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AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1641769 - SP (2016/0306121-9)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
AGRAVADO : AMWAY DO BRASIL LIMITADA
ADVOGADOS : RAQUEL CRISTINA RIBEIRO NOVAIS E OUTRO(S) -
SP076649
DANIELLA ZAGARI GONÇALVES E OUTRO(S) -
SP116343

EMENTA
DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO
CUSTEIO DO SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO SAT.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO COM
FUNDAMENTO EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. MATÉRIA INSUSCETÍVEL DE
EXAME EM RECURSO ESPECIAL.
1. Na hipótese, o Tribunal de origem, ao dirimir a controvérsia, concluiu que
o art. 22 da Lei 8.212/1991 não definiu o conceito de atividade
preponderante, nem de risco leve, médio ou grave. Afirmou que tal lacuna
normativa não pode ser preenchida por um decreto regulamentar expedido
pelo Poder Executivo, sob pena de violar o princípio da estrita legalidade
tributária.
2. Assim, o acórdão recorrido enfrentou a controvérsia à luz de fundamento
eminentemente constitucional, o que impede o conhecimento do recurso
especial nesta Corte, sob pena de usurpação da competência do STF.
3. Agravo interno não provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria e
Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF-5ª Região) votaram com o Sr.
Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Benedito Gonçalves.

Brasília, 24 de maio de 2021 (Data do Julgamento)

Ministro Benedito Gonçalves


Relator
Superior Tribunal de Justiça
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1.641.769 - SP (2016/0306121-9)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
AGRAVADO : AMWAY DO BRASIL LIMITADA
ADVOGADO : MARCELA CARVALHO LUZ E OUTRO(S) - BA026368

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Trata-se de agravo


interno interposto contra decisão assim ementada (fl. 1229):

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DE ACIDENTE DE


TRABALHO - SAT. ARTIGO 22, II, DA LEI 8.213/91. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA. MATÉRIA DE
CUNHO CONSTITUCIONAL. FUNDAMENTO NÃO INFIRMADO.
ARGUMENTAÇÃO DE OFENSA A DISPOSITIVO LEGAL GENÉRICA.
INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 283 E 284 DO STF. RECURSO ESPECIAL NÃO
CONHECIDO.

Nas razões do presente recurso, o agravante sustenta primeiramente que: "se conforma
com a parte da decisão ora recorrida que entendeu pela incidência das Súmulas nºs 283 e 284,
ambas do STF, nos pontos relativos à correção monetária e à compensação, deixando de interpor
recurso quanto a essas matérias e exercendo o direito de interposição de recurso parcial quanto aos
demais pontos da decisão (art. 1.002 do atual Código de Processo Civil – CPC)" (fl. 1239).

Quanto à matéria de fundo, afirma que: "a controvérsia posta nestes autos, sob o mesmo
enfoque do princípio da legalidade tributária, já foi examinada e decidida, inúmeras vezes, pelas
duas Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ e pela própria Primeira Seção, sem que se
tenha reconhecido a usurpação da competência do STF, razão suficiente para o provimento deste
agravo interno para que o RESP seja conhecido" (fl. 1243).

Com impugnação.

É o relatório.

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EMENTA
DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO CUSTEIO DO
SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO SAT. PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO COM FUNDAMENTO
EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. MATÉRIA INSUSCETÍVEL DE EXAME EM RECURSO
ESPECIAL.
1. Na hipótese, o Tribunal de origem, ao dirimir a controvérsia, concluiu que o art. 22
da Lei 8.212/1991 não definiu o conceito de atividade preponderante, nem de risco
leve, médio ou grave. Afirmou que tal lacuna normativa não pode ser preenchida por
um decreto regulamentar expedido pelo Poder Executivo, sob pena de violar o
princípio da estrita legalidade tributária.
2. Assim, o acórdão recorrido enfrentou a controvérsia à luz de fundamento
eminentemente constitucional, o que impede o conhecimento do recurso especial nesta
Corte, sob pena de usurpação da competência do STF.
3. Agravo interno não provido.

