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Influências

Biologia

Louis Bolk: neotenia da espécie humana. Tábula rasa. Vazio orgânico.

Jacob von Uexkül: umwelt – mundo próprio, objetos de interesse, gênero. Innenwelt –
representação desses objetos. O primeiro é a chave e o segundo, a fechadura.

Não há eficácia explicativa de base orgânica, o orgânico serve a garantir a emergência


do cultural ou linguístico.

Psiquiatria, sociologia e antropologias não essencialistas

Contra o senso-comum e as explicações essencialistas: “Sempre que um fenômeno


social é diretamente explicado por um fenômeno psicológico, podemos ter certeza que a
aquela explicação é falsa”; Durkheim. Ele fez tal coisa porque está estressado.

A sociedade é que explica o sofrimento ou as patologias. A sociologia, psicologia,


antropologia são ciências que intentam sondar os discursos, não as profundezas da alma.
Politzer: psicologia individual.

Linguística

Saussure

Significado – conceito/ significante – memória acústica. Signo linguístico.

Arbitrariedade do signo linguístico – o signo natural não é arbitrário. Traço unário.

Linearidade do signo linguístico.

Sistema de valoração diferencial do signo linguístico.

Significante como insígnia do desejo: cão de Pavlov e outros exemplos; oposição à


linguagem como representação do pensamento ou como etiquetação.

Jakobson

Combinação e seleção. Dois tipos de afazia – defeito de combinação (metonímico) e


defeito de seleção (metafórico).
Na afazia de combinação há a prevalência da metáfora; na afazia de seleção, da
metonímia.

Toda forma de comunicação ou semiótica tem como prevalente uma ou outra figura
estilística.

Estruturalismo

Transposição do esquema da linguística para o campo da antropologia – a linguagem,


sua estrutura e suas características, é o que melhor pode explicar ou mapear algo que
seja próprio da humanidade. A linguagem, o significante, dá um significado simbólico
aos objetos.

Os papeis sociais, a identidade, os afetos e os gostos são definidos conforme o arranjo


simbólico de uma dada sociedade.

A questão do avunculado. A eficácia ritual. O efeito simbólico sobre a fisiologia.

O ser humano nasce como uma tábula rasa, no imaginário trata-se de estabelecer certos
signos ou traços que definirão o sistema de gosto, um proto sistema do desejo, mas é
com o simbólico, a rede de aliança humana que se estabelecerão as interações ou a
intersubjetividade.

Primeiro conceito de inconsciente de Lacan: o inconsciente é estrutura.

Hegel

Perspectiva do desejo.

O objeto de desejo no animal e no humano. O primeiro é submetido ao gênero o


segundo é histórico.

Hegel escreve “Outro” como o campo do desejo e “vida” como objeto de desejo.

O humano é aquele que nasce carente de desejos, então ele deseja ter desejo. Então ele
deseja o que o outro deseja, então ele deseja o próprio outro e então ele deseja que o
outro o deseje. Deseja que o outro deseje seu desejo ou que satisfaça seu desejo.

Briga de morte. Um é Senhor, subjetividade reconhecida (desejo satisfeito), o outro é


escravo, subjetividade que reconhece (desejo reprimido), um é gozo, o outro é trabalho.
Hierarquia e trabalho é o que humaniza a humanidade. Desejo reprimido torna-se desejo
recalcado, desejo recalcado é criativo.
Satisfação de um desejo social, aliás, o desejo é social, a necessidade que é natural.

O Significante no seminário 5
Fazer um percurso sobre como a linguagem, nossa matéria de trabalho, opera na clínica
e na subjetividade.

Seminário 5: o objeto metonímico é uma falta – a falta é um nada presente.

O interpretável, o é por:

 porque o sujeito se interroga sobre aquilo;


 porque aquilo não tem sentido;
 porque ao advir o sentido o mundo do sujeito se transforma.

O sentido não é individual – tem reflexos sobre a realidade. Advir o sentido é uma
mudança do sujeito, obviamente, no mundo.

O mundo – o mundo é o simbólico: O Outro.

O Outro como eticidade, não reflexivo:

 aqui, o Outro é a relação imediata com o entorno;


 potencialidades e impossibilidades;
 familiaridades e estranhamentos
 desejo, o desejo é o desejo do Outro: os valores são do Outro.

O Outro como autoridade – mandamento:

 como mandato que nos define, chancela – tu és aquele que me seguirás;


 como apoio, amor, amparo, proteção contra o desamparo. Traço unário;
 sede do saber;
 como potente, dono de Phi maiúsculo (voltar a isso quando falar do complexo de
édipo);
 desejo é o desejo do Outro: desejo esse Outro mesmo.

O Outro como alteridade – o inefável:

 pelo fato de o Outro ser hierarquicamente superior, há nele um mistério;


 a chancela depende de um ato desse Outro;
 esse ato não é calculável – o jogo de par ou ímpar (Sem 2);
 o desejo é o desejo do Outro: O que quer o Outro de mim? O que devo fazer?
 O desejo é o desejo do Outro: meu desejo vem de outro lugar, de uma alteridade
não erradicável.

