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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO ESCOLAR

BEATRIZ SANTOS OLIVEIRA


ELISMARA SANTOS DE OLIVEIRA
THAYNARA PIMENTEL BRAGA DE JESUS

Projeto de intervenção em ambiente escolar

EM PROL DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS


SOCIOEMOCIONAIS PARA OS ALUNOS E DOCENTES DA ESCOLA SÃO
FRANCISCO DE ASSIS EM SANTARÉM-PA.

SANTARÉM, 2021
1. INTRODUÇÃO
As escolas de todo o Brasil passam por momentos desafiadores na educação,
considerando a suspensão das aulas presenciais por quase 1 ano e 6 meses em função do
isolamento social feito em decorrência da pandemia da covid-19. Diante disso, as
instituições educacionais sentem-se “obrigadas” a se reinventarem sobre diversos
fatores, entre eles o desenvolvimento educacional de seus alunos durante o período
pandêmico.
Com o impacto da pandemia na educação, as escolas buscaram alternativas para
não parar o calendário letivo, como as aulas remotas. Entretanto, fatores como a questão
de conexão e internet limitada tornam as aulas online desafiadoras, pois não são todos
que conseguem acompanhar. Diante disso, as dificuldades dos alunos e professores no
processo de ensino e aprendizagem é cada vez mais evidente, considerando que o
acompanhamento não é feito regularmente como no ambiente escolar.
Com tudo, é necessário que esperemos as aulas presenciais retornarem para que
possamos entender o panorama educacional dos alunos. De acordo com Costin (2020),
os impactos da pandemia na educação afetam diretamente o desenvolvimento dos
alunos em diferentes aspectos, entre eles o emocional. Nesse sentido, ao retornar às
aulas na modalidade presencial faz-se necessário apresentar propostas pedagógicas que
venham oferecer suportes que atendam as competências socioemocionais de alunos e
educadores.
É fundamental que a escola possa promover o acolhimento, promovendo um
diálogo interativo onde deve ser trabalhado as competências emocionais, considerando
que alunos e professores tiveram perdas irreparáveis em função da pandemia covid-19,
uma vez que a escola não é apenas local de formação técnica, mas sim um espaço de
acolhimento e escuta.

2. JUSTIFICATIVA
A relevância para realização do referido projeto de intervenção em ambiente
escolar, deu-se a partir de um diálogo entre a direção da escola e a equipe de estagiárias.
A necessidade de promover um projeto voltado para o acolhimento socioemocional dos
alunos e professores é inerente, considerando os impactos da pandemia na vida
educacional dos mesmos.
Diante disso, a proposta do projeto é relevante dentro do ambiente escolar, visto
que devido a situação atual na educação pública no município de Santarém, na qual a
quase um ano e meio não ocorrem aulas presenciais, devido a pandemia do covid-19 e
que em função disso, docentes e discentes da escola destacada neste projeto perderam
entes queridos e amigos, assim percebe-se que há a necessidade de um acolhimento e
desenvolvimento de competências acerca da aprendizagem socioemocional.

Entende-se que o acolhimento neste momento não pode ser acompanhado do


toque, de um abraço, mas podemos fazer bom uso da comunicação não verbal por meio
de um olhar atento, uma escuta respeitosa, um gesto afetuoso e, até mesmo, uma
expressão fisionômica que pode ultrapassar o distanciamento e as máscaras
Com tudo, o projeto buscará promover um retorno das aulas presenciais de
maneira eficaz e segura, sobretudo emocionalmente, portanto este projeto é de
fundamental importância para a comunidade escolar envolvida, uma vez que este visa
possibilitar a escuta dos professores e alunos e fortalecer laços de companheirismo,
afeto e coletividade na escola.