VOTO

O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Observa-se que o


presente recurso não merece prosperar, tendo em vista que dos argumentos apresentados no
agravo interno não se vislumbram razões para reformar a decisão agravada (fls. 1229-1232):

[...]
O recurso não merece prosperar.
O Tribunal de origem consignou fls. (1.139-, e-STJ):
No presente caso, cumpre destacar que a Contribuição previdenciária ao
Seguro Acidentes do Trabalho teve sua sistemática alterada pela Lei nO 8212191,
que, revogando a legislação anterior, tal seja, Lei n.Outrossim, verifica-se que o
mencionado dispositivo não definiu o conceito de atividade preponderante, nem de
risco leve, médio ou grave, postergando tal definição ao regulamento que viesse a ser
editado. De seu turno, em março de 1997, veio a ser editado o Decreto n. 2.173, que,
em seu artigo 26, considerou atividade preponderante aquela na qual, a empresa
6367/76, estabeleceu em seu artigo 22, com a redação dada pela Lei nO 9528/97, o
seguinte:[...]
abrigar o maior número de segurados e ainda, que a classificação das
atividades preponderantes em função do grau de risco decorre da classificação
prevista no CNAE - Código Nacional de Atividades Econômicas.
Constata-se, portanto, encontrar-se tal dispositivo em ofensa ao princípio da
estrita legalidade, porquanto carece a lei dos elementos necessários à cobrança do
tributo, não cabendo ao Poder Executivo, por intermédio de um decreto, suprir a
lacuna legal existente. Estaria, ainda, a * ofender o princípio da tipicidade tributária,
na medida em que todos os elementos necessários para a cobrança do tributo não se

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encontram previstos em lei.
De qualquer forma, verifica-se que tal definição não poderia estar no
regulamento, até porque é fundamental para a concretização do dever tributário, pois
desta definição é que depende a alíquota a ser aplicada. Assim, é a lei, e tão
somente a lei que tem aptidão para fixar os elementos da hipótese de incidência do
crédito tributário, não tendo o decreto o condão de exercer tal mister.
De seu turno, o decreto regulamentar somente teria lugar, quando a lei
pressupõe, para sua execução, a instauração de relações entre administração e
administrados cuja disciplina comporta uma certa discricionariedade administrativa,
o que inocorre no presente caso. De sorte que, o Decreto 2173197 não apenas deu
fiel cumprimento à execução da lei, mas ingressou na seara privativa da lei, pois,
conforme restou afirmado, nos termos em que foi editado, acabou por definir a
atividade preponderante de risco leve, médio e grave, estabelecendo a hipótese de
incidência da exação, da qual dependerá a alíquota específica a incidir. Assim, está
o decreto em questão eivado de inconstitucional idade, dado que somente à lei cabe a
tipificação do tributo.

Observa-se que o Tribunal de origem, ao enfrentar a questão da cobrança da


contribuição previdenciária destinada ao Seguro de Acidente do Trabalho, analisou sua
constitucionalidade sob a ótica do princípio da Legalidade Tributária, decidindo a questão com
fundamento eminentemente constitucional, razão pela qual torna-se inviável o conhecimento do
recurso especial.

Esclareça-se, por fim, ser inviável o conhecimento, em sede de recurso especial, da


alegação de violação ao art. 97 do Código Tributário Nacional, uma vez que o preceito
infraconstitucional invocado trata-se de mera reprodução de dispositivo da Constituição Federal,
conforme entendimento firmado por ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção desta Nesse
sentido:

