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ABI - LICENCIATURAS INTERDISCIPLINARES

BI - HUMANIDADES

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NA MICRORREGIÃO


DE PORTO SEGURO

PORTO SEGURO - BA
2017
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NA MICRORREGIÃO
DE PORTO SEGURO

Atividade Final Avaliativa apresentada


à Universidade Federal do Sul da
Bahia, como requisito parcial para
obtenção de notas do Componente
Perspectivas Matemáticas e
Computacionais em Humanidades sob
a orientação da Professor Marcos
Bernardes.

PORTO SEGURO – BA
2017
Introdução

A partir dos anos 70 a gravidez na adolescência passa a ser


considerada de alto risco pela Organização Mundial de Saúde (OMS), podendo
ser interpretados como complicações decorridas da gestação na adolescência,
tanto a saúde física e psicológicas da adolescente, quanto o seu
desenvolvimento social e econômico.

Segundo Gurgel e colaboradores (2008):

Adolescência deriva do latim adolescere, que significa


“crescer”. Adolescência é o período da vida humana entre a
puberdade e a virilidade; mocidade; juventude. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) define adolescência
como uma etapa que vai dos 10 aos 19 anos, e o Estatuto
da Criança e adolescência (ECA) a conceitua como a faixa
etária de 12 a 18 anos. É uma transição entre a fase de
criança e a adulta, sendo um período de transformação
profunda no corpo, na mente e na forma de relacionamento
social do indivíduo.

É nesse contexto de descobertas que muitas vezes acontece a gravidez


precoce, seja por falta de procura de algum contraceptivo ou de conhecimento
sobre a utilização dos mesmos. Apesar dessas implicações, já é possível notar
a diminuição do índice de gravidezes na adolescência. De acordo a Sinasc
(Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) do Ministério da Saúde a
gravidez na adolescência teve uma queda de 17%. Há incentivo do Ministério
da Saúde com o programa Saúde da Família que visa aproximar os
adolescentes dos profissionais da saúde e, com efeito, acesso a métodos
contraceptivos, além de possibilitar acessos a informações mais precisas
quanto as prevenções de doenças sexualmente transmissíveis.

O Ministério da Saúde tem investido em políticas que dão acesso a


educação sexual e tem disponibilizado a Caderneta de Saúde de Adolescentes
(CSA), implantada no ano de 2009, que visa possibilitar um acesso mais
preciso aos adolescentes. Essa caderneta está disponível tanto para o grupo
feminino quanto para o feminino. Ações como está possibilitaram que houvesse
uma diminuição de incidência de gravidez na adolescência. É possível notar
que há uma procura quanto os cuidados ao iniciar uma vida sexual. Não há
receios de procurar a Rede Pública para no intuito de adquirir métodos
contraceptivos (Anticoncepcionais, injeções, DIU) como acontecia
anteriormente com os pais desses adolescentes.

Diante do que foi exposto, o presente trabalho irá detalhar, de forma


precisa, a diminuição da gravidez na adolescência que ocorreu em nível
nacional, estadual e entre os municípios na microrregião de Porto Seguro -
Bahia.

Objetivo

A partir dos dados coletados buscamos estabelecer as correlações mais


importantes sobre o tema proposto, considerando a raça/cor, estado civil e
escolaridade das adolescentes da microrregião de Porto Seguro (Porto Seguro,
Belmonte, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi e Santa Cruz Cabrália), bem
como, revisar o trabalho final da turma de 2015 do componente Perspectivas
Matemáticas e Computacionais em Humanidades. Como objetivo específicos
pretendemos demonstrar através dos dados coletados a diminuição da
recorrência da gravidez na adolescência no país, e se isso se confirma no
estado da Bahia e na microrregião de Porto Seguro.

Metodologia

O presente trabalho teve como método de coleta de dados de esfera


quantitativa, a plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (DATASUS), o trabalho final da turma de 2015 Índice de gravidez na
adolescência em Porto Seguro no componente de Perspectivas Matemáticas e
Computacionais em Humanidades e a base qualitativa para incrementar o
trabalho foi obtida através de pesquisa bibliográfica em artigos e demais
materiais disponíveis na internet. No DATASUS, buscamos pelos indicadores
disponibilizados na plataforma, no caso, as estatísticas vitais de nascidos vivos,
onde buscamos e avaliamos os dados mais importantes sobre as mães como:
grau de instrução, raça/cor e estado civil principalmente no Brasil, no estado da
Bahia e microrregião de Porto Seguro, a fim de apontar numericamente a
frequência e a intensidade da gravidez na adolescência, bem como suas
implicações de esfera qualitativa, a nível mundial, nacional, regional, estadual e
municipal, focando nos municípios da microrregião de Porto Seguro.