3.PROBLEMATIZAÇÃO
Em função da pandemia, os professores estão inseguros e apreensivos quanto ao
retorno às aulas presenciais, devido às consequências emocionais deixadas pela covid-
19 para os alunos que permanecem fora da sala de aula e para professores que
continuam ministrando aulas remotas, alheios às necessidades dos seus alunos.
É urgente pensar nas estratégias de realização do acolhimento de todo corpo
educacional, desde o professor (a), diretor (a), vice-diretor (a), coordenador (a),
secretários, merendeira (o), até as pessoas que atuam nos cuidados da higiene, vigilante
e porteiro, pois, neste momento, é necessário cuidar de quem cuida e acolher quem
acolhe.
Nesse sentido, a proposta de intervenção é necessária para o retorno das
atividades presenciais e importante na reconstrução de práticas pedagógicas,
considerando que professores e alunos possam compartilhar suas experiências, dores e
angústias, no sentido de minimizar o sofrimento, através do acolhimento com diálogo e
escuta coletiva, visando o desenvolvimento de competências socioemocionais proposto
pelo projeto.
Nesse cenário, as competências socioemocionais dizem respeito à capacidade de
expressar emoções e construir relacionamentos. Estas são essenciais para a saúde
emocional e se desenvolvem nas diversas interações do nosso cotidiano, com tudo, é
necessário cuidar e administrar as emoções de maneira constante e contínua. Portanto,
no decurso do projeto busca-se saber: De que forma as competências socioemocionais
podem vir a contribuir para a prática de atividades pedagógicas desenvolvidas por
professores e alunos no retorno das aulas presenciais. ?

4.OBJETIVOS
4.1. OBJETIVO GERAL

● Desenvolver competências socioemocionais através oficinas práticas de


acolhimento dialógico com professores e alunos da Escola São Francisco de
Assis.

● 4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Realizar o acolhimento socioemocional de alunos e professores.