A propósito:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. FIXAÇÃO DE ALÍQUOTA DA CONTRIBUIÇÃO AO
SAT, A PARTIR DE PARÂMETROS ESTABELECIDOS POR
REGULAMENTAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA
SOCIAL. CONTROVÉRSIA DE NATUREZA CONSTITUCIONAL.
INVIABILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.
I. Tendo em vista o disposto nos arts. 102, III, e 105, III, da Constituição Federal, o
Recurso Especial não serve à pretensão da recorrente, no que concerne à alegada
ofensa aos arts. 22, II, da Lei 8.212/91 e 97, II e IV, do CTN, pois ambas as Turmas
da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmaram o entendimento de que a
discussão sobre a alteração de alíquota da contribuição ao SAT, em função do Fator
Acidentário de Prevenção (FAP), por norma constante de ato infralegal, é
estritamente de natureza constitucional, entendimento esse reforçado pela
circunstância de o Plenário do Supremo Tribunal Federal ter reconhecido a
repercussão geral do tema, nos autos do Recurso Extraordinário 684.261/RS (Rel.
Ministro LUIZ FUX, DJe de 01/07/2013). Nesse sentido: AgRg no AREsp
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507.664/RN, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe
de 22/10/2014; AgRg no AREsp 417.936/MG, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de 03/11/2014; AgRg no REsp
1.367.863/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe
de 19/12/2014.
II. Com efeito, decidiu o Tribunal de origem que "o artigo 22, inciso II, da Lei nº
8.212/91 instituiu o tributo e fixou as alíquotas máxima e mínima, enquanto o art. 10
da Lei 10.666/2003 estabeleceu a redução em 50% ou o aumento em 100%, na forma
do que dispuser o regulamento. Reconhecida a constitucionalidade da delegação da
tarefa de determinar o que seja atividade preponderante e risco leve, médio e grave,
como já decidiu o Supremo Tribunal Federal, certamente o é a que delega a função
de definir o que seja desempenho da empresa em relação à respectiva atividade
econômica a partir dos índices de frequência, gravidade e custo". Assim, eventual
ofensa, caso existente, ocorre no plano constitucional, sendo inviável sua apreciação,
em sede de Recurso Especial. Precedentes do STJ.
III. "Ademais, em reiterados julgados, as Turmas que integram a Primeira Seção/STJ
têm entendido que 'a interpretação do art. 97 do CTN, que reproduz norma encartada
no art. 150, I, da CF/88, implica apreciação de questão constitucional, inviável em
recurso especial' (AgRg no REsp 1.289.233/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira,
DJe de 23.4.2012)" (STJ, AgRg no REsp 1.343.220/RS, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 26/02/2013).
IV. Agravo Regimental improvido.
(AgRg no REsp 1278606/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 10/03/2015)
[...]

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL


CIVIL. SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO - ARTIGO 22, II, DA LEI
8.213/91, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI 9.528/97 - DECRETO 2.173/97.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA.
MATÉRIA DE CUNHO CONSTITUCIONAL.
1. Trata-se de ação em que a União busca desconstituir acórdão que não reconheceu
a incidência da contribuição do SAT. 2. O Tribunal de origem, ao dirimir a
controvérsia, concluiu que o art. 22 da Lei 8.212/1991 não definiu o conceito de
atividade preponderante, nem de risco leve, médio ou grave, postergando a definição
até o regulamento que viesse a ser editado, que veio a ser o Decreto 2.173/1997.
Portanto essa contribuição está adstrita ao princípio da legalidade, não tendo o
decreto o condão de exercer tal função.
3. O acórdão impugnado possui fundamento exclusivamente constitucional, porquanto
o deslinde da controvérsia deu-se à luz do princípio da legalidade tributária, de modo
que sua análise em Recurso Especial é inviável, sob pena de usurpar a competência
reservada ao Supremo Tribunal Federal.
4. Recurso Especial não conhecido. (REsp 1648162/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/04/2017, DJe 05/05/2017)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. OMISSÃO INEXISTENTE. ART. 3º E


110 DO CTN. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. CONTRIBUIÇÃO AO
SAT. FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO - FAP. PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE TRIBUTÁRIA. MATÉRIA DE CUNHO CONSTITUCIONAL.
COMPETÊNCIA DO STF. PRECEDENTES. ENQUADRAMENTO DO RISCO.
DISCRICIONARIEDADE DO PODER EXECUTIVO.
1. Não há a alegada violação do art. 535, II, do CPC, pois a prestação jurisdicional
foi dada na medida da pretensão deduzida, como se depreende da leitura do acórdão
recorrido, que enfrentou, motivadamente, o cerne da questão levada àquela Corte,