Discussões importantes

As taxas de fertilidade de todo mundo estão caindo, em grande parte


dos países desenvolvidos, essa queda pode ser vista também no referido
grupo etário (adolescentes de 10 a 19 anos) e no Brasil isso não é diferente.
Estima-se que o número de partos nesta faixa etária tenha reduzido 22% de
2000 a 2009, surpreendentemente, a maior redução do número de partos entre
adolescentes, nos últimos 5 anos foi registrado no Nordeste (26%) (a segunda
região, ficando atrás apenas do Norte de maior incidência de gravidez na
adolescência), seguida pela região Centro-Oeste que teve redução de 24,4%,
Sudeste (20,7%), Sul (18,7%) e Norte (18,5%) (Ministério da Saúde, 2010 apud
Silva e Surita, 2012).

Segundo a PNDS 2006, no SUS, houve um aumento na distribuição


gratuita dos métodos contraceptivos. De 1996 a 2006, a quantidade de
mulheres em idade reprodutiva que procuram o SUS para a contracepção,
aumentou de 7,8% para 21,3%. Nesse contexto, 66% das jovens de 15 a 19
anos de idade sexualmente ativas haviam utilizado algum método
contraceptivo, sendo os mais utilizados: o preservativo com 33%, a pílula com
27% e os injetáveis com 5%.

Os relevantes números e incidências de gravidezes na adolescência


chamaram a atenção dos profissionais de saúde (Dadoorian, 2003), justamente
pelos motivos já citados anteriormente. Seguindo Dadoorian (2003):
A literatura existente relaciona essa situação às mudanças sociais
ocorridas na esfera da sexualidade, as quais provocaram maior
liberalização do sexo, sem que, simultaneamente, fossem
transmitidas informações sobre métodos contraceptivos para os
jovens. Segundo esses profissionais de saúde, a gravidez na
adolescência é indesejada, sendo enfocada como um “problema” que
deve ser solucionado através da diminuição do número de gravidezes
nessa população. A fórmula encontrada para “resolver” essa questão
se reduz aos programas de informação sexual.

Análise dos gráficos

Brasil

No gráfico 1 e 2 podemos ver que de 2000 a 2010 tivemos uma redução


constante no número de grávidas de 10 a 19 anos no Brasil, em 2011 houve
um pequeno acréscimo, mas a partir de 2012 continuou diminuindo mesmo em
que em menor escala. Já na Microrregião de Porto Seguro houve variações
grandes, mas segue essa mesma tendência de redução.

Gráfico 1 - Número de gestantes adolescentes de 10 a 19 anos no Brasil, dados


analisados durante o período de 2000 a 2015.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.


Imagem 1 – Índice de gravidez na adolescência em todo Brasil no período de
2000 a 2015

Figura 1. Print Screen da aplicação no sistema operacional Windows 10.

Gráfico 2 - Número de gestantes adolescentes de 10 a 19 anos na Bahia, dados


analisados durante o período de 2000 a 2015

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 3 - Número de gestantes adolescentes de 10 a 19 anos na microrregião


de Porto Seguro, dados analisados durante o período de 2000 a 2015.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Regiões do Brasil

Na análise dos gráficos 2 e 3, ao comparar os dados de 2014 com os de


2015, notamos que houve confirmação também de redução anual nos casos de
gravidezes na adolescência em todas as regiões do brasil. Embora, o
percentual aumente em algumas regiões, há mesmo assim uma redução no
número de gestantes adolescentes, como por exemplo no gráfico 2: na região
Norte o percentual subiu de 15% para 19% em 2015, mas em relação aos
números houve uma redução de 5.159 em 2014 para 5.014 em 2015.

Gráfico 4 - Comparativo dos dados coletados, do número de mães de 10 a 14


anos por região em 2014 e 2015.
Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 5 - Comparativo dos dados coletados, do número de mães de 15 a 19


anos por região em 2014 e 2015.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 6 - Gráficos individuais por região em 2015.


Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

No gráfico 7 ao compararmos o número total de mães adolescentes com


mães adultas vemos que o Norte tem um número relevante de mães
adolescentes entre as mães não adolescentes chegando a 20% de mães
adolescentes, em seguida vem o Nordeste com 18%, Centro Oeste com 15%,
Sudeste e Sul com 13% de mães adolescentes.

Gráfico 7 - Grávidas em geral no Brasil por região, comparação entre mães


adolescentes (10 a 19 anos) e mães adultas (maior de 19).

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.


Estado da Bahia

Nos gráficos 8 e 9 que correspondem ao ano de 2014 e 2015


respectivamente podemos ver que nas cidades que têm sinalização no gráfico
9 de 2015, são as cidades que tiveram redução no índice de gravidez na
adolescência de 2014 para 2015, no caso, apenas Barreiras, Teixeira de
Freitas, Ilhéus, Itabuna, Feira de Santana e Salvador. Podemos ver que em
2015 Porto Seguro ultrapassou Ilhéus e Itabuna, que são cidades que tem
populações maiores que Porto Seguro.

Gráfico 8 - Mães adolescentes (10 a 19 anos) em algumas cidades da Bahia em


2014.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 9 - Mães adolescentes (10 a 19 anos) em algumas cidades da Bahia em


2014.
Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Microrregião de Porto Seguro

Os gráficos 10 e 11 demonstram o número de mães adolescentes


comparada ao número do total de mães.