O Outro é a própria linguagem:

 em seus efeitos de imprecisão ou incompreensão (metonímia);


 em seus efeitos de criação de sentido (metáfora) – nomeação;
 em suas ficções simbólicas – qual estrutura simbólica que uma criação
significante enseja sobre nós?;
 a estrutura é a própria linguagem: porque é só tendo linguagem que a gente tem
a permanência da autoridade (exemplo da galinha); na linguagem que a gente
pode articular e desenvolver dúvidas; na linguagem que a gente pode inventar e
dar significado pra invenção; a linguagem que permite a gente fingir fingir (o
Outro como garante da verdade e a Outra cena); a linguagem permite interações
complexas.

Transferência
RESISTÊNCIA: Porque o sujeito não se coloca a nu? Porque a gente tem receio,
medo, insegurança, nojo, antipatia, má vontade, impossibilidade ou impotência em se
revelar?

A psicanálise é um trabalho de desvelamento, mas esse desvelamento do sujeito não


vem sem atravancamentos.

O reprimido (Unterdrückt): aquilo que o Outro não quer que você seja, saiba, faça ou
articule.

O recalque primário (Urverdrangung): o núcleo pulsional não representável.

O recalcado (Verdrangung): aquilo passível de entrar na economia libidinal do


inconsciente, isto é, submetido ao recalque primário e ao reprimido. Consiste da parcela
abandonada de um algo, que posteriormente se mostra como retorno desfigurado. Trata-
se de criar um amparo simbólico para essa parcela significante sem significado (Lévi-
Strauss).

No início temos uma marca. Essa marca tem uma vertente animal, de levar a cabo o
desejo nela inscrito. Mas é de sua não satisfação que se cria o princípio de realidade. E
da criação do princípio de realidade, a realidade, com empecilho à realização da marca
passa a funcionar como condição para a realização do desejo, a própria realidade é
investida de libido. Daí a resistência. Essa marca constitui um modo linguístico, por
quê? Porque ela é um modo de pensar, de agir, de falar e fundamentalmente de desejar e
é a própria realidade constituída de uma relação complexa com o traço pulsional. De
modo que seu abandono envolve, tanto uma perda de gozo (sintoma quanto à relação
sexual do neurótico), quanto o desamparo (abandono da ordem simbólica).

TRANSFERÊNCIA

O que a psicanálise não é?? Falar das críticas de Lacan às psicanálises da época. 3
ideais surgidos da psicanálise: autonomia, profilaxia e genitalidade.

1ª - “retificação subjetiva”: Isso significa que intervimos no nível da relação do Eu do


sujeito com os seus sintomas. É por isso seguintesque, quando da primeira entrevista, e
particularmente nas , parece-me essencial (e insisto muito nesse ponto) discernir bem o
motivo da consulta, a razão pela qual o paciente decidiu recorrer a um psicanalista

O que é a resistência?

A experiência mostra que é aqui que surge a transferência. Quando alguma


coisa, entre os elementos do complexo (no conteúdo deste) é susceptível de
se reportar à pessoa do médico, a transferência. ocorre, fornece a idéia
seguinte c se manifesta sob a forma de uma resistência, de uma parada das
associações por exemplo. Tais c:rperiências nos ensinam que a idéia de
transferência chegou a deslizar de preferência a todas as outras associações
passíveis até o consciente, justamente porque ela satisfaz a resistência. Um
fato desse gênero se reproduz um número incalculável de vezes, ao longo de
uma psicanálise. Todas as vezes que nos aproximamos de um complexo
patógeno, é antes a parte complexa que pode se converter em transferência
que é empurrada em direção ao consciente e que o paciente se obstina em
defender com a maior tenacidade. (FREUD)
É no movimento através do qual o sujeito se revela, que aparece um fenômeno que é
resistência. Quando essa resistência se torna muito forte, surge a transferência.

A transferência, em sentido lato, é a boa vontade de o sujeito falar abobrinha ali na


sessão, baseia-se na suposição de que o psicanalista tem a chave para resolver o
problema do paciente. Em sentido estrito, a transferência é quando o modo de agir
fantasístico ou pulsional do paciente é exercido em relação ao psicanalista.
Se antes o paciente exercer a pulsão por meio do sintoma, especificamente na clínica,
por meio do sofrimento, agora, o sintoma ou o modo de sofrer é transferido para o
psicanalista. O psicanalista como catalizador do sofrimento.

É quando o paciente se aproxima do núcleo traumático ou pulsional, quando ele se


aproxima da forma de ligação dele ao Outro ou ao objeto que o paciente se agarra à
transferência, por quê? Se nós estamos desfazendo um trabalho de desvelamento dos
circuitos libidinais, quanto mais esses circuitos perdem o apoio na realidade
fantasmática, mais essa energia se torna livre e angustiosa – a ansiedade é isso, uma
energia sem ligação (definição de pulsão) –, essa energia busca se amparar, se ligar e o
modo como o paciente se liga ao terapeuta é o modo como o cacoete pulsional se
exercia outrora na vida.

“O que o paciente viveu sob a forma de transferência nunca mais esquecerá”. Sigmund
Freud

Interpretação
Há o tratamento analítico e a experiência analítica: é o conjunto do caminho que o
analista e o analisando seguem. E há momentos de ruptura, momentos radicais que
chamamos de “experiência”. A direção do tratamento, pois, é conduzida para esse ponto
de experiência.

“A revelação é o móvel último que buscamos na experiência analítica” LACAN,


seminário 1.

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