIA são as mais alarmantes e
medula normal, e a remoção das células T das amostras geralmente o primeiro sintoma observado
dos pacientes aumentava a formação das colônias. pelo pct : PETÉQUIAS na pele, SANGRAMENTO
Essas células T produzem mais INF-gama e TNF-alfa, de gengivas, EPISTAXE e metrorragia nas
ambos reconhecidamente inibidores da formação de mulheres.
colônias hematopoiéticas in vitro.  ANEMIA = ASTENIA Mesmo na presença de
anemia de intensidade moderada ou intensa, o
Também o sangue e a medula óssea de pacientes paciente poderá ser assintomático e outros
contêm um número aumentado de linfócitos referem fadiga, dispneia, zumbidos, ou palidez
citotóxicos (TCD8) ativados, e tanto o número quanto acentuada de pele.
a atividade dessas células diminuem após a terapia
 NEUTROPENIA= FEBRE A infecção é menos
com globulina antitimocítica. INF gama TNF alfa -
comum no início da doença, mas aparece na
suprimem a hematopoese pelo seu efeito no ciclo
sua evolução. A origem bacteriana é a mais
mitótico, determinando a morte celular. Diminuindo
comum, seguida pelas infecções fúngicas
o número de células.
naqueles pacientes com neutropenia
Resumo disfunção da resposta imune: prolongada, podendo se tornar uma
complicação grave, porém a sua detecção
Existe um desbalanço na produção de citocinas e na precoce e administração de antifúngicos de
produção de células na MO. Devido o pct ter um maior espectro pode exercer o seu controle.
desbalanço no sistema imune, por exemplo TCD4 com
resposta exacerbada passa a produzir muitas citocinas ACHADOS LABORATORIAIS
que atua de forma direta sobre a medula induzindo a
 O diagnóstico de anemia aplásica geralmente é
apotose. A ação das citocinas produzidas pelo TCD4
simples e baseado na associação de
estimula células NK e cels dendriticas também de
pancitopenia (diminuídos eritrócitos,
forma exagerada, implica numa disfunção da
neutrófilos e plaquetas), à medula óssea
apresentação de antígeno (ex: vírus). O sistema imune
gordurosa. A anemia aplásica é uma doença da
desses pcts conta com o número de TCD8 elevados
juventude, devendo constituir hipótese no
capazes também de produzir muitas citocinas (INF-
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adolescente ou adulto jovem com determinados pelas citopenias por meio de medidas de
pancitopenia. apoio. A restauração da hematopoese pode ser
 O esfregaço revela macrócitos (VCM alcançada pelo tratamento imunossupressor ou pelo
aumentado) e uma escassez de plaquetas e transplante de medula óssea.
granulócitos.
Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas
 Os reticulócitos mostram-se ausentes ou
presentes em pequeno número e a contagem Diante do diagnóstico confirmado de anemia aplásica
dos linfócitos pode ser normal ou reduzida. A grave ou muito grave, candidato ao transplante de
presença de formas mieloides imaturas sugere células- -tronco hematopoiéticas?”.
leucemia ou síndromes mielodisplásicas
Se o paciente for jovem (idade < 40 anos,
(SMD).
especialmente < 30 anos) e tiver irmãos, a resposta é
 Na aplasia grave, o esfregaço da amostra de
sim.
medula óssea aspirada revela apenas
eritrócitos, linfócitos residuais e células do O sangue do paciente e seus parentes de primeiro grau
estroma; a biópsia é superior para a (pais, filhos, irmãos) devem ser colhidos para a tipagem
determinação da celularidade e revela sanguínea e HLA.
principalmente a presença de gordura ao
microscópio, com as células hematopoiéticas Se houver um doador HLA compatível (a chance é de
ocupando < 25% do espaço medular; nos casos cerca de 30%), o tratamento de escolha é o
mais graves, a biópsia consiste praticamente transplante. A faixa etária ideal, isto é, com os
em 100% de gordura. melhores resultados, é < 30 anos.

