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LinBraSin U8
LinBraSin U8
O intérprete de
língua de sinais
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1. OBJETIVOS
• Reconhecer e identificar o campo de atuação do intérpre-
te de língua de sinais.
• Refletir e analisar a história da profissionalização do intér-
prete de língua de sinais.
• Reconhecer os critérios de formação e atuação intérprete
de língua de sinais.
• Identificar os critérios de atuação do intérprete de língua
de sinais na escolarização de surdos.
2. CONTEÚDOS
• Campo de atuação do intérprete de língua de sinais.
• Histórico da profissionalização do intérprete de língua de
sinais.
180 © Língua Brasileira de Sinais
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta, que é a última unidade de Língua Brasileira de Sinais,
iremos estudar o intérprete de língua de sinais.
Pelo exposto nas unidades anteriores, deve ter ficado claro
que a inclusão de alunos surdos nos contextos comuns de ensino
é uma questão bastante complexa, pois envolve uma reorganiza-
ção completa no modelo de escola predominante na atualidade,
visando ao atendimento dos pressupostos da educação inclusiva,
bilíngue e bicultural.
Uma das questões envolvidas nessa reorganização refere-se
à garantia da presença da língua de sinais na escolarização de alu-
nos surdos.
De acordo com o que foi estudado nas Unidades 1 e 4, a
organização de uma escola inclusiva para surdos envolve a parti-
cipação de novos agentes educacionais: professor ouvinte fluente
em língua de sinais (professores bilíngues), educador surdo e in-
térprete de língua de sinais.
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escolher sua escola e que nela ele será atendido na sua especificidade
linguística, ou seja, que o ensino será ministrado em língua de sinais,
como previsto na Resolução CNE/CEB nº 2 (BRASIL, 2001).
Não podemos deixar de considerar, porém, a realidade da
educação brasileira marcada pela escassez de recursos, falta de
compromisso político com a educação, falta de vontade política de
promover uma educação de qualidade e formação precária dos pro-
fessores, o que nos faz pensar, inicialmente, que a organização da
educação inclusiva e da educação bilíngue não passa de utopia.
Ainda assim, na qualidade de professor comprometido com
a educação, é preciso ter em mente o esforço no sentido de trans-
formar essa realidade, fazendo sua parte nesse contexto.
A qualidade da escolarização do aluno surdo no contexto
da educação inclusiva depende, basicamente, da reorganização
da escola, o que contempla, entre outras condições, a atuação de
novos agentes educacionais, como, por exemplo, o intérprete de
língua de sinais.
Tendo em vista o estudo desse panorama, nesta unidade,
você terá a oportunidade de conhecer com maior profundidade
as questões que permeiam a identidade profissional e o campo de
atuação do intérprete de Libras.
Para iniciar seus estudos sobre a atuação do intérprete, va-
mos, no próximo tópico, apresentar dados significativos sobre a
história da constituição da profissão de intérprete de língua de si-
nais e, especificamente, de Libras.
são expostos a essa língua na interação com seus pais desde bem
pequenos, viabilizando a sua aquisição de maneira natural.
Esses sujeitos acabam intermediando as interações de seus pais
com as pessoas ouvintes em diversas situações do cotidiano. Mesmo
assim, também não podem ser considerados intérpretes, pois eles
desconhecem as técnicas e as estratégias acerca dos processos de in-
terpretação. Alguns filhos de pais surdos dedicam-se à profissão de
intérprete, no entanto, a fluência na língua não garante que sejam
bons profissionais nessa área (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Esperamos que tenha ficado claro para você que a atuação
profissional do intérprete de Libras não é uma atividade simples.
Para o intérprete atuar profissionalmente, ele necessita conhecer as
duas línguas envolvidas na interpretação e ter qualificação específi-
ca, ou seja, conhecer as estratégias e as técnicas de interpretação.
Complementarmente, a qualidade do trabalho do intérprete
pode ser melhorada quando ele tem formação na área de sua atua-
ção, o que possibilita conhecimento contextualizado mais preciso e
aprofundado dos conceitos envolvidos na interpretação. Por exem-
plo, se o seu campo de atuação é na área da educação, uma forma-
ção nessa área poderá contribuir para a qualidade do seu trabalho.
Especificamente em relação à interpretação para o aluno
com surdez nos contextos escolares, a formação em educação, por
exemplo, em Pedagogia ou Letras, irá possibilitar ao intérprete fa-
zer escolhas mais assertivas quanto aos conceitos trabalhados na
língua-fonte, contextualizando-os e, consequentemente, facilitan-
do a compreensão.
As considerações evidenciam que a atuação do intérprete na
educação dos alunos surdos no Brasil é uma questão que ainda está
por ser discutida e sistematizada. O Decreto nº 5.626/05 representa
uma vitória dos surdos, contudo, precisa, também, ser analisado cri-
teriosamente, especialmente em relação à formação e à atuação do
instrutor e do professor da Língua Brasileira de Sinais.
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9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Ao finalizar seus estudos sobre a atuação do intérprete de
língua de sinais no processo educacional dos alunos surdos, procu-
re responder para si mesmo às seguintes questões:
1) Descreva o percurso histórico da profissão de intérpretes de Libras no Brasil.
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudou a função do intérprete de língua de
sinais. Vimos que, no Brasil, a profissão de intérprete de língua
de sinais é recente e foi legitimada com a publicação do Decreto
nº 5.626/05, o qual buscou organizar a profissão do intérprete de
Libras e a difusão dessa língua em cursos superiores.
Além disso, discutimos a presença do intérprete em sala de
aula e os benefícios dessa presença na comunicação entre surdos
e ouvintes no ambiente escolar. Discutimos também que, apesar
de reconhecido, os ganhos que a presença do intérprete em sala
de aula representa para os surdos, aspectos metodológicos preci-
sam ser aprimorados, assim como os critérios de formação e atua-
ção do intérprete de língua de sinais.
Ao término desta unidade, encerramos nossos estudos do-
presente Caderno de Referência de Conteúdo com a certeza de que
os conhecimentos aqui apresentados demonstraram a importân-
cia que a língua de sinais assume na vida do surdo.
11. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB n. 2/2001, de 11 set. 2001.
Institui diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Disponível em:
<www.mec.gov.br/seesp/diretrizes1.shtm>. Acesso em: 11 abr. 2006.
______. Decreto nº 10.436, de 24 abr. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
______. Decreto nº 5.626, de 22 dez. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
______. Lei nº 12.319, de 1º de set. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm>. Acesso em: 25 out. 2010.
LACERDA, C. B. F. A inserção da criança surda em classe de crianças ouvintes: focalizando a
organização do trabalho pedagógico. In: Anais da 23. Reunião Anual da ANPED, Caxambú,
2000b. Disponível em: <www.anped.org.br/23/textos/1518t.pdf> Acesso em: 20 jun. 2006.