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REsp 1641769 Petição : 210670/2018 C542425449458056506281@ C056:103080380325240;0@
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qual seja, a contribuição ao SAT/RAT, bem como sua fórmula de cálculo à luz do
Fator Acidentário de Prevenção - FAP.
2. Entendimento contrário ao interesse da parte e omissão no julgado são conceitos
que não se confundem.
3. A Corte de origem não emitiu juízo de valor sobre os arts. 3º e 110 do CTN. Logo,
não foi cumprido o indispensável exame da questão pela decisão atacada, apto a
viabilizar a pretensão recursal da recorrente, a despeito da oposição dos embargos de
declaração.
Incidência da Súmula 211/STJ.
4. Não configura contradição afirmar a falta de prequestionamento e afastar
indicação de afronta ao artigo 535 do Código de Processo Civil, uma vez que é
perfeitamente possível o julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no
entanto, ter decidido a causa à luz dos preceitos jurídicos desejados pela postulante,
pois a tal não está obrigado. Precedentes.
5. As questões que permeiam a violação ao art. 22, inciso II e § 3º, da Lei n.
8.212/91 e ao art. 10 da Lei n. 10.666/03 não ensejam conhecimento. Isto porque
foram analisadas pela Corte de origem à luz da constituição, porquanto observado o
princípio da legalidade (art. 150, I, da CF), visto que satisfatoriamente definidos os
elementos da obrigação tributária por tais normativos.
6. "A questão controvertida trata de matéria eminentemente constitucional, qual seja
a constitucionalidade da majoração das alíquotas do FAP por via infralegal, bem
como a discussão atinente ao cumprimento do princípio da legalidade tributária,
prescrito como limitação ao poder de tributar pelo art. 150, I, da Constituição Federal
e reproduzido pelo art. 97 do CTN. Assim, é inviável sua apreciação em Recurso
Especial, sob pena de violação da competência exclusiva do Supremo Tribunal
Federal, conforme dispõe o art. 102, III, do permissivo constitucional" (AgRg no
REsp 1425102/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 1º/4/2014, DJe 15/4/2014).
7. Reforça o caráter eminentemente constitucional da demanda a alegação de
violação aos arts. 97 e 110 do CTN, pois reproduzem princípios encartados em
normas da Constituição Federal. AgRg no Ag 1.362.310/RS, Rel. Min. BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMa, julgado em 1º.9.2011, DJe 6.9.2011; AgRg no
REsp 1.154.339/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
17.8.2010, DJe 26.8.2010.
8. Outrossim, o STF reconheceu o caráter constitucional da questão, afetando o RE
684261 ao rito da repercussão geral para fixação de tese quanto à existência de
violação ao princípio da legalidade tributária a delegação dos parâmetros de variação
das alíquotas da contribuição ao SAT, a ser efetivada por meio de regulamentação do
Conselho Nacional da Previdência Social - CNPS.
9. Esta Corte entende que não cabe ao Poder Judiciário corrigir eventuais distorções
na distribuição da carga tributária, redefinindo alíquotas destinadas pelo legislador a
determinados segmentos econômicos. Tal postura implicaria a indevida intromissão
do Judiciário no papel de legislador positivo, contrariamente à repartição das
competências estabelecidas na Constituição Federal.
Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1367863/PR, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe
19/12/2014)

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO


DESTINADA AO SAT/RAT. LEI Nº 10.666/03. CONSTITUCIONALIDADE.
FIXAÇÃO DO FAP POR ATOS NORMATIVOS INFRALEGAIS. DECRETO Nº
6.957/09 E RESOLUÇÕES NºS 1.308 E 1.309 DO CNPS. PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. TRIBUTÁRIA. MATÉRIA DECIDIDA COM FUNDAMENTO
EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. EFETIVO GRAU DE RISCO.