CLASSIFICAÇÃO Nos pacientes entre 20-40 anos, primeiro se faz uma


terapia “condicionante” com globulina antitimócito e
A anemia aplástica pode ser adquirida ou ciclofosfamida, com o objetivo de “aplasiar por
constitucional completo” a medula. Em seguida, com a M.O. Já
despovoada, são “semeadas”
 Adquirida = quando não há qualquer fator
predisponente para o seu desenvolvimento as células-tronco (o transplante em si), que vão
 Constitucional = quando há associação a recolonizar “do zero” a medula. No póstransplante,
determinadas doenças congênitas, genéticas prescreve-se a associação ciclosporina + metotrexate
ou familiares. para prevenir a doença do enxerto versus hospedeiro,
uma das principais complicações do tratamento.
As anemias aplásticas constitucionais devem ser
cuidadosamente investigadas, especialmente a anemia As taxas de sobrevida a longo prazo ultrapassam 80%
de Fanconi, pois a estratégia terapêutica é totalmente em condições ideais, especialmente nos pacientes com
diferente das adquiridas. < 30 anos que não foram hemotransfundidos nos três
dias prévios ao transplante!
Os principais determinantes do prognóstico são a idade
e a contagem de células hematológicas. Acima de 40 anos, o transplante não está indicado,
pois os riscos de complicações são muito grandes. As
Considera-se aplasia grave quando pelo menos dois
principais são: doença do enxerto versus hospedeiro,
dos seguintes critérios são encontrados:
rejeição, má tolerância à terapia de ablação medular.
(1) reticulocitopenia < 20.000/mm3 ou < 1% na
Em pacientes sem doadores totalmente compatíveis,
contagem corrigida;
para os quais a terapia imunossupressora (que
(2) plaquetas < 20.000/mm3
veremos em seguida) não surtiu efeito, vem sendo
(3) neutrófilos < 500/mm3. Considera-se aplasia
empregado o transplante de células-tronco
muito grave quando a neutropenia é inferior a
hematopoiéticas de doador parcialmente compatível,
200/mm3
com relativo sucesso. As taxas de resposta giram em
TRATAMENTO torno de 30-50%.

O tratamento da anemia aplásica visa regenerar a


hematopoese deficiente e reduzir os riscos
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Terapia Imunossupressora Nos pacientes não mutação algumas proteínas da membrana começam a
candidatos ao alotransplante, o tratamento deve ser se soltar. Entre elas, CD55 E CD59, sem essas duas
iniciado com o esquema proteínas o sistema complemento pode agir
descontroladamente em cima delas provocando
1- Globulina antitimócito (ATG), por via venosa,
hemólise intravasc ou mesmo pancitopenia.
em infusão lenta. Existem dois tipos: ATG de
cavalo (dose: 40 mg/kg/dia por quatro dias) e Tab. 1 CAUSAS DE PANCITOPENIA
ATG de coelho (dose: 3,5 mg/kg/dia por cinco
Doenças Primárias da Aplasia Secundária a
dias). A ATG de cavalo é considerada mais eficaz
Medula Óssea Doenças Sistêmicas
do que a de coelho (maior taxa de resposta e
maior sobrevida).
Anemia Aplásica Idiopática Aplasia Secundária a
+ Anemia Aplásica Doenças
2- Ciclosporina, começar com a dose de 6 Secundária Sistêmicas
mg/kg/dia, por via oral, ajustando-a em seguida Anemia Aplásica Anemia por ocupação
para manter níveis séricos entre 200-400 ng/ml. Congênita (Anemia de medular (“Mieloftísica”)
O tratamento é mantido, em média, por seis Fanconi Linfomas
meses. e outras) Carcinoma Metastático
Disceratose Congênita Tuberculose disseminada
A ATG, na verdade, é um anticorpo que se liga à Mielodisplasias Sarcoidose
superfície dos linfócitos T humanos, levando à sua Pancitopenia autoimune Anemia Megaloblástica
destruição, enquanto a ciclosporina é um potente idiopática Hiperesplenismo
imunossupressor de linfócitos T (muito utilizada em Hemoglobinúria Lúpus Eritematoso
transplantes de órgãos sólidos). Paroxística Noturna Sistêmico
Mielofibrose Idiopática Infecção Bacteriana ou
Para reduzir os efeitos adversos da ATG (Metaplasia Mieloide Viral grave
(hipersensibilidade, doença do soro, anafilaxia), alguns Agnogênica) SIDA (mielodisplasia
hematologistas associam metilprednisolona no início Leucemia Aguda relacionada ao HIV)
do tratamento. Aleucêmica
Mieloma Múltiplo
Com a terapia imunossupressora otimizada, cerca de Tricoleucemia
60-70% apresentam boa resposta. Desses pacientes, Linfo-histiocitose
1/3 normaliza as contagens hematológicas, e neste hemofagocítica
grupo a sobrevida em cinco anos chega aos 90%. Os 2/3
restantes respondem apenas parcialmente e mantêm
citopenias, embora sem necessidade transfusional.

Nesse último grupo, a sobrevida é menor, da ordem de


50%. Nos pacientes não responsivos (30-40%), pode-se
tentar o resgate com transplante de células-tronco
hematopoiéticas de doador parcialmente compatível,

DIAGNOSTICO DIFERENCIAL P/ PANCIOPENIA

- Leucemia = câncer.

-Hemoglobinuria paroxística noturna (HPN):


desordem adquirida da célula tronco. O clone mutante
da cel tronco produz progenitores defeituosos que
originam hemácias, plaquetas e granulócitos alterados.
Estas células, especialmente as hemácias, possuem
extrema sensibilidade à lise pelo complemento, o que
explica a desordem hemolítica intravasc crônica. As
células HPN apresentam mutações alterando a
formação da glicosilfosfatidilinositol, devido essa

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