● Proporcionar reflexões sobre o papel da Escola São Francisco de Assis e de seus
colaboradores ao retorno às aulas presenciais.
● Promover a escuta de professores e alunos sobre os possíveis desafios a serem
encontrados.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A inevitabilidade de cumprir o currículo organizado no início do ano letivo é
exponencial, visto que esse é um dos objetivos principais dos gestores escolares e
professores. No entanto, ao perceber a inviabilidade de executar tudo o que foi
planejado, gera sentimentos de angústia, ansiedade e emoções desagradáveis que podem
afetar a saúde mental tanto dos professores quanto dos alunos pela expectativa criada
para a volta às aulas na modalidade presencial.
Para o retorno das atividades presenciais, compreende-se que será importante
fazer alguns ajustes e adaptações necessárias para viabilizar o desenvolvimento de
atividades no ambiente escolar. Entretanto, neste momento, o objetivo é dar importância
para competências socioemocionais, havendo cuidado e atenção para essas instâncias
tão necessárias quanto às atividades pedagógicas, ou seja, o centro aqui é o ser humano
e as competências socioemocionais como sugere a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC, 2018) ao apresentar as dez competências.
Entre as dez competências apontadas pela BNCC, destaca-se a valorização do
cuidado mental, reconhecendo suas emoções e as dos outros. Com isso, exercita-se a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e otimiza a cooperação, promovendo o afeto
e respeito, este fundamental no ambiente escolar.
A socialização no ambiente escolar é muito relevante principalmente para os
alunos, visto que alguns sentem a necessidade desse momento. De acordo com Barone
(2020) existem lacunas de natureza emocional nos estudantes, que têm sido apontadas
como consequência da falta do convívio próximo ligado pelas instituições educacionais.
Com isso, fica evidente a necessidade de promover estratégias que possam contribuir
para o desenvolvimento de competências socioemocionais através do acolhimento.
Segundo Facci (2004) os alunos que desenvolvem as competências
socioemocionais conseguem socializar melhor com os outros e consigo mesmo,
compreendendo e transformando suas emoções. Nesse sentido, entende-se que dessa
forma o aluno possa obter melhor desempenho nas atividades escolares, bem como
tomar decisões autônomas de maneira criativa e cooperativa.
As competências socioemocionais como resiliência, abertura ao novo e
amabilidade dizem respeito à maneira como a pessoa pode adaptar-se ao novo, ou seja,
é essencial para ser trabalhado junto aos professores e alunos para que possam enfrentar
as adversidades de maneira coletiva, sobretudo fortalecendo o afeto, a empatia e o
companheirismo em momentos como esse que estamos vivenciando. De acordo com
alguns pesquisadores como Oplatka, (2009), Sutton, (2004), a importância de manter o
emocional estável é exponencial, pois o bem-estar mental está condicionado à
autoeficácia do professor.
Nesse cenário, faz-se necessário desenvolver e fortalecer tais competências
socioemocionais. Segundo Fried, (2011) e Hargreaves, (2000) a resiliência emocional
facilita o estabelecimento de relações sólidas e saudáveis com os estudantes e afeta
diretamente os processos educacionais de ensino e aprendizagem. Diante disso, é
urgente pensar em rotinas acompanhadas de calma, sobre agir com cautela, respeitar o
tempo e as condições do colega, fazer bom uso da imaginação criativa e cooperativa, e
principalmente exercitar o diálogo promovendo a escuta e a abertura ao novo.
De acordo com os pesquisadores Chamorro-Premuzic & Furnham, (2004), a
abertura ao novo está relacionada com um maior engajamento que visa promover
oportunidades de aprendizado e socialização. Com tudo, ser aberto ao novo promove
melhores adaptações às mudanças, ou seja, está condicionado ao interesse para iniciar
novas relações sociais, bem como adaptar-se a novas maneiras de aprendizagem.
Umas das competências socioemocionais que deve ser praticada diariamente por
todos sem exceção é amabilidade. De acordo com os autores Pianta e Hamre, (2009) e
Warren, (2017) tal competência está condicionada ao desenvolvimento do ambiente
acolhedor, que busca proximidade com os estudantes. Nesse sentido, entende-se que
deve haver um envolvimento maior no processo de aprendizagem, que para isso
também se faz necessário e importante o acolhimento, favorecendo um melhor diálogo e
oportunizando a interação social. Sobretudo a amabilidade é a competência de
demonstrar interesse em compreender o outro, pondo-se no lugar do próximo, ouvindo
suas frustrações, incentivando a vencer seus desafios e tratando-os com afeto e respeito.
Portanto, as competências socioemocionais desempenham um papel
fundamental na vida acadêmica de alunos e professores, bem como de todos os
colaboradores que contribuem para um ambiente escolar sobretudo acolhedor e
fomentador do diálogo social. Ressalta-se que com a pandemia covid-19 a relevância da
proposta de intervenção é fundamental, considerando todos os fatores que contribuem
para saúde mental tanto do estudante como de professores, que vão desde as perdas
pessoais a insegurança do retorno às aulas presenciais.
Segundo Prado e Amoroso (2015) o aluno que aprende a se defrontar com as
emoções, certamente adiciona novos valores em sua vida. Nessa perspectiva, a partir
desse momento de pandemia e com a possível volta de atividade presenciais, deve ser
considerado como proposta para currículo a condição de educar as emoções de alunos e
professores, fomentando assim a amabilidade, resiliência emocional e abertura ao novo,
além de torná-los mais conscientes socialmente e também mais equilibrados, sendo
capazes de articular suas emoções.
Diante disso, infere-se que a escola não é simplesmente um espaço para a
formação, mas também é principalmente um ambiente acolhedor, de convivência, de
posicionamento e sobretudo um lugar onde se formam cidadãos capazes de viver em
uma sociedade saturada de desafios.
6. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO
Este referido projeto de intervenção será aplicado pela diretora da Escola, na
semana do retorno às aulas presenciais, e tem como objetivo desenvolver competências
socioemocionais através da promoção de diálogo acolhedor com a equipe docente e
discentes através de rodas de conversas e oficinas práticas.
A metodologia deste projeto baseia-se em uma pesquisa bibliográfica e uma
entrevista com a direção da escola, que destacou a necessidade de um projeto voltado
para a saúde mental de seus colaboradores e educandos. Diante disso, para alcançar os
objetivos será proposto em dois momentos as seguintes atividades.
No primeiro momento, será feito uma recepção de acolhimento e boas vindas
para professores e alunos com o propósito de desenvolver competências
socioemocionais e estabelecer um diálogo reflexivo acerca do atual cenário educacional
que estamos vivenciando em função da pandemia covid-19, que provocou o
distanciamento social e culminou na paralisação do calendário letivo.
Em um segundo momento será proposto oficinas práticas sobre resiliência
emocional, abertura ao novo e amabilidade. Essas competências podem fortalecer o
emocional de professores e alunos, levando-os a adaptar-se a novas mudanças,
considerando o retorno das aulas presenciais pós-pandemia.
Ressalta-se, que para a execução deste projeto deve ser proposto reuniões de
acolhimento por segmento educacional, se este for o caso da unidade escolar, para isso
deve ser respeitado todos os protocolos de segurança sanitária. Com tudo, fica a critério
da direção escolar, convidar os responsáveis dos alunos para esclarecer quais as
medidas adotadas neste período e como funcionará a dinâmica principalmente na
primeira semana, visto que o objetivo inicial é promover o acolhimento e desenvolver
atividades com ênfase nas competências socioemocionais.
7.CRONOGRAMA DAS AÇÕES