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REsp 1641769 Petição : 210670/2018 C542425449458056506281@ C056:103080380325240;0@
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IMPOSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO.
1. O acórdão recorrido não padece de qualquer omissão, contradição ou obscuridade,
tendo em vista que analisou de maneira suficiente e fundamentada a questão
controvertida, não sendo os embargos de declaração veículo adequado para mero
inconformismo da parte com o provimento jurisdicional, em especial acerca da
aplicabilidade ou não de artigos de lei.
2. Hipótese em que o Tribunal a quo concluiu pela constitucionalidade da
Contribuição destinada ao SAT/RAT, prevista no artigo 10 da Lei nº 10.666/03, e
entendeu que a estipulação da metodologia FAP e o reenquadramento da alíquota
pelo Decreto nº 6.957/09 e Resoluções do CNPS não violaram os princípios da
legalidade, razoabilidade e proporcionalidade.
3. Ao Superior Tribunal de Justiça não compete examinar a constitucionalidade da
fixação do FAP e majoração de alíquotas do RAT por atos normativos infralegais,
porquanto a discussão atinente ao princípio da legalidade tributária está afeta ao
Supremo Tribunal Federal.
4. O art. 22, § 3º, da Lei nº 8.212/91 preconiza que a alteração do enquadramento da
empresa, em atenção às estatísticas de acidente de trabalho que reflitam
investimentos realizados na prevenção de sinistros, constitui ato atribuído pelo
legislador exclusivamente ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
5. Além de falecer ao Poder Judiciário competência para imiscuir-se no âmbito da
discricionariedade da Administração com o fito de verificar o efetivo grau de risco
da empresa recorrente, a pretensão extrapola os limites rígidos da via mandamental,
comportando ampla dilação probatória.
6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1479939/PR, Rel. Ministra
MARGA TESSLER (JUÍZA FEDERAL CONVOCADA DO TRF 4ª REGIÃO),
PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/02/2015, DJe 20/02/2015)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. OFENSA DO ART. 535 DO CPC/1973


NÃO CONFIGURADA. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 128 E 460 DO CPC/73.
JULGAMENTO EXTRA PETITA. INEXISTÊNCIA. REENQUADRAMENTO.
LEGALIDADE. CONTRIBUIÇÃO PARA O SAT/RAT. MAJORAÇÃO DE
ALÍQUOTA. FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO (FAP).
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO STF.
I - A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, redigida de forma
clara, não caracteriza ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil de 1973.
II - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido da legalidade do enquadramento,
mediante decreto, das atividades perigosas desenvolvidas pela empresa, escalonadas
em graus de risco leve, médio ou grave, com vistas a fixar a contribuição o SAT (art.
22, II, da Lei n. 8.212/1991).
III - O Tribunal de origem afirmou que a regulamentação da metodologia do FAP
pelo Poder Executivo não implica ofensa ao princípio da legalidade insculpido no art.
150 da CF. Assim, como a questão foi decidida sob enfoque constitucional, inviável a
sua análise por esta Corte.
IV - Agravo interno improvido. (AgInt nos EDcl no AREsp 935.080/MG, Rel.
Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/08/2017,
DJe 28/08/2017)

Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

É o voto.

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REsp 1641769 Petição : 210670/2018 C542425449458056506281@ C056:103080380325240;0@
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TERMO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
AgInt no REsp 1.641.769 / SP
Número Registro: 2016/0306121-9 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
200061000192054 00192052920004036100 192052920004036100 235274

Sessão Virtual de 18/05/2021 a 24/05/2021

Relator do AgInt
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL


RECORRIDO : AMWAY DO BRASIL LIMITADA
ADVOGADOS : RAQUEL CRISTINA RIBEIRO NOVAIS E OUTRO(S) - SP076649
DANIELLA ZAGARI GONÇALVES E OUTRO(S) - SP116343

ASSUNTO : DIREITO TRIBUTÁRIO - CONTRIBUIÇÕES - CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - SEGURO


ACIDENTES DO TRABALHO

AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL


AGRAVADO : AMWAY DO BRASIL LIMITADA
ADVOGADOS : RAQUEL CRISTINA RIBEIRO NOVAIS E OUTRO(S) - SP076649
DANIELLA ZAGARI GONÇALVES E OUTRO(S) - SP116343

TERMO

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu negar provimento
ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria e Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF-5ª Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Benedito Gonçalves.

Brasília, 24 de maio de 2021

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