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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE _______________(10 linhas)

Caio, já qualificado nos autos da ação em epígrafe, por seu advogado ao final firmado
(procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
apresentar RESPOSTA ESCRITA A ACUSAÇÃO, nos termos dos arts. 396, 396-A, do
Código de Processo Penal, pelas razões a seguir aduzidas:

DOS FATOS
Caio emprestou para José a quantia de vinte mil reais para ajudá-lo abrir um restaurante. José
não pagou o empréstimo na data combinada e disse que pagaria a dívida após uma semana.
Uma semana se passou e Caio novamente foi cobrar a dívida, e José disse que não pagaria,
pois estava sem dinheiro. No entanto, Caio, no dia 24.05.2010, comparece no restaurante e,
mostrando para José uma pistola que trazia consigo, afirma que a dívida deveria ser saldada
imediatamente, pois, do contrário, José pagaria com a própria vida. José, com medo, entra no
restaurante e telefona para a polícia, que, entretanto, não encontra Caio quando chega ao
local.

O Ministério Público denunciou Caio pela prática do crime de extorsão qualificada pelo
emprego de arma de fogo, previsto no art. 158, §1º, do Código Penal. 

A denúncia foi recebida pelo juízo da 5ª Vara Criminal, sendo o réu citado no dia 18.01.2011.

DO DIREITO
a) Da atipicidade da conduta
O fato é atípico. O denunciado foi acusado de ter praticado o delito de extorsão
qualificada pelo emprego de arma quando da cobrança de uma dívida,
instrumentalizada em nota promissória assinada pela vítima e dada em garantida do
pagamento de um empréstimo, com vencimento no dia 15 de maio de 2010.
Ocorre que o crime de extorsão se caracteriza quando alguém, mediante violência ou
grave ameaça, constrange para receber vantagem indevida.
Com efeito, no presente caso resta claro que o denunciado cobrou uma dívida
devidamente constituída através de nota promissória assinada pela vítima, portanto, a
vantagem é devida, o que descaracteriza o crime de extorsão do artigo 158, do Código
Penal.
Em conclusão, ausente a elementar do tipo vantagem indevida, a conduta do
denunciado se torna atípica, devendo ser ele absolvido sumariamente em relação ao
crime de extorsão.

b) Da extinção da punibilidade
No mesmo sentido das argumentações supra, não restou caracterizado o crime de
extorsão do artigo 158, do Código Penal, no máximo, o que se admite apenas em
respeito ao princípio da eventualidade, praticou o denunciado o crime de exercício
arbitrário das próprias razões descrito no art. 345, do Código Penal, uma vez que
cobrou vantagem devida. Importante salientar que não existe qualquer prova nos autos
de que o denunciado tenha usado de violência, logo, segundo o parágrafo único do
artigo 345, do Código Penal, a ação penal se procede mediante queixa, sendo o
Ministério Público parte ilegítima para propor a presente demanda.
Ademais, tendo em consideração que a vítima tem o prazo de seis meses para
oferecer a queixa-crime, nos termos do artigo 38 do Código de Processo Penal e 103
do Código Penal, sendo certo que os fatos se deram na data de 24 de maio de 2010,
teria ela até a data de 23 de novembro de 2010 para exercer o seu direito, o que não
ocorreu.
Portanto, passados mais de 06 meses da data dos fatos ocorreu a decadência e o
denunciado deve ter extinta sua punibilidade nos termos do artigo 107, IV, do Código
Penal.

DO PEDIDO

Ante o exposto, vem requerer se digne Vossa Excelência rejeitar a denúncia, como medida da
mais lídima justiça:

a) a absolvição sumária, com base no art. 397, III, do Código de Processo Penal;

b) a absolvição sumária, com base no art. 397, IV, do Código de Processo Penal;

c) a produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente as testemunhas abaixo


arroladas que desde já se requer a intimação.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

(local, data)

OAB/____ Nº____

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. Joaquim xxxxxxx
2. Manoel xxxxxxxx

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