Gráfico 10 - Total de nascidos vivos na microrregião de Porto Seguro comparado


a quantidade de nascidos vivos de mães adolescentes.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.


No gráfico 11 podemos ver que a incidência de gravidezes na
adolescência por município na microrregião de Porto Seguro ultrapassa 20%
de mães adolescente em todos os municípios, maior do que no estado da
Bahia que corresponde a 19% do total de mães em 2015. O percentual de
Belmonte é alarmante, quase 30% dos nascidos vivos são filhos de mães
adolescente, depois vem Itagimirim com 28%, 26% vêm Itabela e Guaratinga
são adolescentes, Cabrália 23%, Porto Seguro 22%, Itapebi 21% e por último
com 20% de mães adolescentes vem Eunápolis.

Gráfico 11 – Comparação do índice de mães adolescentes com a população


geral de cada município.

Fon
te: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Nos gráficos 12 e 13, vemos indicadores preocupantes ao comparar a


microrregião de Porto Seguro com a Bahia e Brasil na questão da escolaridade. A
maioria das mães adolescentes no Brasil e no estado da Bahia chegam até o ensino
médio, já na microrregião de Porto Seguro as mães adolescentes têm persistido
menos na escola, a maioria chegou até a 7ª série do ensino fundamental.

Gráfico 12 - Grau de escolaridade de mães adolescentes no Brasil, na Bahia e


na microrregião de Porto Seguro em 2015.
Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 13 – Escolaridade na Microrregião de Porto Seguro em 2015.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Nas análises dos gráficos correspondentes a cor/raça de mães, não


notamos muitas coisas de diferentes comparando a microrregião de Porto
Seguro com a Bahia e Brasil, a maioria das adolescentes são pardas nas três
esferas, nacional, estadual e microrregional. Algo importante a ser notado é
que no estado da Bahia e microrregião de Porto Seguro os números de mães
pretas ultrapassam as mães Brancas.
Gráfico 14 - Etnia de mães adolescentes no Brasil, na Bahia e na microrregião
de Porto Seguro em 2015.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 15 - Etnia de mães adolescentes na microrregião de Porto Seguro em


2015.

Font
e: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

O gráfico 14 demonstra que o tanto no Brasil, quanto no Estado da Bahia


e microrregião de Porto Seguro a maioria das mães adolescentes são solteiras,
depois vem as casadas ou com união consensual e a minoria são separadas
judicialmente.

Gráfico 16 - Estado civil de mães adolescentes no Brasil, na Bahia e na


microrregião de Porto Seguro em 2015.

Font
e: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.

Gráfico 17 - Estado civil de mães adolescentes na microrregião de Porto Seguro.

Fonte: Dados obtidos através da plataforma DATASUS.


Considerações Finais

As Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes


e de Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde (2010), garante
segundo o Ministério da Saúde, programas e políticas em desenvolvimento no
país, a fim de promover a saúde, prevenindo alguns dos fatores de risco que
envolvem adolescentes, tais quais: uso abusivo de álcool e de outras drogas,
doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência. A diretrizes
também propõem acesso a informação sobre saúde sexual e à saúde
reprodutiva, que envolve a prevenção e planejamento sexual e planejamento
reprodutivo. Todos os fatores mencionados anteriormente podem ter
contribuído direta ou indiretamente para a redução da incidência de gravidez na
adolescência na maior parte do país, mas não podemos descartar a
importância da continuidade de programas e políticas públicas a fim de
combater a gravidez na adolescência, pois os grupos que mais sofrem com os
impactos negativos de uma gravidez não planejada são meninas em situação
de vulnerabilidade socioeconômica, meninas que geralmente são pretas e
pardas e com pouca escolaridade.
Referência bibliográfica

SILVA, João Luiz Pinto & SURITA, Fernanda Garanhani Castro. Gravidez na adolescência:
situação atual. Rev. Bras. Ginecol.de pesquisa bibliográfica em livros, artigos e os demais
materiais disponíveis na internet Obstet. 2012, vol.34, n.8:pp.347-350. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
72032012000800001&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 28/05/2017.

Dadoorian, D. (2003). Gravidez na adolescência: um novo olhar. Psicologia: Ciência e


Profissão, 23, 84-91. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n1/v23n1a12.pdf. Acesso
em: 11/06/2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de


adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. Brasília: Ministério
da Saúde, 2010. 132p. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_atencao_saude_adolescentes_
jovens_promocao_saude.pdf. Acesso em: 11/06/2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da


Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília:
Ministério da Saúde, 2009. 300p. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf. Acesso em: 11/06/2017.

BRASIL.Portal Ministério da Saúde. Gravidez na adolescência tem queda de 17% no Brasil.


2017. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-
saude/28317-gravidez- na-adolescencia- tem-queda- de-17- no-brasil. Acesso em: 12/06/2017.
OBSERVAPED. Observatório da Saúde da Criança e do adolescente: Caderneta de Saúde do
Adolescente. Disponível em: http://site.medicina.ufmg.br/observaped/eixos/caderneta-de-
saude-da- crianca/. Acesso em: 13/06/2017.

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