Momento de realização/Mês
Atividades
Junho julho Agosto

Entrevista com a diretora e pesquisa X


bibliográfica sobre o projeto de
intervenção

Definição e elaboração do projeto X


de intervenção

Apresentação da Projeto de
intervenção X

Elaboração de roteiro para as


oficinas práticas do projeto. X

Execução do projeto de intervenção X


em ambiente escolar
8. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BARONE, P. M. V. B. Três questões para repensar o Brasil. In: COSTIN, C. et al.
(Livro eletrônico). A escola na pandemia: 9 visões sobre a crise do ensino durante o
coronavírus. 1ª Edição. Porto Alegre, 2020.
COSTIN, C. Desafios da educação no Brasil após a Covid-2019. In: COSTIN, C. et al.
(Livro eletrônico). A escola na pandemia: 9 visões sobre a crise do ensino durante o
coronavírus. 1ª Edição. Porto Alegre, 2020.
CHAMORRO-PREMUZIC, T., & Furnham, A. A possible model for understanding the
personality-intelligence interface. British Journal of Psychology.2004.
FACCI, M. G. D. A periodização do desenvolvimento psicológico individual na
perspectiva de Leontiev, Elkonin e Vygotsky. Cad. Cede, Campinas, 2004.
FRIED, L. Teaching teachers about emotion regulation in the classroom. Australian
Journal of Teacher Education (Online). 2011.
HARGREAVES, A. Mixed emotions: teachers’ perceptions of their interactions with
students. Teaching and Teacher Education.2000.
OPLATKA, I. Organizational citizenship behavior in teaching: the consequences for
teachers, pupils, and the school. International Journal of Educational Management.2009.
PRADO, S.; AMOROSO, S. A inteligência socioemocional e a aprendizagem. In: Anais do
ICESP – Promove. Simpósio de TCC e Seminário de IC. 2015. Disponível em:
http://nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/documentos/artigos/ .
Acesso em: 26 jun. 2021.

PIANTA, R. C., & Hamre, B. K. Conceptualization, measurement, and improvement of


classroom processes: Standardized observation can leverage capacity. Educational
Researcher. 2009.
SUTTON, R. E. Emotional regulation goals and strategies of teachers. Social
Psychology of Education. 2004.
WARREN, C. Empathy, teacher dispositions, and preparation for culturally responsive
pedagogy. Journal of Teacher Education.2017.

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